o estado do rio grande do norte por intermédio da … · repÚblica federativa do brasil governo...

12
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E DAS FINANCAS PROJETO INTEGRADO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL UNIDADE DE GERENCIAMENTO DO PROJETO - UGP Processo: n?205144/2017-5 Objeto: Realização das Obras Civis para Recuperação Estrutural, Drenagem, Sinalização e melhorias da RN 118- Jucurutu - Caicó (contorno) e Rodovia Subtrecho: Genipabu- Entroncamento da BR-101/RN-307 - Balsa (Genipabu), no Estado do Rio Grande do Norte. Modalidade: NCB N° 038/2018. COMUNICADO 02 O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE por intermédio da SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E FINANÇAS - SEPLAN, neste ato representado pela Presidente da Comissão Especial Mista, designada pela PORTARIA N° 54/2017, de 22/12/2017, publicada no DOE do dia 23/12/2017, vem em razão da IMPUGNAÇÃO ao Ato Convocatório da NCB 38/2018, cujo objeto acima descrito, apresentar as suas razões, para, ao final decidir, como segue: I - DO RELATÓRIO Trata-se da análise da IMPUGNAÇÃO ao ato convocatório objetivando alteração do Edital conforme explanado a seguir: 13. Nesse diapasão, é que o impugnante vem formalmente impugnar os seguintes itens e subitens: "ITEM 4.3.2, ALÍNEA "b" DAS INSTRUÇÕES AOS CONCORRENTES(IAC) (b) Certidão negativa do Cartório de Distribuição e de Protestos expedidapelo Distribuidor da Comarca da Sede e/ou do principal estabelecimento da Empresa. caso distinto da Sede:..

Upload: vohanh

Post on 12-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILGOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E DAS FINANCASPROJETO INTEGRADO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

UNIDADE DE GERENCIAMENTO DO PROJETO - UGP

Processo: n?205144/2017-5Objeto: Realização das Obras Civis para Recuperação Estrutural, Drenagem, Sinalizaçãoe melhorias da RN 118 - Jucurutu - Caicó (contorno) e Rodovia Subtrecho: Genipabu­Entroncamento da BR-101/RN-307 - Balsa (Genipabu), no Estado do Rio Grande doNorte.Modalidade: NCB N° 038/2018.

• COMUNICADO 02

O ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE por intermédio da SECRETARIA

DE PLANEJAMENTO E FINANÇAS - SEPLAN, neste ato representado pela

Presidente da Comissão Especial Mista, designada pela PORTARIA N° 54/2017, de

22/12/2017, publicada no DOE do dia 23/12/2017, vem em razão da

IMPUGNAÇÃO ao Ato Convocatório da NCB 38/2018, cujo objeto acima descrito,

apresentar as suas razões, para, ao final decidir, como segue:

I - DO RELATÓRIO

Trata-se da análise da IMPUGNAÇÃO ao ato convocatório objetivando alteração

do Edital conforme explanado a seguir:

13. Nesse diapasão, é que o impugnante vem formalmente impugnar osseguintes itens e subitens:

"ITEM 4.3.2, ALÍNEA "b" DAS INSTRUÇÕES AOSCONCORRENTES(IAC)(b) Certidão negativa do Cartório de Distribuição e deProtestos expedidapelo Distribuidor da Comarca da Sede e/oudo principal estabelecimento da Empresa. caso distinto daSede: ..

ITEM 4.5, ALÍNEA "c" DAS INSTRUÇÕES AOSCONCORRENTES (IAC)(c) experiência como contratado/executor principal naconstrução de, pelo menos, 2 (duas) obras de natureza ecomplexidade requerida conforme definido nos DDE nosúltimos 10 (dez) anos (para atender a essa exigência. as obrascitadas deverão estar com, no mínimo, 70% (setenta por cento)já concluídas;

ITEM 4.5, ALÍNEA "d" DAS INSTRUCÕES AOSCONCORRENTES (IAC)(d)patrimônio líquido igualou superior ao mínimo exigido nosDDE;

ITEM 4.5, ALÍNEA "f" DAS INSTRUCÕES AOSCONCORRENTES (IAC)(f) possuir responsável técnico, indicado para execução dasobras, cujas experiência e qualificação sejam compatíveis comos requisitos de similaridade definidos nos DDE, relativamenteàs parcelas de maior relevância e valor significativo das Obras;e

