o dirigente de reuniões mediúnicas - união espírita mineira

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    UNIO ESPRITA MINEIRA

    REA DE ORIENTAO MEDINICA

    Dirigente Reunio Medinica

    Belo Horizonte

    2013

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    2013,UNIO ESPRITA MINEIRAREA DE ORIENTAO MEDINICA.

    Redao de Texto: rea de Orientao Medinica.

    Editorao de texto:Antelene Bastos e Daniela Arreguy

    Capa: Eliana Bedeschi

    Projeto Grfico da Capa: rea de Comunicao Social Esprita-UEM

    Reviso Final: Antelene Bastos

    UNIO ESPRITA MINEIRA

    Sede Federativa:

    Av. Olegrio Maciel, 1627Lourdes

    30.180-111 Belo Horizonte - MG- Brasil

    Tel.: (31) 3201-3261

    www.uemmg.org.br

    [email protected]

    (Permitida a reproduo, desde que o texto no seja alterado)

    http://www.uemmg.org.br/http://www.uemmg.org.br/http://www.uemmg.org.br/
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    SUMRIO

    APRESENTAO --------------------------------------------------------------------- 3

    1 INTRODUO --------------------------------------------------------------------- 4

    2 REUNIES MEDINICAS ------------------------------------------------------ 5

    2.1 Conceito e finalidade --------------------------------------------------------- 6

    2.2 Formao do grupo medinico -------------------------------------------- 7

    2.3 Requisitos essenciais dos componentes -------------------------------- 8

    2.4 Tipos de reunies medinicas --------------------------------------------- 9

    2.5 Preparao para o trabalho ------------------------------------------------ 103 DIRIGENTE DE REUNIES MEDINICAS -------------------------------- 13

    3.1 Conceito ------------------------------------------------------------------------- 13

    3.2 Formao do dirigente ------------------------------------------------------- 14

    3.2.1 Liderana --------------------------------------------------------------- 14

    3.2.2 Escolha do dirigente ------------------------------------------------- 15

    3.3 Critrios para a direo esprita ------------------------------------------- 17

    3.4 Formao moral --------------------------------------------------------------- 193.5 Atribuies e responsabilidades ------------------------------------------- 20

    3.6 Afastamento ou ausncia do dirigente ----------------------------------- 21

    4 EVANGELHO E MEDIUNIDADE ----------------------------------------------- 21

    5 CONCLUSO ----------------------------------------------------------------------- 24

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ------------------------------------------- 25

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    APRESENTAO

    Eis que o semeador saiu a semear. (Mateus, 13:3).

    (...) o servidor do Evangelho compelido a sair de si prprio, a fim debeneficiar coraes alheios. necessrio desintegrar o velho crcere do ponto de vista` para nosdevotarmos ao servio do prximo. (Emmanuel, Fonte viva, cap. 64).

    Incentivados pelo pensamento do Cristo, temo-nos dedicado semeadura dosensinamentos espritas, sobretudo no que tange mediunidade com Jesus. Cnsciosda responsabilidade que envolve as atividades medinicas, refletimos, naturalmente,na condio daquele que assume a direo delas, o que nos faz pensar,figuradamente, que s se concede a direo de um automvel quele que esthabilitado para tal. Por isso, sentimos necessidade em discorrer sobre o tema ODirigente de Reunies Medinicas, de modo a possibilitar algumas reflexes eesclarecimentos a fim de que saibamos exatamente para onde nos dirigimos; ou seja,se os recursos empreendidos legitimam a caridade crist e se o trabalho est edificadonas bases slidas da lgica e do bom senso.

    importante lembrar que este material foi apresentado no COFEMG -Conselho Federativo de Minas Gerais -, realizado em novembro de 2004. Foi avaliadopelos representantes de cada Conselho Regional Esprita, cujas contribuies foramvaliosas, alm de outras que nos foram enviadas posteriormente.

    Certos do amparo espiritual na organizao das idias, nosso desejo

    encontrar, nos (as) companheiros (as), aquela disposio necessria, relativa ao deixarliberta a terra ntima dos espinheiros da indiferena e dos pedregais do orgulho, a fimde que esta semente seja acolhida pela boa terra do discernimento e da fidelidade,capaz de gerar frutos profcuos e de proporcionar uma caminhada mais segura e feliz.

    rea de OrientaoMedinica da Unio Esprita Mineira

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    1 INTRODUO

    E percorria Jesus toda a Galilia, ensinando nas suas sinagogas e pregando oEvangelho do reino, e curando todas as enfermidades e molstias entre opovo. (Mateus, 4:23).

    Em todas as pocas da humanidade certa a posio do homem ora comodirigente, ora como dirigido. A formao de grupos em torno de uma atividade surgeem todos os departamentos da vida, em princpio, obedecendo a um impulso natural desatisfao das necessidades materiais bsicas, para depois se revelar como condioaferidora dos valores espirituais que definem nossa evoluo. interessante notar, natrajetria humana, as variadas manifestaes de liderana e direo: aqui surgem oscondutores da revoluo e da guerra, acol os incentivadores da paz e da

    compreenso, adiante os missionrios do bem em luta permanente pela transformaodo mal. Em todos eles percebemos a elevada capacidade de conduzir, mas, o que osdiferencia a base sobre a qual se apiam, demonstrando o sentimento que vibra naintimidade de cada um.

    Conceituar, apresentar o critrio na direo esprita, demonstrar os deveresmorais, atribuies e responsabilidades dos dirigentes de reunies medinicas soalguns dos aspectos abordados neste trabalho, elaborado com sincero desejo decolaborar na capacitao do trabalhador esprita. Alm disso, abordamos as funesdiferenciadas como a do dirigente e a do doutrinador/dialogador, as quais podemaparecer conjugadas, quando o dirigente tem para si, alm do encargo da direo, odilogo com os Espritos.

    De qualquer modo, seja conduzindo e/ou dialogando, a recomendao sersempre a mesma, trazida por Jesus, no Evangelho de Marcos, captulo 10, versculos43 e 44: Mas entre vs no ser assim; antes, qualquer que en tre vs quiser sergrande, ser vosso servial: E qualquer que dentre vs quiser ser o primeiro, serservo de todos.

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    2 REUNIES MEDINICAS

    Ento disse aos seus discpulos: A seara realmente grande, mas poucos osceifeiros. Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.(Mateus, 9: 37 e 38).

    Antes de abordarmos o tema central deste trabalho, O Dirigente de ReuniesMedinicas, precisamos traar alguns conceitos preliminares, a fim de obtermos xitona elaborao das idias. De acordo com Allan Kardec:

    As reunies espritas oferecem grandssimas vantagens, por permitirem que osque nelas tomam parte se esclaream, mediante a permuta das idias, pelasquestes e observaes que se faam, das quais todos aproveitam. Mas, paraque produzam todos os frutos desejveis, requerem condies especiais, (...),

    porquanto erraria quem as comparasse s reunies ordinrias.1

    No entraremos aqui na classificao das reunies espritas, abordadas porAllan Kardec em O Livro dos Mdiuns- no captulo XXIX, da segunda parte - para noestendermos muito este assunto, por serem objetivo deste trabalho as consideraesacerca do dirigente de reunies medinicas. Mas ser til anotarmos que as reuniespodem ser frvolas, experimentais ou instrutivas,segundo o gnero e a finalidade aque se propem. Alm disso, encontraremos no captulo III, da primeira parte de OLivro dos Mdiuns, a distino feita por Kardec, ao observar entre os que j seconvenceram do Espiritismo, os espritas experimentadores, os espritas imperfeitos,os espritas cristos e os espritas exaltados.

    indiscutvel que estamos tratando aqui das reunies instrutivas e srias, cujopropsito no a invocao de bons Espritos, pois sabemos que isto no basta paraatra-los, mas, sim, a qualificao dos grupos a que nos ligamos, conforme a seguinteelucidao:

    Os Espritos so atrados na razo da simpatia que lhes inspire a naturezamoral do meio que os evoca. Os Espritos superiores se comprazem nasreunies srias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por partedos que as compem, de se instrurem e se melhorarem. A presena delesafasta os Espritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso epodem obrar com toda liberdade entre pessoas frvolas ou impelidasunicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe dese obterem bons conselhos, ou informaes teis, deles s se devem esperarfutilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificaes, pois que muitasvezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.2

    Dessa forma, entendemos que natural , entre os que se ocupam com oEspiritismo, o desejo de poderem pr-se em comunicao com os Espritos.3Porm,para isso, preciso pensar a que classe de espritas pertencemos, se a dosexperimentadores ou exaltados, ou se j nos ligamos aos grupos medinicos nacondio do esprita-cristo: aquele que no se contenta em admirar a moral espritamas se esfora por pratic-la.

