o emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de gestão do

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAO 2011 Cap PM Rogério Caramit Gomes O EMPREGO DE RECURSOS WEB 2.0 COMO FERRAMENTAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO São Paulo 2011

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Page 1: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA

“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – CAO 2011

Cap PM Rogério Caramit Gomes

O EMPREGO DE RECURSOS WEB 2.0 COMO FERRAMENTAS DE

GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

São Paulo

2011

Page 2: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Cap PM Rogério Caramit Gomes

O EMPREGO DE RECURSOS WEB 2.0 COMO FERRAMENTAS DE

GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

Dissertação apresentada no Centro de Altos Estudos de Segurança “Cel PM Nelson Freire Terra” como parte dos requisitos para a aprovação no Programa de Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública.

Cel PM Wellington Luiz Dorian Venezian - Orientador

Prof Álvaro Gregório – Co-Orientador

São Paulo

2011

Page 3: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Cap PM Rogério Caramit Gomes

O EMPREGO DE RECUSOS WEB 2.0 COMO FERRAMENTAS DE

GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

Dissertação apresentada no Centro de Altos Estudos de Segurança “Cel PM Nelson Freire Terra” como parte dos requisitos para a aprovação no Programa de Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública.

( ) Recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Não recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Recomendamos a publicação

( ) Não recomendamos a publicação

São Paulo, _______ de _____________________ de 2011.

Cel PM José Mauricio Weisshaupt Perez

Cel PM Wellington Luiz Dorian Venezian

Prof. Claudir Segura

Page 4: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Este trabalho é dedicado:

À minha esposa, Nilma, pela compreensão e incentivo em todas as fases de

minha vida profissional, por seu companheirismo e abnegação.

Aos meus filhos, Ana Carolina e Gabriel, como legado e como exemplo de

que é possível e necessário investir no conhecimento, que é um de nossos maiores

e inseparáveis bens.

Aos meus pais, Ormino e Sofia, como forma de agradecimento pelo legado

que me deixaram, por seu esforço, sua abnegação, seu incentivo para que eu

obtivesse sucesso e dignidade.

Page 5: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Agradecimento

A Deus, por esta oportunidade de criar, mesmo a partir de inúmeras

referências e citações, o que me permitiu melhorar um pouco minha noção de Sua

grandeza e de Seu poder, expressos principalmente ao ter criado tudo a partir do

nada. O Senhor sempre foi, é e sempre será minha maior referência.

Ao amigo Cel PM Wellington Luiz Dorian Venezian, pelo incentivo, por

confiar no meu trabalho e por jamais ter se furtado à responsabilidade assumida

como orientador, ao contrário, fazendo-se sempre disponível para agregar valor a

esta dissertação.

A outro amigo, Prof. Álvaro Gregório, cujo trabalho vem sendo uma de

minhas referências neste estudo há alguns anos e que, gentilmente, aceitou a tarefa

de ser o Co-orientador nesta produção.

Aos amigos Cel PM José Mauricio Weisshaupt Perez e Maj Res PM Joaquim

Rodrigues Junior, pelo incentivo e investimento para que eu pudesse me dedicar

mais ao estudo e por serem ambos referenciais profissionais em minha carreira.

Ao amigo Prof. Claudir Segura, por seu empenho e dedicação em contribuir

para que este trabalho fosse produzido de maneira científica, tendo indicado sempre

que possível as oportunidades de melhorá-lo.

Aos amigos da 6ª EM/PM e do CAES “Cel PM Terra”, cujo trabalho, de

maneira anônima e despretensiosa, indiretamente alicerçou condições para que esta

etapa fosse cumprida.

Page 6: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

“No Princípio, Deus criou os céus e a terra.”

(Gênesis 1.1)

Esta foi a ação mais fantasticamente inovadora, insuperável, que o mundo jamais

conhecerá por completo, nossa principal referência para inovar. Tudo o que se fez e

que se venha a fazer partiu e partirá sempre desta matéria-prima – a Criação.

(nota do autor)

Page 7: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Resumo

Este trabalho teve como objetivo investigar até que ponto a Polícia Militar tem utilizado adequadamente os recursos Web 2.0 e indicar soluções que otimizem a relação entre a gestão do conhecimento na PMESP, as inovações promovidas pela instituição e o emprego recente das ferramentas sociais, partindo do problema de que o uso inadequado desses recursos pode despender muito trabalho sem gerar plenamente os benefícios almejados. São abordados conceitos de Gestão do Conhecimento, de Web 2.0, Ferramentas Sociais, Mídias Sociais e Inovação. Na pesquisa foi analisada a visão da Polícia Militar de São Paulo acerca destes conceitos, bem como as ações já desenvolvidas em cada uma destas áreas. Com base nesta análise, foi abordada a visão de alguns autores sobre como os recursos Web 2.0 podem ser úteis na captação da colaboração dos públicos interno e externo para melhoria dos processos da organização, de como motivar a participação e de como gerar valor a partir dessas ações. Ao final do trabalho são apresentadas propostas para otimizar o uso dessas ferramentas na Polícia Militar, com foco na Gestão do Conhecimento e Inovação. Palavras-chave: Polícia Militar, Ciências Policiais, Web 2.0, Ferramentas Sociais, Gestão do Conhecimento, Inovação.

Page 8: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Abstract

This study aimed to investigate to what extent the military police has used Web 2.0 resources properly and indicate solutions that optimize the relationship between knowledge management in PMESP, innovations promoted by the institution and the recent employment of social tools, starting from the problem that inappropriate use of these resources can spend a lot of work without generating the full benefits desired. Are addressed concepts of Knowledge Management, Web 2.0, Social Tools, Social Media and Innovation. Was analyzed in the research vision of the Military Police of São Paulo on these concepts, as well as the actions already undertaken in each of these areas. Based on this analysis, we addressed the view of some authors about how Web 2.0 features can be useful in obtaining the cooperation of internal and external audiences to improve the organization's processes, how to motivate participation and to generate value from these actions. At the end of the work are proposals to optimize the use of these tools in the Military Police, with a focus on Knowledge Management and Innovation. Keywords: Military Police, Police Science, Web 2.0, Social Tools, Knowledge Management, Innovation

Page 9: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Lista de Figuras

Figura 1 - Níveis de comunicação ............................................................................... 22

Figura 2 - Síntese de GC público X privado (conceito de Nonaka & Takeuchi) ......... 36

Figura 3 - Blog da PMESP .......................................................................................... 40

Figura 4 - Publicações X Comentários no Blog da PMESP (2009 a 2011) ................ 40

Figura 5 - Médias mensais de Publicações X Comentários no Blog da PMESP (2009

a 2011) ................................................................................................................. 41

Figura 6 - Proporções de Comentários por Publicação no Blog da PMESP (2009 a

2011) .................................................................................................................... 41

Figura 7 - Página da PMESP no Twitter ..................................................................... 46

Figura 8 - Perfis institucionais de algumas polícias no Twitter ................................... 47

Figura 9 - Twitter PM nas Marginais ........................................................................... 48

Figura 10 - Perfis no Twitter sobre Trânsito em São Paulo ........................................ 49

Figura 11 - Perfil do Corpo de Bombeiros da PMESP no Twitter ............................... 50

Figura 12 - Página inicial da PMESP no site da ferramenta Blaving .......................... 51

Figura 13 - Informações do perfil organizacional da PMESP no Facebook ............... 53

Figura 14 - Informações do segundo perfil organizacional da PMESP no Facebook 53

Figura 15 - Página de informações do perfil pessoal da PMESP no Facebook ......... 54

Figura 16 - Portal da Intranet ...................................................................................... 55

Figura 17 - Página da PMESP no YouTube ............................................................... 56

Figura 18 - Acesso às categorias de Blogs pelo Portal da Intranet ............................ 59

Figura 19 - Publicação do Blog da PMESP, de 04ABR11 .......................................... 66

Figura 20 - Blog Abordagem Legal ............................................................................. 67

Figura 21 - Pirâmide Populacional do Brasil em 2009 ................................................ 72

Figura 22 - Usuários de Internet X Participantes de Redes Sociais ........................... 75

Figura 23 - Infográfico do perfil do brasileiro nas redes sociais em 2010 .................. 76

Figura 24 - Comunidade “EU ODEIO A POLÍCIA MILITAR”, no Orkut ...................... 78

Figura 25 - Comunidade “POLICIA MILITAR DE SP – OFICIAL”, no Orkut .............. 79

Figura 26 - Comunidades “PCC” no Orkut .................................................................. 80

Figura 27 - Exemplo de colaboração em Fórum......................................................... 83

Figura 28 - Vantagens da rede social corporativa ...................................................... 87

Page 10: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Lista de Quadros

Quadro 1 - Conceitos de Gestão do Conhecimento ............................................... 19

Quadro 2 - Processos em Gestão do Conhecimento .............................................. 20

Quadro 3 - Inovação Fechada X Inovação Aberta .................................................. 29

Quadro 4 - Publicações mais comentadas .............................................................. 42

Quadro 5 - Comparativo entre perfis institucionais no Twitter ................................ 46

Quadro 6 - Comparativo entre perfis no Twitter sobre trânsito em São Paulo. ...... 48

Quadro 7 - Numero de postagens e participações no blogs do Portal da Intranet . 60

Quadro 8 - Técnicas e Ferramentas de GC&I. ........................................................ 71

Quadro 9 - Usuários de Internet X Participantes de Redes Sociais (percentual

sobre o total de internautas) .................................. Erro! Indicador não definido.

Page 11: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Lista de Abreviaturas e Siglas

SIGLA SIGNIFICADO POR EXTENSO

AVCB Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros

BOPM Boletim de Ocorrência da Polícia Militar

CAES Centro de Altos Estudos de Segurança

CComSoc Centro de Comunicação Social

CKO Chief Knowlege Officer (Gestor do Conhecimento)

CNCG Conselho Nacional dos Comandantes Gerais

CPD Centro de Processamento de Dados

CSM/MTel Centro de Suprimento e Manutenção de Material de Telecomunicações

DTel Diretoria de Telemática

EAD Ensino a Distância

EAP Estágio de Atualização Profissional

FBI Federal Bureau of Investigation

FNQ Fundação Nacional da Qualidade

GC Gestão do Conhecimento

GC&I Gestão do Conhecimento e Inovação

GESPOL Sistema de Gestão da Polícia Militar

IC Instrução Complementar

ICC Instrução Continuada de Comando

ONU Organização das Nações Unidas

PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo

PPMQ Prêmio Polícia Militar da Qualidade

PROERD Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência

PVT Programa Video-Treinamento

SADE Sistema de Avaliação de Desempenho

SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública

SIADIN Sistema Administrativo Integrado da PMESP

SISUPA Sistema de Supervisão da Padronização

SSP Secretaria da Segurança Pública

SSPM Sistema de Sugestões da Polícia Militar

SSPM On-Line Sistema de Sugestões On Line

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

Page 12: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

Sumário

Introdução .................................................................................................................. 14

1 Conceituações de Gestão do Conhecimento, Web 2.0 e Inovação .............. 18

1.1 Gestão do Conhecimento. ................................................................................ 18

1.2 Web 2.0, Redes Sociais, Ferramentas Sociais e Mídias Sociais. ................... 21

1.3 Inovação ........................................................................................................... 25

2 Gestão do Conhecimento na Polícia Militar de São Paulo ............................ 30

2.1 A Abordagem Institucional de GC .................................................................... 30

2.2 Pesquisas da Instituição ................................................................................... 32

2.3 Referências em Pesquisas e Órgãos Públicos ................................................ 34

3 O Emprego de Ferramentas Sociais na Polícia Militar de São Paulo .......... 37

3.1 Pesquisas internas na organização e seus resultados práticos ...................... 37

3.2 Emprego recente e atual de ferramentas sociais ............................................. 39

3.2.1 Blog da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Blog do Comandante) ....... 39

3.2.2 Rede social nósGov (Secretaria da Gestão Pública) ..................................... 42

3.2.3 Rede Social nósGov-PM (PMESP) ................................................................ 43

3.2.4 Twitter ............................................................................................................. 44

3.2.5 Blaving ............................................................................................................ 51

3.2.6 Facebook ........................................................................................................ 52

3.2.7 Portal da Intranet ............................................................................................ 54

3.2.8 YouTube ......................................................................................................... 56

3.2.9 Blogs do Portal da Intranet ............................................................................. 57

4 Inovações na Polícia Militar de São Paulo ...................................................... 62

4.1 A visão da organização sobre inovação ........................................................... 63

5 Ferramentas Sociais na Gestão do Conhecimento Inovação ....................... 70

5.1 Perfil dos potenciais colaboradores ................................................................. 71

5.2 Aspectos motivacionais da colaboração online ............................................... 80

5.3 Captando Colaboração da Comunidade .......................................................... 83

5.4 Captando Colaboração do Público Interno ...................................................... 85

5.5 Ferramentas Gerando Valor ............................................................................. 88

Page 13: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

6 Metodologia Adotada na Pesquisa .................................................................. 90

6.1 Análise e Interpretação dos dados da Pesquisa .............................................. 90

7 Proposta da Monografia .................................................................................... 93

7.1 Medidas de ordem geral ................................................................................... 94

7.1.1 Melhor organização do conhecimento coletivo .............................................. 94

7.1.2 Melhor organização dos processos produtivos .............................................. 95

7.1.3 Organização e normatização do emprego de Redes Sociais, Ferramentas

Sociais, Mídias Sociais e Recursos Web 2.0 ................................................. 96

7.2 Medidas específicas ......................................................................................... 96

7.2.1 Melhor exploração do Orkut e outras redes ................................................... 97

7.2.2 Criação da Wikipedia PM ............................................................................... 98

7.2.3 SISUPA .......................................................................................................... 99

7.2.4 Maior ênfase no emprego de aplicações do tipo Mashup ............................. 99

Conclusão ................................................................................................................ 101

Referências .............................................................................................................. 102

Bibliografia Consultada .......................................................................................... 105

APÊNCICE A ............................................................................................................ 106

Page 14: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

14

IInnttrroodduuççããoo

A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma organização que completa

em 2011 seus 180 anos de criação. Desde 1831, quando foi criada com 100 homens

de infantaria e 30 de cavalaria, a instituição vem crescendo e se aperfeiçoando,

tanto numericamente (hoje contando com 100 mil homens e mulheres) quanto em

sua gestão, doutrina e técnicas.

Essa evolução fica evidente quando se observa dados estatísticos

universalmente aceitos, tais como (o principal deles) o indicador de homicídios para

cada 100 mil habitantes, estabelecido pela ONU, para o qual, nos últimos 15 anos o

estado de São Paulo teve uma drástica redução, de 35 para menos de 10

homicídios para cada 100 mil habitantes.

Pode-se dizer que inúmeros fatores, como políticas de governo, evolução

econômica, diminuição do desemprego, dentre outros, tenham contribuído para que

esta realidade fosse alcançada. Por outro lado, não há evidências de melhoria de

alguns outros fatores relacionados como, por exemplo, o percentual de crimes

solucionados, o número de homicidas presos, o número de produtos de roubo

recuperados, dentre outros.

Assim, sem ignorar os outros fatores mencionados, mas restringindo esta

primeira análise em termos de segurança pública, pode-se destacar as ações

gerenciais do Comando da Polícia Militar como grandes alavancas dos resultados

apresentados.

Esse sucesso vivenciado nos últimos anos foi conquistado por meio de

estratégias gerenciais, as quais, por sua vez, foram adotadas a partir do

conhecimento coletivo da organização, integrada na sociedade e no governo. Cada

vez mais o conhecimento tem tomado o lugar do “muito fazer”, o planejamento tem

dado lugar à ação impulsiva e o treinamento tem substituído o amadorismo. Não

somente as ações gerenciais evoluíram, mas a técnica policial.

Mas o número de homicídios não é o único desafio a ser vencido. É preciso

que os cidadãos se sintam seguros, protegidos da ação criminosa. Este é o objetivo

a ser perseguido para que seja garantido o pleno desenvolvimento social, e só pode

ser alcançado por meio do conhecimento cada vez mais apurado e complexo.

Page 15: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

15

O surgimento das primeiras discussões acerca da Ciência Policial é um fato

marcante, já que por muito tempo se discutiu Polícia no campo das Ciências

Jurídicas ou no campo das Ciências Sociais. Trata-se de desenvolver formas de

como aproveitar ao máximo o conhecimento coletivo das organizações policiais para

o desenvolvimento de soluções que façam a intersecção entre o legal e o social.

Mais do que meramente um aplicador da lei, o policial contemporâneo deve

ser um operador do Direito e da Justiça, tal a complexidade de seu trabalho, como

principal braço do estado a auxiliar o cidadão, dada sua proximidade e presença. No

estado de São Paulo, por exemplo, existem policiais militares a serviço do cidadão,

diuturnamente, em todos os 645 municípios durante todos os 365 dias do ano.

Isto é, acima de tudo, compromisso com o cidadão.

Cada vez mais as instituições primam pelo conhecimento intensivo, de

maneira que, atualmente, uma organização do porte da Policia Militar, uma

instituição da grandeza do estado de São Paulo, ao pretender prosseguir com seu

bom desempenho, necessita de muito trabalho, de muito capital e de muito

conhecimento.

Ao analisarmos estes três componentes, podemos afirmar que,

inevitavelmente, os 100 mil homens realizam muito trabalho, pois trata-se de um

verdadeiro exército. A PMESP vem aperfeiçoando sua gestão no sentido de fazer

com que este mesmo efetivo produza cada vez mais e melhor, esta tem sido uma

tônica do Comando.

Também, quanto ao capital intensivo, graças à sua capacidade de

organização, a PMESP vem constantemente aproveitando adequadamente os

investimentos do governo, tornando-se inclusive suporte e modelo para outras áreas

do estado, dentro da própria Secretaria de Segurança Pública e também para outras

secretarias a municípios. Inúmeros são os convênios com municípios para as mais

variadas ações envolvendo segurança pública.

Mercê disso, conta hoje com aproximadamente 15 mil viaturas, 35 mil

computadores, 29 aeronaves, além de embarcações, radiocomunicação,

armamento, equipamentos de proteção individual, centros de apoio para as áreas de

finanças, recursos humanos, logística e patrimônio, veículos, armamentos,

processamento de dados e telecomunicações, inteligência policial e comunicação

social.

Page 16: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

16

Por estas condições, a PMESP também é referência para outras forças

policiais, tanto Polícias Militares, quanto Bombeiros Militares, Guardas Municipais e

até mesmo Polícia Federal, que controla atualmente a SENASP e vem se valendo

do conhecimento aqui desenvolvido para a formação de agentes em todo o Brasil

por meio de recursos EAD.

Embora muitas organizações não anunciem os créditos à PMESP pelos

conhecimentos absorvidos da organização, há evidências empíricas desta condição

de referência nacional. Estas evidências encontram respaldo explicitamente nas

declarações de integrantes de outras polícias.

Por exemplo, durante a IV Jornada Nacional de Polícia Comparada, em

agosto de 2011, no estado da Bahia, onde inúmeras autoridades locais, incluindo

Comandante Geral, o Subcomandante e o Comandante da Academia, declararam

valer-se constantemente das pesquisas e alfarrábios da PMESP para

aperfeiçoamento de seus processos.

Apenas para concluir esta breve contextualização, o Comandante Geral da

PMESP movimentará em 2011, somente de recursos provenientes do tesouro do

estado, um orçamento inicialmente previsto na monta de 7,2 bilhões de reais, maior

que o de 15 estados brasileiros.

Quanto ao conhecimento, então, este é o grande desafio do presente início

de século. Estamos na era da informação, as mudanças na sociedade ocorrem

muito rapidamente, não se concebe mais a desinformação, não é permitido cometer

erros grotescos. A identidade, os valores, as técnicas, mesmo em constante

evolução, devem ser plenamente difundidas em tempo real. É uma condição para a

sobrevivência para qualquer organização.

É nesse sentido que este estudo se propõe à discussão, já que tratará de

como utilizar de maneira eficiente as modernas ferramentas de Tecnologia da

Informação e Comunicação (TIC), especialmente os recursos da Web 2.0, ou

Ferramentas Sociais, como utilitários para a gestão do conhecimento e inovação

Parte-se do problema de que o uso inadequado dos recursos Web 2.0 pode

despender muito trabalho sem gerar plenamente os benefícios almejados.

Tem-se então, por objetivo deste trabalho, investigar até que ponto a Polícia

Militar tem utilizado adequadamente os recursos Web 2.0 e indicar soluções que

otimizem a relação entre a gestão do conhecimento na PMESP, as inovações

promovidas pela instituição e o emprego recente das ferramentas sociais.

Page 17: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

17

Deste objetivo surgem as hipóteses:

A abordagem da gestão do conhecimento na Polícia Militar está de

acordo com as melhores práticas da gestão?

A abordagem mais ampla da gestão do conhecimento permitirá à Polícia

Militar aproveitar melhor as oportunidades de aprimoramento da gestão?

O foco em gestão do conhecimento quando da utilização de ferramentas

sociais permitirá maior produção de soluções inovadoras?

A polícia militar continuará sendo referência em soluções inovadoras ao

aprimorar o foco de uso de ferramentas sociais para a gestão do

conhecimento?

A pesquisa foi realizada em termos empíricos, a partir de revisão

bibliográfica, de coleta de informações em sites e redes sociais e de entrevistas com

autoridades e especialistas.

O primeiro capítulo apresenta conceituação teórica capaz de alicerçar as

discussões posteriores.

O segundo capítulo trata de como a Polícia Militar enxerga a Gestão do

Conhecimento, em contraste com a visão de autores contemporâneos.

O terceiro capítulo apresenta uma análise de como a Polícia Militar tem

empregado as ferramentas sociais, com ênfase no estudo dos objetivos das ações já

desenvolvidas nesse sentido, corroborado pelos dados obtidos nas pesquisas ente

as principais ações.

O quarto capítulo contém uma análise da visão institucional sobre inovação,

sua vocação para o desenvolvimento de soluções em benefício da sociedade

paulista.

O quinto capítulo traduz aspectos que influenciam à colaboração, seus

fatores motivacionais e algumas estratégias para estimular a participação dos

públicos interno e externo no desenvolvimento de melhorias.

O sexto capítulo descreve os métodos utilizados na pesquisa e traz a análise

das informações coletadas.

