o direito e a internet
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O DireitoTRANSCRIPT
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24 de Novembro de 2011
9h30m Abertura do Curso 9h45m DO DIREITO DA INFORMTICA AO DIREITO DA INTERNET Professora Doutora Maria Eduarda Gonalves, Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa e Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 10h30m Pausa para caf 11h00m A CONTRATAO ELECTRNICA
Professor Doutor Manuel Antnio Pita, Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa e Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 13h00m Pausa para almoo 14h30m A OBRA, SUA APRECIAO, DISPONIBILIZAO A TERCEIROS E REPRODUO EM AMBIENTE DIGITAL Professora Doutora Cludia Trabuco, Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 15h15m - A EXPERINCIA JUDICIAL PORTUGUESA Mestre Carla Mendona, Juza de direito Tiago Milheiro, Juiz de direito 16h00m Sntese final
FORMAO CONTNUA 2011 / 2012
25 de Novembro de 2011
9h30m Incio dos trabalhos 9h45m A TUTELA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS, A PRIVACIDADE E AS NOVAS TECNOLOGIAS Mestre Catarina Sarmento e Castro, Juza Conselheira do Tribunal Constitucional 10h30m Pausa para caf 11h00m A RESPONSABILIDADE PELOS CONTEDOS TRANSMITIDOS PELA INTERNET; A PROVA DIGITAL Professora Doutora Sofia de Vasconcelos Casimiro, Academia Militar 13h00m Pausa para almoo 14h30m A PROTECO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR: A TITULARIDADE, O CONTEDO. A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA REPRODUO NO AUTORIZADA DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR Professor Doutor Alexandre Dias Pereira, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra 15h30m A EXPERINCIA JUDICIAL PORTUGUESA Mestre Carla Mendona, Juza de direito Tiago Milheiro, Juiz de direito 16h15m Sntese Final
17h00m - Encerramento dos trabalhos
Local: Auditrio do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados
Praceta Mestre Pro, n 17, Quinta D. Joo 3030-020 Coimbra
Organizao: Centro de Estudos Judicirios Inscries: [email protected] Custo da inscrio para no Magistrados: 50 euros
Seminrio Integrado -Tipo B - Coimbra, 24 e 25 de Novembro de 2011
Moderao e Dinamizao: Manuel Jos Pires Capelo, Juiz Desembargador, Coordenador Distrital do CEJ, Carla Cmara, Juza de direito, docente no CEJ, Isabel Matos Namora, Juza de direito
e Marcos Gonalves, Juiz de direito
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Contratao ElectrnicaDec.-lei 7/2004
Artigos 24. a 34.
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Delimitao
Meio Electrnico ou informtico Civis ou comerciais
B&B,B&C,C&B
Excluses Correio electrnico ou outro meio de
comunicao individual (art. 30.) Contratao automtica ( art. 33.)
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Fontes
Dl 7/2004 Arts. 24. a 34.
Direito dos consumidores, em especial o regime das vendas distncia (DL 143/2001)
Direito Civil Direito comercial Relao especial/geral?
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Direito especial?
Regras do direito do consumo
Direito Civil Formao do contrato
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Proposta
Caractersticas Completa Firme Formalmente adequada
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Aceitao
Caractersticas Pura e simples (cfr. 233.) Tempestiva (228; 229.) Forma adequada
Forma da proposta
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Artigo 26.Forma
1 - As declaraes emitidas por via electrnica satisfazem a exigncia legal de forma escrita quando contidas em suporte que oferea as mesmas garantias de fidedignidade, inteligibilidade e conservao.
2 - O documento electrnico vale como documento assinado quando satisfizer os requisitos da legislao sobre assinatura electrnica e certificao.
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Proposta/Convite a Contratar
Art.32/1- A oferta de produtos ou servios em linha representa: --uma proposta contratual quando contiver todos os elementos necessrios para que o contrato fique concludo com a simples aceitao do destinatrio,--caso contrrio, um convite a contratar.
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Conveno de Viena Artigo 14.
Uma proposta tendente concluso de um contrato dirigida a uma ou vrias pessoas determinadas constitui uma proposta contratual se for suficientemente precisa e se indicar a vontade de o seu autor se vincular em caso de aceitao. Uma proposta suficientemente precisa quando designa as mercadorias e, expressa ou implicitamente, fixa a quantidade e o preo ou dindicaes que permitam determin-los.
Uma proposta dirigida a pessoas indeterminadas considerada apenas como um convite a contratar, a menos que a pessoa que fez a proposta tenha indicado claramente o contrrio.
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Quid Novum?
Proposta e convite a contratar?
Momento da formao do contrato? N.2 do art. 31.
Doutrina da recepo N. 2 do art. 32.
O mero aviso de recepo da ordem de encomenda no tem significado para o momento da concluso do contrato
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Processo de Contratao
1- Encomenda
29/1 - Logo que receba uma ordem de encomenda por via exclusivamente electrnica, o prestador de servios deve acusar a recepo igualmente por meios electrnicos, salvo acordo em contrrio com a parte que no seja consumidora.
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Processo de contratao
2- Aviso de recepo da encomenda
Artigo 29.1 - Logo que receba uma ordem de encomenda por via exclusivamente electrnica, o prestador de servios deve acusar a recepacusar a recepo o igualmente por meios electrnicos, salvo acordo em contrrio com a parte que no seja consumidora.
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Processo de contratao
3- Confirmao da encomenda
Art.29./5 -A encomenda tornaencomenda torna--se definitiva se definitiva com a confirmao do destinatrio, dada na sequncia do aviso de recepo, reiterando a ordem emitida.
Encomenda provisria?13
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Encomenda No Confirmada
Erro na formulao da encomenda Artigo 27
Poder ser corrigido depois do aviso de recepo? Art.28/1/d Os meios tcnicos que o prestador
disponibiliza para poderem ser identificados e corrigidos erros de introduerros de introduo que possam o que possam estar contidos na ordem de encomendaestar contidos na ordem de encomenda;
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DirectivaTrabalhos Preparatrios
Artigo 11/1:O contrato encontra-se celebrado quando o
destinatrio do servio: Tiver recebido do prestador, por via
electrnica, o aviso de recepo da aceitao pelo destinatrio do servio e
Tiver confirmado a recepo desse aviso
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Duplo Clique ?
Sistema Francs
Neutralidade do aviso de recepo-n.2 do art. 32:
O mero aviso de recepO mero aviso de recepo da ordem de o da ordem de encomenda no tem significado para a encomenda no tem significado para a determinadeterminao do momento da concluso o do momento da concluso do contrato.do contrato.
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Artigo 27.Dispositivos de identificao
e correco de erros
O prestador de servios em rede que celebre contratos por via electrnica deve disponibilizar aos destinatrios dos servios, salvo acordo em contrrio das partes que no sejam consumidores, meios tcnicos eficazes que lhes permitam identificar e corrigir erros de identificar e corrigir erros de introduintroduoo, antes de formular uma ordem antes de formular uma ordem de encomendade encomenda.
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Regras especiais
Dever de Informao Art. 28.
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Informaes prvias Artigo 28.
1 - O prestador de servios em rede que celebre contratos em linha deve facultar aos destinatrios, antes de ser dada a ordem de encomenda, informao mnima inequvoca que inclua:
a) O processo de celebrao do contrato;b) O arquivamento ou no do contrato pelo prestador de servio e a acessibilidade quele pelo destinatrio;c) A lngua ou lnguas em que o contrato pode ser celebrado;d) Os meios tOs meios tcnicos que o prestador disponibiliza para poderem ser cnicos que o prestador disponibiliza para poderem ser identificados e corrigidos erros de introduidentificados e corrigidos erros de introduo que possam estar contidos na o que possam estar contidos na ordem de encomenda;ordem de encomenda;e) Os termos contratuais e as clusulas gerais do contrato a celebrar;f) Os cdigos de conduta de que seja subscritor e a forma de os consultar electronicamente.
2 - O disposto no nmero anterior derrogvel por acordo em contrrio das partes que no sejam consumidores.
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Regras Especiais
Liberdade de celebrao Art. 25 1 - livre a celebrao de contratos por via
electrnica, sem que a validade ou eficcia destes seja prejudicada pela utilizao deste meio.
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Sntese
Regime especial: Estatuto da Encomenda no Confirmada. Dever especial de informao pr-contratual Momento da Eficcia da declarao negocial
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Ordem de encomenda e aviso de recepo
Artigo 29.
1 - Logo que receba uma ordem de encomenda por via exclusivamente electrnica, o prestador de servios deve acusar a recepo igualmente por meios electrnicos, salvo acordo em contrrio com a parte que no seja consumidora.
2 - dispensado o aviso de recepo da encomenda nos casos em que ha imediata prestao em linha do produto ou servio.
3 - O aviso de recepo deve conter a identificao fundamental do contrato a que se refere.
4 - O prestador satisfaz o dever de acusar a recepo se enviar a comunicao para o endereo electrnico que foi indicado ou utilizado pelo destinatrio do servio.
5 - A encomenda torna-se definitiva com a confirmao do destinatrio, dada na sequncia do aviso de recepo, reiterando a ordem emitida.
