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D. S. Castro
O Dízimo e o Sábado
As Incoerências dos Apologistas Cristãos
Defensores da Obrigatoriedade do Dízimo
na Nova Aliança
Excelentes Contra-argumentos ao Sabatismo
“invalidados” pelos doutrinadores do “Dízimo Cristão”
1ª Edição
Abaetetuba
Darivan da Silva de Castro
- 2014 –
O DÍZIMO E O SÁBADO AS INCOERÊNCIAS DOS APOLOGISTAS CRISTÃOS DEFENSORES DA OBRIGATORIEDADE DO
DÍZIMO NA NOVA ALIANÇA
© 2014. D. S. Castro
REVISÃO
Emerson José Rodrigues
Jairo Júnior Silva Negrão
Mara Josele Furtado da Silva
CAPA E DIAGRAMAÇÃO
Darivan S. Castro
IMPRESSÃO
Clube de Autores
Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pelo próprio autor
1ª EDIÇÃO, 2014
Exceto citações esparsas, informando devidamente a fonte, a reprodução
é proibida. Citações Bíblicas: Almeida Revista e Corrigida Fiel,
Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2007.
TODOS AOS DIREITOS RESERVADOS A D. S. CASTRO
Travessa Aristides dos Reis e Silva, 1421, São Lourenço
68440-000 Abaetetuba , PA
IMPRESSO NO BRASIL
C355d Castro, Darivan da Silva.
O Dízimo e o Sábado / D. S. Castro; revisão de Emerson
José Rodrigues, Jairo Júnior Silva Negrão e Mara Josele
Furtado da Silva – Abaetetuba: D. S. Castro, 2004.
328p; 21cm.
ISBN 978-85-917776-0-0
1. Literatura cristã. 2. Dízimo e controvérsias. I. Título.
CCD B239
CDU 26
Agradecimentos
Do mais profundo de minha alma, agradeço a Deus por
haver enviado ao mundo Seu próprio Filho, para morrer
por todos os pecadores, sem exceção. Dentre eles – por Sua
infinita graça, misericórdia e amor – fui Nele feito uma nova
criatura, única e exclusivamente pela fé em Seu Nome (Atos
4:12). De coração, dou graças a Ele pela coragem com que me
fez chegar até aqui, pois o caminho a ser trilhado por aqueles
que buscam em tudo agradá-Lo é estreito demais, e somente
com a graça de Seu Santo Espírito podemos percorrê-lo sem
querer retroceder.
Agradeço ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pela Esposa e
Companheira que me deu – Ediane Castro – pois sem esta
mulher de espírito forte ao meu lado, sobretudo nos momentos
mais difíceis, seria quase impossível suportar as lutas e
dificuldades que juntos enfrentamos. Só Ele e nós sabemos!
Agradeço a Deus por nossos filhos, Artur Gabriel (8) e Carlos
Heitor (1) – a herança que Dele recebemos como um bálsamo a
alegrar-nos nas lutas e provações por meio de um singelo e
inocente sorriso em seus rostos. Que o Senhor guarde os seus
caminhos e que revele a eles Seu eterno amor, ensinando-os a
amá-Lo, honrá-Lo, e adorá-Lo como Senhor e Salvador de suas
vidas.
Dou-te graças, meu Senhor, por haveres colocado em meu
caminho verdadeiros servos Teus, que muito me têm
incentivado, direta ou indiretamente, a manter-me
continuamente fiel à genuína Verdade do Evangelho, sem
concessões. Em especial, Te agradeço por meus queridos amigos
e irmãos Emerson Rodrigues, Jairo Jr. Negrão e Mara
Furtado, que se dispuseram a revisar o texto deste pequeno
livro – que considero como um desabafo de consciência limpa.
Que Deus continue os abençoando ricamente com Sua graça,
concedendo-lhes diariamente a coragem necessária para
prosseguir, mantendo-os sempre firmes e dispostos nesta
caminhada de fé. A Deus toda a Glória!
D. S. Castro.
Dedico este livro a duas pessoas muito importantes em
minha vida e formação cristã: à minha mãe, Dária Castro,
embora com respeito ao tema aqui tratado, ela ainda hoje
não concorde com aquilo que considera “minhas próprias
ideias” sobre o assunto; e à memória de meu pai, Hildeberto
Ivan de Castro, que serviu a Cristo verdadeiramente como
um fiel discípulo, e que hoje descansa no Senhor. Foi um
privilégio conhecer e conviver com um dos homens santos de
Deus.