No sétimo capítulo é apresentada uma projeção das possibilidades

existentes atualmente para a Polícia Militar para emprego de ferramentas sociais

especificamente com a finalidade de gestão do conhecimento e inovação.

Page 18: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

18

11 CCoonncceeiittuuaaççõõeess ddee GGeessttããoo ddoo CCoonnhheecciimmeennttoo,, WWeebb 22..00 ee IInnoovvaaççããoo

Uma das primeiras providências deste estudo é estabelecer definição

aceitável de Gestão do Conhecimento, de Web 2.0 e de Inovação. Este capítulo se

destina a apresentar um breve resumo das conceituações mais aceitas.

1.1 Gestão do Conhecimento.

Uma das mais recentes e importantes pesquisas acadêmicas sobre o tema

foi realizada por Lima (2010). Sua relevância para este estudo se dá porque

elaborou seus conceitos com foco específico em políticas públicas de gestão do

conhecimento como estratégia de integração com a sociedade.

Após análise da visão de diversos autores sobre o tema, Lima foi capaz de

sintetizar um conceito interessante de Gestão do Conhecimento, baseado

principalmente no conceito de Barbosa (2008):

“A Gestão do Conhecimento é um conjunto de processos realizados por meio do planejamento e controle das situações nas quais o conhecimento possa ser produzido, registrado, organizado, compartilhado, disseminado e utilizado, com a finalidade de possibilitar melhores decisões, acompanhamento de eventos e tendências externas e contínua adaptação da empresa às condições sempre mutáveis e desafiadoras do ambiente onde a organização atua.” (LIMA, 2010, p. 36)

Segundo o autor, citando Tiwana (2002), algumas exclusões foram

desenvolvidas para proteger as empresas, interessadas em investir no assunto, dos

vendedores de sistemas de Gestão do Conhecimento, ou seja, o que GC não é:

GC não é engenharia do conhecimento. Antes disso, ela está no domínio da administração e sistemas de informação, não na ciência da computação.

GC não é somente sobre redes digitais, está relacionada com gestão de processos. A TI é um habilitador não um orientador.

GC não é fazer uma boa intranet, GC aborda conhecimento e experiência.

GC não é um mero investimento de curto prazo em TI. É um investimento de futuro que requer atenção e avaliações consistentes.

GC não é colocar redes de alta velocidade. GC não deve ser confundida com sistemas de informação empresariais. Seu principal foco está em ajudar as pessoas certas terem a informação certa no tempo certo”. (LIMA, 2010, p. 34)

O Quadro 1 demonstra o pensamento dos principais autores cujos conceitos

que serviram por base para seu estudo.

Page 19: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

19

Quadro 1 - Conceitos de Gestão do Conhecimento

Fonte: Lima, 2010, p. 36.

Outro importante conceito foi deduzido por Gambaroni (2009, p 48) adaptado do

Exército Americano, cuja ênfase está no aprendizado organizacional e no cumprimento

das missões mesmo diante das adversidades:

“Gestão do Conhecimento é o processo e arte de criar, organizar, aplicar e transferir conhecimento com o propósito de facilitar o entendimento situacional e a tomada de decisão para uma correta e oportuna ação. Um complemento da definição pode incluir: A Gestão do Conhecimento dá suporte ao aprendizado organizacional e aos processos de inovação e aperfeiçoa a aplicação do capital intelectual na busca dos objetivos institucionais. Seus processos garantem que os produtos e serviços gerados sejam relevantes e precisos; sejam fornecidos no momento adequado; sejam úteis aos comandantes e tomadores de decisão; e permitam a realização da ação mais adequada e no momento oportuno.” (GAMBARONI, 2009, p. 48)

Page 20: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

20

Segundo o autor, a aquisição do conhecimento envolve processos cognitivos

complexos: percepção, aprendizado, comunicação, associação e raciocínio,

utilizando dados e informações para sua elaboração.

Por fim, no contexto da administração pública, apresenta-se aqui a definição

defendida pelo Comitê Executivo do Governo Eletrônico (citada por BATISTA et al,

2005, p.11), que compreende Gestão do Conhecimento:

“[...] como o conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores públicos em criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para a inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo.”

Por esta definição verifica-se o viés de participação do cidadão como

colaborador do setor público, e não meramente como beneficiário passivo do que o

as organizações do estado podem lhe oferecer. Além disso, envolve processos

intencionais, ou seja, com objetivos claros e definidos e, portanto, mensuráveis. Este

conceito enquadra-se perfeitamente no conceito de Inovação Aberta, apresentado

logo à frente neste mesmo capítulo.

Para sintetizar a compreensão de pensamentos comuns destes três

pesquisadores, apresenta-se a seguir o Quadro 2, com as principais ações que

envolvem os conceitos:

Quadro 2 - Processos em Gestão do Conhecimento

Processos em Gestão do Conhecimento

Autor Grupos de Processos de GC

Lima (2010) PRODUZIR,

REGISTRAR ORGANIZAR UTILIZAR

COMPARTILHAR,

DISSEMINAR

Gambaroni (2009) CRIAR ORGANIZAR APLICAR TRANSFERIR

Batista et al (2005) CRIAR, COLETAR ORGANIZAR TRANSFERIR,

COMPARTILHAR

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos conceitos pesquisados por Lima (2010), Gambaroni

(2009) e Batista (2005)

Page 21: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

21

Cada um destes quatro grupos de processos deve ser perfeitamente

gerenciado para que o conjunto seja produtivo. É necessário que o conhecimento

seja adequadamente produzido (criado, captado, coletado, registrado, etc.),

organizado, utilizado (aplicado, empregado, que gere valor) e disseminado

(compartilhado, ensinado, transmitido, etc.).

Segundo Fleury & Oliveira Jr. (2010), há uma diferenciação entre

conhecimento como objeto e conhecimento como processo.

“Embora as duas perspectivas na literatura, conhecimento como objeto e conhecimento como processo, sobreponham-se, conduzem mensagens diferentes para os gerentes que tentam entender o que a gestão do conhecimento realmente significa para eles. A primeira dedica pouca atenção às pessoas, individual ou coletivamente, a menos que o ativo do conhecimento considerado não esteja separado delas. [...] Enquanto a primeira perspectiva procura abstrair o conhecimento das pessoas que o criam e o implementam, a segunda, que foca o conhecimento como processo, envolve processos individuais e sociais de criatividade, inovação, motivação e comunicação.” (FLEURY & OLIVEIRA JR., 2010, p. 31)

Enquanto a primeira perspectiva parece se preocupar mais com o domínio

das ferramentas, a segunda aponta para um sentido amplo como parte dos

processos organizacionais.

O capítulo 2 deste trabalho apresenta uma análise de GC na Polícia Militar.

1.2 Web 2.0, Redes Sociais, Ferramentas Sociais e Mídias Sociais.

O fenômeno da Web 2.0 é o principal ingrediente da revolução do

conhecimento vivenciada nos últimos anos, crescendo em velocidade exponencial

na medida em que as novas tecnologias da informação e comunicação permitem,

cada vez mais, que democraticamente todos possam obter acesso às mais variadas

informações e se tornarem também editores na internet.

A entrevista de Don Tapscott (2011) à revista Veja nos dá conta do que é

esta realidade:

“Com a prensa móvel, ganhamos acesso à palavra escrita. Com a internet, cada um de nós pode ser seu próprio editor. A imprensa nos deu acesso ao conhecimento que já havia sido produzido e estava registrado. A internet nos dá acesso ao conhecimento contido no cérebro de outras pessoas em qualquer parte do mundo. Isso é uma revolução. E, tal como aconteceu no passado, está fazendo com que nossas instituições se tornem obsoletas.” (TAPSCOTT, 2011, p. 22)

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22

Segundo Tapscott, a era industrial, que está chegando ao seu fim em razão

do esgotamento do seu modelo, tinha características próprias bem diferentes da era

do conhecimento, que estamos iniciando.

“Na era industrial, tudo é feito para a massa. Criamos a produção de massa, a comunicação de massa, a educação de massa, a democracia de massa, a sociedade de massa.” (TAPSCOTT, 2011, p. 22)

Naquela realidade da era industrial, a grande diferença estava na

concentração do conhecimento. Como poucos o detinham, logo seu fluxo era

orientado sempre de poucos, ou de um, para muitos. Essa característica

unidirecional estava presente na educação, na saúde, na democracia e em toda a

sociedade. Quem detém o conhecimento detém a exclusividade da comunicação.

“Na sociedade pós-industrial, o conhecimento será transmitido não mais de um para muitos, mas de um para um, ou de muitos para muitos. Será a inteligência em rede, num sistema de colaboração em massa.” (TAPSCOTT, 2011, p. 22)

Este conceito também é defendido por Spyer (2007, p. 21), ao explicar o

termo social software, usado desde 2002 para definir o “tipo de programa que

produz ambientes de socialização pela internet” e que seria responsável pela

colaboração online. A Figura 1 apresenta as diferentes interações entre uma

conversa telefônica (1), a TV (2) e a internet (3).

Figura 1 - Níveis de comunicação

Fonte: Spyer (2007, p. 21)

Segundo nos ensina Spyer (2007, p. 27), “Web 2.0 é o termo mais difundido

dentro da indústria de tecnologia como sinônimo de sites colaborativos.” Algumas

características destes sites podem ser:

baixo custo de desenvolvimento;

Page 23: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

23

fluxo de conteúdo a partir do usuário (bottom-up);

relacionamento entre os participantes;

combinação de soluções e de conteúdo de mais de um site (esta

característica de experiência integrada recebeu também o jargão “mash-

up”).

Ferrari (2009, apud CGIBr, 2009, p. 49) também oferece uma contribuição

para esta compreensão:

“Para entender essa mudança de comportamento em relação ao uso da tecnologia, é preciso ter um olhar antropológico para a fase neobarroca em que vivemos. Nas cidades, surgiram outros pontos de referência, como os shopping-centers, a TV e o computador. Os cidadãos não se encontram mais na praça após a saída da missa, por exemplo. A troca do espaço físico pelo espaço ideal, que muitas vezes pode ser apenas o espaço virtual, tornou a circulação da informação um processo hexadecimal (01010101...), que infinitamente gera novos e novos ruídos. A informação não segue mais um caminho linear.” (FERRARI, 2009, p. 49)

Terra (2010) apresenta uma definição de Web 2.0 já na introdução de sua

obra, quando assim trata:

“A Web 2.0 refere-se à adoção de ferramentas digitais mais colaborativas, nas quais os usuários deixam de ser meros consumidores de informação para se tornarem produtores e validadores de conteúdos.” (TERRA, 2010, p. )

Pode-se chegar, a partir destas informações, a uma definição de Web 2.0:

“Web 2.0 pode ser definida como o universo de sites colaborativos que, por

suas características, tornam possível que todos os usuários sejam editores, nos

quais os conteúdos, de autoria única ou combinada, podem ser desenvolvidos e

publicados a baixo custo, de modo a permitir o fluxo de informações e o

relacionamento entre os participantes.”

A este conceito cabe apenas a ressalva, apresentada por Terra (2010),

também na própria introdução, onde cita o próprio criador da web:

“Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, argumenta que a internet foi concebida como um canal de comunicação aberto e que a Web 2.0 é só mais um jargão sem sentido.” (TERRA, 2010, p. )

Fato é, entretanto, do ponto de vista do usuário, que a Web só foi conhecida

realmente como canal de comunicação aberto a partir da democratização advinda da

evolução e diminuição dos custos da tecnologia.

Já as redes sociais não necessitam da internet para existirem, pois seu

ingrediente principal é a comunicação. Sempre estiveram presentes desde o início

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da humanidade, evoluindo na medida em que os meios de comunicação também

foram se modificando.

“A formação de redes sociais é uma característica dos seres humanos desde os tempos mais remotos. Fundamental para a sobrevivência do grupo em ambientes hostis, a criação de comunidades garantia que ações coordenadas e executadas coletivamente com inteligência fossem vencedoras sobre a natureza.” (LIMA, 2011, p. )

O fenômeno de redes sociais acaba se confundindo com a própria

comunicação, como se pode verificar a seguir:

“[...] redes sociais são formas de comunicação e, como qualquer método de comunicação, significa manter privadas algumas coisas e tornar públicas outras. O real interesse nas redes sociais não reside naquilo que você deseja ocultar, e sim no que decide exibir.” (POWELL, 2010, p. 42)

Recuero (2010), em um de seus artigos, retrata as diferenças entre as redes

sociais online e as offline. E apresenta algumas conclusões, das quais se pode

destacar:

“Durante algum tempo, foquei minha pesquisa em tentar compreender se as redes sociais na Internet refletiam as redes sociais fora dela. Meu objetivo era entender se podemos compreender o grupo social a que alguém pertence a partir das conversações na Internet e como essas conversações podem refletir-se, em retorno, nesses grupos. Depois de ter estudado uma série de ferramentas e sua apropriação, compreendi que as redes sociais online são essencialmente diferentes das offline, embora possam refletir estas de forma parcial.” (RECUERO, 2010)

Este trecho torna bem claro que as redes sociais existentes fora da internet

podem ser emuladas parcialmente, mas não retratadas fielmente, até porque a as

ferramentas existentes na internet nivelam os diferentes graus de intimidade ao

permitirem, por exemplo, que os amigos tenham acesso às informações publicadas

por determinado usuário (ou, segundo Recuero, ator).

Pode-se citar também, a respeito de redes sociais, a seguinte definição:

“Uma rede social consiste em um ou mais conjuntos de atores sociais e em todas as relações instituídas entre eles. Um ator, por sua vez, pode ser uma pessoa, ou um conjunto discreto de pessoas agregadas em uma unidade social coletiva, como subgrupos, organizações e outras coletividades.” (BARBOSA et al. in CCGIBr, 2010, p. 52)

Outra característica importante é destacada por Recuero para definir os

componentes das redes:

“Uma rede social é definida como o conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais) [...]. Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões.” (RECUERO, 2010, p. 23)

Page 25: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

25

Mas então o grande mérito da internet seria a facilitação do estabelecimento

das conexões, ou, conforme Castells, a mediação da comunicação, já se referindo

aqui às redes sociais computacionais:

“As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais” (CASTELLS, 2006, p. 57)

E novamente esta realidade é confirmada na publicação produzida pelo

Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr), em sua edição comemorativa de cinco

anos de pesquisa:

“As redes sociais constituem um espaço, no qual a interação entre as pessoas permite a construção coletiva, a mútua colaboração, a transformação e o compartilhamento de ideias em torno de interesses mútuos dos atores sociais que as compõem. A Internet potencializa o poder dessas redes, devido à velocidade e à capilaridade com as quais a divulgação e a absorção de ideias acontecem.” (BARBOSA et al., in CGIBr, 2010, p. 52)

Segundo Recuero (2010), mídia social é diferente de rede social. Tendo já

definido rede social, cabe então aqui estabelecer o conceito de mídia social como “a

dinâmica informativa da rede, caracterizada pela mediação do computador”. O texto

a seguir esclarece melhor esta definição:

“[...] rede e mídia social são coisas diferentes. As redes sociais são metáforas para os grupos sociais. Já a "mídia social" (sem entrar, aqui, no mérito do termo), é um conjunto de dinâmicas da rede social. Explico: São as dinâmicas de criação de conteúdo, difusão de informação e trocas dentro dos grupos sociais estabelecidos nas plataformas online (como sites de rede social) que caracteriza aquilo que chamamos hoje de mídia social. São as ações que emergem dentro das redes sociais, pela interação entre as pessoas, com base no capital social construído e percebido que vão iniciar movimentos de difusão de informações, construção e compartilhamento de conteúdo, mobilização e ação social. E isso ocorre principalmente porque as redes sociais acabam criando e mantendo, através das ferramentas da Internet, canais mais permanentemente abertos de informação e contato.” (RECUERO, 2010)

1.3 Inovação

Inovação é o combustível da evolução. Para que a sociedade evolua, muitas

vezes á necessário melhorar a sua forma de organização, melhorar a qualidade dos

bens, dos serviços e dos relacionamentos produzidos, de modo a agregar valor para

as pessoas. Para que os produtos evoluam, é preciso que haja inovação, caso

contrário sempre haveria a produção de resultados iguais.

Page 26: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

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“A revolução industrial nos deixou importantes lições. Segundo os historiadores, houve pelo menos duas revoluções industriais: a primeira começou pouco antes dos últimos trina anos do século XVIII, caracterizada por novas tecnologias como a máquina a vapor, a fiadeira, o processo Cort em metalúrgica e, de uma forma mais geral, a substituição das ferramentas manuais pelas máquinas; a segunda, aproximadamente cem anos depois, destacou-se pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão interna, de produtos químicos com base científica, da fundição eficiente de aço e pelo início das tecnologias de comunicação, com a difusão do telégrafo e a invenção do telefone. Entre as duas há continuidades fundamentais, assim como algumas diferenças cruciais. A principal é a importância decisiva de conhecimentos científicos para sustentar e guiar o desenvolvimento tecnológico após 1850. É precisamente por causa das diferenças que os aspectos comuns a ambas podem oferecer subsídios preciosos para se entender a lógica das revoluções tecnológicas.” (CASTELLS, 2006, p.71)

Segundo Felice e Nardi (2010, p. 12 e 13), muitas são as definições e

conceitos de inovação, indo desde o próprio dicionário Aurélio, que a define como

novidade, até o comentário de Peter Drucker:

“Faça uma análise das 100 empresas mais poderosas do mundo e você encontrará 100 empresas voltadas a resultados com base em soluções inovadoras em mercados altamente exigentes” (DRUCKER, apud FELICE e NARDI, 2010, p. 12)

Segundo Plonski (2008), em entrevista para o site iGovSP, ofereceu as

seguintes definições:

“Inovação é resultado e inovação também é processo. Inovação como resultado é uma idéia implantada pela primeira vez que tenha efeitos significativos, efeitos econômicos, sociais, ambientais, militares, políticos, gerenciais. Que tenha um ou mais destes efeitos. [...] Inovação também é processo. É o conjunto de condições e ações que fazem com que tenhamos sistematicamente inovações acontecendo. [...] é alguma coisa que pode e deve ser gerenciada pela organização e também pelo setor público.” (PLONSKI, 2008)

Para melhor compreensão do fenômeno “inovação” é interessante verificar

como pode ocorrer. Porter (2004, p. 184 a 186), ao descrever o processo evolutivo

das organizações, menciona três tipos principais de inovações (no produto, no

marketing e distribuição e no processo). Vejamos a seguir:

Inovação no produto: decorrente principalmente da inovação

tecnológica, pode promover o crescimento da organização ou acentuar a

diferenciação do produto, tendo como ressalva a cautela para que as

inovações, neste caso, não venham a acarretar para sua produção,

distribuição e marketing.

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27

Estas inovações não podem ser “forçadas”, mas decorrência de um

relacionamento com o cliente e dentro de suas necessidades, sob pena de

causarem o efeito inverso ao desejado.

Inovação no marketing e na distribuição: a abertura de novos canais

de comunicação pode permitir que novos clientes tenham acesso ao

produto, assim como a descoberta de novos meios de distribuição, ambas

com impacto na diferenciação do produto.

Pode-se citar como exemplo de inovação no marketing a padronização

visual ocorrida nos últimos anos nas viaturas e nos imóveis ocupados pela Polícia

Militar, cuja tendência é de facilitar o acesso aos serviços.

Como bom exemplo de inovação na distribuição, temos a criação de

programas de policiamento, capazes de customizar a forma de entrega do produto

“segurança pública”, de maneira que seja possível atender com mais rapidez aos

chamados nas grandes metrópoles com o uso de motocicletas (ROCAM e Resgate).

O atendimento de situações mais complexas e arriscadas é feito com a presença de

mais policiais em uma única viatura (Força Tática), para casos em que a situação

assim o requeira.

Inovação no processo: diz respeito aos métodos ou nos processos de

produção, podendo ter seu início dentro ou fora da organização.

Para alicerçar melhor a compreensão dos processos de GC&I, também se

pode citar Valle & Oliveira, quanto aos seguintes conceitos, segundo a definição do

Business Process Modeling Notation (BPMN), um dos métodos mais empregados na

classificação e notação de processos:

“Atividade: Termo genérico para o trabalho desempenhado pela empresa. Processos, subprocessos e tarefas são tipos de atividades. Tarefa: Tarefa (task) é uma atividade atômica incluída num processo. No modelo de processos, a tarefa é o desdobramento máximo do trabalho executado no processo. Processo: Qualquer atividade desempenhada no interior da organização. No modelo de processos, é retratada como uma rede constituída por outras atividades em fluxo e por seus respectivos controles de seqüenciamento (eventos e junções). Um processo de negócio contém um ou mais processos. Evento: Algo que “acontece” no curso do processo de negócio, influenciando seu fluxo. Há o evento inicial, o evento final e eventos intermediários.” (VALLE & OLIVEIRA, 2009, p. 9)

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Os autores também apresentam a arquitetura Process Classification

Framework (PCF), segundo a qual existem 12 grupos de processos de gestão de

negócios. Estes são classificados como processos operacionais (ou primários ou de

negócios):

“1.0 - Desenvolver visão e estratégia 2.0 – Desenhar e desenvolver produtos e serviços 3.0 – Elaborar plano de venda e vender produtos e serviços 4.0 – Entregar produtos e serviços 5.0 – Gerenciar serviço de atendimento ao cliente” (VALLE & OLIVEIRA, 2009, p. 19)

Apresentam ainda os processos gerenciais e de serviços de apoio, que são:

“6.0 – Desenvolver e gerenciar capital humano 7.0 – Gerenciar Tecnologia da Informação (TI) 8.0 – Gerenciar recursos financeiros 9.0 – Adquirir, construir e gerenciar propriedade 10.0 – Gerenciar meio ambiente, saúde e segurança 11.0 – Gerenciar relacionamentos externos 12.0 – Gerenciar conhecimento, melhoria e mudança” (VALLE & OLIVEIRA, 2009, p. 19 e 20)

Percebe-se que todos os tipos de inovação podem ser enquadrados em uma

classificação de processos. Por exemplos, temos que inovar no sistema de

atendimento ao cliente constitui um processo do grupo 5.0, operacional. Da mesma

forma, elaborar plano de venda e vender produtos e serviços, como grupo 3.0.

Gerenciar conhecimento, melhoria e mudança, grupo 12.0.

