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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
__________________________________________________
IVONETE PIROLO JAMBERCI
O ERRO COMO PONTO DE PARTIDA
___________________________________________________________________
Cornélio Procópio 2009
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UENP – CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO
IVONETE PIROLO JAMBERCI
O ERRO COMO PONTO DE PARTIDA
Artigo Científico - Disciplina de Língua
Inglesa, apresentado ao Núcleo Regional de Educação de Jacarezinho, como requisito do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional. Orientadora: Profª Drª Mara Pessoa Peixoto
___________________________________________________________________ Cornélio Procópio
2009
O ERRO COMO PONTO DE PARTIDA
IVONETE PIROLO JAMBERCI
___________________________________________________________________ Cornélio Procópio
2009
Agradecimento
A Deus por oferecer – me ferramentas para vencer mais esta etapa da vida.Em
especial à minha orientadora, Professora Mara Peixoto Pessoa, pela paciência,
dedicação, pelo trabalho competente de orientação e pelo incentivo dado a cada
encontro. Muito obrigada!
O ERRO COMO PONTO DE PARTIDA
Professora PDE: Ivonete Pirolo Jamberci¹
Orientadora: Profª Drª Mara Peixoto Pessoa²
RESUMO
Este artigo relata um estudo sobre Avaliação e a reflexão/discussão sobre as
práticas avaliativas em LEM no Ensino Fundamental. A avaliação deve ser vista
como um processo menos excludente e mais justo de modo a criar condições para o
aluno tornar – se mais crítico e participante do seu crescimento intelectual. Neste
estudo encontramos instrumentos e estratégias que ofereçem desafios, situações –
problema, que são contextualizados, coerentes com as expectativas de ensino e
aprendizagem, identificando os conhecimentos do aluno e as estratégias por ele
empregadas; possibilitando que o aluno reflita, elabore hipóteses, expresse seu
pensamento, permitindo que o aluno aprenda com o seu erro. A intenção deste
trabalho,também foi relatar experiências vividas no Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), considerando o contato virtual por meio do Grupo de Trabalho
em Rede (GTR), da produção de material didático (Caderno Temático) e da
Implementação do Projeto na Escola, que enriqueceu a compreensão do processo
de avaliação. Como resultado obteve-se uma relevante mudança na ação
pedagógica dos professores e através de reflexão/discussão/ação puderam avaliar
seus alunos em Língua Estrangeira Moderna (LEM) não se limitando à mera
verificação de erros e acertos.
Palavras-chave: Avaliação. Aprendizagem. Ensino. Estudante.
Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de
Desenvolvimento da Educação (PDE), na área de LEM, na Universidade Estadual do
Norte do Paraná – UENP – e-mail: [email protected].
²Professora da UENP – Campus de Cornélio Procópio.
ABSTRACT
This article reports a study on assessment and reflection / discussion about
assessment practices in LEM in elementary school. The assessment should be seen
as a less exclusive and more just in order to create conditions to make the student -
is more critical and a participant in his intellectual growth. In this study we found tools
and strategies they offer challenges, problem situations, which are in context,
consistent with the expectations of teaching and learning, identifying the skills of the
student and the strategies he employed, allowing the student to reflect, develop
hypotheses, to express their thinking, allowing students to learn from your mistake.
The intention of this work was also to report their experiences in the Educational
Development Program (EDP), considering the virtual contact through the Working
Group Network (GTR), the production of materials (notebook theme) and Project
Implementation in School, which has enriched the understanding of the evaluation
process. As a result we obtained a substantial shift in the action of teachers and
teaching through reflection / discussion / action might assess their students in
Modern Foreign Language (LEM) is not limited to mere verification of right and
wrong.
Keywords: Evaluation. Learning. Education. Student.