Sumário
Introdução ................................................................................................... 9
Capítulo 1:
O Contra-argumento da Precedência em Relação à Lei ........... 15
1.1. O Que Temos no Novo Testamento Sobre o Dízimo? .............................. 18
1.2. Será que “Algo Está Errado em Minha Linha de Pensamento?”......... 23
1.3. Dízimo – Um Ensino Atemporal? ...................................................................... 32
1.4. Persistindo em Ser Incoerente ........................................................................... 35
1.5. O Dízimo Era um Preceito Moral? .................................................................... 37
1.6. O Dízimo, Tal Qual o Sábado, Nunca Foi Um Mandamento
Universal ....................................................................................................................... 42
1.7. O Dízimo e a Lei Noética – “Nada a ver!” ....................................................... 43
1.8. Não Foi a Lei Totalmente Abolida? .................................................................. 47
1.9. “Há Controvérsias!” ................................................................................................. 52
1.10. Devemos Realmente Fazer ou Cumprir Tudo o Que Cristo Disse ou
Fez Nos Evangelhos? ............................................................................................... 65
1.11. “Visão de Águia” Versus “Visão de Raios-X” ................................................ 67
1.12. Uma Atitude Deplorável ........................................................................................ 73
1.13. Há Implicações Negativas Quanto à “Observância” do Dízimo na
Nova Aliança? ............................................................................................................. 74
Capítulo 2:
O Contra-argumento do Não Cumprimento Segundo o Que a
Lei Prescrevia.......................................................................................... 97
2.1. “De Olho nas Supostas Promessas”............................................................... 100
2.2. Seriam Apenas os Sabatistas Que Têm Realmente se Colocado
Debaixo de Maldição? .......................................................................................... 101
2.3. Uma Sincera Palavra a Você, Meu Caro Irmão “Dizimista” ............... 105
2.4. Os Advogados do Dízimo Realmente Ensinam a Guardá-lo Segundo
Prescrevia a Lei? .................................................................................................... 112
2.5. Desonestidade não! .............................................................................................. 132
2.6. Uma Análise de Números 18:21 ..................................................................... 137
2.7. Dai a César o que é de César, e a Deus o “Dízimo” que é de Deus! . 153
2.8. Estabelecendo as “Regras” Para o Suposto “Dízimo Cristão”........... 165
2.9. Questões Cruciais Ainda Ignoradas por Muitos Cristãos ................... 185
2.10. O Real Propósito das Contribuições e Ofertas (e não de Dízimos) na
Nova Aliança ............................................................................................................ 189
2.11. Uma Palavra Final – Aos Leitores Mais Desatentos .............................. 193
Capítulo 3:
A Questão do “Dízimo Cristão”: A História Que Não Lhe
Contaram!............................................................................................... 197
3.1. O Testemunho dos Primeiros Pais ................................................................ 197
3.2. Um Necessário Esclarecimento ...................................................................... 206
3.3. O Sínodo de Tours e o Concílio de Macon – As primeiras menções
oficiais a um “dízimo cristão” obrigatório ................................................. 208
3.4. E Quanto aos Reformadores: O Que Eles Nos Dizem Sobre a
Questão? .................................................................................................................... 212
Martinho Lutero ..................................................................................................... 214
João Calvino .............................................................................................................. 218
Ulrico Zwínglio ....................................................................................................... 223
John Wycliffe ............................................................................................................ 227
Thomas Müntzer .................................................................................................... 231
Bibliografia ............................................................................................ 237
APÊNDICES ............................................................................................. 243
