o estresse ocupacional e a sindrome de bournout no profissional de enfermagem

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O ESTRESSE OCUPACIONAL E A SINDROME DE BOURNOUT NO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM SOBRENOME, Gisely Cristine, SOBRENOME, Nome do orientador (professor) RESUMO Uma relação satisfatória com a atividade de trabalho é fundamental para o desenvolvimento nas diferentes áreas da vida humana e esta relação depende dos suportes afetivos e sociais que os indivíduos recebem durante seu percurso profissional. A fragilidade emocional provocada pela falta dos suportes afetivo e social traz grande sofrimento, uma vez que o reflexo dessa situação não fica restrito à vida privada, ampliando-se para o campo das relações de trabalho. O estresse pode ser caracterizado por sensações de medo, desconforto, preocupação, irritação, frustração, indignação, nervoso, e pode ser motivado por diversos motivos distintos e com isso pode surgir a síndrome de Burnout, que é uma expressão utilizada para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia, constitui atualmente um dos grandes problemas psicossociais, despertando interesse e preocupação por parte da comunidade científica e das empresas, devido à severidade das suas consequências, quer ao nível individual, quer ao nível organizacional. O trabalho apresenta revisão literária sobre o estresse ocupacional no profissional de enfermagem e a Síndrome de Burnout, tendo como objetivos principais: conhecer quais os fatores causadores de estresse ocupacional, bem como seus efeitos físicos e psicológicos nos profissionais da enfermagem, identificando principais estressores, formas de enfrentamento que podem ser

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O estresse no trabalho do enfermeiro

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O ESTRESSE OCUPACIONAL E A SINDROME DE BOURNOUT NO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

SOBRENOME, Gisely Cristine,SOBRENOME, Nome do orientador (professor)

RESUMO

Uma relao satisfatria com a atividade de trabalho fundamental para o desenvolvimento nas diferentes reas da vida humana e esta relao depende dos suportes afetivos e sociais que os indivduos recebem durante seu percurso profissional. A fragilidade emocional provocada pela falta dos suportes afetivo e social traz grande sofrimento, uma vez que o reflexo dessa situao no fica restrito vida privada, ampliando-se para o campo das relaes de trabalho. O estresse pode ser caracterizado por sensaes de medo, desconforto, preocupao, irritao, frustrao, indignao, nervoso, e pode ser motivado por diversos motivos distintose com isso pode surgir a sndrome de Burnout, que uma expresso utilizada para designar aquilo que deixou de funcionar por exausto de energia, constitui atualmente um dos grandes problemas psicossociais, despertando interesse e preocupao por parte da comunidade cientfica e das empresas, devido severidade das suas consequncias, quer ao nvel individual, quer ao nvel organizacional. O trabalho apresenta reviso literria sobre o estresse ocupacional no profissional de enfermagem e a Sndrome de Burnout, tendo como objetivos principais: conhecer quais os fatores causadores de estresse ocupacional, bem como seus efeitos fsicos e psicolgicos nos profissionais da enfermagem, identificando principais estressores, formas de enfrentamento que podem ser utilizadas, estratgias que minimizam os efeitos do estresse desses profissionais, conhecendo os fatores desencadeantes do estresse no processo de trabalho dos enfermeiros.

Palavras Chave: Estresse; Sndrome de Burnout; Enfermagem.

1 INTRODUO

Estresse virou uma palavra comum, popularmente conhecida para representar qualquer tipo de aflio ou cansao do corpo e da mente. normal ouvir frases como: no me irrite porque hoje estou estressado ou preciso acabar com esse estresse. Independente do uso, as pessoas fazem jus ao termo quando querem dizer que esto aflitas, cansadas ou irritadas. Mais do que um estado de esprito, o estresse a reao do individuo a uma adaptao e pode causar um conjunto de sintomas fsicos psicolgicos e comportamentais. (ROSSI; PERREWE; SAUTER, 2005, p27). Percebemos que o ambiente do trabalho tem se modificado de maneira avassaladora no acompanhado e avano das tecnologias com mais velocidade do que a capacidade de adaptao dos trabalhadores. Os profissionais vivem hoje sob contnua tenso, no apenas no ambiente de trabalho, mas tambm na vida em geral. H, portanto, uma ampla rea da vida moderna onde se misturam os estressores do trabalho e da vida cotidiana. A pessoa, alm das habituais responsabilidades ocupacionais, alm da alta competitividade exigida pelas empresas, alm das necessidades de aprendizado constante, tem que lidar com osestressores normais da vida em sociedade, tais como a segurana social, a manuteno da famlia, as exigncias culturais, etc. bem possvel que todos esses novos desafios superem os limites adaptativos levando ao estresse. O tipo de desgaste que as pessoas esto submetidas permanentemente nos ambientes e as relaes com o trabalho so fatores determinantes de doenas. Os agentes estressores psicossociais so to potentes quanto os micro-organismos e a insalubridade no desencadeamento de doenas.Tanto o operrio, como o executivo, pode apresentar alteraes diante dosagentes estressores psicossociais. No ambiente de trabalho os estmulos estressores so muitos. Podemos experimentar ansiedade significativa (reao de alarme) diante de desentendimentos com colegas, diante da sobrecarga e da corrida contra o tempo, diante da insatisfao salarial e, dependendo da pessoa, at com o tocar do telefone.No mundo competitivo que atualmente estamos inseridos, o estresse est presente quase todo o tempo, embora que sob controle ele possa ser at benfico, tornando as pessoas mais ativas, em demasia pode causar diversos distrbios fsicos e emocionais, afetando diretamente o bem-estar e at mesmo o rendimento profissional.Por ser o estresse um problema complexo apresentando implicaes tanto no nvel familiar, no social, psicolgico e no trabalho, ele passou a ser a preocupao mundial no momento, sendo desenvolvidas muitas pesquisas ao redor do tema, vrios programas de televiso tratando sobre o assunto, reportagens em jornais e revistas, com o intuito de fornecer resultados que auxiliem na administrao do problema.O estresse faz parte do nosso dia-a-dia e precisa ser, pelo menos, controlado, uma vez que se tem convico de que ele nunca vai deixar de existir. O que se precisa na verdade saber conviver com ele, tentando ameniz-Io atravs de um programa anti-stress.Neste estudo, o objetivo analisar quais os fatores causadores de estresse ocupacional, bem como seus efeitos fsicos e psicolgicos e as estratgias de enfrentamento que podem ser utilizadas pelos profissionais da enfermagem, atravs da identificao dos principais estressores organizacionais e das formas de enfrentamento utilizadas e da identificao dos sintomas relacionados com a sade fsica e mental desses profissionais.A adoo desta temtica, ento, justifica-se pela contribuio para os profissionais da enfermagem no sentido desta pesquisa se constituir como uma ferramenta no sentido de conciliar os interesses dos administradores (maior produtividade e melhor qualidade) com os interesses dos funcionrios (maior satisfao no trabalho). Essa conciliao torna-se possvel a partir do momento que o estresse ocupacional passa a ser conhecido e gerenciado corretamente.Tambm se justifica esta pesquisa pela sua contribuio concedida cincia, ampliando o nmero de temas pesquisados e de fontes para novas pesquisas.Ao final do trabalho foram propostas algumas recomendaes no sentido de desenvolver aes mais voltadas preveno e controle do estresse ocupacional, de modo que ele no venha prejudicar a qualidade de vida no trabalho dos funcionrios.