INTRODUÇÃO
Tendo em vista os diversos questionamentos de professores em
situação de conselho de classe e durante leitura de documentos pedagógicos
identificamos a recorrência de problemas pautados na escolha de critérios e
instrumentos para a atividade avaliativa, bem como nas relações entre a prática e o
discurso do professor de Língua Inglesa a respeito de avaliação. Pretendemos com
este estudo oferecer subsídios teórico-metodológicos que possibilitem a mudança da
prática avaliativa direcionando a uma relação dialógica necessária ao processo de
construção do conhecimento, e assim evitará que se amplie a lista de evadidos.
Que instrumentos e critérios de avaliação pode-se utilizar para que
identifiquemos os conhecimentos construídos pelos alunos da 8ª série, possibilitando
que os mesmos alunos reflitam, re-signifiquem e aprendam com seus próprios
erros?
Que caminhos devemos percorrer na busca da tão desejada
qualidade da avaliação?
Nesta relação dialógica o professor aprende a ouvir seu aluno,
valorizar o conhecimento que o mesmo traz consigo, de forma intuitiva e espontânea
e o aluno aprende a refletir sobre as próprias teorias implícitas, a fim de
compreender situações e desenvolver –se no processo de aprendizagem.
De acordo com reflexões sobre a relação existente entre ensino e
avaliação, mais precisamente sobre o papel integrador que ela (avaliação) exerce
sobre o ensino e vice-versa. Desse modo, o conceito de avaliação perpetuado nas
escolas continua sendo aquele que visa apenas ao produto final da aprendizagem,
para classificar, punir ou promover. Verificamos que temos uma visão estreita de
avaliação, uma vez que sua função deveria ser estimular e diagnosticar o processo
de ensino/aprendizagem, a fim de que medidas possam ser tomadas para dar
continuidade a ele.
A possibilidade de realizar estudos sobre a prática avaliativa suscitou
diversas reflexões, e é importante dizer que há ainda muito a ser feito na área da
Avaliação, talvez a mais refratária da educação, pois a grande necessidade em
buscar instrumentos e critérios de avaliação para que possamos utilizar na
identificação dos conhecimentos construídos pelos alunos, possibilitando que os
mesmos reflitam, re-signifiquem e aprendam com seus próprios erros.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua
Estrangeira Moderna para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino
Médio do Paraná, que relata que o erro não deve ser utilizado como um fim e sim
como ponto de partida, onde possa haver uma reflexão tanto por parte do aluno
quanto do professor, acontecer uma avaliação diagnóstica, uma criação de novas
alternativas para que a aprendizagem possa ser efetivada, a isso podemos
relacionar com a Parábola do Filho Pródigo (LUCAS 15: p.11-21) onde Jesus disse:
O filho mais novo pediu ao pai sua parte da herança para ir embora de casa e viver
sua vida. Foi para uma região distante desperdiçou seus bens vivendo de maneira
irresponsável, mas quando perdeu tudo, caiu em si, fez uma análise de sua
situação, reconheceu o grande erro que havia cometido contra seu pai, aprendendo
com seu próprio erro, arrependeu – se voltando para casa e pedindo perdão.
Portanto com o reconhecimento do erro, podemos redefinir os critérios para que haja
uma nova e melhor aprendizagem.
Trata – se de uma pesquisa ação crítica uma vez que há avaliação,
reflexão e reconstrução da própria prática, inserida no contexto educacional, visando
transformação e novas alternativas para os envolvidos na pesquisa e novos
horizontes no ensino/aprendizagem. Serão utilizados os métodos histórico e
monográfico. Neste projeto de pesquisa estão incluídos professores e a turma de
alunos da 8ª A do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Professor Sílvio Tavares
de Cambará- PR.
Para que houvesse a construção da reflexão foi necessário que
apresentássemos propostas para que o professor pudesse examinar sua prática
avaliativa do ensino de Língua Inglesa, e apresentasse mudanças e melhorias do
mesmo. Foi utilizado um questionário como ferramenta para estimular os
professores em suas práticas avaliativas.
Objetivamos promover a reflexão coletiva acerca da proposta
teoricamente idealizada, relacionando-a com a prática efetivada no processo
pedagógico da escola.