"ANEXO II - DADOS DO EDITAL (DDE), ITEM 4.3,alínea "f'(f) Certidão negativa do Cartório de Distribuição e de Protestosexpedida pelo Distribuidor da Comarca da Sede e/ou doprincipal estabelecimento da Empresa, caso distinto da Sede: "

•"ANEXO II - DADOS DO EDITAL (DDE), ITEM 4.3,alínea "i"(i) Atestados de 2 (duas) entidades financeiras datados de, nomáximo, 60 (sessenta) dias retroativamente à data prevista paraapresentação depropostas, indicando a situação da Empresa;

"ANEXO II - DADOS DO EDITAL (DDE), ITEM 4.5, alínea"h"Volume anual médio, de obras: ter realizado nos últimos 03(três) anos, um volume médio de obras de recuperação ouimplantação de estradas no mínimo de:Lote 1:R$ 88.000.000,00 (oitenta e oito milhões de reais): e

Lote 2: RS 13.000.000,00 (treze milhões de reais)

"ANEXO II - DADOS DO EDITAL (DDE), ITEM 4.5,alínea "c"Obras consideradas com a complexidade requerida referem-sea:Contratos com Valor superior a:Lote 1:R$ 35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais); eLote 2: R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

"ANEXO II - DADOS DO EDITAL (DDE), ITEM 4.5, alínea"d"Patrimônio líquido igualou superior a:Lote 1:R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais).Lote 2: RS 550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil reais).

• II - DAS RAZÕES

Insurge-se a Empresa acrescentando nas razões de mérito para exclusão dos itens

acima reproduzidos que:

14. São, portanto, onze os números de itens sobre os quais a presenteimpugnação pretende se debruçar: itens 4.3.2 "b", 4.3.2 "e", 4.5 "b", 4.5 "c", 4.5"d", 4.5 "C', do JAe; e itens 4.3 "C',4.3 "i", 4.5 "b", 4.5 "c", 4.5 "d", do DDE.

15. Dúvidas não persistem que os itens acima estão em franca violação aosdispositivos da Lei federal n." 8.666/93, mas como já afirmado não se pretende fazeruma confrontação de mera legalidade, haja vista a aplicação das guidelines ao casoconcreto. Sobressai a tal constatação o fato de que as regras das guidelines, mesmo estasnão podem estar em desconformidade com a Constituição Federal e seus princípios.

• 35. Os dispositivos impugnados em destaque requerem: "4.3.2 e)" -Atestados de duas entidades financeiras contendo pormenores sobre a situaçãoeconômica da licitante; "4.5 b), c)," - realização de obras no mesmo valor da licitadaem período pretérito e de pelo menos duas obras de natureza e complexidade nosúltimos 10 (dez) anos, com no mínimo 70% (setenta por cento) concluído, patrimôniolíquido igualou superior a Patrimânio líquido igualou superior a: LoteI: RS3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais) e Lote 2: R$ 550.000,00 (quinhentose cinquenta mil reais).

36. Neste sentido a norma Constitucional é explicita a excluir qualquerexigência relacionada a critérios econômicos que não sejam indispensáveis à Garantiado Cumprimento das obrigações.

38. Ou seja, se os balanços e demonstrações denotarem uma realidadeeconomicamente negativa, as declarações de instituições financeiras vêm a suprir acarência de condições econômicas? De certo que não. Entes privados não detém aprerrogativa de condicionar a participação de um licitante.

39. A exigência do item "4.3.2 "e" JAC, e item 4.3 "i" do DDE em tela,fere de morte o PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, pois condiciona aparticipação do licitante à prática de um ato por agente econõmíco PRIVADO.Notoriamente a entidade privada não pode restringir a participação do licitante, devendoser imediatamente revisto o item.