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Proposta contratual e convite a contratar
Artigo 32.
1 - A oferta de produtos ou servios em linha representa uma proposta contratual quando contiver todos os elementos necessrios para que o contrato fique concludo com a simples aceitao do destinatrio, representando, caso contrrio, um convite a contratar.
2 - O mero aviso de recepo da ordem de encomenda no tem significado para a determinao do momento da concluso do contrato.
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Lei
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Artigo24.mbito
Asdisposiesdestecaptulosoaplicveisatodootipodecontratoscelebradosporviaelectrnicaouinformtica,sejamounoqualificveiscomocomerciais.
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Artigo25.Liberdadedecelebrao
1 livreacelebraodecontratosporviaelectrnica,semqueavalidadeoueficciadestessejaprejudicadapelautilizaodestemeio.
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2 Soexcludosdoprincpiodaadmissibilidadeosnegciosjurdicos:
a)Familiaresesucessrios;b)Queexijamaintervenodetribunais,entespblicosououtrosentesqueexerampoderespblicos,nomeadamentequandoaquelaintervenocondicioneaproduodeefeitosemrelaoaterceiroseaindaosnegcioslegalmentesujeitosareconhecimentoouautenticaonotariais;c)Reaisimobilirios,comexcepodoarrendamento;d)Decauoedegarantia,quandonoseintegraremnaactividadeprofissionaldequemaspresta.
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3 S temdeaceitaraviaelectrnicaparaacelebraodeumcontratoquemsetivervinculadoaprocederdessaforma.
4 Soproibidasclusulascontratuaisgeraisqueimponhamacelebraoporviaelectrnicadoscontratoscomconsumidores.
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Artigo26.Forma
1 Asdeclaraesemitidasporviaelectrnicasatisfazemaexigncialegaldeformaescritaquandocontidasemsuportequeofereaasmesmasgarantiasdefidedignidade,inteligibilidadeeconservao.
2 Odocumentoelectrnicovalecomodocumentoassinadoquandosatisfizerosrequisitosdalegislaosobreassinaturaelectrnicaecertificao.
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Artigo27.Dispositivosdeidentificao
ecorrecodeerros
Oprestadordeserviosemredequecelebrecontratosporviaelectrnicadevedisponibilizaraosdestinatriosdosservios,salvoacordoemcontrriodaspartesquenosejamconsumidores,meiostcnicoseficazesquelhespermitamidentificarecorrigirerrosdeintroduo,antesdeformularumaordemdeencomenda.
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Artigo28.Informaesprvias
1 Oprestadordeserviosemredequecelebrecontratosemlinhadevefacultaraosdestinatrios,antesdeserdadaaordemdeencomenda,informaomnimainequvocaqueinclua:
a)Oprocessodecelebraodocontrato;b)Oarquivamentoounodocontratopeloprestadordeservioeaacessibilidadequelepelodestinatrio;c)Alnguaoulnguasemqueocontratopodesercelebrado;d)Osmeiostcnicosqueoprestadordisponibilizaparapoderemseridentificadosecorrigidoserrosdeintroduoquepossamestarcontidosnaordemdeencomenda;e)Ostermoscontratuaiseasclusulasgeraisdocontratoacelebrar;f)Oscdigosdecondutadequesejasubscritoreaformadeosconsultarelectronicamente.
2 Odispostononmeroanterior derrogvelporacordoemcontrriodaspartesquenosejamconsumidores.
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Artigo29.Ordemdeencomendaeavisoderecepo
1 Logoquerecebaumaordemdeencomendaporviaexclusivamenteelectrnica,oprestadordeserviosdeveacusararecepoigualmentepormeioselectrnicos,salvoacordoemcontrriocomapartequenosejaconsumidora.
2 dispensadooavisoderecepodaencomendanoscasosemquehaimediataprestaoemlinhadoprodutoouservio.
3 Oavisoderecepodeveconteraidentificaofundamentaldocontratoaqueserefere.
4 Oprestadorsatisfazodeverdeacusarareceposeenviaracomunicaoparaoendereoelectrnicoquefoiindicadoouutilizadopelodestinatriodoservio.
5 Aencomendatornasedefinitivacomaconfirmaododestinatrio,dadanasequnciadoavisoderecepo,reiterandoaordememitida.
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Artigo30.Contratoscelebradospormeiodecomunicao
individual
Osartigos27. a29. nosoaplicveisaoscontratoscelebradosexclusivamenteporcorreioelectrnicoououtromeiodecomunicaoindividualequivalente.
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Artigo31.Apresentaodostermoscontratuais
eclusulasgerais 1 Ostermoscontratuaiseasclusulasgerais,bemcomooavisoderecepo,devemsersemprecomunicadosdemaneiraquepermitaaodestinatrioarmazenlosereproduzilos.
2 Aordemdeencomenda,oavisoderecepoeaconfirmaodaencomendaconsideramserecebidoslogoqueosdestinatriostmapossibilidadedeacederaeles.
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Artigo32.Propostacontratualeconviteacontratar
1 Aofertadeprodutosouserviosemlinharepresentaumapropostacontratualquandocontivertodososelementosnecessriosparaqueocontratofiqueconcludocomasimplesaceitaododestinatrio,representando,casocontrrio,umconviteacontratar.
2 Omeroavisoderecepodaordemdeencomendanotemsignificadoparaadeterminaodomomentodaconclusodocontrato.
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Artigo33.Contrataoseminterveno
humana 1 contrataocelebradaexclusivamentepormeiodecomputadores,semintervenohumana,aplicveloregimecomum,salvoquandoestepressupuserumaactuao.
2 Soaplicveisasdisposiessobreerro:
a)Naformaodavontade,sehouvererrodeprogramao;b)Nadeclarao,sehouverdefeitodefuncionamentodamquina;c)Natransmisso,seamensagemchegardeformadaaoseudestino.
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3 Aoutrapartenopodeoporseimpugnaoporerrosemprequelhefosseexigvelquedeleseapercebesse,nomeadamentepelousodedispositivosdedetecodeerrosdeintroduo.
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Artigo34.Soluodelitgiosporviaelectrnica permitidoofuncionamentoemrededeformasdesoluoextrajudicialdelitgiosentreprestadoresedestinatriosdeserviosdasociedadedainformao,comobservnciadasdisposiesconcernentes validadeeeficciadosdocumentosreferidasnopresentecaptulo.
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FORMAO CONTNUA 2011 / 2012
24 de Novembro de 2011
A OBRA, SUA APRECIAO, DISPONIBILIZAO A TERCEIROS E REPRODUO EM AMBIENTE DIGITAL
Professora Doutora Cludia Trabuco, Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa
1. Enquadramento: as funes da propriedade intelectual e o princpio do equilbrio de interesses;
2. A defesa da propriedade intelectual e a realidade da "cibercultura";
3. O gozo das obras e as utilizaes reservadas aos titulares de direitos de autor;
4. Os direitos morais e patrimonais de autor mais afectados;
5. Em especial, o direito de reproduo e o direito de colocao disposio do pblico e respectivos limites;
6. Estudo de caso: os sistemas de "partilha" de ficheiros (peer to peer).
Seminrio Integrado -Tipo B - Coimbra, 24 e 25 de Novembro de 2011
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FORMAO CONTNUA 2011 / 2012
25 de Novembro de 2011
A PROTECO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR: A TITULARIDADE, O CONTEDO. A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA REPRODUO NO AUTORIZADA DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR
Professor Doutor Alexandre Dias Pereira, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Proteco dos Programas de Computador 1. Fontes e princpios gerais: objecto, titulares, contedo e limites de proteco; direitos do utilizador.
2. Anlise da jurisprudncia portuguesa em matria de programas de computador 2.1. Natureza da proteco jurdica.
2.2. Amplitude do direito de reproduo. Empresas informticas e empresas no informticas.
2.3. Titularidade de direitos. Encomenda de software (qualificao e formalidades). Software criado por trabalhadores. O software como obra colectiva. 2.4. Direitos do utilizador.
2.5. Da relevncia da comercializao de exemplares ilicitamente reproduzidos. Aspectos criminais. Responsabilidade civil (indemnizao). Providncias cautelares.
2.6. Partilha de ficheiros (E-mule, BTuga)
3. Software e Direito da Concorrncia: abuso de posio dominante no caso Microsoft 4. Licenas de software livre.
5. O tribunal competente e a lei aplicvel.
Seminrio Integrado -Tipo B - Coimbra, 24 e 25 de Novembro de 2011
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24 de Novembro de 2011
O DIREITO, A INTERNET E AS NOVAS TECNOLOGIAS
Mestre Carla Mendona, Juza de direito
Do Direito da Informtica ao Direito da Internet
I - A natureza transnacional da Internet vs. A natureza estadual do Direito:
a) A emergncia de situaes privadas internacionais: a tripartio situaes privadas puramente internas / situaes privadas relativamente internacionais / situaes
privadas absolutamente internacionais.
uma evidncia que no carece de prova o facto da Internet, enquanto rede global,
acarretar, naturalmente, problemas de inter-relacionao de ordenamentos jurdicos, ou seja, em
ltima instncia, problemas derivados da coliso entre ordenamentos jurdicos. Ora, tal coliso
implica a resoluo do problema de continuidade e segurana de situaes jurdicas.
