O EMPREGADOR TEM A OBRIGAO DE ACEITAR ATESTADO DE ACOMPANHAMENTO MDICO?Srgio Ferreira PantaleoO empregador obrigado a abonar as faltas que por determinao legal, no podem ocasionar perda da remunerao, desde que formalmente comprovadas poratestado mdico.A legislao determina alguns requisitos para que os atestados mdicos tenham validade perante a empresa. No entanto, no so raros os casos de empregados que se utilizam de atestados mdicos para se ausentarem do trabalho, mesmo sem apresentar nenhuma patologia que justifique essa ausncia.A legislao no prev a questo doabono de faltasno caso do empregado que se ausenta do trabalho para acompanhar seu dependente em uma consulta mdica ou internamento, independente de idade ou condio de sade.LEGISLAOO atestado mdico, para abono de faltas ao trabalho, tem limitaes regulamentadas por lei. O Decreto 27.048/49 que aprova o regulamento da Lei 605/49, no artigo12, 1 e 2, dispe sobre as formas de abono de faltas mediante atestado mdico:Art. 12: 1:A doena ser comprovada mediante atestado passado por mdico da empresa ou por ela designado e pago. 2: No dispondo a empresa de mdico da instituio de previdncia a que esteja filiado o empregado, por mdico do Servio Social da Indstria ou do Servio Social do Comrcio, por mdico de repartio federal, estadual ou municipal, incumbido de assunto de higiene ou sade, ou, inexistindo na localidade mdicos nas condies acima especificados, por mdico do sindicato a que pertena o empregado ou por profissional da escolha deste.Os atestados mdicos de particulares, conforme manifestao do Conselho Federal de Medicina, no devem ser recusados, exceto se for reconhecido favorecimento ou falsidade na emisso, assim estabelecendo:"O atestado mdico, portanto, no deve "a priori" ter sua validade recusada porquanto estaro sempre presentes no procedimento do mdico que o forneceu a presuno de lisura e percia tcnica, exceto se for reconhecido favorecimento ou falsidade na sua elaborao quando ento, alm da recusa, acertado requisitar a instaurao do competente inqurito policial e, tambm, a representao ao Conselho Regional de Medicina para instaurao do indispensvel procedimento administrativo disciplinar".Portanto, o atestado mdico para abono de faltas ao trabalho deve obedecer aos dispositivos legais, mas, quando emitido por mdico particular, a priori deve ser considerado, pelo mdico da empresa ou junta mdica de servio pblico, como verdadeiro pela presuno de lisura e percia tcnica.Entretanto, a legislao trabalhista no disciplina quanto ao abono de faltas em virtude deatestado de acompanhamento mdico(aquele que fornecido me ou ao pai que acompanha o filho at o mdico), tampouco se manifesta quanto a obrigatoriedade das empresas em recepcion-lo.Embora no tenhamos a manifestao da Legislao a respeito, preciso se atentar para osAcordos e Convenes Coletivasque tendem a garantir situaes mais benficas, como complemento s dispostas em lei ou at pelos prprios procedimentos internos das empresas que podem estabelecer tal garantia.Em um procedimento interno de uma empresa qualquer, encontramos uma dessas garantias a qual estabelecia que "Nos casos dos atestados de acompanhantes para filhos at 14 (quatorze) anos, a ausncia abonada, no limite de 01 dia/ms."EMPRESAS - FACULDADE EM ABONARSe por um lado o empregador no deve esta obrigao, por outro h uma busca em manter a qualidade de vida e condies saudveis de trabalho para seu empregado, condies estas que podem ser ameaadas pela enfermidade na famlia deste, j que poder refletir diretamente no seudesempenho profissional.Ora, se um empregado que trabalha em turnos, por exemplo, e que poderia agendar e levar seu filho ao mdico aps suajornadanormal de trabalho no o faz, fica evidente sua inteno em faltar ao servio sem justificativa legal.Por outro lado, se ocorrer a necessidade urgente em funo de um fato grave e inesperado, ainda que a jornada de trabalho seja em turnos, h que se levar em considerao a imprevisibilidade e necessidade urgente de atendimento ao filho, o que poderia ser considerado justificvel a ausncia do empregado.Cabe ao empregador aceitar ou no os atestados apresentados pelo empregado que no estejam previstos em lei. Se a lei, acordo ou conveno coletiva no disciplina sobre a obrigao de o empregador recepcionar o atestado de acompanhamento mdico, uma faculdade aceitar ou recusar.No entanto, para que seja aceito, o gestor de Recursos Humanos deve estabelecer um procedimento interno regulamentando as condies em que sero aceitos, para que todos sejam atingidos por este regulamento. No h como um departamento