Terra (2010, p. 54) apresenta uma diferenciação importante para este

estudo, por aqui se tratar do emprego de recursos Web 2.0: os conceitos de

Inovação Fechada e Inovação Aberta. Segundo ele, Inovação Fechada tem por base

os esforços internos de pesquisa e desenvolvimento das organizações. Por outro, a

Inovação Aberta emprega o conceito de Inteligência Coletiva, com a utilização ampla

dos recursos internos e externos.

Ainda, segundo Terra, as organizações subestimam a transição entre a

forma convencional e a Inovação Aberta (open innovation), imaginando que se trata

meramente de gerar canais de comunicação. Ignoram, porém, o mais importante:

gerar valor para as partes interessadas. E reforça:

“Há um grande número de empresas que ainda não capturam valor com colaboração porque simplesmente não entendem a magnitude das mudanças necessárias. A mudança do modelo mental, especialmente em relação a Propriedade Intelectual, compartilhamento de recursos, reconhecimento pelo trabalho, colaboração e alinhamento de objetivos, faz

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29

a empresa precisar pensar em algum plano de gestão de mudanças.” (TERRA, 2010, p. 54)

A figura a seguir demonstra as principais diferenças entre os dois modelos:

Quadro 3 - Inovação Fechada X Inovação Aberta

Fonte: Terra (2010, p. 54)

E esta realidade apontada por Terra também pode ser alicerçada por Senge

(et al., 2007, p. 40), ao afirmar que, para ver de uma maneira nova, é necessário

interromper o modo habitual de pensar. Ao se referir à “capacidade de deixar em

suspenso”, afirma que essa suspensão é o “primeiro gesto básico para aprimorar a

percepção”.

A necessidade de mudança do modelo mental é, muitas vezes, difícil para

aqueles que ousam inovar, em razão das resistências naturais às mudanças por

aqueles que não querem sair de sua zona de conforto.

“A capacidade de suspender modos convencionais de ver é essencial para quaisquer descobertas científicas importantes. Por isso, também, os descobridores, como os inovadores nas organizações tradicionais, acham muitas vezes que, em conseqüência, sua vida se torna mais difícil.” (SENGE et al., 2007, p. 45)

Neste contexto, então, pode-se concluir que, para inovar, não basta

simplesmente começar a mudar as formas de realizar as tarefas ou fazer coisas

novas, mas, principalmente, parar e pensar de forma diferente. Inovar, não pela

inovação em si, mas como conseqüência de um novo pensamento e do enxergar

uma nova realidade.

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22 GGeessttããoo ddoo CCoonnhheecciimmeennttoo nnaa PPoollíícciiaa MMiilliittaarr ddee SSããoo PPaauulloo

A Gestão do Conhecimento é um tema recorrente de alguns trabalhos

acadêmicos constantes na biblioteca do Centro de Altos Estudos de Segurança “Cel

PM Terra” (CAES). Entretanto a maioria dos pesquisadores da instituição tem

desenvolvido suas pesquisas com foco mais concentrado no sistema de ensino.

Partindo da premissa de que o tema abrange uma dimensão maior do que apenas a

transmissão do conhecimento, pretende-se neste capítulo elaborar uma visão

holística que permita alicerçar propostas apresentadas nos capítulos finais.

2.1 A Abordagem Institucional de GC

A Polícia Militar conta, desde o ano 2009, com um compêndio que consolida

seus processos de gestão organizacional. Trata-se aqui do livro GESPOL, o qual

teve sua segunda edição, atualizada, ao final de 2010.

Por se tratar de uma consolidação de pensamentos correntes, pode-se

afirmar que o contido no livro representa a visão da organização sobre as diversas

áreas de gestão, sendo tratadas, nesta ordem, as áreas de gestão de Pessoas, de

Saúde, de Logística, de Finanças, de TIC, do Conhecimento e Inovação,

Operacional e de Comunicação Social.

Pode-se dizer que o livro, amplamente conhecido e divulgado no âmbito

interno da instituição e em alguns grupos de interesse na sociedade, dedica seu

oitavo capítulo, de maneira integral, à exposição da visão organizacional de Gestão

do Conhecimento e Inovação. Por esta razão e por conter, aparentemente, a única

versão oficial sobre GC&I, serve como base para esta primeira análise.

Então, segundo a ótica institucional, pode-se destacar algumas assertivas a

respeito de Gestão do Conhecimento. A primeira delas é a seguinte:

“A Gestão do Conhecimento envolve três dimensões relevantes e complementares: formação, qualificação, treinamento e desenvolvimento. Adota-se, portanto, uma Matriz de Formação, Qualificação, Treinamento e Desenvolvimento (MFQTD), composta por um Sistema de Ensino Continuado e um Programa de Qualificação, Treinamento e Desenvolvimento capaz de assegurar adequada base legal ao preparo e ao desenvolvimento dos integrantes da Instituição.” (GESPOL, 2010, p. 47)

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Na seqüência no mesmo capítulo, são apresentados os fundamentos nos

quais é focada essa formação, tais como as três dimensões prioritárias, “técnico-

policial”, “institucional” e “ética e moral”.

Algumas diretivas foram estabelecidas para balizar o desenvolvimento das

atividades relativas a esta área de gestão. A primeira delas é a Diretiva de

Qualificação, que preconiza o seguinte:

“Formação específica para o exercício da polícia ostensiva e de preservação da ordem pública voltada à valorização da proteção da vida, da integridade física e da dignidade de pessoa humana.” (GESPOL, 2010, p. 50)

A segunda delas é a Diretiva de Planejamento da Matriz de Capacitação,

que tem o seguinte enunciado:

“Geração da matriz de capacitação, a partir do desenho da matriz de competências desenvolvidas por programa de policiamento, especializadas e funções da matriz organizacional das atividades administrativas.” (GESPOL, 2010, p. 52)

Por fim, existe a Diretiva de Execução da Matriz de Capacitação, que reza:

“Programas de treinamento dirigidos à redução de não-conformidades, à garantia dos direitos fundamentais da pessoa humana, ao fortalecimento dos direitos, valores morais e deveres do policial militar e a ação integrada com a comunidade.” (GESPOL, 2010, p. 53)

Em resumo, a Polícia Militar qualifica seu pessoal por meio de formação

específica segundo a primeira diretiva apresentada. Uma vez qualificados, os

policiais passam a interagir na Matriz de Capacitação, a qual, por sua vez, possui

ações nas seguintes áreas:

1. Desenvolvimento: promovido a partir dos cursos e estágios previstos no

Calendário de Cursos e Estágios (CCE), publicado anualmente;

2. Complementação: realizada freqüentemente na forma de Instrução

Complementar (IC) e Instrução Continuada de Comando (ICC);

3. Treinamento: composto por seis tipos de ações:

a. Estágio de Atualização Profissional (EAP), presencial, realizado

anualmente em 38 horas de treinamento;

b. Vídeo Treinamento, editado mensalmente a todos os integrantes;

c. Preleção Diária, realizada preferencialmente a cada início de turno de

serviço;

d. Ensino a Distância (EAD), complementar ao ensino formal, por meio

eletrônico e informatizado;

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e. Encontro Técnico-Científico, que é uma atividade de ensino,

complementar aos demais processos de ensino.

Segundo esta ótica, pode-se deduzir que a gestão do conhecimento na

Polícia Militar é o produto desse sistema, ou seja, o somatório do conhecimento

disseminado nas escolas de formação e aperfeiçoamento, nos cursos ministrados

pelas unidades gestoras de determinadas áreas de conhecimento. Por exemplos,

pode-se citar os cursos de especialização em administração de recursos humanos

(ministrados pela Diretoria de Pessoal), os Estágios de Atualização Profissional

(EAP) e outras atividades, como o Programa Vídeo-Treinamento (PVT) e a Instrução

Continuada de Comando (ICC).

Propositalmente não são tratados neste capítulo a Diretiva da Inovação e

suas ações correspondentes, embora no livro estejam contidos no mesmo capítulo,

pois são objeto de estudo mais detalhado nos capítulos posteriores.

2.2 Pesquisas da Instituição

Alguns pesquisadores da instituição têm se dedicado à pesquisa do tema,

dentre os quais podemos citar alguns trechos que auxiliarão a compreensão de que

possíveis caminhos a organização poderia trilhar na evolução de suas práticas.

Verardi Neto (2002) discutiu a importância da Gestão do Conhecimento focado

na gestão da área de ensino da Corporação, hoje constituinte do Sistema de Ensino

mencionado no livro GESPOL.

Herrera (2006) demonstrou a importância da valorização do capital intelectual

da instituição por meio da remuneração proporcional às competências individuais. Em

um de seus argumentos, apresenta o exemplo da Microsoft, em 1995, no qual as ações

da empresa eram negociadas, à época, em valor muito maior do que seria o referente à

sua produtividade, justificando:

“[...] o segredo da valorização das ações da Microsoft consistia justamente na valorização de seus ativos intangíveis, bem como na identificação do conhecimento produzido pelas pessoas que interagem no contexto organizacional os três tipos de ativos intangíveis que podem ser encontrados no âmbito de uma empresa.” (HERRERA, 2006, p. 30)

E arremata:

“Esse é o grande diferencial da nova economia: a competência das pessoas, isto é, a capacidade de adquirir, aprimorar e transferir

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33

conhecimentos, habilidades e atitudes para, com base no aprendizado contínuo e na inovação, promover riqueza.” (HERRERA, 2006, p. 32)

Fernandes (2006) mencionou na conclusão de seu estudo:

“[...] nossa organização é uma daquelas que aprende diariamente, ocorrências em quantidades gigantescas, efetivos diariamente em contato com a população, registros diários em Boletim de Ocorrência sobre os assuntos mais variados, experiências que não têm preço, que são vividas e que devem ser compartilhadas.” (FERNANDES, 2006, p. 19)

Gambaroni (2009) trouxe à discussão conceitos mais amplos, atualizados à

nova visão em administração. Pode-se destacar de sua pesquisa os seguintes aspectos:

“[...] a segunda maior prioridade entre executivos chefes era, em 1998, “Aumentar a Gestão do Conhecimento” (com 88%), perdendo em prioridade apenas para a necessidade de globalização das empresas. (BALDRIGE, 1998, apud GAMBARONI, 2009, p. 25).”

Também apontou uma tendência:

“[...] criação de um novo posto de trabalho nas organizações, usualmente conhecido nos países de língua anglo-saxônica por “Chief Knowledge Officer” (CKO) ou, com menor frequência, “Chief Knowledge Architect”, ou CKA. Em português, CKO tem sido traduzido como “Executivo do Conhecimento”, “Gestor do Conhecimento” ou “Diretor da Gestão do Conhecimento”, dentre diversas outras formas.” (GONÇALVES, 2006, apud GAMBARONI, 2009, p. 25).

Ficou demonstrado, a partir dessa pesquisa, a importância e a necessidade

crescente do Gestor do Conhecimento nas organizações. Este tende a ser um cargo de

relevante importância na organização, muito próximo do cargo do Diretor-Presidente, ou

CEO, de forma a envolver toda a alta administração com os vitais processos de gestão

do conhecimento na organização.

Neste contexto, Gambaroni (2009, p. 35), aponta que uma das ferramentas

amplamente utilizadas para alavancar o Aprendizado Organizacional são as chamadas

Comunidades de Prática.

Um estudo realizado pela empresa de consultoria Deloitte & Touche estima que,

mesmo em nossos dias, pelo menos 70 por cento do conhecimento organizacional é

tácito e baseado na experiência pessoal de seus integrantes. Isso reforça a importância

da captação desse conhecimento de forma a alavancar a eficiência e efetividade

organizacional. (DELOITTE, 2001, apud GAMBARONI, 2009, p. 37).

Vale também citar, do texto de Gambaroni (2009, p. 40 a 43) a “Taxonomia do

Conhecimento”:

Conhecimento explícito e conhecimento tácito;

Conhecimento proposicional e conhecimento perspectivo;

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34

Conhecimento essencial, conhecimento avançado e conhecimento

inovador; e

Ignorância inconsciente, ignorância consciente, conhecimento consciente

e conhecimento inconsciente.

Por questões de praticidade, destaca-se neste aspecto apenas a diferenciação

entre conhecimento explícito, que é aquele já documentado, essencialmente formal, e o

conhecimento tácito, de característica informal e que recebe mais importância em

organizações que buscam competitividade e inovação.

Gabaroni também evidencia (2009, p. 43 a 46) a importância do Gestor do

Conhecimento para as organizações, detalhando algumas de suas principais tarefas

(tais como encorajar, gerenciar, facilitar e mensurar os processos de GC), elencando

algumas habilidades necessárias aos detentores desse cargo.

A Polícia Militar possui mecanismos de incentivo à pesquisa, dentre os quais

pode-se destacar o Doutorado e o Mestrado Profissional em Ciências Policiais de

Segurança e Ordem Pública, inseridos dentro do Sistema de Ensino da Polícia

Militar. Este, por sua vez, tem sua existência fundamentada da Lei Complementar

1.086/06 e em sua regulamentação subseqüente. O Mestrado e o Doutorado

profissionais são realizados no Centro de Altos Estudos de Segurança, unidade

subordinada à Diretoria de Ensino e Cultura e integrante do sistema.

Uma das ações legítimas de Gestão no Conhecimento na PMESP e que tem

servido de referência em várias polícias militares do Brasil é o Sistema de

Supervisão e Padronização (SISUPA). Pode ser assim classificado porque reúne a

experiência de muitos policiais (todos podem participar) na elaboração dos

Procedimentos Operacionais Padrão (POP).

2.3 Referências em Pesquisas e Órgãos Públicos

Em termos de Gestão do Conhecimento, um referencial importante para a

PMESP é a Secretaria de Gestão Pública, já que, por suas ações, tem influenciado

as políticas públicas do governo e, por conseqüência, também a Polícia Militar.

Nesse aspecto, o governo de estado já vem empregando uma política ampla

de GC&I, consolidada em algumas ações, desde o último Plano Plurianual (PPA),

referente ao período 2008-2011.

Page 35: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

35

Pode-se destacar neste documento os seguintes programas:

fortalecimento da gestão com tecnologia, informação e inovação;

internet e novas tecnologias.

Cada programa de governo possui ações correspondentes para levar a cabo

seus objetivos e proporcionar o retorno dos investimentos de recursos públicos.

Dentre estes objetivos pode-se destacar os seguintes:

“Alinhar a tecnologia de informação e comunicação aos objetivos do governo, como ferramenta de aperfeiçoamento da gestão pública, inovando formas de trabalho e de relacionamento com a sociedade. [...] Explorar ao máximo o potencial da comunicação de governo na internet e novas tecnologias de informação e comunicação.”

Estes objetivos possuem fundamentação teórica no pensamento de

especialistas, como Don Tapscott (in VEJA, 2011, p. 19), por exemplo. Segundo ele,

“a internet não muda o que aprendemos, mas o modo como aprendemos – e o

impacto disso será tão intenso quanto a invenção dos tipos móveis da imprensa por

Gutenberg.” Por essa invenção o conhecimento, antes privilégio de poucos, tornou-

se muito mais democrático e fez com que o feudalismo entrasse em decadência,

afetando todo o mundo na época.

Afirma também que “não vivemos na era da informação. Estamos na era da

colaboração. A era da inteligência conectada.”

Segundo Maquiavel, para se conhecer e desenhar adequadamente o relevo

das montanhas é necessário posicionar-se nos vales, e para visualizar os vales,

posicionar-se nas montanhas. Da mesma forma, em metodologia científica

recomenda-se certo distanciamento do objeto pesquisado, a fim de obter-se a real

visão, sem distorções.

Por analogia a estes dois exemplos, pode-se afirmar que o cliente detém

muito conhecimento acerca dos produtos e serviços que ele mesmo consome.

Conhece seus defeitos e pontos fracos, suas qualidades e pontos fortes, de uma

ótica não conhecida pelos integrantes de qualquer organização, o que inclui a

organização pública e, por conseqüência, a Polícia Militar.

Por esta razão a indústria tem buscado aproximação dos clientes para que

estes participem ativamente do desenvolvimento de seus novos projetos, vide

exemplos da indústria automobilística, na qual um dos mais recentes projetos que

contaram com participação ativa do consumidor foi o Fiat Cinquecento.

Page 36: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

36

Com base nos conceitos de Nonaka & Takeuchi (2008), Lima (2010)

desenvolveu o seguinte diagrama de formação do conhecimento de instituições

públicas:

Figura 2 - Síntese de GC público X privado (conceito de Nonaka & Takeuchi)

Fonte: Lima (2010, p. 51)

A partir destas informações constata-se que, dos quatro grupos que

compõem os processos de GC e que estão descritos no primeiro capítulo deste

trabalho, a Polícia Militar possui tem seu foco bastante voltado para os processos de

disseminação e de compartilhamento de informações, sendo este o mais

desenvolvido entre os quatro.

Tem ainda mecanismos de fomento à produção do conhecimento, por meio

dos cursos de bacharelado, de mestrado e de doutorado.

Os mecanismos de aplicação prática do conhecimento passam pela

intermediação do sistema de ensino, ou seja, o que se pratica é o que se transmite

nas escolas de qualificação na formação profissional e o que é recebido como

atualização profissional.

Parece, entretanto, que de não há mecanismos claros, com objetivos

definidos, que permitam consolidar e organizar melhor o conhecimento.

Provavelmente seja este o ponto chave do problema. Obviamente aquilo que é bem

organizado pode ser aplicado e disseminado mais facilmente, permitindo ainda a

captação, o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de novos conhecimentos.

Não existe na Polícia Militar um órgão ou um cargo responsável por essa

organização, de modo que cada processo é realizado isoladamente pelos órgãos

responsáveis. Essa falta de pensamento sistêmico quanto à GC não facilita que as

ações e os processos sejam coordenados e, como conseqüência, perde-se muitas

oportunidades de melhoria.

Page 37: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

37

33 OO EEmmpprreeggoo ddee FFeerrrraammeennttaass SSoocciiaaiiss nnaa PPoollíícciiaa MMiilliittaarr ddee SSããoo PPaauulloo

A Polícia Militar utiliza há algum tempo ferramentas sociais em seus

processos de interação com o cliente e de GC&I. Pode-se dizer que, em parte, a

adoção dessas ferramentas deve-se à aplicação prática de pesquisas internas.

3.1 Pesquisas internas na organização e seus resultados práticos

Uma das principais, mais recentes e mais práticas pesquisas foi realizada na

organização por Tucci (2008), sobre o tema “Internet: indicadores e ferramentas para

alavancar a Comunicação Social na Polícia Militar”. Pretende-se apenas destacar

alguns aspectos dessa pesquisa para permitir visualizar o que influenciou nas

práticas atuais.

Em sua pesquisa, abordou aspectos importantes quanto à conceituação de

Comunicação, de Internet e das leis e normas que regulam seu uso no serviço

público e na instituição. Trouxe também uma informação situacional do

funcionamento do site da PMESP na época e um comparativo com sites dos

Carabineros do Chile, dos Carabinieri da Itália, do Federal Bureau of Investigations

(FBI) e do Departamento de Polícia de Los Angeles.

Ao final, apresentou nova proposta de formatação do Portal da Polícia Militar

na Internet. Muito do que foi proposto nesse estudo foi implantado e atualmente, já

em funcionamento, constitui uma das principais bases para o funcionamento do

Portal. Pode-se indicar as seguintes propostas:

1. Mudança do tamanho da tela para 1024 X 768 pixels – a fim de

proporcionar adequação da página aos monitores mais utilizados no

mercado, em proporção 16:9 (alteração já realizada);

2. Acessibilidade – diferenciação do página para pessoas com diferentes

níveis de deficiência visual, com páginas em contraste, de modo a

permitir maior visibilidade;

3. Disponibilização de maior número de informações e serviços á

sociedade, destacando:

Page 38: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

38

a. Cópia de Boletim de Ocorrência (BOPM);

b. Cópia do Atestado de Sinistro do Corpo de Bombeiros;

c. Cópia do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB);

d. Imagens de câmeras instaladas na cidade e nas rodovias estaduais;

e. Criação do Blog do Comandante (já criado);

f. Criação de linha de relacionamento com o público jovem – indicando,

neste particular, a continuidade do relacionamento com o público que já

freqüentou o PROERD E O JCC, além da criação de perfil no Orkut;

g. Criação de matérias e vídeos institucionais (já em funcionamento);

h. Criação de especo destinado à mensagem do Comandante;

i. Criação de serviço RSS (Rich Site Summary ou Really Simple

Syndication);

j. Criação de serviço de Chat;

k. Abertura de novos campos de pesquisas criminais e melhoria dos serviços

existentes;

4. Campanhas internas de conscientização – no intuito de promover

melhoria dos serviços e conseqüente minimização das reclamações

recebidas por meio do “Fale Conosco” (canal de comunicação já

existente e que registrava, à época, mais de 50% de comunicações

referentes a reclamações);

5. Descentralização das inclusões de dados – visando ao aumento de

quantidade e de precisão das informações disponibilizadas;

6. Mudança de domínio (de “polmil.sp.gov.br” para “policiamilitar.sp.gov.br”)

– com a finalidade de tornar mais fácil de ser localizado o site (alteração

já processada); atualmente, com a evolução das ferramentas de

pesquisa, a página do Google é praticamente passagem obrigatória a

qualquer um que queira localizar algo na internet, o que tornou esta ação,

de certa maneira, menos impactante;

7. Possibilidade de acesso pelo celular - atualmente uma realidade, não

pelo site propriamente, mas em função da modernização dos aparelhos

ofertados pelas operadoras no mercado de telefonia móvel;

8. Criação de um Programa de Comunicação Social – proposta em parte

aceita pelo Comando ao criar, em 2009, o Centro de Comunicação Social

(CComSoc);

Page 39: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

39

9. Alteração das Instruções para Utilização da Internet (I-30-PM) – ainda

não processada desde a proposta, porém cada vez mais necessária em

razão das crescentes mudanças.

3.2 Emprego recente e atual de ferramentas sociais

Algumas ações mereceram destaque nos últimos anos e estão brevemente

descritas a seguir, na ordem cronológica aproximada em que passaram a ser

utilizadas. Diz-se ordem aproximada em razão de algumas destas iniciativas terem

sido criadas concomitantemente.

3.2.1 Blog da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Blog do Comandante)

Inicialmente foi intitulado “Blog do Comandante” (desde o dia 10SET2009),

vindo posteriormente (em 2011) a ter um caráter mais corporativo e impessoal,

quando recebeu a atual denominação.