2 O ESTRESSE2.1 ASPECTOS HISTRICOS DO ESTRESSE

O estresse existe h tanto tempo quanto o homem. Nos tempos bblicos,sacrifcios eram oferecidos para combat-Io. Shakespeare referiu-se a ele comfreqncia. Atravs da histria, soldados, filsofos, comerciantes, polticos e artistas procuraram ajuda por meio de terapias (PERKINS, 1995).Por sua vez, o mesmo autor, explica que nas eras primitivas, o homem vivia em cavernas, embrenhava-se nas florestas, enfrentava animais selvagens, matava homens e feras em brutais lutas para sobreviver. Naquela poca no havia casas, carros, trens, evidentemente, nem bombas atmicas nem guerra fria, crises econmicas, inflao ou concorrncias, mas podemos afirmar que as pessoas dessa poca j padeciam de tenso nervosa. Quando ameaado por animais selvagens, por incndios ou inundaes o homem primitivo sentia medo e fugia, impelido pelo instinto mais poderoso da natureza o instinto da conservao e quando atacado, lutava para destruir seu inimigo.A luta pela sobrevivncia continua sobre vrias formas, alm dos riscos de acidentes e doenas, enfrentamos outras ameaas como: preocupao econmica, ir procura de emprego e oportunidades comerciais, e algumas vezes temos que lutar para no perdemos e manter o equilbrio interno.A importncia do equilbrio interno foi inicialmente ressaltada por doisfisiologistas que causaram imenso impacto na poca: Bernad que em 1879 havia sugerido que o ambiente interno dos organismos deve permanecer constante apesar das mudanas no ambiente externo, e Cannon, em 1939 sugeriu o nome li homeostase" para designar o esforo dos processos fisiolgicos para manter esse estado de equilbrio no organismo. Hans Selye, utilizando-se desses conceitos, definiu o estresse como uma queda nesse equilbrio (LlPP & MALAGRIS, 1995).De acordo, ainda, com Selye, o conceito de homeostase fundamental para o estudo do estresse, uma vez que a principal ao do estresse justamente a quebra do equilbrio interno que ocorre devido a ao exacerbada do sistema nervoso simptico e desacelerao do sistema nervoso parassimptico em momento de tenso.O termo estresse foi usado na rea de sade, pela primeira vez, em 1926 por Selye que notou que muitas pessoas sofriam de vrias doenas fsicas e reclamavam de alguns sintomas em comum, tais como: falta de apetite, presso alta, desnimo e fadiga. Tal observao desencadeou extensas pesquisas mdicas que culminaram com a definio, na poca, de estresse como um desgaste geral do organismo. O trabalho de Selye foi muito influenciado pelas descobertas dos fisiologistas Bernad e Cannon e atraram muita a ateno de estudiosos, no entanto at a Segunda Guerra Mundial o termo "estresse" era praticamente restrito ao uso de pesquisadores emlaboratrios (LlPP, 1996).Um estudo realizado na dcada de 1950 mostrou que os EUA contavam com cerca de seis mil publicaes por ano sobre o estresse na poca. No ano de 1970, a nfase foi dada a aspectos psicolgicos e sua integrao com fenmenos biolgicos na gnese de distrbios psicossomticos. Quase todas essas publicaes tinham um embasamento fisiolgico. Atualmente, os estudos e as publicaes sobre estresse e seus efeitos abrangem no s as conseqncias do estresse no corpo e na mente humana, mas tambm suas implicaes para a qualidade de vida da humanidade (LlPP,1996).Apesar de no dia-a-dia haver a associao da palavra "estresse" somente a situaes que tenham conotaes negativas, importante realar que tambm so entendidas como "estresse" reaes relacionadas a situaes prazerosas e como retorno agradvel para o indivduo. Isto , nem sempre o agente disparador de um processo de estresse um acontecimento ruim. Uma paixo, um desafio novo, uma aprovao muito esperada ou uma promoo tambm podem gerar alteraes no equilbrio interno do organismo (PINHEIRO & ESTARQUE, 2000).Uma vida sem estresse seria no s artificial, mas tambm montona eenfadonha. Estresse pertence vida assim como o nascimento, nutrio, crescimento, amor e morte (GRANDJEAN, 1998).

