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O DESENVOLVIMENTO EM MARCHA O endereçamento e a gestão das cidades Catherine Farvacque-Vitkovic, Lucien Godin, Hugues Leroux, Florence Verdet e Roberto Chávez BANCO MUNDIAL Washington, D.C. © 2005 Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento/ Banco Mundial 1818 H Street, N.W. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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O DESENVOLVIMENTO EM MARCHA

O endereçamento e a gestão das cidades  

Catherine Farvacque-Vitkovic, Lucien Godin, Hugues Leroux, Florence Verdet e Roberto Chávez

BANCO MUNDIAL Washington, D.C.

© 2005 Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento/ Banco Mundial 1818 H Street, N.W.

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Washington, D.C. 20433 Telefone: (202) 473-1000 Internet: www.wordlbank.org Correio eletronico: [email protected] Todos os direitos reservados 1 2 3 4 07 06 05 04 Editado em El Salvador por SACDEL, Sistema de Asesoría y Capacitación para el Desarrollo Local. As opiniões, interpretações e conclusões aquí apresentados são dos autores e não devem ser atribuídas, de modo algum, ao Banco Mundial, `as suas instituições afiliadas, ou ao seu Conselho Diretor, ou aos países por eles representados. O Banco Mundial não pode garantir a precisão das estatísticas mostradas na presente publicação As fronteiras, côres, denominações, e outras informações mostradas em mapas não implicam da parte do Banco Mundial qualquer julgamento sobre a situação legal de qualquer território ou o reconhecimento destas fronteiras.

Direitos e permissões O conteúdo desta publicação é protegido por direitos autorais. A cópia ou transmissão de partes desta publicação sem permissão pode constituir uma violação legal desses direitos. O Banco Mundial promove a disseminação dos seus estudos e normalmente autoriza a sua disseminação.

Pedidos para copiar ou imprimir quaisquer partes dessa publicação devem ser enviados a Copyright Clearance Center, Inc., 222 Rosewood Drive, Danvers, MA 01923, USA, teléfono 978-750-8400, fax 978-750-4470, www.copyright.com.

Todas as demais questões referentes a direitos e licenças devem ser dirigidas ao Office of the Publisher, Banco Mundial, 1818 H Street NW, Washington, D.C. 20433, USA, fax 202-5222422, e-mail: [email protected].

Créditos de fotos Portada: © Austrian Archives/CORBIS. Página 9: V. Mihailovic. Páginas 19,129: D. Diallo, Cellule Guinée. Páginas 40, 123, 130, 175, 184, 198 : T. Lahlou, Unidad Nacional de endereçamento de Mozambique. Outras: Groupe Huit. Ilustrações: Página 198: por B. Gnoumou, Cellule Burkina-Faso. Outras pelo Groupe Huit. A imagen da capa representa um astrolábio, um dos primeiros instrumentos de geo-referência, e um plano de endereçamento urbano.

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Índice

Prefácio..........................................................................................................ix Agradecimentos ........................................................................................ xiii Notas biográficas dos autores ...................................................................xv Abreviaturas ............................................................................................. xvii 1. O que é endereçamento  e o porquê do endereçamento ...................1

O que é o endereçamento?......................................................................2 Porquê o endereçamento?.......................................................................4

2. Aplicações do endereçamento .............................................................19

Endereçamento e cidadania..................................................................20 Endereçamento e informação sobre a cidade.....................................22 O endereçamento e o apoio aos serviços municipais........................24 O endereçamento e a fiscalidade .........................................................28 O endereçamento e a questão predial .................................................33 O endereçamento e a reabilitação dos bairros precários .................41 O endereçamento e os serviços oferecidos .........................................44 O endereçamento e desenvolvimento económico ............................46

3. Práticas de endereçamento ..................................................................51

Balanço das principias experiências ....................................................52 Burkina-Faso...........................................................................................57 Camarões.................................................................................................64 Guiné .......................................................................................................68 Mali ..........................................................................................................73 Mauritânia...............................................................................................77 Moçambique ...........................................................................................84 Niger ........................................................................................................89 Senegal.....................................................................................................94 Outras operações: Benin, Ruanda, Djibouti, Togo, Costa do Marfim .................................................................................101

4. Manual de endereçamento .................................................................105

As Hipóteses da base...........................................................................106 Ficha 1. Conceber a operação de endereçament ..............................108 Ficha 2. Estudar a viabilidade da operação .....................................116 Ficha 3. Instalar a célula de endereçamento .....................................124

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES  

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Ficha 4. Avaliar os custos e os períodos duma operação de endereçamento.................................................................. 133 Ficha 5. Definir a dimensão da operação de endereçamento ........ 140 Ficha 6. Escolher o sistema de codificação ...................................... 143 Ficha 7. Cartografar ............................................................................. 166 Ficha 8. Inquirir e numerar as porttas............................................... 172 Ficha 9. Registar os endereços ........................................................... 181 Ficha 10. Sinalizar as vias ................................................................... 186 Ficha 11. Editar a planta e o índice de endereçamento .................. 196 Ficha 12. Mediatizar ............................................................................ 199 Ficha 13. Fazer a manutenção e innovar........................................... 202

Anexos ...................................................................................................... 207

Anexo 1. Termos de referência para os registros fiscais................. 208 Anexo 2. Comissão de toponímia: Burkina-Faso ............................ 214 Anexo 3. Camarões. Denominação das artérias e das praças da cidades......................................................... 217 Anexo 4. Monitoria e fiscalização das operações de endereçamento................................................................ 219 Anexo 5. Compra de consumíveis e de materiais de endereçamento................................................................ 221 Anexo 6. Preparação da planta de endereçamento: vistas aéreas. 227 Anexo 7. Preparação das plantas de endereçamento e de sinalizaçã....................................................................... 233 Anexo 8. Impressão da planta de endereçamento e do índice das vias............................................................. 237 Anexo 9. Colocação do material de endereçamento ....................... 239

Glosario ..................................................................................................... 243 Bibliografia............................................................................................... 255 Janelas

Capítulo 1 1.1. A inscrição dos nomes das ruas de Paris .................................. 5 1.2. Mudança dos nomes das ruas de Quebec ................................ 6 1.3. Residentes descontentes com a Comissão de toponímia........ 7 1.4. Em Belgrado a história se escreve nas paredes........................ 7 1.5. China. O endereçamento é uma bússola................................... 8 1.6. Japão. Os desalentos do citadino .............................................. 9 1.7. A numeração das casas de Crest (França) em 1766 ............... 10 1.8. Um projecto citadino ................................................................. 10

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INDICE 

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Capítulo 2 2.1. Monitoria das epidemias...........................................................24 2.2. Lixo doméstico em Conakry (Guiné) ......................................26 2.3. Inventário e avaliação do património edificado. (Senegal y Guiné) .......................................................................28 2.4. O desenvolvimento dos registros fiscais (Senegal) ...............29 2.5. Participação da administração fiscal nos inquéritos de endereçamento (Níger) ........................................................31 2.6. O endereçamento e os serviços concedidos (Moçambique) ............................................................................45 2.7. Banco de dados econômicos (Maputo, Moçambique) ..........48

Capítulo 4 4.1. Curiosidades históricas ...........................................................150 4.2. Protocolo acôrdo entre municipalidade e concessionário ..175 4.3. Programa Urbadress ................................................................183

Quadros Capítulo 2

2.1. Cadastro e endereçamento: elementos de comparação ........37 Capítulo 3

3.1. Principais características das operações de endereçamento.52 3.2. Realização e financiamento do endereçamento por país e por cidade..................................................................54 3.3. Material de endereçamento por cidade...................................96 3.4. Implementação da operação consoante as cidades................98 3.5. Decomposição e ponderação das tarefas................................99 3.6. Custos do RIU em US$ ............................................................101

Capítulo 4 4.1 As tarefas do endereçamento em função das fases...............113 4.2. Distribuição e faseamento das tarefas ...................................125 4.3. Material informático da célula................................................131 4.4. Dados de base para calculo dos custos..................................134 4.5. Calculo dos custos da endereçamento “exemplo” ..............135 4.6. Hipótese de cálculo e de custos..............................................136 4.7. Recapitulativo dos custos em função da população da cidade ................................................................137 4.8. Variação dos custos em função do equipamento.................138 4.9. Prazos de execução em função do tamanho da cidade .......138 4.10. Numeração decamétrica........................................................153 4.11. Custos unitários dos materiais das vias, excepto custos de colocação (US$) ......................................................................189 4.12. Comparação dos níveis de sinalização conforme

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES  

vi

os seus custos......................................................................... 190 4.13. Lista de placas ........................................................................ 192

Anexos A.1  Monitoria das realizações   .................................................... 220 A.2 Lista dos preços........................................................................ 225 A.3. Recapitulación de precios ...................................................... 226 

Figuras

Capítulo 1 1.1. A história se escreve sobre as paredes de Belgrado.

As inscrições mudam nas ruas de Paris.................................. 11 Capítulo 2

2.1. Cadastro e endereçamento ....................................................... 40 2.2. Endereçamento de bairros não atendidos .............................. 43

Capítulo 3 3.1. Mapa de endereçamento de Ouagadougou ........................... 63 3.2. Conakry. Setorização nos municipios ..................................... 72 3.3. Mali: Setorização de Bamaco. Cidades com endereçamento ................................................................ 76 3.4. Mauritânia: Cidades com sistema de endereçamento .......... 83 3.5. Mapa de Moçambique. A cidades abrangidas pelo endereçamento ........................................................................... 88 3.6. Niamei: Sectorização nos bairros............................................. 93 3.7. Mapa das cidades de Senegal................................................. 100

Capítulo 4 4.1. Seqüência das tarefas............................................................... 110 4.2. Planificação das tarefas ........................................................... 114 4.3. Numeração do imobiliário urbano e sistema de endereçamento.................................................................... 123 4.4. Organigrama da célula de endereçamento........................... 129 4.5. Unidade da endereçamento durante fase de execução....... 131 4.6. Fotografias do material de endereçamento .......................... 132 4.7. Capacitação da unidade de endereçamento......................... 139 4.8. Tipos de divisão ...................................................................... 144 4.9. Progressão da numeração....................................................... 149 4.10. Numerações alternada sequencial e métrica...................... 152 4.11. Numeração alternada sequencial......................................... 152 4.12. Numeração alternada métrica.............................................. 153 4.13. Numeração decamétrica ....................................................... 154 4.14. Codificação dos impasses e dos cruzamentos.................... 156 4.15. Codificação de intersecções .................................................. 157 4.16. Endereçamento de barrio precário ...................................... 158

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INDICE 

vii

4.17. Sistema misto ..........................................................................159 4.18. Puebla de los Ângeles, 1531 ..................................................161 4.19. Mannheim ...............................................................................162 4.20. Paris. Proposta de Choderlos de Laclos ..............................163 4.21. Endereçamento de Washington ...........................................164 4.22. Os setores do Chandirgarh ...................................................165 4.23. Exemplo de planta de endereçamento (Conakry) ............168 4.24. Etapas de execução do plano de endereçamento...............171 4.25. Exemplo de formulário..........................................................174 4.26. Topométrico ............................................................................178 4.27. Esquema da progressão da equipe ......................................178 4.28. Tipo de circular a entregar durante a pesquisa..................179 4.29. Estado de avanço das tarefas da endereçamento...............180 4.30. Registrar os dados ..................................................................184 4.31. Instrumentos de estampagem ..............................................188 4.32. Paineis de endereçamento e patrocínio...............................191 4.33. Plano de placas .......................................................................193 4.34. Placas e postes de endereçamento .......................................195 4.35. Modelo de planta e de índice................................................198

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Prefácio mudança mais espectacular das últimas décadas na África Sub-Sahariana está ligada ao movimento demográfico do rural para o urbano. Esta região, rural em mais de 80% na altura das

independências, estará brevemente urbanizada em cerca de 50%. O Banco Mundial acompanhou esta evolução tanto no plano da reflexão sobre a estratégia urbana como no plano do apoio na formulação de programas e projectos de desenvolvimento urbano. Uma publicação do Banco Mundial, « O Futuro das Cidades Africanas, Desafios e prioridades do desenvolvimento urbano », publicada em 1997, colocava as balizas da problemática urbana em África e apresentava uma « caixa de ferramentas », sendo uma delas, o endereçamento. A presente obra é uma sequência lógica à apresentação destas ferramentas de gestão municipal.

Face à explosão demográfica nas cidades dos países em desenvolvimento, o domínio da gestão urbana tornou-se tão difícil quanto as autarquias locais, novos actores desta gestão no contexto do movimento de descentralização em curso, nem sempre puderam desenvolver os meios para fazer face ao crescimento urbano.

Num contexto desta natureza, os sistemas de identificação das vias, das construções e das parcelas, pura e simplesmente não puderam acompanhar o ritmo da urbanização, conduzindo a uma situação na qual as cidades destes países têm a metade ou mais que a metade das ruas sem nome nem endereço, principalmente nos bairros mais pobres.

Deste facto resulta uma situação preocupante para o funcionamento dos serviços urbanos. Sem sistema de referência, como situar-se numa cidade impreterivelmente em crescimento? Como orientar rapidamente as ambulâncias, os bombeiros, os serviços de segurança? Como enviar correspondência ou messagens ao domicílio? Como identificar o equipamento urbano? Como localizar as avarias das redes de água, de electricidade, de telefone? Como melhorar a cobrança local das facturas de água e de electricidade? Como dispôr de serviços fiscais locais eficientes?

Certamente, poderão existir soluções afortunadas, mas, à partida, o funcionamento dos serviços urbanos revela-se problemático, até mesmo inoperante. Ao longo das duas últimas décadas, foram lançados vários projectos em prol do melhoramento da informação urbana dos países em desenvolvimento; os seus impactos foram simplesmente limitados, pois as técnicas propostas ultrapassavam as capacidades locais mobilizadas.

A

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES x

Esta constatação levou à pesquisa duma abordagem da informação urbana mais simples e sobretudo mais progressiva. A operação de endereçamento, muitas vezes conduzida com meios modestos de baixo custo, destina-se a dotar as autoridades municipais de um sistema de referência urbana eficiente, que permita a implementação de instrumentos de gestão eficazes. As várias experiências revelam que o envolvimento autárquico é um dos factores chave da perenidade do sistema, que, progressivamente, deveria alargar o campo de intervenção duma « célula de endereçamento » para a constituição dum gabinete de estudos ou de documentação municipal, susceptível de fornecer informações necessárias ao Presidente do Conselho Municipal, para as suas tomadas de decisões.

Trata-se de proceder por etapas, conduzindo, passo a passo, os quadros locais, ao domínio da informação urbana: cartografia da cidade, codificação das vias, inquéritos de recenseamento, implantação dum sistema informático simples, desenvolvimento de instrumentos de gestão aplicada, com vista, em particular, a melhorar os recursos, através duma melhor identificação dos contribuintes. Outrossim, o endereçamento vai muito além da simples gestão da cidade. Atribuindo ao indivíduo uma identidade localizada na cidade, este permite-lhe comunicar no seio da comunidade. O endereçamento impõe-se assim como uma condição fundamental para o reconhecimento da cidadania.

Desde meados dos anos oitenta, o Banco Mundial (IDA) e a França

(Cooperação francesa – Ministério dos Negócios Estrangeiros) contribuiram para o financiamento de operações de endereçamento em muitos países africanos do sul do Sahara. Mais de uma dezena de países aplicaram desta feita este conceito assim como os seus intrumentos específicos às suas capitais. Os resultados positivos alcançados encorajaram-lhes a prosseguir este mesmo processo nas suas cidades secundárias. Por outro lado, a partir de 1999, foram organizadas acções de comunicação e intercâmbios internacionais, que permitiram aprofundar e melhorar a abordagem do endereçamento.

Em Abril de 1999, decorreu em Paris uma Oficina internacional de Endereçamento reunindo a quase totalidade dos países africanos envolvidos, com base na iniciativa conjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Banco Mundial. Em Maio de 2001, o forum do Banco Mundial sobre as infraestruturas (Infrastructure Forum), o qual junta anualmente profissionais públicos e privados com os responsáveis e os chefes dos projectos do Banco, permitiu alargar a sensibilização para este conceito, com a apresentação duma primeira versão dum simples manual técnico de endereçamento. Em Abril de 2002, durante o Forum urbano do

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PREFÁCIO xi

Banco Mundial, os responsáveis africanos pelo endereçamento apresentaram eles próprios o balanço deste manual, com base nas cidades endereçadas nos seus respectivos países.

A presente obra recorda o que é o endereçamento no leque dos instrumentos de gestão municipal, indica as aplicações em curso ou em perspectiva, evoca as práticas em vários países e propõe um guia metodológico para conduzir uma operação de endereçamento. A sua edição é feita em quatro línguas (francês, espanhol, inglês, português). Está igualmente prevista a sua divulgação num site Internet.

Este instrumento é o fruto da parceria entre o Banco Mundial e a Direcção Geral da Cooperação internacional e do Ministério francês dois Negócios Estrangeiros. Desejariamos que ele contribuisse activamente para o melhoramento da gestão das cidades, e que ele conduzisse desta feita ao reconhecimento do estatuto do cidadão.

Michel WORMSER Director sectorial Finanças, Sector Privado, e Infraestruturas Região África Banco Mundial

Claude BLANCHEMAISON Director Geral da

Cooperação internacional e do Desenvolvimento

Ministério dos Negócios Estrangeiros

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Agradecimentos

O presente documento foi preparado com base na experiência colhida de vários projectos de endereçamento financiados pelo Banco Mundial e pela Cooperação francesa desde 1980, na África subsahariana. Vários encontros favoreceram os intercâmbios entre os praticantes do endereçamento, nomeadamente durante a Oficina de endereçamento de Paris (Abril de 1999), ou o Forum urbano do Banco Mundial (Novembro de 2002). O documento beneficiou dos conselhos de vários praticantes do endereçamento, nomeadamente do Benin, do Burkina-Faso, dos Camarões, do Congo, da Costa-do-Marfim, do Djibouti, da Guiné, ao Mali, de Moçambique, do Niger, do Rwanda, do Sénégal, do Tchad, do Togo.

Os agradecimentos vão em primeiro lugar aos « praticantes » : D. Belemsagha, D. Domboué, B. Gnoumou, E. Kiendrebeogo, F. Ouedraogo, P. Ouedraogo C. Paré, G. Sankara, P.F. Titinga, Y. Traoré (Burkina-Faso) ; M.A. Kiniffo, B. Oloundé, R. Perrier (Benin) ; E.R. Ateba, A. Essaka-Moussoumbo., G. Mandeng, M. Manyinga, D. Tchouamou, J.Yango. (Camarões) ; D. Bantsimba (Congo) ; C. Nado, P. Rakotomanana (Costa-do-Marfim) ; A.C. Barkad, T. de Comarmond, A.A. Hemed, M.A. Houssein, I. Moumine (Djibouti) ; D. Diallo, J.L. Doumbouya., S. Kouyaté, M. Sylla, G. Tchidimbo (Guiné) ; G. Doublier, O. Konaté, M. Keita, B. Koné, J. Massein, I. N'diaye, M. Ouane, A. Traore, (Mali) ; M. Athié, M. Ould Babetta, M. Ben Cheikroun, M. Brahim, E. Charvet, A.M. Ould El Kory, A. Ould Horma, C.A. Ould Houebib, A. Lebigot, M. Macina (Mauritanie) ; M. Chiconela, T. Chissequere, J. Cuna., T. Lahlou, T. Vales, B. Nhachengo (Moçambique) ; A. Souley, C. Hontoundji, A.I. Barkiré (Niger) ; J.P. Galland (Rwanda) ; I. Barry, M. Ka, I. Ly; P.M. N'diaye, (Senegal) ; A. Ahmat, M. Abbazen,A. Atadet, Y. Dago, P. Martin, M. Traoré, (Tchad) ; C. Badabon, P. Karma, T. Kwassi, B. Wa’aloum (Togo).

Os agradecimentos estendem-se igualmente aos representantes dos doadores que apoiaram os projectos de endereçamento: I. Andersen, S. Debomy, C.Diou, R. Maurer, E. Ouayoro, F. Péchon, C. Reliquet, B. Veuthey, D. Vaudaine, P. Watson (Banco Mundial), J.L. Armand, J. Couillandeau, X. Crépin, N. Frelot, A. Harnist, B. Hoarau, G. Pourret (Cooperação francesa), M. Bouillot, M.H. Chambrun, V. Daön (Cooperação descentralizada), C. Barrier C., A. Chetaille A., F. Filippi, R. de la Rochefoucauld, J.L.Venard (AFD), J.M. Renno (AIMF).

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Os agradecimentos estendem-se por último a G. Antier, P. Billot, C. Pinchon, B. Haurie, V. Chomentowski, J.P. Lestang et C. Bouchaud, F. Damette, I. El Amrani, G. Josse, B. Michelon, M. Popesco, A. Sinet, J. White (Groupe Huit).

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Notas Biográficas dos Autores Lucien Godin: Urbanista, arquiteto DPLG, Paris co-fundador do Groupe Huite em 1967. Tem contribuído em muitos países, principalmente na Ásia, África e em maghreh (Oriente Médio), na criação de projetos de desenvolvimento urbano, na maior parte financiada pelo Banco Mundial. Assim mesmo foi co-autor em publicações do Banco Mundial, incluindo “diversas preparação de projetos de desenvolvimento urbano”, “Prepar um Projeto de Desenvolvimento Municipal”, e “O Futuro das Cidades Africanas”. Hugues Leroux: Engenheiro da Ecole Polytechnique Paris e diplomado do Centre des Hautes Etudes de la Construction. Co-fundador do Groupe Huite em 1967 Confêrencia do I’Institut d´Estudes Politiques de Rennes. Especialista em urbanismo nos países em desenvolvimento. Há guiado numerosos estudos de factibilidade para os projetos de desenvolvimento urbano em 27 países, entre os quais em especial Tunéz, Marrocos, Malí, Burundi e China. Há contribuído em inumeráveis publicações do Banco Mundial e das Nações Unidas, ofereceu cursos em várias universidades e escolas de engenharia. Florence Verdet Possuí um DESS em Urbanismo e Gestão de cidades Membro do Groupe Huite desde 2000. Especialista em cartografia e informática, sistemas de informação geografia e manejamento de bases de dados. Há supervisado vários projetos de endereçamento e numeração em Nigéria e Moçambique, e há aportado assistência técnica e de capacitação para o conjunto de tarefas operativas das unidades de endereçamento e numeração municipais nestes países. Roberto Chavéz: Arquiteto / Urbanista (UNAN / U do Estado de Morelos,´74; MIT Cambridge, ´76) Chávez tem 30 anos de experiência em desenvolvimento urbano e municipal, patrimônio cultural, reabilitação de bairros e do médio ambiente na África, Norte África, Latino América e do Caribe,

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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trabalha no setor de desenvolvimento urbano do Banco Mundial desde ´75, com excusão de ´83 à ´85 onde foi Diretor Nacional de Planificação Urbana na Nicarágua; e de ´85 à ´88 foi catedrático; e de ´93 à ´97, foi representante do Banco Mundial em Moçambique. E co-autor de “Simples Computer Imaging and Mapping”. Catherine Farvacque-Vitkovic Urbanista diplomada da Universidade de Ciências Sociais de Grenoble França e da Escola de Administração e Urbanismo de GWU, Washington, D.C, USA. Catherine Farvacque-Vitkovic tem 20 anos de experiência no Banco Mundial na África, Oriente Médio e Magreb. Ela tem trabalhado na preparação e no encaminhamento dos projetos e estudos de desenvolvimento urbano e de gestão municipal. É autora e co-autora de varias publicações incluindo, “Crest 1650-1789” “Políticas de Terra em Cidades em Desenvolvimento”, e “O Futuro das Cidades Africanas”, entre outras.

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Abreviaturas

ADM  Agência de Desenvolvimento Municipal (Senegal) ADM  Aguas de Moçambique(Mauritânia) AFD   Agência Francesa de Desenvolvimento  AGETIP  Agência de Execução de Obras de Interesse Público (Senegal)  AGETUR  Agência de Execução de Obras Urbanas (Benin; Togo) AIMF  Associação Internacional dos Presidentes de Municípios Francófonos APUR  Oficina Parisiense de Urbanismo ASS    Africa Sub‐Sahariana BDE    Banco de Dados Económicos BDU   Banco de Dados Urbanos BTP    Edificação Obras Públicas CARPOL  Cartografia Polivalente (Mali) CCC   Conta de Crédito Comunal (Senegal) CCIA  Câmara de Comércio, da Indústria e do Artesanato CFPB  Contribuição Predial sobre as Propriedades Construidas CNA   Célula Nacional de Endereçamento (Moçambique) CNSS  Caixa Nacional de Segurança Social CSDU  Célula Especial de Desenvolvimento Urbano CTAC  Célula Técnica de Apoio às Autarquias (Mali) CUN   Comunidade Urbana de Niamey / de Nouakchott DCL   Direcção das Autarquias Locais DGF   Dotação Global de Funcionamento (Costa‐do‐Marfim) DGI    Direcção Geral dos Impostos DIU    Projecto de Desecntralização das Infraestruturas Urbanas (Mauritânia) EDM   Electricidade do Mali FAC    Fundo de Ajuda e de Cooperação (França) FECL  Fundo de Equipamento das Autarquias Locais (Senegal) FEICOM  Fundo de Equipamento e de Investimento das Autarquias (Camarões) FIG    Federação Internacional dos Geómetros FPCL  Fundo de Empréstimos às Autarquias Locais (Costa‐do‐Marfim) FSP    Fundo Especial de Desenvolvimento GIE    Agrupamento de Interesse Económico IDA    Ajuda Internacional para o Desenvolvimento (Banco Mundial) IGN    Instituto Geográfico Nacional INSEE  Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Económicos  IPIE    Inventário para a Programação das infraestruturas e Equipamento MAE   Ministério dos Negócios Estrangeiros (França) MOD  Dono da Obra Delegado 

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES  

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MSF    Médicos Sem Fronteira OED   Departamento de avaliação das operações  OM    Lixo doméstico OMS   Organização Mundial da Saúde ONEA  Ofício Nacional de Agua e Saneamento (Burkina‐Faso) ONG  Organização Não Governamental PAC   Programa de Apoio às Autarquias (Senegal) PACUM  Projecto de Apoio às Autarquias Urbanas do Mali  PACVU  Projecto de Melhoramento das Condições de  

Vida Urbana (Burkina‐Faso) PDCC  Projecto de Desenvolvimento das Autarquias Costeiras  

(Costa‐do‐Marfim) PDM   Programa de Desenvolvimento Municipal  PDU   Projecto de Desenvolvimento Urbano PDU   Projecto de Desenvolvimento Urbano e de Descentralização (Mali)  PIB    Produto Interno Bruto PIP    Programa de Intervenções Prioritárias  PLIC   Programa Ligeiro de Iniciativa Autárquica (Guiné) PROP  Programa de Reabilitação e de Abertura Prioritárias (Guiné) PME   Pequenas e Médias Empresas PUH   Autorização Urbana de Residência PUR   Plano Urbano de Referência RAF    Reforma Agrária e Predial (Burkina‐Faso)  RFU    Registo Predial Urbano SCAC  Serviço de Cooperação e de Acção Cultural SIG    Sistema de Informações Geográficas SONABEL  Empresa Nacional Burkinabe de Electricidade SPTD  Serviço Público de Transferência de Lixo (Guiné) TDR   Termos de Referência TF    Título Predial TOM   Imposto do lixo doméstico TVA   Imposto de Valor Acrescentado UE    União Europeia UP    Unidade de Projecto UPSU  Unidade de Pilotagem dos Serviços Urbanos VRD   Saneamento e Redes Diversas   Um Dólar U.S.A. equivale a cerca de 590 F cfa.(2004)  

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O que é endereçamento e o porquê do endereçamento?

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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estas últimas décadas, muitas cidades em desenvolvimento conheceram um crescimento urbano muito grande, caracterizado pelo aparecimento de muitos bairros sub-

equipados. Os anteriores sistemas de identificação das vias normalmente aplicados nos bairros antigos do centro da cidade, raramente foram estendidos aos novos bairros. Daí resulta uma situação preocupante para o funcionamento dos serviços urbanos. Sem sistema de identificação, como situar-se numa cidade ainda em crescimento? Como orientar rapidamente as ambulâncias, os bombeiros, os serviços de segurança? Como enviar a correspondência ou messagens ao domicílio? Como identificar o equipamento urbano? Como localizar as avarias das redes de água, de electricidade, de telefone? Como fazer funcionar os serviços de cobrança dos impostos?

Paralelamente a este crescimento urbano não controlado, desde o início dos anos 90, muitos Estados conheceram uma vaga de descentralização. O surgimento repentino do poder local colocou na ordem das prioridades, o reforço das capacidades de gestão das equipas municipais que estavam impotentes perante a dimensão das dificuldades : muitos investimentos e obras de manutenção por realizar e meios fracos devido à quase inexistência de receitas fiscais.

Neste contexto, as primeiras operações de endereçamento na Africa sub-sahariana ocorreram nos princípios dos anos 90. Nesta altura, elas enquadravam-se como uma alternativa à implantação onerosa e inoperante dos projectos de cadastro. O endereçamento permite começar pelo princípio de dotar a cidade de meios simples, susceptíveis de serem implantados pelas autarquias locais e de consolidar o saber-fazer municipal em quatro áreas prioritárias: (a) recolher a informação urbana e facilitar a actualização dos documentos simplificados de planificação urbana, (b) programar os investimentos, (c) fazer a manutenção do equipamento e das infraestruturas e (d) melhorar a mobilização dos recursos locais.

O que é o endereçamento?

O endereçamento é uma operação que permite localizar no terreno uma parcela ou um edifício, ou seja « determinar o seu endereço » a partir de um sistema de mapas e placas das vias rodoviárias, mencionando a numeração ou a denominação destas vias e dos edifícios. Esta noção pode ser alargada às redes e aos serviços urbanos. Assim, pode-se, não só « endereçar » um edifício, mas também o « equipamento urbano », como um fontenário, um poste de iluminação pública, uma terminal de taxi.

N

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O QUE É ENDEREÇAMENTO  E O PORQUÊ DO ENDEREÇAMENTO?   

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« O problema da designação da residência é um dos maiores problemas e, apesar da aparência, um dos mais delicados que se tenham colocado na vida urbana por resolver. É importante pois o indivíduo define-se pela sua residência, assim como pela côr do seu cabelo ou dos seus olhos. Hoje, a indicação da residência faz parte da ficha sinalética: ela consta no cartão de eleitor e no cartão de segurança social. Por outro lado, ela é tão delicada que se levou muito tempo a encontrar uma solução adequada e que ainda são feitas novas alterações»1. A casa tem de ter um sinal distintivo, facilmente reconhecível, mas o sistema geralmente escolhido de definir o endereço pela rua, pelo número da casa na rua e na cidade, só foi adoptado depois de vários ensaios. De facto, a presente noção « rua-casa » não se impôs à primeira. Ela foi algumas vezes subordinada a ilhéu, como na Alemanha, no século XVIIIe, a Mannheim, cidade considerada como o protótipo das cidades americanas do século XIX (capítulo 4).

O endereçamento é mais do que uma simples operação de sinalética, é igualmente uma oportunidade para (a) fazer um mapa da cidade visando a sua utilização pelos serviços municipais, (b) fazer um inquérito sistemático dando origem a uma importante recolha de informações urbanas e demográficas e (c) constituir um ficheiro de informações assimilável a um recenseamento das construções e do equipamento, verdadeira fonte de informações urbanas muitas vezes inexistentes. As informações recolhidas são associadas a um endereço, portanto, facilmente localizáveis. Este ficheiro, (que poderá ter a forma de um SIG), representa a maior vantagem inovadora do endereçamento, particularmente nos países com forte crescimento urbano onde a urbanização escapou aos poderes locais pois, com base no ficheiro de informações urbanas, no mapa de endereçamento e da indexação das vias, é possível desenvolver várias aplicações em prol das populações, das autarquias locais, do sector privado.

Porquê o endereçamento?

O endereçamento tem vários objectivos: (a) Para as populações: uma leitura mais evidente da cidade:

- Melhorar a localização e a orientação, - Facilitar as intervenções de emergência: ambulâncias, bombeiros,

polícia - Situar os serviços urbanos

(b) Para as autarquias locais: um melhoramento dos recursos e da gestão urbana:

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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- Um instrumento de programação e de gestão dos serviços técnicos: o conhecimento do património público (saneamento, equipamento, linhas, número, estado) permite a instalação dum sistema de monitoria e de ajuda à programação urbana;

- Um instrumento para o melhoramento do sistema fiscal local: Com base nas informações obtidas no endereçamento, é possível localizar e recensear as pessoas ou empresas sujeitas ao imposto e definir melhor a matéria colectável fiscal.

(c) Para o sector privado: uma melhor gestão das redes para os concessionários. O endereçamento permite, de facto, facilitar o trabalho dos concessionários das redes de água, energia e de telecomunicações em matéria de instalação e de cobrança.

Um olhar em direcção ao passado e

às experiências internacionais Definir o endereço com base na noção « rua-casa » implica adoptar os sistemas de identificação das ruas e das casas. Veremos através de elementos históricos e exemplos de vários países, que a tarefa é menos simples do que parece à primeira vista.

IDENTIFICAR AS VIAS A história começa com as referências aos ditos sítios ou insígnias (« o albergue da Côte Chaude »). A insígnia mais evidente ou a mais popular dava o seu nome à rua. Em França, até ao século XVII, a cidade tinha poucas ruas2 e a questão da sua designação só se colocou com as obras de planeamento urbano (Louis XIV) : foram então criadas novas vias, que substituem os murais da cidade ou prolongam as antigas vias. Uma vez escolhido o nome da rua, resta torná-lo visível: tarefa aparentemente simples, mas que requereu mais de dois séculos para definir e confirmar os procedimentos (janela 1). Ao longo da história, as circunstâncias contribuem para alterar o nome da rua. Esta mudança opera-se muitas vezes no termo de um longo processo, no qual se devem determinar as modalidades e nomeadamente as de participação da população. A fusão das cidades da antiga comunidade urbana do Québec fornece uma boa ilustração dos mecanismos adoptados, dos participantes assim como dos critérios de selecção (janela 2). Apesar de tais precauções, a reacção dos citadinos é, às vezes, inesperada, tal é o exemplo dos habitantes de Gatineau (Canadá) irritados pelas decisões da Comissão de toponímia, que não dão a lição de história esperada na nova denominação das ruas (janela 3).

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Por último, um outro exemplo de mudança de nome, o de Belgrado (Sérvia/Montenegro), onde os painéis recapitulam as várias denominações da rua através das vicissitudes da história (janela 4). Com a urbanização galopante das últimas décadas, a questão principal é menos a mudança que a atribuição de nomes; nas cidades com crescimento rápido, a maioria das ruas permanece muito tempo sem nome, pois, regra geral, a atribuição do nome não é indiferente. Percorrendo todas as experiências, revela-se então impossível atribuir com facilidade nomes de ruas em grande escala. A denominação suscita demasiadas controvérsias para ser rapidamente realizada. O recurso a normas regulamentares nem sempre é suficiente, tal como mostra o exemplo dos Camarões, onde uma circular presidencial sobre a designação de vias permaneceu letra morta durante vários anos (Anexo 3).

Janela 1.1 A inscrição dos nomes das ruas de Paris

Antes de 1728, em Paris3, nenhuma rua estava assinalada, salvo casos muito raros, como a « Rue Saint-Dominique, outrora des Vaches ».(1643). A inscrição sistemátca dos nomes das ruas remonta a 1728, altura em que o Tenente da polícia proibiu a afixação dos nomes de rua4 em folhas de ferro branco e em letras grandes e pretas, mas dada a sua fragilidade, este sistema foi substituídono ano seguinte pelo sistema de placas de pedra. A inscrição do nome das ruas estava então sob a responsabilidade do proprietário da casa que se encontrava na extremidade duma rua; depois, um decreto de 1806 indica que as novas inscrições serão executadas em óleo e que esterão sob a responsabilidade do Município, mas depois de algumas dezenas de anos, elas tornaram-se ilisíveis e foi necessário refazê-las em 1847. As novas placas foram placas de porcelana cozida em altas temperaturas, para as quais um decreto de 1938 define as características técnicas: para a largura, entre 0m70 e 1 metro e, para a altura, entre 0 m.35 e 0 m 50. Letras ou cifras brancas; fundo azul azur; debroado verde bronze de 3.5 cm de largura, destacado com efeitos de sombra em listras preto e Branco. O direiro de atribuir o nome a vias é pertença do Conselho Municipal, que deve recolher a opinião do conselho do quarteirão envolvido e submeter o projecto de denominação à Comissão de avaliação dos projectos de denominação das vias. O sistema de denominação das vias de Paris é dito histórico « uma vez que os nomes das velhas ruas conservam a recordação da antiga população que as escolheu e que os das novas ruas contribuirão a perpetuar a memória dos grandes homens, das grandes acções pelas quais a nação se orgulha ». O sistema obedece além disso às seguintes regras:

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• A simplicidade do nome: « Para que um nome seja escolhido, não basta que seja digno de sê-lo, deve, além disso, responder às exigências práticas variadas, quer seja ortografia e pronúncia fáceis, fáceis de descrever e de reter.

• Às grandes vias caberão nomes augustos, objectos de reconhecimento público.

• Às esplanadas das igrejas, serão preferencialmente designados os nomes de santos, de prelados, de pregadores célebres.

• As proximidades dos caminhos de ferro, os bairros ocupados pela indústria, ostentarão nomes de engenheiros, de inventores, de industriais célebres ; os médicos situar-se-ão não longe dos hospitais, os astrónomos, os sábios, junto do Observatório ou das escolas» 5.

Janela 1.2 Mudança dos nomes de ruas em Québec

« Québec » deve designar em 2004, o território de 13 cidades fundidas da antiga comunidade urbana do Québec. Todos os nomes das 4 825 ruas do novo território deverão ser harmonizadas com vista a eliminar os que se repetem, e isto, para garantir a segurança pública assim como para facilitar o encaminhamento postal bem como a inscrição na lista telefónica. Um Grupo de trabalho foi encarregue de inventariar os casos de homonimia e de definir os critérios de selecção para designar as ruas que deverão mudar de nome. Os casos escolhidos serão submetidos ao Comité de toponímia da Cidade de Québec, que vai propôr novos nomes. A população pode fazer propostas com vista a enriquecer o banco de nomes utilizado para baptizar as ruas da cidade. Os cidadãos e cidadãs que estarão envolvidos serão consultados sobre a escolha da nova designação da sua rua. Os critérios de selecção • a conformidade às normas da Comissão de toponímia • a antiguidade ou o valor histórico • o número de endereços residenciais • o número de empresas, de estabelecimentos e de instituições • o impacto no sistema odonímico instalado (exemplo: nomes de flores

dados a várias ruas) • a importância da via de comunicação • o carácter lógico do nome em relação ao seu meio • o facto que a via tenha ou não sido objecto de mudança de designação ao

longo dos últimos dez anos.

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A partir do banco de nomes ou das propostas provenientes dos citadinos e das citadinas, das empresas históricas, das direcções de quarteirão, serão escolhidas denominações e submetidas aos membros do Comité de toponímia que vão estudá-las e escolherão um nome para cada uma das ruas em causa. As propostas de novos nomes de ruas serão submetidas individualmente aos citadinos e às citadinas abrangidas por uma mudança. Estes poderão dar o seu parecer sobre esta proposta ou sugerir outros nomes. O Comité de toponímia fará as últimas recomendações ao Conselho Municipal, o qual decidirá sobre as novas denominações.

Janela 1.3 Residentes descontentes com a Comissão de toponímia

« Globalmente, o Comité de transição fez um bom trabalho. Estamos contudo estupefactos por encontrar na lista das recomendações para o sector Aylmer, nomes de árvores ingleses: Chestnut, Hickory, Aspen. De acordo com os nomes de pessoas que marcaram a história deste sector, mas nomes ingleses de árvores, aí isso ultrapassa qualquer bom senso. No documento público distribuído pela Cidade de Gatineau, está escrito que « os nomes de rua são, para quem não tem tempo de ler, uma aula de história que aprendem com tanta facilidade por esla estar sempre em frente aos seus olhos. » Uma lição de história! Se estes nomes tivessem de ser decorados, ter-se-ia sempre na mente a prova que o Comité de transição e a Cidade de Gatineau terão prefereido anglicisar a identidade dos residentes destas ruas. Uma opção que desaprovamos totalmente. Trata-se aquí de uma lição de história bizarra! »

Janela 1.4 Em Belgrado, a história escreve-se nas paredes

Em Belgrado, as mudanças de nome são frequentes, mas uma placa recorda muitas vezes a história. A Avenida principal de Belgrado, que liga a praça Slavija à praça Terazije, mudou de nome várias vezes e, cada mudança reflectiu grandes etapas da história do país. Inicialmente chamadae Avenida do re Milan, ela foi rebaptizada Avenida do Marechal Tito, a seguir Avenida dos Sérvios Soberanos para voltar a ser recentemente a Avenida do rei Milan, primeiro rei Sérvio depois da ocupação Ottomana. A mesma coisa para o Boulevard da Revolução recentemente rebaptizado Boulevard do rei Alexandre (Kralj Alexander), um dos últimos reis no trono assassinado em Marselha no limiar da Segunda Guerra Mundial.

Deve-se portanto recorrer a um sistema mais neutro de numeração6

das ruas. Este pode ser criado rapidamente e constituir uma etapa prévia para a posterior denominação das vias. Contudo, se esta numeração é

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bem adequada ao traçado regular das vias (cidades dos Estados Unidos, cidades coloniais da América latina ou da Africa Ocidental), a sua implementação é evidentemente mais complexa quando o traçado das ruas não é uniforme.

Janela 1.5 China. O endereçamento é uma bússola

Os nomes das ruas na China assim como a sua numeração são dentre as

características que interpelam de imediato o turista que chega a China e que podem igualmente constituir fonte de grande confusão caso não se conheça a sua lógica nem os seus fundamentos. De facto, o nome duma rua pode mudar até dezasseis vezes numa grande cidade, a numeração recomeçando onde começa cada novo nome. Existe, no entanto, uma lógica profunda para esta complexidade superficial.

De facto, dentre as características7 dum pensamento chinês clássico que hoje persiste, existe a impregnação dos quatro pontos cardeais e do seu centro. Esta organização cardinal está já instalada à escala do país, o próprio nome da China (país do meio) faz referência a este aspecto, mas igualmente a capital, Beijing (capital do Norte) ou Nanjing (capital do Sul). Os nomes das províncias são também fortemente impregnados destas referências à orientação.

No interior mesmo da cidade, as ruas longas subdividem-se nas partes este e oeste (ou norte e sul, segundo a orientação da via), a numeração recomeça em cada uma das partes. É assim que a famosa « rua de Nankin » em Shanghai subdivide-se em « Nanjing dong lu » ou parte oeste da rua de Nankin. Outras ruas particularmente longas estão decompostas em três partes : dong lu, zhong lu, xi lu (parte este, parte central, parte oeste). Esta divisão em partes pode ser feita de maneira mais ou menos arbitrária, mas faz muitas vezes alusão a antigos recintos murais que cercavam a cidade.

A estas denominações já orientadas acrescenta-se, na placa de cada rua (ou painel de orientação à saída do metro, etc.) a orientação cardinal fornecida por uma indicação complementar em baixo de cada extremidade do painel: direcções sul e norte, ou este et oeste. O citadino encontra-se assim, em cada ocasião, reorientado não só na cidade, mas em relação aos pontos cardeais, como a presença duma bússola renovada em todo o lado: nada surpreendente para o país que a inventou!

Para concluir esta reflexão, algumas referências asiáticas: a impregnação da orientação no endereçamento das ruas na China (janela 5), e o desalento do turista … e do citadino, na procura de um endereço no Japão (janela 6).

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Janela 1.6 Japão. Os desalentos do citadino

Excepto algumas artérias, no Japão, as ruas não têm nome. De facto, os bairros (ku) estão divididos em quarteirões (chome) que agrupam várias dezenas de casas e formando assim um bloco. As casas estão numeradas segundo o bloco a que pertencem e não em função da rua8. A numeração é feita em função da data da sua cosntrução. É assim que duas casas vizinhas podem muito bem ter números que não se seguem9. Consequentemente, é muito difícil encontrar um lugar preciso a partir de um endereço. O mais simples é dirigir-se ao posto de polícia mais próximo, tal como o fazem os próprios Japoneses. Todavia, contrariamente a Tokyo, situamo-nos mais facilmente em Kyoto, onde o traçado é mais regular, pelo menos para as grandes vias. Nove grandes artérias cortam a cidade de este a oeste começando por Ichijo (1ª rua) até Kujo (9ª rua), atravessada por várias avenidas.

IDENTIFICAR AS CONSTRUÇÕES

A necessidade de identificar as construções surgiu com o crescimento das cidades na Europa e na China no século XVIII. Os endereços eram constituidos pela indicação da via onde se encontrava a casa e por uma localização aproximativa suplementar. Eis um exemplo dum endereço parisiense em 1778 : « de Sahuguet d'Espagnac, rua Meslé, a quarta porta à direita entrando pela rua do Templo ».

A numeração dos edifícios iniciada no século XV em França, só se tornou sistemática no século XVIII, por várias razões: « a população não era assim tão grande que a necessidade se fizesse sentir. O receio da inquisição fiscal, o apego ao hábitos, o desejo, deveras legítimo, de não tornar-se um simples registo, tudo isto concorria para deixar as coisas como estavam»10. A numeração dos edifícios respondeu sucessivamente a várias preocupações: • No século XV, a numeração das casas da ponte Notre-Dame revela

preocupações patrimoniais da Cidade que recenseia as construções que ela possui.

• A partir do século XVI, as preocupações dizem respeito à fiscalização da residência ilegal nos faubourgs11, onde as « casas com portão», cuja construção era proibida, são numeradas.

• A partir de 1768, as preocupações são de segurança e são traduzidas pela numeração das casas « em todas as cidades e nas vilas e aldeias sujeitas ao alojamento de soldados » (janela 7)

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Janela 1.7 A numeração das casas de Crest (França) em 1766

A primeira referência da nuemarção das casas remonta ao ano de 1766. Dois anos mais tarde, em 1798, um despacho torna esta medida oficial. Ela responde às necessidades reais e, na sua maioria, as cidades da zona de Dauphine apressou-se em conformar-se a ela. A numeração realizada por dois artesãos de Creta, Jean Fréau, vidreiro, e Pascal Giri, teve início no dia 23 de Dezembro de 1766 e foi concluida no dia 3 de Janeiro seguinte. Esta numeração consistia em ter apenas uma série de números partindo do Município.

• Finalmente em 1779, o endereçamento corresponde ao « projecto

cidadão », de um particular, o Senhor Kreenfelt, que no intuito de facilitar o relacionamento entre citadinos, propôs que se desse endereços precisos e cómodos (janela 8).

• Com a Revolução, a generalização do endereçamento responde a uma preocupação fiscal : recensear os proprietários sujeitos ao novo imposto, a contribuição predial. Todavia, a numeração por secção, definida sem planta nem método fornece resultados com uma inverosimilhança desconcertante.

• Em 1805, o Império coloca as bases do sistema moderno assim como os princípios actualemnte em vigor. O sistema é reconhecido como sendo « útil a todos os serviços administrativos e em particular para facilitar os pagamentos das contribuições », mas também « como medida de ordem e segurança »12. Ele foi objecto de múltiplas propostas e inovações da parte da autoridade municipal e sobretudo de particulares13.

Janela 1.8 Um « projecto citadino »

Marin Kreenfeldt, encarregado de negócios do Eleitor de Cologne, redactor do Almanaque de Paris, anexa na publicação um número de identificação aos endereços já indicados pela rua. Ele solicita a colocação de números em todas as portas e ele próprio executa, à sua custa, as primeiras demonstrações; ele obtém a autorização do Prefeito da Polícia para numerar as casas do bairro da Opéra-Comique : operação algumas vezes percebida como sendo preliminar a alguma nova lei fiscal e executada em parte como tal, durante a noite. A numeração começa à esquerda pelo número 1, continua até à extremidade da rua e prossegue, de regresso, do lado direito, de modo que o primeiro e o último números estejam um em frente ao outro.

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O QUE É ENDEREÇAMENTO  E O PORQUÊ DO ENDEREÇAMENTO?   

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Figura 1.1. A história se escreve sobre as paredes de Belgrado. As inscrições mudam nas ruas de Paris.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Orientações para o endereçamento COMO IDENTIFICAR AS VIAS? A identificação das vias está muitas

vezes em conformidade com o modo de urbanização da cidade ou do bairro.

• Denominação da via. É a identificação mais « significativa » e a mais corrente, pois ela convém a todos os traçados das vias. Contudo, a escolha do nome coloca muitos problemas e esta solução é de longa implementação; ela adapta-se bem a uma urbanização lenta, que deixa às autoridades municipais o tempo de deliberar sobre a escolha do nome a atribuir.

• Numeração nas cidades « en damier ». Este sistema é o mais « neutro » do que o anterior, fácil de compreender para o citadino, pois as vias seguem a ordem dos números ou das letras que lhes são atribuídas. O capítulo 4 dá exemplos de Puebla, de Mannheim e de Washington. Poder-se-ia acrescentar a estes alguns bairros de cidades africanas (Dakar, Djibouti, Abidjan…).

• Numeração nas cidades com traçado irregular. Este sistema é frequentemente adoptado enquanto se espera pela denominação progressiva das vias. Para facilitar a localização, uma solução consiste em agrupar as vias por bairros ou zonas e a identificá-las por um número de ordem precedido por um prefixo designando o bairro ou a zona. Regra geral, as operações de endereçamento a que se faz referência neste documento adoptaram este sistema.

• Não-identificação das vias. Esta situação a que o endereçamento tenta remediar não diz respeito apenas às cidades em desenvolvimento: formas de urbanização do tipo « prédio » ou « moradia » contribuem para uma « mal identificação » ignorando o traçado das ruas, multiplicando as vias privadas e limitando a sua localização aos edifícios denominados por letras ou por números.

COMO IDENTIFICAR AS CONSTRUÇÕES ? Renunciaremos adoptar uma numeração contínua para uma rua ou para um bairro. Esta última solução adoptada em Paris aquando da Revolução, tinha provocado uma grande confusão; como vimos, ela existe no Japão e cria muita perplexidade. Qualquer solução que for adoptada, será adptada uma numeração alternada: série par de um lado, série ímpar do outro14. • Numeração sequencial. Atribui-se a série de números ímpares (1, 3, 5…)

ou pares (2, 4, 6…) aos edifícios situados em cada lada da rua. Os

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O QUE É ENDEREÇAMENTO  E O PORQUÊ DO ENDEREÇAMENTO?   

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edifícios intermediários construídos depois da numeração ostentam os prefixos bis e ter (5, 5 bis, 5 ter).

• Numeração métrica. Os números, pares e ímpares, correspondem à distância que separa a entrada do edifício do princípio da rua.

• Numeração decamétrica. A numeração é sequencial, par e ímpar como as anteriores, mas ela é feita segundo um « passo » de dez metros. Compromisso entre as duas anteriores ela apresenta a dupla vantagem da simplicidade da numeração e da estimativa da distância (capítulo 4).

O CASO DAS CIDADES EM DESENVOLVIMENTO E DAS CIDADES SUB-SAHARIANAS. Antes da independência, o poder colonial denominava geralmente as ruas do centro da cidade e contentava-se em numerar as ruas dos bairros ditos « indígenas », organizados numa base regular, (Abidjan-Treichville, Dakar-Medina…). Depois da independência, as cidades urbanizaram-se rapidamente e de modo mais ou menos anárquico. Anos depois das independências, foram raras as tentativas no sentido de continuar o sistema que prevalecia para a identificação das vias e a numeração das portas, facto que explica a situação actual.

O problema é duplo. Como actualizar o endereçamento do centro urbano (com traçado muitas vezes regular) ? Como tratar as zonas informais e as zonas de extensão urbana?

Nos centros urbanos antigos, a numeração sequencial das residências foi geralmente introduzida pelas autoridades coloniais15. Este sistema sequencial estava bem adaptado a uma urbanização controlada e lenta. A explosão demográfica urbana do período pós-independência deixou vias sem identificação e edifícios sem numeração. Na altura da independência, algumas vias foram por vezes rebaptizadas, mas com a densificação dos centros urbanos, a numeração dos edifícios perdeu muitas vezes a sua coerência. No momento duma operação de endereçamento, a questão é saber se se actualiza ou não o endereçamento do centro urbano; se sim, será que o sistema sequencial é conservado ou substituído em toda a cidade por uma numeração métrica (ou decamétrica) ? Caso o centro antigo mantenha a sua homogeneidade e a sua numeração de origem, pode ser prevista uma simples actualização, adoptando ao mesmo tempo um sistema métrico para as zonas de extensão urbana.

Nas zonas de urbanização recente, o formato urbano é seja a do loteamento cujo traçado das vias é organizado, seja a do bairro dito espontâneo ou precário, no qual o traçado é incerto e algumas vezes inexistente. Em quaisquer dos casos, geralmente, as vias não são

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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identificadas e os edifícios não possuem numeração sequencial16. A maior dificuldade em atribuir um nome às vias com rapidez (devido à necessidade de haver um grande consenso) levou a iniciar um sistema de numeração que permita identificá-las rapidamente, enquanto se aguarda pela sua denominação progressiva.

Nos recentes projectos de endereçamento da Africa Sub-Sahariana, o sistema adoptado consiste em identificar as vias dos vários bairros ou zonas com um número ordinário precedido por um prefixo que designa o bairro. Assim, no município de Matam em Conakry, o prefixo é « MA » e a décima segunda rua é numerada « rua MA.12 ». Em Ouagadougou (Burkina-Fasso) a cidade está dividida em áreas e a numeração começa pelo número da área seguido pelo número da rua. Em NDjamena (Tchad), o prefixo corresponde ao número do distrito urbano. No Senegal, no Niger e no Togo, a referência faz lembrar o nome do bairro.

Quanto às casas, a numeração métrica foi duma maneira geral adoptada por duas razões: ela lembra as distâncias e adapta-se a uma urbanização progressiva, pois a numeração pode ser feita a qualquer momento, sem que o conjunto dos edifícios tenha sido implantado.

Nos bairros espontâneos, tudo depende da atitude da autoridade que pode optar entre (a) não endereçar devido ao estatuto ou (b) pelo contrário, começar a integrar este bairro no conjunto urbano. Uma vez que a rede das vias foi mal definida, a opção consiste em precisar as rotas mais importantes e endereçá-las. Esta operação pode completar uma operação de reabilitação dos bairros precários.

Os primeiros endereçamentos na Africa Sub-Sahariana Os primeiros projectos urbanos financiados pelo Banco Mundial não abordaram o problema do endereçamento. Contudo, em 1980, uma primeira experiência envolveu o primeiro Projecto urbano do Mali, ao longo do qual foram colocadas placas de identificação das vias, como complemento das que equipavam os bairros do centro de Bamako. Nessa altura (anos 80/90), a preocupação do Governo assim como dos doadores era acima de tudo implantar os cadastros com objectivo fiscal, do qual se esperavam importantes resultados nas finanças municipais. Dentre inúmeras dificuldades que contribuiram para que se renunciasse, pelo menos provisoriamente, a estes cadastros, consta a dificuldade de identificação da matéria colectável. De facto, o sistema de cadastro define uma referência da parcela, mas ela não permite a materialização visível na via pública e, consequentemente, não permite a um simples agente de cobrança identificar uma parcela na rua, tal como ele o faz com o endereço. O aviso de cobrança poderia transitar pelas caixas postais, mas

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existem vários subterfúgios para fazer com que o aviso seja devolvido ao remetente. Neste caso, os projectos de cadastro cujo objectivo é a cobrança corre o risco de estar comprometido, caso não se defina, prioritariamente, um sistema de sinalética que permita identificar as vias e os edifícios. O mesmo problema atinge as empresas concessionárias de água e de electricidade, geralmente obrigados a definir as suas próprias numerações, algumas vezes pintadas na fachada dos edifícios e a organizar um sistema de « rondas » para depositar as facturas.