    1KARDEC. O Livro dos Mdiuns, cap. XXIX, Item 324.2Idem. O Livro dos Espritos, p. 26.3Idem. O Livro dos Mdiuns, introduo.

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    2.1 Conceito e finalidade

    Uma reunio " um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades so aresultante das de seus membros e formam como que um feixe.4 No livro NosBastidores da Obsesso, Manoel Philomeno de Miranda, em conformidade com opensamento de Allan Kardec, afirma que:

    As reunies espritas so compromissos graves assumidos perante aconscincia de cada um, regulamentadas pelo esforo, pontualidade, sacrifcioe perseverana dos seus membros.Somente aqueles que sabem perseverar, sem postergarem o trabalho deedificao interior, se fazem credores da assistncia dos Espritos interessadosna sementeira da esperana e da felicidade na Terra.5

    Nesse sentido, imprescindvel reconhecer que as reunies medinicas soatividades em que se verifica a prtica da mediunidade, devendo tal prtica, de acordocom Emmanuel, pugnar pelo Espiritismo com Jesus, a fim de converterem para ns ointercmbio em fator de espiritualidade santificante, pois, no falta quem veja noEspiritismo mero campo de experimentao fenomnica, sem qualquer significao deordem moral para as criaturas.6

    O Centro Esprita um hospital que recebe todos os irmos necessitados,oferecendo-lhes oportunidade de refazimento espiritual e fsico. Neste contexto, asreunies medinicas funcionam como um pronto socorro, beneficiando os espritos,encarnados e desencarnados, de acordo com as caractersticas e as finalidades a quese propem. E, como num pronto-atendimento hospitalar, que se realiza em local eocasio especficos, feito o atendimento dos espritos desencarnados nesseambiente devidamente preparado pela Espiritualidade Maior, que conta com acolaborao e as vibraes de amor dos encarnados.

    Andr Luiz, ao perguntar sobre o porqu da doutrinao de espritosdesencarnados, em ambiente dos encarnados, obtm do instrutor Alexandre a seguinteresposta:

    (...) valemo-nos do concurso de mdiuns e doutrinadores humanos, no spara facilitar a soluo desejada, seno tambm para proporcionarensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lheso corao para a espiritualidade.

    (...)Ajudando as entidades em desequilbrio, ajudaro a si mesmos; doutrinando,acabaro, igualmente doutrinados.7

    O instrutor Alexandre esclarece, assim sendo, que a colaborao dos encarnadostorna-se recurso de influncia mais intensa e til, a fim de facilitar a soluonecessria. Por acrscimo da misericrdia, o Pai nos permite sejamos favorecidospelos ensinamentos, ao mesmo tempo em que, levando socorro aos companheiros emsofrimento, sejamos tambm socorridos. O recurso vlido no somente para omdium que serve de instrumento para o Esprito comunicante, como tambm para o

    4

    KARDEC. O Livro dos Mdiuns, cap., item 331.5MIRANDA. Nos Bastidores da Obsesso, p. 45.6EMMANUEL. Po Nosso, p. 11.7ANDR LUIZ. Missionrios da Luz, p. 280.

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    doutrinador que, ao levar palavras carreadas de amor ao prximo, tambmbeneficiado.

    Podemos verificar, ento, que o intercmbio espiritual nos permite:

    adquirir informaes sobre a vida espiritual; fortalecer a f; esclarecer encarnados e desencarnados; receber o amparo dos benfeitores espirituais; consolidar amizades entre encarnados e desencarnados atravs da

    cooperao mtua; manter contato com os seres queridos, j desencarnados; cooperar no preparo para a reencarnao e a desencarnao e obter ensinamentos que auxiliam a renovao das criaturas.

    Nesse sentido, podemos depreender que a finalidade das reunies medinicasvai ao encontro do sentido da palavra ajuntar, empregada por Paulo em sua epstolaaos Corntios. No captulo 14, versculo 26, da epstola citada, o apstolo nosrecomenda que, ao nos ajuntarmos, que faamos tudo, tendo em vista a idia deedificao; lembrando-nos que cada um (...) tem salmo, tem doutrina, tem revelao,tem lngua, tem interpretao. Ao nos ajuntarmos, ou seja, ao nos reunirmos, quefaamos tudo para edificao. Imbudos, ento, desse propsito de edificar, sejamosns instrumentos do auxlio para as entidades em desequilbrio, ajudando a nsmesmos; e, doutrinando, sendo, igualmente, doutrinados.

    2.2 Formao do grupo medinico

    A respeito da formao do grupo medinico, Suely C. Schubert analisa que aligao de uma pessoa a um trabalho dessa natureza, no decorrente de obra doacaso e sim expressa um compromisso assumido no Plano Espiritual. Essecompromisso representa para ns encarnados, se desempenhado com todaabnegao, perseverana e amor, o ressarcimento de dvidas pesadas e,simultaneamente, a sementeira de bnos que prepararemos para o amanh que notarda.8

    No livro Dilogo com as Sombras9, ao falar sobre a formao do grupo,Hemnio C. Miranda relata a importncia de se fazer uma seleo das pessoas antesde se decidir que tipo de trabalho ser executado. Antes recusar, logo de princpio, umparticipante sobre o qual tenhamos algumas dvidas mais srias, para no sermosconstrangidos, depois, a dizer-lhe que, infelizmente, ser necessrio que ele deixe ogrupo por no ter conseguido adaptar-se s condies exigidas pelo trabalho.

    Alm disso, no aconselhvel encaminhar, para as reunies medinicas,mdiuns com problemas obsessivos, distrbios emocionais e psquicos graves ecriaturas fisicamente debilitadas em funo de enfermidades. Esse aspecto foiexaminado pela mdium Yvonne A. Pereira, quando nos adverte:

    sabido, pois, que nem sempre convm ao mdium e ao prprio critrio daDoutrina Esprita desenvolver uma faculdade medinica que aflora pelos canais

    8SCHUBERT. Obsesso / Desobsesso, p. 135.9 MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p.27.

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    da obsesso sem um tratamento prvio do mdium, tratamento que sermoral, mental e fsico, a par da preparao pelo estudo e pela meditao.10

    Outro aspecto mencionado por Hermnio Miranda a seleo do coordenador,lder ou dirigente, que deve ser algum que, alm de possuir autoridade moral, saiba

    conduzir o grupo de forma harmnica. Portanto, no basta juntar alguns amigos efamiliares, apagar a luz e aguardar as manifestaes. (...) Esta tarefa extremamentedelicada e crtica, pois dela vai depender, em grande parte, o xito ou o fracasso dogrupo.