Na verdade, a Internet veio potenciar a existncia de situaes jurdicas atravessadas por
fronteiras, designao dada pela Professora Magalhes Collao s situaes plurilocalizadas,
tambm denominadas situaes jurdicas internacionais ou transnacionais, objecto do Direito
Internacional Privado.
A ideia central do Direito Internacional Privado a de assegurar a harmonia internacional
e a continuao das situaes jurdicas internacionais.
Seminrio Integrado -Tipo B - Coimbra, 24 e 25 de Novembro de 2011
FORMAO CONTNUA 2011 / 2012
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As situaes internacionais (por contraposio s situaes puramente internas) no
colocam apenas problemas de determinao da lei aplicvel. Perante um litgio relativamente a
uma situao internacional torna-se necessrio, na falta de conveno de arbitragem, determinar
os tribunais estaduais competentes para o dirimir. Este um problema de determinao de
competncia internacional.
Acresce que, se o litgio decidido por um tribunal estrangeiro e se se pretende que a
deciso produza efeitos na ordem jurdica do foro, verifica-se um problema de reconhecimento
da deciso estrangeira.
O reconhecimento de efeitos de decises estrangeiras uma tcnica de regulao das
situaes internacionais, mais concretamente uma das tcnicas do processo conflitual ou
indirecto.
Situaes privadas internacionais (tambm designadas situaes transnacionais, ou
situaes jurdicas plurilocalizadas) so relaes inter-individuais em que intervm sujeitos de
Direito Privado, isto , pessoas colectivas e pessoas singulares, e que tm pontos de contacto
com vrias ordens jurdicas.
A estas situaes privadas internacionais que so objecto do Direito Internacional
Privado opem-se as situaes privadas puramente internas que so relaes em que todos os
seus elementos tm apenas contacto com um ordenamento jurdico.
Dentro da categoria situaes privadas internacionais h que distinguir: as situaes
relativamente internacionais e as situaes privadas absolutamente internacionais.
As situaes privadas absolutamente internacionais so situaes cujos elementos tm
que desde a sua origem contacto com mais de um ordenamento jurdico e em que se colocam
problemas de determinao de lei aplicvel.
As situaes relativamente internacionais so situaes puramente internas
relativamente a uma ordem jurdica que no a ordem jurdica do foro, mas depois de
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completamente formada h a necessidade de esta relao jurdica ser reconhecida por um outro
ordenamento jurdico, ou seja, numa fase posterior que surge o contacto com outra ordem
jurdica.
b) Competncia internacional:
Qual o tribunal competente? Legislao existente no mbito do Direito Comunitrio
e legislao existente no mbito do Direito Internacional aplicvel no ordenamento
jurdico portugus.
Uma das primeiras perguntas que se coloca perante uma situao plurilocalizada a de
saber qual o tribunal competente para apreciar a questo em litgio.
Vejamos, ento, desde j, quais as normas existentes aplicveis.
Ora bem, quando estejam em causa Estados Membros da Unio Europeia, o instrumento
legal a ter em conta o Regulamento (CE) n. 44/2001, de 22 de Dezembro de 2000
(Regulamento Bruxelas I), alterado atravs do Regulamento (CE) n 1937/2004 da Comisso, de
9 de Novembro de 2004, sendo que actualmente se encontra em discusso uma reviso de tal
instrumento comunitrio.
No quadro internacional extra-comunitrio, mas intra-europeu os instrumentos a ter em
conta so a Conveno de 27 de Setembro 1968 sobre Competncia Judiciria e Execuo de
Decises em Matria Civil e Comercial (Conveno de Bruxelas) e a Conveno de Lugano de
16 de Setembro de 1988.
Os textos legais acima indicados podem ser encontrados no site
http://www.gddc.pt/cooperacao/materia-civil-comercial/uniao-europeia.html.
Por fim, nos restantes casos, as normas a aplicar so as normas nacionais previstas nos
arts. 65 e segs. do CPC, normas estas que funcionam, assim, como normas residuais em matria
de determinao da competncia internacional.
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Importante , no que concerne criao de regras comunitrias/internacionais em matria
de competncia internacional a sua articulao com as regras comunitrias/internacionais em
matria de reconhecimento de decises.
certo que existem teorias (a tese da unilateralidade) que dissociam inteiramente o
Direito da Competncia Internacional do Direito do Reconhecimento. Este isolamento do Direito
do Reconhecimento em relao ao Direito da Competncia encerra o risco de uma falta de
articulao entre estes complexos normativos.
Com efeito, como a principal condio de reconhecimento das sentenas estrangeiras
necessrio/aconselhvel que exista uma conexo adequada entre o Estado de origem da deciso
e a relao controvertida. Esta exigncia satisfeita quando no Estado de origem e no Estado de
reconhecimento vigora o mesmo direito unificado da Competncia Internacional (o que sucede
por exemplo na Conveno de Bruxelas e na Conveno de Lugano, bem como no Regulamento
Bruxelas I).
Quando tal no se verifica, em geral, o reconhecimento da sentena estrangeira fica
dependente de uma condio estabelecida pelo Direito deste Estado: o que interessa no se o
tribunal estrangeiro tem ou no competncia segundo a sua lei, mas sim se esta competncia se
funda num ttulo que, segundo o juzo de valor do Estado de reconhecimento, justifica o
reconhecimento da sentena.
Outras solues tm sido avanadas no Direito convencional e em sistemas estrangeiros.
Uma 1 soluo alternativa a fixao dos critrios em que se pode fundar a competncia
do tribunal de origem. este o caminho seguido pelas Convenes de Haia sobre o
reconhecimento e execuo das decises em matria de prestao de alimentos a menores
(1958), sobre o reconhecimento de divrcios e de separao de pessoas (1970) e sobre o
reconhecimento e a execuo de sentenas estrangeiras em matria civil e comercial (1971).
Uma outra possibilidade a consagrao de uma clusula geral que exija uma conexo
suficiente entre a relao controvertida e o Estado de origem da deciso. Tambm nos EUA se
entende que a competncia do tribunal de origem deve satisfazer a clusula constitucional do due
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process, o que exclui o reconhecimento de decises quando h uma conexo insuficiente do ru
com o Estado de origem.
Em suma, a coerncia entre o Direito de Reconhecimento e o Direito de Competncia
Internacional exige que o reconhecimento de uma deciso judicial estrangeira seja subordinado:
existncia de regras de competncia internacional unificadas ou existncia de uma conexo
adequada e que na definio desta conexo sejam tomados em considerao os critrios de
competncia internacional directa.
Pelo que a renncia ao controlo de competncia do tribunal de origem tambm representa
uma contradio valorativa insanvel com o Direito de conflitos, visto que se traduz numa
referncia global ao Direito do Estado de origem, mesmo que este Estado no tenha qualquer
ligao significativa com a situao.
A integrao das solues num sistema global e coerente que compreende que Direito
dos Conflitos, Direito da Competncia e Direito do Reconhecimento so apenas perspectivas
diferentes de se olharem as situaes transnacionais, traduzir-se- em solues mais adequadas
vida jurdica transnacional, reduzindo os factores de incerteza e imprevisibilidade, tutelando a
confiana depositada no Direito de Conflitos e atenuando o desequilbrio entre as partes criado
pelo forum shopping e pelo aproveitamento abusivo do instituto de reconhecimento de decises
judiciais estrangeiras.
c) Lei aplicvel: Que lei ou leis aplicar? Legislao existente no mbito do Direito Comunitrio e
legislao existente no mbito do Direito Internacional aplicvel no ordenamento
jurdico portugus.
Ao Direito Internacional Privado pertence tambm determinar o Direito aplicvel
situao transnacional, regulando as situaes transnacionais mediante a remisso para o direito
aplicvel.
Estas regras no tm s por destinatrios os rgos de aplicao de direito. Com efeito, os
sujeitos das situaes transnacionais necessitam de determinar o Direito aplicvel para poderem
orientar as suas condutas.
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Assim, perante uma situao transnacional, depois de determinar qual o tribunal
competente para a apreciar, importa determinar qual a lei aplicvel.
Vejamos, ento, desde j, quais as normas existentes aplicveis.
Ora bem, quando estejam em causa Estados Membros da Unio Europeia, o instrumento
legal a ter em conta o Regulamento (CE) n. 593/2008, de 17 de Junho de 2008 (Regulamento
Roma I relativo lei aplicvel s obrigaes contratuais) ou o Regulamento (CE) n 864/2007 de
11 de Julho de 2007 (Regulamento Roma II relativo lei aplicvel s obrigaes
extracontratuais). Neste ltimo Regulamento pretende-se simplificar e acelerar processos
judiciais transfronteirios relativos a pequenas aces do foro comercial e de consumidores.
Os textos legais acima indicados podem ser encontrados nos sites http://europa.eu/.