O endereçamento, como um instrumento de conhecimento e de gestão da cidade, inscreve-se na estratégia de reforço das competências municipais, adoptada pela maioria dos governos e dos doadores. Trata-se de construir uma plataforma de conhecimentos e de aplicações simples ao serviço da autarquias locais. O fracasso das operações de cadastro assim como as reformas introduzidas em matéria de fiscalidade (imposto de habitação, imposto predial único) contribuiram para acelerar o desenvolvimento das operações de endereçamento.

Foi em 1985, em Burkina-Fasso, no âmbito do 2° Projecto de Desenvolvimento Urbano financiado pelo Banco Mundial, que o conjunto das técnicas foi aperfeiçoado, mas a primeira implementação foi executada no Tchad, no quadro dum projecto da Cooperação francesa. Com este impulso, geralmente com o apoio destes dois doadores, catorze países apropriaram-se das técnicas de endereçamento e adaptaram-nas no decurso de várias experiências, que recapitulamos resumidamente.

• O Tchad (1991) foi o primeiro a realizar uma operação de

endereçamento (NDjamena) com o apoio da Cooperação francesa e da cidade de Paris .

• Burkina-Fasso (1991) estabeleceu as primeiras bases do endereçamento em Ouagadougou e em Bobo-Dioulasso, realizado com um financiamento do Banco Mundial. A aplicação mais significativa foi a união do endereço com um novo imposto, dito «imposto de habitação » .

• Os Camarões (1993) prepararam o seu projecto de endereçamento com o apoio do Banco Mundial e executaram-no com o apoio da Cooperação francesa. As operações no terreno foram, em parte, fiscalizadas por ONG.

• A Guiné (1993) lançou o endereçamento de Conakry, com o apoio do Banco Mundial, executado com diligência, por uma unidade municipal muito motivada. A aplicação mais significativa diz respeito à organização da colecta dos resíduos sólidos e o apoio à manutenção do sistema de saneamento secundário.

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• O Mali (1993) executou o endereçamento de seis cidades, dentre as quais Bamako, com o apoio do Banco Mundial e da Cooperação francesa. A implementação artesanal de placas das vias permanece uma referência, apesar de algumas imperfeições.

• O Togo (1996) lançou em simultâneo o endereçamento de Lomé e o imposto de habitação.

• Moçambique (1996) é o único país não francófono a ter levado a cabo este tipo de operação. Ele beneficiou duma assistência técnica de vários anos e do apoio da Cooperação francesa. O endereçamento foi realizado em seis cidades, dentre as quais Maputo. Foram desenvolvidas várias aplicações.

• A Mauritânia (1997) procedeu ao endereçamento de doze cidades, dentre as quais Nouakchott, com o apoio do Banco Mundial, da Cooperação francesa e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). A operação foi realizada em paralelo com uma aplicação fiscal.

• Djibouti (1998) e Congo (1999) realizaram estudos de endereçamento, que não chegaram a ser concretizados.

• O Senegal (1999) procedeu ao endereçamento de doze cidades. Esta operação, realizada no quadro do Programa de Apoio às Autarquias financiado pelo Banco Mundial e pela AFD, enquadra-se nas medidas de reforço adoptadas pelos Presidentes dos Municípios no seu « Contrato de cidade ».

• O Niger (2001) realizou o endereçamento de Niamey com o apoio da AIMF em notáveis condições de eficiência. O endereçamento de Maradi está em curso, com o apoio da Cooperação francesa (2003).

• Inicialmente, o Benin tinha adoptado um endereçamento por ilhéu (bairro, ilhéu, parcela), o qual foi seguidamente substituido por um endereçamento « via casa » no quadro do projecto Registo Predial Urbano, iniciado em 1990 em Cotonou e em Parakou, com o financiamento da Cooperação francesa. Um projecto similar foi iniciado no Rwanda.

• A Costa-do-Marfim iniciou um projecto de endereçamento, ainda limitado à sinalização das vias de Abidjan, de Abengourou e de San Pedro : financiamento nacional e da União Europria em San Pedro no âmbito do PDCC.

No total, algumas experiências constituiram referências de proa:

Burkina-Fasso pela sua anterioridade e as suas aplicações fiscais, os Camarões pelas suas modalidades de execução, a Guiné pelo endereçamento dos bairros espontâneos e pela sua rapidez na execução, Moçambique pela diversidade e pela qualidade das suas aplicações.

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O endereçamento numa perspectiva de desenvolvimento municipal O endereçamento enquadra-se num contexto de apoio ao desenvolvimento municipal do qual se podem lembrar as cinco características ou tendências principais: • Uma abordagem cada vez mais virada para a oferta de serviços

prioritários: um contexto de pressão demográfica e de recursos limitados, a tendência é de centrar-se nas necessidades prioritárias em matéria de equipamento de base e de infraestruturas e de dedicar uma atenção atenção especial aos bairros precários.

• Uma importante dimensão municipal: as autarquias locais e os gestores municipais tornaram-se os interlocutores privilegiados; esta tendência sustenta o processo de descentralização encetado de um modo mais ou menos eficiente na totalidade dos países da região e que congrega a comunidade de doadores apostados na democratização.

• Uma abordagem em binómio: finanças e urbanismo devem ser abordados em simultâneo. É o objectivo subjacente das « auditorias financeiras e urbanas » instaladas num certo número de países (Senegal, Guiné, Mauritânia, Niger, Madagáscar, Rwanda, Camarões), que permitem a hierarquização das prioridades e o seu dimensionamento em relação às capacidades financeiras dos municípios.

• Um financiamento partilhado com a devida contrapartida local. O mais embrionária que ela seja, esta contrapartida local tornou-se uma regra de jogo incontornável e um sinal da adesão dos beneficiário ao princípio do co-financiamento.

• Uma montagem institucional e financeira que tenta responsabilizar os diferentes perceiros: abordagem contratual. O exemplo do Senegal é o mais ilustrativo do mecanismo e da montagem dos contratos de cidade que definem simultâneamente o conteúdo dos Programas dos Investimentos Prioritários e os compromissos assumidos pelos municípios no âmbito do seu Programa de Desenvolvimento Municipal.

1 Lavedan P. (Prefácio de): As numerações das casas de Paris do século XV aos nossos

dias. 2 Paris tinha cerca de 300 vias em 1300, 650 em 1700, 1100 em 1800, 4300 em 1900, 5200 em

1960. 3 Os primeiros nomes das vias de Paris deveram-se, a maior parte das vezes a um hábito

proveniente de um lugar por onde tenha passado um notável, da vizinhança de um

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edifício (rua do Templo), de um conjunto de profissões (rua da vidreira), duma particularidade (rua do Abreuvoir/brevidade) e sobretudo duma insígnia (rua da Huchette). Nenhuma placa de identificação da via indicava o nome das vias. E, uma vez que as plantas não existiam, era muitas vezes necessário andar muito tempo antes de encontrar a via que se procurava.

4 Contudo, a partir do século XVII, foram dados nomes oficiais a algumas vias, em homenagem à família real ou a grandes personalidades (Colbert). Mais tarde, notou-se o paracimento de nomes de comerciantes, de almotacés, de funcionários do Conselho Municipal e em 1782, nomes de ilustres personalidades, mas mortos (Molière). Durante a Revolução, os nomes das vias celebravam as grandes ideias e os grandes homens da época. Muitas vias foram rebaptizadas: rua da Razão (ex-rua Notre-Dame), praça da Liberdade (do Oratório). O Império celebrava as suas vitórias… Desde então, as vias quase sempre ostentavam nomes de indivíduos. Segundo J.Hillairet ; op.cit.

5 Marc Voelckel (2002). O registo do nome das vias em Paris. Ruavista 6 Numeração e marcação de números : ver glossário 7 Marcel Granet (1929). A civilização chinesa. Albin michel 8 Exemplo de endereço: « Teramachi 3-2-97, isto é « bairro dos templos », terceira parte,

edifício 2-97. 9 Diz-se que esta especificidade poderá ser a consequência dum princípio mais profundo,

o que faz com que os jogos das placas tradicionais, tal como o « go » ou o « shôgi », jogam-se colocando os peões não nas casas, mas nas intersecções.

10 J. Pronteau. 1966. As marcações dos números das casas de Paris do século XV aos nossos dias.

11 Desde 1548, a monarquia preocupou-se em limitar o crescimento de Paris assim como a extensão dos seus subúrbios. Em 1724, nos subúrbios, institui-se a proibição « de construir qualquer casa com portão » e, em 1726, para facilitar o recenseamento destas casas, foi gravado um número na parte baixa de um dos seus pilares direitos. A partir de 1778, propôs-se estender o sistema às casas da cidade.

12 O entusiasmo pelo sistema é tal, que a sua implementação foi disputada entre o prefeito do Sena e o prefeito da polícia.

13 Leblond, o inventor do metro, imaginou uma numeração métrica que indicasse ao mesmo tempo o comprimento das vias (1800). Huvé propôs uma numeração decamétrica (1801). Garros, foi o primeiro a ter a ideia da numeração alternada, par de um lado, ímpar do outro (1799). Mathieu e Belu sugeriram « reunir o modo de iluminação das vias à marcação do número das casas » (1802) ; Chaderlos de Laclos, imaginou um curioso projecto de endereçamento para Paris, do qual se preservará sobretudo a ideia de determinar o sentido da numeração com base na orientação das vias em relação ao rio. Por último, os projectos mais loucos são os concernentes à revolucionária marcação de números por secções…

13 Relatório Merruau, 1862 14 Esta proposta de numeração alternada é devida ao cidadão Garros (1799), mas, numa

primeira fase, ela foi rejeitada pelo Prefeito, que a considerou « pouco útil, mas demasiado viciada na sua essência e muito incómoda na sua utilização…. »

15 Durante a colonização, notou-se a introdução do sistema decamétrico, num bairro de Bobo-Diolasso.

16 Frequentemente, existem vários números pintados nas paredes, quer pelos concessionários, quer pelos agentes do recenseamento, mas a sua disparidade apenas constitui uma referência para os os serviços que os registaram.

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Aplicações do endereçamento

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Endereçamento tem múltiplas aplicações. A primeira é de natureza geral e diz respeito à relação entre o endereçamento e a cidadania. As outras são de natureza mais prática e estabelecem a ligação entre o endereçamento e: a informação urbana, o apoio aos

serviços municipais, a fiscalidade, a questão do uso e aproveitamento, a reabilitação dos bairros precários, o apoio aos serviços oferecidos, o desenvolvimento económico.

Endereçamento e cidadania

A noção de cidade cobre dois campos conceptuais complementares, o de urbano e o de cidade: distinção clássica dos Romanos entre « urbs » e « civitas ». A área do « urbano » é o da « máquina para habitar, para produzir, para fazer intercâmbios », máquina em perpétuo desenvolvimento e em contínua mutação, a qual coloca complexos problemas de gestão, de administração; problemas temíveis nos países mais desfavorecidos, onde os recursos são frequentemente insuficientes e onde os instrumentos mais elementares são escassos. O domínio do « cívico » é o da vida colectiva, da participação do cidadão, onde é necessário um sistema, onde os meios e as responsabilidades sejam justamente distribuídos pelos níveis, onde o escalão local seja reconhecido como sendo pertinente para tratar dos problemas que lhe digam directamente respeito e seja dotado de indivíduos capazes de assumir estes poderes com rigor e competência. O escalão político, frequentemente, é apenas um escalão administrativo com meios irrisórios, e onde, algumas vezes, a cidadania quase não tem o seu lugar. A este respeito, o desenvolvimento do escalão municipal constitui um desafio realmente estratégico, uma condição « sine qua non » do domínio dos problemas urbanos.

Os primeiros projectos urbanos situaram-se principalmente no campo das « urbes », nas áreas técnico-económicas. Estes obtiveram resultados não desprezíveis, mas dos quais se conhecem os limites; estes não serão ultrapassados através duma afinação das técnicas e dos procedimentos, mas por uma abertura para o campo da « civitas », pela introdução da cidadania na problemática dos projectos e na concepção das intervenções.

No contexto das cidades dos países em desenvolvimento, e muito em particular das cidades sub-saharianas, muitas vezes a urbanização não formalizada, com vias sem nome e casas número de identificação. Alguns dirão que está a correr muito bem assim, e que as pessoas orientam-se. É verdade, na condição de precisar que as pessoas « orientam-se » no quadro de relações tradicionais, as de família

O

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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alargada, de vizinhança, de linhagem e as das relações profissionais. A ausência de ponto de referência urbano traduz e acompanha um certo nível de relações sociais. No entanto, estas relações, quer sejam de linhagem ou profissionais, têm em comum o facto de serem « não-urbanas » e de perpetuarem os sistemas societários anteriores à cidade. A falta de localização urbana permite um certo nível de urbanidade, mas bloqueia qualquer passagem à cidadania. O citadino não é um anónimo, perdido na maré urbana, simplesmente conhecido pelos seus parentes e pelos seus colegas; ele tem uma casa. Ele é contactável pelas instituições públicas, e pelas associações e, inversamente, ele pode dirigir-se aos seus concidadãos, para além das redes tradicionais e na base da pertença à mesma cidade. Não existe cidadania sem endereço; o citadino é quem pode simultaneamente dirigir-se aos seus concidadãos e receber as suas mensagens. E, para isso, é necessário um endereço.

O endereçamento é portanto o nível básico da construção da cidadania, uma condição primária para que os procedimentos cívicos possam ser implementados. Está claro que não é o endereçamento que vai desencadear estes procedimentos que se enquadram na esfera sócio-política propriamente dita, mas é uma condição técnica necessária para a passagem da urbanidade informal para a urbanidade citadina.

Se o endereçamento constutui por si só uma necessidade, ele pode ao mesmo tempo servir de base de referência para racionalizar a gestão da cidade sob os seus diversos aspectos, técnicos e financeiros. Os responsáveis urbanos estão directamente envolvidos nestas aplicações do endereçamento. Em meios com recursos limitados, a implantação de instrumentos de gestão urbana com base no endereçamento permite proceder progressivamente, garantido o domínio local do saber-fazer técnico.

O carácter progressivo da abordagem é de facto uma condição necessária para o sucesso de qualquer operação desta natureza. No passado, viram-se demasiados projectos destes, implementando as técnicas mais apuradas e os últimos programas informáticos, mas cujo funcionamento decorria apenas com assistência externa. O endereçamento não deve ser uma performance tecnológica, mas um instrumento nas mãos dos actores locais, visando elevar, por etapas, o nível básico da acção municipal.

No total, pode-se considerar que o endereçamento comporta três dimensões: • as relações inter cidadãos: elas estão na base de todo o sistema e só

podem existir com o endereçamento.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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• as relações entre os cidadãos e as instituições públicas: elas implicam uma localização de cada um e de cada actividade, tanto por motivos fiscais como políticos.

• o domínio da área urbana: o endereçamento encontra-se no arranque de uma série de aplicações que garantem uma progressão no desenvolvimento dos instrumentos de gestão.

O endereçamento tem a particularidade de constituir o nível básico comum do urbano e do citadino. Ele constitui uma condição preliminar para iniciar uma nova abordagem associando permanentemente a « urbe » e a « civitas ». A cidade é acima de tudo uma organização para viver em conjunto, para fazer intercâmbios, para comunicar, para integrar. O endereçamento é simplesmente uma das várias condições a preencher para facilitar a integração social; não é a panaceia; é apenas um instrumento dentre vários outros, mas ele situa-se num ponto crucial e, a este título, ele merece uma atenção especial.

Endereçamento e informação sobre a cidade O endereçamento, pelos inquéritos que ele exige e pelas localizações que ele fornece, constitui uma ocasião excepcional para reunir as informações que contribuirão para um melhor conhecimento da cidade. O processamento da base de dados assim constituida assim como a sua tradução cartográfica permitem evoluir rumo a um sistema de informação geográfica podendo articular-se com outros instrumentos de gestão urbana. A manutenção desta base de referência fornece simultaneamente a oportunidade para enriquecê-la progressivamente com novas informações. A gestão dos endereços é ilustrada por uma aplicação concernente à monitoria das epidemias (janela 1).

Gestão dos endereços Com vista a tirar o máximo partido do banco de dados resultante do inquérito de endereçamento, recomenda-se que se compre ou se elabore um programa informático específico de gestão de endereços, susceptível de implementar as funcionalidades clássicas duma base de dados (procura, extracção com base em critérios, cruzamento de critérios), assim como as funcionalidades próprias à dimensão espacial dos dados (procura, extracção e cruzamento de dados por território…). O programa desenvolvido para este efeito deve permitir as seguintes operações:

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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(a) Fazer extractos do ficheiro por « temas »: - com base nos tipos de ocupação, extrair separadamente ou por

grupo: as moradias ou tipos de moradia, as actividades ou os tipos de actividade, o equipamento, o equipamento urbano (fontenários, postes de iluminação…); podendo estas extracções serem realizadas por via, por bairro ou por toda a cidade;

- com base num endereço, extrair as informações associadas ao endereço, a uma via, a um bairro, a uma determinada zona;

- com base no cruzamento de dados, evidenciar características, (farmácias e médicos dum bairro …);

(b) Gravar na memória as mudanças de ocupação, para elaborar historiais e, consequentemente, observar as dinâmicas;

(c) Alterar ou registar com facilidade um novo endereço a qualquer momento;

(d) Acrescentar parâmetros livres (informações associadas ao endereço) a qualquer momento e sem limite numérico;

(e) Definir « territórios » (conjuto de endereços) à demanda e em função das necessidades;

(f) Tomar em consideração a distinção entre números de porta pares e ímpares, correspondentes aos dois lados da via;

(g) Fazer facilmente exportações e importações para outras aplicações (salubridade, equipamento, fiscalidade) ou para uma outra base;

(h) Imprimir extractos e/ou o conjunto de informações. EVOLUÇÃO PARA UM SIG. Um programa informático de gestão de

endereços foi praticamente instalado em todas as operações de endereçamento indicadas no presente manual. Ele foi algumas vezes articulado com aplicações anexas (inventário da salubridade e/ou do equipamento)1 ou evoluiu para Sistema de Informações Geográficas (Yaoundé, Douala, Nouakchott). É geralmente preferível prevêr a passagem ao SIG apenas numa segunda fase, uma vez que as equipas responsáveis pela cartografia digitalizada e pela base de dados informatizada terão adquirido o pleno e total conhecimento dos seus instrumentos. De facto, demasiado sedutor ao ver funcionar, o SIG é um instrumento potente, mas complexo, associando cartografia e base de dados relacional, dois elementos cujo bom domínio de cada uma delas requer alguns anos de experiência.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Janela 2.1 Monitoria das epidemias (Maputo em Moçambique)

O primeiro objectivo desta monitoria consiste em localizar os doentes. Uma cartografia informatizada permite identificar as zonas de concentração e de desenvolvimento da doença, mas os serviços de saúde nem sempre aceitam forenecer uma informação mais precisa, julgada confidencial. No entanto, a localização da residência dos doentes permite evidenciar os bairros de risco e, desta feita, facilitar o trabalho dos médicos e centrar as acções do município (alimentação em água potável, saneamento e drenagem, recolha do lixo, acção social...). O exemplo de Maputo é, a este título, significativo. De meados de Agosto de 1997 a finais de Abril de 1998, a cidade enfrentou uma terrível epidemia de cólera: cerca de 15 000 casos declarados, 53 bairros afectados. O Ministério da Saúde, a OMS e a Médicos Sem Fronteira (MSF) solicitaram a sua cartografia e o seu banco de dados à Célula de endereçamento de Maputo. O Ministério – com a ajuda da Célula - , empreendeu uma investigação epidemiológica a partir de Novembro de 1997. Este trabalho foi relaizado « em tempo real », semana após semana; ele contribuiu para identificar os factores de propagação e para compreender os principais motivos do início e da propagação da doença (fontes contaminadas, drenagem defeituosa, deficiente acesso aos centros de tratamento…). Os bairros mais afectados foram então sensibilizados para as questões de higiene. A realização de um conjunto de documentos cartográficos permitiu: • ajudar a MSF a programar o número decamas equipadas a colocar nos

vários bairros; • acompañar a evolução da epidemia; • apresentar a situação a vários doadores; • identificar os bairros mais sensíveis para levar a cabo acções prioritárias; • organizar a distribuição de javel e as campanhas de recolha do lixo; • analisar a qualidade da água dos poços e fontenários de alguns bairros

O Endereçamento e o apoio aos serviços municipais

O ponto anterior mostra que para além duma simples operação de sinalização, o endereço pode constituir uma sólida chave para o desenvolvimento de intrumentos de gestão municipal. Ele pode concorrer para a consolidação das « profissões » municipais nas áreas julgadas prioritárias: gestão da salubridade, manutenção do equipamento e das infraestruturas, recolha do lixo doméstico, identificação do partimónio urbano, programação dos investimentos…

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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Gestão da salubridade

A identificação das vias constitui evidentemente uma condição prévia para qualquer programa de intervenção, mas, enquanto as ruas não estiverem identificadas ela só pode ser aproximativa: é de facto difícil localizá-las e registar as suas características; no entanto, para qualquer entidade urbana, a salubridade representa um património de primeira ordem, tanto pelo capital investido como pelas somas anualmente dedicadas para a sua manutenção. Por esta razão, ela requer uma grande atenção e um acompanhamento rigoroso das autoridades e dos responsáveis técnicos municipais. A primeira etapa duma boa gestão deste património começa pela identificação da via: atribuir-lhe um nome ou, na falta deste, um número e materializá-la no local, definir o seu princípio e o seu fim, fazer a cartografia destas primeiras informações. Sem esta condição prévia, como organizar as obras de manutenção, de reabilitação ou ainda a recolha do lixo? A segunda etapa da gestão passa por uma listagem das características da via, começando pelas mais movimentadas (classificação, tráfego, dimensionamento e estado de degradação do revestimento, dos passeios e das bermas, das obras e do equipamento anexos, estado de degradação…). Uma parte dos dados é geralmente recolhida aquando duma primeira operação de endereçamento e completada posteriormente durante um inquérito específico, a renovar periodicamente, para identificar os « pontos negros » assim como as obras a realizar de emergência. A Célula de endereçamento apoia assim os serviços técnicos e o Município toma conhecimento duma área que muitas vezes ele conhece mal, apesar da importância dos recursos que ele lhe confere. Mais concretamente, as ruas são segmentadas em troços compreendidos entre cruzamentos e identificados por um número que os relaciona com o da via2. Vários programas informáticos3 permitem explorar os dados e indicar as despesas e prevêr a manutenção ou a reabilitação das vias em função da quantidade e do tipo de obras a empreender (exemplos de Douala, Yaoundé). Em Conakry, a utilização dos dados do endereçamento permitiu a instalação de programas anuais de manutenção do sistema de saneamento secundário de desentupimento de bairros.

O endereçamento encontra aqui um ponto de aplicação que ultrapassa o da gestão de endereços. As tarefas da Célula podem estender-se desde o reconhecimento da via até a recolha das suas características e a identificação das obras que nela devem ser realizadas.

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Recolha do lixo doméstico Um outro ponto de aplicação do endereçamento diz repeito à recolha do lixo. O exemplo de Conakry (Guiné) é particularmente eloquente. As autoridades locais (com o apoio do 3° Projecto Urbaino financiado pelo Banco Mundial desde 1999) decidiram enfrentar a situação particularmente preocupante, onde o lixo enchia as ruas e os passeios (janela 2).

Janela 2.2 Lixo doméstico em Conakry (Guiné)

Em Conakry, em finais dos anos 90, o problema do lixo doméstico dependia inicialmente da única competência municipal. A situação de insalubridade em que se encontrava a cidade incitou a distinguir e a dividir as várias actividades de recolha, de transporte e de tratamento dos resíduos. A recolha foi confiada às PME cujo pagamento devia ser efectuado pelos utentes. Convinha então definir com precisão as zonas de intervenção de cada interveniente e localizar os « pontos de acumulação» dos resíduos. O transporte para a lixeira assim como o processamento eram doravante assegurados pelo Serviço Público de Transferência dos Resíduos sólidos da cidade (SPTD). O segundo Projecto Urbano (PDU2), sob financiamento do Banco Mundial, acabava de realizar a sua primeira operação de endereçamento e tinha editado uma planta das ruas, que na altura era um dos raros documentoa actualizados. Esta distinguia o limite dos bairros, o que contribuiu para orientar a definição das zonas de recolha e a sua afectação entre as várias PME. O procedimento foi facilitado pela sinalização das vias e permitiu materializar melhor os limites das zonas, os circuitos da recolha assim como a implantação dos pontos de acumulação. O endereçamento participou assim de uma maneira muito positiva no lançamento duma operação, cujo sucesso incontestável foi contudo devido à acção convergente das múltiplas autoridades, operadores e doadores, que quiseram transformar radicalmente a imagem da cidade.

Este tipo de aplicação poderia integrar-se numa larga concepção dos serviços urbanos e estender-se, por exemplo, à limpeza das ruas, ou aos transportes colectivos.

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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Inventário do património municipal edificado Poucos Municípios conhecem a dimensão do seu património, ou pelo menos os bens sob a sua responsabilidade, ou então em sua posse: que infraestruturas, que edifícios, que terrenos estão envolvidos? Um primeiro inventário pode ser feito logo no primeiro inquérito de endereçamento. De facto, nele distingue-se geralmente a salubridade nacional da municipal; nota-se a quilometragem das vias por ocasião da numeração métrica das construções ; regista-se o tipo de ocupação da parcela (residência, actividade, equipamento, terreno baldio…). Caso o inquérito de endereçamento seja complementado pela identificação do « equipamento urbano » (fontenários, abrigo-autocarros, cabines telefónicas…), ou através de inquéritos específicos sobre o sistema de saneamento ou os equipamentos, por simples explorações do ficheiro que permitam constituir uma base de inventário patrimonial. Este pode ser completado precisando as condições de propriedade de um determinado equipamento ou terreno e por estimativas do seu valor e dos seus custos de manutenção. O valor do património pode ser estimado com base nas quantias e nos custos unitários do investimento (m2 construido, por exemplo) e o montante da manutenção anual pode ser considerado como sendo uma percentagem do montante do investimento. Um complemento de informação sobre o estado de degradaçao das obras permite apreciar mais correctamente o valor residual do património e de afinar as estimativas para a sua manutenção. Trata-se de cálculos simples ao alcance da Célula de endereçamento e/ou dos serviços técnicos municipais. Este tipo de cálculo foi feito por consultores locais no âmbito « de auditorias urbanas » (janela 3)

Apoio na programação dos investimentos

Dispôr de informações sobre a cidade constitui uma necessidade para os Municípios que devem programar os seus investimentos. O que devem eles financiar prioritariamente? A resposta a estas perguntas requer um conhecimento da situação prevalecente, a qual permite destacar as necessidades. A exploração do ficheiro de endereçamento pode fornecer informações por bairro sobre a população, as infraestruturas e o equipamento. Dispõe-se assim de elementos úteis na implementação do Inventário para a Programação das Infraestruturas e do Equipamento (IPIE). Este instrumento é uma ajuda para a decisão, cujo objectivo é o de facilitar o enquadramento das intervenções urbanas e identificar as prioridades: trata-se duma aplicação simples que na base de indicadores

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e de « scores », visualiza o nível de aprovisionamento de serviços às populações e permite definir uma classificação dos bairros e de propôr para estes acções prioritárias e acções por tipo de equipamento4 (janela 3).

Janela 2.3 Inventário e avaliação do património edificado

(Senegal e Guiné) No âmbito do Programa de apoio ao Municípios do Senegal (PAC), financiado pelo Banco Mundial com um co-financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento, foram feitas « auditorias urbanas » para cada comuna. O objectivo era o de avaliar as necessidades da cidade e de chegar a um programa de acções prioritárias a serem financiadas pelo PAC. Estas « auditorias » englobavam uma avaliação sumária do património municipal, o património cuja manutenção depende do Município: infraestruturas de salubridade e de drenagem, equipamento administrativo, colectivo e dos mercados. O simples recenseamento do património e a avaliação do seu estado orienta em grande medida a programação das obras de reabilitação e de manutenção a levar a cabo. Por outro lado, o presente recenseamento completa o Inventário para a Programação das Infraestruturas e do Equipamento (IPIE) estabelecido no quadro de « auditorias ». Este tipo de investigação foi conduzido não somente no Senegal, mas igualmente na Guiné, no decurso da execução do PDU3, na Mauritânia, no Niger, nos Camarões, no Rwanda... Em qualquer dos casos, as « auditorias » foram preparadas por consultores locais, os quais regra geral realizaram o exercício, com sucesso.

O Endereçamento e a fiscalidade

Os projectos de endereçamento enquadram-se geralmente nos seus objectivos, uma « contribuição ao melhoramento da mobilização dos recursos fiscais ». Veremos a seguir a maneira como eles podem participar no melhoramento das performances da fiscalidade existente e na reforma da fiscalidade predial.

Melhoramento das performances da fiscalidade existente Uma das primeiras « consequências » da exploração do ficheiro de endereçamento é a extração da lista de actividades, lista geralmente mais completa que a dos serviços fiscais: facto que reflete a importância da população não abrangida pelo imposto. A aproximação dos dados do endereçamento com os dos serviços fiscais é a questão central.

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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No âmbito do Programa de Apoio aos Municípios Senegaleses, financiado pelo Banco Mundial, uma experiência significativa arrancou no Senegal (em Thiès e Kaolack) com os « registos fiscais ». O procedimento foi realizado sob supervisão do Serviço dos Impostos. Ele consiste em aproximar ficheiro de endereçamento e funções, com vista a constituir um « registo fiscal », documento que correponde às funções completadas por endereços5.

Janela 2.4 O desenvolvimento dos registos fiscais (Senegal) O objectivo perseguido é triplo: • Avaliar a importância das populações não tributável comparando os

ficheiros de endereçamento e as funções, • Integrar o endereço nas funções e nos avisos de cobrança como dado de

identificação do contribuinte e da matéria colectável, • Apoiar os serviços do fisco e da cobrança na colecta de informações sobre

a população até então não tributada e, na sua reflexão sobre a estratégia a desenvolver para adequar o regime de tributação e as realidade económicas (pobreza urbana).

Concretamente, a operação decorre de acordo com as seguintes etapas: (a) Diagnóstico das performances do registo e da cobrança da patente e do

imposto predial sobre as propriedades construidas (destaque do número de contribuintes recenseados, dos montantes tributados, etc.);

(b) Reajuste informático entre o ficheiro dos endereços e as funções tributáveis pela Patente e/ou pela Contribuição predial sobre as propriedades construidas (este reajuste pressupõe que a ligação possa ser rapidamente estabelecida entre os dois ficheiros, quer através da utilização das referências do cadastro ou das referências utilizadas aquando da elaboração das plantas de loteamento, quer de forma aleatória, com base nos nomes constantes nas funções de fiscalidade e acrescidas ao ficheiro de endereçamento);

(c) Inserção do endereço nas funções e avisos de tributação; (d) Localização dos endereços não recenseados (locais profissionais, locais de

habitação, locais mistos); (e) Inquéritos complementares no terreno; (f) Elaboração de um registo do conjunto dos contribuintes; (g) Cálculo dos impostos e definição das funções ou de matrizes para a

cobrança via pagamento por antecipação.

Com a presente aproximação, os serviços fiscais podem avaliar o

desempenho das operações de registo e de cobrança. Paralelamente, a utilização de documentos e da sinalética de endereçamento facilita a localização « in situ » dos contribuintes. Normalmente, ela é feita com

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plantas de cadastro e plantas de loteamentos por vezes mal informados e requer a intervenção de pessoal especializado, uma vez que a localização é sempre difícil com estes documentos: as vias não estão identificadas, as referências das parcelas não têm relação com o endereço e não constam na façada das construções. A utilização do endereçamento nos « registos fiscais » constitui portanto uma etapa importante para a cobrança da matéria colectável (cf. Anexo 1. Termos de referência).

Dificuldades e lições

Contudo, estas tentativas enfrentam dificuldades de aplicação que se prendem com: • problemas logísticos: a indigência dos meios de funcionamento das

daministrações fiscais não os prepara para operar num campo cuja população é mais ampla;

• desentendimentos quanto aos meios e procedimentos a implantar: preferência, muitas vezes sustentada pelo FMI, pelos segmentos de contribuintes com forte potencial (por exemplo : Unidade de grandes empresas), fraco contributo da fiscalidade local em relação ao IVA ou à fiscalidade nacional; reticências dos defensores dos cadastros;

• questões legais e institucionais: difícil colaboração entre os serviços fiscais centrais e as autarquias locais no sentido de instalar uma matrriz fiscal. A utilidade do endereçamento para as administrações fiscais revela-se contudo incontestável, mas recomenda-se a avaliação prévia das potencialidades e das modalidades técnicas de articulação com os métodos destas administrações. Quanto ao Município, ele deve reforçar a sua aproximação junto da administração fiscal, com vista a antecipar sobre as aplicação que deve criar, apesar destas parecerem distantes no tempo. Esta precaução permite:

• por um lado, intensificar o diálogo com uma administração central que normalmente tem pouco contacto com o Município e criar desta feita um clima de confiança entre os dois parceiros (na maioria dos casos, as operações de endereçamento mobilizaram um Comité de pilotagem técnico no qual é normal associar a administração dos Impostos e do Tesouro);

• por outro lado, identificar os elementos cuja introdução nos inquéritos de endereçamento é necessária para facilitar a aproximação funções / ficheiro de endereçamento; seria de facto uma pena ter de relançar um inquérito fiscal depois da operação de endereçamento para identificar os endereços dos contribuintes (na operação de

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endereçamento6recomenda-se a mobilização do pessoal dos serviços de cadastro).

Janela 2.5 Participação da administração fiscal nos inquéritos de endereçamento (Niger)

A cidade de Niamey, responsável pela operação de endereçamento (financiada com o apoio da AIMF), criou equipas mistas, reunindo agentes municipais, um agente da empresa de águas (SEEN), um agente da empresa de electricidade (NIGELEC) e um agente do cadastro. O agente do cadastro desloca-se com as plantas da zona por endereçar. Cada número de rua e de porta é inscrito a lápis na planta de cadastro (papel). Do mesmo modo, o chefe da equipa completa cada número de porta inscrito nas fichas de inquérito com a referência de cadastro da parcela. A aproximação dos dois ficheiros é, deste modo, operada em tempo real. Nos casos em que a zona endereçada não tenha sido cadastrada, o documento utilizado é frequentemente a planta de loteamento, igualmente em poder dos agentes do cadastro e da cidade. Esta dupla codificação endereçamento-cadastro permite preparar o ajuste do ficheiro de endereçamento aos outros ficheiros em poder da Administração e dos concessionários.

Partilha de dados « actividades » do endereçamento com os serviços dos Impostos e do Tesouro (Burkina-Faso)

O programa informático dos endereços foi implantado nos serviços fiscais e foi criada uma modalidade de transferência (importação-exportação de dados) para facilitar as actualizações dependentes dos serviços técnicos municipais. A informação é transmitida aos diferentes serviços, os quais parametrizam os seus programas informáticos com vista a responder às suas próprias necessidades (informações complementares associadas a cada endereço...).

Os serviços fiscais declararam-se interessados pela identificação das actividades na via pública e previram utilizar o mesmo sistema do endereçamento das portas para localizar este tipo de instalações.

O endereçamento e a reforma da fiscalidade predial Tendo alguns projectos de desenvolvimento urbano da Africa francófona uma componente de endereçamento, estes constituem uma oportunidade para rever o sistema da fiscalidade municipal, em particular a fiscalidade predial, no sentido de adaptá-la às realidades locais. Regra geral, o imposto predial é pouco rentável devido a uma fraca vontade política

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para implementá-lo, uma falta de incentivo dos serviços fiscais no sentido de colectar um imposto em benefício da municipalidade, uma inadaptação dos textos que datam da colonização, uma política de isenções fiscais... Estes projectos constituiram a oportunidade para demarcar uma fiscalidade predial baseada na noção de propriedade e utilizando o complexo procedimento de valores locativos: fiscalidade das propriedades construidas e não construidas, mal adaptada à situação sócio-económica das populações contribuintes e à capacidade de gestão administrativa dos serviços fiscais. • O desfazamento entre os objectivos da fiscalidade predial clássica e a

situação sócio-económica das populações contribuintes aparece duplamente. Por um lado, a propriedade é dificilmente considerada como sendo a base da fiscalidade predial directa, onde os títulos apenas são entregues com parcimónia e onde as populações evoluem sem documento predial; esta fiscalidade é portanto mal compreendida; por outro lado, a distinção proprietário / locatário / ocupante é muitas vezes demasiado difícil. Por outro lado, a fraca capacidade contributiva das populações e o valor objectivamente baixo dos lugares, conduzem a fixar os levantamentos de dinheiro antecipados em montantes frequentemente demasiado baixos, para garantir a rentabilidade duma operação clássica de avaliação e de colecta, forçosamente pesada.

• A gestão duma fiscalidade predial directa fracassa na complexidade do procedimento de avaliação dos valores locativos ou comerciais num contexto marcado pela ausência de mercado imobiliário formal e algumas vezes na insuficiência de meios das administrações (informática, deslocações…).

Concretamente, isto traduz-se por disfuncionamentos: falta de

fiabilidade das avaliações, frequente recusa de pagar o imposto, debilidade da matéria efectivamente colectada, manutenção da complexidade dos procedimentos entre a matéria colectável e a cobrança…

Para ultrapassar estas dificuldades, procurou-se simplificar os mecanismos e a distanciar-se dum imposto baseado na avaliação do valor. A tributação predial operando-se com base na ocupação e não na propriedade, evita-se assim relacionar o imposto com o estatuto predial e considera-se que qualquer citadino (proprietário, locatário…) « consome » serviços urbanos deve portanto, a este título, contribuir para as despesas da cidade. Assim, em vez de prevêr uma gestão pesada e complexa em conformidade com textos algumas vezes desusados e de

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difícil aplicação, orienta-se assim para uma simplificação dos textos, em prol duma gestão mais adaptada às capacidades e aos meios existentes.

De facto, os exemplos de evolução rumo a uma outra forma de fiscalidade ainda não são frequentes na Africa francófona. Registam-se os de Burkina-Faso, do Togo e do Mali, conduzidos em paralelo com operações de endereçamento, no quadro de projectos de desenvolvimento urbano financiados pelo Banco Mundial. Os endereçamentos de Ouagadougou, de Bobo-Dioulasso e de Lomé foram acompanhados pela criação dum imposto local cobrindo o conjuto das residências quaisquer que fossem, numa base simplificada e mais em conformidade com a capacidade contributiva dos lares. Este « imposto de residência » inspirou-se em parte, do imposto urbano marroquino e do antigo imposto locativo tunisino.

No total, uma avaliação do imposto baseada num sistema de tabela simples e a utilização dum ficheiro de endereçamento, permitiu simplificar uma parte do procedimento; a questão da cobrança e da liquidação coloca-se ainda, em grande medida, de forma global: de facto, a simplificação do procedimento de avaliação e a utilização do endereçamento conduziram a um aumento significativo das listagens e, consequentemente, das cobrança a efectuar.

O endereçamento e a questão predial Os « projectos cadastro » em Africa, financiados pelo Banco Mundial nos anos 80 não tiveram o sucesso esperado. A complexidade assim como a dimensão do problema a resolver, a importância dos recursos a mobilizar, a necessidade duma monitoria quotidiana, o número insuficiente de competências locais, contribuiram para o abandono dos projectos, os quais exigem um esforço bastante aturado. Por outro lado, podia-se nalguns casos duvidar da abordagem adoptada, descobrindo que um dos principais obstáculos para a gestão do imposto predial, para o qual o cadastro contribuiu a instalar era a falta de endereços: o envio normal da correspondência através da caixa postal revela-se ser um sistema pouco fiável, caso se pretenda que o destinatário assine, por exemplo, um « acusado de recepção » duma carta oficial, e principalmente dum « aviso de cobrança ». Neste caso, compreende-se o interesse dedicado aos projectos de endereçamento, os quais « começavam pelo princípio », produziam rapidamente resultados visíveis, dependiam da competência do Presidente do Município e mobilizavam compteência locais com facilidade, por custos em nada comparáveis aos de um projecto-cadastro.

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O interesse por projectos desta natureza levou a pensar que havia « concorrência » entre cadastro e endereçamento, enquanto se deve mais falar de « complementaridade » entre os dois instrumentos. Para evitar este tipo de confusões, resumiremos sucintamente, em primeiro lugar, as suas respectivas particularidades, e a seguir proporemos algumas orientações para a sua utilização.

Cadastro e endereçamento

A diversidade de cadastros e de experiências de endereçamento apenas permite que se estabeleçam comparações simplistas esquematizadas no quadro a seguir. Os dois instrumentos englobam a elaboração duma documentação gráfica (plantas de cadastro, plantas de endereçamento) e duma documentação literal (registos, ficheiros).

O ENDEREÇAMENTO é um « método de identificação das vias e dos edifícios, visando facilitar a localização das construções, graças a uma sinalética (placas de identificação da via e numeração das entradas), uma representação planimétrica dos quarteirões e um ficheiro de endereços ». O CADASTRO é um « inventário exaustivo e permanente, descritivo e de avaliação da propriedade predial. Ele engloba um conjunto de documentos onde estão registados o atalhoamento dum território em propriedades assim como o nome dos proprietários das várias parcelas. A presente definição está na origem de duas « aplicações » ou interpretações: (a) Cadastro fiscal : o objectivo é a descrição da matéria colectável do imposto predial e servir de base para a avaliação do valor da propriedade; (b) Cadastro legal : o objectivo é a definição dos direitos de propriedade inerentes à parcela. Os dados registados definem com exactidão os limites da propriedade e servem ao mesmo tempo para assegurar esta propriedade e para anular o imposto7.

O Cadastro e a propriedade predial na Africa francófona

Na maioria dos países da Africa francófona8, a maior função do cadastro é o reconhecimento e a delimitação dos terrenos com vista à sua separação do sector público e sua propriação privada. « A população não goza de nenhum direito sobre a terra, para além dos que lhes são conferidos pelo Estado. No lugar de ter uma propriedade gerida « por baixo », com base por um lado na prescrição (uma ocupação de facto tranquila transforma-se, depois da data limite de prescrição, em propriedade de direito) e, por outro lado, com base no comprovativo da data da aquisição (junto dum antigo proprietário para o qual a prescrição

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já tinha expirado), a propriedade é gerida « por cima », isto é pelo Estado, o qual se declara primeiro proprietário do território e concede títulos de propriedade de forma soberana, destacando os terrenos sob sua jurisdição ». O Estado só atribui a propriedade depois de um longo processo, pesado, dispendioso, opaco e ineficiente, pois ele apenas traduz-se na concessão de uma centena de títulos de propriedade definitivos por ano, enquanto que paralelamente, milhares de construções são erguidas sem licença de construção e fora de todo o âmbito legal de uso e aproveitamento da terra, na mais total insegurança jurídica.

Num caso idêntico, o cadastro tem uma dimensão limitada e convém buscar soluções susceptíveis de melhorar a situação, recorrendo para o efeito aos técnicos de endereçamento. Serão evocadas quatro opções: reformar o cadastro existente, completá-lo com dados de endereçamento, rever a tributação predial, renovar o endereçamento nos bairros precários.

Opções para melhorar a situação RÉFORMAR O CADASTRO?

Com vista a fazer face à situação anteriormente descrita, a reforma do sistema de uso e aproveitamento da terra aparece como sendo preliminar ao do cadastro. Uma proposta seria a de se proceder como segue9 : a atribuição da propriedade não seria mais a recompensa obtida na sequência dum longo percurso de obstáculos, mas a transformação rápida ds situações « de facto » em situações « de direito ». Ela não seria mais um direito, mas um encargo, o de pagar o imposto (este último seria anual10, o que permitiria manter actualizada a lista de proprietários). Justificar-se-ia deste modo uma simplificação radical do procedimento de reconhecimento da propriedade, o qual far-se-ia doravante numa única fase (eliminação do conceito de valorização do terreno). A atribuição dum terreno far-se-ia imediatamente com plena propriedade e seria acompanhada do seu registo no livro predial11; ela abriria, de imediato, a obrigatoriedade de pagar o imposto e o direito de liberdade de venda. Uma operação de endereçamento, lançada em paralelo com a reforma, facilitaria o encaminhamento do aviso de cobrança12. Uma reforma desta natureza não se realiza sem dificuldades. Conduzida no âmbito dum projecto com financiamento externo, ela pressupõe que o doador não se limite a apoiar apenas as simples soluções técnicas, mas uma mudança radical de propriedade. Por outro lado, as administrações envolvidas têm conhecimento dos ganhos que tiram e que

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podem tirar do processo de instauração da propriedade feito por elas e são reticentes em relação a qualquer mudança do statu quo. COMPLÉTAR O CADASTRO COM OS DADOS DO ENDEREÇAMENTO Caso uma reforma desta natureza se revele demasiado ambiciosa, pode-se cingir num programa menos radical e completar os dados registados pelo serviço de cadastro com os do endereçamento. De facto, caso a identificação das parcela pelos agentes do cadastro não coloque dificuldades aos homens de terreno habituados à leitura de mapas, o mesmo não acontece com os agentes dos Impostos e do Tesouro encarregues da fiscalização e da cobrança, tal como se viu anteriormente a propósito dos « registos fiscais ». No seu conjunto, a intervenção teria um aspecto duplo: (a) incorporar os endereços nos dados do cadstro, (b) definir a correspondência entre endereços e referências de cadastro para as parcelas deles desprovidas.

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Quadro 2.1 Cadastro e endereçamento: elementos de comparação

Cadastro Endereçamento Definição « Inventário geral dos edifícios construidos num território

municipal, individualizados na sua consistência, graças a uma representação planimétrica parcelar, na sua utilidade económica (rendimento) e na sua pertença, com vista a fornecer à administração uma estimativa suficientemente exacta para dividir equitativamente os impostos sobre a propriedade de terra ».

Método de identificação pública das vias (das suas dependências) e dos edifícios, com vista a facilitar a localização das construções dentro da cidade, graças a uma sinalética, uma representação planimétrica dos quarteirões e um ficheiro de endereços.

Em matéria de localização Vias/ espaço público

O cadastro não procura identificar as vias (espaço público) ; ele interessa-se pelos bens (espaço privado).

O endereçamento define o endereço em relação à via, existe portanto identificação de todas as vias e ourtos espaços públicos

Parcelas Todas as parcela são identificads por um número ("referência decadastro"), e cartografadas com precisão (superfície)

O endereçamento não identifica parcelas, mas apenas as « entradas »

Objectos urbanos

O cadastro não se preocupa com a localização dos objectos urbanos (fontenários…)

O endereçamento localiza o equipamento urbano, ao qual atribui um endereço. Esta operação nem sempre é sistematicamente realizada aquando da primeira fase da intervenção.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Em matéria de cartografia Planta O cadastro elabora uma série de « mapas » entre 1/500 e

1/2000 com indicação do edificado, das parcelas e das referências de cadastro (não utilizáveis para situar-se, por não possuir indicações externas, a menos que se seja geómetro) Documento não divulgado ao público.

O endereçamento define uma planta da cidade em 1/10 000 com indicação: de nomes e/ou números das vias; da numeração das entradas de alguns edifícios; das divisões de endereçamento; do equipamento. Documento amplamente divulgado junto das administrações e do público em geral.

Materialização no terreno

O cadastro não coloca nem placas de identificação das vias, nem número do edifício e apenas utiliza o endereço que esteja eventualmente disponível.

O endereçamento materializa a identificação das vias (nomes ou números) e das construções, através de palcas e de números de porta.

Ficheiro/ registo

Um registo dos coupantes, do conteúdo da parcela assim como dos direitos lhe são adstritos, é definido em paralelo à planta;

O ficheiro de endereçamento contém um número restrito de informações: identificação da via; número da construção; ocupação (tipo de habitação ou designação da actividade) ; eventualmente, referências de cadastro e números dos contadores de água e de electricidade.

Registo da propriedade

O cadastro não garante sistematicamente a propriedade (caso do cadastro fiscal)

O endereçamento em nada define a propriedade. Ele pode contribuir para confirmar os direitos de ocupação nos bairros precários

38 O EN

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO

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Cadastro Endereçamento

Informações disponíveis sobre as parcelas e as contruções Actividdae económica

O cadastro não indica o tipo de actividade, mas recolhe as informações que poderão contribuir para definir o valor do bem.

O endereçamento indica o tipo de actividade caso o endereço corresponda à actividade.

Consistência O cadastro fornece descrições precisas: superfície, número do documento, valor predial…

O ficheiro de endereçamento ilustra muitas vezes o que se pode ver na parcela ou na construção, a partir da via.

Pertença O cadastro indica o(s) nome(s) do proprietário e-ou dos proprietários de direito.

O ficheiro de endereçamento não confirma o nome do ocupante nem do proprietário. Ele não fornece necessariamente o nome dos ocupantes

Implementação A implementação do cadastro dura anos. A actualização é quotidiana, principalmente devido às mutações (em França, o cadastro foi refeito 3 vezes).

A operação de endereçamento dura geralmente um ano. A actualização é feita nos casos em que uma organização ad hoc (municipal) a toma por sua conta.

Aplicação fiscal O cadastro não resulta obrigatoriamente numa aplicação fiscal, mas na maioria dos casos contribui para ela.

O endereçamento n~ao tem uma aplicação fiscal directa, mas o seu ficheiro de endereços favorece, regra geral, as cobranças (entrega dos « avisos de cobrança » aos destinatários).

Custos A criação dum cadastro nacional é dificilmente mensurável: na ordem dos $100 000 000 (com base em referências de projectos do Banco Mundial)

A implantação do endereçamento numa grande cidade é da ordem dos $200 000

Pessoal A implantação e a manutenção requerem um importante quadro de pessoal e altamente qualificado.

A sua implantação e manutenção requerem apenas um ou dois quadros qualificados.

APLIC

AÇÕES  D

O EN

DEREÇ

AM

ENTO

39

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40 O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

Figura 2.1. Catastro e endereçamento

Mapa 24

Quarteirão B

1 2 3 4 5 6

Exemplo de Referências de cadastro: 24 B 01 A primeira parcela indentifica-se através de

24 (mapa) B (quarteirão) 01(n° ordem) O cadastro com finalidade fiscal interessa-se ao « espaço privado » (amarelo) e

ao conteúdo detalhado das parcelas para definir o seu valor

Endereço 47 rua Antoine de Pluvinel

O endereçamento interessa-se ao « espaço público » (amarelo) e à

identificação visível dos endereços a partir da via

Rua A. de Pluvinel 47

Endereçamento

Cadastro

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO                               41 

O ENDEREÇAMENTO E O IMPOSTO PREDIAL Este tema abordado na secção anterior revela que uma

documentação de cadastro fraca, por vezes quase inexistente e geralmente não actualizada, não impede a implementação de formas originais de imposto predial, para as quais o endereçamento dá um contributo fundamental: o imposto de residência13 em Burkina-Faso. A inovação consiste em por um lado fazer com que o citadino participe nas despesas da cidade (e não mais cobrar o imposto duma propriedade, muitas vezes não registada) e, por outro lado, procurar soluções de implementação simples14. O que não significa de modo algum que todos os problemas estejam resolvidos.

O endereçamento e a reabilitação dos bairros precários

No contexto acima descrito, o registo de cadastro envolve geralmente menos de 10 % da população, apesar de o crescimento urbano ocorrer principalmente em situação informal. As tentativas de regularização predial (concepção de títulos de uso e aproveitamento da terra) que estiveram no centro de um grande número de programas de reabilitação dos bairros desfavorecidos revelaramse pouco eficientes em relação à dimensão do problema. O endereçamento dos bairros « precários » ou irregulares apresenta uma alternativa, mesmo que ele continue na prática a ser uma operação difícil, de facto: • o estatuto dos bairros é muitas vezes reputado ilegal e as autoridades

temem que o endereçamento seja o pretexto duma regularização da facto;

• pois o traçado das vias é muitas vezes incerto, até mesmo inexistente; • o endereçamento dos bairros estruturados foi sempre julgado

prioritário e constitui geralmente uma operação de grande envergadura, de tal modo que algumas vezes se trata de realizá-la por fases com vista a torná-la realizável; neste caso, os bairros precários são frequentemente ignorados.

Esta atitude de reserva em relação aos bairros precários, por mais compreensível que seja, deve ser revista, pois ela contribui para prolongar a marginalização das populações envolvidas. De facto, o endereçamento não significa, por natureza, a mudança das condições de vida das populações, mas ele pode contribuir para enquadrar melhor estes bairros na cidade conferindo-lhes um melhor « direito de

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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cidadania ». O endereçamento pode resultar assim num modo de « regularização colectiva» do bairro, sem dúvida modesta, mas cujos resultados são frequentemente mais imediatos dos que são esperados dos projectos difíceis e lentos para « regularização do uso e aproveitamento ». O objectivo é essencialmente o de identificar as provas da implantação das populações envolvidas, agindo uma prescrição que as faça passar dum estatuto precário não reconhecido para um direito de ocupação. Os resultados das investigações não se deveria limitar no ficheiro de endereçamento, mas deviam ser registados no seio da administração, no sentido de afirmar a sua credibilidade. Não se trataria contudo de incorporá-lo no cadastro, facto que sem dúvida representaria um obstáculo quase que intransponível, mas tratar-se-ia de, eventualmente, fazer um registo paralelo acessível a quem de direito e portanto localizado num serviço desconcentrado.

Distinguir-se-ão dois casos, consoante se conduza uma acção de

monitoria duma reabilitação ou se tome uma iniciativa de integrá-la num projecto de endereçamento. Em ambos os casos, o endereçamento é uma alternativa à regularização dos direitos de propriedade, que conheceu muitos fracassos no continente africano.

MONITORIA DUMA OPERAÇÃO DE REABILITAÇÃO. Neste caso, o bairro precário é objecto de projectos de melhoramento ou de reabilitação: recomenda-se igualmente que o endereçamento acompanhe e complete a intervenção para contribuir na atribuição de um direito de cidadania ao bairro. Contudo, caso o endereçamento se revele difícil de implementar, pode-se, numa primeira fase, limitar-se na simples sinalização das vias reabilitadas; o complemento da operação será feito numa segunda fase.

INTÉGRAÇÃO NUM PROJECTO DE ENDEREÇAMENTO. Neste caso, não existem obras previstas para o bairro, mas prepara-se uma operação de endereçamento para a cidade. A iniciativa consiste em integrar o bairro como um bairro a endereçar, velando por enquadrar nele as acções a empreender: • Caso o traçado do bairro seja regular ou caso o ascendente das

principais vias rotas permita uma circulação automóvel, sinalizam-se pelo menos as principais vias de acesso;

• Caso o traçado do bairro seja irregular e as rotas imprecisas, o caminho a seguir é o seguinte: (a) definir, em concertação com os residentes, as rotas que dividem o bairro em zonas de 5 a 10 hectares, com ascendente suficiente para a recepção posterior de viaturas de serviço (carroças, ambulância…) ; (b) sinalizar estas rotas.

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO                               43 

Figura 2.2. Endereçamento de bairros não atendidos

QUE INOVAÇÕES? Em qualquer dos casos, a apropriação do

endereçamento pelos residentes é fundamental e passa pela sua participação na denominação das vias. Por mais modestas que estas intervenções pareçam, a sua dimensão não deve ser subestimada. Elas contribuem para descongestionar e integrar progressivamente os bairros na cidade, os bairros que geralmente são marginalizados.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

44

Como se trata de conformar a segurança do uso e aproveitamento dos residentes acumulando provas da sua instalação no bairro, será sem dúvida necessário inovar quanto às habituais técnicas de endereçamento : • A utilização do GPS deveria permitir a localização das rotas ou das

casas, num tecido urbano desordenado. • O conteúdo do ficheiro de endereços deveria ser adaptado:

paradoxalmente, deverá ser registado um maior número de informações que num bairro organizado: nome dos casais, elementos comprovando a presença do casal (factura de electricidade, recibo fiscal), números inscritos nas casas (recenseamento, concessionário…).

• O processamento das informações poderia também provocar inovações. A título de exemplo, parece importante insistir sobre a vulnerabilidade de alguns grupos particularmente desfavorecidos, pode revelar-se mais útil documentar a situação destes grupos do que a dos casais considerados à parte.

O endereçamento e os serviços ofrecidos

A utilização do endereçamento para os serviços a oferecer e os serviços de proximidade constitui uma palicação cada vez mais corrente.

