o engenheiro civil no sÉculo xxi

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O ENGENHEIRO CIVIL NO SÉCULO XXI DANIEL DAS NEVES MARTINS Departamento de Engenharia Civil Universidade Estadual de Maringá. e-mail : [email protected] RESUMO A construção civil, em função do cenário mundial atual, de sua rápida transformação, e dos desdobramentos que estão se delineando no que diz respeito: grandes mudanças tecnológicas, produtivas e ambientais, aumento da competitividade, cliente interno e externo mais exigente e atuante, usuário melhor preparado em termos de especificar e verificar o grau de atendimento a seus desejos e necessidades, consolidação da legislação de direito dos consumidores, utilização cada vez maior da tecnologia da informação e comunicação. O aumento populacional e a busca da melhoria da qualidade de vida, contrapondo a conscientização da limitação e escassez dos recursos naturais, aliados ao aumento da consciência ecológica por parte da sociedade a respeito da necessidade de utilização racional destes recursos. Representam alguns dos fatores que deverão induzir grandes mudanças na área da engenharia, e conseqüentemente na atuação do engenheiro civil em um novo cenário que se esboça para o século XXI. 1. INTRODUÇÃO No limiar do século XXI muitos são os autores e prognósticos de como será e se comportará o mundo nas próximas décadas. O cenário projetado pela 8ª Assembléia Geral da Word Future Society (WFS), realizada em 1996, e reportada por Nassif (1996), é o seguinte: até o ano de 2030, o Brasil será o 11º país mais competitivo do mundo; entre 1996 e 2020, o mundo produzirá dez vezes mais mudanças que entre 1980 e 1995; atualmente a quantidade de conhecimentos dobra a cada dois anos, nas próximas décadas deverá duplicar a cada 80 dias ; a população mundial saltará de 5,4 bilhões para 8,4 bilhões até 2025; muda completamente o conceito de liderança. Crescerá a figura do líder dos líderes, pessoa com capacidade para coordenar o chamado capital intelectual; Contrastando com estas previsões, e voltando no tempo para o final do século passado, Handa (1996) reporta uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1893 com influentes pessoas da vida americana, cujo prognóstico da época para o final do século XX e início do século XXI era, entre outros : jornada de trabalho de 3 horas (devido ao aumento de produtividade e alívio do problema de desemprego); extinção das florestas, forçando os construtores a usarem pedra, aço e outros materiais; os casamentos seriam felizes, e as pessoas viveriam mais de 150 anos; o desemprego desapareceria; os direitos se simplificariam tanto, que não haveria trabalho para os advogados.

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O ENGENHEIRO CIVIL NO SÉCULO XXI

DANIEL DAS NEVES MARTINSDepartamento de Engenharia CivilUniversidade Estadual de Maringá.

e-mail : [email protected]

RESUMO

A construção civil, em função do cenário mundial atual, de sua rápida transformação, e dosdesdobramentos que estão se delineando no que diz respeito: grandes mudanças tecnológicas,produtivas e ambientais, aumento da competitividade, cliente interno e externo mais exigente eatuante, usuário melhor preparado em termos de especificar e verificar o grau de atendimento aseus desejos e necessidades, consolidação da legislação de direito dos consumidores, utilizaçãocada vez maior da tecnologia da informação e comunicação.

O aumento populacional e a busca da melhoria da qualidade de vida, contrapondo aconscientização da limitação e escassez dos recursos naturais, aliados ao aumento da consciênciaecológica por parte da sociedade a respeito da necessidade de utilização racional destes recursos.

Representam alguns dos fatores que deverão induzir grandes mudanças na área daengenharia, e conseqüentemente na atuação do engenheiro civil em um novo cenário que se esboçapara o século XXI.

1. INTRODUÇÃO

No limiar do século XXI muitos são os autores e prognósticos de como será e secomportará o mundo nas próximas décadas.