    11

    importante que seja formado um grupo medinico srio, cuja organizaoesteja embasada em padres kardequianos, de modo que haja, assim, a sustentaoadequada para a realizao do trabalho de desobsesso. valida, nesse caso, arecomendao de Suely C. Schubert, ao afirmar o seguinte:

    Uma pessoa, sem vnculo algum com uma instituio esprita e que noparticipe de trabalhos organizados, metdicos, sob diretriz Kardequiana,

    correr srios riscos se se dispuser a trabalhar por conta prpria. Por maiorque seja a proteo espiritual que merea, por melhor boa-vontade quedemonstre, no estar, evidente, suficientemente embasada, estruturadapara enfrentar aquelas outras equipes: as dos obsessores, que as formamtambm no intuito de se fortalecer e que usam de mil artifcios e sutilezas paradesanimar, enganar e afugentar os que vm em socorro s suas vtimas quando no lanam mo de outras providncias mais graves e danosas.12

    Nesse sentido, esclarece-nos Suely C. Schubert que, havendo harmonia nogrupo de encarnados, ocorre um crescimento de produtividade da reunio; pois otrabalho realizado pelas duas equipes est em consonncia com os padres

    kardequianos, sendo a programao (...) executada de comum acordo, sabendo oPlano Espiritual que os companheiros encarnados iro corresponder s expectativas eque se afinizaro de pronto com o labor previamente estipulado. 13

    2.3 Requisitos essenciais dos componentes

    Tendo conscincia das responsabilidades assumidas na formao de um grupomedinico, preciso considerar certas qualidades desejveis dos participantes daequipe, adquiridas por meio do estudo e da vivncia evanglico-doutrinria, para queno haja dissenses e desarmonia; e, conseqentemente, no ocorra o acesso, nestemeio, do plano inferior. Caso exista qualquer dissonncia entre os componentes

    encarnados, no s pode ser prejudicado o bom andamento do trabalho, comotambm pode ficar comprometida a assistncia aos desencarnados. importante lembrar que os nossos irmos desencarnados menos felizes

    aproveitam o contexto de dissenses para desestruturar o ambiente e mesmo o grupo.Nesse sentido:

    melhor que um grupo com dissenses internas encerre suas atividades, pelomenos por algum tempo, at que se afastem os elementos dissonantes. No seadmite, num grupo responsvel e empenhado em trabalho srio, qualquerdesarmonia interna, com disputa pelos diversos postos: dirigente, mdiumprincipal e outras infantilidades. (...) Por ora, basta dizer, e nunca o diremos

    10PEREIRA. Recordaes da Mediunidade, p. 192.11MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p. 28.12SCHUBERT, Obsesso / Desobsesso, p. 134.13Ibidem, p. 136 e 137.

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    com nfase bastante que deve predominar entre os encarnados um clima deliberdade consciente, franqueza sem agressividade, lealdade sem submisso,

    autoridade sem prepotncia, afeio sem preferncias, perfeita unidade depropsitos.14

    Diante de tais situaes, cada grupo encontrar a maneira mais adequada deadministrar as dissenses internas e os problemas entre os integrantes da equipe.Temos percebido que, para esses casos, a suspenso temporria da prtica medinicae o investimento no estudo evanglico-doutrinrio possibilitam a restaurao doequilbrio e da harmonia da equipe, que encontrar o momento adequado de retomar aprtica medinica.

    Com base no item 341 de O Livro dos Mdiuns, Suely C. Schubert resumiu osaspectos relacionados por Kardec, no que diz respeito a granjear a simpatia dos bonsEspritos a s obter boas comunicaes, afastando as ms. Seja qual for o tipo dereunio medinica, o importante que a equipe procure adotar os seguintes princpios:

    perfeita comunho de vistas e sentimentos cordialidade recproca entre os membros; ausncia de todo sentimento contrrio verdadeira caridade crist; um nico desejo: o de instruo e o de melhoria; excluso de toda curiosidade; recolhimento e silncio respeitosos, durante as confabulaes com os Espritos; unio de pensamentos; trabalho do mdium com iseno de todo o sentimento de orgulho, amor-prprio

    e supremacia; e mantendo-se sim o desejo de ser til.15

    No livro Memrias de um Suicida, Yvonne A. Pereira apresenta uma reuniomedinica como exemplo de uma equipe em comunho de propsitos e valores. Pormeio do relato, foi mostrada a postura do presidente da Casa. Ao fazer uma tocada esubstanciosa prece, o dirigente predisps os coraes ao enternecimento e afervoroso recolhimento. No desenrolar da reunio, organizavam-se duas correntesmagnticas: uma produzida pela vibrao dos encarnados e uma outra, por entidadestranslcidas e formosas, assim estabelecendo as correntes invencveis, virtuosas ecndidas para aquela noite, correntes que so o trao de unio entre a presena doMestre Divino e a reunio esprita terrena sria, bem dirigida.16

    2.4 Tipos de reunies medinicas

    De acordo com a apostila Mediunidade n 6 da Srie Evangelho eEspiritismo, da Unio Esprita Mineira - temos, basicamente, seis tipos de reuniesmedinicas So elas:

    1) Reunio de Experimentao de Sensibilidade: destina-se especificamente quelesque, julgando-se portadores de sensibilidade medinica, procuram na Doutrina Espritauma soluo crist para as dificuldades com as quais se deparam;

    14MIRANDA. Dilogo com as Sombras,p. 56.

    15Cf. SCHUBERT. Obsesso / Desobsessocap. 4, terceira parte.16PEREIRA. Memrias de um Suicida, p. 149 a 156.

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    2) Reunio de Educao Medinica: objetiva preparar e educar os mdiuns para oexerccio equilibrado de suas faculdades medianmicas, embasando tal exerccio nodirecionamento evanglico e com a segurana que a Doutrina Esprita proporciona;

    3) Reunio Mista de Estudo e Prtica Medinica: conhecida como reunio prtica,visando aos estudos evanglico-doutrinrios e prtica medinica;4) Reunio de Desobsesso: visa a assistir os encarnados e desencarnados atravs doauxlio evanglico s entidades vinculadas a processos obsessivos individuais oucoletivos;5) Reunio de Tratamento: tem por finalidade cooperar com os irmos enfermos,atravs de tratamento espiritual que ser dispensado pela prpria espiritualidade.Mesmo apresentando carter privativo, pode contar com a presena daqueles irmos aserem assistidos, desde que o local oferea acomodaes adequadas. necessrioressaltar que nessas reunies no devem ser tratados os casos de obsesso.6) Reunio de Orientao: objetiva orientar as criaturas a respeito de problemas cujacomplexidade ultrapasse o campo de interveno do integrante do Grupo. O integranterecorrer, assim, a uma orientao espiritual em favor da pessoa carente.17

    2.5 Preparao para o trabalho

    As assemblias eram dominadas por ascendestes profundos de amorespiritual. A solidariedade estabelecera-se com fundamentos divinos. (...) Aunio de pensamentos em torno de um s objetivo dava ensejo a formosasmanifestaes de espiritualidade. Em noites determinadas havia fenmenos devozes diretas. A instituio de Antioquia foi um dos raros centros apostlicosonde semelhantes manifestaes chegaram a atingir culminncia indefinvel. Afraternidade reinante justificava essa concesso do cu.18

    Analisando a anotao de Emmanuel ao se referir Igreja de Antioquia,fundada nos tempos apostlicos, podemos depreender que todo trabalho do bemrecebe o incentivo dos Espritos Superiores, desde que as mnimas condies seestabeleam. As manifestaes chegaram a atingir a culminncia indefinvel, emvirtude da fraternidade reinante e do estabelecimento da solidariedade comfundamentos divinos, a justificarem a concesso do cu, ensejando formosasmanifestaes de espiritualidade.

    Para que ocorra a adeso dos benfeitores espirituais no desempenho dastarefas medinicas, necessrio se faz que busquemos um ambiente harmoniososustentado pela prece, a fim de possibilitar um clima propcio, que justifique a

    concesso do cu. Nesse sentido, destacamos do livro Desobsesso

    19

    e da apostilaMediunidade20, publicada pela Unio Esprita Mineira, as seguintes recomendaescom relao ao preparo para a reunio, tendo em vista a perspectiva fsica, espiritual epessoal.

    Sob o ponto de vista fsico, relevante destacar os seguintes aspectos:

    local adequado e reservado;

    17As consideraes aqui trazidas foram extradas da apostila publicada pela UNIO ESPRITAMINEIRA. Cabe-nos tambm mencionar que o mesmo tema tambm foi abordado no trabalho divulgadopela FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL. Orientao ao

    Centro Esprita/1980. 2 EDIO. 1985. Rio de Janeiro.18EMMANUEL. Paulo e Estevo, p. 317.19ANDR LUIZ. Desobsesso, p. 51 a 67.20UNIO ESPRITA MINEIRA. Mediunidade, Srie Evangelho e Espiritismo, v. 6, p. 17 a 21.

