o encanto das trovas tomo iv - são paulo vol. 2

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Page 1: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

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Page 2: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

SUMÁRIO

Cornélio Pires 3

Carolina Ramos 7

Nilton Manoel Teixeira 11

Dorothy Jansson Moretti 15

Héron Patrício 19

Divenei Boseli 23

Humberto Rodrigues Neto 27

Therezinha Dieguez Brisolla 31

Helvécio Barros 35

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Page 3: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

1A boca do maldizenteque vive de reprovar;

é igual à boca da noite,que ninguém pode fechar.

2Afirmação que interessa

tanto ao fraco quanto ao forte:- Quem açambarca a fortuna,

desconhece a lei da morte.3

Amor puro é qual diamantede beleza singular,

mas se é vendido ou tem preço,qualquer um pode comprar.

4Ante a Lei de Causa e Efeito

que nos libera ou detém,há muito bem que faz mal,muito mal produz o bem.

5Ao morrer, disse Romário:

- “volto já…”, falando a custo.Após seis meses, voltou…A esposa caiu de susto.

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6As minhas trovas de agora;não guardam nada de novo,são pensamentos dos sábios;com pensamentos do povo.

7Baixo os olhos desta altura...O passado... ai! O passado...A minha alma era tão pura;não tinha nem um pecado…

8Computador é progresso,

facilidade de ação,prodígio da inteligência,

mas precisa direção.9

Convidado para a festanão se adianta, nem demora,nunca surge tarde ou cedo,

dará presença na hora.

10Da multidão dos enfermosque sempre busco revero doente mais doente

é o que não sabe sofrer.11

Diz o mundo que a nobrezanasce de berço opulento,

mas qualquer pessoa é nobre,conforme o procedimento.

12Em qualquer grupo racistade sábios crentes e ateus,perguntemos seriamente,

de que forma é a cor de Deus13

Em questões de livre-arbítrio,discernimento é preciso;todos temos liberdade,o que nos falta é juízo.

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14Eis uma dupla correta

que na vida é sempre clara:- O sofrimento nos une,a opinião nos separa.

15Ele ajuntou prata e ouro,

porém, não achou transporte,quando buscou pensativo,a grande agência da morte.

16Estes versos me nasceram

na intimidade do peito,se alguém lhes der atenção;

fico grato e satisfeito.17

Existem casos ocultosnos corações intranquilos

que, a benefício dos outros,não se deve descobri-los.

18Existem homens famosos,

e muitos deles ateus,esquecidos de que moramno grande mundo de Deus.

19Fenômeno admirável

para os crentes e os ateus;notar em cada pessoaa paciência de Deus.

20Foi-se a infância fugidia...

Choro - a saudade é um açoite -o tempo em que amava o dia

e tinha medo da noite!22

Já que o mal nasce de nóscomo vem e quando vem,

bendita seja a pessoaque apóia a força do bem.

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Page 6: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

22Matrimônio, companheiro,

exige muito cuidado;pai Adão dormiu solteiro,depois acordou casado.

23Não te irrites, nem fraquejes;quando mais te desconfortas,

a tua vida é uma casacom saída de cem portas.

24Não te revoltes se levasuma existência sofrida,

a provação, quando chega,age em defesa da vida.

25No corre-corre dos homens

há quadros fenomenais.Anota: Quem sabe menos;

é que fala muito mais.

26No que fazer e fizeste

registra em paz o que tens;há muitos bens que são males,

muitos males que são bens27

O dono de muitas capasda mais rica às mais singelas

nas horas de frio ou chuvaveste somente uma delas.

28O orgulho é uma enfermidade

na pessoa a que se aferra,doença que a vida cura

usando emplastros de terra.

Observação: A maioria das trovas do Cornélio Pires foram obtidas no livro psicografado por Chico Xavier.

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Carolina Ramos

1Adeus, filho, segue a vida...

Volta um dia, sem promessa...que a primeira despedidano ventre da mãe começa!

2A grande, a maior vitóriaque até hoje consegui,

foi remover da memóriaas batalhas que perdi.

3Alforriada, ela passa

gingando frente ao feitore o dengo de sua raça

faz dele escravo do amor!4

A liberdade germinaquando um povo pulsa e anseia,

qual semente pequeninaque rasga o solo e se alteia!

5A lua beija a favela...