A Figura Z apresenta o aspecto atual do Blog em 05OUT11, já com o título

atualizado.

Desde a criação do Blog, em 2009, as publicações apresentam uma

tendência de crescimento, enquanto as participações por meio de comentários vêm

diminuindo, conforme demonstrado nesta seqüência de gráficos ilustrativos. O

primeiro gráfico (Figura 4) é quantitativo, o seguinte (Figura 5) traz a comparação

das médias mensais de publicações e comentários e o terceiro (Figura 6), a

quantidade de comentários por publicação a cada ano desde a criação do Blog.

Page 40: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

40

Figura 3 - Blog da PMESP

Fonte: http://www.policiamilitardesaopaulo.blogspot.com/, acesso em 05OUT11.

Figura 4 - Publicações X Comentários no Blog da PMESP (2009 a 2011)

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa no Blog da PMESP, acesso em 13SET11

(http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com).

Page 41: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

41

Figura 5 - Médias mensais de Publicações X Comentários no Blog da PMESP (2009 a 2011)

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa no Blog da PMESP, acesso em 13SET11

(http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com).

Figura 6 - Proporções de Comentários por Publicação no Blog da PMESP (2009 a 2011)

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa no Blog da PMESP , acesso em 13SET11

(http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com).

Uma condição importante em se tratando de recursos Web 2.0 é a

interatividade, ou seja, até que ponto as ações são realmente colaborativas,

interativas, ou meras publicações, no velho estilo Web. Obviamente existe alguma

Page 42: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

42

participação dos internautas, o que, no caso deste blog, pôde ser verificado por meio

dos gráficos já expostos. A tabela a seguir mostra as publicações mais comentadas:

Quadro 4 - Publicações mais comentadas

ANO TÍTULO RESUMIDO NÚMERO DE

COMENTÁRIOS

2009

Site da PMESP 25

Comando reconhece o trabalho dos policiais militares 18

2010

Adicional de Local de Exercício (ALE) - Pronunciamento do Comandante

90

Concurso público para ingresso como soldado feminino 65

Mudança de nome da instituição: Polícia Militar X Força Pública 56

2011

Policial morre em serviço em Santo André 10

Dia Internacional da Mulher 8

Policiais presos por roubo a caixa eletrônico 7

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa no Blog da PMESP, acesso em 13SET11

(http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com).

3.2.2 Rede social nósGov (Secretaria da Gestão Pública)

A rede social nósGov foi criada pelo Prof. Álvaro Gregório, integrante do

Grupo de Apoio Técnico à Inovação (GATI), da secretaria de Gestão Pública, no ano

2008. O grupo, liderado pelo Dr. Roberto Agune, contava ainda com especialistas

como os Prof. José Antônio Carlos e Sérgio Bollinger e tinha como principal objetivo

liderar ações de inovação entre os órgãos públicos estaduais.

A rede social serviu como ponto de encontro para troca de experiências

entre os integrantes dos grupos setoriais de inovação, criados em todas as

secretarias do governo do estado. Foi utilizada uma plataforma da empresa Ning

Inc., sediada em Palo Alto, California – EUA.

O Decreto 53.963, de 21JAN09, instituiu, no âmbito da Administração

Pública Estadual, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação. Dentre outras

providências, determina:

“Artigo 2º - São diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação: [...]

Page 43: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

43

V - o desenvolvimento da cultura de inovação e compartilhamento de conhecimentos e informações nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, entre eles, e junto aos demais Poderes e níveis de governo, e com a sociedade; [...]”

A partir do segundo semestre de 2009, mesmo período em que foi criado o

Blog do Comandante, teve início maciça participação de policiais militares na rede

nósGov.

Entretanto, estes passaram a discutir variados assuntos na rede, o que

revelou uma demanda reprimida interna da organização. Em poucos meses a rede,

que até então possuía aproximadamente 100 integrantes, passou a mais de 2.500

com a participação dos policiais militares. Isto motivou a criação de uma rede

exclusiva (nósGov-PM). Mesmo com essa rede própria, muitos ainda continuaram

participando desta primeira iniciativa.

A rede nósGov teve seu funcionamento encerrado definitivamente me

meados de 2010, quando seu criador, em mensagem a todos integrantes, afirmou

que estava plenamente concluído o propósito para o qual foi criada.

3.2.3 Rede Social nósGov-PM (PMESP)

Como decorrência da maciça participação dos policiais militares na rede

nósGov e visando suprir a demanda de participação gerada, foi criada no final de

2009 a rede nóvGov-PM. Era necessário proporcionar um meio para que surgissem

discussões interna acerca de gestão do conhecimento e inovação.

Em poucos meses a rede já contava com mais de 7.000 integrantes e com

mais de 10.000 convites a outros policiais militares. Houve solicitações de policiais

de outros estados e de civis para participarem, mas o acesso permaneceu restrito

exclusivamente aos integrantes da PMESP.

Rapidamente surgiram Fóruns de discussão dos mais variados assuntos,

desde tecnologia, ensino, concursos internos, política salarial, uniformes e até

mesmo psicologia.

A rede também possuía ferramentas que permitiam criar comunidades.

Surgiram então grupos de representantes de batalhões e outras unidades, com

participação moderada ou não, conforme a política de cada administrador, muito

Page 44: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

44

semelhantes às comunidades que são criadas no Orkut. Algumas discussões

interessantes ocorreram acerca do SISUPA, do GESPOL, de aulas preparatórias

para concursos internos (como o CSP, por exemplo).

O trecho a seguir pode ser uma plausível explicação para o curto tempo de

sobrevida dessa rede, apesar de haver indicações de sua utilidade:

“[...] as redes sociais conectadas são redes distribuídas e de baixa hierarquia. O que significa isso? Essas redes são formadas por pessoas interagindo, seguindo um padrão de organização. Esse padrão permite o surgimento de conexões através de redes distribuídas, ou seja, elas são mais distribuídas do que centralizadas. Nesse contexto de conexão distribuída, a hierarquia é baixa. E justamente nesse conceito topológico está o porquê de as empresas não deslancharem na rede. A característica de ser distribuída, conectando milhares de pessoas, consumidores, fornecedores, colaboradores, empregados, admiradores etc é muito bom para qualquer marca, mas a baixa hierarquia (liberdade na troca de informações) que possibilita a formação do capital social, é um temor.” (LIMA, 2010, p. )

Para que houvesse uma adequada aceitação desta rede na Polícia Militar,

seria necessário elaborar algumas de regras que possibilitassem a tradução da

hierarquia da organização para sua aplicação nesta nova forma de comunicação.

Segundo o Cel PM José Maurício Weisshaupt Perez, criador da rede e seu principal

administrador, foi elaborada proposta para essas regras, porém nunca chegou a ser

discutida amplamente antes que a rede fosse suspensa.

3.2.4 Twitter

Vejamos a definição do Twitter segundo a Wikipedia, a enciclopédia livre

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Twitter), Acesso em 16 set. 2011:

“Twitter é uma rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento. As atualizações são exibidas no perfil de um usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários seguidores que tenham assinado para recebê-las. As atualizações de um perfil ocorrem por meio do site do Twitter, por RSS, por SMS ou programa especializado para gerenciamento. O serviço é gratuito pela internet, entretanto, usando o recurso de SMS pode ocorrer a cobrança pela operadora telefônica. Desde sua criação em 2006 por Jack Dorsey, o Twitter ganhou extensa notabilidade e popularidade por todo mundo. Algumas vezes é descrito como o "SMS da Internet".”

Page 45: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

45

Outra definição dá conta de que muitas empresas utilizam este meio de

comunicação:

“[...] por exemplo o fenômeno Twitter – mistura entre rede social, serviço de mensagens instantâneas e microblogging, capaz de agregar grande quantidade de marcas e empresas: a cada cem empresas pesquisadas, 54% delas estavam

presentes no Twitter, segundo pesquisa da Fortune, em julho de 2009.” (FERRARI, 2009, p. 40)

Considerando a característica rápida das publicações nesta ferramenta,

conferido pelo limite de 140 caracteres, muitas vezes é utilizada para publicação de

status dos usuários e, com maior freqüência, para divulgar manchetes ou indicar

matérias mais completas.

O emprego pela Polícia Militar em seu perfil corresponde a esta segunda

forma. Funciona da seguinte maneira: publica-se um título de notícia de interesse

institucional, para que os seus seguidores no Twitter recebam aquele conteúdo.

Todos então ficam sabendo do título, que contém também um link para acesso a

maiores detalhes da matéria.

Mas é justamente aí que ocorre um problema: as URL (de Uniform Resource

Locator ou, em português, Localizador Padrão de Recursos), ou seja, os endereços

eletrônicos onde as matérias podem ser localizadas na Web, geralmente são

representadas por um grande número de caracteres, o que por si só já ocuparia boa

parte, ou a totalidade ou até mesmo excederia a capacidade da ferramenta (140

caracteres).

A solução para estes casos é o emprego, em conjunto com o Twitter, de

ferramentas popularmente chamadas de encurtadores de URL. São sites específicos

onde se digita a URL da matéria ou arquivo que se deseja divulgar e, em seguida, o

próprio site fornece um endereço simplificado, o qual pode ser postado como link no

Twitter ou outra ferramenta. Quando o usuário acessa esse link simplificado,

automaticamente é redirecionado para a matéria, passando instantaneamente pelo

site encurtador de URL, que faz a conversão.

A Polícia Militar criou em 2010 um perfil no Twitter, o qual conta atualmente

com 12.699 seguidores e 2.542 Tweets (publicações).

A figura D apresenta o aspecto dessa página no Twitter, que aparentemente

é um sucesso, na medida em que informa os usuários das ações praticadas pela

instituição. Tem como principal objetivo o marketing institucional para o

fortalecimento da imagem.

Page 46: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

46

Figura 7 - Página da PMESP no Twitter

Fonte: http://twitter.com/#!/PMESP, acesso em 13OUT11.

Pesquisa na internet permitiu verificar como outras Polícias Militares

trabalham no Twitter e como é a aceitação pelos usuários. Não foram encontrados

muitos perfis. O primeiro a aparecer nas buscas é o da PMESP, seguido da PM do

Rio de Janeiro (dois perfis), da Bahia, de Minas Gerais, e do Amapá. O Quadro 5 faz

uma comparação entre os perfis. A Figura 6 retrata o topo das principais páginas

encontradas.

Quadro 5 - Comparativo entre perfis institucionais no Twitter

PERFIL ENDEREÇO TWEETS SEGUIDORES

PMESP http://twitter.com/#!/pmesp 655 4.364

PMERJ (1) http://twitter.com/#!/PM_RJ 152.759 1.271

PMERJ (2) http://twitter.com/#!/pmerj 129.283 888

PMBA http://twitter.com/#!/pmdabahia

PMMG http://twitter.com/#!/pm5_pmmg 31 551

PMAP http://twitter.com/#!/pm_amapa 23.086 526

Fonte: pesquisado pelo autor em www.twitter.com, em 07OUT11.

Page 47: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

47

Figura 8 - Perfis institucionais de algumas polícias no Twitter

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa em www.twitter.com , acesso em 07OUT11.

Outro perfil criado com sucesso no Twitter foi o chamado PM na Marginais,

cujo principal objetivo é oferecer informações para os usuários sobre o trânsito. É um

serviço de utilidade pública que também fortalece a imagem institucional.

Page 48: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

48

Figura 9 - Twitter PM nas Marginais

Fonte: http://twitter.com/#!/PMnasmarginais, acesso em 07OUT11.

Uma informação interessante sobre este perfil, que demonstra seu sucesso,

pode ser obtida se comparado a outros perfis com objetivos similares (Quadro 6).

Quadro 6 - Comparativo entre perfis no Twitter sobre trânsito em São Paulo.

PERFIL ENDEREÇO TWEETS SEGUIDORES

PMnasmarginais http://twitter.com/#!/PMnasmarginais 655 4.364

TransitoSPO

@transitoSPO http://twitter.com/#!/transitospo 152.759 1.271

Transito em SP e RJ

@transito http://twitter.com/#!/transito 129.283 888

Transito São Paulo

@SPtransito http://twitter.com/#!/sptransito 31 551

transitoSP

@transitoagoraSP http://twitter.com/#!/transitoagorasp 23.086 526

Transito SP Agora

@transitospagora http://twitter.com/#!/transitospagora 93.653 305

Transitosp http://twitter.com/#!/transitosp 1.199 120

Fonte: pesquisado pelo autor em www.twitter.com, em 07OUT11.

Page 49: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

49

Algumas conclusões podem ser tiradas a partir destes dados, mas é fato que

o perfil PM nas Marginais, tem muito mais seguidores, três vezes mais que o

segundo perfil, que tem cerca de 230 vezes mais publicações. Isto permite concluir,

empiricamente, que o perfil em questão possui boa aceitação entre os internautas. A

Figura 10 apresenta o aspecto resumido desses perfis, por ordem de quantidade de

seguidores.

Figura 10 - Perfis no Twitter sobre Trânsito em São Paulo

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa em www.twitter.com , acesso em 07OUT11.

O Corpo de Bombeiros da PMESP também possui um perfil bastante

interessante no Twitter. Boa parte das notícias veiculadas é de interesse também do

trânsito, pois sempre que há uma operação de resgate em determinada pista, isto

Page 50: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

50

implica em congestionamento. Uma gestão integrada dos dois perfis poderia

fortalecer a credibilidade de ambos.

Figura 11 - Perfil do Corpo de Bombeiros da PMESP no Twitter

Fonte: http://twitter.com/#!/bombeirospmesp, acesso em 13OUT11.

Uma característica importante do Twitter é que o site permite, de certa

forma, avaliar a popularidade e influência de determinada personalidade ou

organização. Segundo Maxwell (2007, p. 21), “a verdadeira medida da liderança é a

influência”. Aplicando-se este princípio ao nosso contexto, pode-se afirmar que

haverá uma boa avaliação de como se exerce influência na sociedade e,

conseqüentemente, de sua liderança, a partir do número de seguidores no Twitter.

Exercer influência na opinião das comunidades, no modo como encaram a

segurança, quanto ao respeito às leis e aos direitos de todos é uma nobre razão

para a Polícia Militar buscar esse reconhecimento. A sociedade confiará mais na sua

polícia na medida em que reconhecer sua boa influência para o bem comum.

Uma das razões que pode levar os internautas a seguirem determinado perfil

é a identificação de algo meritório. Assim, pode-se afirmar que, segundo Campbell,

(1988), o Twitter da PMESP cumpre perfeitamente o papel de reforçar o mito do

Page 51: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

51

herói, visto que apresenta diariamente notícias de inúmeras ações meritórias e

abnegadas praticadas pelos policiais militares em todo o estado.

Apresentar conteúdos que agreguem, de maneira prática, valor ao cotidiano

dos cidadãos pode ser outro tipo de ação que represente requisito de liderança,

atraindo mais seguidores. Por exemplo, oferecer informações estatísticas e outras

que auxiliem na segurança pessoal, contribuindo, inclusive, para a prevenção

primária do crime.

3.2.5 Blaving

Auto denominada “a rede social da voz”, segundo descrito no próprio site, “é

uma nova Rede Social que permite gravar mensagens de voz instantâneas e

compartilhá-las com quem quiser” (http://pt.blaving.com/sobre, acesso em

16SET11). A Figura a seguir apresenta o aspecto da página inicial da PMESP no

site.

Figura 12 - Página inicial da PMESP no site da ferramenta Blaving

Fonte: site http://pt.blaving.com/PMESP , acessado em 16SET11.

Page 52: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

52

Pode-se dizer que o Blaving é, então uma ferramenta que permite divulgar

conteúdos por meio de gravações de voz, divulgando-os à sua rede. O sistema de

interação com o usuário é muito parecido com o do Twitter, uma vez que permite

que o perfil seja seguido por outros usuários. O perfil da Policia Militar, criado em

2011, possui 85 seguidores (http://pt.blaving.com/PMESP, acesso em 16SET11).

Das 20 gravações postadas no ano, resultaram 13 manifestações de aprovação

pelos usuários. A matéria mais votada foi a intitulada “Dicas de Segurança no

trânsito”, com 9 manifestações positivas. A última postagem ocorreu em 13 de julho

de 2011.

3.2.6 Facebook

O Facebook é um site de relacionamentos criado em 2004 que ocupa

atualmente a modesta posição de rede social mais freqüentada na Web. Sua

evolução é, provavelmente, um dos fatos mais notáveis dos últimos anos. A seguir

se apresenta breve trecho de texto desenvolvido em 2009:

“Se pensarmos que o Facebook, fundado em fevereiro de 2004 por um universitário de Harvard, Mark Zuckerberg, que queria compartilhar fotografias e manter os contatos dos amigos facilmente ao alcance das mãos, alcançou 300 milhões de usuários, com mais de 2 milhões de fotografias postadas por mês em 17 de novembro de 2009, percebemos o tamanho da força da mídia social [...]” (FERRARI, 2009, p. 40)

Após apenas dois anos, a rede passou a 598 milhões de usuários em todo o

mundo, em 2010, e chegou a 753 milhões em 2011 (GOULART, 2011, p. 92).

Entretanto, no Brasil, ainda não é a rede preferida dos internautas.

A Polícia Militar tem seu perfil na rede, ou melhor, tem três diferentes, sendo

um pessoal e dois como organização, cada um com informações diferentes. De

acordo com o CComSoc, inicialmente foi criado o perfil pessoal e, quando este

esgotou seu limite de associações, foi criado um segundo perfil, organizacional. O

terceiro perfil, também organizacional, não foi criado pelo órgão responsável, que

também não soube identificar seu criador e não tem recursos para excluí-lo.

Apresentam-se a seguir algumas figuras, representando a página de

informações dos três perfis da PMESP no Facebook.

Page 53: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

53

Figura 13 - Informações do perfil organizacional da PMESP no Facebook

Fonte: Facebook (http://www.facebook.com/pages/Pol%C3%ADcia-Militar-do-Estado-de-S%C3%A3o-

Paulo/108142042547636#!/pages/Pol%C3%ADcia-Militar-do-Estado-de-S%C3%A3o-

Paulo/108142042547636?sk=info, acesso em 040UT11).

Figura 14 - Informações do segundo perfil organizacional da PMESP no Facebook

Fonte: Facebook (http://www.facebook.com/pages/Pol%C3%ADcia-Militar-do-Estado-de-S%C3%A3o-

Paulo/108142042547636#!/pages/Pol%C3%ADcia-Militar-do-Estado-de-S%C3%A3o-

Paulo/108142042547636?sk=info, acesso em 04OUT11)

Page 54: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

54

Figura 15 - Página de informações do perfil pessoal da PMESP no Facebook

Fonte: Facebook (http://www.facebook.com/?ref=home#!/profile.php?id=100002524834592&sk=info,

acesso em 04OUT11)

Recentemente, em meados de 2010, o Comandante Geral orientou aos

Comandantes das diversas regiões do estado e da região metropolitana que

criassem perfis próprios nessa rede, com o intuito de permitir maior integração com

as diversas comunidades. Em decorrência desta ordem, existem hoje inúmeros

perfis de unidades de diversos níveis de comandamento, com os mais variados tipos

de informações.

3.2.7 Portal da Intranet

O Portal da Intranet foi totalmente remodelado, recebendo muitas das

alterações já mencionadas, indicadas por Tucci (2008). Atualmente é reconhecido

como o canal oficial de comunicação do Comando com todos os policiais militares.

A Figura 16 apresenta o aspecto da página principal desse portal, a partir da

qual podem ser acessadas, após uma série de cliques, as páginas das unidades. É

necessário bom conhecimento da organização para acessar algumas informações

contidas nessas páginas. A informação é organizada em função do organograma.

Page 55: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

55

Figura 16 - Portal da Intranet

Fonte: http://www.intranet.policiamilitar.sp.gov.br, acesso em 15SET11.

Possui mecanismos que permitem a cada unidade publicar seus próprios

assuntos, que são classificados conforme a área de interesse dentro de campos

próprios. Sua estrutura de publicação é consideravelmente prática.

Do ponto de vista da GC, carece de mecanismos de busca que possibilitem

acesso a informações, porém esta não seria uma deficiência do Portal e sim uma

carência institucional (esclarecida no capítulo 7).

Muitos assuntos, tais como normas, formulários, manuais, leis, dentre outros

de interesse institucional, encontram-se publicados nas páginas das unidades que

os gerenciam, fazendo com que o usuário necessite de inúmeros “cliques” até que

tenha acesso ao conteúdo, desde que saiba exatamente em qual página deve

procurar. Caso o usuário não saiba qual unidade publicou determinado conteúdo de

seu interesse, poderá ter grande trabalho para localizá-lo, ou mesmo não conseguir

o que precisa.

Page 56: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

56

3.2.8 YouTube

O YouTube é um site de compartilhamento de vídeos em formato digital,

criado em 2005 por funcionários do PayPal. (site de gerenciamento de transferência

de recursos financeiros para suporte a e-commerce).

Logo após sua criação já passou a ser uma potência, o que fez com que

fosse adquirido pela empresa Google, atual proprietária. Atualmente é um dos sites

mais populares da Internet e, certamente, uma interessante opção, como se pode

ver nesta publicação:

“Outra rede que vem crescendo no Brasil é o YouTube, já que as TVs por assinatura não cresceram como previsto. Canais nessa rede podem fidelizar a marca e o público. Gosto muito de dois exemplos que recorreram ao YouTube e estão conseguindo reverter suas imagens conservadoras: o The Royal Channel, canal da monarquia inglesa, e o canal do Vaticano. Em ambos os exemplos, o YouTube trouxe outra postura comunicacional, bem mais horizontal e sem intermediários. O canal da igreja católica tornou-se o principal veículo do Vaticano; com 468 vídeos postados e 20.306 inscritos, ele apresenta todo seu conteúdo em italiano, inglês, espanhol e alemão. Bem vindo ao século do compartilhamento!” (FERRARI, 2009, p. 50)

Figura 17 - Página da PMESP no YouTube

Fonte: http://www.youtube.com/user/sppoliciamilitar?feature=mhum, acesso em 13SET11.

Page 57: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

57

O site tem sido utilizado para a postagem de diversos tipos de vídeos, que

vão desde reportagens até entrevistas e informações de utilidade pública,

comemorações e solenidades.

Embora a maioria dos vídeos publicados no YouTube seja também

publicada nos portais da internet e da intranet, não é utilizado para esse trabalho

nenhuma aplicação do tipo mashup, o que requer trabalho duplicado por parte do

administrador.