O cenário projetado pela 8ª Assembléia Geral da Word Future Society (WFS), realizadaem 1996, e reportada por Nassif (1996), é o seguinte:• até o ano de 2030, o Brasil será o 11º país mais competitivo do mundo;• entre 1996 e 2020, o mundo produzirá dez vezes mais mudanças que entre 1980 e 1995;• atualmente a quantidade de conhecimentos dobra a cada dois anos, nas próximas décadas

deverá duplicar a cada 80 dias ;• a população mundial saltará de 5,4 bilhões para 8,4 bilhões até 2025;• muda completamente o conceito de liderança. Crescerá a figura do líder dos líderes, pessoa com

capacidade para coordenar o chamado capital intelectual; Contrastando com estas previsões, e voltando no tempo para o final do século passado,Handa (1996) reporta uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1893 com influentes pessoasda vida americana, cujo prognóstico da época para o final do século XX e início do século XXI era,entre outros :• jornada de trabalho de 3 horas (devido ao aumento de produtividade e alívio do problema de

desemprego);• extinção das florestas, forçando os construtores a usarem pedra, aço e outros materiais;• os casamentos seriam felizes, e as pessoas viveriam mais de 150 anos;• o desemprego desapareceria;• os direitos se simplificariam tanto, que não haveria trabalho para os advogados.

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A realidade neste inicio de século é muito diferente das previsões realizadas há cem anosatrás, em relação aos prognósticos acima listados.

Uma das questões abordadas na assembléia do Word Future Society, foi em relação àincerteza, com a seguinte consideração: com a rapidez com que se agregam novos conhecimentos,acaba a previsibilidade.

Apesar deste cenário projetado, é possível inferir que pelo menos um desses prognósticostem grande probabilidade de ocorrer: o aumento populacional , caso não ocorra uma catástrofe degrandes proporções (caos).

Esta é uma questão de grande importância para o futuro e sobrevivência da própriahumanidade e, em particular, para a engenharia civil no que se refere à questão do planejamento econstrução das obras necessárias para atender a esta demanda do aumento populacional, aliada aodesejo de melhoria da qualidade de vida, e as necessidades e exigências de preservação do meioambiente.

A Folha de S.Paulo (1996), em seu caderno “Habitat”, reportando a conferência Habitat 2realizada no período de 3 a 14 de junho de 1996, traz como noticiário de capa a questão “Comoabrigar 8 bilhões de pessoas até o ano 2025?”

As previsões para o Brasil são de uma população da ordem de 230 milhões de habitantesvivendo em mega-cidades como São Paulo, que deverá abrigar mais de 20 milhões de pessoas .

2. A ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO CIVIL

As colocações acima, nos levam a algumas reflexões no que se refere à participação doengenheiro civil no processo da urbanização, resumidas nas seguintes questões:1. Qual o papel do engenheiro civil nesse contexto?2. Qual o perfil necessário para este profissional?3. Qual a estratégia que a Universidade deverá adotar para a formação deste engenheiro civil?

Os engenheiros civis têm feito contribuições importantes para a qualidade de vida daspessoas, pelo menos nos últimos 5000 anos. Seu papel tem mudado muito, desde a construção decasebres de taipa e adobe, a gerente de projetos, projetistas, cientistas, financistas, construtores demega-cidades, entre outros.

Entretanto, um dos pontos colocados por Handa (1996), a respeito do engenheiro do séculoXXI, é o de que ele deverá fazer política. Sua concepção é a de que o papel do engenheiro mudaráde uma postura passiva de simples executor, para uma ativa de inovador, comunicador, educador,tomador de decisões, um fazedor de políticas, engajado nas mudanças que deverão ocorrer nestepróximo milênio.

Esta colocação apresenta uma resposta à primeira pergunta formulada, ou seja, o papeldesejado ao engenheiro no contexto desta nova ordem mundial que emergirá no século XXI, deveráser o de político, um dos líderes no processo.

Neste cenário, no que diz respeito às necessidades para atender a demanda de obrasexigidas por este crescimento populacional , uma das questões que merecem destaque em relaçãoao processo da construção diz respeito ao consumo de recursos.

A humanidade está segundo Cony (1997) em fase inicial da grande descoberta de que osrecursos naturais do planeta Terra são limitados, e, que, se não houver uma racionalização no seuuso, o planeta corre sérios riscos, e que o número de excluídos irá aumentar em vez de diminuir.

Situação que pode assumir contornos dramáticos quando Stephen Hawking, um dos físicosmais célebres de todos os tempos, alerta para os impactos nocivos da destruição ambiental para a

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humanidade, chegando a ponto de temer que a espécie humana não sobreviva a outro milênio (Folhade São Paulo, 2000).