A estrela no céu reluz...- Meu bem, apaga essa vela,o amor não quer tanta luz!...

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Page 8: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

6Angústia, imensa, dorida,pior que a dor de morrer,

é não ter apego à vidae ser forçado a viver…

7Ante a força intransigente,para o caos a paz resvala...

- Deus, deste alma a tanta genteque nem sabe como usá-la!

8Ante a lua, o mar se alteia,tenta alcança-la na altura,mas é nos braços da areia,

que encontra a paz que procura!...9

Ante os dilemas da vida,embora ilusões destrua,à mentira bem vestida,prefiro a verdade nua!

10A pele negra retrata

a dor de uma triste saga,pois o estigma da chibata

nem mesmo a alforria apaga!11

A penumbra da saudadetorna os meus dias tristonhos

e eu bendigo a claridadedas estrelas dos meus sonhos!

12As bandeiras desfraldadas...

O povo em vai-vem nas ruas...e as esperanças sonhadas

são minhas... e também tuas!13

A sós, na penumbra doce...Neste agora sem depois,é como se o mundo fosse

um mundo só de nós dois!...

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14Deu a tantos seu carinho

que no enlace, em confusão,deu o sim para o padrinho

e o beijo no sacristão!15

Ele chega de mansinho,velho cão ressabiado...

mas, se conquista um carinho,nos dá carinho dobrado!

16Ele mente e se arrebata

com tal veemência e desplante,que, se um besouro ele mata,

vira o besouro elefante!17

Embora sozinha eu sigae sigas também a sós,

dentro do amor que nos liganão há distância entre nós!

18Enquanto a vida nos cansa,

o poeta, fugindo ao chão,vai procurar a esperança

entre as nuvens de algodão!19

É possível que aconteça:- Seja folclore ou novela,tanta gente sem cabeça...

por que não mula... sem ela?20

Esse que vive algemadoàs paixões, odiando a esmo,

mesmo sendo alforriado,segue escravo de si mesmo!

21Esta penumbra... Este frio,

este agora sem porquê...Este silêncio vazio

é o meu mundo sem você!

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22O mundo é paisagem triste,

chora o rico e o pobre chora...- Meu Deus, se a ventura existe,

onde será que ela mora?!23

Os ponteiros marcham lento,mais um ano que se acaba

- pede PAZ meu pensamento,para um mundo que desaba!

24Ouço teus passos serenos

e o meu abraço se expande,mas sinto os braços pequenos,

para ternura tão grande!25

Para os que entregam ao nadaos sonhos que ontem sonharam,

o orgulho é terra pisadamoldando os pés que a pisaram…

26Passa o tempo... bem depressa...

a roubar o que nos deu,e, uma dúvida se expressa:

- passa o tempo... ou passo eu?!27

Pequenino grão latente,que brota e aos poucos se expande,

criança é humana semente,na conquista de ser grande.

28Pobre pássaro!... é de crer

que a prisão não mais suporta- e vale a pena viver

se a liberdade está morta?!29

Por te amar, tenho sofrido,mas não me arrependo: Vem!

- Quem ama as rosas, querido,ama os espinhos também!

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Nilton Manoel Teixeira

1A noite calada e escura

que silencia meu pranto,revela toda a amargurana falta de teu encanto.

2A vida com seus mistériosmostra-nos e muito bem

que, no Poder homens sérios,são sérios se lhes convém.

3Bom de boca, o Zé Boquinha,

sustenta toda a família…Aqui… emprego não tinha!vira-se bem em Brasília.

4Canta o galo, nasce o dia!

do chão da praça o sem nome,põe num canto a moradia,para lutar contra a fome.

5Casa velha, quanto encanto!

tem cobras, cupins, lagartos…uma história em cada cantoe fantasmas pelos quartos.

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6Dos meus sonhos eu bendigo

as passadas frustrações;hoje é mais puro o meu trigo

sendo humilde nas ações.7

Em férias, certo doutor,ganha auréola de moleque,

quando perde sua cor,no exagero de um pileque.

8Enfim dono dos saberes

da vida, em música e dança,concluo que, o fim dos seres

é o limite da esperança.9

Fez-se pai o jornalistae, uma ideia lhe desfralda:- Batiza a filha, o egoísta,

com o nome de… Jornalda!