Esperamos que com a realização desta pesquisa haja maior
interação entre alunos e professor. A avaliação deve acontecer de maneira
espontânea, satisfatória e prazerosa; os alunos da 8ª série A puderam se auto
avaliar através de reflexão sobre suas ações, participando de aulas do erro após as
avaliações, verificando suas atividades, aprendendo com seus próprios erros e
desempenhando assim um papel ativo de construtor de conhecimento.
Queremos que os professores se questionem a respeito de “por quê”
e “para quê” avaliam; reflitam sobre a finalidade da avaliação,que utilizem o erro
como ponto de partida para construção da aprendizagem, do conhecimento e
analisem as estratégias utilizadas e se conscientizem dos caminhos compatíveis
com uma nova compreensão para que possam buscar alternativas para uma
construção conjunta de novos saberes.
[......]. O significado principal é o de perseguir o envolvimento do aluno, sua curiosidade e comprometimento sobre o objeto de conhecimento, refletindo juntamente com o professor sobre seus avanços e suas dificuldades, buscando o aperfeiçoamento de ambos.(HOFFMANN,2006, p.124)
Com o aperfeiçoamento de ambos tivemos um grande benefício para
o ensi-no/aprendizagem e enorme satisfação refletida em todos que fazem parte
deste processo.
A pesquisa possibilitou o aprofundamento teórico através de estudos,
sempre apoiados em publicações de vários autores como: Saul (2006), Hoffmann
(2003, 2005, 2006), Luckesi (1996), e outros, que seguem a mesma linha teórica ao
se posicionarem em relação a avaliação da aprendizagem. Permitiu, também uma
análise comparativa mais criteriosa no que se refere a teoria e prática. Por fim,
possibilitou visualizar perspectivas e possibilidades, estabelecendo metas para o
aprofundamento teórico, quanto aos aspectos necessários para a continuidade do
trabalho desenvolvido no processo de implementação da proposta.
O QUE É AVALIAÇÃO
Acreditamos que a avaliação seja uma das heranças medievais, que
surgiu no século XVII com a escolaridade obrigatória, tornando –se parte do ensino
de massa desde o século XIX. A partir daí, a avaliação tem servido apenas para
promover a excelência de uns e estigmatizar a ignorância de outros ou classificar,
escalonar, promover, punir os alunos.
De acordo com Luckesi (1996) a escola pratica a verificação e não a
avaliação. A avaliação serve de base para tomadas de decisões no sentido de
construir conhecimentos, habilidades e hábitos que possibilitem o desenvolvimento.
Hoffmann (2003, 2005, 2006) revela que as provas e notas são redes de segurança
em termo de controle que os professores exercem sobre as escolas, e os pais sobre
os professores e do sistema sobre as escolas. Ela acredita que os mitos, que se
encontram na mente do professor e dos alunos, devem ser abolidos para que haja
uma prática avaliativa condizente e coerente com o ensino. Entre suas idéias
destacamos:
A avaliação mediadora exige a observação individual de cada aluno, atenta ao seu momento no processo de construção de conhecimento. O que exige uma relação direta com ele a partir de muitas tarefas (orais ou escritas), interpretando-as (um respeito a tal subjetividade), refletindo e investigando teoricamente razões para soluções apresentadas, em termos de estágios evolutivos do pensamento, da área de conhecimento em questão, das experiências de vida do aluno”.(HOFFMANN,2006, p. 60)
Sabemos que o processo de construção de conhecimento é
complexo e trabalhoso, mas gratificante quando deparamos com soluções para as
questões envolvidas neste processo.
A avaliação deve ser útil, viável, ética, precisa, mas não deve ser
considerada um fim único, associado à promoção, fracasso, nota, repetência, ela é
um meio que o aluno dispõe para monitorar seu progresso, e o professor investigar
resultados alcançados, dificuldades, recursos e condições no processo de ensino/
aprendizagem.