Neste cenário projetado, questões como a qualidade se transforma de um movimentoessencialmente técnico e econômico em uma questão de sobrevivência da espécie humana, ou seja,de como não provocar a extinção das fontes de recursos naturais, e promover o abastecimento deprodutos em maior escala para um número cada vez maior de usuários, com uma quantidade derecursos, principalmente naturais, cada vez menor. Cony acrescenta: uma das conquistas maisimportantes de nossa época, foi à tomada de consciência de que vivemos em um universo finito, queos recursos naturais que sustentam a humanidade não são eternos.

A construção civil tem uma grande responsabilidade nesta área, por ser atualmente um dossetores que mais promove a transformação da natureza, e que mais consome recursos naturais,utilizando cerca de 1.000 kg de materiais para a construção de um metro quadrado de habitação .

Esta situação já está forçando, e obrigará cada vez mais o engenheiro civil da maneira maisrápida possível, a ir no sentido de um dos dogmas da qualidade, que é produzir mais (aumentoda produtividade) com menos (modo econômico) e melhor utilização dos recursos (semdesperdícios).

A sociedade no duplo papel de intérprete e espectador, já percebeu e sentiu as mudanças, epor intermédio do ator chamado cliente, tem e deverá cada vez mais pressionar o colega engenheirocivil na direção dessas mudanças.

Em relação ao perfil do engenheiro civil, as necessidades técnicas e sociais mudaram e muitonos últimos anos. No Brasil , passaram nesses últimos 30 anos, da ênfase de formar um profissionalapto para a construção do milagre brasileiro, das grandes obras , classificadas entre as maiores domundo, representadas por exemplo pela: Rodovia “Transamazônica”, Ponte “Rio-Niteroi”, UsinaHidrelétrica “Itaipu”, Usina Nuclear “Angra dos Reis”, Conjunto Habitacional “Itaquera”, entreoutras , para a solução de outros desafios, como por exemplo: como construir uma habitaçãodecente (habitabilidade, dimensões), a um custo compatível com os recursos financeiros disponíveispela sociedade, e que possa atender aos milhões de excluídos, que não conseguem ter acesso a esteproduto essencial para a qualidade de vida.

Atualmente o que se constata no que diz respeito à participação do engenheiro civil nestesegmento de obras essenciais no processo da urbanização, representadas por habitaçõesunifamiliares com áreas mínimas (PORTAS, 1969 coloca esse valor como sendo de cerca de 11,0m² por pessoa), é que a participação do engenheiro civil (principalmente quando o principal agentedo processo é o contratante), é dificultada devido à percepção que este mesmo contratante tem arespeito da necessidade e benefícios decorrentes da participação profissional do engenheiro civil noprocesso da construção.

Esta situação implica em que, com freqüência o processo de execução da edificação fica acargo de um profissional não habilitado, e acaba provocando um ciclo vicioso no processo (obra debaixo custo com uma baixa qualidade técnica, urbanística e ambiental), condição não desejávelpelos profissionais da engenharia civil, tanto em termos técnicos, como financeiro e ético, assimcomo pela própria sociedade que desconhecendo a complexidade e implicações do ato deconstruir, o interpreta sob uma ótica individual (apenas de uma edificação para uso próprio), e nãocomo fazendo parte de um sistema urbano, ambiental, onde a não observância a determinadosrequisitos e exigências (técnicas, econômicas, ambientais e urbanísticas) pode acarretar eefetivamente o faz, provoca sérios problemas para o indivíduo, e para esta mesma comunidade, tais

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como: proliferação de doenças, favelização, depreciação do investimento, riscos físicos eambientais, entre outros.

Sob a ótica acima colocada, um dos problemas a serem solucionados, é a do planejamentoe execução de obras de engenharia por pessoal não habilitado, a qual não ficou confinada aosespaços mínimos, e o mestre de obras (ou qualquer outro nome que se dê ao profissional nãohabilitado tecnicamente e legalmente para responder pelo processo da construção), queefetivamente o executa , tem assumido perante o contratante e a sociedade poderes de principalagente no processo técnico da construção. Isto sem falar na modalidade de autoconstrução (sem umacompanhamento técnico do engenheiro civil).