10Florestas? – Quero espigões!

e a fauna toda enjaulada!… e a moda de altos portões,

esconde a noite estrelada.11

Fortaleza é o pobre honestoante as tentações da vida:

- Quem planta, colhe e de restodeixa a rota mais florida.

12Gostava tanto de pão,

que casou com o Zé da Massa;coitada vive na mão,

sempre só triste e sem graça.13

Homem é o que sabe sercompanheiro, amigo e irmão;quem preza o Bem, sabe ter

da vida toda a emoção.

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Page 13: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

14Não existe culpa imensa

para quem crê no perdão,tendo o Deus de sua crençatranquilo em seu coração

15Na rua, toda nuazinha,

escondendo a cara santa,no carnaval da Lurdinha,

até morto se levanta16

Nesse comércio bizarrode promoção de viés.Ainda venderão carro

dando de brinde mais dez.17

No circo da vida explodeo que a vida sempre dá:- um é pipoca se pode;o outro, apenas piruá!

18No espaço da folha branca

o universo do escritor,torna a vida bem mais franca

se traça versos de amor.19

No lirismo de meu povosonho e tenho sempre féque num dia de sol novoserá plena a paz.. de pé!

20O chifre em terra rachada

em bucolismo infernal,é o adorno que traça a estrada

da carência de água e sal.21

O meu palácio encantado,onde o ano todo é natal,

é um quadradinho alugado,chamado “caixa postal”!

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Page 14: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

22O mundo – pleno em magia,

nossa bola de cristal,mesmo amargo, traz poesia,aos momentos mais sem sal.

23O mundo vive pedante;

grita e clama por socorro!Gasta-se alto a todo o instante,Não com gente… com cachorro!

24Os teus olhos patrocinam

pensamentos variados;todos aqueles que animamos sonhos dos namorados.

25Quando há morte programada

pelos quadrantes da terra,homens que não valem nada

sentem paz plantando guerra.

26Quem como eu faz poesia,

sabe que a glória é completa:- Ninguém aposenta o diade trabalho de um poeta.

27Quem tem coração de paz

vive de culpa liberto,porque faz do bem que fazum céu de Sol mais aberto.

28Quem tem vida vive atento

pelos caminhos que enfrenta;brinda as farpas do momento

com chocolate e pimenta.29

Sem ter bolas de cristal,quem sabe onde pisa fazde sua estrada um rosalse é do Bem e pela paz.

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Page 15: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

Dorothy Jansson Moretti

1A brisa afasta a cortina,

e uma nesga de luar,fugindo à fria neblina,

vem aos meus pés se abrigar.

2A existência é definida

não por azar, mas por sorte:- quanto mais cheios da vida,mais perto estamos da morte.

3- Ai, doutor, não acredito...Picada por um "barbeiro"?

Veja só, pois o malditome disse que era engenheiro!

4A lua, em passo indeciso,

muda o andante da sonata,pondo pausas de improviso

no pentagrama de prata.5

A malefício eu diziaque tinha o corpo fechado;e fui tombar... (que ironia!)ao mel do teu mau-olhado!

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Page 16: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

6Do que agitou nossas almas,restam sonhos calcinados,

cingindo as crateras calmasde dois vulcões apagados!

7Em bando sutil, as garças,

pontilhando o lamaçal,são quais pérolas esparsas,

adornando o pantanal.8

Em cada tarde a cair,vejo a vida em agonia,aos poucos se despedir

na morte de mais um dia.9

Encomendei um feitiçopra te esquecer, minha linda;

mas reverteu, deu enguiçoe eu te quero mais ainda.

10- Este bolso é meritório,

nunca viu nada roubado!Perguntam lá do auditório:- Terno novo, Deputado?

11Eu me faço de blindado.

Amor? Bobagem... Pieguice...Meu medo é que, apaixonado,

eu me envolva na tolice.12

Fui rei, depois fui escravo,o tronco espoliou-me a glória;

e curto até hoje o travode mancha negra na história.

13Guri do boné virado,

estilingue... palavrão...,hoje, vigário ordenado:

– Pax vobiscum, meu irmão!

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Page 17: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

14Irrequieto, o molecote,no jeitinho turbulento,

parece um mini-quixote,perseguindo um catavento.

15Juraste que não me amavas,eu também, cedendo à ira.