2.2 ASPECTOS CONCEITUAIS DO ESTRESSE

O termo estresse foi utilizado primeiramente pela fsica para indicar o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando submetida a um esforo ou teno (DIAS & SILVA, 2002).No sculo XVII o vocbulo que tem origem no latim, passou a ser utilizada em ingls para designar "opresso, desconforto e adversidade" (SPIELBERG apud LlPP, 1996, p. 17).De acordo com Lipp e Malagris (1995) o termo estresse foi utilizado na rea de sade pela primeira vez em 1926, quando Hans Selye, observou um conjunto de reaes no especficas em pacientes com diversos tipos de patologia. Em 1936, esse conjunto de alteraes foi definido por Selye como uma "sndrome geral da adaptao", aps submeter cobaias a estmulos estressores e observar a resposta comportamental e fsica dos animais. Em 1974, ele redefine esse termo como estresse, para indicar uma reao do organismo indicada pelas alteraes psicofisiolgicas que ocorre quando a pessoa se confronta com uma situao que de um modo ou de outro, amedronte, excite ou confunda ou mesmo que a faa feliz.J para Carvalho e Serafim (1995, p. 125), o estresse pode ser entendido como "o ponto em que o indivduo consegue controlar seus conflitos internos, gerando um excesso de energia, originando, conseqentemente fadiga, cansao, tristeza, euforia".O estresse definido por Molina (1996, p. 18) como sendo uma situao de tenso aguda ou crnica que produz uma resposta de adaptao psicolgica que pode ser descrito, portanto, como "uma fora, tenso, presso, compreenso", ou ainda como um estado fsico ou psquico "carregado de energia deformante".Segundo Moller (1992), o estresse pode ser definido como "a maneira pela qual o seu corpo reage - a energia que ele mobiliza - quando voc exposto a algo que o faz sentir-se pressionado".Na idia de Baccaro (1997), com o passar dos anos, o conceito inicial deestresse, definido por Selye, foi se diluindo, adaptando-se aos novos conhecimentos cientficos e s transformaes pelas quais a saciedade passou, chegando aos dias de hoje a ser considerado como uma tenso emocional, sob a qual vive o homem moderno e que mais cedo ou mais tarde, vai lev-Io a um desgaste orgnico e, conseqentemente, a uma srie incalculvel de enfermidades.Chiavenato (1999, p. 377), define estresse como "um conjunto de reaesfsicas, qumicas e mentais de uma pessoa a estmulos no ambiente. Outros autores apresentam suas definies: Simmons (2000, p. 14) destaca que o estresse "a reao de adaptao a qualquer demanda feita a uma pessoa". E para Robbins e Coulter (1998, p. 276), o estresse "uma condio dinmica na qual o indivduo se depara com uma oportunidade, limitao ou exigncia relacionada ao que ele deseja e para qual o resultado percebido como sendo tanto incerto quanto importante".Ser enfermeiro significa ter como agente de trabalho o homem, e, como sujeito de ao, o prprio homem. H uma estreita ligao entre o trabalho e o trabalhador, com a vivncia direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero, incompreenso, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reaes desencadeadas pelo processo doena. Por meio da compilao de diversos autores, classificaram-se e agruparam-se em categorias os estressores relacionados com a enfermagem e seu trabalho: Problemas de comunicao com a equipe; Inerente unidade; Assistncia prestada; Interferncia na vida pessoal e Atuao do enfermeiro. (BIANCHI, 1999). A carga de trabalho o estressor mais proeminente na atividade do enfermeiro, alm dos conflitos internos entre a equipe e a falta de respaldo do profissional, sendo a indefinio do papel profissional um fator somatrio aos estressores (STACCIARINI; TRCOLI, 2001). O enfermeiro presta assistncia em setores considerados desgastantes, tanto pela carga de trabalho, como pelas especificidades das tarefas. Pode-se considerar que a maior fonte de satisfao no trabalho do enfermeiro concentra-se no fato de que as suas intervenes auxiliam na manuteno da vida humana. Como principais estressores, pode-se determinar os seguintes itens: nmero reduzido de funcionrios compondo a equipe de enfermagem; falta de respaldo institucional e profissional; carga de trabalho; necessidade de realizao de tarefas em tempo reduzido; indefinio do papel do profissional; descontentamento com o trabalho; falta de experincia por parte dos supervisores; falta de comunicao e compreenso por parte da superviso de servio; relacionamento com familiares; ambiente fsico da unidade; tecnologia de equipamentos; assistncia ao paciente e relacionamento com familiares.