Com efeito, a pluralidade de critrios consentidos pelo Regulamento Bruxelas I seria
inevitavelmente uma fonte de forum shopping em matria contratual, pelo que se verificou a
necessidade de proceder unificao das regras de conflito dos Estados Membros, por forma a
criar um sistema harmnico.
Nos restantes casos h que aplicar os critrios previstos no Cdigo Civil, nos arts. 25 e
seguintes.
Como j referido, a importncia de uma articulao entre o Direito de Competncia
Internacional e o Direito de Conflitos reside no facto de tal articulao prevenir/evitar o
forumshopping, potenciando, para alm do mais, a segurana e a certezas jurdicas no mbito das
relaes transnacionais.
d) Reconhecimento e execuo de sentenas: A necessidade de um sistema de reconhecimento e execuo de sentenas/decises
eficaz. Legislao existente no mbito do Direito Comunitrio e legislao existente
no mbito do Direito Internacional aplicvel no ordenamento jurdico portugus.
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O fundamento do reconhecimento das decises judiciais estrangeiras a continuidade das
situaes jurdico-privadas internacionais, a sua previsibilidade, a segurana jurdica que deriva
da actuao consoante as expectativas fundadas dos sujeitos de direito.
O Direito de Reconhecimento Internacional Privado o complexo normativo formado
pelas normas e princpios que regulam a relevncia das decises externas sobre situaes
transnacionais na ordem jurdica interna.
Confirmar uma sentena estrangeira, aps ter procedido sua reviso, reconhecer-lhe,
no Estado do foro, os efeitos que lhe cabem no Estado de origem, como acto jurisdicional,
segundo a lei desse mesmo Estado. Esses efeitos so o efeito de caso julgado e o efeito de ttulo
executivo, embora se possa ainda falar de efeitos constitutivos, extintivos ou modificativos, de
efeitos secundrios ou laterais (como mero facto jurdico) e de efeitos da sentena estrangeira
como simples meio de prova, os quais, a maior parte das vezes (designadamente no Direito de
Reconhecimento portugus), se produzem independentemente da necessidade de qualquer
reconhecimento.
A atribuio de fora executiva depende segundo a generalidade dos sistemas
nacionais, bem como perante as Convenes de Bruxelas e de Lugano e os Regulamentos
Comunitrios em Matria Civil e Comercial da concesso de uma declarao de
executoriedade por um tribunal do Estado de reconhecimento.
No que concerne ao efeito de caso julgado, perante os Regulamentos comunitrios em
matria civil e comercial e em matria matrimonial,o mesmo objecto de um reconhecimento
autnomo relativamente ao Direito de Conflitos (lei aplicvel), embora automtico.
Mas no ser de traar uma distino conforme a deciso produz um efeito declarativo ou
um efeito constitutivo?
A questo do reconhecimento dependente do Direito aplicvel tem-se colocado
principalmente com respeito s decises constitutivas (em sentido amplo). Trata-se das decises
que constituem, modificam ou extinguem situaes jurdicas.
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Enfim, a harmonia internacional s justifica o reconhecimento da deciso dos tribunais de
um Estado quando a relao tem uma conexo mais significativa com este Estado do que com
outros Estados estrangeiros.
Quais as normas aplicveis neste mbito?
Ora bem, quando estejam em causa Estados Membros da Unio Europeia, o instrumento
legal a ter em conta o Regulamento (CE) n. 44/2001, de 22 de Dezembro de 2000
(Regulamento Bruxelas I), alterado atravs do Regulamento (CE) n 1937/2004 da Comisso, de
9 de Novembro de 2004, sendo que actualmente se encontra em discusso uma reviso de tal
instrumento comunitrio.
No quadro internacional extra-comunitrio, mas intra-europeu os instrumentos a ter em
conta so a Conveno de 27 de Setembro 1968 sobre Competncia Judiciria e Execuo de
Decises em Matria Civil e Comercial (Conveno de Bruxelas) e a Conveno de Lugano de
16 de Setembro de 1988.
No quadro internacional h ainda a ter em conta a Conveno sobre o Reconhecimento e
a Execuo de Sentenas Estrangeiras em Matria Civil e Comercial e respectivo Protocolo
Adicional, concludos na Haia, em 1 de Fevereiro de 1971.
Os textos legais acima indicados podem ser encontrados, como j referido, no site
http://www.gddc.pt/cooperacao/materia-civil-comercial/uniao-europeia.html e www.hcch.net.
Por fim, nos restantes casos, as normas a aplicar so as normas nacionais previstas nos
arts. 1094 e segs. do CPC.
e) O caso Betandwin.com como exemplo.
Com base numa licena para apostas de desporto e jogos de casino emitida em Gibraltar, toda a actividade de jogo da
empresa operada pela BAW International Ltd (betandwin), uma subsidiria da betandwin.com Interactive
Entertainment AG. A subsidiria responsvel pelo servio de apoio a clientes, gesto de risco e actividades dos agentes
de apostas de betandwin.
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A empresa-me, BETandWIN.com Interactive Entertainment AG, foi fundada em Dezembro de 1997, com o
objectivo de desenvolver produtos de jogos online para o mercado global da Internet. A empresa, betandwin situada na
ustria, est cotada na Bolsa de Valores de Viena desde Maro de 2000 (Cdigo ID "BWIN", Cdigo ID Reuters
"BWIN.VI").
A Betandwin oferece uma lista diria de mais de 4000 apostas em mais de 40 desportos diferentes, mais de 30 jogos
de casino, utilizando a mais recente tecnologia Flash e vrias tipos de jogos de lotaria, com sorteios a cada 60 segundos
eis uma amostra do que pode encontrar na betandwin, um dos mais inovadores promotores de jogos na Internet.
A BAW International Ltd (betandwin)., a empresa operadora da betandwin, possui licenas europeias para apostas
em desportos e licena de casino, emitidas em Gibraltar, sob a superviso oficial permanente do Governo de Gibraltar.
Registada em Gibraltar, a BAW International Ltd (betandwin) foi fundada em 1999 sob o nome Simon Bold
(Gibraltar) Ltd.
O fundador da empresa, Simon Bold, tem mais de 26 anos de experincia na indstria de apostas internacional.
Betandwin Como fundador e principal accionista da empresa com sede em Liverpool, Mawdsley Bookmakers (mais de
40 agncias de apostas no norte de Inglaterra, 200 empregados e um volume de negcios anual de mais de 32 milhes de
euros), foi o primeiro a introduzir o sistema de apostas em larga escala atravs de "carto de dbito" em 1989. Em 1991, as
agncias de apostas foram vendidas Stanley Leisure PLC, empresa cotada na bolsa.
Em Novembro de 1999, a Simon Bold (Gibraltar) Ltd. conseguiu a ltima licena de apostas a ser emitida em
Gibraltar at data. Em Dezembro de 1999, a empresa betandwin comeou a oferecer um sistema de apostas por
telefone, abrindo o seu segundo canal de distribuio na Internet em Junho de 2000.
Aps a sua aquisio, em Junho de 2001, pela betandwin.com Interactive Entertainment AG, empresa austraca
cotada na bolsa, a empresa alterou o seu nome para BAW International Ltd (betandwin).
No Outono de 2001, a licena da empresa foi alargada, pelo que, em Dezembro de 2001, a BAW International Ltd
(betandwin) pde comear a operar um casino online com base numa licena emitida pelo Governo de Gibraltar.
Para alm da betandwin, a BAW International Ltd (betandwin) opera, actualmente, outros onze sites de jogos,
incluindo o www.playit.com, destinado ao mercado escandinavo, e o www.beteurope.com, voltado para o mercado de
lngua turca.
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O operador da betandwin, BAW International Ltd (betandwin), dispe, de acordo com a licena nmero 5, de uma
concesso anual prorrogvel para organizao de apostas de desporto com odds fixas. Alm disso, a BAW International
Ltd (betandwin) detm uma licena para a explorao de casinos online, com base na licena para a oferta e negociao
de apostas de desporto concedida em 1999. Tal significa que todas as questes comerciais da empresa esto sujeitas ao
controlo do Governo de Gibraltar.
O tipo de legislao de Gibraltar virtualmente idntico ao do Reino Unido. Por conseguinte, no por acaso que
quase todas as principais empresas europeias de jogos online foram licenciadas em Gibraltar.
A LPFP e a Betandwin acordaram em que a primeira fizesse publicidade actividade da segunda,
nos seus eventos e iniciativas desde logo na denominao das suas competies desportivas , tendo
como contrapartida o pagamento de uma certa quantia.
Contra este patrocnio, tendo em conta as actividades a que se dedica essa empresa, levantaram-se as
vozes da Santa Casa da Misericrdia de Lisboa (SCML) e dos casinos portugueses.
Preocupado com o rumo que as coisas tomaram o Governo solicitou um parecer Procuradoria-Geral
da Repblica, sobre a legalidade do contratualizado.
Por seu turno, a SCML e a associao dos casinos portugueses, accionaram os tribunais, tendo em vista
paralisar os efeitos daquele contrato.