Serviços concedidos A apropriação do endereçamento pelos concessionários dos serviços urbanos (água e electricidade) é muitas vezes positiva: • representantes dos concessionários acompanham frequentemente a

implementação dos inquéritos e da numeração das construções: a esta operação, eles estabelecem a « tabela de correspondência», entre o endereço e o número de contadores (Tchad, Moçambique);

• os concessionários exigem dos futuros assinantes a indicação do seu endereço (Burkina-Faso onde a edição da planta de endereçamento constituiu uma etapa significativa no processo);

• estabelece-se uma verdadeira colaboração entre a Célula de endereçamento e os serviços de água, cujos ficheiros adoptaram o endereço como identificador chave (Moçambique);

• certos concessionários por vezes « endereçaram » o seu equipamento (postes, transformadores, fontenários), para facilitar a sua localização e manutenção;

Todavia, certos concessionários por vezes assinalam as suas reticências: • eles já definiram o seu próprio sistema de referência e já

cartografaram as redes e os assinantes (algumas vezes no SIG); eles

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO                               45 

criaram sistemas « voltas » para visitar os seus assinantes e eles julgam então redundante introduzir o endereço;

• eles necessitam do endereçamento, mas ficam por vezes desapontados quando a experiência para e não se prolonga nos bairros novos. Acontece que eles próprios têm de realizar a extensão do endereçamento numa lógica por vezes diferente da do endereçamento existente (Bamako).

De qualquer modo, o lançamento duma operação de endereçamento deve realizar-se com base numa concertação prévia com os concessionários, com vista a informá-los sobre os benefícios e os desafios que lhes digam respeito.

Janela 2. 6 O endereçamento e os serviços concedidos (Moçambique)

Os serviços da Aguas de Moçambique (ADM) acompanharam os trabalhos de endereçamento em Maputo e em quatro outrsa cidades. Elas puderam assim actualizar o seu próprio ficheiro assim como o recenseamento das suas redes (resultado bastante satisfatório para Maputo). A ADM tirou várias vantagens desta colaboração: • ela tem agora um identificativo único para os seus assinantes, o endereço; • ela está em condições para actualizar os seus ficheiros e melhorar a sua

gestão; • ela dispõe doravante de ferramentas que facilitam as suas intervenções nas

redes (reparações, extensões) e que permitem regularizar as ligações mal identificadas;

• ela completa a sua base cartográfica com base nas informações gráficas do endereçamento (localização dos fontenários, por exemplo), facto que lhe facilita a implantação dum futuro SIG.

Finalmente, um acordo de troca de informações preparado entre o Município e a ADM visa definir as interfaces entre o endereçamento e o sistema de gestão comercial do concessionário.

Melhoramento dos serviços de proximidade e o caso dos Correios Dentre as plicações directas do endereçamento, cita-se geralmente a

acção dos serviços de urgência (bombeiros, polícia, ambulâncias…) para os quais o endereçamento, a sua indexação e o seu ficheiro reduzem os

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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períodos de intervenção. Podem igualmente ser citados vários outros serviços de proximidade: taxis, entregas a domicílio, correio. Mas, a este respeito, pode-se interrogar o facto de a distribuição do correio não ter sido apresentada como sendo o serviço para o qual o endereçamento deveria ter um dos impactos mais importantes, mesmo que nenhuma experiência significativa tenha sido ensaiada neste sector; aquando da primeira operação, alguns doadores falavam de « endereçamento postal ».

Esta atitude de reserva tem o seu fundamento. Insistir na articulação « endereçamento-distribuição do correio » dava a entender que uma vez o endereçamento instalado, os serviços do Correio poderiam, muito rapidamente, distribuir o correio para cada endereço. Ora, vários países funcionam com o sistema de caixa postal ou de posta-restante, sistema que à partida é menos eficiente mas mais económico que a distribuição « porta-a-porta ». Os encargos são de facto repartidos entre o Correio, que junta a correspondência no edifício das caixas postais, e o utente que vem levantar a sua.

Eis a razão pela qual os méritos do endereçamento para o encaminhamento da correspondência só foram desenvolvidos com a anuência dos responsáveis do Correio. Dito isto, de alguns anos para cá, estão a desenvolver-se serviços privados de correio rápido e esta nova demanda incita a reexaminar esta atitude de prudência15, tanto mais que nalguns países, como Moçambique ou Senegal procuram utilizar os recuirsos do endereçamento para melhorar a distribuição da correspondência: foi assinado um acordo entre os « Correios de Moçambique », para definir as condições de colaboração entre o Correio e a Célula de endereçamento. Por outro lado, iniciativas privadas começaram a manifestar-se: em Burkina-Faso, os GIE, normalmente criados a partir da iniciativa de jovens formados desempregados, ofereceram os seus serviços aos serviços do Correio, aos concessionários da água e da electricidade, para assegurar a distribuição das facturas e dos segundos avisos de cobrança.

O endereçamento e o desenvolvimento económico As informações de endereçamento envolvem o Município e as administrações, mas também os múltiplos agentes que constituem o tecido social e económico da cidade. Estas informações apresentam-se sob a forma de mapas e de base de dados, o que facilita a sua utilização e a sua compreensão, principalmente pelos agentes económicos públicos ou privados, muito particularmente interessados pelas seguintes questões. Quais são as actividades existentes na cidade? Onde se

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO                               47 

localizam elas? Como é que os casais estão distribuídos? Por outras palavras, qual é a organização espacial, económica e social da cidade?

Uma das principais informações provenientes da exploração do ficheiro de endereçamento é a lista das actividades existentes, formais e informais. Uma lista desta natureza ilustra suficientemente bem o potencial económico da cidade, a natureza e a localização das suas actividades. Além disso, preservando o historial dos locais, o programa informático de gestão dos endereços fornece boas indicações sobre a dinâmica económica e pode contribuir para documentar « observatórios » ad hoc.

Eis a razão pela qual a base de dados interessa geralmente as empresas privadas para a sua estratégia individual ou colectiva. Ela permite uma melhor percepção da concorrência e a prospecção através da distribuição das actividades no sector no ramo económico assim como a potencial clientela de lares e empresas. A cartografia permite que cada categoria de empresas conheça a sua localização na cidade assim como a da concorrência; facto que contribui para uma melhor apreensão da clientela e do potencial mercado e, portanto, permite definir uma política de prospecção comercial mais eficaz e direccionada.

O Município está na origem das operações de endereçamento e desempenha portanto um papel chave na disponibilização das informações daí resultantes. Várias experiências revelam que ele pode tirar partido das operações de endereçamento e assegurar assim a sua actualização e manutenção. Com efeito, vários organismoms desejam adaptar a cartografia de endereçamento à sua própria utilização (turismo, concessionários, Câmara de Comércio) e o Município pode prever negociar uma parte dos seus direitos: em Moçambique, por exemplo, cada planta de endereçamento foi depositada com um copyright em nome do Município e a sua utilização permite gerar alguns rendimentos para a Célula de endereçamento. Na mesma ordem de ideias, a aproximação dos dados económicos com o ficheiro de endereçamento permite constituir um banco de dados económicos (BDE) : o exemplo de Maputo ilustra o caso dum BDE no seio da administração (janela 7), mas ele pode também resultar duma iniciativa privada, grupos profissionais, Câmara de comércio, da indústria e de artesanato ou Câmara das profissões.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Janela 2.7 Banco de Dados Económico (Maputo) Com vista a aumentar os seus recursos e melhorar a sua gestão, o Município de Maputo encetou um procedimento para um melhor conhecimento do tecido económico da cidade bem como do seu potencial fiscal. Foi deste modo instalada uma Base de Dados Económicos (BDE) com dois objectivos: • facilitar a gestão das licenças pela Direcção das Actividades Económicas

(Serviço desconcentrado do Estado, integrado nos serviços da Cidade); • melhorar a termo o rendimento da fiscalidade local e nacional sobre as

actividades profissionais (IRTB, CI, IVA, impostos locais) através da criação dum ficheiro das empresas.

Desta BDE eram esperados três efeitos secundários: (a) facilitar as tomadas de decisão, no plano municipal, através dum melhor

conhecimento do tecido de actividades existente assim como do seu ritmo de evolução;

(b) permitir o ajuste com os ficheiros na posse de outros organismos (Impostos), com vista a, a termo, melhorar a eficiência da fiscalidade;

(c) melhorar a informação fornecida aos operadores económicos da cidade através da disponibilização de dados actualizados sobre as actividades exercidas;

As informações da DICT existiam sob a forma dum ficheiro gerido manualmente. O seu ajuste ao ficheiro de endereçamento foi a oportunidade para cria uma base de dados informatizada de 9000 empresas e actividades profissionais. O endereçamento tinha recenseado 7 295 endereços com uso profissional contra 8 912 licenças geridas pela DICT, seja uma diferença de 20 % que era devida: (a) às licenças concedidas sem a instalação da empresa, (b) ao facto de vários estabelecimentos terem o mesmo endereço, sem uma real possibilidade de distinção no terreno, e (c) à cessação de actividade de muitos estabelecimentos que não o tinham assinalado.

O processamento dos dados tinha iniciado na Célula de endereçamento, mas, doravante, este é feito na DICT, que tem um lehor domínio dos formulários e dos procedimentos, (ambos os serviços comprometeram-se, através dum protocolo, a trocar informações). A DICT envia regularmente a lista dos novos estabelecimentos registados à DNS (Direcção de estatística) e a dois « bairros fiscais » (Ministério das Finanças), responsáveis pela emissão das listas e da cobrança, mas cujo essencial das actividades centra-se nos 500 « maiores » contribuintes.

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APLICAÇÕES DO ENDEREÇAMENTO                               49 

Algumas pistas a desenvolver WEB SITE. A criação dum web Site de endereçamento pode

desenvolver-se em paralelo com uma utilização pública (site municipal) ou privado (CCIA, Páginas Amarelas ou outras). Isto pode ser feito com uma cartografia simplificada, mas precisa e facilmente lisível. Um interesse do web é a função hipertexto, que permite gerir o site com uma grande flexibilidade (um pouco como o SIG), particularmente em matéria de comercialização da informação.

A FORMAÇÃO EM ENDEREÇAMENTO. Nas cidades onde se realizou o endereçamento, constata-se às vezes a dificuldade de algumas categorias profissionais em apropriar-se do seu endereço: taxis, ambulâncias, bombeiros, segurança… A incitação para uma formação pode ser uma ocntrapartida da disponibilização de dados a tal ou tal operador; a formação pode ser dispensada pela Célula de endereçamento, por associações profissionais, associações de mulheres, por jovens, por bairros, por ONG, etc.

PATROCÍNIO E PUBLICIDADE. O partocínio do endereçamento pode efectuar-se de vária maneiras. Uma consiste em utilizar as placas ou os postes onde são colocadas, para escrever o nome da marca ou do « patrocinador » que terá dado a sua contribuição financeira. Uma outra pode implicar os documentos editados, mapas e plantas, reportórios, etc. ou ainda os sites Internet. Outras vias permanecem abertas (televisão…).

No seu conjunto, a operação de endereçamento pode ser a oportunidade para lançar uma dinâmica entre o Município e o sector privado. O conteúdo dos ficheiros de endereçamento distingue-se muitas vezes dos clássicos reportórios económicos, pois ele regista o conjunto das actividades, incluindo as do sector informal, permitindo ter assim uma imagem global das actividades económicas da cidade e considerar um segmento do sector económico muitas vezes negligenciado.

Tal e portanto o panorama das várias palicações do endereçamento.

O capítulo seguinte apresenta a aplicação prática destas aplicações em vários países.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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1 Cityvia, IPIE 2 Exemplo: Troços C.12-1, C.12-2 da rua C.12 3 Programas informáticos tais como Cadix; Cityvia; Urbavia; Viziroad 4 « O futuro das cidades africanas » 5 Os serviços fiscais utilizam a noção de « pré-função », pois a função deve ser

aprovada. 6 Em Burkina Faso, os chefes da célula de endereçamento de Ouagadougou e

de Bobo-Dioulasso, definiram a relação entre as referências de cadastro e os dados do ficheiro de endereçamento.

7 Exemplos de países com cadastro fiscal: Bélgica, Espanha, França, Itália. Com cadastro legal: Africa-do-Sul, Alemanha, Hungria, Suiça, Turquia. Sem cadastro: Reino Unido, Irlanda.

8 J.Comby. « Que cadastro, para quê? O exemplo do Gabão. ». 9 Segundo J. Comby 10 A fórmula do imposto anual desencorajaria um concessionário a manter

durante muito tempo um terreno que não utiliza. Actualmente, uma boa parte dos proprietários, mesmo os registados, não tarda a transferir o título de maneira informal. Cobrando anualmente os impostos sobre a propriedade de terreno, actualiza-se ao mesmo tempo a lista de proprietários. Quem já não for proprietário recusar-se-á a pagar e, inversamente, o facto de pagar o imposto torna-se rapidamente uma presunção jurídica de propriedade. (J.Comby)

11 Este procedimento não seria executado por parcela, a pedido do interessado, mas por área, numa iniciativa da administração.

12 Mas também se pode pensar em cobrar o imposto nos gabinetes do fisco. 13 Imposto idêntico no Togo. 14 Em Burkina-Faso, a tributação é modulada de acordo com dois critérios:

equipamento (standing) do bairro e equipamento de habitação (consumo de água e de electricidade). Na Costa-do-Marfim, o imposto sobre as propriedades construidas baseia-se em dois critérios simples: equipamento do bairro e o número de edifícios residenciais declarados.

15 Uma prudência análoga impôs-se com os serviços fiscais: o endereçamento contribui de facto para melhorar a cobrança dos impostos, mas é certo que seja o seu melhor slogan publicitário…

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3 Práticas do endereçamento

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 52

presente capítulo relata experiências de endereçamento conduzidas ao longo dos anos 90, em várias cidades da Africa subsahariana. Uma primeira parte faz um balanço comparando as diferentes operações. As outras secções descrevem as experiências,

país por país.

Balanço das principais experiencias

As experiências de endereçamento conduzidas entre 1989 e 2004 centram-se em 52 cidades e envolvem 15 países (Benin, Burkina-Faso, Congo, Camarões, Costa-do-Marfim, Djibouti, Guiné, Mali, Mauritânia, Moçambique, Niger, Rwanda, Senegal, Tchad, Togo). Uma comparação das várias operações resume-se nalgumas características tiradas duma amostra de 21 cidades1, que praticamente levaram a bom porto o conjunto das tarefas de endereçamento (tabela 1). Quadro 3.1 Principais características das operações de endereçamento

Média Total Número de cidades da amostra 21 Número de habitantes (ano 1 de endereçamento)

540 000 11 200 000

Superfície das cidades (ha) 4 200 88 000 Número de vias 2 000 42 000 Número de cruzamentos 3 400 72 000 Número de placas de identificação de vias

4 000 84 000

Número de portas de acesso numeradas 57 000 1 200 000 Percentagem de vias denominadas 8 % Custo do equipamento da Célula 35 000 $ EU Custo das operações 325 000 $ EU 6 800 000 $ EU Orçamento municipal anual 2 600 000 $ EU 54 000 000 $ EU Número de vias/ha 0,5 Número de cruzamentos/ha 0,8 Número de placas de identificação/cruzamentos

1,2

Custo por porta de acesso numerada 5,7 $ EU Custo por habitante 0,6 $ EU Orçamento municipal médio /habitante 4,8 $ EU

A amostra corresponde a 11,2 milhões de habitantes. A população das cidades envolvidas distribui-se entre 80 000 e 1 300 000 habitantes

O

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

53

(figura 1). O conjunto das operações corresponde a um orçamento de 6 800 000 $ EU, seja uma média de 325 000 $ EU por operação. Foram colocadas 84 000 placas de identificação de vias e foram enumeradas 1 200 000 construções, o que corresponde a cerca de 75% dos lares2. O custo médio é de 0,6 $ EU por habitante3 e 5,7 $ EU por porta endereçada. Antes das operações de endereçamento, existiam apenas 8 % de vias denominadas; por outras palavras, 92 % não tinham nenhuma identificação. Por último, constata-se que os constrangimentos orçamentais conduziram a uma parcimoniosa colocação de placas das vias, que se traduz numa média de 1,2 placas de idenficação por cruzamento, o que significa que nalguns bairros apenas um bairro sobre dois foi equipado.

Vários doadores contribuiram para o financiamento do endereçamento, nomeadamente o Banco Mundial e a Cooperação francesa representada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MAE) e por diversos departamentos (Cooperação descentralizada, AFD, AIMF). Notar-se-á uma coordenação directa destes dois doadores, que distribuiram entre si o financiamento do endereçamento nas várias cidades tanto num mesmo projecto (PDUD no Mali, PAC no Senegal), tanto como prolongaram as intervenções iniciadas por um deles (Burkina-Faso, Camarões, Niger). 4 As modalidades de implementação variam consoante os países: • O endereçamento envolveu uma ou várias cidades (Mauritânia,

Senegal (11) Mali, Moçambique (6), Costa-do-Marfim, Benin (3), Burkina-Faso, Camarões, Niger (2), Guiné (1).

• O lançamento da operação ocorreu quer no seio duma estrutura de projecto (Burkina-Faso, Camarões, Mali, Senegal), quer no seio de serviços municipais (Guiné, Moçambique, Niger, Tchad, Togo);

• A operação foi apoiada por uma assistência técnica permanente Camarões, Mali, Mauritânia, Moçambique, Tchad), quer pontualmente apoiada por missões técnicas (Burkina-Faso, Guiné, Niger, Senegal).

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 54

Quadro 3.2 Realização e financiamento do endereçamento por país e por cidade

Tarefas Financiamento País e Cidade

endereçada Ano 1

endereça-mento

População (ano 1)

1 EC

2 PR

3 EN

4 EP

5 LA

6 LL

7 FL

8 Bm

9 Ma

10AF

11 CD

12 UE

13AI

Burkina

Ouagadougo

1 992 600 000 Bobo- 1 993 300 000

Benin Cotonou 1 993 Parakou 1 993 Porto-Novo 1 993

Camarões

Yaoundé 1 992 800 000 Douala 1 992 1 100 000

Congo

Brazzaville Costa-do-

Marfim

Abidjan 2 000 Abengouro 2 003 San Pedro 2 000

Djibouti

Djibouti 1 997 Guiné

Conakry 1 993 1 100 000 Mali

Bamako 1 993 920 000 Gao 1 996 84 000 Kayes 1 996 53 000 Mopti Sévaré 1 996 100 000 Ségou 1 996 110 000 Sikasso 1 996 103 000 Mauritânia

Nouakchott 1 997 700 000 Aleg 1 999 6 600 Atar 2 000 24 000 Boutilimit 2 001 17 000 Moudjeria 2 002 3 500 Nouhadibou 1 997 90 000 Rachid 2 002 1 800 Rosso 2 000 44 000 Tekane 2 002 2 000 Tiguent 2 001 3 500 Tidjika 2 002 10 000 Moçambique

Maputo 1 995 1 300 000 Pemba 2 000 90 000

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Tarefas Financiamento País e Cidade

endereçada Ano 1

endereça-mento

População (ano 1)

1 EC

2 PR

3 EN

4 EP

5 LA

6 LL

7 FL

8 Bm

9 Ma

10AF

11 CD

12 UE

13AI

Quelimane 2 000 195 000 Nampula 2 000 280 000 Beira 2 000 410 000 Matola 2 000 380 000

Niger

Niamey 2 001 800 000 Maradi 2 003

Rwanda Kigali 1 993 270 000

Senegal Dakar 2 003 820 000 Guiédiawaye 2 003 450 000 Pikine 2 003 470 000 Rufisque 2 003 140 000 Diourbel 2 000 100 000 Kaolack 2 000 200 000 Louga 2 000 70 000 St. Louis 2 000 140 000 Tambacound 2 000 60 000 Thiès 2 000 230 000 Ziguinchor 2 000 170 000

Tchad N'Djaména 1 989 600 000

Togo Lomé 1 996 850 000

Tarefa

realizada Em

curso Legenda

Realização das tarefas Financiamento 1. EC Estudo Codificação 7.FL Financiamento local 2. PR Colocação de placas de identificação das

vias 8.Bm Banco Mundial

3. EN Inquéritos, numeração das construções 9. MA Min. dos Negócios Estrangeiros(fr.)

4. EP Edição da planta de endereçamento 10.AF Agência Francesa de 5. LA Lista de endereços (tabulador) 11.CD Cooperação descentralizada 6. LL Endereços no programa informático

específico 12. UE União Europeia

13. AI Assoc. Internat. Presidentes de Municípios Francófonos

As aplicações de endereçamento são diversificadas em função dos países. (tabela 3) Todavia, as que envolvem a fiscalidade foram as mais numerosas (imposto de residência em Burkina-Faso e no Togo, registos

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 56

fiscais no Senegal, fiscalidade municipal na Mauritânia). As outras aplicações envolvem a gestão urbana (saneamento e lixo doméstico na Guiné, nos Camarões e em Burkina-Faso, observatório urbano nos Camarões).

Quadro 3.3 Aplicações do endereçamento em função do país

Burk

ina-

Faso

Be

nin

Cam

arõe

s

Gui

Mal

i

Mau

ritâ

nia

Moç

ambi

que

Nig

er

Sene

gal

Togo

Uso e aproveitamento da terra

Fiscalidade BD Económico Saneamento Lixo doméstico Saúde Concessionários Observatório Correios Eleições

Grande Impacto Impacto médio

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Burkina-Faso : Ouagadougou e Bobo-Dioulasso

Ouagadougou Número de habitantes 600 .000 Superfície da zona urbanizada 10 750 ha Número de vias 4910 Número de cruzamentos 12 400 Ruas denominadas 70 ruas em 1997 250 ruas em 2002 N° de portas de acesso numeradas 100 000 Custo total da operação 491 000 $ EU Custo/porta de acesso numerada 3,6 $ EU Implantação da Célula 1992 Numeração, inquéritos, colocação de placas de identificação 1994-1997 Elaboração do ficheiro de endereços 1996-1997

Bobo-Dioulasso Número de habitantes (1993): 300 000 Superfície urbanizada (estruturada): 4 050 ha Número de vias: 1700 Número de cruzamentos: 3650 Ruas denominadas: 95 (7%) Número de portas de acesso numeradas: 40 000 Custo total da operação: 186 125 $ EU Estimativa custo/porta de acesso numerada: 4,7$ EU Implantação da Célula 1993 Numeração, inquéritos, colocação de placas de identificação 1994-1997 Elaboração do ficheiro de endereços 1996-1997

Contexto e objectivos

O sistema de endereçamento descrito no presente documento foi concebido em Burkina, desde 1987, no quadro do PDU2. Este projecto integrava duas componentes: mobilização de recursos municipais e reforço das infraestruturas urbanas. A mobilização de recursos revelou-se um tanto problemática pois, com a Revolução, os direitos de propriedade da terra tinham sido abolidos e os títulos de uso e aproveitamento assim como os impostos a eles adjacentes eliminados. Para enfrentar estas dificuldades, foram então criados dois instrumentos simples e complementares, O Imposto de Residência e o Endereçamento, os quais contribuiram para atingir os seguintes objectivos:

- Aumento dos recursos municipais através duma melhor cobrança das taxas e dos impostos locais;

- Melhoramento da gestão dos serviços urbanos.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 58

Financiamento e implementação

O endereçamento beneficiou dos seguintes financiamentos externos: • No quadro da execução do 2° Projecto de Desenvolvimento Urbano

(PDU 2), o Banco Mundial financiou, a aprtir de 1992, a criação do endereçamento em Ouagadougou e em Bobo-Dioulasso. No ano 2000, ele forneceu um financiamento adicional aquando do projecto seguinte (PACVU), para completar o equipamento em placas de identificação de vias, depois que o Município decidiu atribuir um nome às principais vias que anteriormente tinham sido numeradas;

• Em 2002, a Cooperação francesa (SCAC), que tinha recomendado uma nova inscrição do programa informático « Urbadress » num outro projecto, financiou a transferência dos dados de endereçamento para este novo suporte, assim como as respectivas formações.

A implementação inicial foi assegurada pela Célula do Projecto (PDU2), tendo a responsabilidade sido a seguir transferida, no fim da operação, para os serviços técnicos dos dois municípios.

Opções técnicas

• Divisão. À divisão da cidade em bairros, seguiu-se uma divisão em

« zonas » no momento da Revolução (Presidente Sankara) : 30 zonas em Ouagadougou e 23 em Bobo-Dioulasso. O endereçamento conformou-se com esta divisão bem assimilada pelos habitantes e pelas administrações.

• Codificação das vias. O identificativo da via é o número composto por dois elementos. O primeiro corresponde ao número da zona e o segundo ao número de ordem (ex : rua 5.14 corresponde à 14ª rua da zona 5).

• Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpair, em cada um dos dois lados da via).

• Colocação de placas de identificação das vias. As placas foram fornecidas por uma empresa local seleccionada na sequência dum concurso internacional. A colocação foi assegurada por pequenas empresas locais.

• Inquéritos e numeração. As primeiras operações foram inicialmente efectuadas pela Célula do PDU2.

• Dados do inquérito. Eles comportam: o endereçamento, o nome do ocupante, o modo de ocupação da parcela, as referências de cadastro.

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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• Ficheiro de endereços. Geridos por um programa informático específico (desenvolvido em 4D, Macintosh), os dados foram transferidos em 2002 para o programa « Urbadresse » concebido para PC.

• Plano de endereçamento. Para as duas cidades, uma planta de endereçamento e uma indexação das vias foram editadas e divulgadas. (3000 exemplares)

Resultados

Por ocasião do PDU2, os bairros reputados endereçaveis nas duas cidades foram cobertos pela numeração das portas e pelos inquéritos assim como equipados por placas de identificação de vias. Foi editado em 3.000 exemplares um mapa-guia com indicação das vias (2.000 para Ouagadougou e 1.000 para Bobo-Dioulasso). Para cada cidade, foi concebido num programa informático específico, um ficheiro de endereços.

No fim do PDU2, as Células de endereçamento das duas cidades foram integradas nos Serviços Técnicos Municipais (STM) que utilizam o endereçamento pelo menos para três tipos de operações: • Recolha do lixo doméstico em « contentores colectivos »: os

contentores assim como os pontos de recolha são « endereçados », • Limpeza das vias (78 km. em Ouagadougou e 24 vias em Bobo-

Dioulasso : elas estão identificadas pelo sistema de endereçamento) ; • Colecta « porta--porta » do lixo doméstico (2000 subscritores em

Ouagadougou) ; o endereçamento é utilizado para a recolha e para a cobrança das taxas de subscrição.

Ao longo dos últimos anos, a actividade de endereçamento prosseguiu através das seguintes acções:

• Correspondência dos endereços e das « referências de cadastro » das parcelas. Esta operação foi realizada com o apoio do Serviço da gestão dos Sectores, que doravante integrou a função de endereçamento; todavia, a actualização dos mapas bem como dos ficheiros de endereçamento ainda não foi efectuada;

• Criação duma Comissão de Toponímia. Trata-se duma iniciativa importante do Município de Ouagadougou : ela produziu uma lista de nomes destinados a substituir-se gradualmente aos números de rua. Organizado e documentado de forma notável, (Anexo 2), a presente lista permitiu denominar ou a atribuir um novo nome a 2000 vias em Ouagadougou : a « rue 12.69 » tornou-se assim « Rue K. Moryamba » e a « avenue de la Révolution » foi rebaptizada « avenue de la Nation » ;

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 60

• Aquisção e colocação de 2000 novas placas de identificação de vias em Ouagadougou;

• Preparação e organização de módulos de formação e de sensibilização pela Célula de endereçamento de Ouagadougou, para os serviços centrais (Impostos, Tesouro), serviços municipais, outros utentes (taxistas…).

• Transferência dos dados dos ficheiros das duas cidades para um novo programa mais adaptado ao ambiente informático do país.

• Formação dos serviços técnicos e fiscais para a utilização do novo programa. Esta formação visava trazer a colaboração dos diferentes serviços para posteriormente facilitar o intercâmbio de dados. No conjunto das operações de endereçamento, Burkina-Faso revelou-

se o mais inovador em três pontos: formalizou as principais regras de endereçamento; criou paralelamente uma nova taxa, articulada ao endereçamento; criou por último uma colectânea de toponímia, na qual uma Comissão ad hoc se alimenta para denominar as vias. Todavia, dado o seu impacto, resumir-se-á a seguir as grandes linhas do imposto de residências.

Aplicação específica: o imposto de residência CONTEXTO. No princípio da execução do PDU2, (1987), existia um

imposto predial, pago pelos indivíduos dispondo duma casa de alvenaria e cujo valor locativo era calculado com base no valor da dita casa. O imposto era calculado através da aplicação da taxa de 2% ao valor locativo depois da dedução dum mínimo de renda. A este imposto principal acrescentavam-se duas taxas adicionais: a taxa sobre o valor locativo dos compartimentos da casa (1% do valor locativo) e os cêntimos adicionais (15% do imposto principal).

Um dos objectivos do PDU2 centrava-se no melhoramento dos recursos, pois muitas dificuldades pertubavam a aplicação deste imposto: • Falta de contrôle da matéria colectável, devido à não subscrição das

declarações pelos contribuintes: apenas alguns comerciantes eram tributados aquando do cálculo da sua patente.

• Falta de hamonização no cálculo do valor locativo. • Falhas das emissões em relação ao potencial fiscal. • Custos elevados das despesas de gestão do imposto em relação ao seu

rendimento. A estas dificuldades, veio adicionar-se o direito de propriedade da

terra pelo Governo, facto que tornou ultrapassada a aplicação do imposto e que pelo menos implicava o reexame do seu conteúdo. É neste contexto que foi elaborado o imposto de residência, o qual foi submetido a ajustes

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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sucessivos, à medida que as orientações do período revolucionário cessavam. CRIAÇÃO E AJUSTES DO IMPOSTO DE RESIDÊNCIA

Uma vez abolido o direito de propriedade, o imposto de residência deixou de envolver os proprietários e passou a envolver os « citadinos » fazendo com que estes participem nas despesas da cidade. A reforma de 1992 tinha como objectivos: (a) a redução do procedimento de liquidação do imposto através da supressão das taxas adicionais, (b) a simplificação e a harmonização do modo de determinação da base tributável através da instituição duma tabela fixa, (c) o melhoramento das emissões, (d) a escolha decritérios simples para a tributação.

O valor do imposto de residência era determinado em função de dois critérios: nível de equipamento do bairro e qualidade da casa avaliada através do consumo de água e de electricidade. Com base num inquérito conduzido com a mesma amostra, foram simuladas duas tributações: uma com base nos critérios do antigo imposto de terra, a outra com base nos consumos de água e de electricidade. A bastante forte correlação dos resultados conduziu a optar-se pela segunda, dada a sua simplicidade de implementação: bastava então registar o valor do consumo do concessionário, para determinar o nível de equipamento da residência, sem proceder a uma investigação « in situ » das contruções. Quanto ao equipamento do bairro, a sua apreciação era fácil. Um sistema de tabela determinava o nível do imposto. Deste modo, uma casa sem água nem energia, localizada num bairro sub-equipado estava sujeita a um imposto de cerca de dois dólares por ano, mas a que registava consumos elevados (devidos a uma piscina e a ar-condicionados) e se localizava num bairro residencial bem equipado estava sujeita a um imposto cinquenta vezes superior.

Aquando da adopção da reforma, o procedimento foi complicado devido ao acréscimo de dois critérios suplementares, qualidade da construção (duro, semi-duro, banco) e o número de compartimentos, mas os resultados obtidos foram pouco conclusivos. A reforma de 1995 retornou aos dois critérios iniciais, cuja aplicação foi revista e completada pelo melhoramento da gestão (informatização), a obrigação de declaração, uma melhor investigação dos contribuintes assim como a aplicação de sanções financeiras e judiciárias em caso de não pagamento ou de não declaração. Em 1999, uma nova reforma permitiu ajustar este imposto aos níveis de vida das populações com fraco rendimento.

O melhoramento das condições de implementação foi favorecido: • pelo recenseamento e pela constituição do ficheiro de endereços

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 62

• pela concepção dum programa informático de processamento e tratamento das informações emanadas das declarações subscritas pelos contribuintes

• pela exploração dos diferentes ficheiros com o objectivo de enriquecer as informações emanads das declarações subscritas pelos contribuintes (SONABEL, ONEA, CNSS …).

Problemas enfrentados

• a exploração do ficheiro de electricidade (SONABEL) provocou várias duplas tributações;

• a integração dum serviço de processamento dum novo imposto no seio da Direcção Geral dos Impostos (DGI) revelou-se mais difícil que o previsto;

• a exploração ainda limitada do ficheiro de endereçamento pelos concessionários (água, electricidade) quase que não habituou o contribuinte a utilizar o sistema de endereços criado.

EMISSÃO E COBRANÇA DO IMPOSTO Desde o estabelecimento da monitoria (1996), as emissões conheceram

uma evolução errática e estabilizaram-se em cerca de 350 milhões de Fcfa em Ouagadougou e 200 em Bobo-Dioulasso. Inicialmente, o rendimento era melhor em Bobo-Dioulasso, que contabilizava 36 000 contribuintes, contra 40 000 em Ouagadougou, cidade pelo menos duas vezes maior, mas que no entanto melhorou as suas emissões ao londo dos últimos anos (65 000 no ano 2000).

Quanto à cobrança, ela permanece aquèm das expectativas. As dificuldades prendem-se em parte ao próprio procedimento e ao envolvimento insuficiente das autarquias locais. O melhoramento do índice de cobrança sugere a adopção dum procedimento de retenção na fonte para os assalariados e a implantação de fiscalizações a serem feitas aquando das formalidades junto às administrações financeiras locais e, por último, uma política de mediatização que poderia sensibilizar as populações sobre a utilização que é feita dos recursos locais colectados: melhoramento do equipamento e dos serviços prestados.

FUNCIONAMENTO DA CADEIA DO IMPOSTO DE RESIDÊNCIA. Inicialmente, com a preocupação de simplificar os procedimentos

(sistema de tributação indiciária calculada pelo próprio contribuinte; tributação de toda a população urbana), o imposto de residência era ainda marcado pelo carácter pesado do seu procedimento. Esta situação é, particularmente, resultante da partilha das tarefas entre os impostos (emissão) e o Tesouro (Cobrança), enquanto a maioria dos outros

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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impostos são totalmente geridos (emissão e cobrança) por qualquer uma destas administrações, desde o princípio dos anos 90. A perspectiva de repartir as duas Células de Imposto de Residência de Ouagadougou e de Bobo-Dioulasso entre as Divisões Fiscais das Repartições de Finanças das duas cidades foi evocada pela DGI, sem que o calendário nem as modalidades desta transferência tivessem sido, na altura, precisadas.

DESEMPENHO EM RELAÇÃO A OUTROS RECURSOS O imposto de residência permanece um imposto menor para os

municípios: menos de 2 % para Ouagadougou em 2001, cerca de 5 % para Bobo-Dioulasso. Contudo, ele constitui a única tributação directa dos lares aplicada a nível local. A comparação com outros sistemas de fiscalização dos lares praticados na região não incita a alterar profundamente os princípios que tinham orientado a sua implantação em 1992. Muitos outros países implementaram uma fiscalidade predial na base do sistema francês (por exemplo, o Senegal). A análise desta fiscalidade revela que ela é fundamentalmente (em mais de 85 %) em locais de uso profissional, isto é nas empresas; o imposto sobre as propriedades edificadas é portanto entendido como sendo uma fiscalidade adicional sobre a actividade económica.

No seu conjunto, a aposta do imposto de residência repousa na gestão duma população contribuinte muito maior em relação aos ficheiros normalmente geridos pela administração fiscal e pela do Tesouro: potencialmente, 70 000 contribuintes em Ouagadougou e 40 000 em Bobo. O esforço deve ser por isso concentrado na implantação de técnicas de cobrança e de gestão do ficheiro informatizado dos contribuintes.

Figura 3.1 Mapa de endereçamento de Ouagadougou

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 64

Camarões: Douala e Yaoundé

Yaoundé Número de habitantes (1992) 780 000 Superfície da zona urbanizada 5040 ha Número de ruas 1670 Número de cruzamentos 2 400 Ruas denominadas 110 (6%) N° de portas numeradas 130 000 Custo das placas e sua colocação 135 000 $ EU Custo total da operação 280 000 $ EU Custo/porta numerada 2 $ EU Implantação da Célula 1992

Douala Número de habitantes (1992) 1 100 000 Superfície da zona urbanizada 8 750 ha Número de ruas 3100 Número de cruzamentos 4 870 Ruas denominadas 130 N° de portas numeradas 180 000 Custo das placas e da colocação 185 714 $ EU Custo total da operação 442 860 $ EU Custo/porta numerada 2,4 $ EU Implantação da Célula 1992

Contexto e objectivos

A crise que afectou a economia camaronesa no fim dos anos 80 teve como maior consequência a redução drástica dos meios de intervenção do poder público para o financiamento do equipamento, das infraestruturas e dos serviços urbanos. O segundo Projecto de Desenvolvimento Urbano (PDU2), então em preparação, tinha como objectivo identificar novos mecanismos de financiamento da gestão urbana. Os diagnósticos realizados revelaram que os principais problemas se prendiam com a identificação dos contribuintes e dos consumidores dos serviços urbanos. Assim, a implantação dum sistema de endereçamento nas cidades de Yaoundé e de Douala apareceu como sendo uma das vias susceptíveis de responder duma forma rápida e simples a estas problemáticas. Os principais objectivos eram portanto: • localizar os contribuintes para melhorar as receitas • identificar os utentes dos serviços públicos no quadro duma

privatização dos concessionários dos serviços urbanos comerciais. As Autoridades camaronesas tinham, há longa data, manifestado o

seu interesse pelo endereçamento: em 1971, uma circular presidencial

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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dava orientações no sentido de denominar as vias (anexo 2). Algumas operações tinham sido bem conduzidas, por exemplo: o centro de Douala, Biyem Assi e a Cité Verte em Yaoundé ... No entanto, estas iniciativas permaneceram localizadas a alguns bairros, até 1992, altura em que duas operações de endereçamento foram lançadas em Yaoundé e em Douala, no âmbito do PDU2.

Financiamento e implementação

O endereçamento beneficiou dos seguintes financiamentos:

• No âmbito da execução do 2° Projecto de Desenvolvimento Urbano (PDU 2), o Banco Mundial financiou as primeiras operações de endereçamento de Yaoundé e de Douala, desde 1992.

• Com o (Fundo Especial de Desenvolvimento), a ajuda bilateral francesa permitiu, em 1994-95, o alargamento do endereçamento de Douala para zonas nas quais o endereçamento tinha sido inicialmente diferido.

A implementação foi inicialmente assegurada pela Célula de pilotagem do PDU2 (CSDU), a seguir foi transferida para os serviços técnicos das duas Autarquias Urbanas.

Opções técnicas

• Divisão : A zona urbana foi dividida em 6 grandes zonas. • Codificação das vias: O identificativo da via é o número constituido por

dois dígitos. O primeiro corresponde ao sector e o segundo ao númereo de ordem (ex : rua 4.15 corresponde à 15ª rua da zona 4).

• Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de um lado e do outro da via).

• Colocalção de placas de identificação das vias. O fabrico e a colocação foram executados por uma empresa local, seleccionada com base num concurso..

• Inquéritos e numeração. A realização foi efectuada por equipas mistas de trabalhadores municipais e de inquiridores recrutados por uma ONG local. As informações colectadas são o endereço, o nome do ocupante, o modo de ocupação da parcela, a natureza da actividade e, conforme o caso, as referência de cadastro.

• ficheiro de endereços. Em Douala, os endereços foram processados na Célula de Endereçamento para assegurar a sua confidencialidade e a apropriação dos dados pelos serviços municipais. O programa informático de Endereçamento de Douala (LAD) foi desenvolvido localmente (Windev).

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 66

• Monitoria. Foi criado um comité de monitoria. Ele era nomeadamente constituido pelo director do gabinete da Autarquia Urbana, pelo director dos serviços técnicos e por respresentantes dos concessionários.

• Planta de endereçamento. A planta de endereçamento e a indexação das vias de Yaoundé foram editadas e impressas. No caso de Douala, a planta não foi objecto de edição, mas ela foi utilizada para a elaboração do fundo cartográfico do SIG preparado pelos serviços municipais.

Resultados

As acções levadas a cabo em Yaoundé e em Douala são comparáveis e a perenidade do esforço que se alarga por uma década deve ser destacado: elas traduziram-se principalmente no reforço da Célula de endereçamento no seio da Direcção dos Serviços Técnicos, que se tornou um « observatório urbano ». Nota-se para além disso a obstinação de Douala, em completar progressivamente o seu endereçamento, apesar das dificuldades do contexto: • Foi adoptado um processo apelidado de « perto para perto », partindo

das zonas mais fáceis de endereçar para as zonas mais complexas e tendendo para uma reactualização, de dois em dois anos.

• Uma procura sistemática de financiamentos permitiu dar continuidade ao financiamento do Banco Mundial, principalmente misturando as participações da Autarquia Urbana e da ajuda bilateral.

Aplicações específicas5

CRIAÇÃO DUM OBSERVATÓRIO URBANO. Como resposta à falta de

informação sobre a cidade, a Autarquia Urbana desenvolveu um sistema integrado de informações com o apoio da ajuda bilateral francesa e do IGN. Foi criado um « Observatório urbano » no seio dos serviços da Autarquia Urbana. Trata-se duma estrutura que recolhe, processa e divulga a informação. A oficina de infografia no seio do Observatório participa de forma sistemática nos projectos e nos estudos da CUN e assegura a sua cartografia: uma vez que o modo de ocupação do solo (MOS), os projectos de bairros, as linhas de autocarros, a rede de distribuição da água, os grandes projectos de saneamento, financiados pelos diversos doadores, os circuitos do lixo doméstico… são duma actividade notável, à altura de fornecer muitas informações (plantas temáticas, vários dados...) sobre a cidade, graças:

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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• ao desenvovlimento do Programa Informático de Endereçamento (LAD),

• à utilização dum SIG, utilizado para a cartografia informática (saneamento, hidrografia, construções, espaços verdes…),

• ao desenvolvimento dum programa informático de gestão do saneamento, o qual permita avaliar o nível de degradação assim como o custo da reabilitação do sistema de saneamento (Camvoirie).

Foram organizadas campanhas anuais de recolha de dados urbanos, durante as quais foram recolhidas informações sobre as redes, em particular: saneamento, iluminação pública, equipamento urbano. Foi criado um « centro urbano de informação e de documentação » que garante a conservação das informações recolhidas no terreno graças ao endereçamento. Este centro, ligado ao Secretariado geral da Autarquia Urbana, é aberto e acessível ao público, enquanto o Observatório é um instrumento utilizado e explorado pelos serviços técnicos e pelos diversos parceiros (concessionários das redes, organismos institucionais, em particular os planificadores e os serviços do estatais).

GESTÃO DO SANEAMENTO. O objectivo é a monitoria do estado de degradação da rede de saneamento e, com base num inventário visual, avaliar as necessidades para a manutenção corrente e periódica. Ao longo da década de 90, a Autarquia Urbana tinha-se dotado duma aplicação específica, que funcionava num tabulador e utilizava as codificações do endereçamento das vias (Urbavia, Camvoirie). Esta aplicação foi retomada e desenvolvida num suporte mais eficaz com o apio da cooperação bilateral. Ela tem como o bjectivo específico fornecer informações úteis para a « Conta de manutenção do saneamento », criada em 2001 pela Autarquia Urbana. Mas o contexto particularmente difícil dos anos 90 os financiamentos de forma tão drástica que o conjunto do sistema primário de saneamento se tornou quase impraticável: a primeira prioridade já não era a manutenção, mas a necessidade duma reabilitação séria do sistema de saneamento, que em 2002 foi objecto de financiamento do Banco Mundial.

OS CONSSECIONÁRIOS E OS CORREIOS. O ficheiro de endereços foi enviado aso serviços de água e de electricidade, assim como aos serviços dos correios. Para estes últimos, a distribuição das facturas é feita na base do endereçamento. Quanto aos serviços da águas e da electricidade, eles são parte interessada duma operação na qual o índice da identificação dos seus consumidores corresponderá ao endereçamento e será o seu principal instrumento dos clientes e de mobilização dos recursos.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 68

Guiné : Conakry

Conakry Número de habitantes (1993): 1 100 000 Superfície da zona urbanizada: 4 500 ha Número de ruas: 3100 Número de cruzamentos: 6 000 Vias denominadas: 35 Número de portas numeradas: 87 000 Custo total da operação: 500 000 $ EU Estimativa custo/porta endereçada: 5 $ EU Criação da Célula de endereçamento 1993 Numeração e inquéritos 1994-1995 Colocação das placas de identificação das vias 1996 Elaboração do ficheiro de endereços 1997 Impressão da Planta de endereçamento 1997

Contexto e objectivos

No fim dos anos 80, a Guiné, pôs termo a um período de planificação um tanto difícil e marcou a instauração de importantes reformas. A política de descentralização traduziu-se na criação de cinco autarquias em Conakry. No entanto, estas autarquias dispunham de meios muito reduzidos, de pouca informação sobre o seu território e duma grande falta de experiência. O potencial fiscal era muito mal avaliado, os meios de acção eram quase inexistentes e a cobrança dos impostos não atingia os 40 % de emissões. Para ajudar estas autarquias a enfrentar as suas dificuldades e contribuir para o reforço das suas capacidades, decidiu-se, por ocasião do segundo projecto de desenvolvimento urbano (PDU 2), introduzir uma componente de endereçamento. O contexto era particularmente constrangedor, mas graças à tenacidade e à seriedade da Célula de endereçamento, os resultados esperados foram alcançados :

• Elaborar uma planta actualizada da cidade; • Definir um sistema que facilite a localização numa cidade, onde o

parque habitacional se tinha desenvolvido de forma totalmente desorganizada ao longo das décadas anteriores,

• Contribuir para uma melhor identificação da matéria colectável.

Financiamento e implementação

No âmbito da execução do PDU 2, o Banco Mundial financiou o essencial da operação. Em 2003, o novo porjecto (PDU3) financiou a aquisição de

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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novas placas de identificação de vias, para os bairros em extensão, bem como a actualização da planta de endereçamento. A implementação foi assegurada por uma « Célula de endereçamento ». Ligada aos serviços técnicos da Cidade, ela beneficou contudo duma margem de manobra, a qual lhe permitiu desenvolver a operação nos prazos estabelecidos e nas condições de transparência ficaslizadas por um auditor.

Opções técnicas

• Divisão. Ela é idêntica à das cinco autarquias: Kaloum, Dixinn, Matam, Ratoma, Matoto.

• Codificação das vias. Cada número de via é precedido dum código que retoma as iniciais do bairro (ex : KA.23 corresponde à 23ª rua da autarquia de Kaloum).

• Numeração das portas e inquéritos. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de um lado e do outro da via). A Célula de endereçamento realizou o inquérito e a numeração. O inquérito centrou-se nos seguintes extractos: endereço, nome do ocupante, modo de ocupação da parcela, números dos contadores de água e de electricidade.

• Placas de identificação das vias. O fabrico das placas foi assegurado por uma empresa local seleccionada por concurso. A colocação foi realizada pela Célula de endereçamento e pelos serviços técnicos municipais.

• ficheiro de endereços. Os endereços processados pela Célula de endereçamento, num programa informático específico (LAC) conncebido para Mac, foram transferidos para um novo programa informático desenvolvido em PC (Urbadresse), em 2002.

• Planta de endereçamento. A planta de endereçamento foi desenhada pela Célula de endereçamento num suporte informático, impresso com a indexação das vias e colocado à venda numa livraria da praça.

Resultados

Antes da operação de endereçamento, as informações sobre a cidade eram praticamente inexistentes, os próprios serviços técnicos tinham dificuldades para identificar uma via. Um dos mais importantes impactos do endereçamento foi a produção duma planta de toda a cidade : de facto, durante vários anos, a cidade tinha-se desenvolvido de forma anárquica num local constrangedor. Apenas a autarquia de

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 70

Kaloum, planificada durante a colonização, dispunha duma cartografia mais ou menos actualizada.

Uma fotografia aérea, a compilação de vários documentos, a implementação rigorosa dos inquéritos, permitiu que a Célula elaborasse, depois de algumas sessões de formação « no momento », uma planta de endereçamento em suporte informático. Este documento reunia uma importante quantidade de informações sobre a cidade, recolhidas durante os inquéritos de endereçamento e, em particular, as que diziam respeito ao saneamento. A sua divulgação assim como a sua exploração pelos diversos serviços técnicos permitiu o desenvolvimento de outras aplicações.

Um primeiro prolongamento do endereçamento envolveu o mercado Niger, cuja numeração das placas e das boutiques favoreceu o aumento das receitas. Um segundo, conduzido no âmbito do PDU3, incidiu na zonas de extensão, mas as aplicações mais específicas dizem respeito a duas operações: a recolha do lixo doméstico6 e o descongestionamento de bairros.

Aplicações específicas

DÉSCONGESTIONAMENTO DOS BAIRROS. Os constrangimentos do sítio

concorrem para isolar vários bairros : este « braço que entra pelo mar adentro » alonga-se em 36 km e está transversalmente dividido por vários talwegs, que isolam e tornam os bairros mais pobres difíceis de acesso. A situação é tanto mais preocupante que a urbanização, ques se desenvolveu forte e anarquicamente ao longo das três últimas décadas, não favorece quase em nada o acesso das redes.

Com vista a fazer face a esta situação e melhorar as condições de vida das populações envolvidas, uma componente do PDU3 incide no descongestionamento de bairros: trata-se de intervir no saneamento secundário para nele efectuar obras que vão do saneamento à abertura de vias. O objectivo é o de assegurar o acesso dos bairros deserdados ao equipamento sócio-comunitários (escolas, dispensários, postos de segurança) e através desta acção, canalizar melhor a extensão da cidade.

Para o efeito, foram definidos dois programas: • o Programa Ligeiro de Iniciativa Comunal (PLIC) que concerne

pequenas obras, não mecanizadas, realizadas por PME e visando melhorar a exploração do saneamento secundário: intervenções nas valetas, nos embornais, nos revestimentos (escavações na calçada)…

• o Programa de Reabilitação e de Abertura Prioritárias (PROP) diz respeito às obras mais importantes destinadas especificamente a organizar o acesso aos bairros demasiado isolados.

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Nestas intervenções, o contributo do endereçamento centrou-se nos seguintes pontos: • reconhecimento e cartografia duma rede de vias para a qual não

existia nenhum documento de localização; • colocação duma sinalética que finalmente permita o acesso a estes

bairros e a orientar-se neles; • identificação das características (comprimento, ascendente,

drenagem…) e do estado da rede. As presentes acções permitiram intervir nos bairros até então julgados

inacessíveis, pois as suas vias não eram nem identificáveis, nem localizáveis pelos serviços técnicos; para além disso, o inquérito de endereçamento que tinha realçado as suas características assim como as principais degradações esteve na base da definição e da estimativa dos programas PLIC e PROP.

GESTAO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS. Até 1995, a insalubridade de Conakry

era preocupante. O lixo podia acumular-se na cidade durante várias semanas e bloquear totalmente alguns cruzamentos. A situação, agravada por uma grande pluviometria, favorecia a propagação da cólera, sempre lenta, mesmo na época seca. A Unidade de Pilotagem dos Serviços Urbanos (UPSU), responsável pela gestão dos resíduos sólidos, funcionou correctamente apenas durante algunas anos, quando os seus meios circulantes funcionavam. Para remediar estas carências, era necessário mobilizar camiões, voluntários e, periodicamente, empreender operações «de choque ».

A vontade das autoridades centrais e municipais de mudar radicalmente esta situação foi a oportunidade para mobilizar recursos do PDU3 e para implementar um sistema inovador de colecta e de procesamento. A recolha do lixo até aos centros de acumulação seria doravante assegurada por PME’s, as quais seriam pagas pelos lares; o transporte e o processamento do lixo na lixeira seria um assunto do SPTD, Serviço Público de Transferência dos Resíduos Sólidos, substitutos do UPSU.

O contributo do endereçamento nesta operação centrou-se principalmente na preparação da recolha. Era necessário localizar os pontos de acumulação, definir as zonas de intervenção das várias PME bem como os circuitos de recolha assim como avaliar o número de lares envolvidos por zona. A competição para a atribuição das concessões de recolha era viva e era indispensável dispôr destas informações para que as atribuições fossem equitativas e para que a posterior fiscalização do serviço seja viável. O mapa de endereçamento, a sinalética implantada assim como os dados colectados durante o inquérito foram elementos

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que facilitaram as arbitragens e que contribuiram para a implementação da operação em boas condições .

Por conseguinte, a Célula de endereçamento contribuiu para o bom funcionamento do sistema avaliando principalmente a percentagem de penetração do serviço na zona de recolha: as PME’s adjudicatárias foram de facto avaliadas com base nesta percentagem, que elas deviam melhorar para conservar a concessão do serviço. Era portanto importante dispor duma avaliação do número de portas em cada zona e de poder proceder a actualizações regulares. O balanço é positivo:

- a percentagem de recolha evoluiu de 20% para 80%; - a percentagem de penetração é de 64 % ; - 76 % das facturações são honradas ; - a criação de postos de trabalho é estimada em 3000; - o custo da colecta, da transferência e da colocação de uma tonelada

de lixo é modesto: 4 $ EU. Foi criada uma sinergia entre o sector público e o sector privado e

desde 1997, a cólera deixou de ser endémica.

Figura 3.2. Conakry. Sectorizaçao nos municípios

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Mali

Bamako, Sikasso, Kayes, Ségou, Mopti, Gao

Bamako Sikasso Kayes Número de habitantes 1 016 000 120 000 55 000 Ano 1 998 1 999 2 000 Superfície da zona urbanizada 10 000 ha Número de vias 2 600 585 397 Número de cruzamentos 2 400 Ruas denominadas 150 (6%) 7 (1,2 %) 10 (2,5 %) Número de portas numeradas 60 000 9 843 8 371 Custo das placas e colocação 19 000 $ EU 23 000 $ EU Custo da operação 262 000 $ EU 69 000 $ EU 55 000 $ EU Estimativa custo/porta numerada 4,4 $ EU 7, $ EU 6,6 $ EU Implantação da Célula de endereçamento 1 993 1 999 2 000 Ségou Mopti Sévaré Gao Número de habitantes (2001) 145 000 118 000 110 000 Número de vias 711 507 452 Ruas denominadas 9 (1,3%) 11 (2,2 %) 9 (2 %) Número de portas numeradas 13 840 10 634 8 376 Custo de placas e colocação 26 000 $ EU 28 000 $ EU 31 000 $ EU Custo total da operação 75 000 $ EU 72 000 $ EU 75 000 $ EU Estimativa custo/porta numerada 5,5 $ EU 6,8 $ EU 9, $ EU Implantação da Célula de endereçamento 2 001 2 001 2 001

Contexto e objectivos

Desde os anos 80, Mali introduziu várias reformas visando o reforço dos serviços descentralizados. Em 1982, o primeiro projecto urbano (PUM), financiado pelo Banco Mundial, apoiou a mobilização dos recursos do Distrito de Bamako junto da Inspecção do Domínio do Distrito, responsável pela reorganização dos documentos de uso e aproveitamento e junto da Inspecção da Repartição dos Impostos responsável pela elaboração e pela implementação dum imposto de saneamento e de recolha do lixo doméstico (TVEOM). Foi neste quadro que ocorreu a primeira experiência de endereçamento. Apesar de limitada à colocação de placas de identificação de vias nos bairros do centro, para facilitar, em particular, a identificação dos estabelecimentos comerciais, ela constituiu a oportunidade para que a EDM (Electricidade do Mali), localizasse

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algum do seu equipamento (transformadores) em função da numeração das vias. O 2° projecto urbano, financiado pelo Banco Mundial (1986-92) contribuiu para a implantação duma direcção financeira do Distrito de Bamako e para a implantação duma unidade de « cartografia polivalente » (Carpol), destinada à elaboração dum eventual futuro cadastro.

Em 1992, foi lançado um projecto de endereçamento com o financiamento do FAC7 no âmbito do « Apoio ao Distrito de Bamako » (1992-97). Foi então criada uma unidade de endereçamento no seio da Célula Técnica do Distrito a qual coloca à contribuição os recursos da Carpol. A operação envolve 2600 vias, 60 000 portas de acesso, 600 placas de identificação de vias.