E o amor, por águas tão bravas,naufragou na vil mentira.

16Lembro os mestres, no passado,

e me enche a alma de dorver hoje, tão humilhado,

o antes... Senhor Professor.17

Meus pobres sonhos, tão fracos,a vida em escombros fez,

mas, teimosa, eu junto os cacos...e eis-me sonhando outra vez!

18Na ampulheta a areia finda,e ao termo de nossas vidas,

queremos que o tempo ainda,resgate as horas perdidas.

19Na obsessão alucinadade te querer, me magoo,

qual ave de asa quebradateimando em alçar o voo.

20Na taça de cada dia,

a transbordar de amargura,cai um pingo de alegria,e o fel se torna doçura.

21Nossa terra e a terra lusa,na doce língua que as liga,

são cordas nas mãos da musa,cantando a mesma cantiga.

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Page 18: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

22Por que é que eu te chamo, Nei,

de 'porquinho' ... faz favor?É que ainda eu não cheguei

ao tamanho do senhor...23

Presença eterna do ausente,perfume em frasco vazado,

saudade é sombra incoerentenum coração apagado.

24Quando me entrego ao passado,sinto-o tão perto e envolvente,que – esquecido e enevoado –longe de fato... é o presente.

25Que bela seria a vida

se, acima de ódios mortais,uma ponte fosse erguidaunindo margens rivais!

26Que não chores a derrota

e o desânimo te traia.O mar que engole uma frotaé o mesmo que leva à praia.

27"Que tanto estudas, Leal?""Geografia, Seu Garcês."

"Humm... e onde está Portugal?""Na página cento e três."

28Rola o tempo, bom ou adverso,

sem cansaço, sem ceder,mais velho do que o universo,

sem tempo para morrer.29

Se questiono o sim e o nãodos lances que a vida oferta,

o silêncio e a solidãome dão a resposta certa.

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Page 19: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

Héron Patrício

1"Adeus, meu sonho perdido,belo, imponente, palpável!",disse a mulher ao maridoe ao seu "lixo reciclável"!

2A gente vê, de manada,

estrela...lua...e planeta...Basta uma boa topadanuma quina de sarjeta!

3A alvorada, em grande gala,

tece a rica fantasiaque faz do Sol, mestre-sala

na passarela do dia.4

A minha trova sem ela– a musa que eu sempre quis -

é uma trova tagarela,rima...rima.., e nada diz…

5Antes de uma despedida,

que haja razões de verdade...- Quem planta um adeus na vida,

um dia colhe saudade.

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Page 20: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

6Antes um "não" que amargura,antes um "não" que maltrata,

do que a terrível torturado teu silêncio - que mata!

7A saudade é um passarinho

em teimosa migração...vem do passado, e faz ninho

nos beirais do coração.8

A tristeza é uma senhora,minha velha conhecida,

que me rouba a luz da aurorae põe noite em minha vida!

9Cai o luar, transparente,

sobre uma gota de orvalhoe cria um lindo pingente

que dá vida a um velho galho...

10Coitadinha da infeliz,

com marido gordo, esférico,arranjou amante, e diz:

- É meu marido... genérico!11

Com a dentadura bamba,que nem “Corega” grudava,os dentes dançavam sambacada vez que ele cantava!...

12Desde os tempos de criançaconheço a grande verdade:- jovem vive de esperança,

velho vive da saudade!13

Frutos de velhos fracassos,nossos medos são um muro

limitando novos passosnos caminhos do futuro.

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Page 21: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

14Nos caminhos do Universoeu sou caçador de estrelas,

e jogo o laço do versona esperança de prendê-las.

15Nos momentos cruciais

em que o pranto é represadoo silencio fala mais

do que um discurso inflamado!16

O balouçar da folhagem- pequenas mãos dando adeus –

é a chuva, em sua passagem,trazendo as bênçãos de Deus.

17O cientista é poeta,é trovador inspirado

que a pesquisa só completaquando encontra o seu "achado".

18O forró, diz meu amigo,

me esbraseia e deixa quente:- o esfrega-esfrega de umbigo

é um perfeito antecedente.19

O forró ia animado;de briga, nenhum perigo...- Gostoso, que só pecado:

- Era umbigo contra umbigo!…20

O forte nó da saudadeamarra o tempo num laço

e aprisiona a mocidadenas trovas de amor que eu faço.