Podem ser citados entre outros, três motivos que induzem a esta situação:1. O domínio do processo da construção.A existência de uma cultura de que o domínio do processo da construção é de

conhecimento público, ou seja de que todos sabem construir, dificulta a aceitação e incorporaçãodo engenheiro civil por parte do contratante, no processo da construção.

2. A responsabilidade do mestre de obras como agente construtor. O mestre de obras desconhecendo tecnicamente o processo da construção e suasconseqüências, e não respondendo legalmente por ele, pode e em grande parte dos casosefetivamente o faz : ignora as normas, os coeficientes de segurança, e as implicações decorrentesdeste ato de construir. 3. A busca pela diminuição nos custos dos serviços e seguros de engenharia. Com o advento da cultura de que a tecnologia da construção é de domínio público, e quequalquer pessoa que tenha um nível mínimo de conhecimento e experiência na área está apto aprojetar e construir, induz um grande número de contratantes na busca de obter o projetoarquitetônico via desenhista, e a construção entrega a cargo de um mestre de obras, sem acontratação efetiva de um engenheiro, e nem o acompanhamento dos serviços por este profissional.Apenas como um legitimador do processo. Em contrapartida não arca com os custos inerentes a umseguro de risco do exercício profissional do engenheiro civil. Situação que representa um conflito no exercício da profissão do engenheiro civil, que nestecaso acaba por não ter domínio sobre a execução da obra, a não se segurar dos riscos, mas osassume, e em caso de um sinistro na obra (prejuízo ou dano decorrente do ato de construir) pode eefetivamente o é, acionado pelo contratante a indenizar o prejuízo. O caminho a ser trilhado pelo engenheiro civil para a reconquista e ampliação de seu espaçode atuação, e de sua valorização profissional na sociedade, passa necessariamente por dois fatoresbásicos: mudança e ampliação do seu perfil de atuação, e o domínio e utilização da comunicação etecnologia da informação como ferramenta de colaboração, intervenção, trabalho e comunicação.

A indústria da construção civil, e particularmente a da edificação, consiste em uma vasta gama depessoas com visões, habilidades, e diferentes conhecimentos do processo de construção, as quais trabalhamjuntos por costume e pratica, dentro de uma cultura que assim evoluiu durante vários séculos.

Com o passar do tempo, o processo de projetar, e o seu apoio associado foram se divorciando do defabricar o produto (isto é para construir) para qual existe. O qual criou problemas para a organização doprojeto e para o processo de construção, devido ao grande número de interfaces.

Nestas condições, a comunicação se tornou difícil, e isto resultou em desarranjos, mau entendimento,freqüentes litígios, tendo como resultados finais o aumento no consumo de tempo, e conseqüentemente custosadicionais para o projeto e construção ( Marir, 1998).

O desenvolvimento de aplicativos de software, melhorias em tecnologia de rede, a aplicaçãode robótica para o processo de edifício, o desenvolvimento de metodologias de modelagem, osnovos idiomas e a definição de padrões para informação, tem criado novas oportunidades para estaintegração ( Clark,1999)

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É bem conhecido que os engenheiros estavam entre os primeiros a utilizar computadores.No princípio computadores eram usados para cálculos avançados e análises. Hoje são utilizadoscomo meio de comunicação e como ferramentas para os auxiliar em quase todas as tarefas.

A maioria dos engenheiros produz os próprios relatórios e desenhos por meio de umcomputador, sabe montar um escritório tradicional. Contudo o uso e o gerenciamento decomputadores transmitindo em rede como um meio de produção, comunicação e colaboraçãorepresenta um conceito ainda não compreendido e nem de utilização corriqueira por uma grandeparcela desses profissionais ( Line,1997). Um segundo fator indutor da necessidade e exigência de mudanças na área de exercício doengenheiro civil, diz respeito ao perfil e papel desempenhado por este profissional, o qual érepresentado pela necessidade de mudança e ampliação de sua área de influência, que efetivamentedesempenhe a sua função não apenas esfera técnica do processo de construir, mas também tenhauma atuação mais abrangente, de um agente participante e atuante no processo de transformaçãoambiental e da sociedade, engajado na busca, comunicação, aplicação e disseminação de soluçõestécnicas, econômicas, sociais e ambientais exigidas pela sociedade, e tão necessárias no rápidoprocesso das mudanças cada vez maiores e mais rápidas que deverão ocorrer nesta nossacomunidade global.