De seguida, em 1999, o 3° Projecto Urbano (PDUD), financiado pelo Banco Mundial, concorreu para a instauração dum « imposto urbano », para o qual o endereçamento deveria contribuir a identificar a « matéria colectável ». Foram « endereçadas » cinco capitais regionais: Sikasso, Kayes, Ségou, Mopti, Gao. Em 2000, um novo Projecto, « Apoio aos municípios do Mali » (PACUM) financiou o endereçamento de Kayes.

Financiamento e implementação

Portanto, no Mali, sucederam-se vários financiamentos para a implementação do endereçamento: os três projectos urbanos financiados pelo Banco Mundial e sobretudo o de « Apoio ao Distrito de Bamako8 », financiado pelo FAC. A implementação foi executada principalmente sob a responsabilidade da unidade de endereçamento, criada em 1993 no seio da Célula Técnica do Distrito e transformada posteriormente em Célula Técnica de Apoio aos Municípios (CTAC)9. Responsável pelo endereçamento de Bamako, ela pilotou o endereçamento das capitais regionais, durante o 3° Projecto Urbano.

Opções técnicas • Divisão: Em Bamako, a área urbana está dividida em 9 « zonas de

endereçamento » : 3 nos municípios I, II e III e 6 nos municípios IV, V, VI.

• Codificação das vias : O identificativo das vias é um número composto por um radical (número da zona de endereçamento) e por um número de ordem, (ex : rua 3.157 corresponde à 157ª rua da zona 3). A numeração das vias orientadas Este-Oeste é par e a progressão dos algarismos é feita de cada um dos lados do rio Niger. A numeração

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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das vias orientadas Norte-Sul é ímpar e a progressão é feita com base nos limites administrativos dos municípios II, VI et III, V.

• Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de cada um dos lados da via).

• Colocação de placas de identificação das vias. Constituiu a oportunidade para afinar soluções artesanais inovadoras de « pochage » pilotadas no CTAC pela assistência técnica do projecto FAC. A implementação foi realizada pelos GIE.

• Inquéritos e numeração. A realização foi executada por equipas mistas de trabalhadores do Distrito e por inquiridores do GIE. O ficheiro de endereços foi gravado em Dbase IV. A cartografia foi realizada de forma digital pela « Carpol ».

Resultados

Dentre os resultados mais significativos, destacam-se: • a notável complementaridade da intervenção dos doadores ; • a implementação da técnicas artesanais e pouco onerosas de

« estampagem » da sinalética; • a primeira realização duma planta de endereçamento digital na

região; • a acção da Célula de Bamako no endereçamento das capitais

regionais: Sikasso serviu de teste, seguiu-se Kayes, depois Ségou, Mopti-Sévaré e Gao ;

• o reflexo dos novos residentes em solicitar um número de porta para cada nova construção; estes números são doravante requeridos pelas autarquias do distrito municipal para conferir actos administrativos bem como a alguns operadores ( abertura duma conta bancária).

Em contrapartida, algumas insificiências marcam o período subsequente à implantação do endereçamento: (a) a utilização duma base de dados não relacional e pouco eficaz para o registo dos endereços foi pouco explorada; (b) a cartografia digital da Carpol resultou numa Planta de Bamako com qualidade medíocre em preto e brando; (c) a coordenação entre os departamentos das finanças e o concessionário EDM foi bem iniciada através de acções de comunicação e de formação, mas ela cessou praticamente nos anos que se seguiram ao endereçamento de Bamako; assim, o objectivo de definir uma codificação das actividades comum aos impostos e ao endereçamento, aquando da simplificação, não foi alcançado; (d) a prossecução e a manutenção do endereçamento foram interrompidas no fim do projecto FAC ; dado que os novos loteamentos não eram tomados em consideração, a EDM é que assegurou a

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numeração dos quarteirões, mas segundo um sistema próprio ao concessionário …

Aplicações específicas

A principal característica e a originalidade da experiência maliana prende-se com o aprefeiçoamento de técnicas inovadoras de colocação de placas, a serem reeditadas pelo Município de Nouadhibou (Mauritânia). A solução consiste em « estampar » os nomes das vias seguindo um procedimento artesanal eficaz e pouco oneroso: escantilhões recortados com placas de utilização offset. A inscrição é feita com uma tinta de boa qualidade10, resistente às intempéries e aos raios ultra-violetas. A implementação desta técnica pelos GIE criados por jovens formados desempregados foi um grande sucesso, dado que a solução adoptada revelou-se bastante económica e adaptada a orçamentos municipais modestos. Figura 3.3. Malí Setorização de Bamaco Cidades com endereçamento

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Mauritânia Nouakchott, Nouadhibou, Akjoujt, Atar, Ayoûn, Kaedi, Kiffa, Nema, Rosso, Selibaby, Tidjika, Zouerat, Moudjeria, Boutilmit,Tiguent, Rachid, Tekane

Cidade Habitantes Superfícieace (ha)

Vias traitées

Portas adressées Custo tot. Custo/

porta Princípio/

fim Nouakchott 714 000 7 938 120 000 1 284 700 10,7 Nouadhibou 89 743 838 681 17 140 25 500 1,5 Rosso 73 250 462 426 8 504 14 900 1,8 Atar 23 790 317 276 4 575 9 700 2,1 Boutilmit 16 768 254 264 3 845 4 400 1,1 Tidjikja 9 791 195 165 1 958 5 100 2,6 Aleg 6 598 115 115 1 760 4 400 2,5 Moudjeria 3 400 46 380 2 100 5,5 Tiguent 3 250 52 480 2 600 5,4 Rachid 1 800 14 267 1 300 4,9 Tekane 1 600 25 214 1 100 5,1 S.total 1 943 990 159 123 1 355 800 8,5 Média fora Nouakchott 3,7 Kaedi 61 974 9 996 37 331 Kiffa 47 678 7 690 28 720 Zouerat 44 718 7 213 26 937 Atar (m.a.j) 23 790 3 837 14 330 Aleg (m.a.j) 14 809 2 389 8 921 Selibaby 14 465 2 333 8 713 Néma 12 001 1 936 7 229 Ayoun 10 911 1 760 6 572 Akjoujt 7 648 1 234 4 607 S.total 2 237 994 38 386 143 361 Total 1 181 984 197 509

• Os custos apenas envolvem as cidades endereçadas no âmbito dos projectos PADDEC, PADDEM e AFD. As operações com financiamento IDA (PDU) envolvem 10 capitais regionais estão em curso. • O custo por porta não inclui o inquérito fiscal. • (m.a.j) : actualização

Contexto e objectivos

A Mauritânia é caracterizada por uma recente descentralização (leis de 1986 e de 1987), principalmente centrada na « promoção do exercício da democracia e no impulsionamento do desenvolvimento local através da implantação de métodos participativos em prol duma boa gestão dos problemas da população» (Declaração de Política Municipal do Governo). Os esforços consentidos há cerca de dez anos em benefício dos

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municípios consistiram principalmente na introdução de instrumentos e de métodos de gestão susceptíveis de dar uma consistência às instituições descentralizadas, num país onde a presença da administração territorial era essencialmente materializada pelos Walis. Um outro desafio consistiu no reforço das autarquias de Nouakchott e de Nouadhibou cada uma delas confrontada a um crescimento urbano extremamente rápido.

A partir de 1998, o endereçamento constituiu um importante instrumento de boa gestão municipal. Com o apoio da Cooperação francesa (MAE11 e AFD) e do Banco Mundial, o endereçamento está em vias de ser generalizado para o conjunto das 12 capitais regionais e até mesmo para além delas. A dimensão geográfica concedida à operação repousa, na sua essência, na vocação fiscal que lhe é adstrita: o endereçamento deveria permitir consolidar os procedimentos em matéria de emissão e de cobrança dos impostos e das taxas devidas às autarquias, e, portanto, ajudar na organização dos serviços descentralizados e desconcentrados à responsabilidade destas missões. Esta meta permitiu tornar esta operação mais operacional de imediato. Ela foi confortada por uma grande mobilização de gabinetes de estudos nacionais que vieram apoiar os municípios nesta tarefa.

Financiamento e implementação

O financiamento do endereçamento foi sucessivamente assegurado: • Pelos próprios municípios: caso da primeira operação de

endereçamento na Mauritânia, totalmente suportada pela autarquia de Nouadhibou em 199812 ;

• Pelo MAE no âmbito ds projectos PADDEC a seguir PADDEM (desde 1999) para Nouakchott (operação piloto na autarquia de Tevragh Zeina), Aleg, Atar, Rosso, Tidjikja e mais recentemente para algumas autarquias rurais de Tagent. Estes projectos estão sedeados junto do Ministério do Interior, dos Correios e Telecomunicações (MIPT) ;

• Pela AFD, no quadro duma convenção de financiamento assinada em 2001 com o Município Urbano de Nouakchott : a operação consiste em generalizar o endereçamento em toda a cidade;

• Pelo Banco Mundial, com o Projecto de Desenvolvimento Urbano (2002), para as 10 capitais regionais ainda não endereçadas ou carecendo de complementos ou de actualizações do endereçamento; em 1996, o anterior projecto DIU tinha financiado uma missão de fotografias aéreas de Nouakchott e de todas as capitais regionais, que constituiu um suporte indispensável das operações.

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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A diversidade dos financiamentos torna complexa a avaliação precisa do custo das operações conduzidas. Pode-se contudo estimar globalmente em 1,5 Milhão de Euros, o montante total investido desdes 1998 nas 17 cidades endereçadas ou em endereçamento, seja um racio de de 7,6 $EU por porta numerada. O endereçamento de Nouakchott represente 85 % destes custos para uma relação de população de 60 %. Isto ilustra importantes diferenças entre os modos operatórios escolhidos para a Capital e para as outras cidades.

Estas racios não tomam em consideração os custos da assistência técnica permanente suportada pela Cooperação e pela AFD. Em contrapartida, eles tentam integrar os custos dos inquéritos fiscais, os quais muitas vezes se substituiram aos inquéritos de endereçamento no caso da Mauritânia. Portanto, estes inquéritos constituem o essencial dos « sobre-custos » gerados no quadro destas experiências. Estes sobre-custos são tanto mais perceptíveis quanto os da materialização do endereçamento eram fracos: poucas placas de qualidade nas vias.

No plano da implementação, a Mauritânia caracteriza-se (a) pelo recurso a gabinetes de estudo nacionais para a realização das operações, (b) pela integração sistemática da componente « inquérito fiscal » no seio da operação, por último, (c) pela concentração das actividades apenas ao nível das autarquias, a DGI (Direcção Geral dos Impostos) e os serviços desconcentrados do Equipamento sendo simples observadores. Em Nouakchott, a opção feita consistiu em desenvolver dois programas informáticos: um SIG de gestão de endereços e um programa informático para a emissão de listas de fiscalidade. Ainda muito recentemente, estes instrumentos apenas eram utilizados pelo prestatário privado responsável pela monitoria da operação, Sendo o serviço de endereçamento da Autarquia urbana (CUN) julgado demasiado fraco para utilizar estes instrumentos. Uma evolução está em curso: o serviço de endereçamento do CUN, actualmente localizado na Direcção dos Recursos, deveria estar ligado ao Secretariado geral em tanto que Direcção, dado o seu carácter multi-gestor envolvendo a termo todas as Direcções. A actualização anual do ficheiro de endereçamento far-se-ia com base nas informações fornecidas por cada serviço municipal de endereçamento, as quais são confirmadas junto da fiscalização dos serviços centrais. Todavia, a divisão do CUN em 9 autarquias e a distribuição da fiscalidade entre fiscalidade autárquica (Imposto de residência e imposto municipal) e a fiscalidade inter-municipal (Patente e CFPB) corre o risco de alterar esta arquitectura.

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Opções técnicas

- Divisão. Em Nouakchott, a divisão é idêntica à da Autarquia Urbana

(CUN) dividida em 9 autarquias, - Codificação das vias. I identificativo da via é o número constituido por

um radical composto (número da autarquia e o número do bairro) e por um número de ordem (ex : rua 42.156 corresponde à 156ª rua do bairro 2 da autarquia 4). A progressão da numeração é feita de cada uma das duas direcções: uma Norte-Sul separa as comunas Teyaret, Ksar, El Mina de dar Naim, Arafat, Riad ; a outra Este-Oeste separe Tevragh Zeina, Ksar, Toujoumine de Sebkha, Arafat.

- Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de cada um dos lados da via). Contudo, nas cidades pequenas, o sistema consiste simplesmente em numerar as portas de forma cronológica e sem referência às vias.

- Colocação de placas de identificação das vias. A zona piloto de Tevragh Zeina foi incialmente sinalizada pela engenharia militar com bse num sistema de gravação. Em 2003, foram colocadas placas nalguns bairros. As inscrições são bilingues, francês-árabe.

- Inquéritos. Por ocasião da implementação do endereçamento, foi realizado um inquérito fiscal.

- Ficheiro. Os dados são explorados num programa informático específico (Arcom) que permite a emissão de listas de fiscalidade local (CFPB, TH, TC13, Patente) e a monitoria da sua cobrança.

- Planta de endereçamento. Ela é gravada num SIG (« Anouana », que significa endereço em Hassania) mas, não tendo sido impressa, ela não é amplamente divulgada.

Resultados

Graças aos esforços desenvolvidos pela Direcção das Autarquias Locais (administração da ligação das operações) no sentido da generalização a todas as capitais regionais, o endereçamento banalizou-se rapidamente nas autarquias assim como ao nível das populações. Este facto é tanto mais notável quanto a meta « fiscalidade» atribuida à operação logo no seu arranque não era obviamente muito vendável. Em Nouakchott, a operação foi acompanhada de campanhas de sensibilização particularmente conduzidas ao nível das escolas.

A apropriação da operação assim como dos seus resultados pelos responsáveis municipais continua no entanto limitada (a) pela falta de um serviço responsável pelo endereçamento, fora de Nouakchott e de

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Nouadhibou e, (b) pela complexidade dos instrumentos desenvolvidos (SIG, programas informáticos de gestão fiscal) no quadro da operação Nouakchott, facto que torna difícil a sua divulgação nas outra comunas. Estas duas constatações resultam directamente dos modos operatórios escolhidos e, em particular, da total responsabilização das operações por operadores privados.

A generalização da operação para 17 cidades não foi acompanhada duma suficiente harmonização dos métodos: a cada prestatário privado foi dada uma certa liberdade de desenvolver os seus próprios meios técnicos; a falta dum programa informático de gestão simples conduziu a um importante desfazamento entre a tecnologia informática desenvolvida no âmbito da operação Nouakchott e a implementada para as outras cidades. Todavia, este desfazamento não é, pelo menos, favorável às opções técnicas escolhidas para a Capital. Com efeito, a sofisticação dos instrumentos desenvolvidos constitui hoje um constrangimento em relação aos objectivos de « boa gestão » inicialmente definidos. As mudanças demasiado frequentes na lesgislação assim como a regulametação precisam de proceder a ajustes onerosos e complexos destes instrumentos.

Por último, o aumento significativo das emissões graças à localização sistemática dos contribuintes assim como da matéria colectável não foi acompanhada duma progressão igualmente significativa das cobranças. A título de exemplo, a Contribuição Predial sobre as Propriedades Edificadas em Nouakchott, apenas é cobrada ao nível de 15 % das emissões (Nouakchott , 2003 : 80 Milhões de UM14 cobrados para 609 milhões de UM emitidos). Do mesmo modo em Rosso, terceira cidade do país, o Imposto de Habitação, em 2003, apenas contribuiu em 100 000 UM para um potencial estimado em 6 milhões de UM. A realização das operações de endereçamento e dos inquéritos fiscais criou, no entanto, uma dinâmica nos serviços municipais responsáveis pela cobrança dos impostos: dinâmica muito particularmente visível para o Imposto autárquico cobrado junto aos pequenos comerciantes.

Por último, na Mauritânia, o endereço permanece pouco visível: os Municípios não publicaram plantas de orientação; o carácter sofisticado dos instrumentos cartográficos utilizados complicou a produção de plantas simples que poderiam ter sido divulgadas e afixadas com um fim utilitário nos municípios e noutras administrações. A colocação de placas limitou-se a um bairro de Nouakchott. A presente situação limita, actualmente, os resultados do endereçamento em matéria de gestão urbana.

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Aplicação específica

FISCALIDADE LOCAL. O principal objectivo do endereçamento consistiu

num melhor conhecimento e localização de cada entidade predial. A fiscalidade municipal, quase inexistente em termos de rendimento efectivo, foi considerada como sendo a primeira área de aplicação que permite a cada comunidade a ao CUN implantar um imposto equitativo. A cobrança informatizada deve permitir tornar mais seguros os procedimento e diminuir os riscos de diluição. Portanto, o endereçamento ocorreu ao mesmo tempo que o desenvolvimento de programas informáticos específicos essencialmente destinados a Nouakchott e susceptíveis de permitir uma cobrança mais eficaz dos impostos e das taxas: programa informático « Anouana » que permite uma localização das parcelas e Arcom, programa informático de emissão das listas e da monitoria das cobranças. A próxima etapa prevista pelo CUN é a interface entre os dois programas informáticos.

Para os outros municípios, os objectivos são idênticos, mas os intrumentos utilizados são diferentes: a instalação dos dois programas informáticos desenvolvidos em Nouakchott nestas cidades é improvável (excepto eventualmente em Nouadhibou). A DCL prevê divulgar um programa informático « Fiscalidade local » cuja utilização é mais simples e sem relação cartográfica. Por enquanto, as cidades geram os seus próprios ficheiros de endereços e de fiscalidade que manualmente, quer em tabulador informático.

SERVIÇOS DE BASE. Os serviços públicos assim como os grandes operadores privados amplamente solicitados e convidados a utilizar o endereçamento, manifestaram um vivo interesse (MauriPoste – Mauritel – Mattel – Somelec – Snde etc..). Eles permanecem contudo numa atitude de espera e alguns almejariam tornar-se detentores exclusivos deste instrumento.

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Figura 3.4. Mauritânia: Cidades com sistema de endereçamento

Moçambique

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Moçambique  Maputo, Beira, Nampula, Pemba, Quelimane, Matola

Maputo Beira Nampula Pemba Queli-mane

Ma-tola

Número de habitantes

1 300 000 453 000 278 000 80 000 155 000 375 000

Superfície urbanizada (ha)

8300 ha 3 700 ha 2 250 ha 960 ha 1 160 ha 4 600 ha

Número de vias 2464 970 840 586 573 1400 Número de cruzamentos

5900 1 530 1 037 915 777 3 000

Vias denominadas dénommées

454 236 62 29 49 303

Número de portas numeradas

90 816 39 253 25 922 13 356 22 599 40 000

Custo das placas e colocação ($ E.U)

124 465 135 833 65 112 44 748 44 986 180 000

Custo total ($E.U) 553 250 - - - - - Datas 1995/99 2001/0 2001/02 2001/0 2001/0 2003/

Contexto e objectivos

O projecto de endereçamento acompanha o Governo moçambicano na sua demarche rumo a uma gestão descentralizada das 33 principais cidades do país. Depois da independência, o excesso de centralização tinha transferido para o Estado o essencial dos poderes para a gestão das cidades. O municípios eram tão inoperativos que o impacto da guerra civil e a deterioração da economia eram particularmente fortes e que importantes migrações rurais, 15, aumentavam os bairros implantados de forma anárquica e sem equipamento. Num contexto desta natureza caracterizado pela falta de meios públicos, as autoridades moçambicanas quiseram criar instrumentos, procedimentos e referências propriadas para a restruturação das capacidades das instituições urbanas, para melhor controlar o desenvolvimento das cidades assim como a sua gestão. O endereçamento apareceu como sendo a primeira etapa deste processo global. Iniciado em 1992, o endereçamento da cidade de Maputo finalmente implementado a partir de 1995. O sucesso da operação conduziu ao seu alargamento para quatro Capitais regionais, Beira, Nampula, Pemba, Quelimane e para a Matola, a cidade contígua a Maputo.

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Opções técnicas

• Divisão: Em Maputo, a cidade foi dividida em 5 zonas de

endereçamento e 17 sectores • Codificação das vias: O identificativo da via é constituido por um

número composto por um radical (número da zona) e por um número de ordem, (ex : rua 2.156 corresponde à 156ª rua da zona 2). A progressão da numeração é feita de Este para Oeste a partir da Baía de Maputo e de Sul para Norte a partir do estuário de Maputo.

• Numeração da portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de cada lado da via).

• Colocação de placas de identificação das vias: A produção das placas e a colocação foram asseguradas por empresas locais

• Inquéritos. Estes foram feitos pela Célula de endereçamento • Ficheiro. Inicialmente feito num programa informático para um meio

Macintosh, ele foi transferido para uma nova versão deste programa (Urbadresse), para este efeito desenvolvido em PC.

• Para as outras cidades, as técnicas escolhidas são similares.

Financiamento e implementação

Iniciado em 1992 pelo projecto PROL, financiado pelo Banco Mundial, o endereçamento da Capital moçambicana foi finalmente implementado a partir de 1955, no âmbito do « Projecto de apoio às instituições urbanas e ao desenvolvimento social dos bairros em Maputo » cofinanciado pelo MAE e pela Cidade. A sua implementação por uma Célula de endereçamento municipal foi apoiada por uma assistência técnica permanente. A seguir, a operações foi alargada, em condições similares e sob a supervisão duma « Célula nacional », para a Beira, Nampula, Pemba e Quelimane no âmbito do « Projecto de desnvolvimento municipal das capitais provinciais». Por último, em 2003, teve início uma nova operação na Matola, em novas condições: financiamento da cooperação descentralizada do departamento da Seine-St.Denis, que apoia pontualmente uma Célula de endereçamento.

Resultados

Em 10 anos, o endereçamento atingiu mais de metade da população urbana de Moçambique, seja 2,7 milhões de habitantes, e endereçou cerca de 220 000 construções. Cerca de 70 agentes municipais foram formados às técnicsa de endereçamento; nas 6 cidades envolvidsa foram elaborados

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ficheiros de endereços, indexação das vias, plantas de endereçamento e as vias estão doravante equipadas com placas de identificação. No plano institucional, doravante, a Célula de Maputo é parte do organigrama do Município e foi criada uma Célula nacional para coordenar as operações em todo o território. As Células estabeleceram vários contactos com os serviços da administração, os concessionários, os privados, as ONG’s, e foram implementadas várias aplicações do endereçamento. No seu conjunto, Moçambique é um país de referência em termos de experiência de endereçamento. Este sucesso deve-se ao forte envolvimento das autoridades moçambicanas, mas igualmente ao apoio incessante que o MAE prestou a esta iniciativa. Vários factores deveriam contribuir para a sua perenização: • os Presidentes dos Municípios acataram as implicações do

endereçamento em matéria de gestão urbana; • as Células dominam as técnicas de endereçamento, incluindo as

relativas à informática; além disso, elas dispõem de técnicos de terreno, capazes de transmitir os seus conhecimentos a outros agentes,

• a instauração dum « estatuto orgânico » das Células de endereçamento autorizando-as a valorizar financeiramente os seus serviços junto das administrações, dos concessionários, das empresas e da população, deveria cobrir uma parte das suas despesas de funcionamento.

Aplicações específicas

Foram implementadas e evocads no capítulo anterior várias aplicações específicas: monitoria das epidemias, desenvolvimento duma base de dados económicos (BDE), articulações com os Correios (Correios de Moçambique) e com os serviços prestados (Aguas de Moçambique). Pode-se acrescentar a colaboração da Célula de Maputo com a Direcção de Cosntrução e Urbanização para a hierarquização das 2400 vias da cidade e com o Secretariado Técnico de Adminitração Eleitoral para a organização das primeiras eleições autárquicas em 1998. Por último, sublinham-se os ganhos institucionais que representam a inserção da Célula de endereçamento no organigrama municipal da capital assim como a criação duma Célula nacional.

A CELULA DE ENDEREÇAMENTO NO ORGANIGRAMA MUNICIPAL. No ano 2000, a Célula de Maputo foi transformada em Direcção de Endereçamento e de Toponímia (DET). No organigrama municipal, ela está doravante ligada ao gabinete do Presidente do Município. Este estatuto assim como o facto de ela poder vender os seus produtos e os

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seus serviços permitiram-lhe assegurar uma perenização das suas actividades (actualizações regulares no terreno e na planta) e de desenvolver novas actividades (relaboração de mapas temáticos a pedido dos serviços, divulgação de extractos do ficheiro de endereços...). Por outro lado, responsável pela toponímia, a DET prepara listas para a denominação das vias a serem submetidas à aprovação da Assembleia Municipal.

Por último, a DET tem a responsabilidade de emitir « certificados de residência » para qualquer nova construção e qualquer mudança de ocupação. Este documento deve igualmente acompanhar qualquer pedido de acesso às redes de água e de electricidade. Este dispositivo permite que a DET esteja permanentemente informada da evolução das construções e que mantenha actualizado o seu ficheiro de endereços.

CRIAÇÃO DUMA CÉLULA NACIONAL DE ENDEREÇAMENTO. No ano 2000,

foi criada uma Célula nacional no seio do Ministério da Administração Estatal, na Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico. Ela é responável por « endereçar » todas as cidades do país e, consequentemente, por procurar os financiamentos necessários. Ela assume muito em particular as seguintes tarefas: • Formação das Células e dos outros serviços da administração às

técnicas de endereçamento e às suas aplicações; • Monitoria e fiscalização das operações, visando assegurar o correcto

funcionamento das Células bem como uma coerência de acção entre as várias experiências;

• Apoio às Células de endereçamento: transferência do programa informático de endereçamento, comercialização de produtos, utilização do copyright…

• Comunicação: relacionamento com as cidades, com os concessionários, com as empresas; implementação da página internet « Endereçamento em Moçambique » em colaboração com o Centro de Promoção de Investimentos em Moçambique.

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Figura 3.5 Mapa de Moçambique. A cidades abrangidas pelo endereçamento

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Niger

Niamey, Maradi

Número de habitantes: 850 000 Custo das placas: 190 000 $ EU Custo da colocação 40 000 $ EU Custo total da operação: 405 000 $ EU Estimativa custo/porta numerada: 6,5 $ EU

Implantação da Célula 2002

Contexto e objectivos

Niamey continuava a ser uma das únicas capitais da região que não tinha implementado um sistema de endereçamento. Para esta cidade com 800 000 habitantes, no contexto da descentralização, era urgente remediar esta situação. A componente endereçamento tinha sido inicialmente prevista no âmbito do PRIU , o qual tinha financiado o estudo de viabilidade em 2001. Constrangimentos de tempo contrariaram opresente cenário. Um outro doador, o AIMF, já presente no Niger noutros projectos, manifestou o seu interesse por inscrever o endereçamento no quadro da sua cooperação com a Autarquia Urbana de Niamey (CUN). Os objectivos consistiam em dispôr dum banco de dados urbanos, criar instrumentos de gestão urbana, melhorar os recursos da CUN.

Opções técnicas

• Divisão. A cidade foi dividida em 44 grupos de bairros. • Codificação das vias. O identificativo da via é um número composto por

um radical de duas letras (código do bairro) seguidas dum dígito correspondente ao número da via. Assim, a « rua GM 12 » é a 12ª do bairro do « Grand marché ». A evolução da numeração é feita de Este para Oeste a partir da Baía de Maputo e de Sul para o Norte a partir do estuário de Maputo. As vias paralelas ao rio Niger têm um número par. A numeração tem como origem as margens do rio ou a via que prolonga o eixo da ponte.

• Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de um lado e do outro da via).Colocação de placas de identificação das vias. A produção de placas foi assegurada por uma empresa seleccionada sob concurso internacional e a colocação foi feita por empresas locais sob fiscalização da Célula de endereçamento.

• Numeração e inquéritos. Foram executos pela Célula de endereçamento. O inquérito engloba o endereço, o nome do ocupante, o modo de

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ocupação da parcela, as referências de cadastro, a existência ou não de energia e água, informações sobre o saneamento.

• Ficheiro de endereços. Este foi constituido num programa informático de gestão de endereços Urbadresse.

• Implementação. A Célula de endereçamento da Autarquia urbana assegurou uma parte de implantação da operação; ela é responsável pela manutenção dos dados. Um Gabinete de contabilidade executa a auditoria periódica da Célula (solução experimentada com sucesso para o endereçamento de Conakry).

Financiamento e implementação

Em 2001, no âmbito do PRIU15 (Banco Mundial), foi financiado um estudo de viabilidade para o endereçamento de Niamey, mas os prazos não foram suficientes para implementar a operação. A CUN (que financiou o quadro de acolhimento da Célula de endereçamento) assim como o AIMF16 continuaram e levaram a operação a bom porto, desde então inscrita nos preparativos dos « jogos da francofonia », que Niamey deve acolher em 2005. A AFD participará no prolongamento da operação e na instalação das aplicações. Além disso, em 2003, o MAE iniciou um projecto de endereçamento em Maradi, o qual deve ser completado por uma aplicação fiscal nesta cidade e na Capital.

Resultados

O aspecto notável desta experiência prende-se ao facto de o conjunto destas tarefas ter sido realizado com sucesso, em períodos curtos e em condições inéditas, que poderiam ser interpretadas como sendo de « risco ». De facto, a operação que foi a primeira do país. • não era uma componente de um Projecto e não beneficiou do seu

contexto (tal como em Burkina-Faso, na Guiné, na Mauritânia, em Moçambique),

• inscrevia-se num quadro municipal, no qual os serviços apenas dispunham de meios modestos,

• não beneficiou duma assistância técnica permanente, mas beneficiou dum apoio pontual de algumas semanas,

• era financiada por um doador para o qual o endereçamento era uma novidade.

Volvidos 15 meses, tendo realizado todas as tarefas com afinco, o

estado de avanço era o seguinte: os inquéritos e a numeração das portas

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foram concluidos em toda a cidade; o ficheiro de endereços foi concluído (cerca de 50 000) ; as plantas de colocação de placas bem como a lista das placas foram enviadas ao fornecedor seleccionado por concurso; as 10 000 placas de identificação das vias foram fabricadas e colocadas; a planta de endereçamento assim como a indexação das vias estão prontas para a impressão. Este balanço positivo deve-se à convergência de vários factores: responsabilização dum Comité de pilotagem muito activo, (ele optou rapidamente pelas decisões a tomar na sequância do estudo de viabilidade), gestão fora das regras administrativas do orçamento da Célula de endereçamento, mas uma fiscalização rigorosa por um Gabinete privado local de contabilidade, e sobretudo, envolvimento notável no seio da CUN duma equipa local restrita mas motivada, e permanentemente disponível.

Aplicações específicas

Registam-se alguns aspectos significativos que contribuiram para o sucesso da operação.

O ENVOLVIMENTO DO COMITE DE PILOTAGEM composto por reprentantes da CUN, do Cadastro, da Urbanização, do PRIU, dos concessionários, e por dois chefes de bairro por autarquia, soube aliar a flexibilidade e a rapidez nas convocatórias e na tomada de decisão. A adopção de grandes princípios foi submetida à aprovação do Conselho Municipal, mas as decisões técnicas foram tomadas pelo Comité de Pilotagem, mais mobilizável e mais envolvido na operação.

O RECURSO A UM GABINETE PRIVADO LOCAL DE CONTABILIDADE. A implementação do endereçamento é muitas vezes difícil de gerir. A célula de endereçamento não pertence (ainda) ao organigrama municipal, o recrutamento temporário de pessoal contratado (inquiridores, operários) é geralmente indispensável, as deslocações ds equipas no terreno são múltiplas e quotidianas, as necessidades em pequenos consumíveis nem sempre são previsíveis. Além disso, os prazos geralmente apertados quase não coadunam com a lentidão administrativa. Por último, o orçamento não é um pequeno pormenor e trata-se de gerí-lo nas melhores condições.

A experiência do endereçamento de Niamey que se inspira na de Conakry revelou-se concludente. O recurso a um gabinete de contabilidade cujo mandato é monitorar de perto as despesas da Célula, revelou-se satisfatório. Este dispositivo garante a segurança dos recursos e permite ultrapassar as dificuldades acima evocadas; ele evita distrair o responsável da Célula das tarefas técnicas, contribuindo para manter o

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ritmo, pagando o pessoal contratao todas as semanas e pagando rapidamente as despesas de transporte de consumíveis; por último, ele protege a Célula de várias solicitações, muitas vezes difíceis de esquivar.

A PARTICIPAÇÃO DOS CONCESSIONÁRIOS E DE OUTROS SERVIÇOS. Logo no início da operação, o Comité de pilotagem associou vários serviços na implementação do endereçamento. Ele soube manter o ânimo inicial, que diminui à medida que a operação decorre. Desta feita, foram assinados vários protocolos de entendimento entre os participantes, para facilitar a troca de informações. Neste contexto, a procura dum denominador comum aos ficheiros dos diversos serviços e do endereçamento revelou que as referências de cadastro eram mais pertinentes para garantir o máximo de aproximação entre os ficheiros.

UM EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO. A Célula de endereçamento mobilizou uma equipa da televisão nigeriana para realizar o vídeo de sensibilização das populações para o endereçamento. Foi construido um cenário muito vivo com uma equipa de actores. Este coloca em cena uma família que se interroga sobre os rumores a propósito da operação de endereçamento que acaba de ser lançada. Uma reunião de bairro permite esclarecer as perguntas colocadas. O conjunto é bastante arrojado e tudo é dito em cinco minutos; o vídeo é apresentado em duas versões: francês e língua local. Uma vez que poucas equipas realizaram documentos desta natureza, fora as da Guiné e de Moçambique, convinha portanto destacá-lo.

COMO CONCLUSÃO, ALGUMAS PERSPECTIVAS. Os responsáveis da Célula são solicitados para garantir o apoio técnico aquando da futura operação de endereçamento da cidade de Maradi. O sucesso incita outros doadores a reforçar as capacidades da célula e apoiar a implementação de aplicações do endereçamento: gestão do saneamento, inventário do património da autarquia urbana, implantação dum sistema de informação urbana que utilize especificamente os dados recolhidos.

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Figura 3.6. Niamey: Setorização nos Bairros

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Senegal

Dakar, Pikine, Guédiawaye, Thiès, St. Louis, Kaolack, Ziguinchor, Rufisque, Diourbel, Tambacounda, Louga

PIP (M.$EU) Endereçamento $ População

1 Dakar 15,0 623 630 940 046 2 Pikine 7,3 283 108 790 481 3 Guediawaye 4,5 150 586 474 811 4 Kaolack 4,2 92 864 251 143 5 Thies 4,1 117 409 282 675 6 Rufisque 2,8 110 052 170 386 7 Ziguinchor 2,2 86 415 225 916 8 Diourbel 2,1 56 725 116 187 9 St. Louis 2,1 37 631 157 819

10 Louga 1,6 36 240 89 788 11 Tambacounda 0,9 72 167

sTotal 46,9 3 571 419 Tdas autarquias 81,4 4 704 566 dt. Investimentos 65,1 dt. Estudos e MOD 8,6 dt. Monitoria 7,7

Financiamento IDA 70,4 AFD 9,5 Governo 1,6

Contexto e objectivos

No Senegal, a primeira experiência de endereçamento depois da independência data de 1993, mas a sua implementação mais efectiva arrancou em 1998 com o Programa de Apoio às Autarquias (PAC). O endereçamento é uma componente deste vasto programa e, numa primeira fase, apenas abrange as onze cidades mais importantes, enquanto que o PAC envolve as 67 autarquias urbanas, por um montante de 81,4 M. $ EU . Os investimentos do PAC foram determinados pelas Autarquias com base em « auditorias urbanas, organizacionais e financeiras», que fazem o inventário das necessidades e das respectivas capacidades de resposta municipais. Na sequência de várias arbitragens, pontuadas por paricipações dos munícipes, as Autarquias comprometem-se, com o Estado nos termos dum « Contrato de Cidade », a realizar três programas de investimento prioritários, de manutenção e de reforço institucional.

A componente «endereçamento» faz parte deste reforço institucional. O objectivo era duplo: (a) endereçar, em primeiro lugar, as principais

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cidades do país, com vista a facilitar a posterior cobrança de impostos locais; (b) a seguir, testar, em duas cidades, a aproximação entre as listas fiscais e o ficheiro de endereços, para identificar o potencial que escapou ao imposto: «endereçamento e registos fiscais » em Thiès e de Kaolack (ver capítulo 2).

Opções técnicas

• Divisão As cidades são divididas em bairros e geralmente definidas

por documentos. • Codificação das vias. O identificativo da via é composto por um radical

de duas letras (código do bairro) seguido dum dígito correspondente ao número da via. Assim, a « rua ES.12 » é a 12ª do bairro « Escale». A progressão da numeração é feita segundo dois eixos em função da configuração da cidade. Por exemplo, em Ziguinchor, a numeração evolui a partir do rio para as vias orientadas Norte-Sul e de cada lado da via, a partir da ponte para as vias orientadas Este-Oeste.

• Numeração das portas. A numeração é métrica e alternada (par e ímpar, de cada lado da via).Colocação de placas de identificação das vias. A produção de placas foi assegurada por uma única empresa seleccionada por concurso intetrnacional e a colocação por empresas locais sob fiscalização da ADM e das « Células Locais de endereçamento ».

• Numeração e inquéritos. Estes foram realizados pelas Células Locais de Endereçamento.

• Ficheiro de endereços. Os dados foram inicialmente elaborados num tabulador, antes de serem processados num programa informático de endereçamento Urbadresse.

Financiamento e implementação

O endereçamento no Senegal beneficiou dos seguintes financiamentos, • Em 1993, o « Projecto de Apoio à Descentralização e ao

Desenvolvimento Urbano no Senegal » (PADDUS), com a ajuda do FAC, financiou uma formação de endereçamento bem como a realização duma operação piloto em M’Bour. Este projecto tinha sido implementado conjuntamente pela Direcção das Autarquias Locais e pela Direcção de Urbanização e de Arquitectura.

• O « Programa de Apoio às Autarquias » (1998-04) é essencialmente financiado pelo Banco Mundial e pela AFD. Ele é pilotado pela Agência de Desenvolvimento (ADM), a qual fiscaliza, em particular, a

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 96

componente « endereçamento », implementada pelas « Célula locais de endereçamento ».

Quadro 3.4. Material de endereçamento por cidade

Placas de identificação das

vias Placas de portas Postes 1 Dakar 17441 2626 2 Pikine 8308 1294 3 Guediawaye 5573 403 346 4 Kaolack 2133 5936 112 5 Thies 2749 8282 69 6 Rufisque 4360 656 7 Ziguinchor 1432 6009 215 8 Diourbel 1849 2150 64 9 St. Louis 1303 145 106

10 Louga 934 1957 25 11 Tambacounda 743 136 213

Resultados

O endereçamento simultâneo de onze cidades ocorreu em condições particulares e a sua implemetação teve de ultrapassar três constrangimentos: • O primeiro prendia-se ao número e à importância da cidade a

endereçar; • O segundo constrangimento deveu-se ao facto de o arranque das

operações não ter sido ditado nem pela planificação geral do PAC nem pela do ADM, responsável pela orientação do Projecto, mas pela diligência do Presidente do Município em assinar e executar o « Contrato de Cidade ».

• O terceiro constrangimento deveu-se aos períodos de execução do PAC (cinco anos). Neste contexto, as quinze cidades inicialmente elegíveis ao

endereçamento realizaram a operação de várias maneiras: cinco realizaram o conjunto das tarefas (Thiès, Louga, Djourbel, Kaolack, Ziguinchor), sete apenas realizaram um endereçamento parcial, a finalizar no novo projecto PAC (Dakar, Rufisque, Pikine, St. Louis, Guiédiawaye, Tambacounda, quatro não respeitaram os prazos (M Bour, Richard-Toll, Kolda, M’Backé). O programa completo engloba as tarefas de cartografia, colocação de placas de identificação das vias, inquéritos e

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

97

numeração ds portas assim como a constituição do ficheito de endereços; o programa parcial limitou-se às duas primeiras tarefas.

Aplicações específicas

Para além da experiência acima evocada envolvendo os « registos fiscais », a particularidade do endereçamento no Senegal deve-se à sua implementação. De facto, o ADM teve de assegurar uma coordenação cerrada das acções de endereçamento, para que elas se integrassem em coerência com as outrsa intervenções programadas nas Autarquias. A organização foi esquematicamente concebida como segue: • A pilotagem geral é assegurada pela Direcção técnica da ADM e a sua

célula BDU (banco de dados urbanos). Ela precisa os métodos a seguir, assegura as formações das células municipais envolvidas, inicia a cartografia ds plantas de endereçamento, prepara e lança o concurso global para o fornecimento dos artigos de painelização.•

• Foram constituidas «células municipais de endereçamento» (CLA) em cada município que asseguram a monitoria ds operações com o apoio da ADM. O endereçamento das primeiras cidades envolvidas (Thiès, Louga,

Diourbel, Kaolack, Ziguinchor) foi principalmente realizado na repartição, excepto a fase de colocação de placas de identificação das vias; o grande envolvimento da ADM no sentido de ajudar as CLA permitiu nessa altura rodar os « savoir-faire » pelos municípios. Para as outras cidades, solicitou-se a intervenção de consultores para dois grupos de tarefas: (a) definir a codificação, preparar as plantas de endereçamento e de colocação de placas de identificação das vias, constituir o inventário das placas e dos painéis a remeter ao fabricante. (b) apoiar a CLA no sentido de fazer inquéritos e numerações, elaborar o ficheiro de endereçamento. De qualquer das maneiras, a colocação de placas e de painéis foi confiada à empresa.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 98

Quadro 3.5 Implementação da operação consoante as cidades

Thiè

s

Loug

a

Dio

urbe

l

Kao

lack

Zigu

inch

or

Dak

ar

Rufis

que

Piki

ne

Tam

baco

unda

St.L

ouis

Gué

diaw

aye

Lançamento da operação A A A A A A A A A A A

Formação célula A A A A A A A A A A A

Codificação A A A A A C C C A A A

Operação-piloto A A A A A C C C A A A

Fundo de planta provisória da cidade

A A A A A C C C A A A

Inquéritos: saneamento, portas

A A A A A A A A

Estampagem dos números de porta

A A A A A A A A

Ficheiro em tabulador A A A A A A A A

Fundo planta equipada da cidade

A A A A A A A A A A A

Planta decolocação de placas de identificação

A A A A A C C C A A A

Concurso fornecimento painéis

A A

Recepção painéis em A A A A A A A A A

Concurso colocação painéis

A A A A A

Colocação de painéis E E E E E

Impressão mapa indexação E E E E E

Ficheiro em suporte informático

N° de zonas a endereçar -> 21 14 14 16 12 48 3 16 8 13 12

Custos por cidade- >

A : ADM – C : Consulor – E : Empresa – x : Adiamento para o próximo PAC

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Quadro 3.6 Decomposição e ponderação das tarefas Etapa N° Coef Tarefas Cidade A Cidade B Cidade C Cidade D

1 1% Lançamento da operação A 2 2% Sensibilização, Codificação 3 1% Identificação CLA

4 1% Restituição, projecto despacho municipal

B 5 4% Fundo de planta proviória da cidade

6 1% Documentos para a operação

7 2% Operação-piloto 8 10% Inquéritos: saneamento,

portas

9 10% Estampagem dos números de porta

C 10 2% Fundo planta da cidade equipada

11 2% Planta de colocação de placas

12 2% Ficheiros em tabulador

13 1% Indexação das vias 14 1% Recepção das obras 15 3% Concurso fornecimento

painéis

D 16 4% Encomendas ao fornecedor

17 3% Recepção pela ADM

18 5% Entrega dos painéis das Autarquias Commune

19 2% Concurso colocção painéis

E 20 27% Colocação dos painéis 21 1% Recepção das obras

F 22 5% Mapa informático finalizado

23 2% Impressão mapa indexação

24 8% Ficheiro em suporte informático endereçamento

100 %

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 100

Com vista a assegurar a monitoria das operações, a ADM detalhou e ponderou o conjunto das tarefas e definiu uma matriz de cálculo visualizando o avanço das obras por cidade e no conjunto da operação (Anexo 4).

Figura 3.7 Mapa das cidades do Senegal

Fase 1 Fase 2

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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Outras operações: Benin, Rwanda, Djibouti, Togo, Costa-do-Marfim

Registo do Solo Urbano no Benin

O Benin dotou-se dum registo do solo urbano (RFU), espécie de cadastro simplificado, financiado pelo FAC desde os anos 1990, em Porto Novo, Cotonou e Parakou. O RFU foi implementado num contexto de parceria entre os vários actores: Autarquia local, Direcção Geral dos Impostos e dos Terrenos e um prestatário, o Serhau. Ele visa criar as bases duma fiscalidade local graças a um recenseamento dos terrenos, das construções, dos seus proprietários ou ocupantes. Ele é somente realizado para as partes « regularizadas » do tecido urbano das principais cidades. Um inquérito profundo está na origem da criação duma base de dados; desta feita, foram elaboradas seis fichas para cada parcela (parcela; proprietário contribuinte; edifício; unidade de habitação / contribuinte; instituição; explorador / contribuinte. Contudo, dado que os serviços fiscais não foram informados sobre as mudanças (em particular dos acordos de venda), existem algumas dificuldades de manutenção e de actualização.

Quadro 3.7 Custos do RFU em $EU

Investimento Custo/hab. Custo / ha Custo/parcelCotonou 1 050 000 1,9 150 15 Porto-Novo 560 000 2,9 132 14 Parakou 168 000 1,8 42 11 O RFU está dotado dum duplo sistema de endereçamento:

endereço geo-codificado (bairro/zona, quarteirões e parcelas) e um endereço postal (vias e acessos das parcelas). A planta dita de endereçamento para a localização espacial das parcelas, mas sem projecto de colocação de placas de identificação das vias e de números de porta em toda a cidade.

Rwanda : endereçamento e registo do solo urbano

A operação do Rwanda decorreu nos princípios dos anos 90, no cruzamento dum projecto do FAC e dum projecto do Banco Mundial de renforço das instituições urbanas, cuja implementação foi limitada. A experiência procurava fazer a síntese da do RFU e das operações de endereçamento com a criação dum Registo de Informação sobre a Ocupação do Solo Urbano (RIOFU). Três objectivos eram visados: (a)

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 102

instalar o imposto predial destinado às autarquias locais; (b) emitir os títulos de propriedade dos terrenos; (c) dispor de plantas que sirvam de base para a programação e planeamento urbanos.

A circunscrição urbana de Kigali, a capital, assim como a cidade de Butare foram, portanto, dotadas destes registos em 1992-1993. A superfície registada foi de 2300 ha em Kigali e de 500 ha em Butare. Estava previsto o alargamento da operação para outras cidades, mas os acontecimentos dramáticos ocorridos em 1994 quase que apagaram estas intervenções. Todavia, algumas vias importantes estão actualmente dotadas de placas indicando a sua denominação.

Djibouti : o endereçamento inacabado de Balbala

Os « bairros antigos » ou « magala » da cidade de Djibouti (450 000 hab. em 2002) desenvolveram-se nas proximidades do porto e do bairro europeu. Apesar do carácter precário das suas contruções, estes bairros numerados de 1 a 7 bis implantaram-se numa faixa regular e foram « endereçados » antes da independência. Em 1983, a extensão da cidade para o sítio balsático de Balbala conheceu um impulso considerável, quando desapareceu o corte que a separava da velha cidade: a travessia do oued Ambouli foi arranjada e a barragem de arame farpado que comandava o acesso à cidade foi abolida. A zona de Balbabla foi progressivamente integrada à cidade e foi objecto de muitos projectos de equipamento. Em 1997, o MAE financiou um estudo de endereçamento deste novo bairro (2000 ha), na sequência de grandes obras da operação « grande porte », que contribuiram para o acesso aos bairros mais desfavorecidos da aglomeração. Mas o endereçamento ficou-se por aí, aguardando, sem dúvida, um contexto mais oportuno…

Togo : Endereçamento e imposto de residência

Em 1996, no quadro do Projecto de Desenvolvimento Urbano financiado pelo Banco Mundial, foram criados, de forma complementar, o endereçamento e o imposto de residância. Este imposto pagável por qualquer pessoa com residência fixa no Togo, toma como base o tipo de habitação e o seu equipamento em água, energia eléctrica e telefone.

« Neste programa de apoio à mobilização financeira das autarquias locais, foi lançado um vasto programa de endereçamento de cidades e de identificação dos contribuintes. Assim, de menos de 300 contribuintes antes sujeitos à fiscalidade com base no uso e aproveitamento (imposto predial e imposto de recolha do lixo doméstico), o nedereçamento

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PRÁTICAS DO ENDEREÇAMENTO

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permitiu a identificação dum potencial de mais de 80 000 contribuintes para o imposto de residência. Em princípio, a presente reforma deveria ajudar as autarquias locais a melhorar os seus recursos financeiros e a garantir os serviços e os investimentos urbanos necessários ao melhoramento da qualidade de vida das populações17 ».

A primeira operação decorreu em Lomé, pilotada por uma Célula subordinada ao Presidente do Município. Uma atenção particular foi centrada sobre a identificação das vias, que devia manter-se simples e fazer referência aos bairros. « Bairro Adobou Komé – Rua 6 ». O mapa de endereçamento de Lomé foi posteriormente transportado para o SIG. Em 2001, as obras da Célula foram continuadas pelo « Projecto de Integração Urbana e de Cooperação de Proximidade » financiado pelo MAE.

O endereçamento na Costa-do-Marfim

A Costa-do-Marfim iniciou as primeiras acções de endereçamento em Abidjan com fundos próprios e em San Pedro, com o financiamento da União Europeia (Projecto de Desenvolvimento das Autarquias da Costa). A abordagem previa três etapas: (a) numeração ds vias e colocação de placas de identificação, (b) numeração das construções, (c) divulgação duma planta-guia para o público em geral, assim como campanhas de sensibilização e a formação dos actores.

A primeira etapa foi realizada nas duas cidades. Assim, as 10 Autarquias de Abidjan foram divididas em 55 zonas de endereçamento definidas em função de limites naturais e agrupando vários bairros. Foi atribuida uma letra para cada zona, as visa Este-Oeste, paralelas ao mar, têm números pares e as vias perpendiculares números ímpares. Assim, a avenida Latrille na autarquia de Cocody, tornou-se « Av A5 Latrille ». As vias de 7 autarquias foram identificads com placas. A célula de endereçamento, criada no seio do BNETD, prevê equipar um total de 6000 vias, 12 820 cruzamentos e impasses com cerca de 25 000 placas de identificação e 13 000 postes.

A numeração das construções não foi realizada, mas prevê-se que ela seja métrica e alternada. Foi criada uma base de dados, as plantas de endereçamento digitais existem, mas ainda não foram objecto duma impressão em quantidade.

Nos bairros onde o endereçamento já existe, tal como a Zona 4, Plateau, Vieux Cocody, Treichville, as antigas denominações foram preservadas mas todas as vias foram numeradas.

Por último, para facilitar a orientação na cidade com base no novo endereçamento, prevê-se a afixação dos mapas dos bairros nas guaritas das paragens dos autocarros, nas entradas e saídas dos bairros e nas

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 104

placas públicas. No que respeita à posterior denominação das visa, ela depende dos Conselhos Municipais e ocorrerá de forma progressiva.

1 Maputo (1 300 000 hab.), Conakry, Douala, Bamako, Lomé, Niamey, Yaoundé,

Nouakchott, N'Djamena (600 000 hab.), Ouagadougou, Beira, Matola, Bobo-Dioulasso, Nampula, Thiès, Kaolack, Ziguinchor, Quelimane, Diourbel, Louga, Pemba (80 000 hab.). A população é a que iniciou a operação de endereçamento em cada cidade.

2 Na maioria das cidades, as autoridades foram reticentes quanto à ideia de endereçar os bairros ditos irregulares ou espontâneos.

3 O custo mais baixo foi em (0,4 $) e o mais elevado em Nouakchott (2,1 $). 4 Um país assegurou o seu próprio financiamento (Costa-do-Marfim), mas em

2004, a dimensão da operação continua ainda limitada. 5 Em Yaoundé e em Douala, foram desenvolvidas as mesmas aplicações. 6 Esta aplicação foi acima evocada: capítulo 2. « Apoio aos serviços

municipais » 7 Fundo de Ajuda e de Cooperação (França) 8 O presente projecto visa prosseguir o melhoramento dos meios de gestão e de

manutenção dos serviços urbanos, em particular do saneamento. O endereçamento de Bamako constitui uma componente importante deste projecto.

9 Célula criada em 1999, com o estatuto de instituição pública 10 na base de copolímeros acrílicos e em vinil. 11 Ministério dos Negócios Estrangeiros (França) 12 A primeira operação fois realizada em Nouadhibou, na sequência do exemplo

de Bamako, apenas com financiamento autárquico (22 000 $EU) ; o que se estima em 0,25 $EU por porta numerada, custo amplamente aquèm dos custos posteriormente registados em Nouakchott.

13 CFPB Contribuição predial sobre sa propriedades construidas, TH Imposto de habitação, TC Imposto autárquico.

14 UM : oughiya, moeda da Mauritânia. 15 Projecto de Reabilitação de Infraestruturas Urbanas 16 Associação Internacional dos Presidentes de Municípios Francófonos. 17 Badabon, C. 2001. A luta contra a pobreza urbana no Togo.

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4

Manual de endereçamento

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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As hipóteses da base presente capítulo reune, sob forma de ficha, os elementos práticos de implementação: o presente « manual » foi eleborado com base em três hipóteses:

1. É quase impossível denominar as vias de improviso, isto é, atribuir nomes as que não o têm. Geralmente, esta prerrogativa depende da autoridade municipal e o processo é lento: o facto de atribuir às vias nomes de pessoas, de heróis, de personagens históricos, de homens da arte, de benfeitores, suscita muitas vezes longas arbitragens, das quais seria imprudente querer escapar. Normalmente, às vias mais importantes, atribuem-se os nomes com maior prestígio, o que leva a fazer correponder a hierarquia das vias com a hierarquia dos nomes: exercício bem complicado quando as vias devem ostentar nomes de políticos. As « incitações » regulamentares para denominar as vias nem sempre são seguidas à risca, tal como revela a experiência dos Camarões (Anexo 3). A solução preconizada consiste em adoptar provisoriamente um sistema de identificação por número, facto que não suscita « escolhas emotivas » e permite uma identificação imediata das vias. Este sistema, particularmente adoptado nos Estados-Unidos, aplica-se perfeitamente a uma urbanização « em xadrez », na qual rua 1, rua 2, rua 3 se sucedem…, mas ele é inconfortável quando o traçado das vias não é regular. Neste caso, opta-se por associar as vias dum mesmo bairro a um identificativo: um determinado local, nome do bairro, letra ou número ordinário. Considera-se que se trata duma solução provisória, enquanto se aguarda que as vias sejam progressivamente denominadas, facto que tem mais significado para os residentes. Todavia, constata-se que uma via que foi numerada torna-se a seguir mais fácil de denominar, por ela ter sido já identificada, localizada e definida pela sua origem e seus extremos.

2. A operação de endereçamento é uma acção municipal. Foram levadas a cabo algumas experiências por vezes sob tutela ministerial, antes de serem localizadas no seio das autarquias. Este dispositivo deve ser considerado excepcional: a implementação duma operação de endereçamento deve ser a oportunidade para mobilizar a iniciativa municipal, particularmente com a criação duma « Célula de endereçamento », a qual deveria, progressivamente, evoluir para um centro de « dados », o observatório urbano ou a oficina de urbanismo do município.

O

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

107 

3. O endereço é definido em relação à via e não em relação ao quarteirão. O princípio consiste em materializar o endereço para torná-lo visível a partir do « espaço público », isto é, a partir da rua: o que leva a identificar as vias (placas de identificação da via) assim como as construções que as bordam (números na parte frontal). Outros sistemas privilegiam a identificação do quarteirão (espaço privado) na planta, sem dedicar um interesse específico a este tipo de localização. Muitos « mapas » de cadastro foram elaborados desta maneira, sem nomes nem números de rua, mas os seus utentes são geómetros e homens das artes, habituados a ler plantas e a localizar-se com uma facilidade que ultrapassa as competências do citadino médio.