Em causa estava um contrato de patrocnio, isto , um acordo negocial mediante o qual uma empresa
a Betandwin procura promover-se, buscar mais notoriedade para as suas actividades, atravs do
estabelecimento de uma ligao entre o seu nome, marca ou smbolo e a denominao, imagem ou
actividade de uma pessoa ou entidade (no caso a LPFP e as competies desportivas que organiza).
O contrato de patrocnio no recebe, por parte da lei portuguesa, um tratamento especfico. Assim
sendo, rege-se pelas normas que, em geral, enquadram, os contratos e, desde logo, com as constantes no
Cdigo Civil.
Contudo, deve-se ter presente, que o patrocnio constitui, em sentido amplo, uma espcie de
publicidade. Deste modo, tambm as normas do Cdigo da Publicidade estavam em causa.
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Porm, desde logo, atenta as caractersticas transnacionais da Betandwin e da sua actividade que supra
retratamos, colocava-se, desde logo e partida um problema de lei aplicvel.
Com efeito, a Betandwin alegava que lei nacional no lhe era aplicvel, concluindo que o Estado
portugus no tinha autoridade para sancionar o contrato de patrocnio da Liga face ausncia de legislao
especfica.
Os principais argumentos da Betandwin eram:
A Betandwin no tem qualquer sede ou estabelecimento estvel em Portugal, apenas pressupe o
acesso a um site electrnico;
A aposta feita directamente em linha, sendo que a sede da empresa se encontra na ustria, estando
aquela cotada na Bolsa de Valores de Viena;
A Betandwin possui licenas europeias para apostas em desportos e licena de casino, emitidas em
Gibraltar, sob a superviso oficial permanente do Governo de Gibraltar.
O Cdigo Civil, no domnio do Direito dos Conflitos, assume que as pessoas colectivas tm como
lei pessoal a do Estado onde se encontre situada a sede principal e efectiva da sua administrao. A lei
pessoal das pessoas colectivas internacionais a designada na conveno que as tenha criado ou nos
respectivos estatutos. Na falta de designao, a lei do pas onde estiver a sede principal, que no caso no
em Portugal Art. 33. do Cdigo Civil.
Vigora em Portugal, desde 01/09/1994, a Conveno de Roma sobre a Lei Aplicvel s Obrigaes
Contratuais (1980), que se aplica s obrigaes assumidas aps a sua entrada em vigor e que impliquem um
conflito de leis. Esta Conveno consagrou um princpio segundo o qual as partes podem escolher a lei
aplicvel ao contrato ou a parte deste, podendo mesmo acordar, em qualquer momento, na substituio da
lei designada.
Com a entrada em vigor da Conveno de Roma, as normas de conflitos relativas s obrigaes
decorrentes de negcios jurdicos, contidas no Cdigo Civil Portugus, passaram a ter um campo de
aplicao residual. H que ter em ateno que os Art.s 41. e 42. esto revogados, a partir do momento em
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que entrou em vigor a Conveno de Roma, embora no na sua totalidade, porque esto excludos os
negcios jurdicos unilaterais (n. 1 da Conveno).
Na parte em que revoga, ou seja, quanto aos contratos, mantm o principio do Art. 3., o qual
semelhante ao Art. 41. n. 1, porque ambos prevem como competente a lei designada pela vontade das
partes, tendo assim como princpio-regra o da autonomia da vontade das partes. A lei comunitria havia sido
a escolhida pelas partes.
Enquanto estabelecimento dito secundrio, o site de uma empresa pode ser considerado uma
unidade sem autonomia que actua por conta da empresa principal. Na medida em que seja considerada um
estabelecimento na acepo do Tratado, pode invocar as liberdades que lhe esto conexas os centros de
transmisso de dados constituem instalaes estveis.
Mesmo que os centros de transmisso de dados no devam ser considerados estabelecimentos da
betandwin.com, elas colaboram, em todo o caso, na prestao dos servios oferecidos por esta empresa.
Admitindo que a empresa no mantm no territrio portugus nenhuma forma de representao que possa
ser considerada um estabelecimento, a actividade comercial exercida pela betandwin.com corresponde a
uma prestao clssica de servios por correspondncia. O prestador e o destinatrio do servio encontram-
se estabelecidos em dois Estados-Membros diferentes e apenas o servio tem um carcter transfronteirio.
O TJUE j reconheceu que o facto de oferecer a possibilidade de participar, mediante remunerao,
num jogo de fortuna e azar, actividade, que em seu entender, inclui, as apostas desportivas, constitui uma
prestao de servios.
No Acrdo Zenatti, o Tribunal de Justia fez referncia ao artigo 46. CE que igualmente aplicvel
no mbito das disposies sobre a livre prestao de servios, por fora do artigo 55. CE. No entanto, no
retirou daqui quaisquer ilaes para a apreciao das disposies litigiosas, tendo, ao invs, passado
directamente apreciao das razes imperativas de interesse geral.
Por conseguinte, em conformidade com o procedimento adoptado pelo Tribunal de Justia, h que
partir do princpio de que as disposies nacionais no so justificadas ao abrigo do artigo 46. CE.
Importa, por conseguinte, aqui, determinar, por fim, se o regime adoptado no ordenamento jurdico
portugus formalmente discriminatrio ou se produz efeitos discriminatrios.
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No caso concreto aps uma longa disputa judicial, em sede de recurso, o TRP fez uso da faculdade do
reenvio prejudicial no sentido precisamente de saber se o o regime adoptado no ordenamento jurdico
portugus formalmente discriminatrio ou se produz efeitos discriminatrios.
O TJUE acabou por considerar que a proibio de operadores como a Betandwin de
oferecerem jogos de fortuna ou azar na Internet pode ser considerada justificada pelo objectivo
de combate fraude e criminalidade e, por conseguinte, compatvel com o princpio da livre
prestao de servios.
No acrdo, ressalvado que "a legislao portuguesa constitui uma restrio livre
prestao de servios", salientando, contudo, que tal pode ser justificado "por razes imperiosas
de interesse geral". "O objectivo de combate criminalidade invocado por Portugal pode
constituir uma razo imperiosa de interesse geral susceptvel de justificar restries quanto aos
operadores autorizados a oferecer servios no sector dos jogos de fortuna ou azar", l-se no
acrdo.
Por outro lado, o acrdo assinala ainda o risco de um operador "que patrocina certas
competies desportivas sobre as quais aceita apostas e certas equipas que participam nessas
competies se encontrar numa situao que lhe permite influenciar, directa ou indirectamente, o
resultado e assim aumentar os seus lucros".
Enfim, mais do que o resultado final deste concreto caso, cremos que o mesmo um bom exemplo das
questes de Direito Internacional Privado que a utilizao da Internet, atentas as suas caractersticas,
necessariamente levanta.
Mais, este caso veio relembrar uma possibilidade ao dispor dos tribunais nacionais que por vezes
esquecida: o reenvio prejudicial.
Por fim, este caso relembra ainda que os utilizadores da Internet so destinatrios desprevenidos das
mensagens publicitrias, inexistindo legislao especfica para publicidade na Internet.
II - Limitaes das normas jurdicas existentes:
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a) A natureza fugidia da internet vs. A necessidade de segurana/estabilidade na
regulao de situaes jurdico-privadas. Necessidade de um corpo de normas
especficas de carcter comunitrio/internacional?
Os primrdios da Internet foram marcados por uma enorme relutncia em regular o
mundo virtual, tendo a rede, no incio, sido vista como um espao de anarquia. Com efeito, a
desmaterializao e a deslocalizao dos contedos so dois dos principais bices eficaz
regulamentao do mundo virtual, que serviram durante bastante tempo para afastar a
aplicabilidade dos conceitos jurdicos.
Muitos defendiam que a Internet representa um espao natural de liberdade, no
refractrio a qualquer regulamentao mas estranho a modos de regulamentao que no sejam
gerados neste espao comunicacional.
O tempo ajudou a compreender a insuficincia destas regras, que se tm demonstrado
demasiado tnues, conduzindo ao reconhecimento de que a Internet no imune a utilizaes
perniciosas que devem ser atacadas.
Num primeiro momento, a procura pela legalidade na rede, sustentou-se na converso de
um suposto costume interntico ou, net-etiqueta, numa verdadeira regulamentao, susceptvel
de impedir e dirimir os conflitos ocorridos na rede. Em suma, a criao de uma lex electronica,
definida como um direito espontneo, no decorrente de solues puramente estatais, mas
nascidos da necessidade de regulamentao, consequncia da prpria utilizao da Internet.
Desta forma, sustenta-se a possibilidade de constituio de um corpo de normas jurdicas
informais muito especfico, com caractersticas bem demarcadas, aplicvel a situaes muito
particulares as ocorridas no ciberespao.
A principal fonte inspiradora da lex electronica seriam os usos do utilizadores da
Internet, permitindo por este meio uma mais profcua adaptao do Direito ao ambiente da
Internet, possibilitando uma mais ampla ligao entre os utilizadores e a comunidade que os
envolve. Por fim, alega-se que os problemas da deslocalizao e a inexistncia de autoridades
munidas de jus imperi encontrariam respostas satisfatrias com o surgimento desta lex
electronica.