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    sala despida de quaisquer ornamentos e objetos estranhos reunio; obras da Codificao e subsidirias de carter evanglico-doutrinrio; limpeza e simplicidade; mesa, cadeiras ou bancos para acomodao;

    evitar o recinto s escuras. abolir o uso de velas, defumadores, vestimentas especiais ou quaisquerobjetos e apetrechos que recordem rituais e amuletos, smbolos e dolos dequalquer espcie.Sob o ponto de vista espiritual, requerem-se os seguintes procedimentos:

    silncio (nada de vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas tanto ao chegar aorecinto, quanto ao terminar o trabalho);

    dirigente prtico instrudo doutrinariamente; pontualidade na abertura e fechamento dos trabalhos; assiduidade; preces curtas; leituras preparatrias; mdiuns educados; conversao edificante no ambiente para os que chegarem mais cedo e ao

    trmino da reunio; ao se dirigir casa esprita para a reunio, evitar a disperso de foras em

    visitas, mesmo rpidas, mas imprprias, a locais vizinhos, sejam casasparticulares ou restaurantes pblicos.

    manter discrio, evitando-se o comentrio acerca dos acontecimentosverificados durante a reunio, em respeito s entidades atendidas.

    No desenrolar de uma reunio medinica, aconselhvel que nosmantenhamos com propsitos dignos e cristos. Nesse sentido, o livro Memrias deum Suicidaassinala que dever docristo honesto e srio, calar paixes e desejosimpuros. Quando estiver no local de trabalho onde se consagrar o sublime mistrioda confraternizao entre mortos e vivos, deve o cristo escudar-se na boa-vontadepara dominar tais paixes e desejos reeducando-se diariamente.21

    Como sabemos, toda plantao requer uma colheita. Para tanto, recomenda-nos Yvonne Pereira, que necessrio no s termos precaues com as mais dignasatitudes, chamando os pensamentos mais sadios, como tambm esquecermosmgoas, preocupaes subalternas elevando bem alto o padro dos sentimentoscaridosos no intento de beneficiao ao prximo.22 Caso nos esqueamos desse

    procedimento, nossas aes sero vazias, levianas, no se inserindo nos padrescristos. Assim, cumularemos, de acordo com Yvonne Pereira, responsabilidadesgravssimas, as quais pesaro amargamente na conscincia, em dias futuros.23

    Sob o ponto de vista pessoal, necessrio ressaltar o servio deharmonizao preparatria, segundo a orientao de Andr Luiz. O autor espiritualrecomenda quinze minutos de prece, quando no sejam de palestra ou leitura comelevadas bases morais. Tal prtica justificada, pois os participantes do grupomedinico no devem abordar o mundo espiritual sem a atitude nobre e digna quelhes outorgar a possibilidade de atrair companhias edificantes. Por esse motivo, eles

    21PEREIRA. Memrias de um Suicida, p. 145.22Ibidem, p. 145-14623Ibidem, p. 145-146.

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    no devem comparecer sem trazer ao campo que lhes invisvel as sementes domelhor que possuem. 24

    Em se tratando das sementes do melhor que possumos, so apresentadasquais sejam:

    moralidade; estudo e trabalho; dedicao ao bem; vigilncia quanto s companhias; conversaes edificantes; orao e vigilncia; evitar rusgas e discusses; alimentao leve e moderada; abster-se do uso de lcool, fumo, carne, caf, condimentos; meditao; superao de impedimentos; disposio fsica e mental.

    Gostaramos de enfatizar tambm a importncia do estudo, da meditao e dopreparo do ambiente para o desenvolvimento de uma reunio medinica. YvonnePereira exemplifica tal importncia, ao examinar a condio de um varo idoso,absorvido na leitura de um manual de filosofia transcendental, o que o empolgava, pois,de fato, estava concentrado nos pensamentos que ia captando das pginas sbias.Essa concentrao possibilitava a irradiao de sua fronte de

    fagulhas luminosas que muito o recomendavam no conceito do Invisvel. Tudoindicava compreender ele a responsabilidade dos trabalhos daquela noite, quesobre seus ombros tambm pesavam, e, por isso, preparava-se a tempo,estabelecendo correntes harmoniosas entre si prprio e seus diletos amigosespirituais. Era o diretor terreno da casa.25

    As qualidades apresentadas at o momento, necessrias ao tarefeiro damediunidade, representam a meta que dever ser alcanada por todos ns. Entretanto,sabemos que so muitas as dificuldades morais que nos envolvem, dificultando, ainda,uma caminhada sem tropeos e quedas. Sendo assim, necessrio recordar aorientao evanglica para no desistirmos de trabalhar pela nossa melhoria espiritual,

    pois reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforosque emprega para domar suas inclinaes ms.26O apstolo Paulo, no versculo 9 docaptulo 6 de sua epstola aos Glatas - j apontava a atitude de no desanimarmosde fazer o bem, porque, a seu tempo ceifaremos, se no houvermos desfalecido. Aointerpretar essa passagem, Emmanuel esclarece que:

    A perseverana a base da vitria.No olvides que ceifars, mais tarde, em tua lavoura de amor e luz, mas salcanars a divina colheita se caminhares para diante, entre o suor e aconfiana, sem nunca desfaleceres.27

    24ANDR LUIZ. Nos Domnios da Mediunidade, p. 25.

    25PEREIRA. Memrias de um Suicida, p. 148.26KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4.27Cf. EMMANUEL. Fonte Viva, cap. 124.

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    3 DIRIGENTE DE REUNIES MEDINICAS

    Eu sou a luz do mundo; quem me segue no andar em trevas, mas ter a luzda vida. (Joo, 8:12)

    3.1 Conceito

    Segundo o dicionrio Aurlio, dirigente aquele que dirige, o guia e mentor.Antes, porm, de conceituarmos o dirigente de Reunies Medinicas, importantefazermos um esclarecimento a respeito dos termos dirigente e doutrinador28,comumente usados na linguagem esprita, na rea da mediunidade e que, muitasvezes, nos tm causado uma certa dvida.

    Quando encontramos essas palavras na literatura esprita, perguntamos:estamos falando da mesma pessoa? Quando o autor trata dessas funes, elas soequivalentes e cumprem os mesmos objetivos? Para melhor entendimento do assunto,vejamos o que examinam alguns autores espritas sobre esses termos, deixando delado qualquer idia pr-concebida, favorecendo, dessa forma, uma anlise a ttulo deaprendizado.

    Em Dilogo com as Sombras, Hermnio C. Miranda afirma que o dirigente dogrupo no o que se senta cabeceira da mesa e d instrues ele apenas umcompanheiro, um coordenador, um auxiliar, em suma, dos verdadeiros responsveispela tarefa global, que se acham no mundo espiritual.29 Nessa obra, ao se referir

    pessoa que dialogar com o desencarnado e o esclarecer, o autor observa: Se odirigente encarnado dos trabalhos est bem familiarizado com as obras fundamentaisdo Espiritismo, ele encontrar sempre o que dizer ao manifestante, ainda que noesteja no mesmo nvel intelectual dele.30 Por outro lado, no captulo O Doutrinador,Miranda define: Num grupo medinico, chama-se doutrinador, a pessoa que seincumbe de dialogar com os companheiros desencarnados necessitados de ajuda eesclarecimento.

    31Suely Caldas Schubert conceitua o dirigente da reunio como algum "que

    preside os trabalhos, encaminhando todo o seu desenrolar. o responsvel, no planoterrestre, pela reunio.32 Ao se referir ao doutrinador, a autora o define como aqueleque esclarece, que clareia o raciocnio do desencarnado.

    Analisando os conceitos apresentados por esses autores, poderemos ter,ainda, a dvida a respeito das figuras dirigente e doutrinador, mas uma reflexocuidadosa nos far compreender a questo. De acordo com a anlise dos referidosautores, podemos inferir que a pessoa que est frente de um grupo medinico, quedirige ou preside os trabalhos no plano terrestre chamado de dirigente. Enquanto oque se dirige aos irmos desencarnados esclarecendo, dialogando ou doutrinando semimpor, embasado nos conhecimentos espritas que tenha, o doutrinador; ou seja,

    28Atualmente, encontramos, na literatura esprita, outros nomes utilizados para designar o componenteda equipe medinica responsvel pela doutrinao. Alm do termo tradicional doutrinador, temos doisoutros como dialogador e esclarecedor.29MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p. 56.30Ibidem, p.68.31Ibidem, p. 67.32 SCHUBERT. Obsesso/Desobsesso, p. 139.