Apresentação do manual

O manual está concebido sob a forma de 13 fichas ilustradas, as quais detalham as diferentes fases da operação de endereçamento. • Uma visão geral do processo

Ficha 1 : « Conceber a operação de endereçamento» Ficha 2 : « Estudar a viabilidade »

• Respostas às perguntas colocadas no estudo de viabilidade Ficha 3 : « Instalar a Célula de endereçamento » Ficha 4 : « Avaliar os custos e os prazos » Ficha 5 : « Definir a dimensão da operação» Ficha 6 : « Escolher o sistema de codificação »

• As grandes tarefas do endereçamento: Ficha 7 : « Cartografar » Ficha 8 : « Fazer Inquéritos e numerar portas » Ficha 9 : « Registar os endereços » Ficha 10 : « Colocar placas de identificação nas vias » Ficha 11 : « Editar a planta e a idexação do endereçamento » Ficha 12 : « Mediatizar » Ficha 13 : « Manter e inovar ».

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Ficha 1. Conceber a operação de endereçamento

A operação decorre em três fases: preparação, execução, manutenção. O decurso de cada fase é a seguir brevemente comentado e ilustrado pelas figuras 1 e 2 (Planificação e sequência das tarefas). Ao longo destas fases são implementadas as seguintes tarefas: codificação e numeração das portas, cartografia, colocação de placas de identificação das vias, constituição dum ficheiro de endereços, mediatização.

Fase de preparação OBJECIVO E TAREFAS A REALIZAR. Esta fase deve permitir a definição

das modalidades de implementação da operação de endereçamento assim como a instalação da célula encarregue pela sua coordenação, dita « Célula de endereçamento ». As tarefas centram-se sucessivamente sobre:

• a condução dum estudo de viabilidade que deve determinar a

« codificação » (cf. glossário) para a identificação das vias e a « numeração » das portas assim como as modalidades de execução da operação,

• a instalação da « Célula de endereçamento », responsável pela coordenação da execução. RÉSULTADOS ESPERADOS. Estes dizem respeito à validação, pela

autoridade municipal, das recomendações do estudo, assim como a mobilização efectiva da Célula.

INTERVENIENTES. Município, consultor, Célula de endereçamento. DURAÇÃO E CUSTOS. A duração desta fase é de cerca de 21 semanas,

das quais 12 para o estudo de viabilidade. Os custos referem-se ao estudo de viabilidade (2 pessoas-mês) e a remuneração de três responsáveis da Célula, incluindo a despesas de funcionamento e a aquisição de materiais.

ESQUEMA DE DÉSENVOLVIMENTO. A fase de preparação decorre em dois momentos: estudo de viabilidade e instalação da Célula de endereçamento, (os números que se seguem remetem para as sequências das figuras 1 e 2). • Primeiro momento: (1) Seleção dum consultor encarregue pelo

estudo de viabilidade; (2) Realização do estudo, (3) Validação das recomendações pela autoridade municipal.

• Segundo momento: (4) Instalação da Célula, (5) Recolha duma primeira documentação (fundo de plantas), (6) Primeira campanha

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

109 

de « mediatização », (7) Formação dos agentes da Célula para a implementação e monitoria da operação de endereçamento; esta formação pode ser assegurada por um consultor, que tiver preparado o estudo de viabilidade.

Fase de execução

OBJECTIVO E TAREFAS A REALIZAR. A presente fase é a da realização

propriamente dita. As tarefas centram-se principalmente: • na preparação da planta de endereçamento e da indexação das vias,

(« cartografia ») • na colocação de « placas » de identificação das vias nos principais

cruzamentos, (« colocação de placas de identificação »), • na « numeração » das portas, conforma a codificação adoptada e o

respectivo inquérito, • na constituição dum « ficheiro de endereços », • na « mediatização » da operação de endereçamento.

RÉSULTADOS ESPERADOS. Dizem respeito à realização das tarefas

anteriores bem como a produção dos seguintes documentos: planta de endereçamento, indexação das vias, ficheiro de endereços, elementos de mediatização, planta de colocação de placas de identificação, lista de placas de identificação das vias.

INTERVENIENTES. Município, Célula de endereçamento, formador, iquiridores e operários, especialista em « mediatização », fabricante da placas de identificação de vias, empresa encarregue pela colocação, gráfica.

DURAÇÃO E CUSTOS. A duração varia em função da importância da cidade: 12 a 18 meses. Os custos referem-se ao funcionamento da Célula de endereçamento, (incluindo a remuneração dos inquiridores e dos agentes temporários), o fornecimento de placas de identificação das vias assim como do material necessário para a numeração das portas, as despesas de mediatização.

ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO. Pode-se, quase em simultâneo, implementar a cartografia, a preparação dos inquéritos e da numeração das portas e o lançamento do concurso para a fabricação das placas de identificação.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

110 

Figura 4.1 Seqüência das tarefas

1 Seleção de consultor

2

Realização do estudo

3 Validação das

recomendações

4 Instalação da

célula

6 Primeira

campanha de mediatização

7 Formação dos

agentes da Célula

8 Cartografia

de base

9 Inventário das

vias e dos cruzamentos

10

Codificação das vias

5 Recolha duma

primeira documentação

15 Preparação dos questionários e dos materiais

16 Recrutamento e à formação dos

inquiridores

23 Permissão para a

fabricação das placas

25 Plano da

assinalação e listado das placas

Codif

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ias

Preparação

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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11

Indexação das vias

12

Depois do concurso

13 Seleção de impressor

14 Impressão do plano índice

33 Atualização da

cartografia

17 Operação piloto

19 Pesquisa

numeração de portas

18

Campanha de mediatização

20 Registro

dos dados

21 Processado e divulgado nas administrações

31 Atualização da

pesquisa de numeração

22 Difusão

em meios

24 Seleção do fornecedor

26 Fabricação de

placas

27 Recepção dos

placas

28 Selecionamento para colocação

das placas

29 Seleção da

emprêsa

30 Colocação das

placas

32 Atualização dos placas nas vias

Execução Manutenção

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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• Cartografia. Com base nos primeiros elementos preparados durante o estudo de viabilidade e nas informações recolhidas durante a preparação, a Célula elabora uma cartografia, chamada cartografia de base (8), na qual constam nomeadamente as vias e a toponímia dos bairros. A seguir, ela faz o inventário das vias e dos cruzamentos, etapa crucial para verificar os traçados da planta de base (9). Inicia-se então a codificação das vias, indicando na planta os seus identificativos e as suas extremidades, bem como a divisão adoptada para o endereçamento (10). A planta assim como a indexação das vias são de seguida finalizadas para serem impressas (11). Depois do concurso (12) e da escolha da gráfica (13) dá-se início à sua impressão.

• Numeração das portas e inquéritos. A preparação dos questionários e dos materiais para os inquéritos (15) ocorre logo no início da fase de execução, logo que a cartografia de base esteja pronta. Procede-se então ao recrutamento e à formação dos inquiridores (16), depois lança-se a operação-piloto (17), a qual resulta numa segunda campanha de mediatização (18). Começa então a fase mais longa da operação (19): numeração das portas e inquéritos junto dos ocupantes.

• Ficheiro de endereçamento. O registo dos dados (20) é feito diariamente, à medida que os inquéritos avançam. No fim da operação, o conjunto dos dados é processado e divulgado nas administrações e nos departamentos envolvidos (21).

• Colocação de placas de identificação das vias. Esta tarefa é longa pois ela engloba a fabricação e a consequente colocação das placas de identificação das vias. Por tanto, logo no início da execução, lança-se o concurso para a fabricação (23), depois do inventário das vias e cruzamentos, mas, para lançar este concurso, não é indispensável dispor da lista precisa das placas. No entanto, esta lista bem como a planta de colocação das placas de identificação (25) deverão estar prontas na altura da selecção do fornecedor (24), com vista a lançar a fabricação (26). Logo que terminar o fabricação e antes da recepção ds placas (27), é lançado o concurso da colocação (28), a qual começa depois da selecção da empresa (29).

• Mediatização. A sensibilização das populações para esta operação é feita pelo menos em 3 momentos: no fim da fase de preparação, quando a Célula é instalada (6); aquando da operação-piloto (17) e durante a divulgação da planta e da indexação das vias (22).

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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Fase de manutenção OBJECTIVO E TAREFAS A REALIZAR. Regra geral, esta fase requer meios

mais modestos que os da execução. As tarefas centram-se principalmente nos seguintes aspectos: • Actualização e complemento da numeração: números de porta

desaparecidos, criação de novas portas, novos bairros por endereçar (31);

• Actualização e divulgação do ficheiro de endereços; • Actualização e complemento da colocação de placas de identificação:

placas desaparecidas ou danificadas, novas vias por sinalizar (32); • Actualização da cartografia (33).

RÉSULTADOS ESPERADOS. Estes dizem respeito à actualização dos documentos produzidos anteriormente e, eventualmente, a extensão da operação de endereçamento para os bairros ainda não endereçados. Logo que as necessidades em endereçamento diminuam, a Célula deveria evoluir, utilizar o seu « savoir-faire » e alargar as suas competências para tornar-se, por exemplo, o centro de documentação ou a base de dados municipal.

INTERVENIENTES. Município, Célula de endereçamento. DURAÇÃO E CÛSTOS. A manutenção é feita anualmente. Os custos

dizem respeito ao funcionamento da Célula de endereçamento, ao eventual fornecimento de novas placas de identificação das vias e assim como aos materiais para a numeração das portas.

Quadro 4.1 As tarefas do endereçamento em função das fases

Tarefas Preparação Execução Manutenção Codificação x Cartografia x x x Numeração das portas - inquéritos

x x

Sinalização das vias x x Ficheiro de endereços x x Mediatização x x x

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Figura 4.2 Planificação das tarefas

Año 1 Semanas E F M A M J

ESTUDO DE FACTIBILIDADE 12 1. Seleção de consultor 2 2. Realização do estudo 8 3. Avaliação das recomendações 2 UNIDADE DE ENDEREÇAMENTO 9 4. Instalação da célula 4 5. Recolha duma primeira documentação 3 6. Campanha de mediatização 2 CARTOGRAFIA 46 8. Cartografia de base 3 9. Inventário das vias e dos cruzamentos 4 10. Codificação das vias 5 11. Indexação das vias 3 12. Depois do concurso 8 13. Seleção de impressor 2 14. Impressão do plano índice 4 PESQUISAS E NUMERAÇÃO 39 15. Preparação dos questionários e dos materiais 6 16. Recrutamento e à formação dos inquiridores 4 17. Operação piloto 1 19. Pesquisa e numeração de portas 25 BASE DE DADOS DE ENDEREÇAMENTO 33 20. Registro de dados 28 21. Processado e divulgado nas administrações SINALIZAÇÃO DAS VIAS 39 23. Permissão para a fabricação das placas 8 24. Seleção do fornecedor 2 25. Plano de sinalação e listado das placas 5 26. Fabricação das placas 15 27. Recepção das placas 2 28. Selecionamento para colocação das placas 6 29. Seleção da empresa 2 30. Colocação das placas 6 DIFUSÃO NOS MEDIOS 48 7. Difusão nos mios 1 18. Difusão nos mios 1 22. Difusão nos mios 2 MANUTENÇÃO 14 31. Atualização de pesquisas de numeração 12 32. Atualização das placas nas vias 6 33. Atualização de cartografia 6

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J A S O N D E F M A M J J A S O

Año 2

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Ficha 2. Estudar a viabilidade da operação

Cada cidade tem as suas próprias condições locais e os seus meios financeiros; esta especificidade deve ser tomada em conta aquando da implementação duma operação de endereçamento. Muitas variantes são possíveis para a numeração, a sinalização ou a cartografia... Antes de introduzir uma operação de endereçamento, a autoridade municipal deve portanto dispor de elementos para definir as suas opções: um estudo de viabilidade deve permitir-lhe saber em que condições esta operação é "viável".

O presente estudo não pode contentar-se com orientações gerais; ele deve terminar com orientações precisas e práticas, que permitam iniciar a implementação logo depois da aprovação das conclusões pela autoridade municipal. Estas recomendações cingem-se nos seguintes pontos: • Codificação das vias e das portas, • Dimensão da operação, • Modalidades práticas para a cartografia, numeração e inquéritos,

sinalização e ficheiro de endereços, • Organização e montagem da operação • Custos, financiamento, prazos

O estudo de viabilidade é de preferência realizado por um consultor especializado em operações de endereçamento. O prazo de execução é curto (cerca de 5 semanas), uma vez que as questões colocadas podem encontrar respostas neste manual de endereçamento.

Termos de Referência do Estudo de Viabilidade

CONTEXTO A autarquia de Doloba (350 000 habitantes) desenvolveu-se rapidamentenas duas últimas décadas (7 % por ano). Excepto os bairros do centro, as vias não têm nome e os acessos das construções não têm número. Esta ausência de endereços perturba sobremaneira o funcionamento dos serviços públicos: serviços de saúde, de segurança, serviços técnicos municipais… De facto, os residentes remedeiam estas deficiências tanto quanto podem, localizando-se com base no nome de alguns bairros e de certos lugares, mas situação foi considerada bstante preocupante para que o Município decidisse lançar uma operação de endereçamento. Estes termos de referência dizem respeito ao estudo de viabilidade que deverá descrever com precisão as condições do desenvolvimento da operação.

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OBJECTIVO

Com base nos resultados do estudo, a autoridade municipal deverá poder definir as suas opções. Uma « grelha de validação » das recomendações formuladas ser-lhe-á apresentada no fim dos estudos. Depois da validação, a operação poderá arrancar o mais rapidamente possível.

TÂREFAS A REALIZAR

A operação decorre em 3 fases: preparação, execução, manutenção. O estudo de viabilidade e a instalação duma « Célula de endereçamento » encarregue pela coordenação pertencem à fase de preparação. As tarefas a realizar centram-se nos seguintes aspectos: (a) codificação das vias e das portas, (b) dimensão da operação, (c) modalidades práticas para a cartografia, numeração e inquéritos, sinalização e ficheiro de endereços, (d) organização e montagem da operação, (e) custos e financiamento. Codificação • Codificação das vias. A maioria da vias não tem nome. A experiência

mostra que é praticamente impossível atribuir nomes de forma sistemática e rápida, pois a denominação requer longas arbitragens do Município e da vizinhança. A solução consiste portanto em adoptar um sistema de numeração das vias, o qual será posteriormente e progressivamente completado por denominações. Dado que a implantação das vias não respeita um traçado regular, do tipo traçado « em xadrez », a numeração das vias não pode ocorrer de forma sequencial, a rua 42 depois da rua 41. Para facilitar a localização, acrescenta-se geralmente um número ordinário da via, um prefixo (ou um sufixo) que se refere à autarquia, ao distrito municipal ou ao bairro: por exemplo, caso a referência seja o distrito municipal, a 42ª rua do 3° distrito municipal será identificada: rua 3.42 ; caso a referência seja a zona C, a 42ª rua seria identificada : rua C.42.

O consultor examinará as principais opções para a identificação das vias incluindo as suas vantagens e desvantagens bem como formulará as suas recomendações. Para o efeito, ele fornecerá um mapa da cidade em 1/10 000, indicando a proposta de divisão que servirá de referência para a via (autarquia, distrito municipal, bairro, determinado lugar, zona de endereçamento).

• Numeração das portas. O consultor examinará as principais opções (numeração sequencial, decamétrica, métrica…) com as suas

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vantagens e desvantagens e recomendará uma solução para a numeração das portas.

Para os bairros onde já exista uma numeração das portas, o consultor formulará as suas recomendações.

Dimensão da operação Bairros a endereçar prioritariamente. O número de bairros a endereçar é importante e alguns deles podem revelar-se mais prioritários que outros. De facto, alguns bairros periféricos estando em construção, pode revelar-se pertinente diferir o seu endereçamento. O consultor proporá uma lista de bairros a endereçar prioritariamente, fundamentando as opções propostas. Impacto do endereçamento. O endereçamento atribui um número aos acessos das construções (residências, actividade, equipamento). Ele pode estender-se a alguns elementos do equipamento urbano: fontenários, bocas de incêndio, acumulação de resíduos sólidos … O consultor indicará se propõe que se inclua este endereçamento numa primeira operação ou se propõe que se defira para uma fase posterior. Localização da operação-piloto. O consultor delimitará numa planta, uma zona de algumas vias onde poderia decorrer a operação-piloto. Ele explicará de forma sucinta as razões da sua opção. Modalidades Práticas • Cartografia. O consultor preparará uma planta da cidade à escala de

1:10 000, (em suporte informático na medida do possível), a qual integrará os seguintes elementos: - vias e praças com nomes já conhecidos, - limites administrativos (autarquias, distritos municipais…), - limites propostos para a codificação das vias, - zonas a endereçar prioritáriamente, zonas a endereçar

posteriormente, - sentido da progressão da numeração, - toponímia dos bairros e dos locais ditos importantes, - identificação (numeração) das vias com indicação dos extremos

assim como do sentido da progressão dos números de porta, para dois bairros da cidade.

• Numeração das portas. O consultor preparará: - um formulário a preencher no momento da numeração, - um projecto de modelo de circular a entregar aos transeuntes,

-um modelo de inscrição e de materialização dos números de porta.

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• Ficheiro de endereços. O consultor preparará um projecto de ficha de inquérito e descreverá a maneira como os dados serão processados, os tipos de exploração a operar regularmente e a remeter às administrações envolvidas.

• Sinalização das vias. O consultor fornecerá as seguintes informações: - estimativa do número de cruzamentos existentes nas zonas a

endereçar, - estimativa do número de placas de identificação a colocar, - proposta de placa de identificação de via: dimensão, conteúdo das

incrições, material, tipo de suporte, referências de fornecedores, - proposta para o fabrico e para a colocação

Organização da Célula e Montagem da Operação • Comité de monitoria. O Município constituiu um « Comité de

monitoria » da operação de endereçamento, ao qual o consultor comunicará os resultados do estudo. Este Comité, integra representantes do Conselho Municipal e dos serviços desconcentrados dos Ministérios do Interior e do Urbanismo. Durante a operação, este reunir-se-á periodicamente com a Célula de endereçamento, para fazer o ponto de situação sobre o avanço das obras. O consultor vai propor um calendário de reuniões com o Comité de monitoria ao longo da operação. Ele poderá sugerir outros encontros, por exemlo com os chefes de quarteirão.

• Célula de endereçamento. Ela será responsável pela coordenação das acções. A este título, ela recruta os inquiridores e os trabalhadores temporários que intervirão na operação . Ela é particularmente responsável pela cartografia, pela numeração das portas, pelo ficheiro de inquéritos e pela colocação das placas. Ela é composta por cerca de 3 elementos permanentes. O consultor identificará e proporá pessoas que pertencem ou não aos serviços municipais e que possam intervir na Célula. Ele dará recomendações sobre: - o modo de funcionamento da Célula, - a planificação da realização das obras durante a fase de execução, - o ritmo de reuniões com o Comité de monitoria.

O consultor definirá um conjunto sucinto de procedimentos descrevendo em particular: - o relacionamento entre o Comité de monitoria e a Célula durante a

fase de execução; - as prerrogativas da Célula assim como o papel dos vários agentes

que nela participam.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Custos e financiamento O consultor avaliará a previsão dos custos da operação para os períodos de preparação (instalação da célula), de execução e de manutenção (para um ano), distinguindo as despesas de investimento e de funcionamento. A Célula gozará duma certa autonomia financeira, nomeadamente durante o período de execução (durante o qual se deve pagar o pessoal temporário e dar cobro às despesas correntes. O consultor deixará recomendações sobre o contrôle das destas despesas. Aquando da recaptitulação dos custos previsionais, o consultor distinguirá, caso seja necessário, os diferentes financiamentos previstos para a operação. DURAÇÃO. DOCUMENTOS À REMETER O estudo tem a duração de 5 semanas. No fim das 3 primeiras semans, o consultor remeterá ao Comité de monitoria, 3 cópias dum relatório provisório no qual estará detalhada a sua estimativa de custos. O Comité de monitoria terá 8 dias para comunicar os seus comentários. O consultor terá uma semana para preparar o seu relatório definitivo, o qual será entregue em 5 cópias. O crédito de tempo é de 5 pessoas-semana. DOCUMENTOS REMETER AO MUNICÍPIO O Município favorecerá os contactos do consultor com os seus próprios serviços, com os chefes de quarteirão e com os chefes das administrações que têm em seu poder dados para o estudo. Ele remeterá ao consultor os documentos de que dispõe, necessários os estudo (plantas e mapas da cidade em particular). APROVAÇÃO DOS RESULTADOS Aquando da entrega do relatório provisório, o consultor apresentará os resultados ao Comité de monitoria. Com vista a facilitar a tomada de decisões, o consultor utilizará a « tabela de aprovação » a seguir, para recapitular o conjunto dos pontos tratados. Tabela de aprovação A tabela recapitula as recomendações que o consultor apresenta ao Comité de monitoria. Cada um dos 23 pontos está sujeito à aprovação. A lista a seguir propõe, em itálico, exemplos de resposta ou de referências aos quadros ou às figuras. • Codificação 1. Quais são as propostas de endereçamento para o sistema de codificação das vias e para a divisão da cidade?

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Divisão: • em bairros, • em grupos de bairros,• em distritor municipais, • em zonas de endereçamento, • outros. Codificação das vias • : numeração com um número ou com uma letra : rua 3.12, rua C.12, • numeração com as iniciais do bairro: rua MED. 12, rua 12.MED No bairro « Medina ».)

2. Que sistema de numeração aplicar para as portas? A numeração é: • sequencial, • métrica, • decamétrica

3. Em que direcção será feita a progressão da numeração? Definir dois eixos perpendiculares no centro da cidade (via importante, rio…) a partir dos quais serão feitas as progressões: • Para as visa cuja orientação é Norte-Sul, a numeração evolui a partir do eixo …. e para as vias cuja orientação é Este-Oeste, ela evolui a partir de ….)

4. O que é feito da numeração de portas existente nalguns bairros? A numeração existente é: • conservada e será alterada posteriormente, • é alterada, mas os números antigos podem manter-se provisoriamente. • Dimensão da operação

5. Quais são as zonas a endereçar com prioridade e as cujo endereçamento é adiado?

• Os bairros estruturados serão prioritariamente endereçados (lista) • Os bairros antigos não estruturados serão endereçados nas mesmas que os bairros estruturados • Os bairros antigos não estruturados só serão endereçados ao longo das vias principais existentes (lista), • Os bairros novos não estruturados serão endereçados posteriormente (lista). •As fundamentações desta proposta são as seguintes: ……)

6. O que se vai endereçar: somente construções ou equipamento urbano igualmente?

A operação centrar-se-á: •apenas nas construções,• nas construções e no equipamento urbano•

7. Onde estará localizada a operação-piloto? O bairro da operação-piloto é ….. As 5 vias escolhidas são: ….

• Modalidades práticas 8. Sob que forma se apresentará a cartografia da planta de endereçamento?

A cartografia proposta é a do documento em anexo, escala de 1/10 000. 9. Qual o número estimado de portas a numerar?

A estimativa do número de portas por bairro é a seguinte: ….cf. quadro). 10. Como será materializada a numeração dsa portas?

A numeração será feita por «estampagem» dos números com pintura na parede • num rectângulo branco, • num círculo • em placas de madeira, pregadas na porta….

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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11. Quem fará a numeração e o inquérito? A realização será feita :• pela Célula de endereçamento completada por inquiridores e ajudantes, que ela terá recrutado e formado; outro…

12. Que dados serão recolhidos durante o inquérito? Os dados a recolher estão indicados no quadro seguinte (por preparar)… ex : o endereço completo, o modo de ocupação (residência, actividade, equipamento, objectos urbanos), o tipo de construção (colectiva, individual), nível de equipamento (água, electricidade, telefone…), ascendência e comprimento do saneamento – estado do saneamento e dos vários equipamentos.

13. Quais os efeitos esperados? Um melhor conhecimento: • da matéria colectável, • das infraestruturas e do equipamento do Município.

14. Qual o número estimado de placas de identificação de vias a colocar? Densidade das placas

O número de placas por bairro é alistado no seguinte quadro: ….. Ele é calculado nas seguintes bases: 4 painéis por cruzamento no centro da cidade (lista dos bairros), 2 painéis em todos os cruzamentos nos seguintes bairros….. 2 placas para um em cada dois cruzamentos nos seguintes bairros…..

15. Que tipo de placa de identificação da via é proposto? O tipo de placas proposto apresenta as seguintes características: ….. (material, dimensões, côr, suporte).

16. Como será seleccionado o fabricante das placas? Na sequência dum concurso • internacional, • nacional.

17. Quem será responsável pela colocação das placas? Como será feita a selecção?

A colocação será feita por : • empresa seleccionada por concurso local, • internamente pelos serviços técnicos do Município.

• Organização e montagem 18. Quem dirigirá a operação ? Quais as principais responsabilidades?

A Célula será dirigida por um « coordenador » : • Ele será o interlocutor principal do Comité de monitoria,• ele prestará contas junto ao Director dos serviços técnicos, que será o interlocutor do Comité de monitoria.

19. Como será o relacionamento entre o Município e a Célula? O programa a seguir fixa as várias reuniões e visitas de terreno (quadro).

20. Quantos trabalhadores efectivos e temporários terá a Célula? A Célula terá …. permanentes incluindo o Coordenador e … equipas temporárias mobilizadas para os inquéritos e para a numeração das portas.

21 Que prazos de execução e quais as principais etapas previstas? A previsão de planificação é a seguinte: …….

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• Custos e finanicamento 22. Quais são os custos previstos?

Os custos de execução estão detalhados no quadro am anexo: …. 23. Quais os vários financiamentos previstos?

• Município: …% ; Projecto de apoio às Autarquias: … % ; Concessionários: …% ; Patrocinadores :…. %.

Figura 4.3. Numeração do imobiliário urbano e sistema   de endereçamento 

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Ficha 3. Instalar a célula de endereçamento

O presente capítulo diz respeito à segunda parte da preparação da operação: a instalação da Célula de endereçamento.

As responsabilidades

As responsabilidades a exercer são de dois tipos: decisão e execução. DÉCISÃO. A « decisão » constitui a prerrogativa da autoridade

municipal. Ela é o « comando », e a este título, arranca e financia a operação (algumas vezes com o apoio de doadores) ; ela assume por isso as decisões cruciais, preparadas durante o estudo de viabilidade: orçamento, codificação, dimensão da operação, mediatização, selecção dos fornecedores, etc. Dado o impacto que a operação de endereçamento terá, recomenda-se o envolvimento de outros departamento da administração assim como os principais concessionários (água, electricidade). Neste caso, regra geral, a constituição dum « Comité de monitoria », revela-se como sendo uma boa solução.

EXÉCUÇÃO. Ela pode ocasionar diferentes variantes, mas a hipótese de constituir a « estrutura de implementação » no seio dos serviços municipais nem sempre é a solução mais pertinente, e isto por várias razões: • geralmente, organigrama autárquico não contempla este tipo de

função e a sua criação requer por vezes períodos longos, incompatíveis com o início da operação,

• os serviços técnicos, junto aos quais esta função poderia estar ligada, são muitas vezes absorvidos pelo dia a dia, e, por outro lado, não estão habituados a este tipo de actividades múltiplas (cartografia, inquéritos, constituição de base de dados…),

• e, por último, a fase de execução difere em grande medida da fase de manutenção: ela é mais curta, (cerca de um ano), mais diversificada, mais activa e requer competências pontuais mais especializadas. É, em parte, por estas razões que a fase de execução de muitas

operações é implementada com o contributo de competências externas ao Município, e a seguir assumida, na altura da manutenção, por um dos departamentos autárquicos existentes ou criados para este efeito.

Por outras palavras, caso esta estrutura de implementação, chamada « Célula de endereçamento » é colocada sob a autoridade municipal, a sua composição pode evoluir da de « prestatário de serviços » para a execução para a de serviço permanente para a manutenção. A Célula pode evoluir progressivamente para uma função do tipo « centro de

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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documentação municipal », responsável em particular por recolher as informações ligadas às operações de planeamento.

Tarefas da Célula de endereçamento

A Célula intervém em conformidade com as decisões tomadas na sequência do estudo de viabilidade, e alistadas no seu manual de procedimentos. Durante a execução, as suas tarefas principais são as seguintes:

Quadro 4.2 Distribuição e faseamento das tarefas Tarefa Fase Responsável • Formação do pessoal permanente Preparação Consultor • Adquirir as provisões necessárias

para o bom decurso da operação Preparação Execução

Coordenador

• Organizar e supervisar a sensibilização da população para o endereçamento,

Execução Coordenador

• Preparar a codificação e a cartografia, Preparação Execução

Encarregado cartogr.

• Preparar as consultas dos intervenientes (fornecedor, empresa de colocação, outros),

Execução Coordenador

• Recrutar o pessoal temporário necessário para a execução,

Preparação Coordenador

• Formar o pessoal temporário, Preparação Encar. cartogr. Encar.

ficheiro • Supervisar a sinalização das vias, Execução Encar.

cartogr. • Supervisar os inquéritos e a

numeração das portas, Execução Encar.

cartogr. • Garantir a implementação do ficheiro

informático de endereços, Execução Encar.

ficheiro • Prestar contas sobre o avanço das

obras ao Comité de monitoria, Preparação Execução

Manutenção

Coordenador

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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TÂREFAS A EXECUTAR DURANTE A PREPARAÇÃO

Instalação da célula: Instalação dos gabinetes, do material de escritório e informático. Recolha da documentação. Esta recolha diz sobretudo respeito aos mapas, as plantas da cidade e das extensões em curso, as fotografias aéreas. O objectivo é a constituição dum primeiro esboço de planta com o traçado das vias, do equipamento principal. Esta planta é estabelecida na escala 1/10,000 e deverá servir de base para o inventário das vias (ficha 7). Formação dos agentes da Célula. Ela diz respeito ao núcleo base (ver a seguir).

Composição da Célula de endereçamento

Esta Célula engloba o núcleo base permanente e as equipas que intervêm temporariamente. A Célula é dirigida por um « Coordenador ».

O núcleo permanente intervém durante a fase de preparação, na sequência do estudo de viabilidade e durante as fases de execução e de manutenção. Ele integra pelo menos: (a) o « Coordenador », responsável pelo avanço das obras e pelo bom funcionamento da Célula, (b) um responsável pela cartografia e pela colocação das placas de identificação, (c) um responsável pelos inquéritos e pela implementação do ficheiro de endereços.

As equipas temporárias intervêm durante a fase de execução na altura dos inquéritos e da numeração das portas. Para limitar as dificuldades de fiscalização, é geralmente preferível não ultrapassar 4 ou 5 equipas. Cada equipa integra (a) um chefe de equipa, (b) um topométrico, (c) um ou dois iquiridores, (d) dois a quatro pintores e ajudantes,

Esta composição da equipas é a título indicativo, assim como a distribuição das competências no seio da equipa permanente e o número de agentes pode variar em função da importância da operação. • Preparação: a Célula conta apenas com o núcleo permanente. • Execução: a Célula pode ter mais de 30 pessoas (3 permanentes e 4

equipas de 6 a 8). • Manutenção: o pessoal pode ser reduzido à equipa permanente, até

mesmo limitada a uma única pessoa; neste caso, não se prevê nenhuma extensão da operação, nem uma evolução da Célula de endereçamento. COORDENADOR. Interlocutor principal junto do « Comité de

monitoria », o Coordenador desempenha um papel importante de organizador e de gestor; ele assume as seguintes funções:

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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• Preparar as decisões do Comité de monitoria bem como as respectivas reuniões,

• Dar o ponto de situação sobre o avanço das tarefas e das dificuldades enfrentadas,

• Preparar a mediatização, submeter as orientações para decisão, • Preparar os dossiers de concurso e organizar a avaliação, • Supervizar a formação dos agentes da Célula, • Organizar a intervenção das equipas no terreno, • Assegurar o contrôle dos intervenientes, • Preparar o salário dos agentes, • Fiscalizar a execução das obras.

Qualidades requeridas e perfil. Quadro formado, o coordenador tem as seguintes qualidades: gestão, orientação de equipas, competência em cartografia, conhecimento informático relacionado com a operação. Os perfis de tipo topógrafo (ou geómetro), engenheiro ou arquitecto revelam-se os mais adaptados para as fases de preparação e de execução.

RESPONSÁVEL PELA CARTOGRAFIA. Ele presta assistência ao

coordenador, e é responsável pela cartografia e pela colocação das placas de identificação da vias; ele é responsável por: • Reunir a documentação cartográfica para a elaboração da planta de

base, • Verificar via por via, a conformidade da planta de base com a

realidade; fazer as eventuais correcções, • Identificar os cruzamentos das vias, a localização das placas

existentes e a colocar; • Elaborar a lista das placas existentes e a encomendar com base nestas

observações, preparar a planta de sinalização e de indexação das vias,

• Receber o material encomendado (placas e postes), • Supervizar a colocação das placas de identificação das vias, • Dar informações ao coordenador.

Qualidades requeridas e perfil. Experiência em cartografia e em informática (de dessenho), fiscalização das obras, bom conhecimento da cidade. Os perfis de cartógrafo, geómetro, topógrafo revelam-se os mais adaptados para este posto.

RESPONSÁVELS PELOS INQUÉRITOS E PELO FICHEIRO. Ele é um outro

assistente do coordenador, e é responsável por: • Preparar os inquéritos; • Prestar assistência ao coordenador na organização das equipas de

inquérito e de numeração,

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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• Processar os dados em suporte informático; • Assegurar a exploração e a divulgação dos dados, em conformidade

com as instruções do coordenador, • Assegurar a formação das equipas de inquéritos e de numeração, • Prestar contas ao coordenador.

Qualidades requeridas e perfil. Experiência na preparação, monitoria e inquéritos, bom conhecimento em informática (base de dados), capacidade de organização. Os perfis de informático, sociólogo revelam-se como sendo os mais adaptados para o posto.

EQUIPA TEMPORÁRIA Chefe de equipa: é responsável por:

• Dirigir a equipa de inquérito e de numeração no local, • Preparar os elementos e o material necessário para a numeração das

portas, • Garantir o contacto com os transeuntes durante o inquério; • Dar informações quotidianas ao responsável pelos inquéritos, sobre

os trabalhos executados e remeter-lhe os questionários preenchidos. Qualidades exigidas e perfil. Orientação da equipa, capacidade de

contacto e de organização, competência de leitura de plantas e mapas. Os perfis de topógrafo, mestre de obras, revelam-se como sendo os mais adaptados para este posto.

Inquiridor (1 ou 2 por equipa). E responsável por: • Preencher pelos questionários de inquérito previstos para os

transeuntes, • Prestar contas ao chefe de equipa.

Qualidades requeridas e perfil. Direcção de equipa, capacidade de contacto e de organização, competência de leitura de plantas e mapas.

Topométrico. Ele é responsável por: • Indicar ao pintor o número a inscrever na cosntrução, qualquer que

seja o modo de numeração adaptado, • Em qualquer dos casos, indicar numa planta, à medida que a

operação for progredindo, o início e o fim de cada troço da via; (estas indicações são transmitidas ao responsável pela cartografia)

• Prestar contas ao chefe de equipa. Qualidades requeridas e perfil. Nível secundário, capacidade de ler uma

planta. Os perfis de agrimensor e de ajudante de geómetro revelam-se adaptados para este posto.

Pintores e ajudantes. Eles são responsáveis por marcar os números das portas com giz, depois com tinta, conforme as orientações do topométrico. Eles devem saber ler e escrever.

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FORMAÇÃO

Logo depois da conclusão do estudo de viabilidade, antes da fase de execução propriamente dita, é organizada uma formação para o núcleo permanente, sobre as técnicas de endereçamento. Ela pode ser assegurada pelo consultor que preparou o estudo. Algumas vezes, são necessárias formações complementares em informática, para a utilização dos programas informáticos de desenho e de processamento do ficheiro de endereços.

A formação das equipas temporárias ocorre no princípio da fase de execução. Ela incide sobre as técnicas de inquérito, de medição das distâncias, de numeração das portas, de leitura de plantas, de implementação dos dados recolhidos diariamente. Ela é concluida « no terreno » pela operação-piloto. Fig. 4.4 Organigrama da célula de endereçamento

Comite de Seguimento Serviços Técnicos

Coordenador

Encarregado dos pesquisas de

base de dados

Encarregado de cartografia

Chefe de equipe Topógrafo Pesquisados Mão de Obra

Chefe de equipe Topógrafo Pesquisados

Mão de Obra

Chefe de equipe Topógrafo Pesquisados Mão de Obra

Consultor

Permanentes

Temporais

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Funcionamento da Célula

A experiência mostra que para executar a primeira operação de endereçamento nas melhores condições, a Célula deve gozar duma certa autonomia. Um dos pontos chave, por exemplo, concerne a remuneração da equipa temporária, que se recomenda que ocorra semanalmente, para velar pela eficácia; esta tarefa, dentre outras, coloca a questão da fiscalização. As melhores experiências de endereçamento evitaram os constrangimentos dos circuitos administrativos e recorreram a « prestatários » externos, encarregues pela gestão do orçamento da operação, nos termos duma convenção assinada com a autoridade municipal.

Arrumação das instalações e equipamento da Célula

A Célula de endereçamento deve dispôr de instalações próprias e de material técnico e informático (lista a título informativo).

INSTALAÇÕES. Durante as fases de preparação e de manutenção, o pessoal é reduzido e não precisa de instalações amplas. A situação é diferente para a fase de execução, para a qual uma sala de reuniões é indispensável para albergar as formações, a preparação e os relatórios das actividades quotidianas, a afixação e exposição das plantas concluidas e em curso.

MATÉRIAL Transporte: uma viatura, de tipo pick-up para assegurar o trasnporte

do pessoal e do material durante os inquéritos, a numeração das portas e a colocação das placas de identificação das vias. Na falta desta, motorizadas ou carrinhos de mão.

Mobiliário para o escritórios e para a sala de reuniões (incluindo para o armazenamento dos mapas e das plantas).

Mediatização: retro-projector, video-projector Endereçamento (por equipa): um odómetro, um a dois jogos de

escantilhões para números, pinceis, rolos para pintura, consumíveis.

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Figura 4.5 Unidade da endereçamento durante fase de execução

Quadro 4.3 Material Informático da célula

Tipo de material N° Afectação Computador 2 Cartografia e ficheiro de endereços Telas 21" 2 Cartografia e ficheiro de endereços Cmputador (de mesa ou portátil)

1 Coordenador

Impressora laser preto e branco 1 Ccélula de endereçamento Impressora a côr 1 Cartografia Marcador (formato A1 ou A0) 1 Cartografia Gravador de CD ROM 1 Célula de endereçamento Estabilizador 3 Célula de endereçamento Scanner 1 Célula de endereçamento Barra de memória 4 Cartografia

Tipo de programa informático N° Afectação Tratamento de texto, tabulador, apresentação

3 Coordenador, carto, ficheiro de endereços

Desenho (tipo ilustrativo) 1 Cartografia Desenho (tipo Autocad) ou SIG 1 Cartografia Tratamento de fotografia 1 Cartografia Endereçamento, Base de dados, 1 Ficheiro endereços

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Figura 4.6 Fotografias do material de endereçamento

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Ficha 4. Avaliar os custos e os períodos duma operação de endereçamento

Objectivo e resultados esperados

O objectivo de avaliar os custos da operação de endereçamento é o de definir um programa de intervenção cujos custos estejam em conformidade com o orçamento previsto.

Implementação

Uma primeira avaliação dos custos é feita pelo consultor aquando do estudo de viabilidade e os resultados são confrontados com o orçamento previsto para a operação antes da discussão com o Comité de monitoria. A utilização duma « base de cálculo » (quadros 4 e 5) permite fazer variar os diferentes parâmetros até a adequação dos custos e do orçamento. A base distingue: despesas com o pessoal, despesas de funcionamento e custos do equipamento da Célula, custos dos materiais e da colocação do material, custos da mediatização assim como da impressão da planta e da indexação de endereçamneto.

Antes de porceder às simulações, um trabalho de inventário e de cartografia preliminar permite dimensionar o projecto: número de vias, número de cruzamentos (dentre os quais cruzamentos ladeados ou não de construções), número de vias já endereçadas, quilometragem das vias a endereçar (para avaliar o número de portas a numerar).

Tarefa 1. Preparação dos dados de base

A base é constituída por uma tabela dos « dados de base » (quadro 4), que distingue os « dados de endereçamento » (linhas 1 a 18) e os « dados de custos » (linhas 19 a 35). Uma explicação de cada linha é dada abaixo do quadro. Dado que o cálculo é automático, basta preencher as células demarcadas do quadro 4 para obter os resultados no quadro 5. O cálculo toma em consideração várias hipóteses formuladas em função da população, para definir o número de equipas, a duração da operação, os custos orçamentais da mediatização e da impressão (quadro 6). A utilização desta base de cálculo permite dar uma primeira estimativa dos custos, transpô-los no orçamento disponível e, consequentemente, definir o « nível de serviço » da operação.

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Quadro 4.4 Dados básicos para o cálculo dos custos

1 Habitantes 200 000 19 Consultor (h/mês) $ 4 000 2 Habitante/lar 6,8 Célula de endereçamento 3 % de bairros não

endereçados 10% 20 Coordenador (h/m) $ 600

4 Inquéritos a realizar (n°.) 26 471 21 Responsável pela cartografia (h/m)

$ 450

5 Superfície ha a endereçar 3 000 22 Responável pelos inquéritos (h/m)

$ 450

23 Pessoal de Apoio (h/m) $ 150 6 Inquérito/ equipa/hora

(n°.) 10 Temporários

7 Inquérito/ equipa/mês (n°.)

2 000 24 Chefe equipa (h/m) $ 350

8 Equipa/meses necessários (n°.)

22 Eq/meses

25 Topométrico (h/m) $ 300

9 Equipas (n°.) 3 26 Inquiridor (h/m) $ 250 10 Duração inquéritos 7,3 meses 27 Pintor ajudante (h/m) $ 100 11 Duração operação 16 meses

28 Custo placa de identificação da via

$ 15

12 Cruzamentos das zonas endereçadas (n°.)

6 075 29 Custo placa de porta $ 4

13 Placas por cruzamento (n°.)

2 30 Custo poste de placas de identificação da via

$ 25

14 % Cruzamentos sinalizados

80% 31 Custo Colocação de placa de identificação da via

$ 6

15 Placas de identificação de vias (n°.)

9 720 32 Custo Colocação de paca de porta

$ 3

16 Placas de porta (n°.) 200 33 Custo Colocação de poste $ 15 17 % de cruzamentos com

postes 10%

18 Postes (n°.) 608 34 Mediatização (%) 3% 35 Impressão $ 18 000

1 &2População e habitantes por família: (e definir com base nos dados disponíveis) 3 Percentagem de população dos bairros endereçados posteriormente: (por definir) 4 Número de inquéritos = número de portas : (cálculo automático a partirtir de ‘1, 2, 3’) 5 Superfície dos bairros a endereçar: (cálculo automático a partir de ‘1,3’ e densidades do quadro 5) 6 N°. de inquéritos realizados por equipa e por hora (por definir) 7 N°. de inquéritos realizados por equipa e por mês: (cálculo automático a partir de ‘6’ a razão de 8 horas

por dia e de 25 dias por mês) 8 N°. de equipas-mês necessárias: (cálculo automático). 9 N°. de equipas: (cálculo automático a partir de ‘4’ e ‘7’) 10 Duração dos inquéritos: (cálculo automático a partir de ‘8’ e ‘9’) 11 Duração da operação: (cálculo automático com base na tabela 5) 12 N°. de cruzamentos a equipar: (cálculo automático a partir de ‘5’ e na hipótese de 0,9 cruzamento /hectar 13 N° de placas de identificação por cruzamento: (por definir). 14 Percentagem de cruzamentos a serem de facto equipados: (por definir ). 15 N° de placas de identificação de vias: (cálculo automático a partir de ‘12,13,14’). 16 N° de placas de porta: (a definir; o número de portas é geralmente pintado por medida de economia, mas

podem ser previstas algumas placas para os edifícios públicos, as quais servirão de exemplo).

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17 Percentagem de cruzamentos com postes: (a definir com base num inquérito rápido; caso um cruzamento não tenha parte frontal onde aplicar as placas de identificação da via, elas são colocadas num poste; solução excepcional devido ao seu custo).

18 N°. de postes: (cálculo automático. a partir de ‘12’ e ‘17’). 19 a 27 Remuneração mensal do pessoal interveniente na Célula de endereçamento ou de forma temporária

durante os inquéritos: (por definir com base nas informações a recolher). 28 a 33 Custo dos materiais e da colocação das placas de identificação das vias e das portas: (por definir com base

nas informações a recolher). 34 Mediatização: (cálculo automático com base nas hipóteses do quadro 5). 35 Impressão: (cálculo automático com base nas hipóteses do quadro 5). Quadro 4.5 Cálculo dos custos de endereçamento (exemplo)

$/mês N°. N°.Equi-pa Mês $ %

Recapitulativo 210

149

1. Despesas com o pessoal 42 356 20% Consultor 4 000 1 2,5 10 000

Célula de endereçamento Coordenador 600 1 16,0 9 600 Responsável pela cartografia 450 1 16,0 7 200 Responsável pelos inquéritos e pelo ficheiro

450 1 16,0 7 200

Pessoal de apoio 150 1 16,0 2 400 Temporários

Chefe de equipa 350 1 3 4,4 1 544 Topométrico 300 1 3 4,4 1 324 Inquiridor 250 2 3 4,4 2 206 Pintor ajudante 100 2 3 4,4 882 2. Despesas de funcionamento da Célula

24 221 12%

Renda, água, electricidade, telefone 700 16,0 11 200 Consumíveis 300 16,0 4 800 Manutenção viatura/ combustível 500 16,0 8 000 Consumíveis inquéritos, numeração; 50 4,4 221 3. Equipamento da Célula 33 000 16% Computadores 3 9 000 Impressoras 2 1 000 Traçador 1 3 000 Gravador, estabilizador, scanner… 1 3 000 Kit Programas informáticos 1 4 000 Fotocopiadora 1 $ 3,1 Viatura 1 $ 15,4 4. Aprovisionamentos e colocação do material de endereçamento

P.U ($) Qtité 92 221 44%

Fornecimento de placas de identificação da via

15 4 320 64 800

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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$/mês N°. N°.Equi-pa Mês $ %

Fornecimento das placas de porta 4 200 800 Fornecimento de postes para as placas de identificação das vias

25 270 6 750

Colocação de placas de identificação das vias

6 4 320 16 848

Colocação das placas das portas 3 200 390 Colocação dos postes para as placas de identificação das vias

15 270 2 633

5. Mediatização 4% 6 352 3%

6. Impressão de plantas e indexação do endereçamento

12 000 6%

Quadro 4.6 Hipóteses de cálculo e de custos N° inquéritos N° de équipas N° meses Densidade (hab/ha) Menos de 10 000 hab. 1 12 150 de 10 a 25 000 hab. 2 16 120 de 25 a 50 000 hab. 3 16 120 de 50 a 75 000 hab. 4 18 120 de 50 a 100 000 hab. 4 18 80 de 100 a 150 000 hab. 5 24 80 de 150 a 200 000 hab. 5 24 80 de 200 a 300 000 hab. 6 24 60 Mais de 300 000 hab. 6 24 40 População Mediatização Impressão Menos de 100 000 hab. 5% $ 8 000 de 100 a 500 000 hab. 4% $ 12 000 Mais de 500 000 hab. 3% $ 18 000

O quadro 6 mostra que o custo da operação varia de $109 000 para

uma cidade de 50 000 habitantes para $ 484 000 para uma cidade com 500 000 habitantes. Quanto maior é a cidade menor é custo por habitante: $ 1,76 para a cidade de 50 000 habitantes e $ 0,90 para a cidade de 500 000 (este ratio não toma em consideração o custo do equipamento da Célula, que se considera ser um investimento de base).

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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Quadro 4.7 Recapitulativo dos custos em função da população da cidade

Custos em $1000

Habitantes N°

inquéritos N°Eq

Durar-ção

inquérit (sem) Pessoal

Funciona-ment. Célula

Equipamt Célula

Mate-riais

Mediat.

Impr Total $ por lar

50 000 7 258 1 3 34 18 33 13 11 109 1,76 31% 17% 30% 12% 10% 100%

100 000 13 235 2 3 41 24 33 35 21 154 1,21 26% 16% 21% 23% 14% 100%

200 000 26 471 3 4 42 24 33 92 18 210 0,89 20% 12% 16% 44% 9% 100%

300 000 39 706 3 7 45 24 33 206 23 332 1,00 14% 7% 10% 62% 7% 100%

400 000 52 941 4 7 49 27 33 274 26 409 0,94 12% 7% 8% 67% 6% 100%

500 000 66 176 4 8 51 27 33 343 31 484 0,90 10% 6% 7% 71% 6% 100%

700 000 92 647 4 12 55 28 33 479 35 630 0,85 9% 4% 5% 76% 6% 100%

1 000 000

132 353 5 13 67 37 33 684 42 863 0,83

8% 4% 4% 79% 5% 100% 1 500

000 198 529 6 17 72 37 33 1 025 52 1 219 0,79

6% 3% 3% 84% 4% 100%

Tarefa 2. Fazer as simulações necessárias

São normalmente necessárias várias simulações para fazer corresponder a estimativa dos custos e o orçamento previsional da operação: por exemplo, no quadro 7, o nível de equipamento varia (conforme as hipóteses A, B, C) em função das percentagens de população não endereçada, de cruzamentos sinalizados, de cruzamentos com postes). As simulações mostram diferenças de 40 % entre os custos das hipóteses A e C.

Outros factores podem evidentemente fazer variar o custo total: pessoal e equipamento utilizado, qualidade dos materiais, importância da mediatização ou da divulgação dos documentos impressos…

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Quadro 4.8 Variação dos custos em função do equipamento

Cidade de 100 000 hab. A (correct) B (médio) C (fraco)

% de população não endereçada 10% 20% 40% % de cruzamentos sinalizados 100% 80% 50% % de cruzamentos com postes 40% 20% 10% Custos $ 173 000 $ 153 000 $ 123 000

Tarefa 3. Avaliar os prazos A estimativa dos prazos distingue a preparação e a execução. A preparação dura cerca de 3 meses, do recrutamento do consultor responsável pelo estudo de viabilidade à instalação da Célula de endereçamento; este período é dificilmente compreensível. Em contrapartida, os períodos de execução variam em função da importância da cidade, do número de equipas temporárias mobilizadas e do tempo necessário para a exploração dos dados, para a cartografia, para a edição etc. (permanentes da Célula).

Uma estimativa rápida dos prazos de execução pode ser feita com base na grelha anterior (quadro 4), que distingue o tempo de intervenção do Coordenador (equipa permanente) e a dos chefes de equipa (equipa temporária). Estes períodos variam em função do tamanho da cidade (quadro 8), mas também em função da importância do equipamento a utilizar.

Quadro 4.9 Prazos de execução em função do tamanho da cidade

População da cidade Duração inquéritos (meses) Duração total (meses)

50 000 3,3 12,0 100 000 3,3 16,0 200 000 4,4 16,0 300 000 6,6 16,0 400 000 6,6 18,0 500 000 8,3 18,0 700 000 11,6 18,0

1 000 000 13,2 24,0 1 500 000 16,5 24,0

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

139 

Figura 4.7. Capacitação da unidade endereçamento

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

140 

Ficha 5. Definir a dimensão da operação de endereçamento

Objectivo e resultados esperados

O objectivo é definir « a dimensão » da operação de endereçamento, verificando a adequação dos meios disponíveis com a dimensão das acções previstas. Três pontos devem ser abordados: • Bairros a endereçar prioritariamente. Como definir esta prioridade? • Dimensão do endereçamento. A operação atribui um número às portas

das construções (residências, actividades, equipamento). Será necessário alargá-lo aos elementos importantes do equipamento urbano: fontenários, bocas de incêndio, lixeiras, etc.?

• Definição e localização da operação-piloto. Em que consiste ela? Onde implementá-la?

Implementação

Este aspecto « dimensão da operação » é estudado durante o estudo de viabilidade (fase de preparação) e aprovado pelo Comité de monitoria. A sua aplicação ocorre durante a execução. As tarefas consistem em definir: (a) as zonas a endereçar; (b) a dimensão do endereçamento; (c) as grandes mestras da operação-piloto. Critérios de selecção ajudam a precisar as tarefas; eles referem-se: • aos recursos disponíveis: serão eles suficientes para envolver todos os

bairros? • os prazos: será que a implementação da operação é compatível com a

agenda do Município? • as orientações da administração: o endereçamento dos bairros

reputados não regulamentados ou em vias de constituição suscita atitudes frequentemente muito diferentes: - quer incitação para endereçar o bairro aquando das obras de

melhoramento; - quer incitação para endereçar com vista a garantir uma melhor

segurança dos terrenos da população; - seja hesitação para endereçar, dada a compelxidade dum tecido

urbano; - seja recusa de endereçar por temer a legalização dum bairro

irregular.

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MANUAL DE ENDEREÇAMENTO   

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Tarefa 1. Definir as zonas a endereçar DEFINIR UMA TIPOLOGIA DE BAIRROS. Esta tipologia define zonas e ou

bairros homogéneos, (tipo de casa, densidade populacional, traçado das vias…) para os quais se decidirá iniciar ou adiar o endereçamento: • Bairros densos e estruturados (antigos e recentes) : eles estão

frequentemente situados no centro da cidade, bastante frequentados e bem servidos; começar o endereçamento por estes bairros produz um grande impacto junto da população.

• Bairros estruturados cuja densificação está em curso: caso o bairro esteja correctamente estruturado, o endereçamento pode ser rapidamente iniciado nestes bairros; caso contrário, é geralmente preferível esperar que o bairro esteja ocupado que a urbanização esteja concluida ou em vias de estabilização.

• Bairros espontâneos e/ou não regulamentares: as orientações da administração são dados fundamentais; do ponto de vista técnico, a dificuldade provém geralmente do facto de não existir rede de saneamento; a solução consiste em identificar as rotas mais importantes e endereçá-las.

• Zonas específicas (zona industrial, zona militar).

ALISTAR OS BAIRROS E ENDEREÇAR. A tipologia dos bairros conduz a alistar os bairros a endereçar prioritariamente e cujo endereçamento será diferido. Esta lista, que deve ser aprovada pelo Município, é testada na base dos três critérios anteriores: custos, prazos, orientações (ficha 4 : avaliação dos custos).

Tarefa 2. Precisar a dimensão da operação

Vários serviços técnicos desejam endereçar o equipamento urbano, para o qual o Município é responsável, para facilitar as operações de manutenção: fontenários, bocas de incêndio, acumulação dos resíduos sólidos… Todavia, a questão consiste em saber se se deve ou não iniciar este tipo de endereçamento ao mesmo tempo que o das construções, ou adiar a sua implementação. A decisão remete de novo aos custos, prazos e orientações.

Caso se conduza de rompante o endereçamento das construções e do equipamento urbano, aproveita-se a dinâmica da operação, mas corre-se o risco de aumentar os custos e os prazos. Revela-se, de facto, necessário especializar uma equipa para esta tarefa, na altura dos inquéritos e a gestão do conjunto da operação torna-se por isso pesada.

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É muitas vezes preferível limitar-se, em primeiro lugar, ao endereçamento das construções e tratar o equipamento urbano posteriormente ou durante a fase de manutenção, uma vez que a operação poderá então ser feita com um quadro de pessoal reduzido. Esta fase poderia ser a oportunidade para criar um SIG, para a monitoria da manutenção destes bens urbanos.

Tarefa 3. Definir e localizar a operação-piloto

A operação-piloto marca uma etapa importante da fase de execução; ela situa-se entre a formação das equipas temporárias da Célula de endereçamento e os inquéritos no terreno. Ela tem como objectivos (a) testar os resultados da formação e (b) mediatizar a operação junto das autoridades e da população. A importância dos dois objectivos é comparável, mas seria desastroso privilegiar o segundo em detrimento do outro.

Portanto, é importante enquadrar a operação logo na fase do estudo de viabilidade: • Definir a parte do orçamento da operação-piloto; • Indicar o prazo previsto (1 ou 2 dias, por exemplo); • Localizar as vias envolvidas (3 ou 4 por exemplo); • Alistar as acções a empreender para o endereçamento (organização

das equipas, inquéritos, numeração das portas…) e para a mediatização (rádio, televisão…).