21O meu desejo transborda,

feito um rio ardendo em chama,quando a saudade me acorda

sem você na minha cama!

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Page 22: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

22O poeta é um ser aflito,um eterno insatisfeito,

por ter um mundo infinitono exíguo espaço do peito!

23O sol parece fornalha

queimando tudo o que existe.O chão, seco, a fome espalha...

mas, nordestino, resiste!24

O sucumbir da virtudeante o poder, é fatal:

- é furo rompendo o açudepor onde escorre a Moral.

25O tempo, pastoreando

nos sertões da mocidade,foi, pouco a pouco, juntandomeu rebanho de saudade...

26Quem casa com mulher feia,

um “bolo gordo”... um “canhão”,anda atrás de um “pé de meia”

ou adora assombração!27

Ratinho.. lobo... leão...- mais alguns irracionais -

fazem da televisãoum reduto de... animais!

28Se o mundo inteiro sorrissetão fácil como as crianças,

talvez não fosse tolicesonhar e ter esperanças!

29Sob um manto de neblina,

o sol, que o dia conduz,aos poucos abre a cortinae enche o seu palco de luz!

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Page 23: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

Divenei Boseli

1A cascata em que se espelha

resplandecente beleza,é o rio que se ajoelha

ante o altar da natureza.

2A mais ostensiva prova

de fé que a morte produznão é a cruz sobre a cova,mas a crença nessa cruz.

3Amanhece… De repente,

tomando o corpo da Terra,o sol beija ardentementeo rosto bruto da serra…

4A vaga está garantida

para mim, porque, sabendoque exigem folha corrida,

eu trouxe o jornal, correndo! 5

A vaga está garantidapara mim, porque, sabendoque exigem folha corrida,

eu trouxe o jornal, correndo!

O Encanto das Trovas . . . Tomo IV – São Paulo – Vol. 2......... Página | 23

Page 24: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

6Essa idade que escondemos,

que, entre risos, desmentimos,é sempre aquela que temos,

mas, nem sempre, a que sentimos.7

Eu faço das fronhas, lenços,nas longas noites sem sono

e os lençóis, braços imensos,abraçam meu abandono.

8“Eu tenho a idade do mundo!,grita a Mentira; e a Verdade,em tom solene e profundo:

- “Eu também tenho essa idade!”9

Fundamentada promessade dignidade e decência,

a liberdade começano fundo da consciência.

10Hoje, em que braços deliras,

em que outro ouvido murmurasas verdadeiras mentiras

que me disseste por juras?...11

Madame teve um desmaiono quarto das empregadas,

ouvindo, do papagaio,tremendas papagaiadas!

12Meu olhar seco adivinhae eu evito a despedida

porque as lágrimas que eu tinhachorei quando eu tinha vida…

13Meu papagaio sumiu...

E um vizinho, desonesto,anda dizendo que o viuno Cartório de Protesto!

O Encanto das Trovas . . . Tomo IV – São Paulo – Vol. 2......... Página 24

Page 25: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

14Meu peito é campo minadoonde o amor, míssil incerto,procura um tanque blindadoe encontra apenas deserto…

15Na moldura carcomidaresiste o sorriso antigo,

mas o espelho mostra a vidae o que a vida fez comigo...

16Não regressas... Mesmo assim,a ilusão que eu julguei morta,

morta de pena de mim,monta guarda à minha porta.

17No cálice, o teu adeus

transborda o fel pelas beirase eu padeço, feito um deusno Jardim das Oliveiras.

18No estreito espaço de um quarto,

muitos tiveram guarida,mas... só contigo eu repartoo espaço inteiro da vida!...

19Nos beijos apaixonadosos desejos vão contendo

os versos inacabadosque a Vida vive fazendo.

20Onde a lei torta vigora

e o povo ao jugo se presta,o rico só comemora

e o pobre é quem paga a festa.21

O que aumenta meu tormentoé lembrar que me sorriase, ao fazer teu juramento,

mentias bem… Mas, mentias!

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Page 26: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

22Semana santa em meu peito...

Nas trevas, sem compaixão,as mágoas rondam meu leito

com jeito de procissão...23

Sem saber, os violeiros,cantando em dupla ou sozinhos,

cantam a dor dos pinheirosque deram vida aos seus pinhos.