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    aquele que, ao orientar o irmo necessitado de amor e compreenso, o ajuda e osocorre. A dvida que, por vezes temos ao pensarmos nas figuras do dirigente e doDoutrinador/Dialogador, ocorre porque muitos dirigentes acumulam as duas funes;isto , esclarecem os desencarnados e tambm dirigem a reunio, o que norepresenta uma posio equivocada.

    Em sua obra Esclarecendo os Desencarnados, Humberto Ferreira ilustra essaquesto, ao analisar a constituio da equipe de esclarecedores. Essa equipe composta do dirigente e de mais dois ou trs elementos. A sua tarefa, como oprprionome indica, a de esclarecer os espritos que se comunicam, com o objetivo delibert-los da ignorncia e dos sentimentos inferiores que os fazem sofrer.33

    De qualquer modo, dirigindo e esclarecendo, ou apenas liderando as atividadesmedinicas, ser oportuno trazer a seguinte a passagem:

    A figura daquele que dirige de muita importncia para todo o grupo. Deve seruma pessoa que conhea profundamente a Doutrina Esprita e, mais que isto,que viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral imprescindvel

    aos labores dessa ordem. Esta autoridade fator primacial, pois uma reuniodirigida por quem no a possui ser, evidentemente, ambiente propcio aosEspritos perturbadores. Diz-nos Kardec que a verdadeira superioridade amoral e esta que os Espritos realmente respeitam. ela que ir infundir nosintegrantes da equipe a certeza de uma direo segura e equilibrada.34

    3.2 Formao do dirigente

    3.2.1 Liderana

    Para tratar a respeito da liderana do dirigente, preciso trazer baila aquesto 625 de O Livro dos Espritos. Nesta, temos a seguinte pergunta formulada por

    Kardec aos Espritos: - Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem,para lhe servir de guia e modelo? E os espritos respondem: - Jesus. Ao comentaresta resposta, Kardec diz que a doutrina, ensinada pelo Mestre, a expresso maispura da lei do Senhor e que o Esprito Divino o animava. Por isso devemos t-lo comoorientador das nossas vidas e imit-lo na conduo dos trabalhos a que nosafeioamos. indispensvel que o dirigente de reunio medinica observe as suasresponsabilidades e sempre se lembre que a Espiritualidade Superior espera a suacolaborao na obra do Cristo. ele que preside toda a reunio no plano terrestre, porisso, sua atuao tem extrema importncia para o bom e harmonioso desenrolar dostrabalhos.

    No captulo 11 de Os Mensageiros, Andr Luiz nos alerta para a importncia

    do papel do dirigente de reunio medinica quando, atravs das palavras deBelarmino, recolhe ensinamentos sobre a misso do doutrinador:

    A misso do doutrinador muitssimo grave para qualquer homem. No semrazo que se atribui a Nosso Senhor Jesus o ttulo de Mestre. (...) conclu que,para atingirmos uma ressurreio gloriosa, no h, por enquanto, outrocaminho alm daquele palmilhado pelo Doutrinador Divino.35

    33FERREIRA. Esclarecendo os Desencarnados, p.1734SCHUBERT. Obsesso/Desobsesso, p. 139.35ANDR LUIZ. Os Mensageiros, cap. 11, p. 63.

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    Belarmino, instalado no centro de mensageiros em Nosso Lar36, havia retornado aoplano espiritual, como muitos outros mdiuns e doutrinadores, na condio do tarefeiroque perdera valiosa oportunidade da prpria redeno, diante dos compromissos dopassado e da cooperao na obra do Cristo. Em vez de amparar os grupos medinicosque dirigia, estimulando os mdiuns ao servio da mediunidade com Jesus, passou aexigir deles provas que pudessem satisfazer as pesquisas cientficas, caindo,primeiramente, na dvida e depois na descrena destruidora.

    Assim sendo, o dirigente o representante da direo existente naEspiritualidade, o plo catalisador da confiana e da boa-vontade de todos. Precisaser, pois, algum em quem o grupo confie, uma pessoa que represente para osencarnados a diretriz espiritual, aquela que, na realidade, sustenta e orienta tudo o queocorre.37

    Cabe ao dirigente saber mobilizar os elementos do grupo no que se refere doao, participao ativa, estudo e respeito mtuo, porque todo trabalho dedesobsesso deve ser realizado em equipe, correndo srios riscos se algum sedispuser a trabalhar por conta prpria, como analisamos no item 2.2.

    Hermnio C. Miranda descreve algumas qualidades na liderana do trabalhomedinico. Ao resumi-las, aponta como critrios:

    ascendncia natural sobre a equipe; respeitar as individualidades; enfrentar situaes difceis com equilbrio, serenidade e segurana,

    buscando resolv-las com imparcialidade, racionalidade e disciplina; ser tolerante e amigo; incentivar e estimular a participao de todos.

    Ainda ressalta Miranda que no fcil estar frente de um grupo se no se um lder, pois este deve assumir a posio de coordenador, de condutor. Como lder,-lhe preciso, no obstante, muita ateno e vigilncia desde a primeira hora. Por umlado, mesmo no podendo fugir de certa posio de liderana, como motivador, ouiniciador, necessrio no nos esquecermos nunca de que tal condio no confere aningum poderes ditatoriais e arbitrrios sobre o grupo. Por outro lado, o lder, oudirigente, precisa dispor de certa dose de autoridade, exercida por consenso geral,para que haja disciplina e harmonizao do grupo.38

    3.2.2 Escolha do dirigente

    Precisamos esclarecer que toda atividade no bem obedece a programameticuloso do plano espiritual em favor da redeno humana. Os benfeitores espirituaispreparam o trabalhador antes mesmo da prpria reencarnao, investindo eorganizando recursos para que ele tenha xito no trabalho assumido perante asorganizaes superiores. o que relata Tobias a Andr Luiz, quando visitavam ocentro de mensageiros no ministrio da comunicao em Nosso Lar:

    Preparam-se aqui numerosos companheiros para a difuso de esperanas econsolos, instrues e avisos, nos diversos setores da evoluo. (...)

    36 Colnia espiritual situada nas esferas vizinhas da Terra fundada por portugueses distintos,

    desencarnados no Brasil, no sculo XVI. Cf. XAVIER, Francisco Cndido. Nosso Lar. Pelo Esprito AndrLuiz. 45 ed. Braslia: FEB, 1996.37SCHUBERT. Obsesso / Desobsesso, p. 139.38Cf. MIRANDA. Dilogo com as Sombras, cap. 1.

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    Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnao.Mdiuns e doutrinadores saem daqui s centenas, anualmente. Tarefeiros doconforto espiritual encaminham-se para os crculos carnais, em quantidadeconsidervel, habilitados pelo nosso Centro de Mensageiros.(...)Longas fileiras de mdiuns e doutrinadores para o mundo carnal partem daqui,

    com as necessrias instrues, porque os benfeitores da EspiritualidadeSuperior, para intensificarem a redeno humana, precisam de renncia e dealtrusmo. Quando os mensageiros se esquecem do esprito missionrio e dadedicao aos semelhantes, costumam transformar-se em instrumentosinteis. H mdiuns e mediunidade, doutrinadores e doutrina, como existem aenxada e os trabalhadores. Pode a enxada ser excelente, mas, se falta espritode servio ao cultivador, o ganho da enxada ser inevitavelmente aferrugem. (...) So muito escassos os servidores que toleram dificuldades ereveses nas linhas de frente. Esmagadora percentagem permanece distnciado fogo forte. Trabalhadores sem conta recuam quando a tarefa abreoportunidades mais valiosas.39

    Entendemos, a partir destas anotaes, que a escolha do dirigente est almdas nossas concepes personalistas e preferenciais, obedecendo, em verdade, arigoroso planejamento do plano superior. Tenhamos, dessa forma, percepo e cautelana indicao dos dirigentes de nossas atividades.