2.3 DEFINIO E CLASSIFICAO DE UM AGENTE ESTRESSOR

O ambiente hospitalar ainda se constitui em uma importante fonte geradora de estresse para os profissionais, principalmente pelo sofrimento vivenciado nesse local. As diferentes situaes de trabalho, associadas aos conflitos e aos sentimentos dos trabalhadores, comprometem no s o desempenho produtivo, mas tambm o equilbrio fsico e emocional desses trabalhadores. Portanto, representa consenso para muitos pesquisadores que a enfermagem uma profisso estressante, fato que tem estimulado o desenvolvimento de estudos por profissionais, enfermeiros ou no (BIANCHI, 1999).De acordo com Stoner e Feemann (1999, p. 416), "estressador o nome que se d s tenses e presses que causam o estresse".Range (apud LlPP & MALAGRIS ,1995), explica que um agente estressor toda situao geradora de um estado emocional forte que leva a uma quebra da homeostase interna e exige alguma adaptao.So necessrias duas condies para que o agente estressor potencial se torne real: quando houver incerteza quanto ao resultado e quando este resultado for importante para o indivduo. (ROBBINS & COULTER, 1998).Lipp e Malagris (1995) propem classificar os estressores em duas categorias: os externos, constitudos dos eventos que ocorrem na vida de uma pessoa, sejam eles acidentes, mortes, brigas, dificuldades financeira, nascimento de filhos, enfim, tudo que ocorre no mundo externo da pessoa. E os estressores internos, que consistem nas cognies do indivduo, seu modo de ver o mundo, seu nvel de assertividade, suas crenas, seus valores suas caractersticas pessoais, seu padro de comportamento, suas vulnerabilidades e seu esquema de reao vida.Para Lipp (1996), existem dois tipos de estressores: os biognicos, como o frio, calor, fome e a dor, que no dependem da interpretao que a pessoa venha dar a ele pois atuam no desenvolvimento de estresse automaticamente; e os psicossociais, que possuem a capacidade de estressar uma pessoa devido a sua histria de vida.Um estudo que abordou, dentre outros pontos, o nvel de estresse em enfermeiros de unidades abertas e fechadas de uma instituio hospitalar e os estressores presentes no ambiente de trabalho, encontrou como concluso que todas as reas de atuao do enfermeiro pesquisadas foram consideradas estressantes. Os principais estressores encontrados para enfermeiros de unidades abertas foram agrupados nas seguintes reas: Relacionamento com outras unidades e supervisores; Assistncia de enfermagem prestada ao paciente; Coordenao das atividades da unidade; Condies de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro. Os estressores encontrados para enfermeiros de unidades fechadas foram englobados na rea: atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade. O estudo identificou os estressores agrupados na rea atividades relacionadas administrao de pessoal, em ambas as reas (Bianchi, 1999).Robbins (1998) registra trs categorias de fatores estressores em potencial: ambiental, organizacional e individual. O primeiro refere-se s mudanas no ciclo dos negcios, s incertezas econmicas, polticas e tecnolgica; o segundo est associado s exigncias no campo do trabalho e o terceiro est ligado s experincias que as pessoas vivenciam fora do trabalho e que esto relacionadas questo da famlia, dos problemas pessoais, bem como as caractersticas inerentes personalidade.Rio (1996), aponta trs fatores como relevantes na relao estressor-indivduo: a intensidade com que os estressores agem, a freqncia com que eles surgem e as circunstncias do momento da vida do indivduo.A enfermagem, hoje considerada cientfica, vive uma crise e alguns componentes conhecidos como ameaadores estabilidade do enfermeiro so: o nmero reduzido de enfermeiros na equipe de enfermagem; as dificuldades de delimitar os diferentes papis entre enfermeiros, tcnicos e auxiliares e a falta de reconhecimento ntido entre o pblico em geral de quem o enfermeiro (STACCIARINI; TRCCOLI, 2001), juntando-se a isso as dificuldades relativas grande demanda de trabalho e a pouca disponibilidade de recursos materiais e humanos, caractersticos da rea da sade, aumenta, progressivamente, o estresse e o sofrimento do enfermeiro, derivados da necessidade de ter que ajustar recursos finitos a necessidades de cuidados de sade infinitas e crescentes por parte da populao(ALMEIDA; PIRES, 2007). oportuno destacar que o significado de um estressor muito singular, uma vez que os indivduos fazem uma avaliao pessoal de cada vivncia, a partir da qual mobilizam recursos pessoais e organizacionais para enfrentar ou superar cada situao estressante vivida. Sendo assim, cada pessoa atribui um significado especfico e pessoal para cada situao, cabendo a ela a responsabilidade de avaliar se determinado evento provocou o estresse.

2.4 FASES DO ESTRESSE

De acordo com Selye apud Lipp (1996), o processo de estresse no organismo pode ser dividido em trs fases: a fase de alerta, a fase de resistncia e a fase de exausto.A fase alerta inicia-se quando a pessoa se confronta com o estressor pelaprimeira vez. Neste momento, uma reao de alerta se instala e o organismo se prepara para a luta ou para a fuga com a conseqente quebra da homeostase. Quando o estressor tem uma durao curta a adrenalina eliminada e ocorre a restaurao da homeostase, e a pessoa sai dessa fase sem complicaes para o seu bem-estar. nessa fase que ocorre um aumento na produtividade, se a pessoa sabeadministrar o estresse, ela pode utiliz-Io em seu benefcio devido motivao,entusiasmo e energia que esta fase do estresse produz.A segunda fase, a resistncia, ocorre quando o estressor continua presente por perodos muito prolongados. Nesta fase a pessoa utiliza toda a reserva de energia para se reequilibrar, se essa energia suficiente, a pessoa recupera-se e sai do processo de estresse. Se, por outro lado, o estressor exige mais esforo para adaptao do que possvel para aquela pessoa, o processo de estresse pode encaminhar-se para a exausto.De acordo com Lipp e Malagris (1995), dois sintomas aparecem com bastante freqncia nesta fase: a sensao de desgaste generalizado sem causa aparente e dificuldade com a memria.Ainda de acordo com Selye apud Lipp (1996), na terceira fase, a da exausto, o estresse j se tornou intenso demais, devido a pessoa no ter energias suficientes para lidar com o estressor ou devido a outros estressores ocorrerem concomitantemente.Esta fase est associada a vrias doenas, como: hipertenso arterial, lceras, gengivites, depresso, ansiedade, problemas sexuais, enfarte e at diabetes.Quando a pessoa chega ao nvel de exausto, j existe um comprometimento fsico que necessita de ajuda mdica e, em contrapartida, o paciente precisa aprender com um especialista como lidar com o estresse que est sentindo e como evitar encontrar-se de novo com a mesma condio.Para Frana e Rodrigues (1999,p.154), o estresse pode apresentar trs fases:. Alarme: representa a fase inicial e de fcil tratamento, que ocorre secundrios a vrios estmulos, como resposta fisiolgica do organismo levando a aceleramento cardaco, respirao acelerada, sudorese, extremidades frias e estado de prontido para responder ou fugir;. Resistncia: fase intermediria, onde o organismo comea a enfraquecer pela resistncia dos estmulos estressantes e inadequao aos mesmos com respostas do corpo levando a mudanas de comportamento, insnia e descontentamento.. Exausto: comea o aparecimento de doenas crnicas e de difcil reverso, com distrbios emocionais, fadiga, gastrites, hipertenso e outros.Na viso de Carvalho e Serafim (1995), o estresse caracteriza-se pelasseguintes fases:1 fase - o indivduo no entende o est se passando dentro dele, e pode semostrar mal-humorado, agressivo e inquieto. Quando o indivduo percebe as reaes que seu organismo est tendo a hora de agir, lutando contra o perigo.2 fase - a tendncia do organismo adaptar-se e permitir que o estado de desequilbrio permanea, levando a um quadro permanente de tenso.O interessante que vale ressaltar, que a viso de Carvalho e Serafim (1995), se contrape a dos outros autores citados, uma vez que eles apontam este momento como de alerta, no qual a pessoa ainda tem a oportunidade de voltar ao seu estado normal.3 fase - se o organismo for submetido a um estado de tenso permanente e se surgirem novos fatores estressantes, ele ter uma queda de suas defesas naturais, ficando vulnervel ao surgimento de vrias doenas.