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Com efeito, a recusa de uma regulamentao jurdica da Internet tem-se baseado muitas
vezes em consideraes pragmticas: o carcter global daquela e a dificuldade de controlar o que
se passa na rede e impedir comportamentos ilcitos, no aconselharia a imposio de
comportamentos, uma vez que no haveriam meios para impor o seu acatamento.
Na verdade, como j tivemos oportunidade de analisar existe, efectivamente, um
problema de legitimidade dos Estados, no apenas para criar regulamentao mas, sobretudo,
para os Estados perseguirem os prevaricadores e executarem as decises judiciais, devido ao
facto de estarmos perante relaes plurilocalizadas. Relaes plurilocalizadas a que os Estados
ainda respondem maioritariamente de forma compartimentada, isolada e muitas vezes sem uma
viso de conjunto.
um problema que decorre da prpria essncia da Internet, e da sua dimenso global,
que permite, por exemplo, que o contedo ilcito seja produzido num pas e alojado num servidor
num outro qualquer pas do mundo, contornando as tradicionais regras territoriais de aplicao
da justia e as regras de soberania dos Estados.
Acresce a possibilidade de reproduo dos stios com contedos ilcitos em parasos
informticos - bom exemplo o caso da explorao de jogos de azar, onde se assiste a um
fenmeno de deslocalizao dos sites para pases em que a legislao mais permissiva ou
inexistente - ou sites off-shore, ou seja, em Estados em que a conduta no seja considerada
ilcita, quer face aos princpios jurdicos vigentes, quer face sua inexistncia, ou, em pases
cujos ordenamentos jurdicos tornam os prevaricadores impassveis de serem identificados. Ou
seja, a internet veio potenciar o fenmeno do forumshopping.
Assim, torna-se claro que a Internet, como qualquer realidade social, necessita de normas
jurdicas de molde a evitar e contrariar conflitos. Normas estas que, atenta a natureza global da
Internet tm que ser, cremos ns, de carcter supranacional: comunitrias sim, mas, num quadro
ideal, internacionais.
Sendo que, atenta a j comprovada averso dos Estados a entidades supranacionais e, a
tambm j comprovada dificuldade em negociar instrumentos internacionais, que estabeleam
normas jurdicas uniformes, estamos em crer que a via, mais pragmtica e realista, para uma
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regulao eficaz do fenmeno Internet passaria por um aperfeioamento e/ou criao de
instrumentos comunitrios/internacionais especficos para esta realidade, em matria de
competncia, lei aplicvel e reconhecimento e execuo de decises.
Seria tambm importante, estamos em crer, um verdadeiro empenho dos Estados em
reforar os mecanismos de cooperao judicial, designadamente a nvel de meios, por forma a
que aquela fosse efectivamente eficaz. E sobretudo que, neste quadro da cooperao judicial, os
sistemas judiciais passassem a confiar mais nos seus congneres...
b) O papel dos tribunais nacionais. A articulao com o TJCE: o reenvio prejudicial.
Chegados aqui, uma coisa certa: no quadro actual, as questes que se venham a colocar
relativamente a acatividades desenvolvidas na Internet ser resolvida em ltima instncia pelos
tribunais nacionais.
Importante , pois, que estes estejam alertados para os concretos problemas que a Internet
com o seu carcter fluido e transfronteirio pode suscitar e que tentamos perfunctoriamente
elencar.
Importante , tambm, que estes tenham tambm presente, atento o quadro comunitrio
legal que envolve estas questes, da possibilidade de suscitar um processo de reenvio prejudicial,
bem como das suas vantagens.
O reenvio prejudicial um processo exercido perante o Tribunal de Justia da Unio
Europeia. Este processo permite a uma jurisdio nacional interrogar o Tribunal de Justia sobre
a interpretao ou a validade do direito europeu
O reenvio prejudicial faz parte dos processos que podem ser exercidos perante o Tribunal
de Justia da Unio Europeia. Este processo est aberto aos juzes nacionais dos Estados-
Membros, que podem recorrer ao Tribunal para o interrogar sobre a interpretao ou a validade
do direito europeu num processo em curso.
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Ao contrrio dos outros processos jurisdicionais, o reenvio prejudicial no um recurso
formado contra um acto europeu ou nacional, mas sim uma pergunta relativa aplicao do
direito europeu.
O reenvio prejudicial favorece, assim, a cooperao activa entre as jurisdies nacionais e
o Tribunal de Justia e a aplicao uniforme do direito europeu em toda a UE.
Qualquer jurisdio nacional, que deva dirimir um litgio no qual a aplicao de uma
norma jurdica europeia suscite dvidas (litgio principal), pode decidir dirigir-se ao Tribunal de
Justia para resolver estas dvidas. Existem, ento, dois tipos de reenvio prejudicial:
o reenvio para interpretao da norma europeia: o juiz nacional solicita ao Tribunal de
Justia que especifique um ponto de interpretao do direito europeu para o poder aplicar
correctamente;
o reenvio para apreciao da validade da norma europeia: o juiz nacional solicita ao
Tribunal de Justia que controle a validade de um acto jurdico europeu.
O reenvio prejudicial constitui, assim, um reenvio de juiz para juiz. Embora possa ser
solicitado por uma das partes no pleito, a jurisdio nacional que toma a deciso de instar o
Tribunal de Justia.
A este respeito, o artigo 267. do Tratado sobre o Funcionamento da UE precisa que as
jurisdies nacionais que deliberam em ltima instncia, ou seja, cujas decises no podem ser
objecto de recurso, tm a obrigao de exercer um reenvio prejudicial se uma das partes o
solicitar.
Pelo contrrio, as jurisdies nacionais que no so de ltima instncia no so obrigadas
a exercer este reenvio, mesmo que uma das partes o solicite. De qualquer modo, todas as
jurisdies nacionais podem espontaneamente recorrer ao Tribunal de Justia em caso de dvida
sobre uma disposio europeia.
O Tribunal de Justia pronuncia-se, ento, apenas sobre os elementos constitutivos do
processo de reenvio prejudicial sobre os quais instado, cabendo jurisdio nacional o
julgamento da questo principal.
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Por princpio, o Tribunal de Justia deve responder questo colocada. No pode recusar
responder pelo facto de a resposta no ser relevante nem oportuna em relao ao processo
principal. Pode, em contrapartida, rejeitar o reenvio se a questo no integrar a sua esfera de
competncia.
A deciso do Tribunal de Justia tem valor de caso julgado. , alm disso, vinculativa
no s para a jurisdio nacional que tenha estado na origem do processo de reenvio prejudicial,
mas, ainda, para todas as jurisdies nacionais dos Estados-Membros.
No mbito do processo de reenvio prejudicial sobre a validade de um acto europeu, se
este for declarado invlido, tambm o sero todos os outros actos j adoptados que nele se
baseiem. As instituies europeias competentes devero, ento, adoptar um novo acto para
ultrapassar a situao.
*
A Contratao Electrnica e a Obra, Sua Apropriao, Disponibilizao a Terceiros e
Reproduo em Ambiente Digital
I A quase inexistncia de jurisprudncia:
No obstante a crescente utilizao da Internet e das novas tecnologias no dia-a-dia, e a
discusso a nvel doutrinrio das inmeras questes que a sua utilizao levanta a nvel jurdico,
o que certo que a nvel dos tribunais nacionais, designadamente dos tribunais superiores, a
discusso dos concretos temas da contratao electrnica e da reproduo em ambiente digital de
obras praticamente inexistente.
Vejamos ento.
a) Recenso jurisprudencial quanto ao comrcio electrnico.
Em matria de comrcio electrnico o nico acrdo encontrado foi um acrdo do TRC,
de 27/02/2008, que ainda assim aborda a questo de forma lateral.
Pode ler-se no sumrio de tal acrdo:
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1. Constituindo se como um cadinho da legislao comunitria o Decreto-Lei n
138/90, de 26.04 visa propiciar ao consumidor a percepo directa e imediata do preo final a
pagar.
2. O princpio do conhecimento pleno das condies de venda de um produto exposto
para venda estende-se ao comrcio electrnico pois o alojamento em pgina da Internet de oferta
para venda constitui um convite para contratar.
3. Do princpio plasmado no item antecedente decorre a necessidade, para o oferente do
produto em venda, da completa indicao e elucidao do preo de venda, incluindo os impostos
taxas e outros encargos que onerem o preo final de aquisio.
4. A obrigao nsita no item precedente decorre do princpio da transparncia
informativa e da s concorrncia que tem a sua aplicabilidade, tratando-se de produtos expostos
para venda atravs da Internet, para todos aqueles que podem ter acesso oferta.
5. No restringindo ou confinando a deciso de facto o espectro de clientes empresas
industriais ou comerciais que podiam adquirir os produtos que uma determinada empresa tinha
exposto para venda no seu sitio ter que entender-se que os princpios supra referidos se mantm
actuantes e vlidos para efeitos do preenchimento do ilicito contra-ordenacional pelo qual o
arguido foi condenado previso dos artigos 5, n 1 e 11, n1 ambos do Decreto-Lei n 138/90,
de 26.04. por haver de se entender que qualquer pessoa podia aceder ou poder vir a adquirir os
produtos anunciados e expostos para venda.