4.iil ITENS "4.5 b), c) e d)" IAC e 4.5 b}, c) e d) do DDE

40. Os itens "4.5 b), c) e d)", não podem prevalecer, pois alijam do certame,de forma injustificável, a participação de inúmeras empresas portadoras de capacidadeeconômico-financeira satisfatórias por documento que tem o único objetivo de limitar aquantidade de competidores ..,43. Diante das análises técnicas feitas anteriormente, percebe-se claramente aintenção de se restringir a competitividade do certame a um mínimo de empresas. Nãopodemos deixar de ressaltar a situação político-econômica em que o País vive. sendoainda mais restritivo diante de tal quadro que uma empresa possa vir a comprovar NOSÚLTIMOS TRÊS ANOS UM FATURAMENTO DE RS 88.000.000,00 (OITENTAE OITO MILHÕES DE REAIS (LOTE 1) E RS 13.000.000,00 (TREZE MILHÕESDE REAIS (LOTE 02) POR ANO SÔ EM OBRAS COMPATÍVEIS COM A DOCERTAME. Isso soa completamente desarrazoado também em função da situaçãoeconômica do País que já perdura assim por pelo menos 04 anos consecutivos.

4.iiil ITENS "4.5 F do IAC e 4.5 F doDDE

48. Ainda quanto a o item 4.5 "f" do IAe e 4.5 "f" do DDE, pela Lei 8666, évedada (proibida) a exigência de quantitativos mínimos para responsável técnico nestesatestados PARA FINS DE HABILITAÇÃO, posto que o que se está a avaliar éa detenção de conhecimento técnico para a execução do objeto. Assim, dentro dalógica legal, pouco importa para a avaliação da qualificação técnica de um profissionalse ele já projetou uma ponte de 10 ou de 100 metros, por exemplo, se a técnicaconstrutiva for a mesma, pois os conhecimentos técnicos que ele necessita comprovarserão os mesmos. O que se difere na capacidade operacional da empresa, onde osrecursos que são necessários à execução de um objeto de maior volume, a seremalocados e organizados de forma harmônica e eficiente, evidentemente serão maisvolumosos e complexos em uma ou outra obra.

49. Desta forma, é dessarazoada a exigência de quantitativos mínimos para oResponsável Técnico, razão que pugna-se pela exclusão desse percentual.

4.iv) ITENS "4.3.2 b do IAC" e 4.3. "1" do DDE

50. No entendimento dos Tribunais de ntas, não é de hoje que oentendimento sobre a impossibilidade de exigên a da ertidão negativa de protestocomo requisito de habilitação para o certame.

E concluí a peça, pedindo que:

5. DA CONCLUSÃO E DOS PEDIDOS

57. Por todo o exposto, vem o impugnante perante esta Ilustre Comissão deLicitação, com a devida vênia, apresentar impugnação a todos os itens especificados, asaber: itens 4.3.2 "b", 4.3.2 "e", 4.5 "b", 4.5 "c", 4.5 "d", 4.5 "f" do JAC; e itens 4.3

--.-._----,---- r - --,---- -_.__....-.

"f", 4.3 "i", 4.5 "b", 4.5 "c", 4.5 "d", 4.5 "f", do DDE, a fim de que sejam excluídosdoes) Edital(s) por meio de Adendo, na forma do item 10.1, por violarem as regras doArt. 37 da CF, bem como a Lei Geral de Licitações (regra utilizada no edital, conformeitem IA do ANEXO III - Condições Particulares do Contrato - Condições Particularesdo Contrato para Grandes Obras (CPC), pois as mesmas, embora possam ser permitidaspelo Art. 42, § 50 não se encontram devidamente fundamentadas, justificadas eratificadas no processo Licitatório.

-. III - PRELIMINARMENTE - DA ADMISSIBILIDADE

À análise preliminar cumpre a verificação dos requisitos formais para apresentação dapresente impugnação.No que se refere à tempestividade verifica-se a impugnação atender a exigência da Leide Licitações, art. 41, §2 o, conforme trecho abaixo, tendo em vista que a sessãoocorreria dia 02/04/2018, às :

§ 2Q Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitaçãoperante a administração o licitante que não o fizer até o segundo diaútil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação emconcorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite,tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ouirregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que talcomunicação não terá efeito de recurso.fkedacão dada pela Lei nO8.883, de 1994)

IV - DO JULGAMENTO

Preliminarmente cumpre ressaltar que o Brasil é um dos signatários daConvenção de Bretton Woods, realizada em julho de 1944, a qual, dentre outros efeitos,criou o Fundo Monetário Internacional- FMI, com o fim de estabelecer a cooperaçãomonetária internacional, e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento -BIRD (Banco Mundial), com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentáveldos países pobres por meio de empréstimos destinados ao aprimoramento efortalecimento de suas economias.