2. 5 CONSEQUNCIAS DO ESTRESSE

Para Gamreman (1992), as conseqncias do estresse abrangem tanto o nvel pessoal, quanto o nvel organizacional.Nas pessoas, as conseqncias so:. Afastamento do trabalho;. Interveno hospitalar;. Desequilbrio familiar;. Perda do emprego;. Constrangimento social.Nas empresas, as conseqncias so as seguintes:. Perda de oportunidades;. Queda de produtividade;. Absentesmo;. Prejuzos financeiros.Carvalho e Serafim (1995, p. 36), vem as conseqncias do estresse como: "conseqncias de natureza grave para o indivduo, se, ele, uma vez consciente das alteraes ocorridas no seu organismo, no tomar iniciativa para controlar os agentes estressantes.2.6 ESTRATGIAS PARA ENFRENTAR O ESTRESSE

Diversos programas de manejo do estresse surgiram nos ltimos anos com o objetivo de ensinar aos indivduos como desenvolver estratgias adequadas de enfrentamento do estresse.O indivduo pode atenuar ou tolerar os efeitos danosos do estresse atravs do coping definido como sendo os mecanismos que o indivduo desenvolve para enfrentar situaes estressantes. (BACHION, et aI, 1998).Ainda de acordo com Bachion et aI (1998), existem trs grandes escalas de mecanismos de coping, a saber:1. O evitamento, quando o indivduo adia o confronto, tenta esquec-Io, ele bloqueia suas emoes;2. O confronto direto, quando a pessoa busca informaes sobre o assunto, ela fala sobre o assunto, negocia alternativas de enfrentamento;3. O confronto indireto, quando o indivduo se ocupa com atividades filantrpicas e esportivas.Para QUICK (2001), as pessoas necessitam de investir na preveno primria, tanto os executivos como os gerentes, quanto os trabalhadores do cho de fbrica.Segundo o mesmo autor, as pessoas precisam de dois a cinco destas atitudes para lidar bem com o estresse: competncia, atividades fsicas, habilidades cognitivas para pensar diferente a respeito da situao que se apresenta, ter bons amigos, boa famlia e suporte social.Segundo Rocha e Glima (2000), afirmam que as estratgias de enfrentamento do estresse ocorrem nos trs planos: fsico, psquico e social.Fsicos:. Tcnicas de relaxamento;. Alimentao adequada;. Exerccios fsicos regulares;. Repouso, lazer e diverso;. Sono apropriado s necessidades individuais;. Medicao, se necessria e sob superviso mdica.Psquicos:. Mtodos psicoteraputicos;. Processos que favorecem o autoconhecimento;. Estruturao do tempo livre com atitudes prazerosas e atrativas;. Busca de convivncia menos conflitosa com pais e grupos;. Avaliao peridica da qualidade de vida individual.Sociais:. Reviso das formas de organizao do trabalho.Segundo Lipp (1996, p. 53), h coisas que cada pessoa mesmo pode fazer para se ajudar", que so:1. Converse sobre seus problemas com um confidente;2. Se voc encontrar numa situao problemtica, pare um pouco de pensar noproblema para readquirir o controle;3. Se voc perceber que usa a raiva como uma maneira freqente de responder a situaes desagradveis, tente conter o impulso, descarregando seus dio atravs de uma atividade fsica;4. Ocasionalmente ceda;5. Faa alho pelos outros;6. Faa uma coisa de cada vez;7. Evite a imagem de super-heri;8. No fume, no tome caf, ou beba em excesso;9. Melhore sua conversa consigo mesmo;10. No se automedique.De acordo com Silva (2002), algumas medidas que podem contribuir na preveno do estresse so: fazer pausas freqentes no trabalho, fazer exerccios fsicos e de relaxamento, repouso e alimentao em horrios regulares, evitar fumo, bebidas e caf em excesso, tirar frias regularmente, reservar algumas horas do dia para diverso, no se comprometer com muitas coisas para fazer ao mesmo tempo, ter algum para desabafar, ter metas de vida, evitar situaes que o deixam irritado ou nervoso. Algumas tcnicas com yoga, meditao, exerccios respiratrios e de relaxamento, massagens, sauna, exerccios fsicos, tambm contribuem. O primeiro passo desenvolver seu autoconhecimento, pois dessa maneira a pessoa ser capaz de reconhecer os tipos de situaes que lhe causam estresse e perceber seu prprio nvel de tolerncia presso. (DIAS &SilVA, 2002).A capacidade de suportar presses uma caracterstica individual. Pessoas no reagem da mesma forma a um mesmo estmulo. Essa reao vai depender da sua histria de vida, suas crenas e valores, no h uma frmula que garanta uma vida sem estresse, mas h maneira sou tcnicas capazes de reduzi-Io. importante, desenvolver a capacidade de administrar as ambigidades, criar condies de modificar o contexto, ou aprender a conviver com elas. (DIAS &SilVA, 2002).3 O ESTRESSE OCUPACIONAL3.1 CONCEITOS DE TRABALHO