aceitar e outro no, conforme suas convices.A empresa poder determinar ainda que os atestados de acompanhante (filho, pai, me, irmo e etc.) somente justificam a ausncia do perodo, mas no abonam, caso em que as horas devem ser compensadas dentro de um determinado prazo para no incorrer em prejuzos salariais.No obstante, h que se atentar para o entendimento jurisprudencial que vem demonstrando que a me, o pai, tutor ou responsvel que, no havendo outra possibilidade, precisar se ausentar do trabalho para acompanhar o filho menor at o mdico, deve ter esta ausncia justificada pela empresa, j que esta garantia de cuidado do filho, alm de estar estabelecido na Constituio Federal, um dever estabelecido no exerccio do ptrio-poder, consubstanciado no dever dos pais de cumprir funes de sustento, educao e assistncia aos filhos, conforme define o Estatuto da Criana e do Adolescente.*Marasa SantanaEmpregado e empregador sempre entram em conflito por causa da apresentao do Atestado Mdico que justifica e comprova motivo justo da ausncia do empregado no trabalho, servindo como documento legal para o abono de faltas, desde que o Atestado obedea a dispositivos estabelecidos na legislao pertinente. que a legislao trabalhista determina certos requisitos para a validade dos Atestados Mdicos apresentados pelo empregado ao empregador, existindo, entretanto, casos de empregados que utilizam Atestados Mdicos para no comparecerem ao trabalho, mesmo sem estar em situao de doena que justifique a sua ausncia.Assim, a validade dos Atestados Mdicos est garantida no pargrafo 1, do art. 6, da Lei 605/1949, de 5 de janeiro de 1949 (regulamentada pelo Decreto Lei n 27.048/1949, de 12 de agosto de 1949), que dispe:Lei 605/19491. So motivos justificados:f) a doena do empregado, devidamente comprovada.Veio a Lei n 2.761, de 26.4.56 e deu nova redao ao 2 da Lei 605/1949, estabelecendo os seguintes critrios para validade do Atestado Mdico:Lei 605/19492. A doena ser comprovada mediante atestado de mdico da instituio da previdncia social a que estiver filiado o empregado, e, na falta deste e sucessivamente, de mdico do Servio Social do Comrcio ou da Indstria; de mdico da empresa ou por ela designado; de mdico a servio de representao federal, estadual ou municipal incumbido de assuntos de higiene ou de sade pblica; ou no existindo estes, na localidade em que trabalhar, de mdico de sua escolha.Caber ao empregador, havendo suspeita da validade do Atestado Mdico, verificar a sua veracidade, buscando obter junto ao mdico que o expediu a confirmao de sua validade, podendo demitir o empregado por justa causa na hiptese do Atestado ser falso e ainda acionar judicialmente o mdico, por crime previsto no Cdigo Penal Brasileiro, com punio extensiva ao empregado.Convm observar que no h prazo determinado na legislao para o empregado apresentar o Atestado Mdico de sua doena, justificando o seu afastamento do trabalho, sendo recomendvel que o apresente to logo retorne ao trabalho, sendo prudente que o empregado entre em contato com o empregador para lhe dar cincia dos dias que ficar afastado.O Atestado Mdico tem limitao de 15 (quinze) dias de validade para que o empregador remunere o empregado que se afastar por motivo de doena, aps o que deve encaminh-lo ao INSS, que passar a assumir a remunerao do empregado ausente do servio.Muitos empregadores pem suspeita de veracidade nos Atestados Mdicos expedidos por profissionais particulares, mas no devem simplesmente rejeit-los somente por levantar suspeitas, devendo apurar se o mdico est agindo de forma tica e honesta.Por falta de informao comum empregado imaginar que o acompanhamento de familiares em caso de doena lhe garante o abono de faltas ao trabalho sem prejuzo de sua remunerao, o que no verdade, porque a empresa (empregador) no est obrigada a aceitar esse Atestado, mesmo que a ausncia do empregado seja para acompanhamento de esposa e/ou de filhos.Nesse caso, o empregado deve pedir ao Mdico que assistir a sua esposa ou filho uma declarao afirmando que naquele(s) dia(s) esteve acompanhando algum da famlia, de preferncia, juntando cpias de receitas e de exames (ou pedidos de exames), para comprovar que efetivamente esteve acompanhando o seu familiar.No caso de acompanhamento de familiar necessitado de assistncia mdico-hospitalar, deve o empregado, alm de comprovar com os documentos acima citados, propor ao empregador que vai repor as horas ou dias no trabalhados, demonstrando, com isso, a sua honestidade relativa ao afastamento, levando a empresa a relevar o motivo da ausncia e no descontar do