SOBRE O AUTOR ................................................................................... 341
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Introdução
Como disse certa vez a um irmão que, segundo suas
palavras, “quasea o convenci de que não devemos ‘dizimar’”,
tratar da questão do dízimo à luz das Escrituras é algo
extremamente fácil. O difícil é tratar do assunto do ponto de
vista da tradição que por séculos tem sido imposta sobre
nós cristãos. A Bíblia é clara com respeito à origem legal
deste preceito (e não me refiro, portanto, ao “dízimo” de
Abraão, pois esta é outra história, como veremos), a quem
Deus deu a cumpri-lo, a quê ele estava atrelado, o modo
como deveria ser cumprido e o propósito por trás do
mesmo. No entanto, a tradição eclesiástica (romana) e não-
apostólica – cuja origem remonta ao século IV da era cristã
com a institucionalização da “igreja” por Constantino, o
grande imperador Romano que supostamente se
“convertera” ao cristianismo após haver sonhado com a
insígnia de uma cruzb – se encarregou de fazer ressurgir,
por interesses escusos, um distorcido e falso dízimo, apenas
“inspirado” no verdadeiro dízimo bíblico. De lá para cá,
a A razão do “quase” em suas palavras deve-se ao fato de o referido irmão não foi capaz de responder aos argumentos bíblicos que lhe expus em contraposição a este preceito na Nova Aliança, e por isso, preferiu evadir-se à questão nos seguintes termos: “Então está certo, você quase me convence [de] que não podemos dar o dizimo. Tchau, vou dormir já são quase meia noite, e vou trabalhar amanha. Depois agente conversa” (Ele não retornou mais ao debate!). Os argumentos que apresentei a ele serão também delineados nas páginas deste livro. b Segundo a tradição, na noite anterior à batalha contra Magêncio na Ponte Mílvio, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, Constantino sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: In hoc signo vinces (“Sob este símbolo vencerás”). Após a vitória, Constantino viria mais tarde a converte-se ao cristianismo, atribuindo sua conquista ao que ele conhecia como Deus cristão [Fonte: Wikipédia, com ajustes feitos pelo autor].
INTRODUÇÃO
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entre as muitas tentativas de Roma de torná-lo uma
obrigação legal a todo o império, ele acabou sendo
oficializado e tornado uma lei eclesiástica, por meio de um
edito promulgado pelo imperador Carlos Magno, somente
no século VIII. Séculos mais tarde, com o advento da
Reforma Protestante, que abalaria definitivamente as bases
do Catolicismo-Romano oficial, a prática deste falso dízimo
continuaria a ser questionada por muitos reformadores.
Porém, inevitavelmente, em tempos mais recentes, a prática
acabaria por se estabelecer também entre muitos grupos
protestantes e, posteriormente, entre os evangélicos, com
um “ingrediente” mais audacioso ainda: o uso explícito,
conquanto indevido, de passagens das Escrituras
especificamente relacionadas ao verdadeiro dízimo bíblico
instituído por Deus a um povo em especial,
desconsiderando assim o real contexto histórico e cultural
em que este preceito vigorara, adaptando-o de modo
conveniente à Nova Aliança e impondo sobre a grande
maioria das igrejas reformadas uma carga, que nem mesmo
Cristo ou seus apóstolos jamais exigiram de nenhum cristão.
E tudo isto com o único propósito, seguindo o exemplo de
Roma, de expandir seus patrimônios, alegando ser esta uma
das formas que Deus usou para propagar o Evangelho. Isto,
porém, é questionável!
Israel foi a nação que Deus escolheu dentre todos os
povos para, por meio dela, trazer o salvador ao mundo. A
história do povo hebreu começou a ser delineada com o
chamado de Abraão, o primeiro de seus patriarcas. Todos
nós cristãos sabemos (ou deveríamos saber) que “muitas
águas rolaram” desde que Abraão foi chamado por Deus até
que a lei fosse dada exclusivamente à sua descendência por
INTRODUÇÃO
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intermédio de Moisés. Aos que desconhecem os fatos
históricos intermediários entre estes dois personagens da
história israelita, recomendo lerem os cinco primeiros livros
do Antigo Testamento, conhecidos por nós cristãos como o
Pentateuco, e escritos por Moisés mediante revelação
divina, muito embora alguns teólogos liberais aleguem que
ele os tenha escrito, ao menos em parte, com base nos
relatos do próprio povo israelita que houvera sido liberto
do Egito. Esta visão, contudo, não se sustenta a um exame
honesto e imparcial quer dos livros escritos pelo profeta
(Moisés), quer da própria história da nação de Israel.
Pois bem leitor, é ponto indisputável, que a lei foi
dada por Deus aos israelitas e a nenhuma outra nação. E
nela (na lei de Deus, também chamada de lei mosaica),
dentre os seus vários preceitos, os quais o povo de Israel
deveria cumprir à risca, encontrava-se também o dízimo (o
verdadeiro dízimo bíblico).