24Sentimos tanta alegria

quando estamos abraçados,que, para nós, qualquer dia,

é "Dia dos Namorados"!25

– Seu filho não tem vontadede trabalhar pra ninguém!

Nega o pai: – Não é verdade.Tem má vontade... Mas tem!

26Soubesses medir o pesoque tem a palavra "Não",saberias que o desprezoé um convite à traição..

27Teu corpo, assim, sinuoso,cheira a convite suspeito;

- o rio mais caudalosotem mais mistérios no leito...

28Teus olhos, luz que ilumina

o tatear dos teus dedos,são dois faróis de neblina

devassando os meus segredos…29

Toda a ilusão tem a sorteda frágil franja alvacenta

da onda que, embora forte,de espaço a espaço rebenta.

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Page 27: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

Humberto Rodrigues Neto

1A alguém, só por seu sorriso,

nunca julgue, eis meus conselhos;muita vez, por trás de um riso,

há uma alma de joelhos!

2Ah, que fados sorrateiros

têm nossas vidas sombrias...os leitos sempre solteiros,

de duas camas vazias!3

A noite, de ar seco, anidro,por não ver no céu a lua,

põe-se a acender sóis de vidronos postes da minha rua!

4Ano velho não demora,

põe-te ao largo e vai saindo.Anda, ano velho! Cai fora,pois o novo já vem vindo!

5Anseio ver-te assim louca

presa aos meus lábios tiranos,pois repriso em tua boca

meus beijos dos vinte anos!

O Encanto das Trovas . . . Tomo IV – São Paulo – Vol. 2......... Página | 27

Page 28: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

6Como é bom, como eu desejo,quanto a minh'alma se agita

de nos lábios ter um beijode mulher moça e bonita!

7Como é doce, em terno encosto,

debruçar por entre apelos,o entardecer do meu rostona noite dos teus cabelos!

8Como sofrem meus desejos,

ao saber, meu querubim,que os teus braços e os teus beijos

não foram feitos pra mim!9

Confesso-te meus queixumes,que esquecer jamais consigo:

- suportar mortais ciúmesdesse alguém que está contigo!

10Dá-me, Deus, com certa urgência,

a graça que aqui rabisco:- dez por cento da paciência

que puseste em São Francisco!11

Desse teu beijo fagueiro,jamais vou sentir-me farto...

dá-me mais dois, e um terceiro,e mais três depois do quarto!

12De vez em quando o ciuminhovem junto a mim e reclama;sente inveja desse ursinhocom que enfeitas tua cama!

13Dois mimos teus inda anseio,pois vivos n’alma os mantive:

- o abraço que jamais veioe o beijo que nunca tive!

O Encanto das Trovas . . . Tomo IV – São Paulo – Vol. 2......... Página 28

Page 29: O Encanto das Trovas tomo IV - São Paulo vol. 2

14No amar-te tanto é que sinto

do pecado o vil assomo,pois ao te abraçar pressinto

mil tentações que eu não domo!15

No céu Deus gravou a facede faiscantes universos

pra que o poeta os cantassena beleza dos seus versos!

16No olhar que a noite esquadrinha,

eu procuro a imagem tuae te encontro sentadinha

na foice prata da lua!17

Noutra mulher não haviasentido o amor tão desperto,

pois antes sequer sabiaque o céu ficava tão perto!

18Os meus dois olhos castanhossão tristes, pobres, plebeus...não têm encantos tamanhoscomo esses que têm os teus!

19Pergunta ao mestre o aprendiz:- Que é luz, nos conceitos teus?

E a sorrir, Einstein lhe diz:– A luz é a sombra de Deus!

20Por nuances maravilhosasmeu raciocínio se espraiano quão devem ser ditosastuas colchas de cambraia!

21Pra não viver tão sozinho,quisera ter-te por dona,

só pra ser como o gatinhoque em teu colinho ronrona!

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22Se consulto o coração

pra ver aquela que o dome,ele pulsa de emoção

e diz baixinho o teu nome!23

Se há algo que nos deslumbrae ao proibido nos inclina,

é aquele beijo em penumbrano cerrar de uma cortina!

24Sempre alheia ao meu apelo,

és a encarnação de Fedra,pois em teu peito de gelo

bate um coração de pedra!25

Sobre meu chão colocasteum mar de espinhos e abrolhos

desde o dia em que lançastesobre mim teus lindos olhos!