3.2.9 Blogs do Portal da Intranet

A partir da criação do Blog do Comandante e da publicação do novo Portal

da Intranet, em 2010, foi incentivada a criação de Blogs internos, cujo acesso se dá

a partir de links no Portal da Intranet. Tendo como alvo o público interno, são

importantes para a divulgação de ações desenvolvidas pelo Comando e pelas

diversas áreas técnicas, como destaque para a TIC, por meio da Diretoria de

Telemática e de seus Centros subordinados (CPD e CSM/MTel).

A finalidade da utilização desta ferramenta seria promover a interação da

área técnica responsável pelo Blog com os usuários, que por sua vez tiveram a

oportunidade de contribuir para o melhor desenvolvimento do aplicativo ou da ação

promovida pelo Comando, tema do Blog.

Algumas peculiaridades marcaram o desenvolvimento e utilização dos Blogs

no Portal. Uma delas, interessante para ser lembrada, foi a escolha do tipo de

utilitário e a interface com o usuário. Inicialmente foi disponibilizado um ambiente e

recursos do Lotus Notes, programa licenciado pela IBM, o qual tem uma

característica burocrática para o desenvolvimento dos conteúdos. Devido a essa

limitação, o aplicativo não permitia a mesma versatilidade de inclusão de imagens,

filmes e outros detalhes, que são disponibilizados por aplicativos abertos como o

Wordpress, Blogger, Google e Blogspot.

Estima-se e pode-se inferir, a partir de análise empírica, que esta simples,

porém importante, limitação na criação dos conteúdos fez significativa diferença na

pouca participação dos usuários de cada tema nos respectivos Blogs. Obviamente,

por se tratar de uma questão de comunicação, o destaque dos ícones, a

Page 58: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

58

possibilidade de escolha dos tipos de fontes, planos de fundo e outros detalhes é de

fundamental importância para o perfeito entendimento e ilustração das idéias.

Alguns autores de Blogs procuraram desenvolver alternativas para suprir

essa limitação, anexando textos no formato de imagens, mas mesmo assim as

publicações, que em outros ambientes seriam simples, divertidas, prazerosas e

atrativas, tornaram-se desgastantes e dispendiosas de tempo. A equipe de suporte

passou a desenvolver soluções capazes de reproduzir a mesma interface web

presente nos ambientes abertos, aqui já mencionados.

Os Blogs do Portal foram divididos em categorias conforme áreas de

interesse. Estão disponíveis atualmente as seguintes categorias e respectivos Blogs:

Blog da PMESP: conforme já visto acima, é É o único em sua

categoria, disponível aos públicos interno e externo, a partir de links no

Portal da Intranet e na página da Internet, respectivamente. Utiliza

plataforma da ferramenta Blogger.

Blogs de Grupos Técnicos (abertos apenas para o público interno):

o Qualidade

o SISUPA

o Arquitetura e Estratégia de TIC

o Regimento Interno

Blogs de Tecnologia (abertos apenas para o público interno):

o COPOM On Line

o Inventário de Rádios

o Protocolo Corporativo

o SIOPM

Blog ONG (disponível aos públicos interno e externo, foi criado em

plataforma da ferramenta Blogger):

o Sou da Paz

Segundo os conceitos estudados, muitas destas alterações constituem

inovações, por si mesmas, tanto quanto ao marketing e distribuição como quanto

aos métodos e processos de produção. Pode-se caracterizar desta forma, por

exemplo, o Twitter da PMESP, uma vez que é utilizado principalmente para divulgar

realizações e possui, por isso, todo mérito.

Esta ação também contribui para o aumento da sensação de segurança, na

medida em que permite demonstrar aos internautas que a instituição está presente e

Page 59: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

59

atuante. A divulgação dos sucessos no trabalho policial representa insucesso para

os criminosos e serve como desestímulo.

Entretanto, do ponto de vista da GC, levados em consideração aos quatro

grupos de processos apresentados no primeiro capítulo deste estudo (produção,

organização, aplicação e transmissão do conhecimento), o emprego de ferramentas

sociais na Polícia Militar serve principalmente à transmissão do conhecimento,

interna e externamente.

A Figura 18 apresenta o Portal da Intranet e os links de acesso aos Blogs.

Para acessá-los é necessário selecionar uma das abas, denominada “Inicial”, a partir

da qual se apresentam as categorias de Blogs e, somente então é possível

selecionar o ícone de cada um deles.

Talvez esta quantidade de cliques seja uma boa explicação para a baixa

adesão e participação nestas iniciativas, conforme é demonstrado no Quadro 7,

localizado logo na seqüência.

Figura 18 - Acesso às categorias de Blogs pelo Portal da Intranet

Fonte: Intranet da PMESP (http://www.intranet.policiamilitar.sp.gov.br/), acesso em 13SET11.

Page 60: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

60

Quadro 7 - Numero de postagens e participações no blogs do Portal da Intranet

CATEGORIA NOME DO BLOG CRIAÇÃO PUBLICAÇÕES COMENTÁRIOS

Blogs de Grupos Técnicos

Qualidade 2010 6 7

SISUPA 2010 6 10

TIC 2010 1 0

RI da D Tel 2010 1 0

Blogs de Tecnologia

COPOM On Line 2010 14 32

Inventário de Rádios 2011 1 0

Protocolo Corporativo 2011 4 29

SIOPM 2010 16 18

Blog de ONG Abordagem Policial 2011 12 1

Fonte: Desenvolvido pelo autor a partir de pesquisa no Blog da PMESP, acesso em 13SET11

(http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com).

Não foram verificadas evidências claras de relacionamento com a produção,

organização e aplicação do conhecimento, pois não há indicadores desenvolvidos

para realizar esse acompanhamento. A simples verificação produzida neste capítulo

revelou que a participação dos públicos (interno e externo) nas ferramentas

utilizadas é baixa e inconstante.

Ainda, semelhantemente ao problema levantado quanto à GC na PMESP,

no capítulo anterior, percebe-se aqui, quanto à aplicação de recursos ditos da Web

2.0, a necessidade de um órgão específico que propicie a discussão de objetivos e

indicadores para que estas ferramentas, já em uso, sejam administradas como foco

também na captação de informações e conhecimento.

Embora indiscutivelmente o CComSoc seja o órgão adequado para

gerenciar os mecanismos de Comunicação Social, não pode ser sua atribuição

realizar as funções que seriam próprias do Gestor do Conhecimento.

Os autores da área de sustentabilidade costumam afirmar que não existe

lixo, pois tudo o que é descartado torna-se insumo para outro processo. Isto tem

todo fundamento na velha teoria de que, na natureza, nada se cria, pois tudo se

transforma.

Desta maneira, pode-se dizer que as redes sociais na internet produzem

insumos que devem ser aproveitados pelas diversas áreas, com destaque à Gestão

do Conhecimento.

É necessário que haja a formulação de quesitos, de objetivos, de

planejamento específico e de indicadores quanto à GC para a aplicação das

iniciativas gerenciadas pela área de Comunicação Social. Sem isso, seria o mesmo

Page 61: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

61

que uma hipotética companhia mineradora de petróleo, cujas ações fossem

gerenciadas pelo Departamento de Gasolina, na qual, tendo sido extraídos milhares

de barris de petróleo bruto, este fosse refinado exclusivamente segundo o

planejamento desse departamento, servindo para a fabricação de gasolina. Todo o

restante do refino seria descartado sem que fossem extraídos outros produtos tão

valiosos quanto a própria gasolina.

Page 62: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

62

44 IInnoovvaaççõõeess nnaa PPoollíícciiaa MMiilliittaarr ddee SSããoo PPaauulloo

Pode-se dizer que a Polícia Militar, por suas raízes na Força Pública, tem

total vocação para a inovação. Não fosse esta realidade, não seria por muitos

chamada “Milícia Bandeirante”, remetendo à história das Bandeiras, responsáveis

pelo desbravamento do sertão brasileiro e pela formação e o desenvolvimento da

nação brasileira.

A vocação inovadora da Polícia Militar, fundada há 180 anos, remonta aos

primórdios de sua existência. Muitos são os relatos de ações que revolucionaram

sua época. Um dos melhores compêndios desses feitos foi publicado na Revista

Força Policial, sob o título “Polícia Militar: Uma Crônica” (ARRUDA, 1997). Esse

texto serve por base para alguns fatos selecionados, que são citados a seguir com o

intuito de ilustrar essa realidade.

Logo no início de seu relato, Arruda já afiança:

“Não é possível compreender o papel de uma Instituição sem que se compreenda sua cultura. E é inútil tentarmos compreender sua cultura, como conjunto de práticas que pressionam fortemente o comportamento de seus membros, sem que procedamos a uma análise da história da Instituição, sua resposta às mudanças sociais, a criação de comportamentos habituais derivados da repetição de condutas de sucesso, seus ritos e interpretações da realidade.” (SILVA FILHO, apud ARRUDA, 1997, in Revist Força Policial)

Nesse diapasão, pode-se enumerar algumas respostas da Instituição a

mudanças sociais na época em que aconteceram, que constituíram ações altamente

inovadoras.

Já na sua criação, a nova milícia paulista se mostrava à frente do seu tempo:

“A modernidade ditava, por esse tempo, a reforma conceitual da polícia em vários países, sendo de se destacar, sobretudo, a modernização da força metropolitana londrina, promovida em 1829 [...] [...] igualmente com uma visão bastante avençada, Feijó determinava que a nova polícia brasileira deveria ser hierarquizada e disciplinada, composta exclusivamente por voluntários, que se dedicassem permanentemente, em tempo integral e com todas as suas energias, aos misteres policiais.”

Muitas destas características, decorrentes de inovações da época de sua

criação, ainda presentes atualmente na organização, tornaram-se responsáveis por

sua confiabilidade em meio aos desafios atuais. Destacam-se, por exemplo, as

características de hierarquia e disciplina, o voluntariado e a dedicação exclusiva.

Mercê destas qualidades, a Polícia Militar foi capaz de conter a greve violenta de

Page 63: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

63

outra força policial (Polícia Civil, em 2008), mesmo sob ataques e sofrendo disparos

de arma de fogo, sem revidar. Foi um fato notório recente que teve como alicerce

inovações do passado.

4.1 A visão da organização sobre inovação

O livro GESPOL, já citado no capítulo anterior, no seu oitavo capítulo,

dedicado à Gestão do Conhecimento e Inovação, traz o seguinte enunciado para a

Diretiva de Inovação:

“As ações de inovação utilizadas para fomentar a transformação de conhecimento tácito em explícito e alavancar os resultados estratégicos.” (GESPOL, 2009, p. 56).

Este é o pensamento corrente e comumente aceito sobre o tema. Nessa

mesma seqüência o livro traz as ações de inovação voltadas para explicitação do

conhecimento, que são as seguintes:

1. SISUPA: Sistema de Supervisão e Padronização, utilizado para conceber

e aperfeiçoar os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), combinado com outros

recursos também inovadores;

2. Moodle (Modular Object-Oriented for Learning Enviroinment): gerenciador

de aprendizagem utilizado no Sistema de Ensino da Polícia Militar por grupos de

estudos do Estado-Maior;

3. Wiki: ferramenta colaborativa de composição de conteúdos dentro do

Moodle e também isoladamente;

4. Blogs: veículo para difusão de assuntos específicos e obtenção de

feedback, abrangendo os públicos interno e externo;

5. Twitter: ferramenta do Comando para manter informados os “seguidores”

das ações da Polícia Militar;

6. Redes Sociais: desde meados de 2009, por meio da rede social

denominada nósGov, mantida pela Secretaria de Estado da Gestão Pública e, logo

em seguida, da rede social nósGov-PM.

Também pode-se destacar a visão do Comandante Geral, Cel PM Alvaro

Batista Camilo, sobre inovação, expressa, entre outras oportunidades, em breve

entrevista postada no site iGovSP (

Page 64: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

64

“[...] fantástica a inovação do governo, essa aproximação do governo com a população. Essa inovação vai fazer com que a gente consiga captar o conhecimento que está capilarizado em todos os setores públicos, até da própria comunidade, e trazê-lo para os setores públicos, trazê-lo pra dentro do governo. Precisa primeiro ter a mente aberta, segundo não se ater às restrições do que pode e do que não pode, ser crítico, tentar fazer, ver o que dá pra fazer e não se deter diante dos obstáculos. Porque a máquina governamental, por muito tempo, foi burocrática. E isso cria algumas coisas que, na polícia, a gente fala assim “é o policial do banco, ou seja, num determinado momento colocou-se um policial pra tomar conta de um banco que estava pintado; a tinta secou, o banco nem está mais lá e, se a gente bobear, o policial ainda está ali naquele posto tomando conta nem sabe do quê. Então a idéia é esta: criticar o que está sendo feito, sempre tendo como visão de futuro a melhoria do serviço para o cidadão. A inovação é fantástica, por isso deve ser não somente buscada mas incentivada, para que os dirigentes, os gerentes, enfim, todo o governo de uma maneira geral, desde o nosso funcionário mais simples lá da ponta da linha até os principais executivos do governo.”

Como se pode perceber nesta citação do livro GESPOL e na entrevista do

Exmo. Comandante Geral, as inovações tecnológicas trouxeram um pouco da

cultura da colaboração, principalmente pela criação de ambientes virtuais

colaborativos. Conforme elencadas no livro GESPOL como ações de GC&I, são

ações concentradas nos processos de Comunicação Social, de ensino e de gestão

de processos. Estas ações estão mais detalhadamente descritas no capítulo

específico.

Em síntese, as inovações implantadas pela área de comunicação social da

PMESP são, em primeira instância, inovações no marketing e na distribuição, na

medida em que modificam a maneira de distribuição de um dos subprodutos da

segurança pública: a sensação de segurança. É o que destaca o trecho a seguir:

“Proibidos em algumas empresas e órgãos públicos, sites de redes sociais começam a fazer parte da administração direta do Estado, em usos que vão além de divulgação e marketing de ações. Com funcionários responsáveis por monitorar Facebook, Twitter e Orkut, órgãos e empresas prestadoras de serviços públicos vêm conseguindo melhorar o atendimento ao cidadão. Ao menos quatro instituições - Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Polícia Militar (PM) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) - destacaram profissionais que acumulam, entre outras funções, o monitoramento de redes sociais. A partir de janeiro de 2009 - quando São Paulo se tornou o primeiro Estado a regulamentar o uso das redes no governo -, as secretarias criaram perfis, principalmente no Twitter. A maioria, porém, para divulgação.” (Estadão, 2011)

De outro lado, porém, constituem também inovações no processo, uma vez

que gerenciar serviços de atendimento de atendimento ao cliente constitui um dos

processos operacionais.

Page 65: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

65

Podem vir a constituir, por fim, inovações do produto, já que informações de

qualidade e em tempo real podem contribuir para a prevenção primária, que por sua

vez é outro subproduto da segurança pública.

Por fim vale destacar que existe um grupo específico de processos

destinado ao gerenciamento do conhecimento, de melhoria e mudança, o qual

constitui um processo gerencial ou de apoio.

Se por um lado as mudanças (inovações) na área de comunicação social

representam, predominantemente, processos operacionais, estas devem ser fruto de

processos específicos de gerenciamento, pois podem ser importantes inputs para a

inovação de outros processos.

Espera-se que, gerenciadas adequadamente e direcionadas para fins mais

abrangentes, sejam capazes de potencializar o conhecimento coletivo e gerar

subsídios para as melhorias necessárias e que, certamente já estão em estado

embrionário, no campo das idéias, seja dos policiais militares,seja dos cidadãos.

Pode-se citar como exemplos de inovação nos processos, originadas a partir

da contribuição dos policiais militares, aquelas proporcionadas pela aplicação do

SISUPA, uma vez que permitem rever o método como cada procedimento é

realizado, implicando em sua maior eficiência e segurança, tanto para o policial

quanto para o cidadão-cliente.

Mais recentemente, com criação do Blog denominado Abordagem Legal, em

parceria com o Instituto “Sou da Paz”, foi aberto mais um canal de comunicação para

a melhoria dos serviços prestados. Esse blog, de acesso livre aos cidadãos, se

gerenciado adequadamente, pode se tornar um exemplo de inovação aberta, na

medida em que permitirá coletar o conhecimento da comunidade a respeito de um

processo que, provavelmente, é um dos maiores geradores de conflitos entre a

polícia e o cidadão.

Para que isto efetivamente ocorra, é necessário não somente divulgar a

proposta, mas também preparar as condições adequadas para que as informações

sejam analisadas e gerem as inovações pretendidas no processo de abordagem.

Page 66: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

66

Ainda neste exemplo específico, verifica-se a existência de algumas

inconsistências, como poderá ser conferido a seguir, nas figuras X e Y.

Figura 19 - Publicação do Blog da PMESP, de 04ABR11

Fonte: Blog da PMESP (http://policiamilitardesaopaulo.blogspot.com/2011/04/campanha-abordagem-

legal-parceria-entre.html, acesso em 20SET11)

A primeira inconsistência verificada em relação aos conteúdos apresentados

é que, apesar de ter sido publicada matéria específica, no Blog da PMESP,

divulgando esta importante parceria e seu blog, não existe na própria publicação o

endereço para acesso ao blog, como também não consta entre os links indicados

(até a última data pesquisada, 05OUT11).

Outro problema verificado é a ausência de qualquer notícia da existência do

aludido blog no Portal da Intranet (http://www.policiamilitar.sp.gov.br), o que deixa de

aproveitar mais uma oportunidade de atingir os objetivos propostos.

Já no Portal da Intranet, o link para o blog consta entre a categoria de Blogs

de ONG, a partir de um ícone sob o título “Sou da Paz”. Pelo título não é possível

identificar que o link conduz ao Blog Abordagem Legal. Desde a primeira publicação

(em 05JAN11) até a última (em 23AGO11), foram inseridas no total 12 matérias,

com apenas uma colaboração registrada.

Page 67: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

67

Figura 20 - Blog Abordagem Legal

Fonte: Blog Abordagem Legal (http://abordagempm.blogspot.com/, acesso em 05OUT11)

Os comentários aqui apresentados não têm como finalidade indicar ou

valorizar falhas pontuais, mas constituem mera análise contextual que permita

oferecer propostas ao final deste trabalho.

É conveniente que implantações de novas iniciativas, tais como as do blog

em questão neste exemplo, envolvam as áreas de conhecimento em Gestão de

Projetos e que sejam registradas no Escritório de Projetos corporativo. Seria ideal

que os processos tivessem seu registro em um escritório central corporativo

(inexistente atualmente), e que o conhecimento corporativo fosse tratado por órgão

específico, por se tratar de um dos principais ativos intangíveis da instituição.

A ausência destas características pode contribuir para que algumas

iniciativas que não se sustentem no decorrer do tempo, ou que não alcancem os

objetivos a que se propõem, ou ainda que não tenham o máximo aproveitamento de

seu potencial.

Mas a Polícia Militar possui outros exemplos recentes de inovação com

resultados práticos impactantes positivamente para a sociedade. Pode-se mencionar

seguramente o caso da substituição, em 2004, dos policiais militares das guardas de

Page 68: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

68

presídio por Agentes de Segurança Penitenciária (os chamados ASP). Esta foi uma

inovação importante, que envolveu altos escalões do governo estadual e duas

secretarias (a de Segurança Pública – SSP, e a de Administração Penitenciária –

SAP). O resultado foi que, com a criação de cargos específicos para aquelas

funções, foi possível destinar cerca de quatro mil policiais, que antes exerciam

aquelas funções, para as missões de policiamento. (GESPOL, 2010, p. 98)

Esta ação, aliada a outras igualmente inovadoras, como a criação do SAV, a

redistribuição do efetivo e o estabelecimento da Matriz Organizacional, foi capaz de

destinar, no total, cerca de dez mil policiais para as atividades operacionais, tendo

como consequência direta o aumento da ação de presença da PMESP durante o

policiamento.

Por outro lado, as inovações tecnológicas podem abrir caminho para que

surjam aperfeiçoamentos nos processos organizacionais de maneira inovadora.

É o caso, por exemplo, do Sistema de Sugestões On Line (SSPM On Line),

que a partir do desenvolvimento de programa específico pelo CPD, substituiu em

2009 as velhas caixas de sugestões, iniciando uma nova etapa na captação de

colaboração do público interno.

Embora tenha havido o aporte de recursos tecnológicos, o principal fator de

sucesso do novo sistema foi a mudança das conexões, que antes consistiam em

uma rede altamente centralizada, passando para uma rede descentralizada, com

conexões diretas entre os colaboradores e os que receberiam as sugestões para

análise final, sem intermediários, como ocorria no antigo sistema.

Segundo informações do Cel PM Wellington Luiz Dorian Venezian, à época

Chefe da 6ª EM/PM, unidade responsável pela administração do novo sistema, este

foi um marco importante para estimular a participação e a colaboração na

formulação de soluções inteligentes pra problemas em diversas áreas, a partir do

conhecimento coletivo. Logo nos primeiros meses após sua instalação, o número de

sugestões, tendente a zero já havia alguns anos, teve um substancial aumento em

quantidade e qualidade, com propostas realmente inteligentes e aplicáveis.

Uma das características interessantes destes dois últimos exemplos é que

seu principal ponto de inovação foi na metodologia. Em ambos os casos a tecnologia

foi importante suporte, mas não o foco principal.

Estes exemplos de inovação foram aqui mencionados apenas para ilustrar

que é possível inovar sem que, para isso, haja o envolvimento direto de aquisições

Page 69: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

69

ou desenvolvimentos na área tecnológica. Isto também desmistifica o pensamento

corriqueiro de que somente tecnologia é inovação.

Também permitem perceber a diferença entre inovação no produto e no

processo. A inovação no processo não é um fim, em si mesma, e não tem sentido

senão fazer com que haja melhoria no produto. E a inovação no produto, por sua

vez, requer uma mudança no modelo mental, requer o questionamento dos porquês

das coisas, uma sincera análise da importância de cada ação. Assim é possível

negociar a mudança para uma condição melhor, gerando melhores resultados, seja

com processos, seja com produtos, mas de uma maneira nova.

Page 70: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

70

55 FFeerrrraammeennttaass SSoocciiaaiiss nnaa GGeessttããoo ddoo CCoonnhheecciimmeennttoo IInnoovvaaççããoo

Encontrar soluções capazes de integrar a inteligência coletiva na

colaboração e produção de valor para a instituição tem sido um desafio para a

Polícia Militar, devido a fatores como a cultura organizacional e a gigantismo da

organização.