Estudos feitos têm trazido subsídios para uma nova proposta
avaliativa, mais justa, que subsidie a prática pedagógica com vistas à melhora do
ensino/ aprendizagem, promovendo o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do
aluno.
Em Língua Inglesa não é definitiva a prática avaliativa, pois ainda há
professores que não conseguem refletir uma relação entre o que ensina e o que
avalia nesta disciplina de Língua Estrangeira Moderna. Notamos mudanças nos
materiais didáticos, nos procedimentos dos professores em sala de aula, porém de
ensinar/aprender/avaliar contínua a mesma.
Estudiosos como, Hofmann (2003,2005), Saul(2006), Penna (2007),e
outros têm sugerido novos meios para avaliar o aluno de Língua Inglesa, como
avaliação alternativa que leva professores, alunos, pais e escola tomarem decisões
em relação ao processo ensino/ aprendizagem de língua inglesa. Assim, entrevistas,
uso de diários, auto-avaliação, debates, lições de casa, observação sistemática dos
professores, podem ser usados como alternativas de avaliação.
Uma prova pode ser muito boa para diagnosticar determinado
desempenho ou conhecimento.Romão(2006).
Há várias maneiras de avaliar a aprendizagem do aluno, mas
sempre com o objetivo de investigar, de conhecer os resultados alcançados,
dificuldades, recursos e condições de crescimento do conhecimento. O que
diferencia são os valores fornecidos aos métodos para a aplicação da avaliação.
Todos apresentam seus olhares sobre a avaliação, alguns convergentes, outros nem
tanto. É para discutir e aproximar a teoria da prática.
Para Luckesi (1996), a avaliação subsidia chegar aos resultados
desejados na medida em que diagnóstica o que está ocorrendo e, por isto, aponta
para a possibilidade de correção das ações.
Na Educação Básica, a avaliação de determinada produção em Língua Estrangeira considera o erro como efeito da própria prática,ou seja, como resultado do processo de aquisição de uma nova língua. Portanto, o erro deve ser visto como um passo para que a aprendizagem se efetive e não como um entrave no processo (......) (PARANÁ,2008,p.37)
Avaliar, na prática, implica em saber observar, comparar, corrigir,
acrescentar ou manter. Supomos que a avaliação valoriza o certo, pois é nele que
centra a atenção, mas devemos refletir sobre o erro, se devemos tê-lo como ponto
de partida (avaliação diagnóstica) ou de chegada ( somativa). Para Piaget, erros
podem ter um valor construtivo, portanto devemos reconhecê – los como inevitável
na prática, e utilizá-lo como oportunidade de observação, de diálogo, de correção,
de aperfeiçoamento e construção do conhecimento.Para Vygotsky, todo indivíduo
tem um nível de desenvolvimento real; e conhecendo este nível de desenvolvimento
dos alunos, o professor poderá utilizar o desafio cognitico, que conduz à ampliação
das estruturas mentais, sem frustá-los, porque respeita os limites de seu potencial.
Assim, a avaliação deve ser o centro do processo, sem comparação com padrões
externos. O erro passa a ser visto como indicador de caminhos para novas
intervenções, constituindo o que ele é capaz de fazer sozinho.
O ideal é que nos atenhamos à outra face do erro escolar. Nossa tarefa é a de chamar a atenção para a questão maior deste ponto do processo de ensino. Errar ou acertar tem o mesmo efeito – e um é tão determinante quanto o outro – se a intenção de quem educa (ou ensina) é saber em que situação real o aluno se encontra quando se realiza a atividade proposta. É para Vygotsky, a “Zona Real de Desenvolvimento”, ou seja, aquilo o aluno consegue realizar com autonomia, sem ajuda, naquele momento do processo.(BOZZA,2007,p.10).
Entendo que o erro deve ser considerado como ponto de partida,
como indicador de significados da aprendizagem, usá – lo para diagnosticar,
reconhecendo as potencialidades do mesmo como instrumentos de aprendizagem,
pois é a partir dele que haverá a possibilidade de redimensionar a prática
pedagógica.