3. O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO CIVIL

A adoção de uma estratégia por parte da Universidade na formação do profissional estásegundo a conceituação de Porter (1996) nas atividades, elegendo-as de maneira diferente, oubuscando desempenhá-las diferentemente que os rivais. O seu êxito depende de fazer muitas coisasbem, não simplesmente algumas, e integrá-las. Duas recomendações abordadas por Contador (1995) a respeito do planejamentoestratégico, referentes ao ambiente externo são: 1. estar atendo ao consumidor; 2. tentar descobrir quem serão, de onde surgirão e o que farão os novos concorrentes. Neste ponto cabe principalmente a universidade, como agente formadora deste profissional,captar essas mudanças, de modo a fornecer ao futuro profissional: informações, conhecimentos, epráticas que o habilitem a lidar e superar os desafios impostos pela sociedade e pelo mercado detrabalho. Davis and Botkin (apud Niskier 1998) colocando a respeito da educação no futuro, deixamno ar perguntas como : na escola do futuro haverá prédio? ou escola? Atualmente, com o avanço extremamente rápido da informática e da comunicação, com apopularização do computador e da Internet, a era da comunicação total e instantânea, é umarealidade cada vez mais próxima, e já existente em muitos países. O que delineia e se distingue neste novo cenário segundo (Woodall, 1996) é o poder cadavez maior da tecnologia de informação, na qual o conhecimento é o segredo, e o saber representaum poder. Entretanto, começa a existir um contraponto a esta afirmação , Teal (1996), por exemplo,coloca que o desafio do próximo século não será o do domínio da informação, mas o conhecimentoe aperfeiçoamento do lado humano. Goleman (1996) alerta para o fato de que um grupo cada vezmaior de psicólogos, chegou à conclusão de que os antigos conceitos de QI (Coeficiente deinteligência) giram em torno de uma estreita faixa de aptidões lingüísticas e matemáticas, e que umalto QI é um fator de previsão mais direto de sucesso de um tecnocrata, ou em uma sala de aula,

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mas cada vez menos quando os caminhos da vida se desviam do caminho da academia ou dotecnicismo. Tem-se então, dois quesitos cruciais a serem enfrentados pela Universidade atual naformação do profissional de engenharia civil:

1. desenvolver uma estratégia para a formação deste profissional; 2. aprimorar o seu lado humano , de modo a se obter uma massa crítica de clientes

internos e externos, não apenas tecnicamente profissionais, mas sobretudo , emocionalmente,verdadeiros líderes.

4. CONCLUSÃO

O engenheiro civil, em função do cenário das grandes mudanças e dos conflitos existentesatualmente, e que se delineiam ainda maiores no futuro, o obriga e obrigará cada vez mais a rever oseu papel, a modificar e ampliar o seu perfil de atuação na sociedade, a se engajar e atualizar noconhecimento e utilização das modernas tecnologias, e a buscar para isso uma formação técnica,profissional e humana compatível com os desafios a serem enfrentados. Por outro lado, cabe a todos, envolvidos neste processo da construção não apenas de bensfísicos da sociedade (associações, conselhos, entidades, instituições, organizações), mas de umaverdadeira sociedade global, dar as mãos e participar, incentivar, indicar, ajudar, e lutar, junto como engenheiro civil para a edificação e manutenção de uma sociedade não apenas do século XXI,mas para além do ano 3000.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NASSIF, Luís. “Admirável mundo novo”. Folha de S.Paulo, 15/12/1996, p. 2.3. São Paulo.NISKIER, Arnaldo.”A máquina vai acabar com o professor ?”. Folha de São Paulo, 19/03/98,

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4. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1969.

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TEAL, Thomas. “The Human Side of Management.” Harward Business Review. Nov.Dec 1996,p. 35-44.

WOODALL, Pam. “Conhecimento é o segredo”. Gazeta Mercantil., 15/10/1996, p. A-1.São Paulo.