Como se v, muito pouco para uma matria que doutrinalmente suscita tantas questes.
b) Recenso jurisprudencial quanto reproduo em ambiente digital.
Nesta matria, o quadro jurisprudencial no to diminuto.
Porm, os casos que chegam aos tribunais so ainda muito centrados na reproduo no
autorizada de programas de computador (que ser abordada amanh); na reproduo de obras
musicais, atravs de meios tradicionais, designadamente cds, incluindo-se aqui tambm as
providncia cautelares interpostas ao abrigo do art. 210-G do Cdigo de Direitos de Autor (cf.
por exemplo, acs. do STJ de 09/03/2010, de 26/11/2009, de 30/06/2009, 01/07/2008, ac. do TRP
de 03/06/2008, acs. do TRL de 19/07/2010, de 10/02/2009, de 18/12/2008, ac. do TRE de
29/09/2009) e na reproduo de obras literrias tambm atravs de meios tradicionais,
designadamente fotocpias (cf. por exemplo, ac. do TRL de 31/01/2008).
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Assim, a jurisprudncia dos tribunais superiores nacionais sobre esta matria centra-se
muito ainda na reproduo em meios tradicionais (cds, fotocpias, dvds, etc.), passando um
pouco ao lado dos novos meios de reproduo digital, e das complexidades e dificuldades que tal
meio acarreta na abordagem da problemtica da reproduo de obras.
II O direito probatrio material e as novas tecnologias:
a) Criao de novos meios de prova ou novos meios de obteno destes?
As novas tecnologias trouxeram novos desafios ao Direito Probatrio, no tanto pela
necessidade de um novo paradigma (porquanto consideramos que os velhos institutos esto aptos
a resolver o grosso do problema), mas mais pela frequncia com que estas novas questes se vo
colocar nos nossos tribunais (uma vez que os meios de obteno de prova proporcionados pelo
desenvolvimento tecnolgico so cada vez mais, mais acessveis, mas portteis e com mais
funes de captao da realidade).
Com efeito, todo o processamento de uma informao por computadores ou a
comunicao realizada entre eles, quer seja na forma de envio de um e-mail, na publicao de
uma notcia num site, ou na insero de informaes numa base de dados, deixa registos na
forma de arquivos que, em determinadas situaes, podem ser relevantes para a prova de um
determinado facto jurdico.
Nestes casos, o meio de prova o mesmo de sempre prova documental, entendendo-se
como documento, nos termos do disposto no artigo 362 do Cdigo Civil qualquer objecto
elaborado pelo homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto,
incluindo, assim, filmes, fotografias, registos fonogrficos, sms, pginas de internet (cfr. ainda o
disposto no artigo 368 do Cdigo Civil).
Sero, assim, os tribunais cada vez mais confrontados com estes meios de prova e tero
de decidir sobre a sua admissibilidade e subsequente valorao.
Assim, quanto a ns, as novas tecnologias no criaram novos meios de prova, mas
facilitaram incontornavelmente o seu meio de obteno.
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Nos dias que correm qualquer cidado tem um ou mais telemvel que, para alm do
servio de telefone, tem ainda mquina fotogrfica, cmara de vdeo e gravador de som. O que
significa que, a qualquer momento, uma determinada situao da vida pode ser facilmente
registada atravs destes aparelhos. Por outro lado, as formas de comunicao mais frequentes
hoje em dia no so as cartas manuscritas e assinadas remetidas pelo correio, telegrama ou
telefax; mas sim os e-mails, chats de conversao na internet, mensagens escritas enviadas por
telemvel.
Nestes casos, o meio de prova o mesmo de sempre prova documental. O que
realmente tem mudado neste mbito so os meios de obteno destas provas que so cada vez
mais, mais acessveis, mais portteis e com mais funes de captao da realidade.
b) A fora probatria dos documentos no escritos. O caso especial das sms.
Por outro lado, novas respostas se impem relativamente ao conceito amplo de
documento no mbito da respectiva fora probatria. Com efeito, a fora probatria do
documento particular circunscreve-se no mbito das declaraes (de cincia ou de vontade) que
nela constam como feitas pelo respectivo subscritor.
Tal como no documento autntico, a prova plena estabelecida pelo documento respeita ao plano
da formao da declarao, no ao da sua validade ou eficcia. Mas, diferentemente do
documento autntico, que provm de uma entidade dotada de f pblica, o documento
particular no prova plenamente os factos que nele sejam narrados como praticados pelo seu
autor ou como objecto da sua percepo directa.
Nessa medida, apesar de demonstrada a autoria de um documento, da no resulta,
necessariamente, que os factos compreendidos nas declaraes dele constantes se hajam de
considerar provados, o mesmo dizer que da no advm que os documentos provem
plenamente os factos neles referidos.1
Este regime no se aplica aos documentos no escritos que beneficiam do regime especial
previsto no artigo 368 do Cdigo Civil, nos termos do qual as reprodues fotogrficas ou
cinematogrficas, os registos fonogrficos e, de um modo geral, quaisquer outras reprodues
1 Ac. STJ de 09.12.2008, Proc. 083665, (Conselheiro Urbano Dias), in: www.dgsi.pt
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mecnicas de factos ou de coisas fazem prova plena dos factos e da coisas que representam, se a
parte contra quem os documentos so apresentados no impugnar a sua exactido.
Na esteira de J.M. Gonalves Sampaio2, consideramos que este preceito igualmente
aplicvel s fotocpias e aos microfilmes de documentos, quando desacompanhados da sua
conformidade ao original por entidade a tanto autorizada, fazendo, desse modo, prova plena dos
factos e coisas que representam se no forem impugnados.
No obstante, a admisso da exactido da fotocpia ou do microfilme pela parte contra
quem so apresentados, no levar a atribuir-lhes a fora probatria do original quando o
documento formaliza um acto jurdico para o qual a lei exija documento escrito, j que com a sua
mera apresentao no se pode considerar provada a observncia da forma legal e,
consequentemente, o acto jurdico documentado tem de ser considerado nulo (cfr. artigo 220 e
354 alnea a) do Cdigo Civil).
O desenvolvimento da cincia e da tcnica no se compadece com o conceito clssico e
restrito de documento. As prprias formas de organizao e arquivo dos documentos alteraram-
se substancialmente, quer ao nvel dos documentos oficiais do Estado, quer ao nvel particular,
especialmente no que respeita documentao das empresas (que tem que ser guardada
obrigatoriamente por determinado perodo de tempo definido na lei).
Esta realidade motivou o crescente recurso aos microfilmes e a tendncia legislativa para
lhes atribuir a mesma fora jurdica dos originais, o que permite a destruio destes ltimos ao
fim de um tempo mnimo de conservao.
Importa, no entanto, descortinar o regime aplicvel s mensagens de telemvel (conhecidas
como sms). Estaremos perante um simples documento escrito ou uma reproduo mecnica?
Esta questo tem sido largamente discutida na doutrina e jurisprudncia penal, a propsito
do regime excepcional e restritivo da autorizao das escutas telefnicas. Com efeito, tem-se
2 A prova por documentos particulares na doutrina, na lei e na jurisprudncia, 2 Edio Actualizada e Ampliada,
Almedina, 2004, pgina 142.
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discutido, a propsito das sms se se tratam de transmisses electrnicas, sujeitas ao regime do
artigo 189 do CPP, ou de simples documentos.
Prefiguram-se diversas solues jurdicas possveis3:
a) Pode defender-se que o telemvel se equipara a um gravador, porquanto dispe de um
mecanismo de gravao de voz (voice mail) e dispositivo de memria de mensagens escritas;
b) O telemvel pode ainda ser configurado pura e simplesmente como um meio de
comunicao normal, com um emissor e um receptor, esquema comunicacional esse que faz o
registo da mensagem automaticamente, consentindo tacitamente o emissor da mensagem na sua
gravao, porquanto esta automtica e, logo, consequncia necessria do envio;
c) Pode, ainda, considerar-se a sms como documento, equiparando-se as sms
correspondncia escrita ou a informaes (orais ou escritas) ou produtos fonogrficos passveis
de edio cuja finalidade ltima serem tratadas (em suporte digital ou papel) como
documentos.
Tem-se defendido, a este propsito que como em qualquer outra comunicao, tambm
as comunicaes por via electrnica ocorrem durante certo lapso de tempo; comeam quando
entram na rede e acabam quando saem da rede. a sua intercepo neste lapso de tempo o
assunto do preceito (do artigo 189 do Cdigo de Processo Penal).
Quando o momento do seu recebimento j pertence ao passado, qualquer contacto com a
comunicao feita no tem qualquer correspondncia com a ideia de intercepo a se reportam
os artigos 187 a 190 do Cdigo de Processo Penal).