Considerando que o ato de aprender corresponde a um processo de
construção do saber, devemos levar o aluno a refletir sobre a imagem do seu erro, e
se predispor a compreender o papel do erro no processo ensino/aprendizagem
como estímulo a reflexão em função da qual se possam procurar outros caminhos,
confrontar respostas diversas, e aprender com seus próprios erros.
A avaliação tem como finalidade a transformação da realidade
avaliada. Para tanto é necessária a construção de instrumentos que fundamentem e
materializem a prática, explicitando conflitos e contradições dos fazeres
pedagógicos, evitando um modelo idealizado de aluno.
Implementação e Aplicação do Projeto de Intervenção
Uma pesquisa ação crítica uma vez que há avaliação, reflexão e
reconstrução da própria prática, inserida no contexto educacional, visando
transformação e novas alternativas para os envolvidos na pesquisa e novos
horizontes no ensino/aprendizagem. Na presente pesquisa estão incluídos
professores e a turma de alunos da 8ª A do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Professor Sílvio Tavares de Cambará- PR.
Com a implementação do Projeto Político Pedagógico elaborado
como tarefa do PDE, sobre Avaliação em LEM pode –se perceber maior interação
entre alunos e professor. A avaliação passou a acontecer de maneira espontanea e
satisfatoria, os alunos puderam se auto avaliar através de reflexão sobre suas
ações, participando de aulas do erro após as avaliações, verificando suas
atividades, aprendendo com seus próprios erros e desempenhando assim um papel
ativo de construtor de conhecimento.
Oportunizou aos alunos da 8ª série A através de um questionário,
momentos para expressar suas idéias, retomar dificuldades referentes aos
conteúdos introduzidos e desenvolvidos e para que eles relatassem como
entendem a relação professor/aluno/avaliação.
Os alunos da 8ª série do Ensino Fundamental apresentaram suas
reflexões, seus sentimentos, suas visões, crenças e atitudes de seu processo
ensino/aprendizagem.
Para a construção de novos saberes, os professores tiveram como
instrumento um caderno temático visando subsidiar o seu trabalho em sala de aula.
Os alunos realizaram algumas tarefas em grupo para que os próprios
alunos se auxiliassem nas dificuldades (interação), mas garantindo o
acompanhamento de cada aluno a partir de tarefas avaliativas individuais em todas
as etapas do processo.
Alunos e professor fizeram anotações significativas, apontando - lhes
possíveis soluções, como: mais diálogo entre professor e aluno, diversificação dos
instrumentos de avaliação, aulas do erro,etc.
Tarefas relacionadas às anteriores, numa gradação de desafios
coerentes às descobertas feitas pelos alunos, às dificuldades apresentadas por eles,
ao desenvolvimento do conteúdo.
Tomada de decisão do professor com base nos registros feitos sobre
a evolução dos alunos nas diferentes etapas do processo, tornando o aluno
comprometido com tal processo.
Os princípios da construção, reflexão e criatividade abrem caminho para a auto-avaliação. Enquanto assim trabalha, o aluno está permanentemente avaliando seu progresso. A auto-avaliação, outro princípio, é, então, um componente importante. A construção, a reflexão e a criatividade conduzem-no a desenvolver a capacidade de avaliar seu desempenho com o objetivo de avançar sempre”.(VILLAS BOAS, 2007, p. 28).
Durante a implementação do Projeto foram feitos vários tipos de aula
do erro. Tivemos a aula do erro, na qual o aluno recebeu a prova já corrigida e ao
decorrer de novas explicações utilizava – se os erros dos alunos como ponto de
partida para a recuperação dos conteúdos. Outro tipo de aula do erro, os alunos
receberam as provas com 50% corrigida, para que verificassem seus erros e
analisassem o restante da mesma para refazerem o que haviam errado.