26Somos seres incompletosvivendo eterno amargor...Você tão pobre de afetose eu tão carente de amor!

27Vão tão bem os teus pezinhos

calçadinhos nas chinelas,que os meus olhos, coitadinhos,

vão doidinhos atrás delas!28

Vê como a sorte judiado nosso amor (coitadinho!):

- tua cama tão vazia,e eu na minha tão sozinho!

29Vem, neste inverno polar,

aquecer-me em teus mormaços...Vem, meu quindim, me aninhar

no verão dos teus abraços!

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Therezinha Dieguez Brisolla

1A canequinha da casa

pertence à mulher do Osires."Tá" desbeiçada e sem asa

porque serve a muitos pires!

2Ao pai dela, o cafajeste

explica: "Foi num pagode"...O velho é um "cabra da peste"e a moça explica: "Deu bode!"

3Ao operar seu nariz

perdeu um olho, o Batista.Vem outro louco e, então, diz

que o pagamento era... à vista!4

À pergunta: - Qual andar?Responde o pinguço, a esmo:

- Onde quiser me levar,já errei de prédio mesmo!

5Ao ver que estava em perigofechou, a Jane, a matraca...

É que o Tarzã, sempre amigo,hoje "tava com a macaca"!

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6Ao vir "de fogo" recua

gritando, após a topada:- Que faz um poste na ruaàs duas da madrugada?!

7A porquinha se casou

e chora o tempo inteirinho!Bem que a mãe dela avisou:

- Não case com porco-espinho!8

Cai no trilho e a triste sinamaldiz tanto o beberrão..."Essa escada não terminae é tão baixo o corrimão!'

9Bonita, pobre e sacana

é a nova mulher do Ernesto.Do velho, só quer a granae, do filho dele... o resto!

10 - Canta mal, essa "coroa"...- Pois saiba que é minha tia.

- Se a música fosse boa...- Pois é de minha autoria!

11Chega tarde, o companheiro

e ao ver tanta grana, exclama:- Como ganhaste o dinheiro ?!

Passas o dia na cama!!!12

Chega a cantora, que é mestrano gingado da cintura

e os integrantes da orquestranem olham... pra partitura!

13Chegou a sogra, queridae a desgraça aconteceu:

- Veio o cão... Com a mordida,deu a raiva... e o cão morreu!

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14Diz ao dançar, enfadonha:- Você sua !!! ... O Zebedeu,bem caipira e com vergonha,diz baixinho : - vô sê seu !!!

15Diz “Não” à sogra e à cunhada.- é astuto e não cai na rede –“Família, aqui, só a Sagrada

e pregada na parede!”16

Diz que quer dormir comigo,em qualquer canto, a Gioconda...

Pra não ter esse "castigo",comprei a cama... redonda!

17"Dorme comigo!... é o Joaquim!..."

peço, quando telefono.E hoje que ela disse "sim"

olha o aperto!... eu tô sem sono!

18É mãe de um casal!... e é duro

olhar a cena espantosa:- A filha em pijama escuro!

- O filho... em baby-doll rosa!19

Envergonhado e sem jeito,meu coração sonhador

conserta o ninho desfeitoenquanto espera outro amor!

20- É o piloto... tô em perigo!...

Tem fumaça... e um fogaréu!...- É a torre... reze comigo:

- “Pai nosso, que estais no céu...”21

Flagrando a esposa e o banqueiro,pensa bem e esquece o orgulho:

-Vou precisar de dinheiro...e sai...sem fazer barulho!

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22Os dois donos têm receio

que a maloca caia e, agora,toda noite tem sorteio:

- enquanto um dorme...o outro escora!23

O trovador tá empolgadoe até troféu quer ganhar!...

O tema é “Mar” e eis o “achado”:- És meu mar... mas não faz mar!

24Passa o efeito do remédioe o velho, sem jeito, avisa:

- Demorou demais o assédioe o “furacão”... virou "brisa"!

25- Peço a mão de sua filha...

e aí para, ante a visão:Tá o sogro... de sapatilhae a sogra... que sapatão!

26Pede a graça ao padroeiro

e promete ao santo, à beça...É um beato caloteiro

que não paga nem promessa!27

Perdeu no xadrez também...e, sem dinheiro, se abate

ouvindo a ordem de alguém:— Se não der um cheque... mate!