empregado o tempo que esteve afastado.No servio pblico, entretanto, os Estatutos dos servidores estabelecem critrios prprios de afastamento de seus servidores, nos casos de acompanhamento de familiares, sem prejuzo da remunerao.Ao faltar ao trabalho por motivo de doena, o trabalhador deve apresentar atestado mdico para receber a remunerao do dia abonado. E a empresa que recebe o atestado no pode descontar as horas ou o dia trabalhado. Para se precaver, o empregado deve ficar com uma cpia do documento. O atestado vlido s pode ser recusado se contrariado por junta mdica. Caso a empresa suspeite de fraude, poder solicitar esclarecimentos s autoridades mdicas, que devero prest-las, pois a prtica de atestado falso crime e pode implicar em demisso por justa causa.saiba mais Veja casos em que o trabalhador pode ter as faltas abonadas Especialista tira principais dvidas sobre licena mdica no trabalhoOG1elaborou um tira-dvidas sobre o assunto com os especialistas em direito do trabalho Wagner Luiz Verquietini e Alexandre Bonilha, do Bonilha Advogados.As faltas ao trabalho por doena, devidamente atestadas, garantem o pagamento integral dos salrios?As ausncias motivadas por problemas de sade esto disciplinadas em alguns dispositivos legais. o caso do art. 6, letra f, da lei 605/49, cujo texto estabelece que, se o empregado faltar ao trabalho por motivo de doenas, devidamente atestado, no perder o salrio e o Descanso Semanal Remunerado (DSR).Qualquer atestado, seja ele concedido por mdico particular, de convnio mdico ou da sade pblica (SUS), vlido para abonar horas ou faltas?Existe uma ordem de preferncia estabelecida para que as horas ou dias de afastamento do empregado sejam abonados, mas ela no obrigatria. Em primeiro lugar preferem-se os atestados mdicos de servios prprios ou mantidos pela empresa; depois, os servios mdicos mantidos pelos sindicatos, seguidos pelos da rede pblica de sade; depois por mdico particular do empregado; e por fim, o atestado do perito do INSS, quando o perodo de afastamento ultrapassar 15 dias de afastamento.No caso de consulta de rotina, por exemplo, ao ginecologista, a apresentao do atestado garante que as horas no sejam descontadas?Nesses casos, como no demandam urgncia e impreviso, o empregado deveria optar por atendimento em horrio compatvel com o servio. Entretanto, mesmo nessas hipteses, como a letra f do art. 6, Lei 605/49 no faz distino, o atestado mdico vlido no deve ser recusado.A empresa pode recusar atestados e descontar as horas ou dias de afastamento?Se o empregado apresentar um atestado vlido, a empresa somente poder recus-lo e no pagar os salrios se comprovar atravs de junta mdica que o trabalhador est apto ao trabalho. o que estabelece o parecer n 15/95, do Conselho Federal de Medicina (CFM). A recusa de um atestado s se justifica se ele for falso ou contrariado por junta mdica.E quando a empresa recebe o atestado e desconta as horas ou dia trabalhado, o que fazer?Esse tipo de situao ilegal, porm corriqueira. H empresas que, arbitrariamente, no reconhecem atestados de forma aleatria, sem nenhum tipo de embasamento legal, e simplesmente descontam o perodo atestado. Para se precaver, o empregado deve entregar o atestado sempre mediante recibo, ou seja, ficar com uma cpia. Em posse dela, pode pedir diretamente o pagamento por escrito, reclamar perante o sindicato da categoria ou Superintendncia do Ministrio do Trabalho. Em ltima anlise, deve requerer o pagamento perante a Justia do Trabalho.O que a empresa poder fazer nos casos em que o empregado falta repetidamente e apresenta atestados?Quando o empregado passa a se ausentar repetitivamente, de forma alternada e intervalada, pela mesma doena, a empresa deve encaminh-lo Previdncia Social, a fim de se submeter percia mdica - na forma do 4 do art. 60 da lei 8.213/91 - e requerer o afastamento para tratamento e consequente benefcio previdencirio, que ser devido apenas aps o 16 dia desse afastamento consecutivo.Qual o tempo mximo que um atestado pode dar de afastamento antes de o funcionrio ir para o INSS?O tempo de afastamento o necessrio para que a pessoa possa restabelecer por completo sua sade, a critrio do profissional de sade, o qual somente poder ser contestado por uma junta mdica (dois ou mais mdicos). Assim, o tempo de afastamento no tem prazo pr-definido. O certo que o servio mdico da empresa pode abonar apenas os primeiros 15 dias (Smula 282 do TST), devendo encaminhar o segurado percia mdica da Previdncia Social quando a incapacidade ultrapassar os 15 dias consecutivos (art. 60, 4, da Lei 8.213/91).