“Entender a cibercultura e seus mecanismos de trocas de informações, sensações, imagens e conhecimento nas redes sociais torna-se cada dia mais fundamental para quem pretende compreender a sociedade atual, seja um cidadão comum, uma empresa ou um governo. A mídia social ajudou a criar um novo modo de indexar conteúdos, com sua taxonomia própria (tags) e suas correlações culturais. Hoje, absorvemos conteúdo gerado por uma lista de discussão, um scrap (palavra inglesa que significa recado) no Orkut ou uma palavra digitada no Google, com a mesma desenvoltura com que escolhemos o gênero de filme ao qual assistiremos na sessão das 22h no cinema.” (FERRARI, 2009, p. 47)

A busca de parcerias tem sido fundamental para o surgimento das melhorias

necessárias e, nesse contexto, alguns dos principais parceiros pertencem ao próprio

governo do estado, dentre os quais se destaca a Secretaria de Gestão Pública, que

gerencia o Programa de Gestão do Conhecimento e Inovação no Setor Público, uma

grande referência para a PMESP e também para outros órgãos públicos.

O programa define treze ferramentas de Gestão do Conhecimento &

Inovação. São elas: Blog, Microblog, Videocast, Podcast, Chat, Forum, Wiki,

Mashup, Redes Sociais, Mapas Mentais, Classificadores, Distribuição de Conteúdo e

Videoconferência.

Essas ferramentas são aplicadas, segundo orientações daquela Secretaria a

todo o serviço público estadual, em doze técnicas, que são as seguintes: Páginas

Amarelas, Comunidades de Prática, Gestão da Inovação, Práticas Relevantes,

Lições Aprendidas, Branistorming, Storytelling, Coaching, Inteligência Coletiva,

Feiras de Inovação e Entrevistas de Saída.

Para cada técnica recomendada, são indicadas algumas ferramentas (ou

aplicações) que facilitam seu desenvolvimento. Por exemplo, conforme se observa

no Quadro 8, a técnica de divulgação de práticas relevantes tem como aplicações

marcantes (ferramentas principais) o Blog e o Fórum, como aplicações eventuais o

Microblog, o Videocast e o Podcast e como aplicação possível o sistema Wiki.

Page 71: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

71

Segundo o programa citado, cada técnica requer aplicações das ferramentas

específicas, conforme descrito na figura abaixo.

Quadro 8 - Técnicas e Ferramentas de GC&I.

Fonte: Secretaria de Gestão Pública.

5.1 Perfil dos potenciais colaboradores

Tapscott (2010, p.38), destaca o fato de que a maior faixa populacional do

Brasil, em 2009, estava concentrada na faixa entre 20 e 40 anos, conforme descreve

a Figura 19.

Esta predominante faixa populacional constitui, segundo o mesmo autor

(TAPSCOTT, 2010, p.25), a denominada Geração Y ou Geração Internet, que por

Page 72: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

72

sua vez representa grande parte da força de trabalho. Defende esta posição com as

seguintes afirmações:

“Os jovens correspondem a uma enorme parcela da população hoje, à exceção da Europa Ocidental e do Japão. Além de numerosos, eles são a geração mais bem instruída da história, e a tecnologia lhes permite saber o que está acontecendo, distribuir informação e organizar respostas coletivas. Os jovens de hoje cresceram ouvindo que se estudassem com dedicação e não se metessem em problemas teriam uma vida confortável na idade adulta. Mentimos para eles. Chegaram ao mercado de trabalho e não há emprego. Esses jovens esperavam muito mais do que a realidade está lhes oferecendo.” (TAPSCOTT, 2011, p. 23)

Figura 21 - Pirâmide Populacional do Brasil em 2009

Fonte: Tapscott, 2010, p. 38.

Esta predominância deve ser considerada ao se planejar as ações

envolvendo recursos Web 2.0, com a finalidade de atentar para alguns cuidados

necessários, decorrentes de peculiaridades de perfil da maioria populacional. Essas

peculiaridades são intituladas por Tapscott (2010, p. 48-50) “As Oito Normas da

Geração Internet”. Resumidamente são as segiuntes:

1ª Liberdade: em todos os sentidos, com destaque à liberdade de escolha e

de expressão. Internet é usada para escolhas de produtos, serviços, locais de

trabalho e como forma de integrar vida profissional, doméstica e social, também

como forma de liberdade de expressão.

2ª Customização (ou personalização): os jovens da Geração Internet

cresceram tendo a liberdade de personalizar suas páginas de mídias digitais, o

toque do telefone, o apelido...e isso se estende a tudo o que fazem. “Quanto a

portais governamentais, eles querem “meu governo” customizado on-line”.

Page 73: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

73

3ª Investigação: por sua característica curiosidade, não bastam

informações superficiais ou sem consistência. “Empresas que querem atingir a

Geração Internet devem esperar e aceitar o minucioso exame de seus produtos,

esforços promocionais e práticas empresariais.”

4ª Integridade: é importante que os valores de qualquer empresa sejam

condizentes com os próprios valores da geração e com as próprias ações da

empresa.

5ª Entretenimento: deve estar presente no trabalho, na educação e na vida

social. Principalmente em razão do amplo acesso a videogames, isso gera por outro

lado um raciocínio inusitado e inovador.

6ª Colaboração: a partir do relacionamento, a colaboração está presente

nas redes sociais, nos games como múltiplos jogadores, na troca de mensagens de

texto e fotos, de arquivos para escola e trabalho. Esses relacionamentos geram

redes de influência que, dentre outras coisas, permitem discutir sobre marca,

empresas, produtos e serviços.

7ª Velocidade: acostumados à velocidade da internet, a geração digital

espera que as informações sejam transmitidas com velocidade e que as mensagens

instantâneas sejam respondidas instantaneamente.

8ª Inovação: não meramente pela mudança, mas na busca de soluções

mais eficientes e que agreguem novas formas de colaboração, de diversão, de

aprendizado e de trabalho.

Tapscott, ao longo de sua experiência como especialista, desenvolveu um

termo específico para designar as características colaborativas: a Wikinomia. Ele

explica:

“A wikinomia é a arte e a ciência da inovação colaborativa. Será a mudança mais profunda na estrutura das corporações em um século. Vai mudar o modo como inovamos, o modo como criamos bens e serviços. Como a internet reduz brutalmente o custo da colaboração, as pessoas podem se juntar e criar valor, sem o sistema tradicional de hierarquias.” (TAPSCOTT, 2011, p. 22)

Algumas informações são muito úteis em se tratando colaboração. Por

exemplo, é interessante avaliar que a maior parte da população atual no Brasil

possui esse perfil colaborativo.

“O desenvolvimento e a possibilidade de acesso crescente a essas tecnologias pelas crianças na América do Norte levaram, em 2001, ao nascimento de novos termos, como “Imigrantes Digitais” e seu oposto

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“Nativos Digitais”, utilizados por Marc Prensky1 (2001, 2005), consultor de tecnologias voltadas para o desenvolvimento de jogos, que sugere que os nascidos após 1982, crescidos envoltos pela evolução da web e das tecnologias digitais, são os nativos digitais que necessitam de escolas, professores, recursos e estratégias de ensino distintas daqueles que nasceram no século precedente, pois aprendem, trabalham e se socializam de forma diferente. Já os imigrantes digitais são aqueles que, tendo nascido em período anterior, necessitam de muito esforço e investimento pessoal para se adaptarem à era digital.” (CGIBr, 2009, p. 25)

Este fato já é percebido pelas autoridades nacionais, especialmente pelo

Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr).

“No Brasil, o resultado dessa pesquisa aponta que o uso do computador pelas crianças (57%) é superior ao uso feito pelos adultos (53%), contudo pode erroneamente ser interpretado como o prelúdio de uma nova ordem social, pois a tecnologia remete hoje, não a alguns aparelhos, mas sim, a novos modos de percepção e de linguagem, a novas sensibilidades e escritas (MARTÍN-BARBERO, 2006, p. 54), ou seja, uma nova cultura, a da tecnologia digital. No entanto, na passagem para essa nova ordem social, há uma questão crucial: a inclusão digital, iniciada com o acesso aos recursos tecnológicos; no Brasil, avança lentamente, ainda devido aos custos elevados, motivo pelo qual 77% dos entrevistados adultos na pesquisa TIC Domicílios de 2009 afirmam não ter computadores de mesa.” (CGIBr, 2009, p. 26)

E muitos setores estão atentos a esta verdadeira revolução, especialmente

aqueles ligados às novas tecnologias de informação e comunicação(TIC):

“As redes sociais já são acessadas por 25 milhões de pessoas no Brasil, o que representa 67% do total de internautas do país. Segundo levantamento do Ibope Mídia, 58% dos internautas brasileiros que entram em sites de relacionamentos o fazem há mais de três anos e um terço deles, mais de uma vez por dia.” (TIINSIDE, 2011)

Assim temos uma população altamente concentrada entre as faixas com

maior propensão à colaboração e que, talvez pelas próprias características culturais

do povo brasileiro, está altamente conectada às redes sociais na internet, como

demonstra a figura a seguir. Observa-se que, na região Sudeste, 45% da população

são usuários da Internet, o maior índice nacional. Destes, 68% participam de redes

sociais na Internet, como o Orkut, Facebook, Youtube e Twitter, dentre outros.

“[...] o acesso as redes sociais está tão fácil e principalmente, por praticamente qualquer dispositivo, basta ter acesso a internet e lá está o seu site de relacionamento ou algo do tipo a disposição para você interagir com seus contatos. Em virtude desta facilidade, e que só tende a aumentar a forma de nos comunicarmos, de nos relacionarmos também vai sofrendo alterações. O exemplo que citei no início é um deles, se relacionar e se comunicar nas redes sociais é bem mais fácil do que telefonar para alguém.” (DUARTE, 2011)

Verifica-se também que as maiores concentrações, tanto de internautas

quanto de participantes de RS, estão nas faixas etárias entre 10 e 34 anos, que

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representam, justamente, as gerações mais propensas a trabalhar em ambientes

colaborativos.

Há também um fato importante, aí relatado: a universalização do uso,

independente de classe social. Evidentemente há diferenças no percentual de

internautas, principalmente nas classes D e E, porém fica bastante evidente que,

dentre os que possuem acesso, a adesão a redes sociais nestas classes é a mais

expressiva.

Figura 22 - Usuários de Internet X Participantes de Redes Sociais

Fonte: CGIBr, 2010, p. 55 (percentual sobre o total de internautas).

Segundo pesquisa veiculada pelo site Tecmundo (KARASINSKI, 2010) o

Orkut é a rede social mais acessada pelos brasileiros, informação que também é

acompanhada por outras fontes de pesquisa. Embora haja alguma diferença entre

as fontes, a predominância do site é ponto pacífico. A Figura F apresenta um

infográfico com as principais redes acessadas em 2010.

“O Orkut é a rede social preferida dos brasileiros, com 80% da audiência no país; o Facebook fica em segundo lugar, com 14% dos usuários, seguido pelo Twitter, com 13%.” (TIINSIDE, 2011)

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Figura 23 - Infográfico do perfil do brasileiro nas redes sociais em 2010

Fonte: Karasinski, 2010 (http://www.tecmundo.com.br/5913-redes-sociais-qual-e-o-perfil-do-brasileiro-

em-cada-uma-delas-.htm, publicado em 15OUT10, acesso em 17OUT11).

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Embora se admita existir certo modismo entre as redes sociais, é importante

considerar que a Polícia Militar, por ser um órgão público, prima pela universalização

dos serviços. Logo, torna-se recomendável estender seu perfil a outras redes

sociais, como o Orkut por exemplo. Conforme se observa no trecho a seguir, o

número de usuários do Facebook tem crescido.

“Quando olhamos para o Brasil, observamos coisas parecidas. Enquanto o Orkut é o site-mor repositório do dia a dia do brasileiro, o Facebook tem crescido de forma consistente no Brasil. Ainda está longe de ameaçar o Orkut, mas cresce. A questão é: onde cresce e como cresce?” (RECUERO, 2009)

Entretanto, mesmo que, em termos de planejamento, se possa indicar a

tendência de estagnação ou até de diminuição de usuários do Orkut, com a

migração para o Facebook, não se pode desprezar as possibilidades de captação de

conhecimento no Orkut, principalmente porque há indicações de que seja ainda o

preferido entre as classes menos abastadas, como cita Raquel Recuero:

“O Orkut, faz alguns anos, passou a crescer com força entre as classes menos favorecidas no Brasil. Esse fenômeno foi rapidamente etiquetado por muitos como processo de "favelização do Orkut". Ao mesmo tempo, notícias frequentemente associam o Orkut com eventos criminosos, apontando os riscos da ferramenta (um dos principais motivos pelos quais muitos banem o acesso em instituições e escolas). O preconceito com esse "novo" público foi rapidamente evidenciado. Por exemplo, olhando uma matéria recente de uma revista a respeito do Orkut, recorto algumas 'falas' dos comentaristas a respeito da ferramenta: „é lamentável um site tão util como o orkut tenha sido dominado por esses seres sem nenhuma capacidade de raciocínio, por essas e outras que muita gente está migrando pro facebook que apesar de ter uma interface pior ainda não chegou na favela.‟ „destruiram o orkut tanto quanto os fakes e a favelização‟.” (RECUERO, 2009)

Por ser uma rede social online bem mais antiga que o Facebook, o Orkut

também é mais popular, tem mais usuários e está mais estruturado. Pode-se

encontrar, por exemplo, inúmeras comunidades relacionadas à Polícia Militar. A

Figura F apresenta uma comunidade de internautas que odeiam a PM:

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Figura 24 - Comunidade “EU ODEIO A POLÍCIA MILITAR”, no Orkut

Fonte: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=8503120, acesso em 07OUT11.

Obviamente o fato de 8.269 usuários, em todo, odiarem a Polícia Militar não

seria uma grande preocupação. Entretanto é possível traçar um cenário pessimista,

no qual estes integrantes da comunidade poderiam ser apenas uma pequena

parcela (que resolveu se unir e se manifestar) dentre os que odeiam a PM. Também

é importante considerar que, ao exporem os motivos da desaprovação, os membros

da comunidade acabam por fornecer subsídios para a melhoria dos processos

produtivos (as críticas são oportunidades de melhoria).

Além das comunidades que desaprovam o trabalho policial, há também

aquelas compostas por gente que admira a instituição. É o caso, por exemplo, da

comunidade que se intitula oficialmente como sendo da PMESP (porém não é

institucional).

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Figura 25 - Comunidade “POLICIA MILITAR DE SP – OFICIAL”, no Orkut

Fonte: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=275759, acesso em 07OUT11.

Esta comunidade, mesmo tendo sido criada, extra-oficialmente, por um

integrante da PMESP, que é também o seu moderador, conta atualmente com cerca

de 36.154 membros. É uma representatividade que não se pode desconsiderar.

Além destas, há outras informações úteis que podem ser obtidas no site,

como as relativas a grupos criminosos. Ao pesquisar comunidades que tenham algo

em comum, por exemplo, com PCC (referência à organização criminosa denominada

“Primeiro Comando da Capital”), pode-se obter inúmeras possibilidades, algumas

podendo ser, realmente compostas por integrantes da organização.

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Figura 26 - Comunidades “PCC” no Orkut

Fonte: http://www.orkut.com.br/Main#UniversalSearch?origin=box&searchFor=A&q=pcc, acesso em

07OUT11.

Informações como estas podem ser valiosas para o SIPOM (Sistema de

Informações da Polícia Militar), que alimenta outros sistemas.

5.2 Aspectos motivacionais da colaboração online

Pode-se iniciar este tópico citando a chamada economia da colaboração

(SPYER, 2007, p. 29) que, embora assim intitulada, pouco tem a ver, diretamente,

com recursos financeiros, se bem que economia, em sua essência, também é desta

forma.

Vejamos uma interessante observação, que será a base para esta breve

análise:

“Muitas pessoas acostumadas à utilização de sites como o Orkut e ferramentas como listas de discussão e MSN nunca pensaram em como é improvável que exista alguma ordem nesses ambientes. É surpreendente que algum tipo de resultado positivo exista na Internet levando-se em consideração que as pessoas que interagem são relativamente anônimas e desconhecidas entre si, que não haja autoridade central para mediar atritos

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entre participantes e que seja difícil ou impossível impor sanções físicas ou monetárias a algum usuário” (SPYER, 2007, p. 29)

Segundo sugere o autor, as trocas de informações e colaborações em rede

ocorrem em larga escala e funcionam como que trocas de presentes. Curiosamente,

nesta denominada economia de doação, os colaboradores não alimentam

expectativas de retribuição direta ou imediata.

Quem recebe um presente nesse sistema não reclama sua qualidade,

apenas decide se este será útil ou não. Por outro lado, quem oferece não exige

reciprocidade. Entretanto, para que uma relação possa subsistir, é necessário que

ambas as partes envolvidas sejam beneficiadas.

De certa forma, segundo o autor, esta é apenas uma versão virtual de velhos

costumes milenares, como, por exemplo, o de presentear autoridades de nações

vizinhas como sinal de simpatia. A retribuição do presente demonstra a

reciprocidade e interesse de prosseguir na relação de amizade.

Na economia de doações, as trocas ocorrem com bens e serviços de valor

similar, ou “apoio político, lealdade, favores, honra para o doador, entre outras

formas” (Spyer, 2007, p. 32). Basicamente a economia de doação é movida “pelo

aumento e pela diversificação dos relacionamentos sociais”.

Quando se trata de grupos online, entretanto, é possível que se receba uma

informação de determinado internauta desconhecido e que, provavelmente, nunca

terá a possibilidade de contribuir. Neste caso, o colaborador passa a ter um crédito

dentro do grupo e há uma expectativa de ser auxiliado de alguma maneira quando

tiver alguma necessidade. Pode ocorrer entre os grupos que, caso alguns poucos

contribuam, sintam-se explorado se acabem por abandonar determinado grupo.

O estímulo para a oferta das colaborações, em qualquer rede ou grupo

social (online ou offline), depende da motivação e da coordenação. Envolve custos e

dificuldades. Nas redes online, os custos de coordenação são muito baixos,

enquanto a facilidade de colaborar se torna um fator motivacional.

As colaborações oferecidas passam a ser bens digitais públicos, na medida

em que podem ser acessadas não somente pelos protagonistas de determinada

situação ou problema, mas também por todos aqueles que vierem a acessar a

informação no futuro. O valor muitas vezes é imensurável, pois não há como saber o

quanto e para quantos foi útil.

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Desta forma, Spyer (2007, p. 35) aponta quatro pontos importantes que, por

interferirem na relação custo-benefício, são capazes de estimular a colaboração nas

redes sociais online. São, portanto, fatores relevantes ao se fazer a opção por este

tipo de interação:

Redução do custo de produção e disseminação: basta inserir um

conteúdo ou mensagem em campo próprio e está feita a contribuição;

Redução do esforço de coordenação: não é necessário mercar

reuniões presenciais para que partes interessadas possam tratar de

assuntos comuns, podendo ser pesquisada uma informação muito mais

facilmente online;

Ampliação do benefício: o alcance é ilimitado, pois o mesmo bem

público digital pode ser copiado e redistribuído infinitas vezes;

Redução do número de envolvidos na produção: por tornar possível

alguém realizar o trabalho sozinho, a contribuição fica independente da

voluntariedade de outras partes.

Por fim, com o intuito de potencializar a qualidade e a quantidade de

participações, é importante desenvolver mecanismos para diferenciar as

participações. As motivações dos colaboradores (SPYER, 2007, p. 36) podem ser

relativas a diversos interesses, dos quais destaca:

Reciprocidade: o indivíduo colabora porque espera obter uma espécie

de crédito com o grupo a fim de receber uma informação quando precisar;

Prestígio: oferece informações de qualidade porque espera se

reconhecido e respeitado dentro do grupo;

Incentivo social: a mera possibilidade de pertencer a um determinado

grupo social leva os indivíduos a oferecerem excelentes contribuições (por

exemplo, ex-alunos de uma escola);

Incentivo moral: pelo simples prazer de contribuir, uma vez que o custo

da colaboração é relativamente baixo.

Algumas destas características podem ser largamente exploradas, de modo

que é impossível determinar exatamente os porquês de cada colaboração ofertada,

porém é certo que, quanto mais possibilidades de fatores motivacionais, melhor será

a participação.

A Figura 26 apresenta um exemplo de colaboração em um site destinado

aos admiradores de música, especialmente instrumentos musicais.

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Figura 27 - Exemplo de colaboração em Fórum

Fonte: Fórum Cifraclub (http://forum.cifraclub.com.br/forum/2/207141/, acesso em 07OUT11).

Pode-se observar nesta figura que os participantes do Fórum possuem seus

apelidos e estão classificados em categorias. No caso, todos são “Veteranos”.

Existem vários níveis de classificação e, ainda, uma premiação para os destaques

do ano.

5.3 Captando Colaboração da Comunidade

Com já foi visto em relação ao Orkut (p. 72), a comunidade possui

informações importantes sobre as atividades policiais, as quais, se digeridas

adequadamente, podem ser fonte de inovações nos processos. Uma crítica, ainda

que mal intencionada, aponta geralmente uma suposta falha, uma não

conformidade. A análise das críticas pode gerar uma verdadeira revolução na

maneira de realizar as abordagens e buscas pessoais e outras ações.

“Para especialistas, as redes devem ser fontes de pesquisa para estratégias de governo. "Deve ser ligada à gestão, e não à comunicação", disse Fábio Cipriani, autor de livros sobre mídias sociais. "Captura de informação nas

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redes é comum na Europa, e a tendência é se fortalecer aqui." (ESTADÃO, 2011)

De acordo com o autor Fábio Cipriane, citado na matéria a seguir, as redes

devem ser ligadas “à gestão, e não à comunicação”. Deste ponto de vista cabem

algumas ressalvas. Na PMESP, o CComSoc detém grande experiência em lidar com

este tipo de ferramenta. Entretanto, por se tratar de um órgão especializado em

comunicação, seu foco geralmente está mais concentrado comunicar a imagem

institucional.