    O instrutor ulus examinava o papel do dirigente encarnado, quandoapresentou a Andr Luiz um devotado grupo medinico. Para o instrutor, Raul Silva, odirigente do ncleo, trabalhava com sincera devoo fraternidade. Era correto nodesempenho dos seus deveres e ardoroso na f, conseguindo equilibrar o grupo naonda de compreenso e boa-vontade que lhe era caracterstica. Por desincumbir atarefa com amor, era instrumento fiel dos benfeitores desencarnados, que lheidentificam na mente um espelho cristalino, retratando-lhes as instrues.40

    Revendo os casos de mdiuns e dirigentes que falharam nos compromissosassumidos com a mediunidade antes da reencarnao, citados na obra Osmensageiros, reconheceremos que o trabalho no campo medinico representa aoportunidade de resgate dos dbitos assumidos com a justia divina em funo dopassado delituoso. Com relao a esse ponto, assim se expressa Emmanuel:

    Os mdiuns, em sua generalidade, no so missionrios na acepo comumdo termo; so almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram,sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severoscompromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso.(...). Quase sempre, so espritos que tombaram dos cumes sociais, pelosabusos do poder, da autoridade, da fortuna, da inteligncia, e que regressam

    ao orbe terrqueo para se sacrificarem em favor de grande nmero de almasque desviaram das sendas luminosas da f, da caridade e da virtude.41

    Segundo as orientaes de Hermnio C. Miranda, a escolha do dirigenteprecisa ser feita, levando-se em conta que, como lder, ele tenha cincia acerca doscuidados, necessrios formao de um grupo. Alm disso, ele deve considerar se ogrupo e cada um dos seus integrantes est disposto a enfrentar os sacrifcios erenncias que o compromisso exigir com responsabilidade e esprito de doaointegral, sem condies e sem imposies.42

    39ANDR LUIZ. Os Mensageiros, cap. 3, p.22-23.40Idem, Nos Domnios da Mediunidade, cap. 3, p. 2941EMMANUEL. Emmanuel, cap. 11, p. 66.42Cf. MIRANDA. Dilogo com as Sombras, cap. 1 e 2.

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    3.3 Critrios para a direo esprita

    Ao escrever a Tito, Paulo assinala o carter da fiel palavra, quando afirma:

    Retendo firme a fiel palavra, que conforme a doutrina, para que sejapoderoso, tanto para admoestar com a s doutrina, como para convencer oscontradizentes. (Tito, 1:9).

    Com relao ao adjetivo fiel usado por Paulo em sua epstola a Tito, assimdefine o dicionrio Aurlio: Que guarda fidelidade. Que cumpre aquilo a que se obriga.Que tem afeio constante. Exato, pontual. Constante, firme, perseverante. O apstolodos gentios, advertindo de modo particular a todos aqueles que lidam nos campos daorientao pela palavra, sinaliza para a necessidade de mantermos a coerncia nodirecionamento das idias. Nesse sentido, a orientao pela palavra deve estarresguardada por Jesus e por Kardec, para que as atividades de conduo no fiquemimpregnadas com o personalismo.

    O esprito Andr Luiz refora, nesse sentido, que o dirigente deve "fugir dejulgar-se superior somente por estar na cabine de comando. No a posio queexalta o trabalhador, mas sim o comportamento moral com que se conduz dentrodela".43 indispensvel que o dirigente de reunio medinica observe as

    responsabilidades das quais est investido. Essas responsabilidades so analisadas naapostila Mediunidade44, que apresenta os seguintes aspectos:

    a) Digerir primeiramente as obras fundamentais do Espiritismo, para entrar emseguida nos setores prticos, em particular no que diga respeito mediunidade.Teoria meditada, ao segura. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 41).b) No desenvolvimento das tarefas doutrinrias, colocar o fenmeno medinicoem verdadeira posio de coadjuvante natural da convico, considerando-o,porm, dispensvel na constituio moral a que nos propomos.A doutrina Esprita luz inaltervel. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 29)c) Furtar-se de crer em privilgios e favores particulares para si, to somenteporque esse ou aquele mentor lhe haja dirigido a palavra pessoal de

    encorajamento e carinho.Auxlio dilatado, compromisso mais amplo. (Conduta Esprita Andr Luiz cap. 25)d) Abolir a prtica da invocao nominal dessa ou daquela entidade, em razodo inconveniente e da desnecessidade de tal procedimento em nossos dias,buscando identificar os benfeitores e amigos espirituais pelos objetivos quedemonstrem e pelos bens que espalhem.O fruto d notcia da rvore que o produz. (Conduta Esprita Andr Luiz cap. 25).e) Tranqilizar-se quanto aos sucessos porvindouros, analisando com lgicarigorosa todos os estudos referentes a predies.A profecia real tem sinais divinos. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 40).

    43Cf. ANDR LUIZ. Conduta Esprita,cap. 3.44UNIO ESPRITA MINEIRA. Mediunidade, Srie Evangelho e Espiritismo, v. 6, item 5.5.

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    f) Por nenhuma razo elogiar o medianeiro pelos resultados obtidos atravsdele, lembrando-se que sempre possvel agradecer sem lisonjear.

    Para ns, todo o bem puro e nobre procede de Jesus Cristo, nosso Mestre eSenhor. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 27)g) Abster-se de buscar apoio dos Espritos para revidar qualquer opinio irnica

    ou insultuosa que venha a atacar uma expresso de verdade no campomedinico.h) Descentralizar a ateno das manifestaes fenomnicas havidas emreunies de que participe, para deter-se no sentido moral dos fatos e daslies.Na mediunidade, o fenmeno constitui o envoltrio externo que reveste o frutodo ensinamento. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 29)i) Ponderar e fazer compreender que o fenmeno medinico sem DoutrinaEsprita no Espiritismo. Furtar-se de incrementar o desenvolvimento defaculdades medinicas em crianas, nem lhes permitir a presena ematividades de assistncia a desencarnados, ainda mesmo quando elasapresentem perturbaes de origem medinica, circunstncia essa que devereceber auxlio atravs da orao e do passe magntico.Somente pouco a pouco, o Esprito se vai inteirando das realidades daencarnao. (Conduta EspritaAndr Luizcap. 21)45

    Nessa direo, tambm recomenda Andr Luiz, no nos esquecermos de receber avisita dos companheiros menos esclarecidos, neles abraando com sinceridade umirmo do caminho. Para atingir esse objetivo, prescreve o autor espiritual:

    No condene, nem se encolerize.(...)No critique, nem fira.Converse com preciso e carinho, substituindo as preciosas divagaes e os

    longos discursos pelo sentimento de pura fraternidade.(...)No se esquea de que toda visita espiritual muito importante.46

    Para que a equipe medinica obtenha xito na tarefa, o dirigente deverespaldar-se no conhecimento da Doutrina Esprita e do Evangelho. Deve utilizar, deacordo com Hermnio Miranda, como ferramentas de trabalho, a f, o amor, apacincia, a sensibilidade, o tato, a energia, a vigilncia, a humildade, o destemor, aprudncia.47

    H um outro ponto importante a ser considerado: se o dirigente de umareunio medinica dever ou poder ter algum aspecto medinico. A esse respeitosabemos que esses no devem ser mdiuns de incorporao, pois no teriamcondies de acumular as duas funes, alm de sofrerem de modo direto a influnciados obsessores, o que obviamente prejudicaria a tarefa do esclarecimento.48 Na obracitada, a este questionamento feito para fortalecer a importncia da vigilncia dodirigente em todos os aspectos durante a reunio, Hermnio C. Miranda chega concluso que a mais desejvel das mediunidades seria a da intuio. Por meio daintuio o esclarecedor, ao receber as inspiraes do plano superior, poderia usar aspalavras e os recursos inerentes a ele, em favor do manifestante. Miranda ressalta,

    45UNIO ESPRITA MINEIRA. Mediunidade, Srie Evangelho e Espiritismo, v. 6, item 5.5.46Cf. ANDR LUIZ. Instrues Psicofnicas, cap. 46.47 MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p.80.48SCHUBERT. Obsesso/Desobsesso, p. 144.