A empresa pode mandar embora alegando que o funcionrio faltava muito por causa de doena, mesmo ele tendo levado atestados?No. Se a empresa mandar embora o empregado, mesmo ressaltando esse motivo, a prtica poder ser entendida como discriminatria, na forma da Lei 9.029/95, e a empresa pode ser condenada a pagar indenizao por danos morais se o empregado se sentir ofendido em sua dignidade por conta da motivao.O empregador pode descontar do salrio o valor do Descanso Semanal Remunerado (DSR) caso o empregado tenha apresentado atestado vrias vezes?O atestado vlido s pode ser recusado se contrariado por junta mdica. Portanto, esse desconto no pode ser feito.O empregado pode se ausentar do trabalho para cuidar do filho doente ou levar parentes diretos, como pai e me ao mdico? Nesse caso, como atestar essas ausncias para que no haja desconto no salrio?No existe previso legal para esses casos. No entanto, defendemos que justificada essa ausncia e o empregador deve facult-la e garantir o pagamento integral dos salrios. Assim dispe deciso do TRT da 9 Regio, de novembro de 2012. Essa uma questo polmica, pois no h lei garantindo esse direito de forma direta. Essa interpretao surge atravs de uma revisitao conceitual, com base nos princpios constitucionais da dignidade da pessoa humana, funo social da empresa e consequente valorizao do trabalho. Trata-se de uma corrente crescente nos tribunais. Com relao s empresas, elas relutam em aceitar, e por vezes descontam do salrio. uma questo polmica, e deve ser aferida caso a caso para que no se cometam injustias e abusos.Atestado de frequncia ao dentista vlido para que no haja descontos?Quando a visita ao dentista for de emergncia no gera nenhuma dvida, pois tem a mesma validade que o atestado mdico. O problema surge quando tratamento de rotina, e que em tese poderia ser feito fora do horrio de trabalho. Nessas hipteses, a empresa no deve recusar o atestado, se for comprovado que o empregado se ausentou para o tratamento de sade bucal. O entendimento dominante na doutrina e jurisprudncia de que o termo a doena do empregado, devidamente comprovada se refere ao direito social sade, e garante ao atestado emitido pelo cirurgio dentista o mesmo efeito do atestado clnico.O que deve constar no atestado?Os atestados mdicos devem cumprir um mnimo de requisitos: mdico inscrito no CRM; data, hora, assinatura e carimbo em papel timbrado; insero da CID-10; e tempo necessrio de afastamento.

A empresa que fornece plano de sade pode se recusar a receber atestado do SUS?Sim, se a empresa fornece plano de sade no tem sentido o empregado ir para um posto de sade, por exemplo.Se o empregado apresenta um atestado mdico falso ou rasurado, o que acontece a ele?Caso a empresa suspeite de fraudes, poder solicitar esclarecimentos aos responsveis, que devero prest-las, pois a prtica de atestado falso crime previsto nos arts. 297 e 302 do Cdigo Penal. Os responsveis so os emissores do atestado, no caso o mdico, a clnica ou o hospital. Caso a fraude seja constatada, pode implicar em demisso por justa causa do empregado, prevista no artigo 482, da CLT, pois foi quebrada a fidcia, boa-f e a lealdade.

Verquietini informa que fcil confeccionar um atestado fraudulento. Essa prtica endmica e os operadores do direito, ou seja, advogados, o Ministrio Pblico do Trabalho e juzes no podem ficar alheios e devem impedi-la, alerta. O combate deve ser feito atravs de preveno, fiscalizao e punio, segundo ele. Verquietini defende ainda uma postura proativa da empresa, no sentido de buscar coibir a prtica, com severo controle dos atestados.Bonilha lembra que, como forma de combater atestados fraudulentos, a Associao Paulista de Medicina (APM) criou o e-atestado, uma ferramenta, nos moldes da utilizada pela Receita Federal, cujo uso significaria o fim da indstria dos atestados falsos e rasurados, diz Alexandre Bonilha. Trata-se de uma verso digital dos atestados mdicos, que teria uma combinao de nmeros nica, assegurando a veracidade das informaes. Mas a ferramenta precisa de lei para se tornar obrigatria.