Na execução de um Acordo de Empréstimo, o Banco Mundial exige acorresponsabilidade do mutuário, no sentido de que os empréstimos concedidos sejamaplicados nas finalidades sociais pactuadas. a olítica é aplicável por meio de umaextensa sorte de regras e procedimentos q têm o objetivo de assegurar altos padrões

/

de integridade, transparência e prestação de contas dos projetos financiados pelo BancoMundial.

Em se tratando de contratação regida por normas brasileiras adaptadaspelo Banco Mundial a serem utilizadas nas licitações do Projeto RN Sustentável, faz-semister tecermos alguns comentários sobre a aplicabilidade de tais normas noordenamento juridico interno.

Prefacialmente, devemos observar que o contrato de mútuo celebradoentre o Estado do Rio Grande do Norte e o BIRD somente foi possível graças ao fato deo Estado brasileiro ser signatário do acordo constitutivo do Banco, o qual foi ratificadomediante o Decreto-Lei n? 8.479/45 e promulgado através do Decreto n" 21.177/46,estando plenamente incorporado ao ordenamento juridico interno.

Para bem entendermos a aplicação das regras expedidas pelosorganismos financeiros internacionais, devemos primeiramente compreender o nívelhierárquico legal dos seus tratados constitutivos ratificados pelo Brasil.

Consoante pronunciamento do Supremo Tribunal Federal na ADI -MC 1480 DF!, os tratados internacionais incorporados ao nosso ordenamento juridico,em regra, possuem nível hierárquico de lei ordinária, portanto, não poder-se-ia dizer quea utilização do ato constitutivo como fundamento para as aceitação das regraslicitatórias internacionais estaria indo de encontro a Lei Geral de Licitações, contratosadministrativos e convênios/, uma vez que, pela especialidade, mencionada pelo próprioSTF na ADI acima identificada, o tratado constitutivo da entidade possuiria aplicaçãopreferencial.

•Desta feita, ao assinar o ato constitutivo do BIRD e o conceder

eficácia jurídica interna, o Estado brasileiro, além de se comprometer a respeitar osrequisitos impostos pela Instituição para a disponibilização de empréstimos, peloprincípio da legalidade, obriga sua estrutura administrativa, incluindo ai os órgãos decontrole, a fazê-lo. Um destes requisitos, pois não podemos olvidar toda a preparação doprojeto para a sua aprovação, inclusive constando no plano de aquisições como um dosanexos ao contrato de mútuo, é justamente a aceitação das regras licitatórias editadaspela instituição, em detrimento, ao menos no que for incompatível, das normaslicitatórias nacionais.

1PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMASINFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. - Os tratados ou convenções internacionais, umavez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmosplanos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinárias, havendo, emconseqüência, entre estas e os atos de direito internacional público, mera relação de paridade normativa.Precedentes. No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquicasobre as normas de direito interno. A eventual precedê ia dos tratados ou convenções internacionaissobre as regras infraconstitucionais de direito inte somente se justificará quando a situação deantinomia com o ordenamento doméstico impuser, par solu ão do conflito, a aplicação alternativa docritério cronológico ("lex posterior derogat priori") u, quãri cabível, do critério da especialidade.Precedentes2 Lei n° 8.666/93.

Não obstante a incorporação do ato constitutivo da organizaçãointernacional ao ordenamento jurídico interno, não podemos dizer que as suas regraspara contratações se incorporam conjuntamente, a contrário sensu, teriam que passarpelo mesmo procedimento dos tratados internacionais, através da autorização peloSenado Federal, no exercício de sua competência privativa talhada no artigo 52, incisosVe VII da Constituição Federal. Destarte, tais normas não integram o direito brasileiro,sendo caracterizadas como internacionais.