Um dos meios de sobrevivncia de um indivduo, sem dvida, o trabalho. nele que o indivduo passa a maior parte do tempo. A escolha profissional, o que ele faz, vai implicar na sua realizao e sua produo. O trabalho deve ser uma fonte de prazer para o indivduo. Da, a importncia de ter suas funes bem definidas e bem traadas e os seus objetivos pessoais e profissionais claramente definidos, proporcionando-lhe uma vida mais equilibrada (CARVALHO & SERAFIM, 1995, p. 137).De acordo com Kanaane (1996), o trabalho sempre ocupou lugar central na vida de diferentes comunidades, onde gradativamente foi sendo limitado pelas condies socialmente estabelecidas. Atravs do trabalho o homem pode modificar-se a si mesmo, medida que possa exercer sua capacidade criativa e atuar como coparticipante do processo de construo das relaes de trabalho e da comunidade na qual se insere. Ainda para o mesmo autor, o trabalho uma humanizada exercida, num contexto social, que sofre influncias oriundas de distintas fontes, o que resulta numa ao recproca entre o trabalhador e os meios de produo.Conforme Baucher e Binett (1997), o trabalho uma grande fonte de estresse positivo, mas para muitas pessoas constitui uma fonte de esgotamento.Segundo Ferreira (1999), trabalho uma atividade coordenada, de carter fsico e/ou intelectual, necessria realizao de qualquer tarefa, servio ou empreendimento.

3.2 DEFINIO DE ESTRESSE OCUPACIONAL

Grandjean (1998, p. 165), define estresse ocupacional como sendo "o estado emocional, causado por uma discrepncia entre o grau de exigncia do trabalho e recursos disponveis para gerenci-Io". um fenmeno subjetivo e depende da compreenso individual da incapacidade de gerenciar as exigncias do trabalho.O estresse ocupacional produto da relao entre o indivduo e o seu ambiente de, em que as exigncias deste ultrapassam as habilidades do trabalhador para enfrent-Ias, o que pode acarretar num desgaste excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade. (PERKINS, 1995).Na situao particular do estresse ocupacional, ele definido como assituaes em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaador de suas necessidades de realizao de realizao pessoal e profissional e/ou da sua sade fsica ou mental, prejudicando a integrao desta com o trabalho e com o seu prprio ambiente, na medida que esse ambiente contm demandas excessivas a ela, ou que ela no contam recursos adequados para enfrentar tais situaes (FRANA & RODRIGUES, 1999).

3.3 FA TORES QUE LEVAM AO ESTRESSSE OCUPAC/ONAL

As causas do estresse ocupacional so muito variadas e possuem efeitocumulativo. As exigncias fsicas ou mentais exageradas provocam o estresse, mas este pode incidir mais fortemente naqueles trabalhadores j afetados por outros fatores, como conflitos com a chefia ou at um problema familiar (LIDA, 2001).Como afirma Chiavenato (1999, p.377), "o autoritarismo do chefe, a desconfiana, as presses e cobranas, o cumprimento do horrio de trabalho, a monotonia e a rotina de certas tarefas, a falta de perspectiva e de progresso profissional e a insatisfao pessoal como um todo so os principais provocadores de estresse no trabalho". Ele tambm afirma que no ambiente de trabalho tambm encontramos fatores estressantes, como a programao do trabalho, maior ou menor tranqilidade no trabalho, segurana no trabalho, fluxo de trabalho e o nmero e a natureza dos clientes internos ou externos a serem atendidos. O mesmo autor ainda ressalta que os ambientes de trabalho que apresentam barulho de mquinas funcionando, telefones tocando e pessoas conversando tambm trazem desconfortos como irritao e perda de concentrao que podem conduzir ao estresse.Stoner e Freeman (1999) enfatizam a sobrecarga de papis como um dos principais estressadores. Ela pode ser quantitativa, quando uma pessoa tem mais trabalho do que realmente pode realizar, ou qualitativa, quando a pessoa no tem as habilidades para realizar seu trabalho. O mesmo autor tambm ressalta a subcarga como um agente estressante, quando a pessoa no atividades para desempenhar e enfrenta o tdio e a monotonia.De acordo com Stoner e Freeman (1999), o estresse pode ser proveniente de mudanas violentas na organizao, quando, que ultrapassem nossa capacidade de adaptao.Para Carvalho e Serafim (1995, p. 133), os principais fatores que podem levar ao estresse ocupacional so:. Aumento do volume de trabalho;. Conflitos dirios no trabalho;. Presses no trabalho;. Incompreenso da chefia;. Ambiente desfavorvel ao indivduo;. Funo no adequada ao indivduo.Fontana (1994, p. 47), afirma que as causas gerais do estresse no trabalho so:. Apoio insuficiente;. Longas jornadas de trabalho;. Baixa perspectiva de promoo;. Rituais e procedimentos desnecessrios;. Incerteza e insegurana.Segundo Lida (2001, p. 305), o estresse ocupacional pode ser causado por "condies fsicas desfavorveis, como o excesso de calor, rudos exagerados, ventilao deficiente, luzes inadequadas, gases txicos e o uso de cores irritantes".