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    nesse sentido, a importncia do dirigente, relativamente ao manter-se lcido econsciente durante todo o tempo do trabalho.49

    3.4 Formao moral

    Andr Luiz apresenta as qualidades morais que devem ser a meta diria de umdirigente esprita, no se esquecendo de que a Espiritualidade Superior esperaencontrar nele o apoio fundamental da obra50. So elas:

    - direo e discernimento.- bondade e energia.

    - autoridade fundamentada no exemplo.- hbito de estudo e orao.- dignidade e respeito para com todos.- afeio sem privilgios.- brandura e firmeza.- sinceridade e entendimento.- conversao construtiva.51

    O mesmo autor faz importante observao sobre o esforo empreendido pelodirigente na aquisio das virtudes. Ainda que no lhe sejam exigidas qualidadessuperiores do homem comum, o orientador da assistncia aos desencarnadossofredores precisa compreender que as suas funes, diante dos mdiuns e

    freqentadores do grupo, so semelhantes s de um pai de famlia, no institutodomstico.52O dirigente apresenta, como todos os outros trabalhadores, dificuldades a

    superar. Por isso, no s ao dirigente como tambm aos mdiuns, cabe o esforo emmelhorarem-se, aprimorando arestas e corrigindo irregularidades morais. A humildadedeve ser cultivada constantemente, e a sinceridade dever ser o recurso avalizador dasnossas aes. Acerca desse aspecto, Hermnio Miranda considera que nenhum dens, encarnados, submetidos a lutas contra imperfeies milenares, pode arrogar-seuma atitude de superioridade moral sobre os companheiros mais desarvorados dassombras. (...) O doutrinador tambm um ser falvel e consciente das suasimperfeies, mas isto no pode e nem deve inibi-lo para a tarefa.53

    Desse modo, reflitamos que, para o trabalhador devotado do Cristo, nuncafaltar recurso de sustentao. Os Amigos Espirituais, quando encontram umadisposio ntima de melhoramento e servio, procuram investir recursos quebeneficiem o trabalho que realizamos e nos auxiliam na superao das dificuldades. o que nos esclarece o instrutor Alexandre:

    Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos queauxiliam, podemos ministrar o benefcio espiritual com relativa eficincia. Todosos enfermos podem procurar a sade; todos os desviados, quando desejam,

    49MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p. 76.50Cf. ANDR LUIZ. Desobsesso, cap. 13.51Cf. ANDR LUIZ. Desobsesso, cap. 13.52Cf. ANDR LUIZ. Desobsesso, cap. 13.53MIRANDA. Dilogo com as Sombras, p. 69 e 70.

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    retornam ao equilbrio. Se a prtica do bem estivesse circunscrita aosEspritos completamente bons, seria impossvel a redeno humana. Qualquercota de boa vontade e esprito de servio recebe de nossa parte a melhorateno. (...). Quando nos referimos s qualidades necessrias aos servidoresdesse campo de auxlio, a ningum desejamos desencorajar, mas orientar asaspiraes do trabalhador para que sua tarefa cresa em valores positivos e

    eternos.54

    Embora a orientao acima se direcione tarefa de passes, acreditamos queela seja til para qualquer trabalhador no desempenho de sua funo, principalmentepara aqueles que estejam envolvidos com tarefas medinicas, pois o esclarecimentoressalta o valor de todo esforo no bem, o qual sempre multiplicado pela misericrdiado amor que cobre a multido dos pecados e pela justia que d a cada um segundo asuas obras.

    No que tange a formao moral do dirigente, importante ainda situar aorientao dada por Andr Luiz, ao destacar as seguintes posturas:

    Ser atencioso, sereno e compreensivo no trato com os enfermos encarnados edesencarnados, aliando humildade e energia, tanto quanto respeito e disciplinana consecuo das prprias tarefas.Somente a forja do bom exemplo plasma a autoridade moral.Observar rigorosamente o horrio das sesses, com ateno e assiduidade,fugindo de realizar sesses medinicas inopinadamente, por simplescuriosidade ou ainda para atender a solicitao sem objetivo justo.Ordem mantida, rendimento avanado.Em favor de si mesmo e dos coraes que se lhe associam experincia, nose deixar conduzir por excessiva credulidade no trabalho direcional, nemalimentar, igualmente, qualquer preveno contra pessoas ou assuntos.Quem se demora na margem, sofre atraso em caminho.Interdizer a participao de portadores de mediunidade em desequilbrio nas

    tarefas sistematizadas de assistncia medinica, ajudando-os discretamente noreajuste.Um doente-mdium no pode ser um mdium - sadio.Colaborar para que no se criem situaes constrangedoras para qualquerassistente, seja ele mdium, enfermo ou acompanhante, procurando a paz emtodas as circunstncias.O proveito de uma sesso fruto da paz naqueles que a integram.Impedir, sem alarde, a presena de pessoas alcoolizadas ou excessivamenteagitadas nas assemblias doutrinrias, excetuando-se nas tarefasprogramadas para tais casos.A caridade no dispensa a prudncia.Esclarecer com bondade quantos se apresentem sob exaltao religiosa oucom excessivo zelo pela prpria Doutrina Esprita, feio de fronteirios do

    fanatismo.O conselho fraterno existe como necessidade mtua.Desaprovar o emprego de rituais, imagens ou smbolos de qualquer naturezanas sesses, assegurando a pureza e a simplicidade da prtica do Espiritismo.Mais vale um sentimento puro que centenas de manifestaes exteriores.(...)Em qualquer atividade, a disciplina sedimenta o xito.55

    3.5 Atribuies e responsabilidades

    Disseram-lhe os discpulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativospara comer a pscoa? (Marcos 14:12).

    54ANDR LUIZ. Missionrios da Luz, cap. 19, p. 324.55Cf. ANDR LUIZ. Conduta Esprita, cap. 3.

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    A pergunta direcionada ao Mestre nos remete idia do cuidado quedevemos ter acerca de tudo relativo nossa competncia. Segundo o livro LuzImperecvel, o que se prepara e se trabalha com zelo e interesse, observando-se osmnimos aspectos, apresenta maior correspondncia com as finalidades,tornando-se mais

    perfeito. Na passagem destacada acima, os discpulos se posicionaram, de acordo comas ordens dadas; e se predispuseram ao trabalho, aos arranjos, para que tudo pudessesair a contento.56

    Quanto s atribuies e s responsabilidades do dirigente, de fundamentalimportncia examinar a necessidade da incorporao dessa atitude sbia para melhorcumprimento dos deveres assumidos perante Jesus. A exemplo dos discpulos,devemos indagar a ns mesmos se estamos conscientes da tarefa que nos cabe,dentro do grupo ao qual nos associamos. Para atingir as propostas estabelecidas peloplano espiritual, necessrio convencermo-nos de que o trabalho e a realizaopertencem a todos e que imprescindvel se movimente cada qual no servioedificante que lhe compete.57

    3.6 Afastamento ou ausncia do dirigente

    Por vezes o dirigente poder se deparar com situaes que impeam a suapresena em determinados dias. Por este motivo, para que no haja qualquer prejuzona realizao de uma reunio medinica importante que o dirigente prepare umcompanheiro para auxili-lo e substitu-lo em seus impedimentos.58 Entretanto, sernecessrio guardar a vigilncia e a orao, alm do bom senso, no exame de cadasituao, de modo a dar a cada uma o seu peso justo. Essa medida evitar que tais

    impedimentos se tornem constantes e injustificveis, representando, muitas vezes,armaes daqueles irmos que desejam deter-nos a marcha ou fragilizar a equipe.A respeito desse assunto, recomenda Andr Luiz que o dirigente, na posio

    de mdium esclarecedor mais responsvel, designe dois a trs companheiros, sob aorientao dele prprio, a fim de que se lhe faam assessores em servio e o substituanos impedimentos justificados.59

    4 EVANGELHO E MEDIUNIDADE

    Tu, porm, fala o que convm s doutrina. (Tito, 2:1)No defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudosejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador. (Tito, 2:10)

    Temos, no Evangelho, a maior demonstrao oferecida por Jesus, quando Eledialogava com entidades das mais diferentes condies evolutivas, proporcionando-nosensinamentos prticos sobre como falar aos irmos que s reunies se apresentam,sejam eles Espritos elevados ou sofredores.