Foram feitos também outros tipos de aula do erro onde o aluno teve a oportunidade
de analisar suas avaliações, reconhecer seus erros e reaprender com os mesmos. E
com essas aulas pudemos utilizar instrumentos diversificados para alcançar os
objetivos propostos e tornar os alunos críticos, criativos, com raciocínio mais
elaborado, para que os mesmos possam sobreviver em um mundo de rápidas e
crescentes inovações.
Para que houvesse a construção da reflexão foram apresentadas
propostas para que o professor examinasse sua prática avaliativa do ensino de
Língua Inglesa, e apresentasse mudanças e melhorias do mesmo. Utilizou-se um
questionário como ferramenta para estimular os professores em suas práticas
avaliativas, mas qual foi minha decepção poucos leram e apenas um
professor de Língua Inglesa respondeu. Em outra oportunidade, professores de
outras disciplinas puderam ler e analisar o Caderno Temático sobre A Avaliação,
repensaram suas práticas avaliativas questionando a respeito de “por quê” e “para
que” avaliam, refletiram também sobre a finalidade que utilizam a avaliação e as
estratégias utilizadas na mesma, fluindo daí uma conscientização dos caminhos
compatíveis com uma nova compreensão buscando alternativas para uma
construção conjunta de novos saberes. E para caracterizar como democrática é
necessário que toda escola compartilhe dessa reflexão, para identificar problemas e
criar soluções para a melhoria das ações.
Caso Letícia
Aqui uma mea culpa se faz necessária! Perguntemo-nos: quem ensinou às crianças que errar é feio? Quem demonstrou desagrado frente a seus erros? Quem censurou suas respostas, mesmo que delicadamente? Quem aplicou multas a cada transgressão? Quem incentivou a política do crime ou castigo? Quem decretou, afinal: errar é proibido?( BOZZA, 2007,p.17).
Na primeira avaliação realizada na 8ª série A, percebi que a aluna
Letícia estava chorando e muito nervosa. Aproximei-me e conversei para saber o
que estava acontecendo e ela relatou que toda avaliação acontecia isso, ficava
muito nervosa e tinha um certo desequilibrio emocional, chorava e temia não
conseguir alcançar resultados positivos nas avaliações de Língua Inglesa. Às vezes
sua ansiedade é tanta que, mesmo dominando o conteúdo não consegue resolver
as questões da prova. É o famoso deu branco. Durante toda a aplicação do projeto
fizemos várias avaliações. Em cada avaliação era necessário que conversasse com
ela para que se acalmasse e só então fazia suas provas, seus testes, seus
exercícios avaliativos. Foi necessário muita conversa, deixar que fizesse as
avaliações em horário diferente do da turma, ter para com ela um olhar diferente, e
trabalhar com ela para que conseguisse fazer as avaliações sem sofrimento. Ela
declarou também que sentia uma certa cobrança por parte dos pais. Chamamos o
pai e conversamos por um longo tempo, falamos sobre as dificuldades da aluna
Letícia e com isso pudemos perceber que tem um nível de exigência elevado, com
dificuldade de lidar com perdas e erros, mas em um trabalho conjunto durante a
aplicação projeto, conseguimos que a aluna Leticia tenha certa tranquilidade em
suas avaliações.
Segundo John Holt(2006),
As crianças que ficam preocupadas em errar (porque pais e
professores são preocupados com isso) podem ser particularmente propensas a
culpar-se por qualquer confusão que façam.
A importância do Grupo de Trabalho em Rede na construção da
Avaliação
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) faz parte do Plano de
Formação Continuada do PDE e foi desenvolvido no 2º e no 3º períodos do
Programa, com carga horária para o professor PDE/Tutor de 64 horas. Para os
demais professores da Rede, inscritos no GTR como participantes, a carga horária
foi de 60 horas correspondente a 9 pontos para a progressão na carreira.
O GTR é muito importante por possibilitar a inclusão virtual dos
professores da Rede em estudos, reflexões, discussões e elaborações, troca de
experiências realizadas pelo professor PDE, como forma de democratização do
acesso aos conhecimentos teórico-práticos específicos das áreas/disciplinas do
Programa.