3.4 SINTOMAS DO ESTRESSE OCUPACIONAL

De acordo com Dias e Silva (2002), os nveis de estresse muito alto, noambiente de trabalho, resultam em queda de desempenho e queda na produtividade.Ainda h uma perda na capacidade de concentrao, o que pode levar a erros e acidentes graves, se ocorrerem numa rea em que necessria exatido.Ainda de acordo com as mesmas autoras, os sintomas do estresse ocupacional dos indivduos se dividem em fsicos e mentais. Os sintomas fsicos seriam as dores de cabea, palpitaes, azia, reaes alrgicas, dores lombares, insnia, indigesto, aumento do apetite, suor, gagueira. J os sintomas mentais podem ser as dificuldades de concentrao, agressividade, irritabilidade, passividade, ansiedade, dificuldade na tomada de decises, sensao de fracasso, superatividade, medo, depresso, comportamento no-cooperativo.Para Robbins e Coulter (1998), os sintomas relacionados ao estresseocupacional podem ser divididos em trs categorias: fisiolgicas, psicolgicas ecomportamentais. Para eles, os sintomas fisiolgicos esto relacionados commudanas no metabolismo, aumento nos batimentos cardacos e freqnciarespiratria, elevao da presso sangunea. J os sintomas psicolgicos que podem ser encontrados a insatisfao no trabalho, tenso, ansiedade, irritabilidade, tdio e protelao. Em relao aos sintomas comportamentais observam-se mudanas na produtividade, absentesmo, aumento do fumo ver, aumento do tabagismo e do consumo de lcool e fala rpida.Segundo Carvalho e Serafim (1995, p. 130), "os principais sintomas do estresse so: sinais de cansao, perturbao, angstia, pigarro, acelerao do batimento cardaco,perda de memria, dores de cabea intensas, hipertenso e dores de coluna".

3.5 A SNDROME DE BURNOUT E O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

A sndrome de Burnout foi descrita pela primeira vez por Frendenberg em 1974 para traduzir uma resposta dos indivduos ao estresse ocupacional. Ela geralmente observada em pessoas altamente capazes e motivadas que no conseguem suportar o grande volume do estresse contido no seu trabalho (SOUZA, 2002).O trabalhador, a sentir-se sem alternativa para compartilhar suas dificuldades, anseios e preocupaes, tem aumentado sua tenso emocional, o que pode levar ao surgimento da Sndrome de Burnout. Segundo Frana e Rodrigues (1997) o estresse est relacionado ao trabalho quando o ambiente de trabalho se torna ameaador em questes de realizao pessoal, profissional, sade fsica ou mental ao trabalhador, prejudicando assim a sua interao com o ambiente de trabalho j que a pessoa no possui recursos de enfrentamento para as situaes. E segundo eles a Sndrome de Burnout considerada uma das principais consequncias do estresse profissional. Burnout um termo em ingls que significa queimar-se por completo e 3 segundo Schaufeli e Ezmann apud Benevides-Pereira (2002) apontam que em 1969, havia sido publicado um artigo em que se utilizava da expresso staff Burnout, referindo-se ao desgaste de profissionais e propondo medidas organizacionais de enfrentamento. O Burnout uma expresso utilizada para designar aquilo que deixou de funcionar por exausto de energia, constitui atualmente um dos grandes problemas psicossociais, despertando interesse e preocupao por parte da comunidade cientfica e das empresas, devido severidade das suas consequncias, quer ao nvel individual, quer ao nvel organizacional (BORGES, 2002). Por muitas vezes, a pessoa com Burnout tratada como em estresse, ou depresso, prejudicando-a no tratamento, pois a causa principal no combatida. Uma relao satisfatria com a atividade de trabalho fundamental para o desenvolvimento nas diferentes reas da vida humana e esta relao depende dos suportes afetivos e sociais que os indivduos recebem durante seu percurso profissional. Esta sndrome acomete, geralmente, os profissionais que trabalham em contato direto com pessoas, sendo predominante nos profissionais de sade (MASLACH e JACKSON, 1981, apud SILVA, 2000). Os estudos demonstram que a sndrome afeta os enfermeiros, em diferentes partes do mundo e em diversos contextos de trabalho, levando-os a desenvolver sentimentos de frustrao, frieza e indiferena em relao s necessidades e ao sofrimento (SPOONER-LANE, 2004; DAZ-MUOZ, 2005).De acordo com Frana e Rodrigues (1999) a sndrome de Burnout definida como uma reao tenso emocional gerada a partir do contato excessivo e estressante com o seu trabalho. Segundo esses autores citados a sndrome vai corroendo progressivamente a relao do indivduo com sua atividade profissional e seus principais sintomas so: mal-estar, fadiga, esgotamento, sentimento de infelicidade, desamparo e perda do entusiasmo com a profisso.Frana e Rodrigues (1999), ainda ressaltam que essa sndrome est relacionada ao trabalho que exige contato com pessoas como enfermeiros, assistentes sociais, mdicos, psiclogos ou executivos.Frana (apud SOUZA, 2002) descreve os sintomas de Burnout em quatrocategorias: fsicos, psquicos, emocionais e do comportamento.. Fsicos: fadiga, distrbios do sono, dores musculares; Psquicos: diminuio da memria, dificuldade de concentrao, diminuio da capacidade de tomar decises;. Emocionais: desnimo, ansiedade, depresso, impacincia, irritao, pessimismo; Comportamento: tendncia de isolamento, perda de interesse pelo lazer, aumento do consumo de bebidas alcolicas e fumo e tendncia ao absentesmo.Os enfermeiros, pela funo que desempenham, assumem as atividades mais complexas e que envolvem maior risco para os pacientes, alm de serem responsveis pelas atividades desenvolvidas por toda a equipe de enfermagem. Dessa forma, incorporam alto nvel de responsabilidade, na tentativa de ter o controle absoluto sobre o trabalho, o que muitas vezes os levam a exigir de si mesmos atitudes sobre-humanas. Segundo Ferrareze (2006), muitos autores relatam que a enfermagem uma profisso estressante, devido responsabilidade pela vida do ser humano e a proximidade com os pacientes em que o sofrimento quase inevitvel, exigindo dedicao para o desempenho de suas funes, aumentando cada vez mais a probabilidade de ocorrncia de desgastes fsicos e psicolgicos.H uma prtica profissional voltada, quase que exclusivamente para a eficcia do atendimento ao paciente, e muitas vezes, percebe-se uma menor valorizao das condies de trabalho essenciais para a sade do trabalhador, que permanecem expostos por um perodo prolongado a situaes que exigem alta demanda emocional (MASLACH E JACKSON, apud CARLOTTO E ROSA, 2003).O trabalho desenvolvido em hospitais requer que todos os profissionais tenham que enfrentar tomadas de decises difceis, geralmente com implicaes ticas e morais. Segundo Benvides-Pereira (2002), o desempenho destes profissionais envolve uma srie de atividades que necessitam foradamente de um controle mental e emocional muito maior que outras profisses. Alm disto, os conflitos do indivduo que trabalha no hospital podem estar sendo gerado pelo rpido desenvolvimento tecnolgico, as divises de trabalho com o estabelecimento de elevada hierarquia de autoridade, com canais formais de comunicao e um grande conjunto de regras e normas para seu funcionamento, que determina este complexo sistema que uma instituio hospitalar (LAUTERT, 1997).A preveno da sndrome de Burnout consistiria em aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia, prevenir o excesso de horas extras, dar o melhor suporte social as pessoas e melhorar as condies sociais e fsicas de trabalho e investir no aperfeioamento profissional e pessoal dos trabalhadores. Em uma perspectiva psicossocial, o Burnout tem sido entendido como o resultado de um contexto laboral desfavorvel, de caractersticas individuais. (RUVIARO; BARDAGI, 2010).