Nas páginas seguintes, nos propomos a mostrar que
assim como o sábado, também um preceito mosaico, o
dízimo foi totalmente abolido por Cristo na Cruz. Isto está
claro como o sol nas páginas do Novo Testamento. Seguindo
esta proposta, também seremos obrigados a expor a
incoerência de muitos apologistas cristãos que, a despeito
de confrontarem os sabatistas com excelentes argumentos
contra a legalidade da guarda do sábado na Nova Aliança,
não enxergam, ou fazem “vistas grossas” ao fato de que os
mesmos também refutam sua persistente conveniência em
defender a obrigatoriedade do dízimo para o cristão.
Veremos também que a desonestidade de muitos dos
doutrinadores do “dízimo cristão” é tamanha que o uso da
INTRODUÇÃO
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deplorável linguagem ambígua, minando a mente dos
crentes incautos com a ideia de que o dízimo e as ofertas e
contribuições para a obra de Deus são uma e a mesma coisa,
é típica entre muitos deles. No entanto, o verdadeiro dízimo
biblicamente estabelecido na lei mosaica, e o qual nenhum
crente está obrigado a cumprir, jamais foi um ato
voluntário, mas um dever de todo o israelita. E a Bíblia faz
uma clara distinção entre dízimos e ofertas ainda nos
tempos da antiga lei mosaica. Outro ponto de que
trataremos, e que demonstra a incoerência dos defensores
deste caduco preceito como obrigatório à igreja, é o fato de
que o dízimo nunca foi dinheiro, mas alimentos, advindos
exclusivamente dos frutos da terra de Canaã e dos rebanhos
daqueles que desenvolviam alguma atividade agropecuária.
E não pense o leitor que o dinheiro não existia ainda!
Outro artifício utilizado pelos defensores do suposto
“dízimo cristão” com o qual também lidaremos é a ideia
falaciosa de que o “princípio do dízimo” permanece na Nova
Aliança. Então pergunto: Se o dízimo é um “principio”,
porque é ele obrigatório e se restringe em geral a 10% do
rendimento dos cristãos? Veremos mais sobre isto adiante!
Para comprovar o que dissemos nos primeiros
parágrafos desta introdução com respeito à história
nebulosa por trás do ressurgimento de modo distorcido
deste preceito judaico dentro do contexto cristão, também
voltaremos nosso olhar investigativo para os quatro
primeiros séculos da era cristã e que refletem
verdadeiramente a era apostólica da igreja e mostraremos
ainda que os principais reformadores que se levantaram
INTRODUÇÃO
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contra Roma a partir do século XIV não abonaram o preceito
legalista e inapropriado do dízimo.
A você, leitor, recomenda-lhe “sentar-se para não
cair”, pois lhe advirto que em vários momentos não abro
mão de usar minha ironia e sarcasmo ao me dirigir aos
doutrinadores do “dízimo cristão”. Contudo, tenho um
precedente! O próprio Senhor Jesus fez uso deste recurso
linguístico transcultural por diversas vezes (lembro-me
agora de ao menos duas destas ocasiões, mas deixarei a seu
cargo procurá-las!).
Se não tiver “estômago” para encarar a verdade aqui
declarada sem rodeios, feche este livro e jogue-o de lado!
Você não é obrigado a lê-lo!
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Capítulo 1:
O Contra-argumento da
Precedência em Relação à Lei
No ponto 1 do tópico “Em Defesa da Observação do
Sábado”, R. N. Champlin, em sua Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, publicado pela editora Hagnos, nos
informa que aqueles que defendem a obrigatoriedade da
guarda deste dia para o cristão afirmam que “Deus
santificou o dia [isto é, o sábado] (Gên. 2.2)”1. No ponto 5
do mesmo tópico, ainda falando sobre os argumentos
apresentados pelos defensores deste preceito como estando
a vigorar na Nova Aliança, ele nos informa também acerca
de uma das mais alegadas e supostas evidências
apresentadas por aqueles que apoiam esta teoria. Cito o
texto:
“A celebração do dia não é legalista,
pois foi estabelecida antes da lei, por
um ato do próprio Deus, que foi o
primeiro a observar o sábado”2.
Curiosamente, um argumento semelhante é utilizado
por Natanael Rinaldic, em artigo escrito e publicado contra a
CCB (Congregação Cristã do Brasil), um movimento
notadamente sectário – tendo em vista os inúmeros ensinos
c Natanael Rinaldi é Pastor da Igreja Evangélica da Paz e ex-presidente do ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). Atualmente, Rinaldi é, provavelmente, um dos membros diretores do CACP.