Exatamente por esta razão o legislador, visando desburocratizar aobtenção de empréstimos junto a organismo financeiros internacionais, pois seriapraticamente inviável incorporar cada regramento licitatório ao ordenamento interno,editou a Lei n° 8.883/94, a qual introduziu o §5° ao artigo 42 da Lei n" 8.666/93, adlitteram:

Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o editaldeverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e docomércio exterior e atender às exigências dos órgãoscompetentes.(...);§ 5~ Para a realização de obras, prestação de serviços ouaquisição de bens com recursos provenientes de financiamentoou doação oriundos de agência oficial de cooperaçãoestrangeira ou organismo financeiro multilateral de que oBrasil seja parte, poderão ser admitidas, na respectivalicitação, as condições decorrentes de acordos, protocolos,convenções ou tratados internacionais aprovados peloCongresso Nacional, bem como as normas e procedimentosdaquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção daproposta mais vantajosa para a administração, o qual poderácontemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, desdeque por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou dadoação, e que também não conflitem com o princípio dojulgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado doórgão executor do contrato, despacho esse ratificado pelaautoridade imediatamente superior. (Redação dada pela Lei n"8.883, de 1994)

Com a alteração legislativa, foi possível não tão somente a adoção dasnormas de aquisições expedidas pelo BIRD, mas sim de todos os organismosfinanceiros multilaterais de que o Brasil seja parte, bastando, para tanto, que sejampostas como exigência para a assinatura do contrato de mútuo; sejam compatíveis com oprincípio do julgamento objetivo; e sejam objeto de despacho motivado do órgãoexecutor do contrato, devidamente ratificado pela autoridade imediatamente superior.

Ainda assim, durante algum t mpo foi questionado a legalidade oumesmo constitucionalidade do afastamento rel ivo de ormas nacionais e utilização de

diretrizes internacionais de licitação". No entanto, atualmente, após detida análise sobrea matéria pelos Tribunais de Contas, principalmente o da União, encontra-se pacificadaa possibilidade da aplicação de tais guidelines (diretrizes). Vejamos:

Aplicam-se as disposições da Lei nO 8.666/93 ou osregulamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento -BID às licitações celebradas por órgãos da administraçãopública brasileira com recursos daquela entidadeinternacional? A bem elaborada análise empreendida pelaSecretaria de Recursos deste Tribunal sustenta que aConstituição Federal, o disposto no § SOdo art. 42 da Lei n"8.666/93, a doutrina e ajurisprudência afastam a incidência dareferida Lei de Licitações emprol da aplicabilidade das normase procedimentos dos organismos internacionais dos quais oBrasil faça parte, sem que haja qualquer ofensa à soberania denossa nação. Essa aplicabilidade, no entanto, ainda segundo oparecer da Unidade Técnica está condicionada à conformidadedas normas aos dispositivos constitucionais, assim como aoprincípio do julgamento objetivo, aplicando-se a Lei n°8.666/93 apenas em caráter subsidiário, no caso de lacunas ouindeterminações de conceitos. (TCU - Acórdão n" 370/2004 -Plenário, Min. ReI. Humberto Guimarães Souto, j. 07.04.2004,DOU, 20 abro2004). (Grifos acrescidos).

Da análise do trecho acima destacado, podemos perceber a aceitaçãoda utilização das normas editadas pelo BIRD pelo Tribunal de Contas da União emcontratações financiadas por essa entidade. Entretanto, conforme anteriormentemencionado, as regras não poderiam se distanciar dos dispositivos constitucionais, istoé, devem ser pautadas em princípios como o do julgamento objetivo, moralidade,transparência, eficiência e demais preceitos constitucionais capazes de proporcionarisonomia e isenção no julgamento das propostas ofertadas nos processos seletivos.

Tendo em vista esse posicionamento, o Tribunal de Contas da Uniãoformulou entendimento diverso do pretendido por alguns estudiosos. Ao invés de seaplicar as diretrizes no que for compatível a Lei Federal n° 8.666/93, deve-se fazerjustamente o contrário, aplicar as diretrizes formuladas pelo Banco Mundial e,subsidiariamente, no que não for de encontro as teleologia das diretrizes, aplicar oEstatuto das Licitações e Contratos Administrativos, ipsis verbis:

Aplica-se a Lei 8.666/1993 nas licitações realizadas comrecursos oriundos de empréstimos internacionais, no que nãofor incompatível com normas eventualmente editadas peloconcedente.

~3 Podemos aqui citar o Acórdão 2.690/08 do TeU, no Di rio Oficial da União de 1/12/08, Seção I, página151.