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Ficha 6. Escolher o sistema de codificação

Objectivo e resultados esperados

O objectivo consiste em adoptar um sistema de codificação, facto que por um lado abarca a identificação das vias e por outro a numeração das portas. O resultado esperado é o de facilitar as deslocações na cidade, apoiando-se com inscrições visíveis por todos, identificando as vias e o acesso das construções.

Para a identificação das vias, viu-se que a atribuição dum nome é uma operação longa e delicada e que é preferível adoptar em primeiro lugar um sistema de numeração que permita referir-se a lugares ou divisões conhecidas pela população. Este exercício nem sempre é fácil, pois, geralmente, os traçados das vias não são regulares. Para a numeração das construções, o exercício é mais simples, pois a escolha reduz-se a três possibilidades (tarefa 4, a seguir).

Implementação

O sistema de codificação é definido pelo consultor, aquando do estudo de viabilidade e aprovado pelo Comité de monitoria. A sua aplicação ocorre durante a fase de execução, aquando da preparação da « planta de endereçamento ». As tarefass são as seguintes: (a) dividir a cidade em « zonas de endereçamento », (b) determinar o sistema de identificação das vias, (c) determinar o sistema de progressão da numeração, (d) determinar o sistema de numeração das portas, (e) resolver os casos específicos. A presente ficha apresenta por último dois exemplos de codificação em cidades organizadas em traçados regulares.

Tarefa 1. Dividir a cidade em « zonas de endereçamento »

O objectivo é o de relacionar a numeração da vias a lugares conhecidos pelo citadino: bairros, distritos municipais, certos lugares. Isto leva a adoptar uma divisão da cidade na qual conjuntos de vias situadas numa mesma zona teriam identificativos comuns (prefixos ou sufixos) que permita localizá-las. Normalmente, existem várias « divisões » administrativas ou não, que podem ser utilizadas: autarquias, distritor municipais, sectores, bairros ou certos lugares…

DIVISÃO EM AUTARQUIAS OU DISTRITOR MUNICIPAIS. Este tipo de divisão aplica-se a grandes aglomerações. A identificação da via é feita com referência ao número ou às iniciais da Autarquia ou do Distrito

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Municipal (autarquia em Conakry, Distrito Municipal em N’Djamena, sector em Ouagadougou, …).

Figura 4.8 Tipos de divisão Vários tipos de divisão: por autarquia, distrito municipal, sector, bairro e zona de endereçamento

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Vantagens. (a) O sistema remete para uma divisão administrativa normalmente conhecida pelos habitantes, (b) a utilização destas divisões facilita a aproximação entre os dados estatísticos destas entidades e os do endereçamento.

Desvantagens (a) As Autarquias ou os Distritos Municipais são por vezes demasiado extensos para neles localizar uma via com facilidade, (b) além disso, estas entidades podem por vezes ter mais de 1000 vias e a identificação daí resultante é longa e de difícil leitura: por exemplo, « rua 6.1567 ».

DIVISÃO EM BAIRROS. A identificação da via é feita com referência aos

bairros (Lomé, Niamey, cidades do Senegal). Vantagens. (a) a noção de bairros é normalmente muito familiar para

os habitantes que sabem localizá-los na cidade ; (b) os bairros comportam muitas vezes menos de 100 ruas, o que torna a localização e a identificação da via mais fáceis.

Desvantagens. (a) Os limites são por vezes mal definidos ou mal conhecidos; a sua cartografia requer o parecer dos representantes dos bairros, dos quais nem sempre é fácil obter acordo; (b) os bairros são por vezes meros determinados lugares, que têm apenas algumas vias e cujos agrupamentos devem ainda ser feitos; facto que requer a consulta e o acordo dos represntantes dos bairros.

DIVISÃO EM ZONA DE ENDEREÇAMENTO AD HOC. Caso as divisões

anteriores não forem consideradas satisfatórias, pode-se prevêr uma divisão ad hoc, em « zona de endereçamento » (Yaoundé, Maputo).

Vantagens. (a) a divisão pode ser feita combinando vários elementos: zonas de ocupação homogéneas, limites administrativos, cortes naturais, (b) no caso de revisão dos limites administrativos, o sistema de numeração não é contestado.

desvantagens. (a) a divisão não se refere aos limites conhecidos, (b) por conseguinte, a identificação das vias corre o risco de ser mal assimilada pelos habitantes.

DIVISÃO DE ACORDO COM UMA TABELA. A cidade é dividida em

secções de acordo com um quadriculado regular. Cada secção é numerada e serve de referência para a identificação das vias1. Assim, na secção 125, as vias são numeradas 125.1, 125.2, 125.3.

Vantagens. (a) a divisão em secções ocorre fora dos constrangimentos das condições geográficas ou da divisão administrativa; (b) a secção é facilmente geo-referenciada; (b) a numeração das vias é simples e

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satisfatória caso o número das vias a numerar seja limitado (menos de 10).

Desvantagens. (a) regra geral, a orientação do quadriculado não corresponde ao quadro das vias da cidade e a mesma via pode sobrepôr-se a várias secções e deste modo complicar a numeração; (b) a localização da via em relação a um elemento do quadriculado é muito menos « significativa » que em relação a um bairro.

QUE OPÇÃO? Por mais importante que seja, a divisão é simplesmente

um suporte para a identificação das vias, que serão posteriormente denominadas. A melhor divisão é a que muitas vezes é mais « significativa » para os citadinos e a solução « conforme a tabela » é dificilmente recomendável. A divisão deve dar lugar a uma numeração simples, para manter-se visível, e uma das maneiras de testar a sua pertinência consiste em verificar que cada zona de divisão contém menos de 900 vias. Neste caso, assegura-se que o número de ordem não contenha mais de três algarismos e, por outro lado, reserva-se uma margem para eventuais novas vias na zona (figura 4).

Tarefa 2. Determinar o sistema de identificação das vias

Uma vez a divisão adoptada (autarquia, distrito municipal, sector, bairro…), a sua referência deve figurar na identificação da via: utilizam-se números ou iniciais, em prefixo ou em sufixo. • Alguns princípios orientam a escolha do sistema de identificação, que

deve: - Ser simples e de fácil compreensão pela população; - Permitir codificar rapidamente todas as vias, (incluindo as dos

bairros precários), aguardando a sua « denominação »; - Tomar em consideração as características da cidade e as práticas

de localização dos habitantes (referência às divisões existentes, a determinados lugares …).

- Poder ser implementado progressivamente em função dos meios disponíveis (financeiros e humanos).

• Alguns exemplos indicam diferentes variantes possíveis. - Autarquias inventariadas por números. Na Autarquia 3, a série de

vias vai de 3.1a 3.999. Ex: « rua 3.21 » - Distritos Municipais inventariados por letra. No Distrito

Municipal C, la série de vias vai de C.1 a C.999. Ex: « rua C.21 ». Pode-se igualmente utilizar o sufixo. Ex: « rua 21.C »

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- Bairros inventariados pelas iniciais. No bairro Medina, a série das vias vai de ME.1 a ME. 999. Ex: « rua ME. 21 » ou « rua 21 ME »

• Como tornar a identificação o mais lisível possível? - Preferir « Rua 3 » em vez de « Rua 003 » : a inscrição na rua não é

uma lista informática. - Limitar o número de sinais: não ultrapassar três algarismos por

número ordinário. - Evitar os prefixos compostos, tais como na « Rua 42037 » no qual

4 corresponde à autarquia, 2 ao distrito municipal e 037 ao número de ordem na via. É provavelmente satisfatório do ponto de vista intelectual, mas a sua leitura é derrotante.

- Testar o sistema de identificação previsto em maquetes de placas de identificação das vias, (ficha 10) ; esta precaução é indispensável caso as precauções tenham de ser bilingues (por exemplo, Maghreb).

• Como identificar as vias que delimitam as zonas da divisão? Por outras palavras, como identificar a via que delimita os sectores C e E. Evidentemente que não se pode cortar a via em dois: prefixo C para o lado direito e prefixo E para o lado esquerdo. A opção é arbitrária e segue a ordem alfabética (ou a dos números). A via delimitando os sectores C e E ostentará portanto o prefixo C (rua C. 120) ; do mesmo modo, a via delimitando as zonas 3 e 5 ostentará o prefixo 3 (rua 3.98).

• Que fazer das vias já denominadas? Elas mantêm o seu nome, mas um número lhes é paralelamente atribuido (para facilidades de listagem).

DA NUMERAÇÃO À DENOMINAÇÃO

• Que vias denominar prioritariamente?

- As vias que servem de limite na divisão, começando pelas mais movimentadas,

- As vias importantes pela sua localização ou pelo seu tráfego, nomeadamente as vias « estruturantes », as que atravessam vários sectores ou bairros,

- As principais praças e cruzamentos. • Como iniciar a denominação? Inspirar-nos-emos do exemplo de Ouagadougou. O Município criou uma Comissão de Toponímia, que elaborou uma lista de nomes, documentados e classificados por categoria: personalidades ilustres, história, geografia… (anexo 2). O método consiste em: (a) identificar as vias a denominar prioritariamente, (b) seleccionar uma lista de nomes na lista, (c) submetê-la eventualmente,

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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para parecer, aos transeuntes das vias em causa, (d) submeter à aprovação da autoridade municipal.

Tarefa 3. Determinar o sistema de progressão da numeração

Duas medidas facilitam a implementação e a percepção da numeração das vias: (a) determinar as direcções da progressão, (b) distinguir numeração par ou ímpar em função da orientação das vias.

O método consiste em definir, em primeiro lugar, dois eixos perpendiculares a partir dos quais se fará a numeração. Ele adapta-se à configuração de cada cidade. Alguns exemplos:

• A cidade é atravessada por um rio (Bamako, Niamey) : em todas as

zonas da divisão adoptada, a numeração evolui a partir das margens do rio e de cada um dos lados da via principal do centro da cidade, perpendicular ao rio (ponte sobre o Niger).

• A cidade é delimitada pelo mar (Dakar, Conakry) : em todas as zonas da divisão adoptada, a numeração evolui (por convenção), do Sul para o Norte e do Oeste para o Este.

• A cidade desenvolve-se em todas as direcções a partir do centro (Ouagadougou, Yaoundé): os eixos são definidos com base em elementos característicos, grande saneamento do Centro da cidade, linha férrea, talweg… Estes eixos devem estar de acordo com os limites da divisão e não atravessar as zonas de endereçamento. Em todas estas zonas, a numeração evolui de maneira perpendicular em relação aos eixos.

O método consiste em, a seguir, escolher em relação aos eixos, as

vias cuja numeração será par (por exemplo, as orientadas norte-sul) e aquelas cuja numeração será ímpar (este-oeste) (figura 5). Quando os sectores são demasiado grandes, recomenda-se que se proceda à uma numeração por blocos sucessivos.

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Figura 4.9 Progressão da numeração Mapa com os eixos, via ímpar e par (Doloba)

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Tarefa 4. Determinar o sistema de numeração das construções Em primeiro lugar, o método consiste em delimitar as vias na « planta de endereçamento » indicando os seus extremos (princípio e fim). A seguir, definem-se as direcções de progressão da numeração, retomando as adoptadas pelas vias.

Os números evoluem a partir do ponto designado como sendo o prinípio da via (« ponto zero »). Por convenção, os números ímpares ficam à esquerda indo no sentido de progressão e os números pares, à direita. Quanto à numeração propriamente dita, muitas variantes são possíveis: sequencial, decamétrica, métrica.

Janela 1.1 Curiosidades históricas

Será necessário recomeçar a numeração a partir de « 1 » para cada via? Ou adopta uma numeração contínua para cada bairro? Esta última solução tinha sido adoptada em Paris sob a Revolução e existe actualmente nalguns bairros do Japão. As casa são numeradas segundo o bloco a que pertencem e não em função da via: sistema particularmente incompreensível para o transeunte ou para o turista. Normalmente, a numeração começa a partir do ponto mais próximo do centro da cidade, para permitir uma extensão da via, que tende a fazer-se para a periferia, mas nem sempre é o caso. Em Venise, por exemplo, o número é colocado num edifício de referência para cada bairro (deste modo, para o bairro de San Marco, o Palais des Doges é que ostenta o número « 1 ») : curiosidade a não imitar.

NUMÉRAÇÃO SEQUENCIAL OU « CLÁSSICA ». Os acessos existentes são

numerados uns a seguir aos outros, de forma sequencial e alternada: 1, 3, 5, 7 à esquerda e 2, 4, 6, 8… à direita.

Vantagens. (a) Este sistema é simples, conhecido e foi amplamente divulgado, (b) ele é pertinente quando a numeração é feita depois que as construções tenham sido concluidas e/ou quando a localização das futuras construções está prevista.

Desvantagens. (a) Caso novas construções estejam intercaladas entre as já numeradas, devem ser introduzidos números com « bis », « ter »…, (b) caso vários lotes se fusionem, a numeração indica normalmente os números do primeiro e do último lote , (c) sendo o comprimento das partes frontais das construções diferentes, dois números sucessivos não são colocados frente a frente, (d) nos bairros em formação sem planta de conjunto, é quase impossível utilizar a numeração sequencial, pois as

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construções são implantadas sem uma determinada ordem, por vezes a muitas dezenas de metros umas das outras e com muitos meses ou anos de intervalo.

NUMÉRAÇÃO MÉTRICA. Este sistema foi imaginado desde 1800 por

Leblond, o inventor do metro. A numeração corresponde à distância em metros, do acesso da construção ao « ponto zero » da via.

Vantagens. (a) Esta numeração é particularmente adaptada aos casos de urbanização rápida e permite numerar uma construção apesar de estar isolada ao longo duma via; (b) os números sucessivos pares e ímpares sucedem-se de forma lógica e facilita a localização dos endereços; (c) a inserção duma nova construção não requer a introdução de « bis » ou « ter » ; (d) o conhecimento das distâncias simplifica a tarefa dos serviços urbanos, nomeadamente os encarregues pela colocação ou manutenção das redes.

Desvantagens. (a) Os números contêm 3 ou 4 algarismos mais difíceis de reter do que 2 (pois as distâncias são medidas em metros); (b) eles não se sucedem de forma sequencial, o que por vezes intriga os residentes desatentos.

NUMÉRAÇÃO DECAMÉTRICA. Este sistema foi proposto pelo arquitecto

Huvé sob Napoleão: ele consiste em « colocar os números a distâncias iguais, por exemplo de dez em dez metros, facto que ao mesmo tempo dá o comprimento da via». As vias são divididas em troços de 10 metros numerados uns a seguir aos outros: 1, 3, 5, 7 à esquerda e 2, 4, 6, 8… à direita. Para facilitar a numeração, colocam-se marcos ao longo da via, em cada 100m.

Vantagens. (a) Este sistema é simples: ele combina a facilidade de leitura da numeração sequencial e a possibilidade de medir as distâncias da numeração; (b) nos bairros em formação, ele permite referir-se à cojuração decamétrica e atribuir um número à construção isolada: a situada na 10ª conjuração a partir do princípio da via terá o número 19 ou 20 conforme se encontre no lado par ou ímpar; (c) os números sucessivos pares e ímpares situam-se quase frente a frente; (d) o conhecimento das distâncias simplifica a tarefa dos serviços urbanos, em particular os responsáveis pela colocação e manutenação das redes.

Desvantagens. (a) Este sistema é infelizmente pouco praticado e o « savoir-faire » é por isso pouco divulgado; (b) caso duas construções estejam implantadas numa mesma conjuração, a sua numeração é diferenciada por letras. Ex: 12A, 12B; (c) nos bairros em formação, é claro que este sistema não precisa de planta de conjunto, mas requer pelo

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menos um desenho da via a colocação de marcos para facilitar a numeração de futuras construções.

Figura 4.10 Numerações alternada sequencial e métrica

Figura 4.11 Numeração alternada sequencial Numeração

par Numeração

impar Numeração

impar

Antes da Densificação

Após da densificação

Rua

A.1

4

S

entid

o da

Num

eraç

ão

Rua

A.1

4

S

entid

o da

Num

eraç

ão

Numeração par

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Quadro 4.10 Numeração decamétrica Conju-ração

Distância N° lado esquero N° lado direito

1° 0m. a 10 m. 1 2 2° 10m. a 20 m. 3 4 3° 20m. a 30 m. 5 6 4° 30m. a 40 m. 7 8 5° 40m. a 50 m. 9 10 6° 50m. a 60 m. 11 12 7° 60m. a 70 m. 13 14 8° 70m. a 80 m. 15 16 9° 80m. a 90 m. 17 18 10° 90m. a 100 m. 19 20 11° 100m. a 110 m. 21 22

Figura 4.12 Numeração alternada métrica

Rua

A.1

4

Se

ntid

o da

Num

eraç

ão

Rua

A.1

4

Sen

tido

da N

umer

ação

Numeração impar

Numeração par

Numeração par

Numeração impar

Antes da Densificação

Após da densificação

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Figura 4.13 Numeração alternada decamétrica

Sectorización

Tarefa 5: Rsolver casos específicos QUE FAZER DO ANTIGO SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO? Que fazer no

centro da cidade, onde as vias já estão denominadas e cuja numeração é sequencial, caso a operação de endereçamento tenha adoptado a numeração métrica ou decamétrica?

Vias. Todas as vias do centro devem ser numeradas, segundo o princípio adoptado para o resto da cidade, mas esta numeração não deve implicar mudança de placas de identificação da via. Ela constará no ficheiro das vias e aparecerá discretamente debaixo do nome das vias, nos casos em que as placas sejam substituidas.

Portas. • Caso a maioria das construções do centro da cidade estja numerada

de forma sequencial, evitar-se-á mudar tudo com uma nova numeração; o centro da cidade preservará o seu sistema,

• Caso apenas algumas portas do centro da cidade estejam numerads de forma sequencial, manter-se-á – pelo menos numa primeira fase –

Numeração par

Rua

A.1

4

S

Sen

tido

da N

umer

ação

Rua

A.1

4

S

entid

o da

Num

eraç

ão

Numeração impar

Antes de la densificación

después de la densificación

Numeração impar

Numeração par

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o número existente e ser-lhe-á justaposto o novo, para não desorientar o transeunte preso ao seu antigo número.

COMO CODIFICAR OS IMPASSES? A situação mais simples consiste em

numerá-los como vias, precisando apenas a sua natureza: exemplo, « impasse 3.12 », cuja numeração ocorre entre a via 3.11 e a via 3.13.

Uma outra solução, mais complexa, consiste em ligar o atoleiro à via na qual ele desemboca: exemplo, na via « Rua 3.12 », os impasse são identificados « Impasse 3.12(1), Impasse 3.12(3) » ou « Impasse 12(2), Impasse 12(4) », conforme eles desembocam do lado par ou ímpar da via.

Procurou-se algumas vezes localizar os impasses com maior precisão. Exemplo, o impasse situado a 325 metros do princípio da via 4.61 terá o número: 4.61.325. A complexidade deste sistema levou a renunciá-lo e a adoptar uma solução mais simples.

COMO CODIFICAR AS PRAÇAS? A codificação das praças é feita como a

das vias; para evitar qualquer confusão, tal como para impasses, atribui-se um número diferente à praça e à via. « Via 3.12 », « Praça 3.13 ».

Numa praça, a numeração das portas faz-se da seguinte maneira: (a) define-se um « ponto-zero » no desembocar duma das vias principais que dão para a praça, (b) os números são repartidos partindo do ponto zero e dando a volta à praça no sentido das agulhas dum relógio.

COMO CODIFICAR OS CRUZAMENTOS? Os serviços técnicos municipais

precisam, às vezes, de identificar os cruzamentos, particularmente por ocasião de estudos de saneamento, onde se trata de distinguir as várias artérias da via. A solução consiste em codificar o cruzamento com referência à via onde ele se encontra: exemplo, na via 3.10, os cruzamentos serão codificados « Cruzamento 3.10 A, Cruzamento 3.10 B ».

Uma vez que o cruzamento se situa na intersecção de duas ou várias vias, este seria codificado várisa vezes, mas apenas se vai reter o código da via mais importante. Por exemplo, caso o cruzamento esteja na intersecção das vias 3.10 e 3.15 e caso a via 10 seja a mais importante, o cruzamento será codificado « Cruzamento 3.10 C », por exemplo (fig. 8).

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 

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Figura 4.14 Codificação dos impasses e dos cruzamentos

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COMO CODIFICAR AS ZONAS RESIDENCIAIS NÃO ORGANIZADAS? Estas zonas, igualmente chamadas zonas residenciais espontâneas ou precárias, não têm, muitas vezes, acessos transitáveis; além disso, o seu estatuto é muitas vezes tido como ilegal e as autoridades hesitam em iniciar um endereçamento, que poderia contribuir para aprovar este tipo de ocupação.

Contudo, a preocupação de melhorar as condições devida da população leva por vezes a empreender obras de emergência, em particular abrindo acessos e vias de circulação, que favoreçam a penetração das redes (água, iluminação pública…). O endereçamento deve acompanhar, até mesmo, anteceder este tipo de operação, contribuindo para identificar e a seguir endereçar as vias de circulação mais importantes. A numeração das construções não tem evidentemente o rigor das soluções anteriores, mas ela pode ser feita com referência no procedimento mais aproximado.

Um método consiste em proceder como segue: (a) definir ou confirmar as principais vias de circulação da zona; (b) atribuir-lhes um número tal como indicado anteriormente. Por exemplo, « caminho 4.12 ou via ZA12 » referindo-se ao distrito municipal 4 ou ao bairro Zahra, (c) para os cruzamentos, partilhar o espaço entre duas vias decirculaçãos (bissectriz), (d) atribuir um número ligando as casas à via.

Exemplo: ao longo da via 4.12, as casas ostentarão os números 12/1, 12/3 ou 12/2, 12/4 conforme elas se encontrem no lado par ou ímpar, tal como definido anteriormente (figura 9). Figura 4.15. Codificação de intersecções

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Figura 4.16 Endereçamento de bairro precário

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UM EXEMPLO DE SISTEMA MISTO. A título de documentação, far-se-á

referência a um sistema de codificação de periferias em cidades americanas. O traçado das vias nestas cidades é frequentemente « paisagítico » e não é tão regular como no centro da cidade. As vias têm nomes, mas a numeração comporta muitas vezes um radical que se refere a uma divisão de tipo bairro. Deste modo, no número 7809 da rua Doorland, 78 é o radical e 09 é o número de ordem, o que corresponde à 5ª construção desde o princípio da rua, do lado par. (figura 10) Figura 4.17 Sistema misto

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Exemplos de cidades com traçado regular

Caso o traçado das vias seja regular e corresponda a uma urbanização em « xadrez », na qual os « blocos » de construção estão dispostos de forma regular, a numeração das vias é simples, mas ela dá origem a várias soluções ilustradas por alguns exemplos: Puebla de Los Angeles (México), Mannheim, (Alemanha), Paris (França), Washington (Estados-Unidos) e Chandigarh (India). PUEBLA DE LOS ANGELES Com 3 milhões de habitantes, a capital do Estado de Puebla, património mundial da humanidade, foi fundado em 1531 pelos Franciscanos, que sonhavam construir uma cidade modelo de harmonia entre os povos e as raças, para servir de exemplo para a edificação de outras cidades da Nova Espanha. A cidade traçada em cordel está dividida em quatro quartos, por duas artérias que mudam de nome ao nível do centro, « Zocalo ». A lenda pretende que os anjos desenharam a cruz formada por estas artérias. A artéria Este-Oeste é constituida pela Avenida « Camacho » a este de Zocalo e a Avenida « Reforma » a oeste. A artéria Norte-Sul é constituida pela Avenida « 5 de Mayo » a norte de Zocalo e a Avenida « 16 de Septiembre » a sul. As outras artérias Este-Oeste são « avenidas » e as Norte-Sul, são « calles ». • No quarto noroeste, as vias paralelas à « Reforma » são pares e

« poente » (oeste) e as vias paralelas à « 5 de Mayo » são ímpares e « norte » (norte).

• No quarto nordeste, as vias paralelas a Camacho são pares e « oriente » (este), as vias paralelas à « 5 de Mayo » são ímpares e « norte ».

• No quarto nordeste, as vias paralelas à « Reforma » são pares e « poente », as vias paralelas à « 16 de Septembre » são ímpares e « norte ».

• No quarto sudeste, as vias paralelas a Camacho são ímpares e «oriente » e as vias paralelas à « 16 de Septiembre » são ímpares e « sul » (sul). As vias paralelas à artéria Norte-Sul têm um número par quando

elas estão situadas a leste desta artéria e um número ímpar a oeste. A numeração das vias evolui de um lado e do outro desta artéria. A via 2 chama-se « 2 Norte » ou « 2 Sul » conforme a sua posição em relação à outra artéria, Este-Oeste. A mesma lógica prevalece para as vias Este-Oeste : pares no Norte, ímpares no Sul. A via 2 chama-se « 2 Oriente » à leste e « 2 Poente » à oeste.

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No que respeita à numeração das casas, o sistema é o seguinte:

• A oeste de « 5 de Mayo – 16 de Septiembre » : entre a artéria e a via 3, os números começam em 100 (pares e ímpares de um lado e do outro da via) ; entre as vias 3 e 5, por 300 ; entre as vias 5 e 7, por 500…

• A leste de « 5 de Mayo – 16 de Septiembre » , acontece o mesmo: entre as vias 2 e 4, os números começam por 200, entre as vias 4 e 6, por 400, entre as vias 6 e 8, por 600 etc…

• Ao norte e ao sul de « Reforma - Camacho », aplica-se a mesma lógica.

Figura 4.18 Puebla de Los Angeles. 1531

MANNHEIM A planta axadrezada da cidadela, iniciada em 1606 por Frédéric IV e reconstruida por Vauban em 1689, é geralmente considerada como sendo o protótipo das cidades do século XIX nos Estados-Unidos e na Europa, a única cidade cujas vias eram identificadas por letras e por números. Os quarteirões conservaram a sua numeração original, deste modo o quarteirão delimitado pelas vias F e 2 denomina-se F2.

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Figura 4.19 Mannheim

PARIS O exemplo da Paris é recordado, pois já antes da Revolução, esta cidade foi objecto de múltiplos projectos de endereçamento, os quais revelam uma vontade geral « que um procedimento judicioso, estável e racional facilitasse de facto o relacionamento entre os citadinos ». Um dos projectos mais curiosos para esta cidade, que não tem um traçado regular das vias, é o de Choderlos de Laclos que em 1787 imaginou um sistema, « cuja lógica aparente esconde mal a extrema complicação » 2. Ele divide a cidade, de um lado e do outro do Sena, em vinte divisões ou bairros (400 x 1000 craveiras), às quais atribui uma letra, a seguir ele numera as vias, atribuindo « os números pares às vias cuja direcção tende ao paralelismo do rio e números pares às que mais se aproximam da perpendicular»; por último, enumeram-se as casas das ruas « seguindo o curso do rio nas ruas que lhe são paralelas » e e partir do rio, nas ruas perpendiculares. O endereço apresenta-se como uma combinação de números e de letras, por exemplo, « bairro D, via 8, casa 25 »

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Figura 4.20 Paris. Proposta de Choderlos de Laclos WASHINGTON Distinguem-se três séries de vias: • As vias Norte-Sul ostentam os números: 1, 2, 3. Exemplo: 16th Street,

situada na artéria da Casa Branca. • As vias Este-Oeste são denominadas por ordem alfabética3 : A, B,

C… Mais além, as vias ostentam nomes com duas sílabas (Adams, Belmont, Chapin,), a seguir com três sílabas, (Allison, Buchanan, Crittenden), por último nomes de árvores e de flores (Butternut, Cedar, Dahlia). Por vezes faz-se referência aos quatro alfabetos deste sistema.

• As vias traçadas em diagonal ostentam nomes de Estados: Connecticut, Pennsylvania, Massachusetts, Wisconsin. A progressão é feita de cada um dos lados do Capitol, onde se

cruzam North Capitol St., East Capitol St., South Capitol St. E o « Mall ». Duas vias com a mesma identificação são diferenciadas com os pontos cardinais; exemplo: C Street NW. ; C Street NE, C Street SW, C Street SE.

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Para a numeração, o dispositivo é o seguinte. Cada segmento de via é numerado por centena desde o Capitol: 100, entre as vias A e B ; 200 entre B e C ; 700 entre G e H. Acontece o mesmo com as vias perpendiculares: 100 entre a 1ª e a 2ª rua ; 200 entre a 2ª e a 3ª ; 1800 entre a 18ª e a 19ª. A numeração das portas baseia-se nesta lógica. Os primeiros algarismos correspondem ao número do segmento, os últimos ao número de ordem: ímpares à direita, seguindo o sentido da progressão e pares à esquerda. Deste modo, o endereço « 1818 H Street » situa-se no 18° bloco a partir do Capitol na via H. A porta é teoricamente a 9ª, lado par, a partir da 18ª via.

Figura 4.21 Endereçamento de Washington

CHANDIGARH Os exemplos anteriores apenas se aplicam aos centros das cidades; as extensões não são feitas de acordo com a planta axadrezada e os sistemas de numeração perderam o seu « rigor ». O exemplo de Chandigarh é diferente; a cidade construida por Le Corbusier desenvolveu-se segundo uma conjuração que actualmente ocupa quatro vezes a superfície planificada aquando da sua criação em 1950. Os 25 sectores iniciais (800x1200m) tornaram-se 100, mas a planta não perdeu o seu rigor inicial, facto que permite localizar de imediato cada sector, cuja numeração está na origem do endereçamento dacidade. As grandes vias que constituem o

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xadrez têm nomes: « Himalaya Marg, Jan Marg, Udyog Path ». Dentro dos sectores, a numeração é mais incerta e refere-se a blocos e portas de acesso.

Figura 4.22 Os sectores de Chandigarh

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Ficha 7. Cartografar

Objectivo e resultados esperados O objectivo é o de constituir uma « planta de endereçamento » à escala 1/10 000 (por exemplo) indicando nomeadamente as vias, a sua toponímia assim como a dos bairros, os limites administrativos e os principais edifícios. Este documento será completado pela indicação das placas de identificação das vias a colocar para constituir o « plano de placas ».

Implementação

O responsável pela cartografia da célula de endereçamento assegura a implementação, que consiste em: • Fase de preparação: (a) reunir a documentação (b) confirmar a

formação cartográfica; • Fase de execução (c) fazer a cartografia de base, (d) fazer o inventário

das vias, (e) preparar a planta de endereçamento, (f) preparar a planta de sinalização (cf. ficha 10).

Tarefa 1. Reunir a documentação

Itrata-se de reunir documentos cartográficos existentes. As fontes a inventariar são geralmente os serviços técnicos municipais, os da cartografia e do cadastro, do ministério responsável pelo urbanismo, dos concessionários da água e da electricidade. Todavia, as escalas, os formatos, os suportes, as datas de elaboração e as referências topográficas destes documentos são muitas vezes diversificados. Eles são classificados por ordem de importância, seleccionando prioritariamente os que forneçam melhores « garantias » topográficas e que possam assim servir de base para o « fundo de planta ». Esta documentação é, na medida do possível, completada por uma vista aérea da cidade relativamente recente ou por uma fotografia satélite com alta resolução4 (anexo 6 : fotografias aéreas).

Paralelamente, recolhem-se as seguintes informações : (a) lista e limites dos bairros, distritos municipais e autarquias, (b) lista dos lugares famosos, (c) lista das vias que ostentam ou que ostentaram um nome, (d) localização das principais vias asfaltadas, (e) localização das vias cujas construções tenham já um número, (f) localização dos edifícios notáveis, tais como, ministérios, Conselho Municipal, Comando da polícia,

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universidade, mercado, hospital, locais de culto importantes, estação, aeroporto…

Tarefa 2. Confirmar a formação cartográfica

Recomenda-se que se preparem plantas em suporte informático. Neste caso, o responsável pela cartografia deverá eventualmente confirmar a sua formação. A escolha do programa informático será condicionado por dois factores: (a) simplicidade de utilização para que o responsável pela cartografia possa delegar alguns trabalhos, (b) capacidade em resultar numa impressão quadricrómica, com vista a uma larga divulgação da planta de endereçamento. O tempo estimado é de uma semana.

Tarefa 3. Fazer a cartografia de base

Trata-se de definir um « fundo de planta », que servirá de base para as plantas de endereçamento e de sinalização. Os documentos cartográficos seleccionados são colocados na mesma escala por fotocópia ou por manipulação informática (depois dum scan). O fundo de planta é preparado com base em decalque ou num suporte informático (com a eventual ajuda dum geómetro, cartógrafo, arquitecto). Ele compreende: • O traçado das vias, • Os limites das autarquias, bairros, distritos municipais, • A indicação dos edifícios notáveis, • A toponímia dos bairros e dos lugares famosos, • A toponímia das vias já denominadas.

Tarefa 4. Fazer o inventário das vias

É indispensável verificar o conteúdo do fundo de planta e daí elaborar localmente um inventário sistemático das vistas e dos cruzamentos. Esta tarefa minunciosa pode ser realizada de carro; recomenda-se que nela participem o coordenador, os responsáveis pela cartografia e pelos inquéritos, para completarem o seu conhecimento da cidade. As informações a recolher são inscritas no fundo de planta e dizem respeito: • A exactidão do traçado das vias • A verificação das vias já denominadas, • A localização das placas de identificação das vias existentes, • A localização das vias cujas construções tem já um número, • A identificação do equipamento das vias (asfaltadas ou não), • A verificação da toponímia (bairros, vias, lugares famosos) e limites

das autarquias, bairros, distritos municipais.

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Figura 4.23 Exemplos de planta de endereçamento (Conakry)

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Tarefa 5. Preparar a planta de endereçamento

Com base nas informações recolhidas, o fundo de planta é revisto. Uma tiragem é submetida ao Comité de monitoria e/ou aos representantes dos bairros, para aprovar em particular os limites das autarquias, dos distritos municipais, dos bairros, que por vezes são imprecisos.

O fundo de planta é então completado para tornar-se a « planta de endereçamento ». Esta última deve comportar: • os limites das divisões adoptadas (autarquia, sector, distrito

municipal, bairro…) e a respectiva toponímia; • o nome ou o número de todas as vias; • as setas de princípio e fim de via; • os números de porta situados na extremidade dos quarteirões

(eventualmente) ; • o equipamento de vulto (ministério, Conselho Municipal, liceu,

hospital, mercado, estádio, estações, linha férrea, aeroporto), os lugares de destaque e a respectiva toponímia;

• os principais cursos de água e espaços verdes; • um axadrezado alfanumérico para facilitar a localização, (1km. x

1km. por exemplo); • a legenda, a indicação do norte e da escala gráfica.

A etapa seguinte centra-se na preparação do plano de Placas e da publicação do mapa de endereçamento.

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Figura 4. 24. Etapas de execução do plano de endereçamento

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Ficha 8. Inquirir e numerar as portas

Objectivo e resultados esperados

O objectivo é numerar os acessos das construções e ao mesmo tempo fazer um inquérito cujos resultados serão registados no ficheiro de endereços. Trata-se da tarefa mais longa, e sem dúvida a mais minuciosa da operação.

Implementação

Antes da implementação dos inquéritos e da numeração das portas várias tarefas devem preceder: (a) Depois do estudo de viabilidade, aprovação da « codificação » pelo Comité de monitoria; (b) Realização da cartografia de base; (c) Preparação dos questionários e dos materiais para os inquéritos e para a numeração; (d) Recrutamento e formação das equipas para os inquéritos e para a numeração; (e) Realização duma operação-piloto. As tarefas (b) a (d) devem ser realizadas no princípio da fase de execução.

Tarefa 1. Codificação

A presente tarefa consiste em definir um sistema de identificação das vias e de numeração das portas; ela é abordada na ficha 6.

Tarefa 2. Cartografia

Esta tarefa consiste em preparar uma cartografia de base, a qual permitirá, em particular, localizar-se no terreno durante os inquéritos e a sinalização das vias, ela é tratada na ficha 7.

Tarefa 3. Preparação dos questionários e dos materiais PRÉPARAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS. As linhas mestras do inquérito são

definidas aquando do estudo de viabilidade. Trata-se, à partida, de finalizar o questionário. A tentação é a de querer realizar um inquérito de grande envergadura, com o risco de alargar consideravelmente os prazos. Uma vez que se trata de realizar os inquéritos e a numreção das portas em paralelo, recomenda-se que se faça um ligeiro e rápido inquérito, o qual será posteriormente completado durante a fase de manutenção.

Nestas condições, o questionário deve ser curso. O conteúdo deve estar adaptado aos meios implementados para o inquérito: por exemplo,

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caso o concessionário da água esteja presente durante o inquérito, mais fácil será a identificação do número do contador. Os dados principais a identificar nesta primeira fase do inquérito são os seguintes: • Endereço. Nome do bairro, número atribuido à porta, antigo número

caso exista, número da via, nome da via, caso exista; • Tipo de ocupação. Exemplos: habitação, equipamento, actividade

(precisar). • Tipo de construção. Exemplos: no rez-do-chão, no andar, vivenda;

prédio; construção de alvenaria, com material precário… Pode-se acrescentar: • Números dos contadores de água e de electricidade. Nem sempre

eles são acessíveis na ausência dos representantes dos concessionários,

• Referências de cadastro. Normalmente, elas são acrescentadas ao questionário depois do inquérito,

• Nome do ocupante. Várias razões fazem com que às vezes seja difícil conhecê-lo: recusa de responder, falta ou multiplicidade de interlocutores…

• Meio. Exemplos : via asfaltada, passeio, canavial, iluminação pública. Contudo, parece ser mais adequado prevêr um questionário específico, que permitirá fazer o inventário do « equipamento urbano » e endereça-lo: fontenários e bocas de incêndio, aterros sanitários, guaritas nas paragens dos autocarro…. (a realizar de preferência na fase de manutenção). A preparação dos formulários permite a codificação dos itens com

vista a facilitar o processamento informático; os concernentes à actividade e à ocupação são, na medida do possível, elaborados em concertação com os serviços fiscais. Na folha de inquérito, são reservados espaços para a codificação, mas o inquiridor escreverá, por extenso, o nome da actividade, por exemplo.

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Figura 4.25 Exemplo de formulário

PRÉPARAÇÃO DOS MATERIAIS. Cada equipa deve dispor do seguinte material: • Formulários de inquéritos, mapas de localização; • Circulares informativas, assinadas pelo Presidente do Município, a

distribuir em cada inquérito; • Odómetro (no caso duma numeração métrica ou decamétrica) para

medir a distância e indicar o número da porta; • Giz, tintas, pinceis e escantilhões para a numeração.

Tarefa 4. Recrutamento e formação das equipas Cada equipa pode ter oito pessoas (chefe da equipa, topométrico, inquiridores, pintores e ajudantes), mas, se as tarefas são simples de

Bairro ………………..Madina No. da vía…………..... B.88 Nome da vía…….

Longitude da vía……..…450m Largura da vía……….….7m Tipo da vía…………...…pavimentada

No. No.

porta Tipo de ocupação Código Água Electricidade Outro

1 4 Habitação unifamiliar H1 A4045 565CC

2 15 Cabine telefónica E2 F 3 18 Aluguel de carros P5 A4867 876DD 4 37 Comercio geral C1 G404 45EDD

5 38 Habitação coletiva H2 B404 34KL 6 44 Habitação

unifamiliar H1 A9904 876CC

7 49 Comercio geral C1 A476 78EDD

8 68 Consultorio medico L2 A8901 A404

9 99 Comercio geral C1 G404 56EDD 10 135 Habitação precária H4 P61

11 148 Habitação unifamiliar H1 A5679 987CC

_____________________________________________Data… Nome

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executar, elas são diversificadas e os perfis do pessoal um tanto heterogéneos. Durante o recrutamento, uma atenção particular deve portanto ser prestada para a coesão da equipa, a qual deve estar permanentemente em coordenação. A participação dos agentes das empresas concessionárias ou dos serviços fiscais nos inquéritos facilita, normalmente, a recolha de dados e permite que cada um complete rapidamente os seus ficheiros acrescentando o novo endereço do ocupante. Esta participação dos concessionários pode ser objecto de protocolo de entendimento (janela 4.2)

Janela 4.2 Protocolo de entendimento entre o Município e o concessionário

A título dum Protocolo de entendimento entre Por um lado, a Cidade de…., representada por …. E por outro, a Empresa de exploração da água, doravante designada o « concessionário » e representada por ….., é assinado e acordado o que segue: Artigo 1 – A Cidade iniciou uma operação de endereçamento na qual o concessionário decidiu participar, associando três dos seus agentes aos inquéritos no terreno, os quais colaborarão com a Célula de endereçamento Artigo 2 - Os agentes do concessionário contribuirão no sentido de fazer corresponder o endereço do cliente – recolhido aquando da operação de endereçamento – e o número do contador de água. Os dados recolhidos serão processados pela Célula de endereçamento num ficheiro que enviará ao concessionário, tanto os dados do ficheiro como a Planta de endereçamento. A Célula de endereçamento fornecerá ao concessionário, mapas intermediários dos resultados dos inquéritos. Artigo 3 – A paticipação dos agentes do concessionário cobre o período de realização do inquérito de endereçamento, estimado em três meses. O Coordenador da Célula de endereçamento informará ao concessionário sobre o início do inquérito no terreno, pelo menos 3 semanas antes da sua implementação e mantê-lo-á periodicamente informado sobre o seu decurso. Artigo 4 – O prazo de validade do presente protocolo é fixo (data), correspondendo ao fim da operação de endereçamento. Qualquer alteração aos termos do presente protocolo pode ser efectuada mediante acordo entre as partes. Artigo 5 – O presente protocolo será notificado e comunicado onde se revelar necessário. Feito em …. aos …. Pela Cidade, Pelo concesionario

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A formação centra-se não só no domínio das tarefas pelo pessoal,

mas sobre a organização da equipa durante e depois dos períodos de inquérito: (a) coordenar a progressão no terreno; (b) no fim da sessão, organizar a recolha dos dados e a revisão do material para a sessão do dia seguinte.

Tarefa 5. Operação piloto

A operação piloto tem um duplo objectivo: testar a formação das equipas e mediatizar a operação, mas o segundo objectivo não deve parar o primeiro. • A operação é feita num bairro movimentado, suficientemente

estruturado, contendo contruções de alvenaria e vias estabilizadas. Normalmente, ela ocorre no centro da cidade, mas evitam-se as vias demasiado movimentadas, onde os inquéritos e a numeração possam ser difíceis de realizar: trata-se, em primeiro lugar, de aperfeiçar o treino da equipa e de « rodá-la » progressivamente, antes dela estar confrontada com os casos difíceis.

• Não é necessário escolher uma zona vasta: a zona piloto apenas envolve algumas vias, em número suficiente para testar todas as equipas. (4 e 5 vias).

TESTAR. O teste centra-se nos seguintes pontos: (a) progressão da

equipa «na sua verdadeira dimensão»; (b) entrega da circular do Presidente do Município aos inquiridos, explanando, em particular, o seu novo endereço, (c) realização do inquérito, (d) inscrição do número na construção.

MÉDIATIZAR. A operação piloto é a oportunidade para, uma vez

mais, sensibilizar as autoridades e a população ao endereçamento. Os aspectos a sublinhar são a numeração das portas e a sinalização das vias. Ela é igualmente a oportunidade para visualizar (eventualmente inaugurar) novos modelos de placas. Serão placas provisórias, muitas vezes fabricadas por artesãos, antes do lançamento de toda a produção: o objectivo é o de mostrar um protótipo cujo aspecto pré-visualisará o das placas definitivas (dimensões, côr, tipo de inscrição).

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Tarefa 6. Numerar as construções

Esta tarefa é conduzida ao mesmo tempo que o inquérito mas, para simplificar a apresentação, ela é aqui descrita em separado. A numeração decorre em duas fases: • A primeira numeração decorre sob a autoridade do Município, por

ocasião duma operação de endereçamento. O número é pintado na parede ou na porta, na medida do possível, com um escantilhão. O ocupante é obrigado a deixar esta numeração visível; caso a lei não o obrigue, um despacho municipal deverá estipulá-lo.

• Uma numeração mais definitiva deve ser feita pelo ocupante, o qual adquire e coloca uma placa com o respectivo número. Não se recomenda a inscrição da aquisição e da colocação das placas

das portas no roçamento do endereçamento, devido aos seus custos e aos constrangimentos da operação: a gestão da encomenda deste tipo de placas é difícil, sobretudo nos casos em que a numeração é métrica (pois os números não se seguem) ; quanto à colocação, ela leva muitas vezes a desavenças com o ocupante.

Podem contudo ser previstas algumas excepções para os edifícios públicos, os quais podem ser dotados de placas de portas pela Célula de endereçamento. Estes servirão de exemplo e poderão incitar os outros moradores a substituir o seu número pintado por um número na placa.

MODALIDADES PRÁTICAS. A numeração é normalmente feita em duas

fases durante a operação de endereçamento: • a inscrição é feita primeiro com giz: o topométrico indica ao

marcador o número, correspondente à distância da porta da construção para o « ponto zero », no caso da numeração métrica;

• a seguir o pintor, que avança mais lentamente, escreve o número com um escantilhão; nalguns casos, pinta-se previamente na parede um rectângulo para servir de fundo para o número. Onde colocar o número? Recomenda-se que o número tenha uma certa

homogeneidade, no momento da estampagem: posição, altura, cor de fundo homogénea, tamanho dos algarismos. Por exemplo, o número é colocado em cima e no eixo do acesso; ou então, ele é colocado a 1,80m. do chão e a 20 cm. à direita do acesso, velando para que a porta ou uma janela se abra para o lado dele e o esconda.

A vantagem da padronização é a lisibilidade. Assim, os números dos edifícios parisienses, algarismos brancos sob fundo azul, são bem lisíveis, até à noite, pois esta combinação de cores faz muito bem o reflexo da luminosidade, mesmo que esta seja fraca. De acordo com o despacho do dia 27 de Setembro de 1982, as placas dos números dos edifícios em

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esquadria ou na sua proximidade são de forma rectangular: a sua altura é uniforme com 17 centímetros, o seu comprimento varia de acordo com o número de algarismos a inscrever. Os algarismos são brancos em fundo azul sem nenhuma margem.

Figura 4.26. Topométrico

Figura 4.27 Esquema da progressão da equipa

Na numeração métrica o topógrafo indica a distancia aos numeradores os quais escrevem com giz o numero correspondente na fachada da

construção. Os pintores escreven em seguida os números numa planilha.

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Tarefa 7. Inquirir

O objectivo do inquérito é múltiplo: • Apresentar o seu novo endereço ao ocupante e explicar-lhe

rapidamente a numeração adoptada; • Escrever o número da construção na parede depois duma conversa

com o ocupante; • Entregar uma circular personalizada com o endereço – e, na medida

do possível, com o nome – do ocupante (ver modelo) ; de facto, não se tem a certeza que o chefe de família esteja presente aquando do inquérito e a circular deve permitir-lhe estar informado sobre o conteúdo do inquérito;

• Recolher as informações-chave acima descritas na tarefa 3: endereço, tipo de ocupação e de construção, etc.

Figura 4.28 Tipo de circular a entregar durante a pesquisa

FISCALIZAR O AVANÇO DAS OPERAÇÕES. As fases de numeração, de inquéritos e de colocação das placas escalonam-se, por vezes, em longos períodos. É necessária uma fiscalização mensal do estado de avanço das tarefas nos diferentes bairros; utiliza-se o seguinte tipo de quadro).

VILLA DE DOLOBA REPUBLICA DE CAMATO

OPERACIÓN DE NOMENCLATURA

A municipalidade resolveu fazer trabalhos de modernização para facilitar os acessos a os serviços urbanos, é por isso se fará uma operação da nomenclatura e numeração da cidade.

Que é la nomenclatura e a numeração? Consiste em dar um numero ás ruas da cidade, para que depois se possa atribuir um nome. Esse numero será indicado nas esquinas das ruas, em placas colocadas nas paredes ou nos postes, dessa maneira igual se colocará um numero em cada casa.

Pra quem serve o endereçamento e a numeração da cidade? A nomenclatura e a numeração permitirão a você se dirigir melhor na cidade, melhorando assim a entrega dos serviços: ambulância, bombeiros, táxis, os correios, as mensagens, pronto socorro. Poderão chegar diretamente e mais rápido à sua porta. Adiante, você terá um endereço como no exemplo a seguir:

Señor o Señora Sory Daiallo 15, Calle B.25 Doloba Camato

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Figura 4.29 Estado de avanço das tarefas de endereçamento

Sectores 1 2 3 4 5

1. Verificação das ruas 2. Plano de sinalização 3. Fabricação de placas das ruas 4. Recepção de placas das ruas 5. Sensibilização da população (1) 6. Sensibilização da população (2) 7. Colocação de placas nas ruas 8. Verificação da sinais 9. Numeração de portas 10. Pesquisas 11. base de dados dos endereços 12. Índice das vías 13. Plano final da endereçamento

Realizado Em curso Em preparação data:

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Ficha 9. Registar os endereços

Objectivo e resultados esperados

O objectivo é duplo: (a) constituir um ficheiro com base nos elementos do inquérito, (b) colocá-lo à disposição – segundo modalidades a definir - das administrações e dos concessionários, que o completarão em função das sua próprias necessidades.

Os produtos esperados são: • um documento informático, normalmente apresentado sob a forma

dum tabulador, para facilitar a divulgação das informações; • um documento de exploração dos dados indicando, por exemplo:

número de vias denominadas e numeradas; número de portas por bairro; lista de actividades por bairro...

Implementação

A implementação começa com a preparação dum código de exploração dos dados do inquérito (ficha 8) e com a criação ou aquisição dum programa informático de exploração. O registo dos dados é feito à medida que os inquéritos evoluem. Distinguem-se: classificação e verificação dos inquéritos; codificação; processamento; monitoria e exploração.

Tarefa 1. Classificação e verificação

Trata-se duma tarefa diária: os documentos são classificados pelos inquiridores em função da via e do bairro; eles são verificados pelos chefes de equipa e eventualmente completados ou processados no mesmo dia ou no dia seguinte para não esquecer a informação. A fiscalização da tarefa é assegurada pelo responsável pelos inquéritos.

Tarefa 2. Codificação

Algumas rubricas do questionário escritas por extenso durante o inquérito devem ser codificadas, tais como a natureza das actividades ou do tipo de ocupação.

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Tarefa 3. Processamento dos dados UTILIZAR UM PROGRAMA INFORMÁTICO ESPECÍFICO. Recomenda-se a

utilização dum programa informático próprio para o ficheiro de endereços, pelos seguintes motivos: • O tamanho do ficheito. O número de linhas do ficheiro será, a termo,

pelo menos igual ao número de famílias. Para uma cidade com um milhão de habitantes, o ficheiro englobará, portanto cerca de 100 000 a 400 000 linhas. A cada linha do ficheiro – (uma linha por porta numerada) - correspondem 10 a 20 informações: endereço, ocupação, tipo de construção, n° de contador… Portanto, obtém-se muito rapidamente uma base com mais de um milhão de dados. Os tabuladores clássicos estão largamente ultrapassados na sua capacidade de processamento de dados.

• A utilização. O ficheito de endereçamento será utilizado por pessoas de profissão e níveis diversos: quadros técnicos, pessoal da administração fiscal, pessoal do processamento… Isto requer uma aplicação específica dispondo de funções de acesso fáceis e rápidas, de busca, de processamento. O seu desenvolvimento pode consistir em adaptar uma aplicação existente ou em criar uma nova (sob o risco de acumular algumas falhas de funcionameto).

FUNÇÕES. O programa informático de endereçamento deve dispor de

funções que permitam as seguinte operações : • Processamento: fiscalizar a coerência do processamento, as gralhas e

alterar um endereço, conservando o seu historial (antigos nomes) ; • Parametragem : alterar particularmente os códigos de ocupação, os

nomes das vias e dos sectores; • Pesquisas: pesquisar qualquer endereço com base em cada uma das

informações relacionadas (nome, n° da via, endereço, tipo de ocupação…) ;

• Estatísticas: fazer extrações e estatísticas com critérios múltiplos. • Divisão geográfica.- « território »: permite operar processamentos que

correspondem a uma divisão específica em resposta às necessidades dos serviços técnicos, fiscais ou dos concessionários. Esta divisão é chamada « território » ; ela é definida mediante pedido deve ser memorisável: ela pode agrupar um ou vários bairros, uma ou várias vias ou troços da via, lado par ou ímpar.

• Exportação : exportar os dados para formatos padrão (txt ; xls, dbf…). • Protecção: limitar o acesso do conjunto ou de parte dos dados através

da utilização do password.

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ALGUMAS DEFINIÇÕES • Endereço. Um endereço corresponde a um único código que permite

localizar um elemento na cidade e refere-se a uma via. • Tipos de ocupação. Um endereço pode referir-se a casas, actividades

(empresas, comércio, serviços…), equipamento (escolas, hospitais, administrações…), objectos (equipamento urbano) ; qualquer que seja o tipo, o processamento é idêntico.

• Endereço múltiplo. Ele pode fazer referir-se a várias ocupações, mesmo diferentes, no mesmo edifício.

• Bairros e vias. Antes do processamento dos endereços, são processados os nomes das zonas de endereçamento; isto permite inserir na base de dados, os códigos necessários para o funcionamento do programa informático: código do bairro e código da via.

Janela 4.3 Urbadress O programa informático Urbadress foi desenvolvido durante várias operações de endereçamento5 (acesso « livre ») ele permite um processamento dos endereços rápido e seguro, a sua actualização e a produção de informações e de estatísticas: podem ser processados 150 000 endereços e cerca de 5000 vias, com períodos de resposta aos pedidos inferiores 10 segundos para os mais complexos. O programa informático dispõe de níveis de acesso diferenciáveis segundo o utilizador: responsável pela base de dados ou simples agente de processamento. O processamento centra-se nos seguintes elementos: • Sectores, zonas ou bairros, correspondentes às divisões adoptadas para a numeração das vias. Também podem ser definidos « territórios » mediante pedido. Ex : bairro ou grupo de bairros, ao qual se podem acrescentar as vias. • Vias: Número da zona ou do bairro; Número da via; Nome da via (caso exista) ; Tipo de via (avenida, bulevar, rua, alameda, atoleiro, …) ; Categoria (primária, secundária, terciária…) ; Começando pela via n°…/ terminando pela… ; Extensão da via; Primeiro e último n° de porta ; Ascendência e largura do asfalto; Localizações no quadriculado da planta. • Portas : Número da porta; Número antigo (caso exista) ; Número e nome da via, (caso exista) ; Tipo e código de ocupação (residência, equipamento, actividades, objectos do equipamento urbano, outro) ; Grupo de ocupação (ex : actividades: agricultura, indústria, comércio…) ; Sub-grupo de ocupação (ex : comércio a grosso, comércio a retalho…). • Parâmetros opcionais: Ex : números dos contadores, referências de cadastro ou outros.

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O programa informático permite realizar processamentos estatísticos em toda ou numa parte da cidade. Pode tratar-se de zonas de endereçamento, de bairros ou de territórios específicos. Por exemplo, são possíveis inquéritos, como: • Com base nos tipos de ocupação, seleccionar: casas ou tipos de casas; actividdaes ou tipos de actividades; equipamento; equipamento urbano, etc. Estas selecções podem ser realizadas por via, grupo de vias, bairro, « território » ou toda a cidade; • Seleccionar, com base num endereço, as informações associadas a um endereço,a uma via, a um grupo de vias, por bairro ou « território » : pode-se assim conhecer em cada via, o número de unidades de ocupação, as actividades, o equipamento … ; • Memorizar as mudanças de ocupação, com vista a elaborar os historiais e, consequentemente, observar as dinâmicas; • Em qualquer momento, registar ou alterar um endereço; • Acrescentar, a qualquer momento e sem limite de número, parâmetros livres (informações associadas ao endereço); • Imprimir os extractos e/ou o conjunto de informações; • Tomar em consideração a distinção n° de porta par e ímpar, correspondentes aos dois lados da via. • Importar ou exportar dados em formato padrão.

Figura 4.30. Registrar os dados

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Tarefa 4. Exploração e monitoria

São feitos vários pedidos para a exploração dos dados, tais como: • Lista das vias por bairro (denominadas, numeradas) • Lista das vias por bairro de acordo com as suas características

(ascendência, tipo, revestimento) • Lista dos endereços por bairro segundo o tipo de (casa, actividade,

equipamento, equipamento urbano) • Lista de endereços por bairro e por via • Lista de actividades por bairro (e por via)

Podem eventualmente ser fornecidas listas análogas por « terri-tório ».