O GTR tem como objetivo possibilitar novas alternativas de formação
continuada, viabilizar um espaço de estudo e pesquisa que articule as especifidade
da realidade escolar, estabelecer relações teórico-práticas nas diversas áreas do
conhecimento , visando o enriquecimento didático-pedagógico, através de leituras,
reflexões, trocas de experiências e socializar o Plano de Trabalho do professor PDE,
com demais professores da Rede.
O professor PDE foi Tutor de um Grupo de Trabalho em Rede, as
atividades do GTR, foram desenvolvidas à distância utilizando as mídias interativas,
o professor PDE realizou a organização e encaminhamentos do GTR, participou de
um Curso de Tutoria em EAD, e de Instrumentação em MOODLE e Sacir.
O número de participantes em cada GTR, foi de 40 professores da
Educação Básica da Rede Estadual de Ensino e a duração do curso foi de 1 ano.
Através da Plataforma MOODLE houve interação dos participantes e
registro das atividades.
Embora sendo a Avaliação o nó górdio da Educação, apenas
11(onze) professores se inscreveram no GTR com o Tema Avaliação em Língua
Estrangeira Moderna. Os professores têm grande dificuldade em discutir sobre este
tema,pois um grande número de professores ainda avaliam apenas para medir,para
aprovar ou reprovar o aluno. A grande importância da troca de experiências através
do curso GTR é a oportunidade do professor poder interagir com outros professores,
falar de suas dificuldades, de seus erros e acertos, sem medo de ser recriminado
pelos colegas. Quando falamos da importância da aprendizagem através do erro,
isto não é apenas para o aluno, mas para todas as pessoas que se permitem refletir
sobre suas ações, o professor também erra e em discussões , leituras e trocas de
experiências pode analisar a sua maneira de avaliar, repensar em suas atitudes e
buscar alternativas para a construção conjunta de novos saberes.
Relato de professores participantes do GTR:
Professor A – “ O tema Avaliação, é um desafio para quem se voluntaria a estudá-lo.
Acredito que o maior desafio de todos no que diz respeito a avaliação é não deixar-
se “cair na emoção” e sermos completamente justos. Mas como algum professor
pode ser completamente justo?....
Enfim, o erro do aluno é um excelente referencial para o professor redimensionar sua prática pedagógica, ganhando dianteira ao não esperar que todos acertem, mas, ao invés disso, utilizar-se dos equívocos para sanar atuais e futuras dúvidas,consolidando saberes e ampliando competências necessárias à vida ( BOZZA,2007,p.16).
“Acredito firmemente que a discussão deve ser um tema constante de reflexão e
discussão para que por meio da análise conjunta e da troca de experiências, essa
questão seja cada vez mais aprimorada. Os alunos não podem ser prejudicados por
processos avaliativos que sejam fruto da falta de organização e discussão.”
A avaliação não pode ser instrumento seletivo, para medir, para reprovar ou permitir
continuidade dos estudos, o que exige uma reflexão permanente sobre a realidade e
acompanhamento, passo a passo do educando na sua trajetória de construção do
conhecimento” (HOFFMANN, 1993).
“[......]o professor deve oportunizar ao aluno diferentes momentos e formas de
avaliação para que todas as potencialidades do aluno sejam otimizadas e
contempladas, e para que o professor possa constatar suas dificuldades e proceder
a uma ação mediadora de forma que todas sejam sanadas.”
Professor B- “ Como eu disse no início do curso, fiz a opção por este curso porque
no ano passado houve os grupos de estudos aos sábados sobre Avaliação. O curso
foi muito bom e eu queria continuar a estudar sobre a avaliação e quando vi que no
GTR tinha professor apresentando este estudo achei ótimo porque poderia continuar
a estudar este assunto. E este GTR atendeu minhas expectativas, observo que a
avaliação não é a etapa final do processo ensino/aprendizagem, e sim que ela faz
parte de todo momento do processo. Este GTR chamou-nos a atenção sobre o
“erro” e para revertê-lo para a aprendizagem. Assim, este GTR levou-me a reflexão e
fez a diferença em minhas práticas. Sucesso em seu trabalho!”