3.6 METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado atravs de pesquisa bibliogrfica qualitativa em artigos cientficos, livros, peridicos, internet. Esta tcnica procura explicar o problema a partir de referncias tericas publicadas em documentos (GIL, 1999). Busca conhecer e analisar as contribuies culturais ou cientficas existentes sobre determinado assunto, tema ou problema.

4 CONSIDERAES FINAIS

O enfermeiro um profissional que vive sob condies estressantes de trabalho. A profisso de enfermagem confronta-se com escassez de pessoal, trabalho por turnos, contato dirio com a doena, o sofrimento e a morte, falta de autonomia e de participao nas tomadas de deciso, rpidas mudanas tecnolgicas, respostas inadequadas das chefias aos problemas organizacionais (burocracia profissionalizada), etc. O enfermeiro deve obter condies mnimas, de material e pessoal, para se dedicar prestao de uma assistncia efetiva e eficaz, diante das intercorrncias. Observa-se que o estresse desencadeado nos enfermeiros proveniente de vrios fatores que sero resolvidos quando forem proporcionadas melhores condies de trabalho. No contexto organizacional a presena de trabalhadores com estresse na equipe de enfermagem, pode provocar desenvolvimento das atividades com ineficincia, comunicao deficitria, desorganizao do trabalho, diminuio na produtividade, o que trar consequncias ruins ao cuidado prestado aos pacientes. Conclui-se que para preveno do estresse e da sndrome de Burnout, alm do conhecimento dos fatores deflagradores e dos sintomas, extremamente relevante a adoo de medidas como organizao do setor, treinamento das equipes, bom relacionamento da equipe multiprofissional, melhores condies de trabalho e evitar rotatividade, com o objetivo de minimizar os fatores estressores e restabelecer condies que propiciem o retorno do estresse. Considerando os objetivos do presente estudo, constata-se que as condies de trabalho s quais esto expostos os profissionais de enfermagem, pelas prprias caractersticas inerentes profisso, e porque, para alm da natureza do trabalho, h que se considerar a forma precarizada desse trabalho, acaba por desenvolver, nesses profissionais, o estresse ocupacional, muitas vezes com sofrimento e adoecimento. Portanto, acredita-se que estudar as repercusses do estresse ocupacional na vida cotidiana de enfermeiros a melhor forma de compreender as matizes e nuanas que interferem e determinam esse fenmeno, assim como a ressonncia produzida por ele na vida cotidiana desses trabalhadores. Acredita-se ainda que ao se apreender e compreender esse fenmeno atravs dos relatos dos atores sociais verdadeiramente implicados, por vivenci-lo no dia-a-dia do seu processo de trabalho, pode-se buscar mudanas e traar novas formas de conduo dessa questo.Levando-se em considerao a possibilidade de amenizar o estresse ocupacional prope-se que algumas aes sejam desenvolvidas pelo enfermeiro, conjuntamente com os profissionais de recursos humanos e um psiclogo organizacional, no sentido de se prevenir os efeitos patolgicos que o estresse pode trazer, conscientizando os gestores da importncia de desenvolver aes voltadas para a sade do profissional de enfermagem, de modo que este se sinta satisfeito e passe a satisfazer a organizao, atravs do seu trabalho.Deve haver tambm uma conscientizao dos enfermeiros de que o trabalho deve ser uma fonte de prazer e no de sofrimento, e de que o estresseocupacional s poder ser minimizado atravs de sua colaborao, para que venha lhe proporcionar sade e conseqentemente uma melhor qualidade de vida no trabalho.

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