28Pedir votos, não foi "canja"!

Um político safadocriou confusão na granja

e saiu "ovocionado!29

"Peruca!... dente postiço...Tô velho", pensa o Danilo.E, como só pensa nisso,

não dá pra pensar "naquilo"!

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Helvécio BarrosMacau/RN (1909 – 1995) Bauru/SP

1Abro a janela bem cedo

e ouço músicas bizarras...- São as vozes do arvoredo,no coro de mil cigarras...

2Ah! Quantos vão pelo mundo,sem calor, de alma abatida,

fugindo a cada segundoda própria sombra da vida!

3Amigos só de lorota,

há na terra em profusão!- Mas os bons a gente notanum só aperto de mão...

4A própria infância também,

é do Passado uma voz:- Saudade, às vezes, de alguém

que vive dentro de nós...5

Carro de bois do sertão,acordando as madrugadas,a ouvir-te a triste canção,

ouço o choro das estradas...

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6Carta de afeto relida,

de quem nos quis muito bem,traz um pedaço de vida,na saudade que contém.

7Castro Alves o teu vulto

já pertence à Eternidade:- A Justiça foi teu culto!

- Foi teu Credo a LIBERDADE!8

Com seu azul tão profundoo céu de beleza imensa,

parece mostrar ao mundode Deus a eterna presença.

9Dá a todos teu abraço,

e não viverás à toa!Em cada amigo há um pedaço

da nossa própria pessoa!

10Duas almas bem unidasninguém separa jamais.Às vezes, são duas vidas,que a vida já fez iguais!

11Em qualquer templo que seja,

sorri a noiva em seu véu...- De flores, cobre-se a igreja!- De sonhos, veste-se o Céu!

12Fui pela vida cantando

cantigas de alacridade...- Agora, vejo, chorando,

que a própria vida é saudade!13

Há sempre um dia cinzentovivendo dentro de nós...

- Reticências de um lamento...- Tristeza que não tem voz!

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14Mesmo com truques velados,tinha a mocinha de outrora

mais tolerantes pecadose menos pernas de fora...

15Não choro, na solidão,

a vida que vai passando,choro, apenas, com razão,

o que a vida vai matando!...16

Não te julgues o primeiro,nem que sejas um portento:

- quanto mais alto o coqueiro,mais fácil se verga ao vento!

17Na vida o nosso papelé tal qual o pirulito:

- Quando a língua chega ao mel,o dente trinca o palito...

18Ninguém altera jamais,

nossos caminhos terrenos:- Alguns têm tudo demais!

- Outros têm tudo de menos!19

Ninguém por certo é perfeitonuma total plenitude.

- Quem conhece o seu defeitojá tem alguma virtude.

20O lar é viga, cimento,a modelar gerações!

- Cartilha do sentimento,feita de mil corações!

21Palhaço, visão querida,

dos meus tempos de criança...velha saudade escondida,no meu baú de lembrança!

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22Quando alguém foge à virtude

e pisa as rosas do Amor,passa a ser espinho rude,já que não soube ser flor!

23Tal qual arisca serpente,a mulata, quando passa,mexe com tudo da gente,

belisca o sangue da raça...

24Um grande amor não se esquece!

Nada no mundo o destrói!...Quanto mais longe, mais cresce!

Quanto mais perto, mais dói!25

Velho mar, soturno e rude,entre nós – que afinidade:

gemendo a mesma inquietude,chorando a mesma saudade...

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NOTA

As trovas foram obtidas em livros, boletins de trovas, jornais, trovas enviadas pelos trovadores e em alguns sites, como www.falandodetrova.com, www.poesiasemtrovas.blogspot.com.br, www.singrandohorizontes.blogspot.com.br Biblioteca J. G. de Araújo Jorge, as Mensagens Poéticas enviadas pelo falecido trovador potiguar Ademar Macedo, etc. Montagem da Capa da Revista sobre imagem obtida na internet, não foi encontrada a autoria.

Esta revista não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem autorização de seus autores ou representantes legais. Pode ser copiado, desde que se coloque o autor das trovas, caso contrário pode ser caracterizado como crime e ser enquadrado nas sanções legais.Respeite os direitos do autor.

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