    Evidentemente no podemos esperar de algum a conquista da perfeiomoral para ajudar o irmo que sofre; mas o importante estarmos atentos s nossasnecessidades ntimas, buscando, atravs do esforo e do trabalho perseverante no

    56Cf. GRUPO ESPRITA EMMANUEL.Luz Imperecvel, cap. 130, p. 36457EMMANUEL. Po Nosso, cap. 1, p. 1458SCHUBERT.Obsesso/ Desobsesso, cap. 5, p. 140.59Cf. ANDR LUIZ. Desobsesso, cap. 13.

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    bem, a renovao espiritual de que carecemos.60 Sendo assim, as consideraesaqui trazidas objetivam demonstrar, por meio do Evangelho, os procedimentos deJesus, os quais nos possibilitam uma ilao com a postura do dirigente de reuniesmedinicas.

    Encontramos, na epstola de Paulo a Tito - captulo 3, versculo 8 - algunsensinamentos que podem orientar o dirigente de reunies medinicas no desempenhode sua funo. Afirma o apstolo: Fiel a palavra e isto quero que deveras afirmes,para os que crem em Deus procurem aplicar-se s obras ... Do versculo transcrito,podemos depreender que a fidelidade ao Cristo deve estar presente em todas aspalavras dos dirigentes de reunies. Palavra fiel a que exprime a verdade ensinadapor Jesus. Entendemos, pois, que toda palavra, dita por um dirigente de reunio deveestar em perfeito acordo com os ensinamentos evanglicos a fim de que ele possacumprir o seu compromisso.

    Alm da palavra fiel, existe um fator da maior importncia para os dirigentes.Esse fator a vivncia das palavras pelo cultivo da f e das obras condizentes comaquilo que eles dizem, j que a f, se no tiver obras, morta em si. Na realidade,ns acreditamos no que fazemos porque se nossas aes no forem condizentescom o que falamos, ns no estaremos acreditando em nossas palavras, mesmo quesejam elas verdadeiras ou fiis a Deus.

    Deve, assim, o dirigente de uma reunio medinica estar voltado para avivncia evanglica em razo das palavras que dirige aos Espritos sofredores. Casocontrrio, elas no sero por eles ouvidas, pois lhes faltam a verdade e a fidelidade aJesus. Isso se relaciona com a autoridade moral que conferida a quem procura vivercom dignidade e segundo os princpios do Evangelho. Jesus o exemplo vivo daautoridade, como possvel verificar no final do Sermo da montanha, de acordo como texto de Mateus, no captulo 7, versculos 28 e 29: Concluindo Jesus este discurso,

    a multido se admirou da sua doutrina; porquanto os ensinava como tendo autoridade.Dessa maneira, torna-se necessrio registrar a importncia da autoridademoral para os dirigentes de reunies medinicas, para que as suas palavras encontremeco nos coraes daqueles que os ouvem conforme disse Jesus, no captulo 8,versculo 51 do Evangelho de Joo: Em verdade, em verdade vos digo que se algumguardar a minha palavra, nunca ver a morte.. Ao guardar estas palavras do Mestre nocorao e ao coloc-las em prtica no dia a dia, estaremos com a conscincia em paz,tendo a vida em abundncia.

    Ainda nessa linha de reflexo, gostaramos de registrar alguns pontos quedevem constituir motivo de ateno por parte dos que dirigem reunies medinicas, aotratarem diretamente com irmos sofredores ou em desequilbrio, necessitados, assim,

    de muito amor, a fim de que possam receber o auxlio.No captulo 23 do Evangelho de Mateus, em que Jesus censura os escribas e

    fariseus, encontramos, nos versculos 8 e 9, o seguinte registro:

    Vs, porm, no queirais ser chamados Rabi, porque um s o vosso Mestre,a saber, o Cristo, e todos vs sois irmos.E a ningum na terra chameis vosso pai, porque um s vosso Pai, o qual estnos cus.

    Esses versculos nos remetem ao orgulho e vaidade, presentes na intimidade doser, desde o perodo primitivo de sua existncia. Cabe ao dirigente de reunio

    60 Para melhor compreenso do estudo que relaciona Evangelho e mediunidade, as consideraesapresentadas se baseiam na Apostila de Estudo Minucioso do Evangelho. Cf. UNIO ESPRITAMINEIRA. Apostila de Estudo Minucioso do Evangelho, unidades I e II.

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    estar atento necessidade de vencer suas imperfeies morais que, muitas vezes,o impedem de realizar melhor o seu trabalho. Com relao ao orgulho, O Livro dosMdiuns registra: Todas as imperfeies morais so outras tantas portas abertas aoacesso dos maus Espritos. A que, porm, eles exploram com mais habilidade oorgulho, porque a que a criatura menos confessa a si mesma.61

    No versculo 8, do captulo em estudo, a expresso no queirais ser chamadode Rabi apresenta-se de acordo com a poca de Jesus mas pode perfeitamenteadequar-se aos dias de hoje. A expresso significa que no devemos cultivar avaidade e o orgulho existentes em ns, reconhecendo ser Jesus nosso Mestre eSenhor, conforme est registrado no captulo 13, versculo 13, do Evangelho de Joo:Vs me chamais Mestre e Senhor,e dizeis bem, porque eu o sou. Podemos deduzirque todos somos irmos diante de Deus, no havendo razo, portanto, para nosconsiderarmos superiores a ningum. Esse aspecto um incentivo para quecultivemos a humildade em nossos coraes.

    J no versculo 9, a expresso vosso pai, ao apresentar a palavra paiescrita com letra minscula, relaciona-se com aquilo que elegemos como o pontocentral dos nossos interesses pessoais, nem sempre cristos. Quando, porm, nosvoltamos a Deus atravs dos ensinamentos do Cristo, tornando-nos melhores,considerando-O como nosso Pai que est em toda parte, prevalece o bem, e o amor sefaz presente.

    Tais exemplos so demonstraes, presentes no Evangelho, para aqueles quese dedicam aos trabalhos de direo de reunies medinicas, de modo a ensejar ocrescimento dos dirigentes e a melhoria das reunies nas quais atuam.

    61KARDEC. O Livro dos Mdiuns, cap. XX, item 228.

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    5 CONCLUSO

    O presente trabalho objetivou examinar a funo do dirigente de reuniesmedinicas. Como alicerce de exame, analisamos o conceito e finalidade das reuniesmedinicas, bem como sua formao, requisitos essenciais dos seus componentes,tipos e preparao para a sua realizao.

    Feitas as consideraes gerais sobre a reunio medinica, passamos a analisaro papel do dirigente, sendo problematizados aspectos como conceito, formao,critrios para a direo esprita, atribuies e responsabilidades. Relativamente aodesempenho da funo do dirigente, ressaltamos no s os fatores tcnicos, mastambm, e, sobretudo, os fatores de ordem moral que constituem base slida para aexecuo da tarefa. Nesse sentido, destacamos a importncia fundamental dosensinamentos do Evangelho como roteiro seguro de administrao, ressaltando-se aquia necessidade da coerncia e da adeso, em termos de fidelidade aos princpios

    demonstrados pelos exemplos educativos de Jesus; haja vista que, como assinalaAndr Luiz, a existncia terrena, por si s, uma sesso permanente.62Tendo em vista o objetivo a ser alcanado, esperamos que a singela compilao

    em torno da tarefa do dirigente de reunies medinicas possa contribuir para oesclarecimento das criaturas, de modo a ensejar o cumprimento do dever como sendoa faixa de ao no bem que o Supremo Senhor nos traa responsabilidade, para asustentao da ordem e da evoluo em Sua Obra Divina, no encalo de nosso prprioaperfeioamento.63

    62Cf. ANDR LUIZ. Os Mensageiros, cap. 12.63EMMANUEL. Pensamento e Vida, cap. 21, p.100.

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    Bblia Sagrada. Rio de Janeiro. Sociedade Bblica do Brasil, 1969.

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    Espritos Diversos. Instrues Psicofnicas. Psicofonia de Francisco Cndido Xavier.Rio de Janeiro: FEB, 1995. 7 ed.

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