Mediante pedidos de reexame, diversos responsáveismanifestaram seu inconformismo com relação à decisãoproferida anteriormente pelo TCU, em razão de auditoriarealizada na licitação e no contrato para a construção daadutora Alto Oeste/RN. Na oportunidade anterior, o TCU, pormeio do Acórdão 1347/2010-Plenário, da relataria do Ministro­Substituto Marcos Bem querer Costa, calculou um sobrepreçode R$ 4,9 milhões no contrato firmado, e, em consequência,determinou a retenção de valores por parte do Ministério daIntegração Nacional, bem como aplicou multa a diversosgestores por não terem, dentre outras irregularidades,observado os critérios de julgamento da Lei 11. o 8.666/1993. Apar disso, foram feitas determinações a serem seguidas emtodas as licitações de obras custeadas com recursos federaisdecorrentes de financiamento obtido junto a organismosfinanceiros multilaterais, assim como em todas as licitações deobras cujo financiamento tenha sido objeto de garantia daUnião. Nesta etapa processual, um dos recorrentes defendeu aexclusão ou alteração das determinações anteriores que, a seusentir, impuseram a adoção de regras incompatíveis comaquelas adotadas pelo Banco Mundial, nos contratos em que talinstituição conste como financiadora. A unidade técnica, aoexaminar a matéria, concordou em parte com os argumentosrecursais. Para ela, "as licitações com recursos oriundos deempréstimo internacional, aprovado pelo Congresso Nacional,regem-se pelas regras estipuladas pelo organismo multilateral,em tudo aquilo que não contrarie a Constituição Federal". Deoutro lado, ainda para a unidade técnica, "as regras federaisque regem o procedimento licitatório também teriam, plenaaplicabilidade se não houver incompatibilidade com as normaseditadas pelos organismos multilaterais que regem as licitaçõesdecorrentes de seus empréstimos concedidos ''. Na espécie, orelator concordou parcialmente com as análises da unidadetécnica. Dissentiu, todavia, de determinados encaminhamentosdados, no caso concreto, ajustando-os, conforme seuentendimento. Votou, então, pela insubsistência de alguns itensconstantes da deliberação anterior, bem como pelo ajuste naredação de outros, de maneira a adequá-los às conclusõesobtidas nesta etapa processual. O Plenário aprovou o voto dorelator. (Acórdão 11. o 3239/2010-Plenário, TC-010.801/2009-9,rei. Mi11. Benjamin Zymler, 01.12.2010. - Informativo deJurisprudência sobre Licitações e Contratos n° 45).

Ademais, como bem ressalta Rafael Wallbach Schwind "a lei 8.666não contempla somente dispositivos que dizem respeito a licitações. Há regras sobre aformalização e execução de contratos, sobre a possibilidade de os licitantesprovocarem a Administração Pública acerca d. inados assuntos, sobre cautelas

de responsabilidade fiscal, sobre aplicação de penalidades ... , sobre sançõesadministrativas, sobre a ocorrência de crimes e suas penas, entre outras4".

ln casu, estamos diante de uma contratação utilizando o método delicitação, Licitação Pública Nacional- NCB, estabelecido no item III, subitens 3.3 e 3.4,página 48 das Diretrizes para Aquisição de Bens, Obras e Serviços Técnicos financiadospor empréstimo do BIRD, de janeiro de 2011.

O edital de licitação ora impugnado é o modelo padrão adotado peloBIRD para NCB e deve ser observado pelo mutuário, não sendo possível a suaalteração, com exceção das condições particulares do contrato, que serão preenchidas deacordo com a especificidade do objeto licitado, caso a caso.

Neste contexto, mesmo sendo possível alguma supressão, entende-seque a exigência dos itens da IAC e dos Dados do Edital, não se configura exigênciaexcessiva que venha a comprometer a competitividade da licitação.

Insta frisarmos que a Minuta do Edital foi submetida ao BancoMundial para possível revisão e que na data de 26 de janeiro de 2018, foi dada a NãoObjeção a versão cujo teor foi publicado sem quaisquer alterações. Isto é, o Edital oraimpugnado não foi objeto de alterações pelo Banco Mundial e se este achassedesarrazoada as exigências teria retornado a esta Comissão para modificações e novasubmissão.

De resto temos a acrescentar que, conforme a guidilines, não éautorizado qualquer alteração no Edital, salvo "mudanças poderão ser inseridas somentenas folhas de dados ou contrato, ou nas condições especiais do contrato, sondo proibidoalterar o texto padrão dos SBDs (documento padrão para licitação) do Banco".

Isto posto as impugnações referentes a IAC não poderão seradmitidas, por expressa vedação das Diretrizes do Banco.