Segundo Campbell (1988), em sua série de entrevistas concedidas ao

jornalista Bill Moyers, o Herói personifica alguém que faz algo notório, ou que salva a

vida de alguém. E nada pode desfazer sua figura heróica, mesmo que ele acabe

dando a própria vida para salvar alguém. As tentações, que representam as

dificuldades, da jornada do herói, são uma parte importante de sua condição. Não há

recompensa sem renúncia e sem um preço. A primeira prova é esquecer os próprios

interesses.

Ainda nos afiança:

“Há uma seqüência típica de ações realizadas pelo herói que pode ser observada em histórias do mundo inteiro nas mais diversas épocas da história. E creio que é, em essência, um único gesto feito por muitas pessoas diferentes.” (CAMPBELL, 1988)

Neste sentido, pode-se observar que o papel de comunicação social tem

sido muito bem representado pelo CComSoc, na medida em que difunde a imagem

institucional personificada pelo herói policial militar nos diversos cenários do território

estadual.

Além da colaboração involuntária, existe a vocação da Geração Digital, com

todas as suas características peculiares (das quais se destacam a integridade, a

colaboração e a inovação). Existe uma possibilidade indiscutível de colaboração dos

internautas, desde que sejam criadas oportunidades por meio da diminuição do

custo da colaboração, nos moldes já explanados neste capítulo.

A reciprocidade ao tratar com os colaboradores pode ser decisiva para a

reputação e confiabilidade da instituição. Seria um desperdício de trabalho tentar

desenvolver uma boa imagem e, ao mesmo tempo, deixar de dar respostas

adequadas aos inputs recebidos por meio das redes sociais.

Em se tratando de linguagem da internet, algumas pequenas ações podem

representar muito, conforme nos atesta Duarte:

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85

“[...] conhecendo o seu cliente fica mais fácil perceber este comportamento e ver que se você der um reply pra ele no twitter poderá ser muito mais efetivo do que tentar ligar dezenas de vezes.” (DUARTE, 2011)

Tapscott também possui uma visão bem peculiar acerca dessa colaboração:

“Recentemente, numa conversa com autoridades de Melbourne, a segunda maior cidade da Austrália, pedi um exemplo de dados arquivados pela polícia loca. Eles citaram estatísticas sobre acidentes com bicicletas. Eu disse: „Ótimo. Então coloquem essas estatísticas na internet e aposto que, dentro de 24 horas, alguém vai aparecer com algum tipo de mapa interativo dos lugares mais perigosos. Em breve, as pessoas estarão evitando os locais mais perigosos e Melbourne estará salvando vidas sem gastar um tostão.‟” (TAPSCOTT, 2011, p. 23)

Neste sentido, é possível desenvolver ações com foco bem definido segundo

objetivos específicos. No exemplo citado a ação seria disponibilizar as informações

estatísticas com o objetivo de despertar na comunidade o senso de auto-

organização.

5.4 Captando Colaboração do Público Interno

A mesma população existente na sociedade, ao ingressar na PMESP e

passar a integrar o público interno, continua ainda assim pertencendo à mesma

sociedade. Portanto, o público interno possui, em tese, as mesmas características

da sociedade, ressalvadas, talvez, algumas poucas diferenças entre percentuais por

faixa etária.

Uma das maneiras muito utilizadas atualmente para produzir, organizar e

compartilhar conhecimento é o sistema Wiki, cujo maior expoente é a Wikipédia.

“A Wikipedia não tem dono, é feita por um milhão de pessoas, já é dez vezes maior que a Enciclopédia Britânica e é traduzida em 190 idiomas. Osestudos mostram que a Wikipédia é quase tão precisa quanto a Britanica.” (TAPSCOTT, 2011, p. 22)

O sistema, citado no início deste capítulo como uma das indicações da

Secretaria de Gestão Pública, é um dos mais indicados para aproveitamento da

inteligência coletiva. Consiste basicamente em destinar espaços auto-organizáveis,

por índice alfabético, onde os detentores de determinados conhecimentos poderiam

depositar arquivos e informações (como procedimentos, técnicas, normas, etc.).

Neste caso, como as participações são identificadas (poderiam até mesmo ser

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86

validadas por algum autenticador digital), ficaria assegurada a intenção dos

colaboradores. O conteúdo seria atualizado sempre que algum colaborador

verificasse essa necessidade.

Outro meio de estimular a troca de experiências entre especialistas é a

criação de comunidades de prática, já abordada por Gambaroni (2009, p. 101 a

108). Em sua proposta, previu a criação de comunidades destinadas à colaboração

entre comandantes de Companhia de Polícia Militar. Geralmente há muitas delas

cujas condições são similares e, portanto, contam com as mesmas dificuldades e

meios para saná-las. Portanto, soluções similares podem ser compartilhadas e esse

ambiente se prestaria à diminuição do custo da colaboração e da organização.

Por fim, em que pesem as razões já abordadas e que causaram a

suspensão da rede social nósGov-PM e, provavelmente, sua extinção definitiva,

existe a opção de uma rede social interna, nos mesmos moldes. “Mas por que insistir

em uma idéia que não deu certo, que não funcionou?” – alguém pode perguntar.

Existem muitas razões para manter uma rede social interna. Dentre elas,

experiências de sucesso em diversas empresas, especialmente as que possuem

distribuição geográfica como a da Polícia Militar, que tem seu contingente espalhado

por todo o estado. É o que noticia o jornalista João Loes, em matéria para Isto É

(2011, p. 62). Segundo ele, empresas têm criado “versões próprias das mídias

sociais para agilizar a comunicação entre funcionários e com a direção”.

As redes próprias são criadas tendo como referência os sites mais populares

do gênero, pois essa semelhança torna o uso pelos funcionários mais fácil e

atraente. A Figura 27 apresenta algumas vantagens de se ter uma rede social

corporativa.

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Figura 28 - Vantagens da rede social corporativa

Fonte: Revista Isto É, Nº 2184, de 21SET11.

Segundo argumenta (na mesma matéria) o consultor de empresas e Claudio

Neszlinger “o que antes era visto como uma ameaça à produtividade hoje pode

aumentar, em muito, o volume e a qualidade do trabalho”.

“Uma análise rápida das empresas que criam esse tipo de mídia social para o mercado de trabalho mais dinâmico do mundo, os Estados Unidos, mostra o potencial desse negócio. Lá, duas grandes fornecedoras de soluções para redes sociais corporativas – a Salesforce.com e a Yammer.com – têm, juntas, 230 mil empresas como clientes. Só entre julho de 2010 e julho de 2011 o número de usuários da Yammer saltou de um milhão para três milhões. “Além de agilizar a comunicação, a ferramenta ajuda a descobrir novas vocações entre os colaboradores”, diz Jessica Halper, porta-voz mundial da Yammer. “Tem gente colaborando em projetos com os quais jamais teria contato não fosse a rede”, explica.” (Isto É, 2011, p. 62)

Por fim, a matéria traz uma experiência iniciada pela multinacional Totvs,

que criou um portal corporativo no qual as interações são apresentam os mesmos

moldes das redes sociais. Esta pode ser uma boa alternativa para a PMESP, que já

tem um portal bem estruturado. O lançamento foi comentado por diversas mídias,

das quais foi selecionado um curto trecho explicativo:

“A ideia de transformar a rede social em interface para software de gestão, de modo que a partir de uma única identificação, segura, os usuários possam tirar proveito de um ambiente de interação que alie seu perfil

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pessoal e profissional, é a proposta da Totvs ao lançar hoje a rede social corporativa by You.” (TANABE, 2011)

A nova rede, que permanece em testes de homologação dentro da própria

Totvs e em mais seis clientes piloto, permite que o usuário, por meio de um único

login, acesse os dados corporativos, integrados com outras redes abertas, estará

disponível somente em 2012 para o mercado. A solução é bastante similar à já

desenvolvida para o Portal da Intranet da PMESP, o que poderia sugerir um

benchmarking entre as instituições para aperfeiçoamento de ambos os produtos.

Mais interessante ainda, a rede pode ser ligada a gerenciadores de

conteúdos documentais de processos da empresa (softwares classificados como de

Enterprise Content Management – ECM ou de gestão de conteúdo). Quem expõe a

novidade é o presidente da Totvs, Vicente Consentino:

“A by You é totalmente integrada com a solução de ECM da Totvs. E esse é um dos pontos-chave da iniciativa. “Sabemos que sem processos bem definidos, os usuários não conseguirão tirar proveito da camada de relacionamento que estamos acrescentando”, comenta Cosentino. É preciso que as empresas tenham seus processos bem delineados para que o novo conceito de plataforma de trabalho colaborativo, proposta pela Totvs, em que as ferramentas de produtividade, os software aplicativos, os ambientes de colaboração, as comunidades e o marketplace convergem de forma contextualizada, funcione.” (TANABE, 2011)

Provavelmente uma rede social interna agregaria valor às relações

profissionais e aos processos da PMESP. Possivelmente uma solução integrada,

com o mesmo conceito desta apresentada pela Totvs, facilitaria o fluxo de

informações, que poderiam ser mais rapidamente integradas e documentadas nos

processos.

5.5 Ferramentas Gerando Valor

Provavelmente os maiores atrativos das redes sociais são proporcionar

entretenimento, facilitar os relacionamentos e possibilitar melhor adequação do

tempo. Os usuários geralmente irão procurar as redes que proporcionem o que

procuram.

Conhecendo o perfil dos usuários, seus interesses e suas formas de avaliar

as situações de maneira geral, conforme abordado neste capítulo, é possível

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89

agregar às mensagens postadas, cuja divulgação do conteúdo seja interesse

institucional, informações (ou bens públicos digitais) do interesse do público.

Não se trata apenas de dominar a utilização das ferramentas, mas de

modificar o modelo mental da comunicação, adequando-a a novas práticas.

“A utilização da tecnologia pela tecnologia não tem sentido de ser e acaba por não gerar a construção e a aquisição do conhecimento, não oportunizando o pensamento crítico. O processo de inclusão digital deveria levar o indivíduo incluído à produção de informações e conhecimentos, à participação social ativa, à inserção em múltiplas culturas nas redes, introduzindo-o em um processo de alfabetização em todas as áreas, em todas as linguagens.” (CGIBr, 2009, p. 26)

Muitas informações, tidas como estratégicas, acabam recebendo um grau

muito elevado de sigilo, o que acaba sendo prejudicial.

“Os governos, com as toneladas de informações que possuem, podem se transformar em plataformas para criação de valor. [...] Considerando que os governos têm milhares de categorias de dados que poderiam divulgar, o potencial é enorme.” (TAPSCOTT, 2011, p. 23)

O acúmulo de informações não necessariamente significa que a instituição

está se tornando forte em conhecimento. Este, por sua vez, só se torna valioso se

representa a oportunidade de influenciar os fatos para produzir melhores resultados,

os quais por sua vez, são mais importantes do que o próprio conhecimento.

“A idéia de que a concentração de informação é sinônimo de poder faz parte do velho modelo industrial. Quando retemos conhecimento e informação, criamos poder sobre as pessoas. No novo modelo, criaremos poder por meio das pessoas.” (TAPSCOTT, 2011, p. 23)

Para ilustrar esta nova realidade, o autor relata o exemplo da mineradora

Goldcorp que, tendo esgotado seus recursos na pesquisa de soluções para extração

de ouro, publicou todos os seus mapas geológicos levantados até então, de grande

valor estratégico, oferecendo um prêmio a quem apresentasse a melhor análise da

situação. O sucesso foi tal que a empresa obteve uma elevação em mais de 100

vezes do valor inicial de mercado.

Obviamente não se pode divulgar toda e qualquer informação estratégica,

pois um erro gerencial pode causar resultado totalmente diferente da intenção inicial.

Mas é importante avaliar cada ação como uma oferta ao público, com um

determinado objetivo prático, mensurando-se ao final se o resultado foi de acordo

com o previsto.

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90

66 MMeettooddoollooggiiaa AAddoottaaddaa nnaa PPeessqquuiissaa

A pesquisa realizada em termos empíricos, a partir da observação dos

resultados de participação dos públicos interno e externo nas ações promovidas pela

Polícia Militar com o emprego de recursos Web 2.0.

Foram desenvolvidos alguns gráficos no intuito de permitir comparar a

participação e a colaboração em face da evolução das ações promovidas.

Do que foi observado, em que pese todo o esforço na produção das mídias

sociais, ainda existem barreiras para obtenção da participação e colaboração, o que

pode ser verificado na análise desses dados, constante no capítulo 3 e que será

brevemente comentada neste capítulo.

Pelo método dedutivo e sob o enfoque quantitativo foram analisados os

dados obtidos sobre a ótica da produção de conhecimento a partir da participação

dos policiais militares e do público externo (nos casos em que há essa possibilidade)

nas mídias sociais produzidas.

6.1 Análise e Interpretação dos dados da Pesquisa

Verificou-se uma grande participação inicialmente no Blog da PMESP,

coincidentemente com o período em que sua denominação era Blog do

Comandante, no qual o próprio Comandante Geral participava mais diretamente da

produção dos conteúdos e das respostas.

A participação diminuiu ao mesmo tempo em que se aumentou o número de

publicações e que a própria mudança de nome do blog deu a indicação de

impessoalidade, o que, na leitura do assinante, pode significar a não participação

direta do Comandante. A mídia ficou mais enfraquecida pela falta de expectativa do

usuário, pela ausência da oportunidade de se reportar e ser atendido diretamente

pelo dirigente máximo da organização.

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A participação nos blogs internos, acessados a partir do portal da intranet, é

mínima, tendo alguma expressividade na medida em que tratam de assuntos

eminentemente práticos, como é o caso dos blogs do COPOM On Line e do

Protocolo Corporativo, que tiveram o maior número de comentários às suas

publicações.

Nestes casos, a participação mais expressiva se deu por questão de

necessidade, já que se tratava da coleta de informações capazes de permitir o

desenvolvimento dos sistemas em questão.

As redes sociais pesquisadas (nósGov e nósGov-PM), ambas extintas, não

apresentaram dados passíveis de análise, a não ser aquelas provenientes das

entrevistas aos seus criadores e administradores. Não foi possível acessar os dados

armazenados nas redes, uma vez que o contrato com o site de hospedagem foi

suspenso.

Apesar disso, pôde-se verificar que a criação de redes sociais internas é

uma tendência nas organizações, sendo mais indicada para a PMESP aquela que

permite a integração de recursos do portal corporativo e mídias sociais.

As publicações dos dois perfis no Twitter estudados prestam-se a objetivos

distintos: informações do cotidiano e fortalecimento da imagem institucional.

O perfil denominado “PM nas Marginais” destina-se à oferta de informações

que proporcionem praticidade ao cotidiano dos seguidores. Mesmo tendo sido criado

há pouco tempo, possui muito boa aceitação pelos internautas, obtendo mais

seguidores que outros perfis mais antigos do mesmo gênero e com volume de

publicações muito maior. Igual situação pode ser observada no perfil do Corpo de

Bombeiros da PMESP, que é bastante seguido, possivelmente em razão do caráter

de imediata utilidade pública que possui, semelhantemente ao do trânsito.

Já o perfil institucional da PMESP tem por principal objetivo divulgar ações

da organização, fortalecer sua imagem e o mito do herói. Pesquisa nos perfis

similares, criados pelas Polícias Militares do Rio de Janeiro, da Bahia, de Minas

Gerais e do Amapá, permitiu uma comparação em termos de número de publicações

e de seguidores.

Embora aparentemente o perfil da PMESP detenha relativa liderança, a

maior lição observada é que este tipo de objetivo para perfis no Twitter tem seu

papel importante na divulgação da imagem institucional, porém, com base no

Page 92: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

92

conhecimento acerca das expectativas das gerações a partir das redes sociais, não

é de se esperar grande participação dos internautas nesses perfis analisados.

Page 93: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

93

77 PPrrooppoossttaa ddaa MMoonnooggrraaffiiaa

Como foi verificado a partir deste trabalho, a Polícia Militar já possui

iniciativas inovadoras em diversas áreas, especialmente nas que envolvem o uso

novas tecnologias da informação e comunicação.

Diante do risco de perda do potencial de importantes investimentos em

função do não aproveitamento, ou do desperdício de recursos advindo de sua

subutilização ou da repetição desnecessária de trabalhos por diferentes setores da

instituição, este capítulo apresenta algumas propostas que, se implantadas

adequadamente, tendem a minimizar esse risco.

As propostas aqui formuladas abordam muito mais a necessidade de um

alicerce para a Gestão do Conhecimento e Inovação do que propriamente a adoção

alguma ferramenta mágica que solucionaria os problemas encontrados.

Aplicando o conceito do Pensamento Sistêmico na Gestão, primeiro

fundamento da excelência, optou-se por uma visão do todo em detrimento de

propostas de ações isoladas, resistindo, sob qualquer pena, à tentação da

apresentação de propostas oportunistas para a implementação de mais algum tipo

de trabalho.

Assim, as propostas julgadas viáveis, a partir deste estudo, para aplicação

neste momento da organização, são apresentadas a seguir, agrupadas em dois

blocos distintos:

o primeiro, com medidas de ordem geral, mais abrangente, sem

nenhum resultado prático específico, mas que poderão economizar

muito trabalho e gerar melhores resultados a partir de outras ações;

o segundo bloco, com pequenas ações pontuais que, se aplicadas

imediato, poderão gerar grandes benefícios com esforço mínimo.

São as seguintes:

Page 94: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

94

7.1 Medidas de ordem geral

7.1.1 Melhor organização do conhecimento coletivo

Quem não sabe onde está dificilmente conseguirá planejar onde quer chegar

(velho ditado popular). Isto se aplica a pessoas e a organizações. Uma das

dificuldades verificadas na pesquisa é a ausência de um órgão ou de uma unidade,

qualquer que seja a fração, que consolide o conhecimento coletivo.

Esse conhecimento encontra-se fragmentado, ou seja, departamentalizado.

Em que pesem os esforços do CComSoc na manutenção de um portal corporativo

de informações do Comando, não existe facilidade em acessar tais informações,

pois estas estão organizadas em função do organograma, e não o contrário.

A PMESP carece de um órgão central com foco exclusivo na coordenação

de ações de Gestão do Conhecimento. Também não existe um local que concentre

as informações acerca das marcas, das patentes e demais ativos de propriedade

intelectual.

Não existe um local que consolide as normas, manuais, leis e decretos,

procedimentos operacionais e outras informações, de maneira tal que permita seu

rápido acesso, alcançando um importante fundamento da excelência – a livre

circulação de informações e conhecimento.

Quaisquer iniciativas locais nesse sentido, adotadas no âmbito das diversas

unidades operacionais ou administrativas, seriam desperdício de trabalho e tempo,

principalmente se constituíssem soluções de nível institucional, mas aplicadas

somente em nível local.

A criação de um Gabinete de Gestão do Conhecimento permitiria organizar

todas estas informações e delimitar níveis de acesso, fornecendo requisitos às áreas

de desenvolvimento de sistemas.

Esse gabinete poderia ter uma estrutura mínima que lhe permitisse funcionar

como uma secretaria, e uma estrutura matricial envolvendo representantes das

áreas de gestão. Necessariamente deveria ser vinculado ao Comando Geral,

Page 95: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

95

possivelmente ligado diretamente ao Subchefe do EM/PM, ou como parte integrante

do Centro de Inteligência da Polícia Militar (CIPM). Neste caso, o chefe do CIPM

acumularia a função de Gestor do Conhecimento.

Esta primeira proposta não tem pretensão de estabelecer uma fórmula para

o sucesso, mas apenas reforçar uma importante impressão já enfatizada por

Gambaroni (2009) e que deve ser uma preocupação do Comando.

Dentre as técnicas que poderiam ser atribuição deste setor estaria o

emprego de classificadores para o aproveitamento do conhecimento coletivo e as

tarefas correspondentes à organização e à utilização do conhecimento produzido.

7.1.2 Melhor organização dos processos produtivos

Atendida ou não a primeira proposta, seria importante a instituição possuir

melhores condições de organizar e estudar suas formas de suprir as necessidades

dos clientes, internos ou externos. Sem uma boa organização desses processos é

difícil identificar as oportunidades de melhoria, até porque é impossível verificar em

que grupo de processos cada melhoria proposta poderia se encaixar.

A condição ideal seria a existência de um Escritório de Processos, que

poderia integrar o SISUPA (sistema encarregado da padronização operacional) e o

SIADIN (sistema que se propõe a automatizar os procedimentos administrativos). O

escritório permitiria classificar e consolidar os Procedimentos Operacionais em um

único compêndio e unificar a linguagem para uma melhor organização e

desenvolvimento.

Da mesma maneira que o Gabinete de Gestão do Conhecimento, este

escritório poderia ter uma estrutura mínima que lhe permitisse exercer funções de

secretaria e organizar os procedimentos desenvolvidos por grupos de especialistas

das diversas áreas.

Além disso, essa secretaria seria responsável por publicar as soluções e

democratizar o conhecimento, obedecendo aos níveis estratégicos de segurança da

informação.

Page 96: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

96

O emprego de recursos Web 2.0 permitiria agilizar as comunicações,

suprimir reuniões burocráticas e registrar adequadamente as ações de

aperfeiçoamento dos processos.

7.1.3 Organização e normatização do emprego de Redes Sociais, Ferramentas

Sociais, Mídias Sociais e Recursos Web 2.0

Atualmente existe um setor, subordinado ao Centro de Comunicação Social

(CComSoc), responsável pela produção e publicação de informação por meio das

redes sociais. Recentemente criado, este Centro ainda vem se adaptando à sua

nova organização, com muitas funções ainda se ajustando internamente.

Não existe uma normatização clara que defina estratégias e objetivos para a

participação da PMESP nessas redes. Seria importante que houvesse uma grande

discussão sobre o tema e deliberação do Comando.

Neste sentido, acrescenta-se ao final deste trabalho o Apêndice A, que

consiste em uma proposta de Diretriz para a aplicação destes recursos. Não há

pretensão, com isto, de definir qualquer situação, mas apenas oferecer uma pauta

para início da discussão que possa resolver os pontos ainda indefinidos.

7.2 Medidas específicas

As propostas seguintes são referentes a intervenções imediatas e de baixo

custo, uma vez que representam inovações em alguns processos, o que

provavelmente economizará esforço e permitirá revitalizar alguns sistemas já em uso

cuja produção é morosa.

Page 97: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

97

7.2.1 Melhor exploração do Orkut e outras redes

Conforme foi explanado no capítulo 5, o Orkut detém o status de rede social

da internet com maior número de usuários no Brasil. Também foi citado que é a rede

social mais popular entre as classes mais pobres, sendo fator até mesmo de

discriminação (por exemplo, o termo “favelização”, p.77).