É importante na avaliação dos erros considerar a perspectiva de quem errou. Ou seja, a auto- regulação, ou seja, correção ou pré-correção dos erros é um importante instrumento de formação. “Sempre se ganhará privilegiando a auto-regulação, facilitando apropriação dos critérios de realização e dos critérios do êxito (MACEDO,2007,p.118).
Concluímos o GTR com apenas 4 participantes e mesmo assim
consideramos que foi de muita relevância pela oportunidade de ser Tutor de um
curso de Educação à Distância, adquirir novos conhecimentos e proporcionar a troca
de experiências com colegas da Rede.
Conclusão
Geralmente, o professor de Língua Inglesa, já faz uma avaliação
diferenciada por conta das particularidades de sua disciplina.
Sabemos que Avaliar é um procedimento complicado, que não há
respostas prontas e definitivas para todas as nossas dúvidas, mas o importante é a
busca de novos saberes e a compreensão de que a avaliação deve ser usada como
ponto de partida e reflexão para a criação de novas alternativas.
Portanto é possível fazer uma avaliação contínua, diagnóstica e
processual, na qual os alunos precisam de tempo; a aprendizagem não acontece de
um dia para o outro; os conhecimentos novos se tornam definitivos, surgem novos
desafios e o processo continua, possibilitando novas aquisições, novos conceitos,
novos conhecimentos, novas práticas. Precisamos produzir bons e adequados
instrumentos para coletar dados na avaliação da aprendizagem dos nossos
educandos, sem subterfúgios, sem enganos, sem complicações desnecessárias,
sem armadilhas, significam preparar uma avaliação intencional e bem planejada que
faça parte do processo ensino/aprendizagem como um todo e que não seja
autoritária ou instrumento de poder ou coação ( LUCKESI, 2005 ), e sim que
professor e aluno, em um trabalho dialógico e conjunto de erro e acerto possam
aprender sem traumas ou exclusões.
Dessa forma, a prática pedagógica seja caracterizada como um
ambiente de um constante ensinar e aprender de modo que todos façam parte do
mesmo processo ensino/aprendizagem e possam através dele, mudar sua forma de
ver o mundo e se posicionar diante dele para melhorar suas vidas. Para isto, será
necessário que se aumente esclarecimentos das ferramentas de avaliação, dotando
– se de um ferramental que permita um diagnóstico mais preciso do aproveitamento
do aluno, interpretando adequadamente a situação do mesmo, e levando o mesmo
a aprender com seus erros e o professor a criar caminhos e meios para vencer as
dificuldades encontradas pelos alunos e desenvolver novos conhecimentos. O
professor através de aulas de leitura, conversação, compreensão de textos,
construção de novos textos, exercícios diversos, troca de atividades entre alunos,
aulas do erro, diários, pesquisas(livros, revistas, internet, jornais, etc),questionários
pode avaliar seu aluno e contribuir para o seu crescimento intelectual.
Concluímos que foi de grande valia a participação neste Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) por ser um curso inovador, para valorização do
professor e fazer do conhecimento docente o seu ponto de convergência maior de
articulação, retornando-o às atividades acadêmicas de sua área de formação inicial,
condições de atualização e aprofundamento de seus conhecimentos teóricos-
práticos, permitindo mudanças na prática escolar.
Com a participação no PDE e a implementação deste projeto
pudemos refletir o que pensamos sobre os saberes educativos escolares, no tocante
às avaliações e seus procedimentos e o que pensamos ser possível e necessário
para se delinearem novos cenários, novos olhares, novos modos de ensinar e de
aprender, de avaliar e promover, utilizando o erro como ponto de partida, e lembrar
que a escola, procedimentos e métodos deverão instar-se da complexidade, da
globalização, das novas tecnologias, das interrelações construentes, enfim, da
sociedade do conhecimento.
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