Gravação. O ficheiro é gravado diariamente durante o processamento. Monitoria. O avanço do inquérito é visualizado todos os dias,

indicando na planta de endereçamento, com um marcador, as vias que foram « processadas».

Formação. O pessoal responsável pelas manipulações e pelas actualizações é sensibilizado para as técnicas de endereçamento, a seguir é formado sobre o programa informático utilizado.

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Ficha 10. Sinalizar as vias

Objectivo e resultados esperados

O objectivo consiste em equipar os cruzamentos com uma sinaléctica que designe as vias pelo seu nome e/ou pelo seu número. O resultado desta « sinalização » traduz-se quer na instalação de placas na parte frontal das construções ou de postes, quer no recurso a soluções mais rudimentares. A escolha destas diferentes soluções depende normalmente do montante do orçamento disponível.

Implementação

A diversidade das tarefas a realizar para a sinalização incita a iniciá-las o mais rápido possível, sem esperar, por exemplo, que os inquéritos tenham sido concluidos. As tarefas consistem na definição do sistema de sinalização, preparação das plantas e da lista da sinalização, fabricação do material de sinalização, sinalizar.

Tarefa 1. Definir o tipo de sinalização

Esta tarefa arranca na altura do estudo de viabilidade, com a estimativa dos custos e a determinação do orçamento, facto que tem consequências na escolha da sinalização. Ela prolonga-se com o inventário das vias (início da dase de execução) : identificam-se os cruzamentos cujas frontarias não permitem a colocação mural e requerem a implantação de postes ou de placas. A tarefa termina com a estimativa das necessidades a suprir ao longo da operação e, em particular: (a) número de placas; (b) número de inscrições com escantilhão, (c) número de postes. A escolha do tipo de sinalização requer uma arbitragem entre o custo mais baixo e a sustentabilidade. COMPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES

1. Inscrições na parede com escantilhão. Trata-se da solução menos onerosa mas igualmente a menos sustentável. Ela consiste em inscrever os nomes e os números de via nas frontarias ou no limite das construções que ladeam os cruzamentos. Dois pontos merecem atenção: a concepção do escantilhão, a escolha da tinta. • Escantilhão. Foram realizadas experiências artesanais concludentes,

mas elas devem o seu sucesso à minuciosidade com a qual os escantlhões foram fabricados: a procura de economias, em

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detrimento da qualidade do produto, conduziu ao fracasso ou ao rápido desaparecimento das inscrições. Um primeiro escantilhão é confeccionado para pintar a côr do fundo da inscrição com rolo; o carácter repetitivo das operações implica conceber um quadro sólido e manipulável com caleiras e maçanetas (fotografia).

Os outros escantilhões destinam-se a repetir a palavra « rua » ou o nome do bairro; a utilização de placas offset usadas6 em alumínio é bem adaptada para uma divisão das letras com um cûter; um quadro de madeira reforça o escantilhão e permite a obtenção de inscrições de qualidade. De acordo com a experiência, a fabricação dum escantilhão é da ordem de 10 $ EU.

• Revestimento: quando o estado da superfície da parede não é satisfatório, acrescenta-se um revestimento alisado, aumentado nalguns centímetros se necessário. Esta super-espessura evidencia o painel de rua e evita cobrí-lo de tinta, quando a casa for renovada, por exemplo na altura de mudança de proprietário.

• Tinta. A tinta é sensível às intempéries; ela pode desaparecer depois de alguns anos. Recomenda-se portanto que não se procurem últimas economias neste posto, diluindo abusivamente as misturas ou adoptando tintas de baixa qualidade. As tintas à base de copolímeros acrílicos e vinílicos normalmente resistem melhor aos raios solares e ultravioletas.

2. Inscrições em painel ou placa. A presente solução é mais onerosa, mas mais sustentável que a anterior. As inscrições são feitas num painel ou numa placa, a ser posteriormente colocada numa frontaria ou num poste. O painel distingue-se da placa pelas suas marges viradas (« margens caídas»), que asseguram a sua maior rigidez em detrimento dum custo muitas vezes mais elevado. • O material pode ser a madeira, o plástico, o alumínio ou o metal.

Regra geral, o custo é diametralmente oposto à sua sustentabilidade. As sinalizações em contraplacado, em metal pintado ou nalguns plásticos são muitas normalmente mais baratos, mas resistem mal às intempéries (chuvas, sol). O fibra fluorescente colada no suporte metálico tem um aspecto sedutor, mas o seu custo é muitas vezes elevado e a sua garantia é por vezes limitada. Vários fabricantes propõe soluções em alumínio com laca cozida no forno, mas a solução do metal esmaltado é muito conhecida dada a sua sustentabilidade.

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Figura 4.31 Instrumentos de estampagem

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• A forma, a superfície, o estilo das letras têm igualmente consequências nos custos.

• As dimensões são variáveis: não existem normas internacionais, muitas vezes nem nacionais. Os formatos 25 x 40 cm ou 30 x 50 cm são suficientemente comuns e pode ser mais pequenos, caso a inscrição se limite à simples numeração.

3. Inscrições num poste. Esta solução, às vezes necessária, quando não se pode proceder à colocação mural, tem o seu custo elevado: ao custo das placas acrescenta-se o do dispositivo de fixação poste-placa e o do poste (cuja colocação é tão cara quanto a colocação mural). Além disso, as dimensões do poste devem responder a requisitos de segurança. A altura do poste é de pelo menos 2,7m. para permitir a passagem debaixo das placas. Um dispositivo deve impedí-lo de girar na sua base em betão. A secção não deve ser demasiado fraca (Ø: 60 mm) para limitar o roubo e o vandalismo: algumas experiências conduziram a encher o tubo de cimento para que este não seja cerrado nem roubado.

Quadro 4.11. Custos unitários dos materiais das vias, excepto custos de colocação (em $ EU)

Placa Placa Na

parede No poste Na parede No poste

Aluminium esmaltado 23 54 31 62 Metal e Email 29 60 33 64

Alu + filmea fluorescente 51 82 70 91 Várias fórmulas podem contribuir para reduzir os custos: densidade

da sinalização, evolução da implementação, e patrocínio.

UMA DENSIDADE DEPENDENTE DA SINALIZAÇÃO. A solução « máxima »

consiste em colocar uma placa de identificação da via, lados par e ímpar, no extremo de cada via. Neste caso, um cruzamento com duas vias é equipado com oito placas de identificação. Esta solução é dispendiosa e pode ser modulada conforme os bairros. Ela pode ser aceitável no centro da cidade, mas noutros bairros menos frequentados, a densidade das placas será menos elevada: por exemplo, duas placas por cruzamento. Por cuidado de economia, pode-se sinalizar apenas um cruzamento em

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cada dois; esta solução não perturba demasiado a localização, quando as vias ostentam números sequenciais.

Quadro 4.12. Comparação dos níveis de sinalização conforme os seus custos

Solução de sinalização

Sinalização dos cruzamentos

Placas ou paineis por cruzamento

Postes para as placas

Máxima Todos 8 Em função das necessidades

Média Todos 2 Com moderação

Económica 1 sobre 2 2 Estrito mínimo Mínima O máximo

possível Estampagem nas paredes

nenhum

UMA IMPLEMENTAÇÃO PROGRESSIVA. Numa primeira fase, pode-se

apenas equipar as vias mais importantes com placas de identificação e escolher uma solução mais rudimentar, de tipo estampagem para as outras vias. Numa segunda fase, podem ser equipadas as outras vias, começando pelas que estão denominadas.

UM SISTEMA POSSÍVEL DE PATROCINAR. A sinalização pode ser

patrocinada: o nome ou o logotipo do patrocinador consta nas placas, velando pela discrição: a leitura não deve interferir com os conteúdos principais e o tamanho das letras deve ser pequeno (0,5 cm). Este sistema permite obter uma sinalização de qualidade nas zonas históricas7. ou estimular o interesse de outros patrocinadores quando um deles tiver contribuido para equipar um primeiro conjunto de bairros.

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Figura 4.32 Paineis de endereçamento e patrocínio

Tarefa 2. Preparar a planta e a lista de sinalização

A planta de endereçamento é geralmente elaborada com base num aumento da planta de sinalização à escala de 1:5000 e contém as mesmas informações, às quais se acrescenta: (a) a posição, o nome, o tipo (placa, escantilhão) e o suporte das placas (na parede ou no poste) ; (b) os números de porta situados no extremo dos quarteirões.

Esta planta permite, em particular, quantificar o número de inscrições a colocar por bairro e por rua. Ela serve • para a elaboração da « lista de sinalização » para a encomenda das

placas, paineis, postes, escantilhões; • de documento de referência durante os trabalhos de colocação, pela

empresa responsável, dos painéis, das placas e dos postes. A lista de sinalização recapitula as placas a fabricar para as

colocações a fazer nas paredes e nos postes.

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Quadro 4.13 - Lista de placas

N° d autarquia

Conjunto de bairro

Nome do bairro Tipo de via Designação da via

(nome ou número) N° de via (caso

esteja denominada) N° inscrito no

poste N° inscrito na

parede 4 Talladjé (TJ) Talladjé Bulevar de 15 de Avril TJ.2 2 7 4 Talladjé (TJ) Talladjé Rua TJ4 1 2 4 Talladjé (TJ) Talladjé Rua TJ.10 2 2 4 Zona Industrial

(ZI) Zona

industrial Avenida Da Africa ZI. 2 2 2

4 Zona Industrial (ZI)

Zona Industrial

Avenida dos Escritórios ZI. 4 2 7

4 Zona Industrial (ZI)

Zona Industrial

Rua ZI6 2

3 Poudrière (PO) Kalley Est Rua PO.4 3 3 Poudrière (PO) Poudrière Avenida do Damagaram PO 6 4 3 Poudrière (PO) Sabon Gari Avenida do Damagaram PO 6 3 1 Plateau (PL) Plateau Corniche Corniche Yantala PL 2 1 2 1 Plateau (PL) Plateau Avenida dos Ministérios PL 6 2 1 Plateau (PL) Plateau Avenida do General de Gaulle PL 30 4 10 3 Mercado Novo

(NM) Baía de Along

Bulevar da Independência NM 42 1 3

3 Mercado Novo (NM)

Cimitério muçulmano

Bulevar da Independência NM 42 2 1

3 Mercado Novo (NM)

Sabon Gari Rua NM 44 2

2 Liberdade (LI) Koiratégui 1 Rua de Kabekoira LI 2 3 4

192 END

EREÇA

MEN

TO E G

ESTÃO

URBA

NA

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Figura 4.33 Plano de placas

Tarefa 3. Encomendar o material de sinalização

Esta tarefa consiste em encomendar, normalmente por concurso, os materiais de endereçamento. Ela deve iniciar o mais rapidamente possível, dados os períodos do concurso, da fabricação e da entrega dos materiais. O procedimento de concurso pode iniciar sem que disponha duma lista de sinalização, mas com duas condições: (a) o estudo de viabilidade terá permitido definir o tipo de sinalização e de estimar o número de placas e de painéis necessários, (b) aquando da adjudicação, a lista de sinalização deve estar pronta, pelo menos para uma parte dos artigos, caso o fornecedor aceite entregas escalonadas.

Escantilhões: uma consulta aos artesãos locais é apropriada para a o seu fabrico. Contudo, a selecção deverá tomar em consideração a apresentação duma amostra, para garantir que o fornecimento seja conforme às expectativas dos utentes. Placas. Caso a sustentabilidade do fornecimento seja uma exigência e caso a encomenda seja devulto, geralmente se recomenda o concurso

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internacional: este permite alcançar as empresas especializadas, as quais muitas vezes oferecem custos menos elevados e melhores garantia.

O proponente anexará à sua proposta uma amostra de placa e de poste: isto permite avaliar a qualidade dos fornecimentos e constitui uma referência, sendo o adjudicatário obrigado a fornecer materiais de qualidade pelo menos igual ao das amostras. O concurso pode propôr muitas variantes para as qualidades a fornecer, sob reserva de indicar claramente a variante sobre a qual será feita a avaliação das propostas. (anexo 4).

Tarefa 4. Sinalizar

RÉCEBER, ARMAZENAR E FAZER A ENTREGA DOS MATERIAIS. Deve estar

previsto um local para a recepção, o armazenamento e a entrega dos materiais de sinalização. Qualquer entrega de material pelo fornecedor é sancionada por um termo de recepção assinado pela Célula de endereçamento e pelo fornecedor.

Este local estará, na medida do possível, localizado nas proximidades das zonas a endereçar. As suas dimensões são suficientemente amplas para permitir um armazenamento metódico dos materiais (por via), o qual facilitará posteriormente as operações de colocação. As operações de colocação. Um sistema de segurança deve ser assegurado para evitar os roubos.

Aquando da colocação, a entrega diária dos materiais às equipas de colocação deve ser feita mediante um termo de recepção. A fiscalização do stock é no mínimo semanal. O conjunto desta tarefas está sob a responsabilidade da Célula de endereçamento.

ORGANIZAR A SINALIZAÇÃO. A sinalização engloba tanto a colocação das placas e postes como a estampagem das inscrições com escantilhão. Esta é geralmente confiada a empresas locais após concurso (não se juntam no mesmo concurso, na medida do possível, fornecimento e colocação dos materiais). A sinalização é supervisada pela Célula de endereçamento. No início dos trabalhos, define-se, em concertação com a empresa, um programa de colocação. Nesta base, um extracto da planta e uma lista de trabalhos a realizar são diariamente entregues a cada equipa, assim como os materiais a levantar no armazém.

REALIZAR A COLOCAÇÃO. As placas de identificação das vias são colocadas nas paredes ou nos muros, numa altura de 3m. e a uma distância de 20cm do ângulo das frontarias. Estas medidas são a título indicativo. A implantação dos postes que suportam as placas deve basear-se na práticas do país em termos de sinalização e não devem provocar perturbações no trânsito.

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A Célula de endereçamento faz um balanço diário dos trabalhos e materializa o avanço numa planta. Ela faz uma fiscalização no terreno uma vez por semana. A recepção dos trabalhos marca o fim da sinalização: a Célula de endereçamento verifica a conformidade da execução com a planta de sinalização e as fichas de inventário do material.

Figura 4.34 Placas e postes de endereçamento

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Ficha 11. Editar a planta e o índice de endereçamento

Objectivo e resultados esperados

O objectivo é o de imprimir e divulgar amplamente a planta de endereçamento assim como o seu índice de vias. A divulgação deve ultrapassar o círculo da administração e estender-se ao grande público. Ela inscreve-se no âmbito da mediatização da operação de endereçamento.

Implementação

A Célula de endereçamento preparou (ou mandou preparar) logo no princípio da fase de execução, a planta de endereçamento utilizada para os inquéritos e para a sinalização. Resta : (a) verificar a completar esta planta; (b) preparar o índice das vias; (c) lançar a impressão (d) divulgar e, se possível, vender os documentos.

Uma ampla divulgação implica o recurso às técnicas das gráficas, que diferem das técnicas das impressoras de escritório. Convém portanto iniciar um processo cartográfico com o objectivo de imprimir os documentos, facto que requer que se escolha cuidadosamente o programa informático para o desenho da planta.

Tarefa 1 . Verificar e completar a planta de endereçamento

A planta de endereçamento é objecto de vários complementos e alterações durante os inquéritos e a sinalização. Vários acertos são portanto necessários antes de confiar o documento a uma gráfica. PRÉVÊR A IMPRESSÃO ANTES DE CARTOGRAFAR • Caso a planta tenha sido concebida no papel, recomenda-se a sua

tranferência para o suporte informático num programa informático de edição8 ;

• caso a planta tenha sido concebida em suporte informático, não se tem a certeza que a gráfica possa utilizá-lo com facilidade. Caso a planta tenha sido concebida num programa informático de edição, esta pode normalmente ser editada a cores sem dificuldade. Caso contrário, deve-se ter a certeza que os dados são transponíveis para um programa informático de edição. É importante resolver estas questões antes de iniciar a cartografia.

• Caso a planta tenha sido concebida num programa informático de SIG, deve-se ter a certeza que os dados gráficos são facilmente

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exportáveis para um programa informático de edição. A utilização dum programa informático de SIG para o endereçamento é muitas vezes tentador, pois ela combina o processamento dos dados e a cartografia, mas a sua utilização é bastante complexa; seria imprudente iniciar a cartografia com pouco pessoal. A solução de prudência consiste em iniciar a primeira operação de endereçamento com instrumentos simples ou muito pouco onerosos (programa informático de edição) e, uma vez a Célula constituida, pensar em passa para um nível informático mais elevado.

PRÉPARAR O DOCUMENTO PARA A IMPRESSÃO O processo habitual consiste em fazer « flasher » o documento informático para obter as películas a serem utilizadas para a impressão quadricrómica. O responsável pela cartografia deverá informar-se sobre os constrangimentos deste processo logo no início da fase de execução, para medir as suas implicações na preparação da planta e, em particular, na organização das várias camadas informáticas, correspondentes ao conteúdo da planta de endereçamento (ficha 7).

Tarefa 2. Elaborar o índice das vias

O índice permite localizar as vias na planta situando-as na grelha alfanumérica. Este índice apresenta-se sob a forma duma lista impressa tanto na face como no verso da planta de endereçamento, seja num folheto contendo a lista das vias e dos extractos da planta; este folheto é normalmente de formato reduzido e cabe numa carteira ou no porta-luvas duma viatura.

Tarefa 3. Imprimir

A impressão da planta assim como do índice é motivo de concurso. A produção de filmes com base nos documentos informáticos depende das técnicas de « pré-press », as quais nem sempre são do domínio de todas as gráficas. Portanto, será solicitado que o proponente anexe à sua proposta uma prova preparada com base num extracto da planta de endereçamento, a qual permitirá seleccionar as gráficas competentes. (anexo 8).

Para obter preços competitivos, o formato da planta deveria aproximar-se de 70x100 para corresponder a um dos formatos mais conhecidos pelas gráficas. A tiragem não deveria ser inferior a 2000 exemplares. Paralelamente à impressão da planta e do índice, o concurso pode incluir o fornecimento duma quinzena de tiragens em traçador, em

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grande formato e em papel de qualidade. Estes serão enviados ao Município assim como às administrações.

Tarefa 4. Divulgar

A planta e o seu índice devem ser amplamente divulgados. Recomenda-se que estes sejam postos à venda. A inserção de publicidades permite moderar significativamente os custos e prevêr uma actualização da planta. Contudo, recomenda-se que se complete a divulgação com a disponibilização (ou a venda) dos respectivos suportes informáticos, patricularmente às administrações e aos concessionários.

Figura 4.35 Modelo de planta e de índice

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Ficha 12. Mediatizar

Objectivo e resultados esperados

O objectivo é o de informar a população sobre o procedimento iniciado e explicar a sua razão de ser, o seu conteúdo e o calendário da operação. Uma campanha de comunicação é por isso indispensável. De facto, a inovação trazida pelo endereçamento da cidade não acontecerá sem suscitar interrogações e comentários da parte dos residentes. Os inquéritos, a numeração das portas, a colocação das placas de identificação das vias nas frontarias vai tocar-lhes de forma directa. Uma falta de informação pode conduzir a incompreensões e a resistências sem fundamento.

Implementação RESPONSABILIDADES. A implementação é feita sob a responsabilidade

da autoridade municipal. A Célula de endereçamento pode participar nela, mas ela não está nem equipada nem formada para assumí-la de forma directa: convém recorrer a agências especializadas, a recrutar localmente, na medida do possível.

ESTIMATIVA DOS CUSTOS. Uma primeira estimativa é submetida pelo consultor responsável pelo estudo de viabilidade, ao Comité de monitoria da operação. Ela assenta numa percentagem do custo da operação (3 a 5 %).

ALVOS. A mediatização deve atingir as autoridades municipais, a administração, os agentes económicos, os responsáveis dos bairros e a sociedade civil.

MÉDIA. Muitas experiências conduzidas durante operações de

endereçamento merecem ser retomadas, dado o seu sucesso e à sua diversidade: Reuniões, seminários. Este tipo de intervenção está ao alcance dos municípios mais modestos. Contudo, podem ser previstas várias reuniões: • Com o Município, a reunião deve chegar a conclusões sobre as

aprovações das propostas e das decisões; • Com os serviços fiscais e com os concessionários, a reunião permite

definir os interesses comuns na operação e de procurar contribuições;

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• Com os serviços técnicos municipais, os serviços de segurança, de saúde e dos correios, a reunião orienta-se normalmente para as aplicações práticas do endereçamento;

• Com os responsáveis dos bairros e com a população, a reunião assume, acima de tudo, um carácter informativo.

• Com os alunos ou com os taxistas (Mauritânia), as reuniões têm um objectivo pedagógico.

Manifestação oficial. O lançamento da operação, a colocação da primeira placa de identificação da via, uma visita durante a operação-piloto, a divulgação da planta de endereçamento constituem oportunidades para oficializar a operação. Artigos de jornal. Normalmente, este tipo de intervenção não é difícil, mas a Célula de endereçamento deve muitas vezes dar o seu contributo no sentido de velar que as explicações técnicas sejam correctas. Entrevistas na rádio e/ou na televisão. Elas são indispensáveis e a participação da Célula deve ser bem preparada. Circular do Presidente do Município. Ela é entregue durante os inquéritos e explana o novo endereço do ocupante e principalmente o significado do número pintado na frontaria (ficha 8). Desdobráveis. A divulgação de impressos sobre o endereçamento da autarquia tem um grande impacto para um custo que pode ser razoável. T-Shirts. Durante as várias experiências, normalmente as Células distribuem T-shirts « endereçamento » às suas equipas de colocação, que dão um carácetr lúdico e publicitário à operação e motivam os seus participantes. Plantas e índice. A sua divulgação (em papel e em suporte informático) contribui para fomentar e tornar a operação perene. Filmes. Alguns países prepararam filmes de curta metragem sobre o endereçamento para a televisão, nalguns casos traduzidos para a várias línguas do país (Guiné, Moçambique, Niger…).

CALENDÁRIO Os momentos fortes da mediatização deveriam

coincidir com os da operação: (a) fase de preparação: lançamento da operação; (b) fase de execução: operação-piloto, encerramento e avaliação, (c) fase de manutenção: extensão da operação para novos bairros; endereçamento do equipamento urbano.

TÈMAS. Os temas principais a desenvolver durante a campanha de

mediatização são: • o interesse de ter um endereço: facilitar a intervenção dos serviços de

saúde e de segurança assim como dos concessionários. A vantagem

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do endereçamento para os Correios parace evidente; todavia, muitos países funcionam com o sistema de caixa postal ou de posta-restante, sistema menos eficiente mas mais económico do que a distribuição « porta-a-porta ». Os méritos do endereçamento para o escoamento do correio so podem ser desenvolvidos com o consentimento dos responsáveis dos correios. Impõe-se uma prudência idêntica com os serviços fiscais: o endereçamento deveria contribuir para melhorar a cobrança dos impostos, mas não nos parece que seja o melhor slogan publicitário …

• Funcionamento do sistema. É necessário justificar e explicar o sistema de codificação. Porque é que as vias foram numeradas enquanto se aguarda a sua denominação? Como funciona a numeração das vias? Como funciona a das construções?

• O programa de acções. A operação vai estender-se em vários meses. Recomenda-se por isso que o Município apresente o seu programa de acções: duração da operação, bairros envolvidos, intervenientes, custos…. Este programa deveria igualmente indicar as perspectivas: extensão da operação para novos bairros, endereçamento do equipamento urbano, inventário detalhado do património municipal, tantas aplicações quantas a Célula de endereçamento deveria assumir.

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Ficha 13. Fazer a manutenção e innovar

Objectivo e resultados esperados

O endereçamento duma cidade é uma operação contínua, caso contrário o sistema torna-se rapidamente obsoleto, principalmente se a urbanizaçào está em constante evolução. O objectivo é garantir a manutenção do sistema instalado. Os resultados esperados centram-se na idendificação dos meios necessários para esta manutenção, facto que diz particularmente respeito à Célula de endereçamento e ao seu programa de intervenção depois da primeira operação de endereçamento.

Implementação

Normalmente, a importância da manutenção é bem compreendida, mas os meios para implementá-la carecem de definição. A Célula de endereçamento é o órgão mais ad hoc para assegurar esta manutenção; no entanto, o facto dela não fazer normalmente parte do organigrama municipal requer uma justificação da sua utilidade: um programa de trabalho e o respectivo orçamento devem ser preparados e aprovados pela autoridade municipal.

Tarefa 1. Preparar os programs de acção

A fase de manutenção tem início depois da fase de execução, mas o seu conteúdo pode ser diversificado e ser objecto de três possíveis orientações, podendo aliás combinar-se: manter, alargar ou prolongar o endereçamento.

MANTER O ENDEREÇAMENTO. O programa de acções envolve os bairros já endereçados: • Reparação ou mudança dos painéis e dos postes danificados ou

vandalizados; • Substituição dos painéis com números por painéis com a

denominação das vias, logo que os nomes tenham sido escolhidos pela Comissão de toponímia;

• Nova inscrição dos números de porta apagados; numeração das portas recém abertas para a estrada;

• Actualização do ficheiro de endereços na sequência de várias mudanças: encerramento de portas existentes ou abertura de novas, mudança de afectação para parcelas ou locais.

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Com vista a tornar seguras as declarações de novos endereços ou das mudanças de ocupantes, alguns países instituiram a « certidão de endereço » ; os concessionários exigem-no para considerar os pedidos dos residentes.

ALARGAR O ENDEREÇAMENTO. Trata-se de completar a acção iniciada:

• o programa envolve os bairros já endereçados, mas a acção estende-se endereçando o « equipamento urbano », pelo menos o que está sob a responsabilidade municipal ou que envolve os serviços públicos: fontenários, bocas de incêndio, postes de iluminação pública, lugares reservados à acumulação do lixo doméstico, cabines ou cantrais telefónicas, casas de banho públicas ….

• o programa envolve os bairros não endereçados durante a operação inicial, seja porque eram pouco ou não habitados, seja porque eram julgados difíceis de equipar devido ao seu carácter precário, seja porque o seu estatuto era até então julgado incerto. Uma atenção particular deve ser reservada aos bairros precários: o endereçamento pode contribuir para tornar seguras as condições de vida das populações desfavorecidas; Será sem dúvida necessário inovar em relação às técnicas que acabam de ser descritas (capítulo 2. Secção 6). PROLONGAR O ENDEREÇAMENTO. Quando o endereçamento tiver

coberto o conjunto dos bairros, o programa de acções consiste em « prolongá-lo », nomeadamente alargando a recolha de dados para outros temas que não o endereçamento. A Célula deve portanto alargar as suas competências e inovar; o objectivo consiste em completar as informações urbanas, de que carece a autoridade municipal para sustentar a sua tomada de decisões. Muitas autarquias conhecem muito aproximativamente, de facto, a população dos bairros ou a situação das infraestruturas e do equipamento de que são responsáveis. É neste contexto que muitas Células tansformaram-se, progressivamente, em « direcção ou centro de documentação, base de dados urbanos, atelier de urbanismo». (Maputo, Yaoundé, Douala). Qualquer que seja a denominação escolhida, esta evolução responde à oportunidade de utilizar os « savoir-faire » adquiridos durante o endereçamento para alargar as qualificações da Célula e responder à ncessidade dum conhecimento acrescido do contexto municipal.

Vários temas poderão então ser abordados em programas de acção: as prioridades estarão tanto mais facilmente centradas num inventário do património, de que o Município é responsável, que estas actividades estarão inscritas como continuação dos trabalhos de endereçamento.

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• Inventário do sistema de saneamento: a recolha de dados é feita por troço e é muito mais detalhada que a do inquérito de endereçamento: características físicas, estado de degradação… Esta investigação requer eventualmente a utilização dum programa informático ad hoc9.

• Inventário das obras de drenagem: os canais que ladeam as vias são identificados no inventário anterior, mas existem, por vezes, grandes valas, cuja manutenção cabe, por defeito, ao Município e que portanto convém alistar.

• Inventário dsa obras inerentes ao lixo doméstico : zonas de recolha, traçado dos circuitos, localização dos contentores de lixo, centro de trânsito, lixeira ….

• Inventário do equipamento público, a começar pelo da educação e da saúde, (escola primária, posto da saúde) cuja manutenção e por vezes construção dependem da competência municipal. Neste caso, o inventário não se limita às descrições físicas, mas dá conta do funcionamento do equipaemento : número de alunos, de turmas, de professores … Cada inventário resulta na constituição de fichas descritivas

orientadas para a avaliação das necessidades e dos custos em matéria de manutenção, de reabilitação ou de edificação das obras : dados que podem orientar os programas de investimento municipal. No âmbito da implementação, resta dar uma passo qualitativo para reunir os dados num Sistema de Informações Urbanas. Outros temas podem dizer respeito ao programa de acção da Célula: contribuição para uma Comissão de toponímia das vias, no sentido de substituir gradualmente a numeração existente; estimativa da população dos bairros, inquérito para avaliação das suas necessidades; colectânea dos estudos em curso…

Tarefa 2. Avaliar as intervenções

Não basta alistar e descrever os programas de acção previsíveis, a Célula deve quantificá-los – necessidades em pessoal, material, custos e tempo – antes de submeter as suas propostas para a decisão municipal: • Trata-se de manter o endereçamento, basta a equipa permanente da

fase de execução. Pode-se prever a redução de uma ou duas pessoas, ligadas, por exemplo, à Direcção dos serviços técnicos municipais;

• Trata-se de alargar o endereçamento, a Célula, que preservará o tempo para realizar esta tarefa, manterá a fórmula adoptada durante a execução: equipa permanente e equipas temporárias;

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• Trata-se de prolongar o endereçamento, a situação é diferente, pois a natureza das intervenções evolui de forma radical. A composição da equipa, a sua ligação ou não ao serviço existente, as suas despesas de funcionamento deverão ser especificamente estudadas.

Como conclusão, as presentes propostas foram concretizadas a

vários níveis, em cerca de cinquenta cidades duma quinzena de países, ao longo da década 90, mas muito resta por fazer para que o endereçamento contribua mais largamente para o melhoramento da gestão urbana e que acompanhe o reconhecimento do estatuto de cidadão. É apenas um princípio… 1 Este sistema foi aplicado em Asmara, com um sucesso todavia limitado, pois

ele limitou-se apenas no centro da cidade, nalgumas raras vias não denominadas e porque a numeração das secções não era sistemática.

2 J. Pronteau. Op.cit. 3 Não há nem J, nem X, nem Z ; I diz-se « Eye » 4 As imagens provenientes por exemplo do Slide 5, QuickBird, Ikonos. 5 Financiamento da Cooperação francesa. Desenvolvido em Access, o programa

informático funciona commaterial padrão de tipo PC,Pentium II ou III, 250 a 500 Mhz. E pode ser instalado com base num CD Rom.

6 Mali. Bamako, Kayes, Sikasso – Projectos PACUM e PDUD 7 Centro histórico de Puebla (Mexique) : automóveis VW 8 Programa informático de tipo Illustrator 9 do tipo Urbavia, Viziroad…

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Anexos

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Anexo 1. Termos de referência para os registos fiscais

1. Contexto e objectivo da intervenção

Contexto. A necessidade de reformular a fiscalidade local foi objecto duma forte recomendação da Assembleia Nacional no sentido de estranfular as tensões financeiras e permitir que as autarquias locais assegurem as suas missões. Vários estudos permitiram identificar os disfuncionamentos e as blocagens do sistema actual, e formularam várias recomendações. O acento foi principalmente colocado no melhoramento da cadeia dos procedimentos fiscais, da identificação dos contribuintes para a determinação dos montantes cobrados nas contas das autarquias. Os contratos de cidade assinados com as autarquias prevêm a alocação dum apoio às cidades com mais de 50 000 habitantes, para melhorar as suas emissões e cobranças de CFPB/TOM (Contribuição predial das propriedades construidas – Imposto para a recolha do lixo doméstico) assim como a Patente/Autorização. Os resultados satisfatórios das operações de endereçamento conduzidas nestas cidades deveria facilitar a identificação da matéria colectável e o melhoramento da cobrança, sem recorrer a uma alteração da legislação e dos regulamentos existentes. Uma primeira operação de melhoramento da fiscalidade directa local envolverá os municípios de …. e de ….. antes de ser reproduzida noutros municípios. Os objectivos assim como as modalidades de execução desta primeira operação foram objecto de discussões com o Ministério de Economia e Finanças, e muito em particular com a Direcção Geral dos Impostos, parte integrante na operação através do envolvimento das duas Inspecções Regionais dos Impostos. A operação associará o Município (Serviços Financeiros e Célula de Endereçamento), a Inspecção Regional dos Impostos (Inspector Regional e fiscais colocados nos respectivos serviços fiscais), a RPM (Receita de cobrança Municipal) e um consultor. O presente documento constitui os TDR do consultor. Objectivo da operação-teste A operação-teste, objecto da presente consulta, tem como objectivos: (1) Fazer o ponto de situação das listas e das cobranças, (2) Avaliar os meios e os procedimentos de facto utilizados pelos

Impostos, o Tesouro e o Município em matéria de emissão e de cobrança da CFPB/TOM e das Patentes-Autorizações;

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ANEXOS

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(3) Fazer uma aproximação estatística entre o número de potenciais artigos identificados pelo endereçamento e o número de artigos contidos nas listas para pagamentos antecipados (PPA);

(4) Realizar os inquéritos necessários para acrescentar os endereços aos nomes dos contribuintes identificados nas listas existentes.

Visando o fim da operação, as acções realizadas serão avaliadas e será tomada uma decisão para um eventual prolongamento da missão, podendo consistir em: • proceder à repetição das avaliações existentes, caso o levantamento

efectuado na fase de teste seja justificado, • automatizar o método de avaliação dos impostos implicados.

2. Tarefas a realizar e faseamento As prestações do consultor correspondem aos objectivos acima mencionados. Fase 1 : Ponto de Situação O Consultor fará um diagnóstico exaustivo da situação das listas por CFPB - TOM e por Patente - Autorização. Este diagnóstico centrar-se-á nos três últimos exercícios e consistirá em : (1) Fazer uma análise cifrada e com argumentos da situação das

emissões e dsa cobranças por imposto e por taxa correspondente : número de artigos, distribuidos por número de contribuições, por actividade (para a patente), volume e número de dos locais e actividades exoneradas, distinguindo as exonerações permanentes e as exonerações temporárias.

A análise incidirá igualmente nos PPA definidos para o mesmo período (listas elaboradas a posteriori na sequência de giros de cobrança anuais). A análise estatística sera completada por um destaque dos principais elementos que constituem o potencial fiscal da cidade: lista dos maiores contribuintes da cidade e actividades; para cada um destes contribuintes, uma tabela precisará o montante dos vários impostos directos pagos por estes contribuintes de modo a trazer o peso da fiscalidade local em relação aos Impostos do Estado.

Esta análise será feita com base em ficheiros informatizados das listas enviadas pela Direcção de Informática (DI) no âmbito da operação. O consultor fará o balanço das cobranças efectuadas com base nas listas nominais das cobranças, disponibilizadas pela RPM e procederá da mesma maneira em relação aos dados relativos aos PPA.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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(2) Estimar a pressão fiscal exercida através destes impostos e taxas sobre as principais categorias de contribuintes: esta análise será feita sobre uma amostra duma dezena de perfis representativos na CFPB e na Patente; ela será acompanhada de intrevistas destinadas a recolher a opinião dos contribuintes sobre a pressão fiscal exercida através da fiscalidade local da sua cidade.

(3) Avaliar os meios e os procedimentos dos serviços locais dos impostos e do Tesouro para a cobrança dos impostos locais cobertos pelo estudo: efectivos, meios logísticos, procedimentos utilizados (incluindo a circular e a ficha de avaliação relativas à fiscalidade local, recenseamentos anuais, etc.).

O consultor fara o ponto de situação sobre os meios disponibilizados pelo Conselho Municipal e os do respectivo orçamento. Ele avaliará o impacto da aprovação ds listas ao nível central sobre o calendário de emissão, do acompanhamento e de cobrança efectiva dos impostos previstos. Ele dará o seu parecer sobre a fiabilidade das listas emitidas em relação às cobranças efectuadas e dos artigos estimados não tributáveis pela RPM.

(4) Elaborar a síntese das várias componentes do diagnóstico e formular recomendações no sentido dum melhoramento da rede de cobrança na autarquia envolvida.

Estima-se em dois meses, o período de realização do diagnóstico (finalização das duas primeiras tarefas « ponto de situação »). Fase 2 : enquadramento do endereçamento das listas As tarefas a realizar durante esta fase são as seguintes: (1) Endereçar as listas dos contribuintes dos quatro impostos e respectivas

taxas, Trata-se de enquadrar a operação que consiste em, nas listas,

colocar o endereço à frente do nome de cada contribuinte. Esta operação será conduzida conjuntamente pela Célula de endereçamento (CA), pela RPM e pelos Impostos; o consultor terá a responsabilidade de orientar e enquadrar o desenrolar das operações. O endereço será registado no ficheiro informatizado, confeccionado no quadro do diagnóstico. Ele detalhará o caminho a seguir para realizar esta aproximação: • pré-localização dos contribuintes alistados com base na

comparação do plano cadastral e do plano de endereçamento: modalidades e organização,

• recolha dos complementos a fazer através de inquérito no terreno,

• Distribuição das listas entre CA, RPM e Impostos,

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ANEXOS

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• procedimentos de processamento: o processamento do endereçamento no ficheiro nominativo das listas será feito no ficheiro processado na Fase 1; a referência cadastral será igualmente processada de modo a facilitar as comparações de ficheiros no seio dos diferentes serviços,

• Calendário de cobertura das diferentes zonas: o consultor definirá o plano e o campo de intervenção das operações (zonas) de acordo com a duração definida para a operação teste.

O consultor fará um contrôle semanal do avanço das operações e redigirá uma nota mensal sobre as actividades, 2 páginas no máximo. O conjunto destes trabalhos será objecto dum ficheiro informatizado consolidado integrando nomeadamente: • o n° de ordem (DGID) ; • o n° de ordem (RPM) ; • a identidade do contribuinte; • o endereço do local tributado (endereçamento do município);

no caso em que o endereço do contribuinte não seja idêntico ao endereço do local tributado (proprietário não ocupante), os dois endereços, na medida do possível, indicados,

• as referências cadastrais da parcela (DGID) ; • a actividade ou o sector de actividade (patente, autorização

CFPB e TOM dos locais para fins de exercício de actividade) ; • o montante de cada imposto local de que o contribuinte seja

devedor.

(2) Fazer uma comparação estatística entre o número de contribuintes inscritos na lista ou nos PPA e o número de endereços constantes no ficheiro de endereçamento e tirar conclusões. O consultor fará um tratamento informático simplificado do

ficheiro de endereços que consiste em comparar: • o número de unidades de ocupação destinadas à habitação e o

número de contribuintes alistados na CFPB e na TOM, • o número de unidades de ocupação destinadas à actividades e o

número de contribuintes alistados na Patente e na Autorização. Esta comparação tomará em consideração as precisões forcenidas pelo ficheiro de endereçamento sobre as características dos locais que permitam estimar o número de locais de habitação isentos (valor locativo inferior a 1,5 milhões de Francos cfa, locais construidos há menos de 10 anos).

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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3. Modalidades de execução, faseamento e relatórios

Modalidades de execução O Dono da Obra do estudo é ……. O consultor estará muito particularmente em contacto com o DI e o responsável da CA assegurará uma monitoria regular do decurso das operações. O Dono da obra facilitará os contactos e o acesso à informação junto das autoridades competentes. Ele remeterá ao consultor os ficheiros obtidos da DI assim como uma cópia do ficheiro dos endereços elaborado sob a sua responsabilidade e a respectiva planta.

A CA, a RPM, a Inspecção Regional responsável pela emissão das listas de fiscalidade local disponibilizarão postos informáticos para a execução das prestações. A Autarquia designou um agente para o processamento, no tabulador e para os porcessamentos previstos na Fase 2.

O consultor apresentará à Autarquia o seu relatório-diagnóstico e o seu relatório final, na presença do dono da obra e dos serviços envolvidos (Impostos e Tesouro). Faseamento

Os objectivos 3 e 4 serão empreendidos em paralelo e prolongar-se-ão três meses depois da entrega do relatório diagnóstico. Para esta segunda tarefa, o consultor terá uma missão de enquadramento do pessoal colocado na operação pela autarquia, a RPM e a Direcção Regional dos Impostos. Relatórios O consultor fará a entrega de: • uma nota de lançamento, uma semana depois da recepção da

ordem de serviço; esta nota fará o balanço sobre a planificação e sobre as modalidades previsionais de execução das prestações, (3 exemplares)

• um relatório diagnóstico, dois meses depois da recepção da ordem de serviço, (3 exemplares)

• uma nota de actividade mensal ao longo de todo o estudo, (3 exemplares)

• um relatório final, 3 meses depois da entrega do relatório diagnóstico; este relatório tomará em consideração as observações e comentários formulados pelo dono da obra sobre o relatório diagnóstico assim como sobre as notas de actividade. (5 exemplares)

Os relatórios serão sucintos, precisos e muito operacionais. Eles englobarão anexos documentados.

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ANEXOS

213

Perfil do consultor A equipa a mobilizar é constituida por: • um chefe de projecto, especialista em finanças locais com uma boa

experiência da fiscalidade local do país, • um sócio-economista com conhecimento suficiente em informática

e em organização de inquéritos. Ele interveirá como apoio ao chefe do projecto na fase de diagnóstico da fase 1 e do enquadramento das operações da fase 2.

Duração das prestações O estudo decorrerá em 6 meses, incluindo os prazos para a reacção do dono da obra. A intervenção do consultor é estimada em 4 pessoas-mês por cidade distribuidas num período de 5 meses. Em anexo: • extracto ficheiro de endereçamento • ficha de inquérito de endereçamento • extracto das listas

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Anexo 2. Comissão de Toponímia –Burkina-Faso « A rua é o maior domicílio do homem na comunidade; não por ele

repousar nela, mas porque a sua vida é acima de tudo feita de acções conjugadas,temperadas de repouso, claro, mas onde a rua constitui um elo de ligação. Em Africa, a rua faz parte da definição de casa e do homem ; ela parte dum domicílio para terminar num domicílio. A vida é teleguiada ou marcada por carimbos nos movimentos de pensamento e das acções pelos atalhos, espaços, bulevares. Assim, a identidade das ruas, das placas e dos monumentos define e reflete a essência da Nação na sua soberania, sua história, sua cultura».

Mestre Pacéré Frédéric TITINGA Presidente da Comissão de Toponímia da Cidade de Ouagadougou

(1997).

Planta, critérios e áreas de denominação História (a) Os grandes soberanos, chefes tradicionais, ministros, altas personalidades dos usos e costumes; (b) As personagens míticas, lendárias assim como as epopeias; (c) Os resistentes à penetração colonial; (d) Os homens que lutaram pela criação, pela reconstrução, pela independência nacional; (e) Os homens que lutaram contra o tráfico de negros; (f) Os homens que lutaram contra o trabalho forçado; (g) Os homens que lutaram contra o recrutamento para as tropas estrangeiras; (h) Os antigos combatentes de renome e os militares com grandes feitos de arma em punho; (i) As grandes datas históricas. Cultura, filosofia, arte e profissões de arte (i) Os actores, defensores dos valores tradicionais e da cultura; (b) Os

valores tradicionais e os nomes culturais; (c) Os grandes narradores ou contadores de histórias; (d) Os promotores de habitação, de vestuário e da cozinha tradicionais; (e) Os escritores e os homens dos médias de renome; (f) Os músicos, cansonentistas, dançarinos, artistas, pintores e desportistas de renome; (g) Os cineastas de renome; (h) Os actores e os dramaturgos de renome; (i). O tipos de tradições; (j) Os instrumentos musicais, das danças, dos ritmos e de protecção das tradições; (k) A arte culinária e as bebidas tradicionais.

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ANEXOS

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Ciência (ii) Os inovadores e criadores nas tecnologias apropriadas; (b) As

práticas tradicionais, médicos tradicionais e curandeiros de renome; (c) Os investigadores, inventores de renome e as suas respectivas ciências.

Nação, política e administração (a) Os pensadores políticos; (b) Os actores políticos (c) Os grandes

obreiros da construção nacional; (d) Os funcionários dedicados à causa nacional, mortos no cumprimento da sua missão; (e) As tradicionais estruturas administrativas; (f) As etsruturas administrativas modernas específicas.

Economia, sociedade e religiões (a) Os missionários e religiosos de renome (b) Os sindicalistas de

renome; (c) Os gestores de renome; (d) Os empreendedores e operadores económicos de renome; (e) Os defensores das causas sociais (crianças abandonadas, órfãos, diminuidos físicos e mentais, exclusão, extrema miséria etc.) ; (f) Os valores e princípios organizacionais, morais e religiosos dos grupos sociais e das profissões; (g) O trabalho das tradições e os produtos sasonais; (h) Os ritos da vida social e os ritos de iniciação.

Vida internacional (a) Os países e cidades amigas do Burkina ; (b) Os países membros da

O.U.A ; (c) As grandes organizações africanas e internacionais de interesse específico; (d) Os grandes homens estrangeiros que marcaram a história da humanidade ou do Burkina-Faso.

Lugares, sítios tradicionais, ambiente (a) A flora e a fauna do Burkina ; (b) os rios, riachos, cursos de água,

altas colinas do Burkina ; (c) As localidades, lugares, sítios históricos e culturais de Ouagadougou e de Burkina-Faso : Circuncrições administrativas perto de Ouagadougou, símbolos de resistência à penetração colonial, Circunscrições tradicionais de reinos irmãos, Circunscrições tradicionais de descentralização, Circunscrições tradicionais específicas, Lugares ds últimas residências e de sepultura dos Mogho-Naba, Circunscrições administrativas, símbolo da protecção longínqua de Ouagadougou e da resistência à penetração colonial, Antigos bairros tradicionais de Ouagadougou, Os lugares sagrados e de ritos de Ouagadougou, Os rios e fontes de águas sagradas de Ouagadougou, Nomes de interpelação de Ouagadougou, Lugares de resistência tradicional

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de Mogho-Naba em Ouagadougou, Lugares a grandes sítios sagrados de Burkina-Faso.

Exemplos de « CV » da colectânea da Comissão Moro Naba Karfo (1834 1842) Irmão de Naba Sawadogo, filho de Naba Roulougou e de Konneyassa. Naba Karfo foi um soberano « liberal ». O seu túmulo está em Ouagadougou.

Bibliografia : Yamba Tiendrebeogo, « Histoire et coutumes royales des Mossi de Ouagadougou », p. 47 48 49. 12 Izard. t. 1. P. 172. A a. Dim-Dolobsom, p. 288.

Karamokoba. Karamoko Sanogo de Lanfiera (l'almamy karamokoba). Chefe

marka de lanfièra, grande letrado e grande curandeiro, uma das almas da resistência nacional, foi preso no dia 24 de Novembro de 1896 ; condenado à morte num julgamento expeditivo e pré-lógico, digno da loucura de Voulet, ele foi fusilado por ter instituido a revolta dos Samo, segundo o tenente Voulet.

Bibliografia : A. S. Balima : « Légendes et Histoire des peuples du Burkina Faso », 1996, p. 161 181. Me Pacere : Documentos e arquivos sobre almamy karamokoba.

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ANEXOS

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Anexo 3. Camarões. Denominação das artérias e das praças da cidades

A circular a seguir foi assinada pelo Presidente da República, mas ela nunca teve efeitos práticos… (Extratos da Circular de 19. 7. 71) « … A escolha dos nomes a atribuir deve obedecer a dois critérios fundamentais: 1. Serviços prestados Os sentimentos familiares, tribais ou de amizade não devem ser a base da escolha do nome da via ou da praça pública. A denominação deverá, tanto quanto possível, ser o testemunho do reconhecimento ou da veneração do conjunto da Autarquia em relação a um Camaronês ou a um estrangeiro que tenha prestado proeminentes serviços, seja à toda a nação, seja à Autarquia em particular. Este reconhecimento pode igualmente estender-se a uma Organização mundial, internacional ou a qualquer outra instituição cuja importância seja evidente, tanto para os Camarões, como para a Autarquia. Gostaria de precisar que no que respeita aos nomes de pessoas, o hábito admite, regra geral, que se dê prioridade às pessoas mortas. A tendência, que consiste em escolher nomes de personalidades políticas ainda vivas, não é recomendável. Contudo, dada a juventude da nossa história nacional, os serviços prestados por um indivíduo para uma localidade ou para a Nação, poderão ser recompensados enquanto a pessoa estiver viva. Mas neste caso trata-se apenas de casos excepcionais que serão sempre acompanhados de todas as explicações pretendidas, com vista a evitar comentários desfavoráveis susceptíveis de pôr em causa a imparcialidade do Governo. 2. Recordações históricas. … Não é menos necessário que os nomes das artérias e das praças das cidades lembrem às gerações futuras algumas etapas fundamentais da nossa vida nacional. As grandes datas da história da humanidade deveriam ocupar um lugar de destaque.

3. Procedimento O delegados do Governo em exercício junto às Autarquias bem como os Presidentes dos Municípios deverão elaborar projectos dedenominação ds praças e das artérias das suas cidades em

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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colaboração com pessoas seleccionadas com base nas suas competências no seio e fora do Conselho Municipal. As propostas de denominação, acompanhadas de todo o dossier preparatório deverão permitir apreciar a oportunidade da escolha do nome, serão submetidas ao sancionamento do Chefe do Estado ao cuidado dos Primeiro-Ministros dos dois Estados Federados. Haverá um retorno aos Delegados do Governo e aos Presidentes de Municípios, para adopção dos projectos secundados pelo parecer do Presidente da República, pelo Conselho Municipal interessado … »

Yaoundé, aos 19 de julho de 1971. O Presidente da República Federal El Hadj A. Ahidjo

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ANEXOS

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Anexo 4. Monitoria e fiscalização das operações de endereçamento

Como avaliar o grau de avanço dos trbalhos de endereçamento, em particular caso várias cidades estejam envolvidas em paralelo?

A utilização dum tabulador facilita a resposta. (quadro a seguir). O quadro é preenchido gradualmente como se segue:

A operação de endereçamento é decomposta em 5 etapas (A a F) agrupando 24 tarefas. Cada tarefa é ponderada em função duma apreciação do tempo que a sua realização requer. Assim, o lançamento da operação representa apenas 1 % do conjunto da colocação das placas 27 %.

Seja 3 cidades X, Y e Z com populações respectivsa de 100 000, 200 000 e 300 000 habitantes. As zonas a endereçar são respectivamente 8 12 e 20. A cada cidade correspondem duas colunas: dados e resultados.

Na coluna « dados », são inscritas as percentagens de realização para as tarefas 1 a 7, 13 a 19 e 22 a 24. Para as tarefas 8 a 12 e 20, indica-se o número de zonas onde as tarefas são executadas. Assim, para a cidade « X », todas as tarefas (1 a 7, 13 a 19 e 22 a 24) são executadas a 100 % ; o mesmo acontece para as tarefas (8 a 12 e 20) executadas nas 8 zonas da cidade. Em contrapartida, na cidade « Z », foram apenas executadas as 7 primeiras tarefas. São envolvidas Dez sobre 20 zonas para as tarefas 8 e 9 e quinze para a tarefa 10.

Um simples cálculo combinando os dados e a percentagem que cada tarefa representa (3ª coluna) permite apreciar o grau de realização. Assim, a tarefa 13 realizada a 50 % na cidade « Y » indica 0,5 seja 5 % da operação.

No conjunto, os respectivos balanços das cidades « X, Y, Z » são 100 %, 38 % e 24 %. Ponderando cada resultado com a população, constata-se que o balanço da operação é apenas de 41 %.

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Quadro A.1 Monitoria das realizações     Cidade 

População Número de zonas 

X 100 000 

Y 200 000 

12 

Z 300 000 

20 

 

Etapa  Tarefa  %  Tarefas  Dados  Resultado Dados  Resultado Dados  Resultado    1  1%  Lançamento da operação  100%  1,0  100%  1,0  100%  1,0   

A  2  2%  Sensibilização, Codificação  100%  2,0  100%  2,0  100%  2,0     3  1%  Instalação célula de Endereçamento  100%  1,0  100%  1,0  100%  1,0     4  1%  Aprovação pelo município  100%  1,0  100%  1,0  100%  1,0   

B  5  4%  Fundo de planta provisória   100%  4,0  100%  4,0  100%  4,0     6  1%  Preparação documentos da operação  100%  1,0  100%  1,0  100%  1,0     7  2%  Operação‐piloto  100%  2,0  100%  2,0  100%  2,0     8  10%  Inquéritos: vias, portas  8  10,0  6  5,0  10  5,0   

  9  10%  Estampagem dos números de porta  8  10,0  6  5,0  10  5,0   C  10  2%  Fundo planta da cidade equipada   8  2,0  6  1,0  15  1,5   

  11  2%  Planta de sinalização  8  2,0  6  1,0    ‐     12  2%  Ficheiros de inquéritos em tabulador  8  2,0  3  0,5    ‐   

  13  1%  Indice das vias  100%  1,0  50%  0,5    ‐     14  1%  Recepção dos trabalhos   100%  1,0    ‐    ‐     15  3%  Concurso fornecimento placas  100%  3,0  100%  3,0    ‐   

D  16  4%  Encomendas ao fornecedor  100%  4,0  100%  4,0    ‐     17  3%  Recepção   100%  3,0  50%  1,5    ‐   

  18  5%  Entrega das placas na Autarquia  100%  5,0  50%  2,5    ‐     19  2%  Consurso colocação placas  100%  2,0  100%  2,0    ‐   

E  20  27%  Colocação das placas  8  27,0    ‐    ‐     21  1%  Recepção dos trabalhos   100%  1,0    ‐    ‐   F  22  5%  Cartografia informática finalizada  100%  5,0    ‐    ‐     23  2%  Impressão mapa índice  100%  2,0    ‐    ‐   

  24  8%  Ficheiro em programa informático de endereçamento  100%  8,0    ‐    ‐   Total  100%                 

    Resultados    100%    38%    24%  41% 

220 O EN

DEREÇ

AMEN

TO E A

 GESTÃ

O DAS C

IDADES

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ANEXOS

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Anexo 5. Compra de consumíveis e de materiais de endereçamento

Detalhes técnicos (para concurso)

Objectivo do concurso O objectivo do presente concurso é o fornecimento de consumíveis e do material de endereçamento para a sinalização das vias da cidade de …………, incluindo os instrumentos necessários para a colocação. Prazos, condições de entrega e documentação O prazo máximo para a entrega é de cinco (5) meses contados a partir da data de adjudicação do concurso ao Fornecedor. O materiais, objecto do presente contrato, deverão ser entregues no seguinte endereço onde eles serão oficialmente recebidos

Célula de endereçamento ……. Município de ……

No seu preço, o Fornecedor deverá portanto prevêr as despesas referentes a esta disposição. O Município de …… não deverá, de modo nenhum, enfrentar dificuldades em matéris de transporte ou de eventual armazenamento no porto de chegada, os quais são executados por conta e risco do Fornecedor. Aquando do envio, o Fornecedor fará uma notificação por cabo ou por telex ao Município e à companhia de seguros, indicando o detalhe das disposições relativas ao envio, a saber : o número do contrato, a descrição dos consumíveis, o navio, o número e da data da declaração de mercadorias embarcadas, o porto de embarque, a data do envio, o porto de desembarque, etc. O Fornecedor enviará os seguintes documentos ao Município de ………, com uma cópia para a companhia de seguros:

(iii) cópias das facturas do Fornecedor, descrevendo os consumíveis, as suas quantidades, o seu preço unitário e o montante total;

(iv) original e 3 cópias da declaração de mercadorias embarcadas negociável, valor líquido a bordo, marcado « despesas pagas » e 3 cópias da declaração de mercadorias embarcadas não negociável;

(v) 3 cópias das listas de empacotamento indentificando os conteúdos de cada pacote ;

(vi) certificado de seguro; (vii) certificado de garantia do Fabricante ou do Fornecedor;

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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(viii) certificado de inspecção emitido pelo serviço de inspecção designado e relatório de inspecção na fábrica do Fornecedor;

(ix) certificado de origem. Os documentos acima devem ser recebidos pelo Município ……… pelo menos uma semana antes da chegada dos consumíveis ao porto, e, caso não sejam recebidos, o Fornecedor será responsável por qualquer despesa daí decorrente. Tipos de materiais O material refere-se às placas de identificação das vias, aos suportes e aos instrumentos e materiais necessários para a colocação. As listas do conteúdo dos nomes ou dos números de vias assim como o número de placas e de postes a fabricar serão enviados ao Fornecedor adjudicatário pelo Município de ………….. A colocação não está sob a responsabilidade do Fornecedor. Os materiais envolvidos pelo presente concurso são os seguintes: (a) placas com a impressão do nome da via a colocar em suportes

(postes bi-direccionais) (b) placas com a impressão do nome da via a colocar em frontarias ou

muros (c) placas com impressão do número de via provisório a colocar em

suportes (postes bi-direccionais) (d) placas com a impressão do número de via a colocar em frontarias

ou muros (e) suportes de placas: postes bi-direccionais (f) acessórios para a fixação das placas (g) materiais e instrumentos de fixação (kits). Garantia A garantia diz respeito a todo o material e ao equipamento fornecidos contra qualquer vício de fabricação e contra todos os riscos em relação aos seus utilizadores ou utentes, em condições de uso normais, do dito equipamento. Os materiais deverão ser especificamente reputados resistir às corrosões e às intempéries locais. A obrigação dew o Fornecedor assegurar a garantia não se aplica aos vícios, cuja causa é posterior à responsabilização e em particular, nos casos de provocados por uma má instalação ou por actos de vandalismo, e por alterações sem acordo escrito do construtor ou reparações desastradas realizadas pelo Município ………… . A duração da garantia será de dois (2) anos a partir da data de entrega.