Como órgão público que é, a PMESP não deve excluir essa rede de seu

planejamento, até porque, de certa maneira, é uma oportunidade de aproximação

das comunidades. Ao contrário, a não participação pode representar descaso para

com as classes que mais necessitam dos serviços da instituição.

Na área de comunicação social, não há necessidade de grandes

investimentos, uma vez que já existe uma comunidade que já conta com a

participação de mais de 35 mil usuários (capítulo 5, p. 79), a qual foi criada e é

gerenciada por um Sargento PM. Neste caso específico, a proposta é que se

aproveite a iniciativa e o carisma desse policial militar, mantendo a comunidade e

oferecendo uma oficialização de fato e de direito. Por meio de uma aproximação , o

CComSoc poderia participar das publicações e discussões, informando e

influenciando os participantes e gerando valor para a sociedade.

Na área de inteligência policial, como foi visto também no capítulo 5 (p. 80),

existe representatividade de integrantes do crime organizado, aberta ou

veladamente, como é o caso das comunidades apresentadas na pesquisa sobre

PCC (capítulo 5, p. 80).

O cruzamento de informações com o Infocrim e o Fotocrim poderia fornecer

subsídios para a otimização do controle da criminalidade e do combate ao crime

organizado, que são metas do PPA e do Comando. A partir de uma adequada

organização deste conhecimento, seria possível, sem alarde, um preciso

mapeamento de organizações criminosas, com benefícios diretos à sociedade.

Na área de gestão de processos, existe uma verdadeira preciosidade no

Orkut. Se, de um lado, tem-se no Blog denominado “Abordagem Legal” (capítulo 4,

p. 66 e 67) uma tentativa de discussão com baixíssima adesão, de outro lado, porém

existe fartura de subsídios em comunidades do tipo “EU ODEIO A POLÍCIA

MILITAR” (capítulo 5, p. 78).

Page 98: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

98

A instituição procura desenvolver mecanismos para captação de críticas a

partir de uma aproximação, porém a simpatia dos colaboradores para com a

organização talvez faça com que sejam demasiadamente compreensivos e pouco

sinceros, omitindo as críticas, contemporizando seu possível descontentamento com

algum procedimento. Enquanto isso, surgem espontaneamente as críticas que

poderiam levar à compreensão do descontentamento, justamente a partir daqueles

que assumem publicamente odiar a organização e que não teriam, via de regra,

razões para colaborar. Talvez esta contribuição seja mais efetiva que aquela, pelo

que se propõe o aproveitamento de ambas as iniciativas – a do blog e a da(s)

Comunidade(s).

7.2.2 Criação da Wikipedia PM

Esta proposta é bem mais simples do que as duas anteriores, uma vez que

independe da criação de estrutura física, ou da realocação de recursos humanos ou

materiais especificamente para sua implantação, podendo funcionar com estrutura

exclusivamente matricial.

Esta ação permitiria que cada policial militar, responsável por determinada

área ou detentor de determinado conhecimento, pudesse compartilhar informações,

que seriam agrupadas conforme sua área e acessíveis a pesquisa por toda a PM, a

partir do próprio Portal da Intranet.

Em uma segunda etapa, poderia ser também elaborada uma versão para o

Portal da Internet, na qual a instituição poderia oferecer informações ao cidadão, as

quais seriam alimentadas por representantes das respectivas áreas de

conhecimento, porém acessadas pelo assunto desejado e não a partir do

organograma.

As pessoas não procuram organizações por sua mera existência, mas pelos

resultados práticos que estas podem oferecer. A simples organização das

informações e do conhecimento permitiria sua fácil disponibilização e agregar grande

valor à sociedade.

Para isto, porém, seria necessário escolher entre duas alternativas:

Utilizar site já existente (Wiki.com, Zoho.com ou outros);

Page 99: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

99

Desenvolver solução própria;

Solução híbrida, com utilização de software já disponível gratuitamente

no mercado para a Internet e solução própria para Intranet.

O velho dilema envolve a escolha entre maior segurança e maior praticidade

e deve passar por avaliação da área técnica responsável.

Além dos portais corporativos, estas aplicações poderiam funcionar com

sistemas já existentes e que, por sua burocracia, tornam mais demoradas as

discussões e mais lentas as soluções.

7.2.3 SISUPA

Com a utilização de um sistema Wiki, o desenvolvimento e a revisão dos

POP poderiam receber uma grande melhoria.

É possível integrar diferentes informações para beneficiar o fluxo dos

subprocessos do sistema. O SISUPA Wiki, como poderia ser denominado, agregaria

informações das não conformidades a partir do Clipping de notícias e de outros

inputs da Corregedoria PM. Trata-se de um meio de aproveitamento das

informações já existentes para gerar mais conhecimento e processos de revisão.

A partir da leitura das notícias de fatos que constituem não conformidades,

seria iniciado processo de discussão on-line dos fatos geradores e seria, então

realizado todo o processo de revisão do POP, conforme estabelece o próprio manual

(M-13-PM).

7.2.4 Maior ênfase no emprego de aplicações do tipo Mashup

Mashup, indicado no capítulo 5 como uma das ferramentas de GC&I

(segundo a Secretaria de Gestão Pública), é o termo usado para designar as

aplicações capazes de integrar conteúdos de diversas publicações. Como exemplos,

temos os Web Feeds (RSS e Atom), Javascript, e Widgets. Resumidamente,

permitem incluir em determinado site as publicações de outro, escolhido pelo

administrador.

Page 100: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

100

Na prática, já são muito comuns e disponíveis para o usuário, destinatário da

comunicação, tanto que as nomenclaturas são familiares à maioria dos internautas.

Sua utilização permitiria replicar as publicações, reforçando a ênfase nos conteúdos

e potencializando seu alcance.

Esta ação é altamente recomendada porque nem todos os internautas

participam de todas as redes sociais abordadas neste estudo. Por isso, uma

informação divulgada no perfil do Facebook também deve ser publicada no perfil do

Orkut e do Twitter, salvo aquelas que tenham objetivo específico que requeira

exclusividade em determinado perfil (situação do trânsito, por exemplo).

A utilização desses recursos facilita o trabalho do administrador que, por

meio de uma única publicação, pode atingir diversos públicos nas diversas redes.

Evita também inconsistências na publicação de dados.

Na prática, pode-se usar como exemplo o Blog da PMESP: com o emprego

dessas aplicações, todo conteúdo publicado apareceria nos perfis do Fecebook e do

Orkut da PMESP, sem que para isso o administrador precisasse efetivamente inserir

as informações nessas redes. Por outro lado, pode-se replicar também as

publicações inseridas no perfil do Twitter no Blog. Indo mais além, os perfis criados

em qualquer rede social pelas unidades operacionais poderiam, com o emprego de

Mashups, replicar as publicações do perfil da PMESP.

Page 101: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

101

CCoonncclluussããoo

Como conclusão a este trabalho, atendendo aos objetivos propostos no

início da pesquisa, tem-se que a Polícia Militar tem utilizado muitos recursos

categorizados como Web 2.0, ou ferramentas sociais. Entretanto o estudo

demonstrou que atualmente não são aproveitadas todas as oportunidades de

utilização desses recursos com objetivo de realizar gestão do conhecimento e de

alavancar ações inovadoras nos processos da organização.

A visão da instituição sobre Gestão do Conhecimento, que pode ser

distribuída em quatro grupos principais (produzir, organizar, utilizar e disseminar),

está muito mais focada na produção e na disseminação. Existe uma grande lacuna

quanto à organização e à utilização do conhecimento produzido.

A abordagem integral da gestão do conhecimento permitirá à Polícia Militar

aproveitar melhor as oportunidades de aprimoramento da gestão. A utilização de

classificadores permitirá melhor aproveitamento da inteligência coletiva.

O foco em gestão do conhecimento quando da utilização de ferramentas

sociais permitirá potencializar esse trabalho para a produção de soluções

inovadoras, que poderão partir tanto do público interno quanto do externo.

Para que isso efetivamente aconteça, é necessário muito mais que dominar

a interface das ferramentas. É preciso compreender quais são as aspirações dos

potenciais colaboradores e desenvolver mecanismos de estímulo à participação, a

partir da oferta de informações que agreguem valor aos possíveis interessados. Isto

será capaz de produzir uma relação de confiabilidade para com a instituição.

A PMESP poderá efetivar sua condição de referência quanto à inovação,

desde que ultrapasse o limite atual de organização de seu conhecimento coletivo. O

inverso também pode ser tomado como verdade. A ausência de melhor organização

poderá ocasionar esforços desnecessários e repetitivos, sem os resultados

desejados.

Também é necessário que seja praticado o pensamento sistêmico na gestão

no que tange ao emprego dos recursos Web 2.0, objetivando não somente informar

o cidadão e fortalecer a imagem da instituição, como também captar informações

que possam ser trabalhadas para a produção de conhecimento.

Page 102: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

102

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Page 106: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

106

AAPPÊÊNNCCIICCEE AA

Exemplar Nº _____ de __________ cópias

SÃO PAULO

Cmdo G 311700DEZ11

CComSoc EMPREGO DE RECURSOS WEB 2.0

DIRETRIZ Nº PM6-000/40/11

1. FINALIDADE

1.1. Esta Diretriz destina-se à definição de missões e formas de emprego de

recursos Web 2.0 pela Polícia Militar do Estado de São Paulo.

2. SITUAÇÃO

2.1. A Polícia Militar, responsável, por previsão constitucional, pelo policiamento

ostensivo preventivo fardado, tem na Polícia Comunitária uma filosofia e uma

estratégia que, juntamente com o respeito incondicional aos Direitos Humanos e a

busca pela Qualidade Total, forma os três pilares que sustentam sua gestão.

2.2. Nestas condições, no intuito de aprimorar, cada vez mais, os processos pelos

quais presta serviços à sociedade paulista, faz-se necessário atualizar seus meios

de comunicação, considerando as seguintes premissas:

2.2.1. o crescimento da economia e o conseqüente o aumento do poder aquisitivo

trouxeram a democratização do uso de computadores, de modo que atualmente

todas as classes sociais têm possibilidades de acesso a recursos de informática;

2.2.2. igualmente houve a larga propagação dos meios de acesso à internet, o que é

possível inclusive a partir de aparelhos de telefonia móvel celular e das mais

modernas tecnologias já disponíveis pelo mercado e absorvidas também pela Polícia

Militar;

Page 107: O emprego de recursos web 2.0 como ferramentas de Gestão do

107

2.2.3. a grande maioria da população brasileira ativa atualmente está concentrada

entre as faixas etárias que mais utilizam os recursos de redes sociais para seus

relacionamentos pessoais e profissionais;

2.2.4. dentre as muitas características dessa geração predominante, chamada por

estudiosos de “Geração Internet” ou “Geração Y”, temos a atribuição de grande

importância a valores como liberdade, customização dos serviços, senso de

investigação, integridade, entretenimento, colaboração, velocidade e inovação;

2.2.5. embora se estime que haja uma grande maioria de cidadãos de bem que se

enquadram nas condições acima descritas, estima-se também que organizações

criminosas ou grupos mal intencionados utilizem os mesmos recursos, para fins

criminosos, o que também é objeto de cuidado pelos órgãos de inteligência.

2.3. Para fins de compreensão do presente documento, aplicam-se os seguintes

conceitos:

2.3.1. WEB 2.0 é o conjunto de ferramentas digitais mais colaborativas, nas quais os

usuários deixam de ser meros consumidores de informação para se tornarem

produtores e validadores de conteúdos;

2.3.2. REDE SOCIAL consiste é o conjunto de relações instituídas entre um ou mais

atores sociais (indivíduos, grupos organizados, organizações ou empresas), sendo

compostas, então, por estes dois elementos principais (atores e conexões);

2.3.3. REDE SOCIAL NA INTERNET é o ambiente criado com o uso de ferramentas

da Web 2.0 que procura emular (ou simular) as relações sociais existentes entre as

redes sociais fora da internet; por suas características de facilitação da interação em

relação aos fatores de tempo e espaço, possibilita o desenvolvimento de relações

que, normalmente, não ocorreriam sem a mediação de computadores; para efeito da

aplicação deste documento, passarão a ser designadas simplesmente por RS;

2.3.4. São algumas das RS mais utilizadas no Brasil:

2.3.4.1. Orkut: criado em 2004 por Orkut Büyükkökten, recebe atualmente com mais

de 160 milhões de visitas mensais e é muito utilizado para socializar pessoas

conhecidas;

2.3.4.2. Facebook: Criado em 2004 por Mark Zuckerberg,Chris Hughes, Dustin

Moskoitz e Eduardo Severin, tem a média de mais de 31 milhões de visitas mensais,

também é muito utilizado para socializar pessoas conhecidas;

2.3.4.3. Twitter: criado em 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone, conta

com mais de 26 milhões de visitas mensais,é utilizado para informar notícias rápidas;

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2.3.4.4. FlickR: criado em 2004 pela Ludicorp, recebe a média mensal de 5,5

milhões de visitas e é voltado principalmente para a exposição de fotografias;

2.3.4.5. LinkedIn: criado em 2002 por Reid Hoffman, recebe a média mensal de 2,9

milhões de visitas e é utilizado para encontrar colegas e grupos, e também para

procurar ofertas de emprego;

2.3.4.6. MySpace: criado em 2003 por Tom Anderson e Chris DeWolfe, recebe cerca

de 1,3 milhões de visitas mensais e é utilizado principalmente para a divulgação de

talentos musicais;

2.3.4.7. YouTube: site utilizado para postagem de vídeos na internet;

2.3.4.8. Vimeo: site de postagens de conteúdos de vídeo, similar ao Youtube;

2.3.4.9. Blaving: site destinado à postagem de mensagens de voz;

2.3.4.10. Google: não é propriamente uma rede social, mas integra também este

recurso; porém é o principal site de busca utilizado no Brasil, praticamente

passagem obrigatória para acesso a qualquer outro site; a empresa é proprietária do

Orkut e do Youtube, dentre outras redes.

3. OBJETIVOS

3.1. Por meio desta Diretriz, a Polícia Militar estabelece formas de interação a

sociedade e com os seus atores, por meio das RS, a partir das seguintes

estratégias:

3.1.1. fortalecimento da estratégia de Polícia Comunitária por meio da aproximação

do cidadão;

3.1.2. transparência e rapidez na comunicação de fatos relevantes que agreguem

valor ao cidadão e que fortaleçam a imagem institucional;

3.1.3. abertura da possibilidade de colaboração, pelos públicos interno e externo, no

desenvolvimento de soluções que venham a promover a melhoria dos processos da

organização;

3.1.4. levantamento de informações, sobre criminosos e organizações criminosas, de

modo a permitir a antecipação do planejamento de ações policiais preventivas.

4. MISSÃO

4.1. A Polícia Militar, por meio de suas unidades, participará ativamente das Redes

Sociais na Internet com o intuito de cumprir os objetivos desta Diretriz.

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5. EXECUÇÃO

5.1. Conceituação

5.1.1. A participação em Redes Sociais na Internet se dará sob coordenação do

CComSoc e será representado até o nível de Batalhão PM.

5.1.2. Todos os perfis criados por usuários representantes da PMESP serão

impessoais, de controle público das OPM que representam, devendo ser, também,

conhecidos dos escalões superiores e controlados pelo CComSoc.

5.2. Atribuições Particulares

5.2.1. CComSoc: Representante do Comando nas redes e sociais da internet e

demais canais de comunicação, compete-lhe as seguintes ações:

5.2.1.1. Coordenar as estratégias de comunicação social com emprego de RS, tanto

as de abrangência institucional quanto as ações regionais e locais, empregando

para isto os recursos do SISCOM;

5.2.1.2. Adotar ou desenvolver ferramentas que possibilitem o emprego de recursos

Mash-up (RSS, Atom, Javascript, etc), no intuito de facilitar as publicações, nos

perfis regionais e locais, dos conteúdos divulgados pelos perfis institucionais

regionais e locais;

5.2.1.3. Manter perfis institucionais em funcionamento, responsabilizando-se

inteiramente pelas publicações, nos seguintes sites de RS:

5.2.1.3.1. Orkut: neste caso específico, aproveitando a principal comunidade já

existente, interagindo por meio de avatar, a ser desenvolvido pelo próprio Centro;

5.2.1.3.2. Facebook: perfil do tipo organizacional, destinado à publicação de

assuntos de interesse da organização, bem como referir as publicações nos demais

perfis organizacionais de outros sites;

5.2.1.3.3. YouTube: destinado à divulgação de vídeos sobre matérias envolvendo a

PMESP, pronunciamentos do Comando e de outras autoridades, entrevistas,

conteúdos educacionais, vídeos institucionais e outros de interesse institucional;

5.2.1.3.4. Twitter: destinado à publicação de informações de interesse à

comunidade, informações institucionais e links para matérias e outras publicações;

5.2.1.3.5. Blaving: publicar podcasts cujos conteúdos possuam as mesmas

características das publicações no Youtube;

5.2.1.3.6. LinkedIn: publicar oferta de emprego, concursos para ingresso na APMBB,

na ESSd e no SAV, bem como lançar iniciativas destinadas à captação de

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colaboração dos profissionais cadastrados na rede para a melhoria dos processos

da instituição;

5.2.1.4. Instruir e orientar os integrantes do SISCOM acerca da criação e utilização

dos perfis institucionais regionais e locais nas RS;

5.2.1.5. Interagir com o CIPM quanto à produção de conhecimento a partir das RS,

orientando as ações de modo a facilitar sua produção e organização, bem como

adotando medidas capazes de estimular a participação e colaboração da

comunidade e do público interno;

5.2.1.6. Formular e desenvolver requisitos junto à DTel para a fabricação dos

softwares que forem necessários à aplicação desta Diretriz;

5.2.1.7. Manter controle atualizado de todos os perfis, comunidades e publicações

em RS que envolvam, em quaisquer condições, a PMESP, especialmente os perfis

institucionais, por meio de banco de dados a ser alimentado em conjunto como

CComSoc;

5.2.2. CIPM: por se tratar do órgão subordinado diretamente ao Comandante Geral

para assuntos de inteligência policial, compete-lhe, quanto ao emprego de RS:

5.2.2.1. Organizar o conhecimento captado por meio das colaborações oferecidas

nos ambientes virtuais das RS;

5.2.2.2. Formular requisitos para que o CComSoc possa desenvolver ações de

Gestão do Conhecimento, por meio das RS, capazes de estimular inovações nos

processos da organização;

5.2.2.3. Organizar, criar e manter perfis, de caráter institucional, porém com a

utilização de avatar, nas principais redes sociais, com a finalidade de possibilitar o

levantamento de informações criminais, utilizando para isto agentes do SIPOM;

5.2.2.4. Manter pesquisa permanente de comunidades, perfis e publicações em RS

que envolvam a instituição, alimentando banco de dados eletrônico a ser mantido

pelo CComSoc;

5.2.2.5. Interagir com o CComSoc e com a DTel no sentido de formular requisitos

para a fabricação dos softwares necessários à perfeita e segura administração das

informações, classificação do conhecimento e devido tratamento para utilização

prática;

5.2.3. Unidades de Comando Regional:

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5.2.3.1. Manter perfis institucionais regionais no Facebook, destinados à

aproximação com a comunidade, geração de valor por meio de suas publicações e

captação de colaboração capaz de gerar conhecimento à organização;

5.2.3.2. Eventualmente, manter perfis em outras redes sociais, conforme

características regionais e estratégias próprias, sempre voltadas aos objetivos

previstos nesta Diretriz, mediante prévia autorização do Comando e sob controle,

orientação e suporte do CComSoc;

5.2.3.3. Designar um Oficial, preferencialmente o integrante do SISCOM, para

administrar os perfis gerados em RS;

5.2.4. Unidades em nível de Batalhão PM:

5.2.4.1. Eventualmente, manter perfil no Facebook ou em outras redes sociais,

conforme características regionais e estratégias próprias, sempre voltadas aos

objetivos previstos nesta Diretriz, mediante prévia autorização do Comando e sob

controle, orientação e suporte do CComSoc;

5.2.4.2. Designar um Oficial, preferencialmente o integrante do SISCOM, para

administrar os perfis gerados em RS;

6. ADMINISTRAÇÃO

6.1. A coordenação e o controle das ações da PMESP nas RS é de incumbência do

CComSoc, nos termos estabelecidos neste documento, especialmente as próprias

da atividade de Comunicação Social;

6.2. Ao CIPM competem as ações próprias da atividade de Gestão do

Conhecimento, devendo, para tanto, atuar em estrita sintonia com o CComSoc, no

intuito de produzir os requisitos para que as ações gerenciadas por aquele órgão

produzam os resultados esperados neste aspecto;

6.3. A DTel é o órgão responsável pelo suporte tecnológico para que as ações nas

RS produzam os efeitos planejados, podendo para este mister delegar suas

atribuições, conforme o caso, aos centros subordinados.

7. LIGAÇÕES ECOMUNICAÇÕES

7.1. Fica estabelecido o canal técnico entre as OPM visando ao desenvolvimento de

soluções que viabilizem os resultados esperados.

7.2. Prescrições Diversas

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7.2.1. Todas as publicações em perfis e comunidades nas RS devem se pautar

pelos padrões de legalidade, moral e ética da organização;

7.2.2. É proibido postar informações e opiniões de caráter pessoal nos perfis que

sejam de identificação organizacional; esse tipo de postagem pode ser feito nos

respectivos perfis pessoais de cada policial militar, atentando apenas para o fato de

que este também é representante da instituição em qualquer lugar e que, por isso,

sua conduta deve espelhar esta condição;

7.2.3. Os perfis organizacionais nas Redes Sociais na Internet deverão, sempre que

possível, utilizar recursos nestas disponíveis que permitam repetir (retransmitir) as

publicações constantes nos perfis gerenciados pelo CComSoc, contando para isso

com o suporte oferecido por esse órgão;

7.2.4. As soluções desenvolvidas pelos órgãos deverão ser plenamente

compartilhadas, de modo a assegurar o funcionamento do sistema de maneira

homogênea;

7.2.5. Este documento não esgota o assunto, podendo ser elaboradas orientações

complementares pelos órgãos cujas missões são aqui estabelecidas.

ALVARO BATISTA CAMILO

Cel PM Comandante Geral