É importante destacar que por se tratar de uma grande obra civil, énecessário que o instrumento convocatório imponha certos requisitos de qualificaçãopara com os licitantes, haja vista que o que se busca é contratar uma empresa que possacumprir com os cronogramas de execução da obra e que tenha experiência prévia nestetipo de construção.

Ademais, em que pese o Artigo 30, §1° da Lei 8.666/93 não disporexplicitamente sobre a possibilidade de exigência de capacidade técnica operacional daempresa Concorrente, não significa que essa exigência é vedada pela Lei. Constatam-se,ao longo do Art.30, diversas menções acerca da capacidade técnica operacional, taiscomo no inciso II, §3° e §6°do referido Artigo.

4 SCHWIND, Rafael Wallbach. Licitações InternacioRealizadas com Financiamento Externo. Ed. Fórum.

A exigência de capacidade técnica operacional é de suma importância paraas contratações da Administração Pública, considerando a necessidade de comprovaçãode idoneidade da empresa e de sua competência para executar a obra objeto da licitaçãocom base em experiências anteriores.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento que épossível exigência de comprovação de capacidade técnica operacional nos editaislicitatórios, conforme julgado que segue.

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCORRÊNCIAPÚBLICA. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DECAPACITAÇÃO "TÉCNICO-OPERACIONAL" DAEMPRESA PARA EXECUÇÃO DE OBRA PÚBLICA. - Aexigência não é ilegal. se necessária e não excessiva,tendo em vista a natureza da obra a ser contratada,prevalecendo, no caso, o princípio da supremacia dointeresse público. Art. 30, da Lei das Licitações. - Acapacitação técnica operacional consiste na exigência deorganização empresarial apta ao desempenho de umempreendimento, situação diversa da capacitação técnicapessoal. - Por conseguinte, também não se reconheceilegalidade na proposição quando a exigência estádevidamente relacionada com o objeto licitado,inexistindo qualquer alegação de excessividade, ou seja.de exigência de experiência anterior superior, maisintensá ou mais completa do que o objeto licitado. -Exegese do dispositivo infraconstitucional consoante àConstituição, às peculiaridades do certame e sumaexigência da supremacia do interesse público, haja vistaque o recapeamento de um trecho do asfalto de umacidade, como a de São Paulo, deve ser executado imunede qualquer vício de sorte a não fazer incidir serviçoscontínuos de reparação. - Destarte, a natureza do litígioindica que pretender reformar o julgado significariaimpor ao STJ o reexame das peculiaridades do caso,notadamente a matéria defato, o que é vedado emface doóbice imposto pela súmula n" 07 do Superior Tribunal deJustiça. - Recurso especial improvido. STJ - REsp: 331215SP 2001/0070884-0, Relator: Ministro LUIZ FUX, Datade Julgamento: 26/03/2002, Ti - PRIMEIRA TURMA,Data de Publicação: DJ 27/05/2002).

Consoante o entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça está ajurisprudência do Tribunal de Contas da União, ao qual considera válida e legal aexigência de certificação de capacidade técnica o eracional nos certames licitatórios:

, este Tribunal reconheceu comorova ão de ambos os ãn ulos

da capacitação técnica. que deverá abranger tanto oaspecto operacional (demonstração de possuir aptidãopara o desempenho de atividade pertinente e compatívelcom o objeto do certame) como o profissional (deter, noquadropermanente, profissionais aptos a executar serviçode características semelhantes àquele pretendido pelaAdministração). Nesse sentido, vale destacar as Decisõesn" 395/95- Plenário, 432/96-Plenário, 217/97 -Plenário,285/00-Plenário, 2.656/2007 -Plenário, bem como oAcórdão n" 32/2003 -I" Câmara." Acórdão 1.265/2009,Plenário, ReI.Min. Benjamin Zymler.

Sendo assim, o Edital impugnado não possui qualquer Item com exigênciasexcessivas e/ou que restringem a participação das empresas no processo licitatório.

Por fim, ante o exposto e nada mais tendo a acrescentar, julgoIMPROCEDENTE a impugnação apresentada, permanecendo o Edital da NCB38/2018 inalterado.

Natal, 29 de março de 2018

Maretânea.Mêééros de AraújoPresidente da ComissãoEspe . ista de Aquisiçõese Licitações