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ANEXOS

223

Recepção O materiais objecto do concurso serão inspeccionados no seguinte endereço, aquando da sua entrega. : ……………. A fiscalização dará lugar à elaboração duma acta de recepção provisória. No fim do período de garantia, será feita uma inspecção ao cuidado do Fornecedor, a qual resultará na elaboração duma acta de recepção definitiva. A inspecção centrar-se-á principalmente: na quantidade, nas dimensões, no tipo de materias envolventes, a sua qualidade, na eficácia dos instrumentos, na conformidade ao caderno de encargos. Descrição dos materiais Placas de identificação das vias. As placas serão do tipo « aço esmaltado », de pelo menos 12/10° de espessura e terão sido objecto de vitrificação através duma passagem pelo forno com mais de 800°. Elas serão sem bordos descaídos. Elas terão sido previamente perfuradas para a sua fixação no suporte. As dimensões serão decerca de 250 x 400 mm, podendo sua a dimensão variar em função da complexidade do conteúdo. As letras, de tipo « bâton », serão brancas. A placa terá um debroado branco. A côr da placa será azul; contudo, como solução de base, o fornecedor indicará simultâneamente o custo para uma solução com fundo azul e uma solução na qual, em função dos bairros, as placas da cidade tenham uma cor diferente. As placas destinam-se a ser colocadas, quer nas paredes ou nas façadas, quer em suportes (postes bi-direccionais). As placas, chamadas « placas com número », terão conteúdos simples. As placas, chamadas « placas com nome », terão conteúdos mais complexos. Todas as placas indicarão a referência à Autarquia e ao bairro. (ver figura). Suportes: postes bi-direccionais. Estes suportes são colocados nos cruzamentos onde não seja possível colocar as placas nas façadas ou nos muros. O suporte « bi-direccional » destina-se a receber duas (2) placas de vias (quer 2 placas com nome, quer 2 placas com número, quer 1 de cada tipo). Os tubos terão uma secção correspondente a uma superfície com cerca de 60 mm x 60 mm. O comprimento será de 3 m, dos quais cerca de 50 cm para a fundação. O material constituinte será de tipo aço galvanizado. A extremidade será protegida (revestimento em metal ou plástico), e a outra extremidade será dotada dum dispositivo de selagem para uma base em betão.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

224

Acessórios para fixação. O Fornecedor fará a entrega dos acessórios necessários para a afixação das placas nos postes, nas frontarias e nos muros. Nas condições normais de utilização, o sistema de fixação não deve deteriorar nem a placa nem o seu suporte, no momento da colocação ou da deposição. Os materiais do sistema de fixação nos postes deverão ser compatíveis com os materiais utilizados para o suporte. O Fornecedor fará igualmente a entrega dos dispositivos necessários para a fixação ds placas nos suportes (postes bi-direccionais). Estes acessórios de fixação serão fornecidos com uma dotação excedentária de 10 % em relação às necessidades. Instrumentos de fixação. O fornecedor fornecerá 6 kites de ferramentas necessárias para a fixação das placas nos postes bi-direccionais e nas frontarias e nas vedações. A título indicativo, pode citar-se de forma não exaustiva, berbequins com brocas, pinos e parafusos especiais para a fixação nas paredes, eventualmente pequenos grupos electrogéneos apropriados. Númeero de postes e de placas A proposta do fornecedor centrar-se-á em 3 variantes nas quantidades A, B, C, indicadas no aviso de Concurso e no bordereau dos preços (tabela 1) ; todavia, a avaliação da proposta basear-se-á prioritariamente nas quantidades da solução de base (variante B). Variante(s). O Fornecedor poderá apresentar uma ou várias variantes à sua escolha, para os suportes e placas, na condição de responder à solução de base e de dar toda a descrição, nota técnica e indicação dos custos úteis descrevendo a(s) sua(s) variante(s), para as mesmas quantidades que as indicadas nas variantes 3 A, B e C. O Fornecedor poderá apresentar variantes para a organização dos conteúdos propostos na tarefa 10; ele anexará uma nota explicando as eventuasi variações dos custos em relação à solução de base. Amostra a fornecer com a proposta. O Fornecedor apresentará, com a sua proposta, amostras de placas e de poste bi-direccional da variante de base, contendo em 80 cm : (a) o cimo do poste com duas placas, (b) a base do poste com um dispositivo de selagem. A quantidade dos materiais fornecidos pelo fornecedor vencedor do concurso não deverá ser inferior a que tiver sido apresentada na amostra .

Lido e Aceite, aos…. O Fornecedor

(assinatura e carimbo)

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ANEXOS

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Quadro A.2. Lista dos preços Variante A Designação das provisões N° de artigo Preço

unitário Total

1. Placas a colocar nos postes com o nome da rua

700

2 Placas a colocar nas frontarias ou paredes

2 600

3. Placas com número a colocar nos postes 700 4 Placas com número a colocar ns frontarias ou

paredes 3 000

5 suportes (poste bi-direccional) 700 6 Acessórios de fixação QSPF 7 Materiais e ferramentas para a fixação (kits) 6

Total dos custos da variante A (sem taxas) Solução de base - variante B - Designação das provisões N°de

artigos Preço

unitárioe Total

1. Placas com nome da rua a colocar nos postes 1 000 2 Placas com nome da rua a colocar nas

frontarias e nas paredes 3 000

3. Placas com número a colocar nos postes 1 000 4 Placas com número a colocar ns frontarias ou

paredes 4 000

5 suportes (poste bi-direccional) 1 000 6 Acessórios de fixação QSPF 7 Materiais e ferramentas para a fixação (kits) 6

(a) Total dos custos da solução de base caso todas as placas tenham um fundo azul (sem taxas)

(b) Total dos custos (sem taxas) da solução debase caso sa placas tenham fundos de cores diferentes em função das autarquias (5 cores)

Variante C Designação das provisões N° de

artigos Preço unitárior Total

1. Placas a colocar nos postes com nome da rua 1 200 2 Placas a colocar nsa frontarias ou paredes com

nome da ruas 3 600

3. Placas com número a colocar nos postes 1 200 4 Placas com número a colocar ns frontarias ou

paredes 6 000

5 suportes (poste bi-direccional) 1 200 6 Acessório de fixação QSPF1 7 Materiais e ferramentas para a fixação (kits) 6

Total dos custos da variante C (sem taxas)

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

226

Quadro A.3. Recapitulación de precios

Variante

A

Solução de base

(variante B) Variante C

Preço das provisões FOB no porto de embarque

Preço unitário CIF porto de destino (precise o porto) ou CIP local de destino

Preço de transporte marítimo Despesas de transporte do porto de chegada para o destino final

Despesas de seguro (da fábrica até a entrega no local e outras despesas de entrega

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ANEXOS

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Anexo 6. Preparação da planta de endereçamento: vistas aéreas

São reunidas a seguir, várias especificações técnicas. Elas dizem respeito à produção de vários documentos que podem ser implementados na preparação da planta de endereçamento: fotografias aéreas, ortofotoplantas, ampliações fotográficas, esquemas urbanos. Para simplificar a apresentação, partiu-se do pressuposto de que as vistas aéreas servirão para produzir: • ortofotoplantas para as cidades, classificadas « A » e, • ampliações fotográficas e esquemas urbanos para as cidades

classificadas « B ».

Pormenores técnicos

No âmbito do Projecto ________, está prevista a realização duma campanha de fotografias aéreas e a realização de ortofotoplantas para ________ (lista das cidades « A ») e ampliações e esquemas urbanos para as cidades ________ (lista das cidades « B »). A administração reponsável pela operação é ________. A obras a realizar são descritas a seguir. 1. Fotografisa Aéreas Serão realizadas fotografias aéreas num avião especialmente adaptado para as captações de imagens aéreas no eixo vertical, destinadas aos regulares levantamentos fotogramétricos. A fotografia será realizada, na medida do possível com as coordenadas GPS do centro de fotografia. O materail a utilizar, tal como acima indicado, é mencionado a título indicativo, mas constitui um padrão mínimo de qualidade . 1. Superfície a cobrir. Ver anexo: tabela das coordenadas. 2. Escala das chapas, emulsão. Do formato 24 x 24 cm, as chapas sob

emulsão pancromática serão à escala média de 1/15 000. 3. Máquina Fotográfica. As chapas serão feitas com uma máquina

fotográfica de campo normal, do tipo Wild RC 10, Zeiss RMK TOP15 ou similar, ou dum modelo mais recente com sistema GPS.

4. Planos de voo, coberturas. Os pedidos de autorização para o sobrevoo serão feitos pelo cliente junto às autoridades competentes, aquando do lançamento da presente consultoria.

Os planos de voo serão endereçados pelo adjudicatário, que os submeterá à aprovação do cliente, pelo menos dez dias antes do

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início dos voos. Sem objecção do cliente e findo este prazo, a empresa considerá-los á como sendo executivos.

Os rolos das fotografias serão, salvo excepção, orientados Este-Oeste. Para os casos em que a planta de voo tenha apensa uma fita, o operador fará uma chapa centrada sobre a aglomeração.

As coberturas longitudinais das chapas serão de 60 % ± 5 %. A cobertura lateral entre fitas fotográficas adjacentes será de 20 % ± 5 %.

5. Indicação do eixo óptico da máquina fotográfica. O eixo óptico não poderá apresentar uma distância angular superior a três graus em relação à vertival.

6. Deriva. O defeito de correcção da deriva não poderá exceder quatro graus em relação ao eixo do voo.

7. Exposição, tirada à fieira. O tempo de exposição e a velocidade do avião deverão ser tais de modo que a tirada à fieira não exceda cinco micrómetros.

8. Desenvolvimento, apresentação das chapas. A densidade das chapas negativas originais deverão estar compreendidas entre 0,5 e 1,2. Elas deverão ser numeradas sequencialmente por cidade e deverão fazer constar as referências da missão fotográfica, isto é: o ano; o país, os seus números, a escala média. As chapas serão entregues cortadas uma a uma, em envelopes plásticos individuais, em caixas cuidadosamente numeradas e identificadas.

9. Tiragens contacto. O suporte fotográfico utilizado para as tiragens contactos deverá ser em papel plastificado estável, com uma espessura mínima de 0,1 mm e com uma gradação que permita a obtenção do melhor contraste. Todas as informações marginais dos negativos deverão ser perfeitamente lisíveis. Estas tiragens serão entregues em caixas cuidadosamente numeradas e identificadas.

10. Tabela de acoplamento. Será fornecida uma tabela de acoplamento com fundo de mapa (1/50 000 existante ou, na falta deste, em 1/100 000). Ela deverá integrar, para além da posição do centro de cada chapa, a referências da missão fotográfica, a escala das chapas, a data e a hora das fotografias, o número da máquina fotográfica, seu tipo e sua distância focal.

Provisões e calendarização da sua entrega Seis (6) semanas depois da assinatura do seu contrato com o cliente, o adjudicatário fornecerá: • as chapas negativas originais, • três jogos de tiragens contacto em papel, • três jogos da tabela de acoplamento das fotografias.

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ANEXOS

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2. Ortofotoplantas O adjudicatário produzirá, com base nas fotografias sobre as Cidades « A », as ortofotoplantas, à escala de 1/5 000. A superfície envolvida é de ________ km2 (anexo ). A delimitação exacta das zonas devendo ser objecto de ortofotoplantas será decidida pelo cliente sob preoposição do fornecedor, depois do exame das fotografias aéreas. 1. Será feito o scan das chapas originais das vistas aéreas em 28

microns num scanner fotogramétrico de alta precisão. As ortofotoplantas requerem uma resolução geométrica final do pixel terreno de 30 cm. Ele será georeferenciado no sistema de coordenadas UTM ….

2. As operações de rectificações geométricas e radiométricas, de acoplamento e de divisão en « mosaicos » das chapas em scan serão realizadas conforme as regras da arte em matéria de fotogrametria, integrando sa noções de telas (estereopreparação, aérotriangulação) e de Modelo Numérico de Terreno. O ou os Programas informáticos utilizados para estas operações de ortorectificação serão documentadas na proposta do proponente.

3 Serão utilizados dados auxiliares às fotografias aéreas, disponíveis ou adquiridas no âmbito do projecto:

- Ficheiros e localizações dos pontos de estereopreparação e de aérotriangulação.

- Pontos de calçamento a realizar no terreno. - Dados da trajectografia GPS embarcada e referenciada em

simultâneo no solo, observada durante a realização das fotografias aéreas.

- Modelo Numérico de Terreno (MNT) ; Provisões e calendarização da sua entrega O adjudicatário fornecerá: 1. Ficheiros numéricos: em CD ROM (no formato TIFF), em um

exemplar. A entregar 12 semanas depois da recepção dsa chapas pelo cliente; - Imagens : ortofotoplanta em formato TIFF, assim como um

formato comprimido MrSID, ECW ou JPEG 2000. - Georeferenciamento associado: formato DXF, planta dando a

posição dos pares de fotografias e seus pontos de calçamento, as coordenadas de ligação e de fiscalização resultantes da aerotriangulação. Estes ficheiros numéricos deverão ser utilisáveis num programa informático de tipo MapInfo.

2. Documentação em papel: a entregar 16 semanas após a recepção das chapas pelo cliente. Tiragens por flash em papel de fotografia plastificado em 1/5 000 de chapas de ligação de 3 x 3 km2, em três

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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exemplares, contendo um quadro, um título, os princípios de coordenadas na margem, o número da chapa, um quadro de acoplamento.

3. Ampliação das fotografias Para as Cidades « B », serão feitas ampliações fotográficas à escala de 1/5000 com base nas fotografias. • Escolha das chapas. Depois do exame das chapas, proceder-se-á à

escolha das chapas melhor centradas na zona urbana, a priori um sobre dois, por causa dos revestimentos. Apenas uma chapa poderá ser suficiente para os centros urbanos com uma superfície pequena. A escolha será operada sob a responsabilidade do cliente e na sequência das propostas do adjudicatário; a duração da escolha não poderá ultrapassar uma semana depois da recepção das chapas. Além disso, o adjudicatário fará referência às suas propostas.

• Ampliação . A ou as chapas escolhidas serão ampliadas um ampliador fotográfico dotado duma objectiva ortoscópica. A escala exigida é 1/5 000.

Aprovisionamentos e calendarização da sua entrega O adjudicatário fornecerá as chapas ao cliente 6 semanas após a recepção: • dois kits de ampliação à escala de 1/5 000 por cidade em papel

plastificado, de formato A0 ou A1 ; • uma ampliação em 1/5 000 por cidade, em suporte reproductível

que permita obter tiragens de qualidade, (tiragem de tipo « com amoníaco»).

• o ficheiro numérico « raster », (num scanner com alta resolução) e entregar por cidade, em CD-Rom em formato DXF e em formato TAB de Map Info.

4. Esboços urbanos Para as Cidades « B », serão definidos « esboços urbanos 2» em 1/5000, com base nas fotografias. Metodologia. As fotografias serão utilizadas para a elaboração de

« esboços urbanos ». Estes esboços serão definidos numa escala próxima de 1/5000. A sua produção será feita, neste caso (a) e (b) a seguir, numa máquina de restituição fotogramétrica numérica, por reconstituição de « modelos planos » que permitam a visão estereoscópica dos pormenores a restituir. Distinguem-se três casos, em função do número de pares a tratar:

• seis pares e mais: o calçamento dos pares será feito em pontos de aerotriangulação, calculados com base em pontos identificados e

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ANEXOS

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medidos em mapas ou no terreno ( pelo menos 4 pontos GPS) e/ou registo da trajectória aeroportada ( caso esteja disponível) ;

• entre três a cinco pares: a montagem dos pares poderá ser feita sem pontos de calçamento específicos;

• para dois pares de fotografias, caso a cidade caiba na única chapa central, o esboço poderá ser realizado por vectorização directa no ecran sobre a imagem da chapa em scan.

A superfície a cobrir será correspondente à zona urbana escolhida durante as operações das chapas ampliadas.

Temas (objectos)a representar Os temas a identificar são os seguintes: - a hidrografia principal, - os principais taludes e declives, - a delimitação dos quarteirões construidos, sem a indicação do

edificado, (excepto no caso de grandes equipamentos), - as vias de comunicação, incluindo as da periferia da zona urbana - os grandes equipamentos com os principais contornos da sua

edificação (aerodromo, estádio, grandes edifícios públicos, estações de caminhos de ferro, grandes mercados, grandes edifícios industriais),

- os contornos esquemáticos das grandes zonas arborizadas. Estes temas e grupos serão organizados em « camadas informáticas » separadas. O proponente apresentará na sua proposta, uma legenda concordante. Aprovisionamentos e calendarização da sua entrega O adjudicatário fornecerá, para cada cidade, 18 semanas após a recepção das chapas pelo cliente • duas tiragens por cidade, em papel em formato A0 ou A1, à escala

de 1/5 000 ; • uma tiragem por cidade em suporte reproductível em formato A1,

à escala de 1/5000; • um CD por cidade do esboço urbano em formato DXF e em

formato TAB de MapInfo. O esboço urbano de cada cidade será apresentado num único ficheiro informático e não separado em vários ficheiros.

5. Amostras a fornecer O proponente fará obrigatoriamente acompanhar a sua proposta de amostras. Os ficheiros informáticos serão utilizáveis em Map Info e serão examinados aquando da abertura dos envelopes. As amostras são as seguintes:

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1. Negativo duma vista pancromática da cidade, à escala de 1/15 000, e tiragem contacto

2. Ampliação em papel reproductível, à escala de 1/5 000, duma parte do negativo anterior (formato A3 aproximadamente).

3. Scan com alta resolução da respectiva chapa, em CD no formato DXF e no formato TAB de MapInfo.

4. Esboço urbano correposndente à ampliação anterior entregue sob a forma de papel e em CD em formato DXF e em formato TAB de MapInfo.

Anexo. Coordenadas dos perímetros da cidade As cidades são inscritas nos rectângulos definidos pelos cabeçalhos-esquerda (X1,Y1) e baixo-direita (X2,Y2). X1 Y1 X2 Y2 Cidade A1 Cidade A2 Cidade B1 Cidade B2 Cidade B3

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ANEXOS

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Anexo 7. Preparação das plantas de endereçamento e de sinalização

Termos de referência

Contexto O Governo ……obteve um crédito …., dum montante equivalente a ……para financiar o Projecto de …….. No quadro deste programa, estão previstas operações de endereçamento, cujos objectivos visam facilitar: (a) o funcionamento dos serviços urbanos (ambulâncias, bombeiros, taxis, polícia) (b) a localização dos habitantes, das daministrações, dos concessionários, das actividades comerciais ou industriais e outros serviços, (c) a acção dos diferentes serviços de cobrança, em particular os dos concessionários. O endereçamento cobre várias tarefas: • Codificação : trata-se de adoptar, em concertação com as

autoridades locais, uma delimitação das zonas de endereçamento e um sistema de identificação das vias e de numeração das portas;

• Cartografia e índice das vias : trata-se de definir um plano de endereçamento, um plano de sinalização, um ficheiro de indexação das vias, assim como a lista do material necessário;

• Sinalização das vias : trata-se de colocar nos cruzamentos placas de identificação das vias,

• Inquéritos e numeração das portas de acesso : trata-se de colocar números nos acessos de lugares, de edifícios ou de concessões;

• Registo dos dados: trata-se de reunir os dados dos inquéritos num programa informático ad hoc.

Os presentes termos de referência dizem respeito à implementação das primeiras tarefas de endereçamento na cidade de …. A Autarquia é o dono da obra da operação: ela constutuiu uma Célula de endereçamento, responsável pela monitoria e pela mediatização da operação. Contudo, uma vez que os meios da Célula são julgados insuficientes, o Município julgou necessário recorrer a um consultor para apoiá-lo na implementação das principais tarefas. Portanto, ao longo das sua intervenções, o consultor trabalhará em estreita concertação com a Célula. Tarefas do consultor As intervenções do consultor decorrerão em duas fases, ao longo das quais o consultor colaborará com a Célula de endereçamento: • a primeira fase é dedicada à execução das tarefas A e

B :codificação, cartografia e indexação das vias.

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• a segunda fase, dedicada à execução das tarefas C e D será condicional e poderá ser objecto duma outra consultoria.

Fase 1. Tarefa A : Codificação O consultor colaborará com a Célula de endereçamento para: • fixar os limites das zonas de endereçamento; • definir o sistema de identificação das vias e de numeração das

portas. Fase 1. Tarefa B : Cartografia, indexação das vias, lista dos materiais O consultor fará um reconhecimento • das zonas a endereçar, com vista a verificar, corrigir e completar o

traçado das vias que figuram na planta fornecida pelo Município ; • dos cruzamentos, com vista a determinar os que poderiam receber

placas nas frontarias dos edifícios e os para os quais seria necessário instalar postes bidireccionais;

O consultor preparará uma « planta de endereçamento » à escala de 1/10 000 em suporte informático. Esta planta integrará os seguintes elementos: • limites das zonas de endereçamento; • vias contendo a sua numeração e/ou denominação assim como a

indicação do seu princípio e do seu fim; • identificação dos principais equipamentos (principais

administrações, liceus, escolas, hospitais, dispensários, principais lugares de culto, mercados, grupos importantes, estações de caminhos-de-ferro, campos militares, estádios, campos de corridas, grandes fábricas e armazéns...) ,

• respectiva toponímia. O consultor vai preparar uma « planta de sinalização » em 1/5 000, situando a localização das placas de via a colocar em frontarias, paredes ou postes. O consultor vai preparar um « índice das vias » em tabulador, segundo o modelo em anexo. O consultor vai preparar a « lista dos materiais » a encomendar (placas de vias e postes). Esta lista será preparada com base em 3 elementos: • orçamento previsto pelo Município para esta encomenda; • preços unitários dos materiais, documento fornecido pelo

Município; • densidade da sinalização : ela deve ser mais forte no centro da

cidade do que na periferia; todas as vias devem ter pelo menos uma placa de via; o número de postes deve ser limitado aos cruzamentos mais importantes não contendo paredes nem muros que possam servir de suportes para as placas.

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ANEXOS

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Fase 2. Tarefa C : Inquéritos e numeração das portas de acesso O consultor constituirá equipas de inquérito e de numeração responsáveis por : • marcar as portas de acesso inscrevendo nas frontarias com um

« escantilhão » os números e os numéros; • remeter aos ocupantes o formulário contendo as informações sobre

a operação de endereçamento preparado pelo Município, • recolher os dados dos inquéritos conforme o modelo em anexo. Fase 2. Tarefa D : Constituição duma base de dados O consultor vai transferir os dados para um tabulador informático e organizá-los-á segundo o modelo em anexo.

Equipa do Consultor Para a fase 1, a equipa intergrará: um chefe de missão e um técnico superior, os quais dominarão principalmente os programas informáticos de cartografia. Chefe de missão. Perfil : urbanista, geómetro (liceu + 4). Ele é responsável : • Pela coordenação geral dos trabalhos • Pela actualização das plantas • Pela elaboração dos vários relatórios solicitados Técnico superior Perfil : urbanista, geómetro, planificador, engenheito civil. Ele presta assistência ao chefe de missão nas suas inúmeras tarefas e é o responsável pela supervisão, pelas actualizações e pela elaboração das plantas de endereçamento e de sinalização. Para a fase 2 (condicional), o chefe de missão poderia organizar, a título indicativo, cada equipa de inquérito e de numeração como se segue: um chefe de equipa, dois inquiridores, um topométrico, dois pintores e dois ajudantes. Documentos a remeter pelo consultor O consultor remeterá ao Município: Fase 1 (a) Relatório sobre a codificação, 15 dias depois do início do estudo; (b) Planta de endereçamento e o índice das vias (versão provisória), 45

dias após o início do estudo;. (c) Planta de sinalização e lista dos materiais (versão provisória), 80

dias após o início do estudo; (d) Relatório do fim dos trabalhos e o conjunto da documentação na

sua versão final, 10 dias depois da recepção dos comentários do Município.

No momento da entrega de cada relatório, o consultor apresentará aos representantes do Município o resultado dos seus trabalhos. O

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Município comunicará os seus comentários ao consultor, o mais tardar 8 dias depois da recepção dos documentos (a), (b). Fase 2 (a) uma planificação da execução com a composição das equipas de

inquérito e o seu tinerário: antes do início dos inquéritos; (b) as « fichas de inquérito » agrupadas por bairro e por rua: no fim da

missão; (c) as fichas dos inquéritos apresentadas numa lista em tabulador

informático: no fim da missão; (c) um « relatório de fim de missão». Duração dos trabalhos A duração da prestação é estimada em ….. meses (a precisar em função do número de inquéritos a realizar).

Documentos e materiais colocados à disposição do consultor O Município remeterá ao consultor os seguintes documentos: • a planta da cidade em papel e em suporte informático; • a divisão em bairros, • a lista dos bairros a « endereçar », • os modelos de planta de endereçamento, de planta de sinalização,

de índice das vias, • uma estimativa do orçamento previsto para o fornecimento das

placas de via e dos postes de sinalização; os preços dos materiais.

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ANEXOS

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Anexo 8. Impressão da planta de endereçamento e do índice das vias

Detalhes técnicos

As cláusulas a seguir definem os detalhes técnicos para a impressão da planta de endereçamento e do índice das vias da cidade de.….. Documentos a produzir Deverão ser produzidos os seguintes documentos : (a) planta de endereçamento e índice das vias a divulgar, (b) planta de endereçamento para afixação. Plantas de endereçamento da cidade Formato de impressão 68 x 98 cm. Impressão em quadricromia na face. Suporte: papel cartográfico em 115 gr./ m2. Acabamento: dobragem em acordeão em formato 17 x 24,5 cm. Número de exemplares: 2000. Indice das vias Formato de impressão 17 x 24,5 cm fechado. Capa : Papel de lustro em 300 gr./ m2 em película. Interior : lustro fosco em 115 gr./ m2. Impressão quadricrómica face / verso. Encadernação : cadenos cozidos, contra-capa quadriculada. Número de páginas: 50. Número de exemplares: 2000

Planta de endereçamento para afixação Formato de impressão 140 x 180cm. Impressão quadricrómica com tinta U.V em papel de fotografia laminaddo. Número de exemplares: 10.

Documentos a fornecer pelo Município O Município fornecerá: • ao proponente : o dossier de concurso com um CD Rom contendo

um mapa destinado a produzir uma amostra; este mapa será entregue com a proposta, com vista a avaliar a capacidade do proponente em produzir este tipo de documento.

• ao adjudicatário : os ficheiros informáticos das plantas de endereçamento e do índice das vias.

Tarefas do fornecedor (adjudicatário) • Verificar a qualidade dos ficheiros fornecidos pelo Município;

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• Fornecer uma prova de tipo cromalina da planta de endereçamento;

• Fornecer uma maquete do índice das vias; • Submeter a prova e a maquete ao « bom para tiragem » a ser

assinado pelo Município; • Entregar os produtos no seguinte endereço : Prazos • Entre o fornecimento das fichas com notificação do início dos

trabalhos e a entrega da prova e da maquete para o « bom para tiragem »: 1.5 mês

• Entre a entrega do « bom para a tiragem » pelo fornecedor e a entrega dos produtos ao Município: 2,5 meses.

Qualificação do fornecedor A experiência do fornecedor será avaliada com base nos seguintes produtos e referências: • 5 amostras de mapas produzidos pelo fornecedor • uma prova do mapa em formato A3 em CD Rom anexado ao

dossier de concurso ; • meios materiais mínimo exigidos: traçador com o mínimo de 600

DPI ; lascado com o formato 70 x 100 cm ; máquina de ensaio da côr (tipo Cromalin ou similar) ; impressora a 4 côres, formato 70 x 100 cm ; dobradora ; cozedora; peliculosa; máquina encadernadora para contra-capa colada.

• equipamento informático: meios de troca de dados tipo FTP ; instrumentos de processamento cartográfico e de imagem. Programas informáticos de ilustração.

• meios humanos: pelo menos 2 infográfistas certificados (anexar os curriculum vitae)

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ANEXOS

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Anexo 9. Colocação do material de endereçamento

Detalhes técnicos Contexo O Governo de …….. obteve um crédito de …..dum montante equivalente a ... para financiar o Projecto ……... No âmbito deste programa, estão previstas operações de endereçamento. Os presentes detelhes dizem respeito a colocação do material de endereçamento na cidade de ………. Objectivo do contrato O objectivo do contrato é a colocação do material de endereçamento na cidade de ……. Os trabalhos a executar dizem respeito à: • colocação das « placas das vias » nas frontarias ou muros • implantação de postes destinados asuportar as placas no ângulo de

algumas vias, • colocação de « placas de porta » nas frontarias das contruções

identificadas. Tipos de material a colocar As placas de vias e de portas são em chapa de aç esmaltado com cerca de 12/10° de espessura. As placas de vias a afixar no muro ou no poste têm um comprimento de 450 mm e uma largura de 250 mm. A dimensão das placas das portas é de 150 mm sobre 100 mm. Os postes são quadrado e medem 3 metros de comprimento, e têm uma secção quadrada de 60mm. A extremidade inferior da cada tubo está munida de patas de selagem com vista a serem afixadas numa base de betão. O material de endereçamento a ser entregue ao empreiteiro, engloba assim os acessórios para colocar as placas nos seus suportes. Entrega dos materiais de endereçamento O material de endereçamento é armazenado no seguinte endereço:

O material de endereçamento será entregue pelo Município, representado pela « Célula de endereçamento », à empresa responsável pela colocação. A contagem do material será objecto duma acta entre a Célula de endereçamento e o empreiteiro. Depois desta contagem, o empreiteiro não poderá, de modo algum, contestar as quantidades identificadas por esta comissão.

O empreiteiro responsável pela colocação terá a obrigação de garantir o melhor armazenamento do material de endereçamento em armazens apropriados e preparados ou por ele alugados para a circusntância e garantindo a sua protecção contra uma eventual

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deterioração. O empreiteiro instalará dispositivos de segurança contra o roubo nomeadamente através da colocação dum sistema permanente de guarnição. Ele será totalmente responsável pelo material que lhe será entregue.

Documentos entregues aos proponentes • Planta de endereçamento da cidade (1 :10 000) ; ele indica, em

particular, a denominação e a numeração adoptadas para as vias; • Planta de sinalização (1 :5 000) : ela situa a localização das várias

placas a colocar, na frontaria ou no poste; • Lista dos números de placas de portas e de vias; • O presente caderno de cláusulas técnicas específicas. Implementação das obras de colocação O empreiteiro submeterá ao Município, antes do início dos trabalhos, um plano de execução por zona, no qual serão especificadas a composição da equipa de colocação, o seu itinerário e o seu equipamento. Nesta altura, ele poderá apresentar propostas relativas à colocação do material de endereçasmento e que tendem a melhorar o decurso das operações.

Os acessórios de fixação (modelo de colocação, parafusos, porcas, cavilhas de ferro entregues pelo fornecedor com o resto do material de endereçamento (placas, postes) serão entregues pelo Município ao empreiteiro. Para levar a bom porto os trabalhos de colocação, a empresa deverá dispor de um número suficiente de ferramentos (berbequins, chaves-de-fenda, jogos de chaves e pequenos materiais de serralharia), assim como da logística necessária para o funcionamento de alguns instrumentos (bateria, pequenos grupos electrogéneos e escalas duplas) e para a deslocação das equipas de colocação (viaturas). A colocação das placas nas paredes será feita da seguinte maneira: • As placas serão colocadas nos muros das propriedades ou na

frontaria em cimento, de preferência a 2,5 metros do chão e pelo menos a 30 cm do canto do muro segundo as indicações da planta de sinalização.

• As placas das portas de acesso serão de preferência fixadas na parte de cima das portas e em suportes am material resistente ou, na falta deste, à direita ou à esquerda da porta a 2 m do chão, tomando em consideração o sentido de abertura da eventuais batentes, as quais não deve, de nenhuma forma, esconder as inscrições.

A implantação dos postes bidireccionais assim como a fixação das placas das vias será feita como se segue:

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ANEXOS

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• Os postes serão implantados, em conformidade com as indicações da planta de endereçamento e não deverão perturbar a circulação pedestre nem automóvel.

• Os postes serão implantados com bases, em betão armado dosado em 350 kg/ m3, de secção rectangular 40 cm x 40 cm e de cerca de 60 cm de altura, dos quais 10 cm fora da terra natural e 50 cm mínimo enterrados. As fundações das escavações deverão estar desprovidas de detritos, de matérias orgânicas e de quaisquer outras substâncias que possam prejudicar a qualidade das obras. Por outro lado, o empreiteiro deverá poder justificar aproveniência dos materiais com base em facturas ou quaisquer outros documentos assinados pelos fornecedores.

Equipas de colocação do material de endereçamento O empreiteiro será obrigado a tomar todas as disposições necessárias para instalar as equipas de colocação em número suficiente, capazes de terminar o conjunto dos trabalhos no limite dos prazos contratuais. Obriga-se-lhe igualmente a colocar permanentemente na obra pelo menos um quadro com nível técnico superior (engenheiro civil, urbanista ou topógrafo). Prazos de execução O prazo de execução é fixado em …… contados a partir da data da assinatura do contrato. Garantias Os riscos relacionados com a colocação e com o armazenamento serão da exclusiva responsabilidade do empreiteiro até à recepção das obras. A validade da garantia será de dois (2) anos à partir da data de recepção Quantidades As quantidades dos materias de endereçamento a colocar são as seguintes: • Placas de via ............. • Postes ............. • Placas de porta ............. Custo das prestações O empreiteiro tem a reputação de ter um perfeito conhecimento de todos os constrangimentos impostos pela execução ds obras, bem como de todas as condições locais susceptíveis de influenciar esta execução, nomeadamente.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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• condições de transporte e de acesso ao terreno • dificuldades de qualquer natureza ligadas ao armazenamento, ao

fornecimento e à colocação. Os preços propostos devem englobar o conjunto dos encargos que a implementação completa das obras requer, em particular : despesas de mão-de-obra, despesas de transporte, despesas de seguro, despesas de fornecimento dos materiais e das ferramentas, despesas provocadas em caso de danos causados a um terceiro, despesas ligadas ao processamento de suportes de má qualidade, despesas de manutenção das placas de via durante o período de garantia, despesas ligadas aos diversos e imprevistos. Dum modo geral, todos os constrangimentos e sujeições que se impôem ao empreiteiro para a execução correcta do contrato, quer estejam ou não explicitamente previstas no presente documento. Tendo o empreiteiro a reputação de conhecê-los por se ter apercebido deles no terreno antes da apresentação da sua proposta. Fiscalização e Monitoria O Município ou o seu representante devidamente mandatado reserva-se o direito de fazer as fiscalizações da execução das obras no terreno. O empreiteiro tomará todas as disposições necessárias para que estas fiscalizações possam decorrer nas melhores condições possíveis. O empreiteiro deverá retomar os trabalhos até à correcção dos defeitos constatados, visando a satisfação do Município ou do seu representante. Recepção provisória e definitiva A data prevista para a recepção provisória das obras é fixada em …… [data]. As recepções provisória e definitiva ocorrerão na presença do empreiteiro e do responsável da Célula de endereçamento representante do Município. No fim das obras , para cada lote, será elaborada uma acta de recepção provisória. A recepção definitiva ocorre dois anos depois da recepção provisória e será pronunciada nas mesmas condições que para a outra. As fiscalizações da comissão centrar-se-ão principalmente : na quantidade do material de endereçamento colocado, na qualidade da colocação e a conformidade da colocação. Lido e Aceite, O empreiteiro 1 QSPF : quantité suffisante pour faire 2 A designação « esboço urbano » está particularmente ligada ao facto de que a

representação individualizada do edificado limita-se às construções importantes.

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Glosario

Endereçamento No contexto do presente documento: Sistema que permite localizar uma construção ou uma parcela, com base na identificação duma via e duma numeração do seu acesso. Operação que consiste em colocar placas de identificação das vias, numerar as portas de acesso das construções, cartografar e registar estes dados. (End.) (Internet). Endereçamento por sectores: Sistemas de bases de dados e de servidores que asseguram a correspondência entre os nomes dos sectores ou do site utilizados pelos internautas e os endereços numéricos utilizáveis pelos computadores.). (Informática - tabuladores). Endereçamento « relativo»: a referência à célula é adoptada, logo que a fórmula é copiada. Endereçamento « absoluto »: a referência absoluta é utilizada quando um cálculo se refere a uma célula precisa.

Endereçamento da rede viária

Associação dum número de telefone a um endereço num « Sistema de Intervenção de Urgência », permitindo aos serviços de incêndio, de ambulância e de polícia localizar uma demanda com rapidez. (Canadá).

Alinhamento da rede viária

Limite entre um fundo privado e uma via pública reconhecida e classificada. Ele é determinado pela autoridade administrativa que estabelece o limite do domínio de estrada público ao direito das propriedades ribeirinhas.

Arco Série ordenada de cumes, (coordenadas X, Y) no Arco/Info. Os pontos de princípio e do fim dum arco são os « nós ». Os arcos

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES 244

constituem as entidades lineares, « linhas » e os contornos das entidades de superfície « polígonos ».

Matéria Colectável Conjunto de regras ou de operações tendendes a determinar os elementos (lucro, volume de negócios...) a submeter para o imposto.

Sujeito Indivíduo sujeito ao imposto. Atributo Característica duma entidade cartográfica.

Os atributos duma via podem englobar o seu nome, o seu comprimento, a sua largura, etc.

BDU Banco de Dados Urbanos. Ficheiros que têm uma relação entre eles e estão organizados de modo a optimizar a eficácia da extracção dos dados concernentes ao urbano.

Delimitação Acção que consiste em materializar os limites entre duas propriedades privadas contíguas.

Delimitação Amigável Processo normal de delimitação, mas em caso de recusa ou de desacordo de uma das partes, a outra pode recorrer à « delimitação judicial ». Entre uma propriedade privadas e a área pública, o limite não é determinado por uma operação de delimitação, mas por uma delimitação administrativa chamada alinhamento de saneamento.

Cadastro Inventário, exaustivo e permanente, descritivo e avaliativo, da propriedade de uso e aproveitamento da terra (parcelas de terreno ou edifícios construidos). « Estado civil da propriedade do terreno ». Outra definição : « inventário real dos edifícios construidos e não construidos num território comunal, idividualizados na sua consistência, graças a uma representação planimétrica parcelar, na sua utilidade económica (rendimento) e na sua pertença, com vista a fornecer à administração uma estimativa suficientemente exacta para distribuir equitativamente as tributações sobre a propriedade da terra ». Este inventário traduz-se muitas vezes na

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GLOSARIO 245

definição duma documentação gráfica (plantas cadastrais) e duma documentação literal (registos, ficheiros).

Mapa topogrófico Representação gráfica de entidades naturais ou artificiais que indiquem a sua posição relativa e a sua altitude.

Codificação Operação que consiste em identificar as vias com um nome ou com um número e a atribuir às portas um número de ordem. (Ender.)

Conservação cadastral Operação que tem como objectivo manter actualizada a documentação em relação a qualquer alteração constatada na situação dos bens e dos proprietários.

Coordenadas Valores numéricos que permitem situar um ponto numa planta.

Coordenadas geográficas Medida dum posição na superfície da Terra expressa em graus de latitude e de longitude.

Delimitação de terrenos Reconhecimento e definição dos limites de propriedade du bem imóvel que se concretiza eventualmente por uma « delimitação ».

Designação cartográfica Termo específico, nome vulgar e não toponímico, que consta num mapa e que concorre para a identificação dum objecto geográfico através da identificação dum determinado tipo de entidade. Exemplos : cimitério; fonte de água.

Digitalização Processo que consiste en codificar a descrição geométrica de objectos geográficos (pontos, linhas, polígonos,…) sob a forma numérica (coordenadas x, y).

Dados georeferenciados Forma de cartografia em computador que associa os dados às posições geográficas e representa num mapa os endereços localizados pela entidades pontuais .

Avaliação do terreno Valor do bem de terra podendo exprimir-se por várias avaliações: valor venal, valor locativo, valor fiscal ou de contribuição em sociedade, valor da construção para um edifício construido, valor de produtividade para um bem rural, etc.

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Lista parcelar Lista contendo a designação dos terrenos e os nomes dos proprietários para um conjunto de parcelas. Definida durante o projecto requerendo uma declaração de utilidade pública (aquisição, planta de alinhamento, etc.).

Vistoria de terra Medida de instrução através da qual o Geómetro Perito, a pedido duma das partes ou dum Tribunal, é responável por fazer um exame técnico que se aplique aos imóveis construidos ou não construidos, e por expor os seus resultados num relatório. Estas vistorias podem dizer respeito às avaliações, aos inventários, à partilha de bens, às exportações.

Expropriação Procedimento através do qual uma Entidade pública impõe a um particular a cessão de toda ou parte du bem imóvel quando a utilidade pública o exija, e mediante uma contrapartida financeira.

Extracto cadastral Documento a produzir, em apoio a qualquer acto deposto na Conservatória das Hipotecas, visando a sua publicação no Ficheiro Imóveis. Emitido com base numa matriz cadastral, ele contém a designação do proprietário, as referências cadastrais ds parcelas envolvidas pela mudança e os conteúdos das parcelas.

Fantoir Ficheiro Lista Topográfica Inicializada Reduzido (Fr.)

Folha parcelar Sub-conjunto da Secção Ficheiro de endereços Lista de todas as construções e objectos

urbanos recenseados durante os inquéritos de endereçamento, completada por informações do género: tipo de construção, número de famílias por construção, nível de equipamento, lista do equipamento, referências cadastrais, números dos contadores de água e de electricidade (Ender.)

Ficheiro imóvel Documentação geral, na qual estão inscritas, sob a forma de extractos analíticos, as formalidades sujeitas à « publicidade de

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GLOSARIO 247

terreno » : publicação de actas, decisões judiciais, relativas aos direitos sobre os imóveis.

Uso e aproveitamento Qualifica o que diz respeito a um bem imóvel.

Fundo Solo dum terreno. Terreno onde está edificada uma construção.

Fundo de mapa Mapa utilizado para a implantação (localização e delimitação) de elementos num novo mapa.

Geocodificação Posicionamento numa planta por x e y. (Ender.) – Geocodificação por endereço postal : processamento que atribui coordenadas geográficas (x, y) a endereços postais para representá-los sob a forma de pontos num mapa. (Ender.)

Geocodificação Afectação de identificativos aos objectos geográficos. (Ender.)

Geomática Conjunto de técnicas que permitem a recolha, o armazenamento, o processamento e a divulgação da informação geográfica. (Ender.)

Georeferenciação Processo que estabelece uma relação (matemática) entre coordenadas no papel (por exemplo: centímetros ou milímetros) num mapa plano e as coordenadas reais (geográficas). A georeferenciação requer o conhecimento das coordenadas dum certo número de pontos (pontos de calçamento ou TIC) num e noutro sistema.

Geo-estrada Base de dados (IGN. Fr) que descreve a rede das vias das aglomerações com mais de 10 000 habitantes.

GPS « Global Positioning System » : Sistema de posicionamento por satélite à escala do globo; consiste em localizar e em calcular, em coordenadas Lambert, os pontos de base da planta, com o apoio dos satélites em órbita à volta da terra. Concebida, inicialmente, pelos Estados Unidos para fins militares, a sua utilização foi alargada às aplicações civis, em particular para a geodesia.

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Indice das vias Tabela de classificação das vias por ordem alfabética ou por bairro, que permita localizá-las num mapa através dum sistema de referências que se refira a uma grelha alfanumérica. (Ender.)

Informações literais Informações contidas numa documentação literal do cadastro (Ex. Nome dos proprietários, conteúdo das percelas, tipo de cultura, rendimento cadastral, natureza dos lugares, etc.).

Dito-lugar Grupo de parcelas do território comunal ao qual os residentes têm o hábito de aplicar uma determinada denominação. (Ender.)

Liquidação Operação de cálculo do imposto através da aplicação da taxa ou da tarifa com base tributável.

Livro de Uso e Aproveitamento

Conjunto de documentos escritos e gráficos que conferem uma definição precisa e completa aos bens imóveis e direitos reais com eles relacionados.

Loteamento Divisão duma propriedade de terra com vista à implantação de edifícios, tendo como objectivo o de levar a mais de dois (mais de quatro no caso de partilha por sucessão) o número de lotes resultantes da dita-propriedade.

MAJIC « Actualização das Informações Cadastrais », sistema informático de processamento e de edição automática das informações literais contidas nos ficheiros magnéticos de terrenos. (Fr.)

Matriz cadastral Registo recapitulativo dando para cada proprietário a lista dos seus bens e a sua avaliação.

Mediatização Campanha de informação da população sobre a operação de endereçamento, apresentando as vantagens e as mudanças que ele trará.

MNT Modelo Numérico de Terreno: representação sob a forma numérica do relevo duma zona geográfica. Este pode ser composto por pontos cotados, curvas de nível, facetas ou, em modo raster, células.

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GLOSARIO 249

Número parcelar Número atribuido a uma Parcela no seio duma secção e que, associado à designação desta secção, constitui referências cadastrais da dita parcela.

Numerar Acção de atribuir um número, um índice de classificação a alguma coisa. (Ender.)

Numeração Attribuição dum número de ordem ou de classificação a alguma coisa; ordem de classificação. Numeração métrica (endereçamento): atribuição dum número em função da distância entre a construção e o princípio da via. (Ender.)

Odómetro Instrumento de medida das distâncias contendo geralmente uma roda e um contador. Utilizado no endereçamento para a numeração métrica das construções. (Ender.)

Odónimo Nome próprio que designa uma via de comunicação: caminho, estrada, rua ...

Operação-piloto No âmbito do endereçamento: acção preliminar ao lançamento da operação, especialmente destinada a testar a organização prevista para o decurso, o saber-fazer dos inquiridores, a colocação das placas. Espaço restrito a algumas vias, sobre o qual se testam as placas e o sistema de codificação escolhidos (Ender.)

Orónimo Nome próprio atribuido a um relevo acidentado como uma montanha, uma colina ou uma ravina.

Placa de via Elemento de sinalética que designa uma via e, nas operações de endereçamento, colocada nos cruzamentos. Distingue-se da placa de rua, pelas sua « margens descaídas », que lhe conferem um aspecto de pequena caixa. (Ender.)

Colocação de placas Colocar placas ou paines direccionais das vias nos cruzamentos. (Ender.)

Património Conjunto de bens duma pessoa física ou duma pessoa moral.

Planta cadastral Planta que atribui a representação gráfica em grande escala ao conjunto do território comunal, com todos os pormenores da sua

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divisão em propriedades. Planta de endereçamento Planta que indica, em particular, os nomes

ou números das vias, o princípio e o fim de cada via, os principais equipamentos. Esta planta é completada por um índice das vias.

Planta de alinhamento Planta que determina, após inquérito público, o limite entre a via pública e as propriedades vizinhas. (Ender.)

Planta de colocação de placas

Planta que localiza ao lugares onde devem ser instaladas as placas e painies das vias (no poste ou na frontaria). (Ender.)

Planta de ocupação dos solos

Documento que precisa as orientações definidas pelos esquemas directores ou que é definido em cumprimento do regulamento nacional de urbanismo.

Planta de massa Documento gráfico dum terreno construido ou a construir, definido na escala compreendida entre l/100 e l/1000 fazendo constar as cotações perimétricas, a ou as vias de acesso, bem como, eventualmente, a localização dos edifícios existentes.

Planta de terras parcelar Representação do parcelamento considerando os limites das propriedades, os direitos e serviços a ele associados, após inquérito e delimitação contraditória no terreno.

Planta topo parcelar Representação, com base em dados cadastrais, dos limites das parcelas, geralmente destinados a completar uma planta topográfica.

Placa de via Elemento sinalético designando uma via e, nas operações de endereçamento, colocada nos cruzamentos. Distingue-se da placa de rua, cuja confecção é mais elaborada (« bordos descaidos ») (Ender.)

Estampagem Na operação de endereçamento, acção que consiste em pintar os números ou os nomes de rua com um escantilhão. (Ender.)

Escantilhão Folha, placa ou cartão, de plástico ou de metal que permite pintar facilmente as formas recortadas. (Ender.)

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GLOSARIO 251

Ponto zero Ponto que marca o princípio da via. A numeração das construções é feita a partir deste ponto.

Publicidade de Terrenos Conjunto de regras, de técnicas e de modalidades da sua implementação que, visando geralmente produzir efeitos de direito, concorrem para garantir a colecta, a conservação e o fornecimento de informações jurídicas sobre os edifícios.

Restabelecimento do cadastro

Modo de renovação do cadastro introduzido em França (1955), o qual dá origem a um novo levantamento parcelar e acompanhado duma delimitação obrigatória das propriedades públicas e privadas, sob a égide duma comissão de delimitação. (Fr.)

Referências cadastrais Registo atribuido a cada parcela do território comunal, permitindo identificar sem ambiguidade. Para uma determinada autarquia, as referências cadastrais duma parcela são constituidas pela (ou pelas) letra(s) que designam a secção onde a parcela está situada, seguida(s) dum número parcelar (Ex. A 212, AB 32, ...).

Modificação do cadastro Empresa em França (1974) que cobre as operações cujo objecto assegurar uma nova modificação do cadastro, com vista a melhorar a qualidade da planta cadastral, quando esta se torna insuficiente para permitir a identificação e a determinação física correcta dos edifícios. A modificação do cadastro foi operada segundo um único modelo operatório de re-elaboração do cadastro. . (Fr.)

Renovação do cadastro Operação empreendida em França (1930), para substituir-se ao cadastro Napoleoniano uma nova documentação cadastral actualizada, chamada a ser permanentemente mantida em dia. (Fr.)

Rede filar Sistema de interconexão de linhas que representam as vias públicas (rede de saneamento).

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RIV OLI « Lista Informática das Vias Ditos-Lugares ». Lista informatizada que codifica, (en France) por autarquia, as vias, os ditos-lugares e os conjuntos de imóveis. Ela é constituida por fichas contendo o número de código e a designação da via, do dito-lugar ou do conjunto de imóveis; duma lista definida por ordem crescente dos códigos-vias. (Ender.) (Fr.)

REPLIC Lista de Localização Intra-autarquia: tabela endereços-quarteirões (Fr.)

Rede geodésica Conjunto de pontos ficicamente ligados a uma crusta terrestre da qual se descreve a posição definida por coordenadas estimadas e suas variações.

Rendimento cadastral Rendimento afecto a cada parcela, subdivisão fiscal ou local, que serve de base para o cálculo dos impostos dependentes da fiscalidade directa local (impostos de uso e aproveitamento sobre as propriedades construidas e, parcialmente, imposto de residência.

Revisão do cadastro Modo de renovação da planta cadastral: isto é, actualização que consiste numa simples « actualização » da planta napoleoniana; isto é « renovação » que consiste num levatamento parcelar totalmente novo, com base numa triangulação cadastral.

RFU Registo do Solo Urbano. (Benim) : sistema de informações de terrenos com objectivos múltiplos, baseado numa cartografia parcelar, num sistema de endereçamento, numa base de dados urbanos.

RGE Referência em Grande Escala: conjunto coerente de informações em grande escala duma descrição objectiva do território (pelo menos com precisão métrica) (Fr.)

Lista Lista de contribuintes indicando o montante que eles têm de pagar.

Secção Porção do território municipal, contendo um número inteiro de ditos-lugares, cujo perímetro é constituido, na medida do possível, por limites naturais ou

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GLOSARIO 253

paresentando um carcácter de fixação suficiente.

Servidão Encargo imposto num fundo, para fins ou utilidade dum outro fundo pertencente a um outro proprietário. – Servidão de utilidade pública. : definida no interesse geral sem considerar os interesses dos particulares proprietários dos fundos agravados. – Servidão para a utilidade dos particulares : prevista pela lei, criada num fundo que serve para fins e utilidade dum outro fundo, o fundo dominante. Exemplo : contiguidade, vistas, direito de passagem…

SIG Sistema de informação Geográfica. Conjunto organizado integrando material, programa informático e dados geográficos necessários para permitir o processamento, o armazenamento, a actualização, a análise e a visualização de todos os tipos de informações georeferenciadas.

Tabela de acoplamamento

Planta esquemática do território municipal regra geral definida à escala de 1/10 000 ou de 1/20 000, na qual estão representadas as diferentes folhas parcelares e os principais pormenores topográficos.

Topó metro Ver « odómetro » (Ender.) Topométrico Nas operações de endereçamento, este

mede as distâncias para a atribuição dos números. (Ender.)

Toponímia Ciência que tem como objecto de estudo a formação e a evolução dos nomes de lugares, ou topónimos. Conjunto de nomes de lugares dum país ou duma região, dum mapa ou duma endereçamento.

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O ENDEREÇAMENTO E A GESTÃO DAS CIDADES

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Ante a explosão demográfica das cidades dos países em desenvolvimento, o contrôle da gestão urbana tornou-se ainda mais difícil por causa das municipalidades (prefeituras, intendências) e os novos atores desta gestão dentro do marco do movimento de descentralização em curso, a miúdo não se tem tido os meios necessários para fazer frente ao cresamento urbano. Dentro deste contexto, os sistemas de identificação das vias e as construções não têm seguido o ritmo da urbanização, é mesmo assim que a maioria das ruas nesses países não possui nome nem endereço, particularmente nos bairros mais pobres, seria assim uma situação preocupante para o funcionamento dos serviços urbanos. Sem sistema de localização e sem informação de base como situar-se numa cidade cada vez maior? como guiar rapidamente as ambulâncias, bombeiros, ou os segurança? Como enviar o correio ou as mensagens à domicílio? Como identificar os equipamentos urbanos? Como localizar os estragos cometidos nas redes hidráulicas, elétrica telefônica? Como melhorar a cobrança das contas de água e da eletricidade? Como garantir a entrega dos avisos e contas de impostos? O Banco Mundial tem acompanhado esta evolução no palno da reflexão sobre a estratégia urbana e o apoio ao encaminhamento de programas e projetos de desenvolvimento urbano. Uma das suas publicações “O Futuro das Cidades Africanas” (1997) chamava à atenção sobre a problemática urbana e seus desafios, ao mesmotempo que apresentava “uma caixa de ferramentas” entre as quais estava e endereçamento. A presente obra dá conta exaustiva do desenvolvimento dessa ferramenta e das experiências que a acompanharam de maneira produzida em conjunta pelo Banco Mundial e o Ministério das Relações Exteriores da França, a obra sublinha a importância do endereçamento dentro do conjunto de ferramentas de gestão municipal, e explora os vínculos entre endereçamento e cidadania, informação urbana, apoio aos serviços municipais e serviços concesionarios, fiscalização, gestão predial, reabilitação de assentamentos precários, desenvolvimento econômico. Também se refere ás praticas em curso ou em projeto, ou ás experiências já realizadas por inumeráveis países Africanos e propõe um guia aplicável em todas as regiões do mundo.  

BANCO MUNDIAL