As mensagens que depois de recebidas ficam gravadas no receptor deixam de ter a natureza de
comunicao em transmisso; so comunicaes recebidas pelo que devero ter o mesmo
tratamento da correspondncia escrita j recebida e guardada pelo destinatrio.
Tal como acontece na correspondncia efectuada pelo correio tradicional diferenciar-se- a
mensagem j recebida mas ainda no aberta da mensagem j recebida e aberta. Na apreenso
daquela rege o art. 179 do Cdigo de Processo Penal, mas a apreenso da j recebida e
aberta no ter mais proteco do que as cartas recebidas, abertas e guardadas pelo seu
3 Carlos Adrito Teixeira, Escutas telefnicas: a mudana de paradigma e os velhos e os novos problemas, in:
Revista do CEJ, nmero 9 (Jornadas sobre a reviso do Cdigo de Processo Penal, Estudos), pgina 285.
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destinatrio. E a mensagem recebida em telemvel, atenta a natureza e finalidade do aparelho e
o seu porte pelo arguido no momento da revista, de presumir que uma vez recebida foi lida
pelo seu destinatrio.4
A jurisprudncia tem, assim, defendido que as mensagens de telemvel so meros
documentos escritos, pelo que a mensagem mantida em suporte digital, depois de recebida e
lida, ter a mesma proteco da carta em papel que, tendo sido recebida pelo correio e aberta,
foi guardada em arquivo pessoal5.
No mbito do Processo Civil, no se aplica o regime excepcional das escutas telefnicas
enquanto modo de obteno de prova, pelo que a discusso enunciada no tem qualquer
relevncia.
O que se pretende extrair da discusso penal do assunto , de facto, a qualificao da sms
produto final e no forma de comunicao em curso enquanto meio de prova. Quanto esse
aspecto, dvidas no se nos colocam quanto sua qualificao como documento escrito, quando
se trata de mensagens escritas, e como fonogramas, quando se trate de mensagens de voz.
Assim, a reproduo das mensagens de voz far prova plena quanto ao facto de que
determinada declarao foi feita; e as mensagens escritas, no estando assinadas (nem
manuscritamente, nem digitalmente) sero livremente apreciadas pelo tribunal, nos termos do
disposto nos artigos 366 e 376 n.1 a contrario do Cdigo Civil.
c) O documento electrnico. Quadro legal nacional. A experincia brasileira. Documentos autnticos electrnicos?
Um dos grandes desafios de nossos tempos a possibilidade de substituir documentos em
papel por documentos electrnicos. O documento electrnico nada mais do que uma sequncia
de nmeros binrios (isto , zero ou um) que, reconhecidos e traduzidos pelo computador,
representam uma informao. Um arquivo de computador contendo textos, sons, imagens ou
4 Acrdo da Relao de Coimbra de 29.03.2006, Proc. 607/06, in: www.dgsi.pt. 5 Acrdo da Relao de Lisboa de 20.03.2007, Proc. 7189/2006-7 (Agostinho Torres), in: www.dgsi.pt.
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instrues um documento electrnico. O documento eletrnico tem sua forma original em bits,
ou seja, no impresso ou assinado em papel: a sua circulao e verificao de autenticidade
verificam-se na sua forma original, electrnica.
Uma das adaptaes que teremos necessariamente de referir relaciona-se com a questo
da assinatura, elemento essencial dos documentos particulares, na medida em que significa a
assumpo do contedo da declarao.
A assinatura digital emprega o conceito de certificao digital, onde se utiliza um par de
chaves, ou "certificados": um pblico e um privado. Este artifcio consiste em "assinar" um
documento utilizando o certificado privado, que somente o autor possui. Para verificar a
assinatura deste documento e garantir a autenticidade, utiliza-se o certificado pblico, que
qualquer um pode possuir.
A chave pblica, como o prprio nome sugere, fica disponvel e pode ser dada ao
conhecimento de todos, enquanto a chave privada de conhecimento e de uso exclusivo do seu
proprietrio e por ele deve ser mantida em segredo absoluto.
Simplificando: o autor possui o certificado privado e passa a assinar todos os documentos
com ele. Cada vez que se pretender verificar a assinatura de um documento, basta utilizar o
certificado pblico para verificar a autoria. Apenas o certificado pblico que faz o "par" com o
certificado privado consegue verificar a assinatura. Com isso, garante-se que o documento foi
assinado utilizando aquele certificado privado, que, em princpio, pertence a somente uma
pessoa.
Para se utilizar esta tecnologia, cada indivduo capaz de "assinar um documento" deve
possuir um certificado digital vlido. Esse certificado pode ser comparado analogicamente
assinatura reconhecida nos cartrios. Assim, muito importante que as autoridades certificadoras
sejam bastante controladas, principalmente por estarem em meio digital.
O Decreto-Lei n.290-D/996, de 2 de Agosto, veio regular a validade, eficcia e valor
probatrio dos documentos electrnicos e a assinatura digital, prevendo, todavia, a sua extenso
6 Alterado pelos Decretos-Lei n. 62/2003, de 3 Abril e 165/2004, de 6 de Julho.
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a outras modalidades de assinatura electrnica que, em funo do desenvolvimento tecnolgico,
venham a satisfazer exigncias de segurana idnticas s da assinatura digital, produzida atravs
de tcnicas ciptogrficas de chaves pblicas.
Nos termos do artigo 3 n. 1 equiparado a documento particular o documento
electrnico7 cujo contedo seja susceptvel de apresentao como declarao escrita e
desempenha, quando assinado, a funo do documento particular legalmente exigido como
forma do negcio jurdico.
A assinatura digital (a que aludia o diploma original) deve referir-se inequivocamente a
uma s pessoa singular ou colectiva e ao documento ao qual aposta (artigo 7 n.2); a sua
aposio substitui, para todos os efeitos legais, a aposio de selos, carimbos, marcas ou outros
sinais identificadores do seu titular (artigo 7 n.3).
Quando lhe aposta uma assinatura digital, mediante utilizao de uma chave privada
cuja correspondente chave pblica conste de certificado vlido, emitido por entidade
certificadora credenciada (artigo 7 n.4), ambas criadas ou obtidas pelo utilizador (artigo 8), o
documento electrnico equiparado, no seu valor, ao documento particular assinado (art.3 n.2)
e goza da presuno de que a aposio da assinatura foi do respectivo titular ou seu
representante, de que foi feita com a inteno de subscrever o documento e de que este no
sofreu alterao posterior (artigo 7 n.1).
Na falta de assinatura digital, em conformidade com o regime previsto no citado diploma,
a autoria e a integridade do documento electrnico, incluindo a assinatura electrnica, podem ser
estabelecidos por meio de comprovao que tenha sido convencionado pelas partes, dentro dos
limites definidos no normativo do artigo 345 n.2 do Cdigo Civil, ou tenha sido aceite pela
pessoa a quem fosse oposto o documento (cfr. artigos 3 e 4 do referido Diploma).
Cumpre, ainda, fazer uma referncia ao art. 26., n. 1, do Decreto-Lei n. 7/2004. Este
clarifica que a declarao emitida por via electrnica satisfaz a exigncia de forma escrita.
7 Entende-se por documento electrnico: o documento elaborado mediante processamento electrnico de dados
(artigo 2, alnea a) do Decreto-Lei n. 290-D/99).
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J o Decreto-Lei n. 290-D/99 o dizia (art. 3., n. 1). Este, no entanto, impunha a
condio de o contedo ser susceptvel de representao como declarao escrita. Agora
necessrio que a declarao esteja contida em suporte que oferea as mesmas garantias de
fidedignidade, inteligibilidade e conservao.
Esta segunda formulao, que foi inspirada no art. 4. do Cdigo de Valores Mobilirios,
afigura-se prefervel, j que realiza uma abordagem conforme ao mtodo da equivalncia
funcional, permanecendo tambm tecnologicamente neutra.
Das trs qualidades que so exigidas ao suporte electrnico, a mais relevante ser a da
conservao. A fidedignidade e inteligibilidade do suporte papel so facilmente atingveis
electronicamente. A conservao tambm, certo, mas no entanto permite excluir algumas
situaes. J antes do Decreto-Lei n. 7/2004 se podia seguramente afirmar que o texto acessvel
no monitor de um computador, independentemente da sua impresso em papel, constitua um
documento escrito.
Hoje necessrio distinguir: se o texto for mostrado apenas no monitor, no estando
guardado em nenhum outro suporte que lhe permita sobreviver ao desligar do computador (disco
rgido, CD-ROM, diskette, etc.), no poder ambicionar a valer como escrito; caso contrrio j o
poder, mas aqui o documento esse outro suporte, e no o monitor. que os computadores so
fabricados para serem ligados e desligados, enquanto que o papel permanece impresso at se
degradar ou ser destrudo, nisto assentando a sua mais-valia ao nvel da conservao.
E documentos autnticos electrnicos?
Os documentos autnticos so exarados por notrio ou outro oficial pblico provido de f
pblica (art. 363., n. 2 do Cdigo Civil). O notrio lavra tais documentos nos respectivos livros
(art. 35., n. 2 do Cdigo do Notariado). De entre as regras a seguir na elaborao dos actos, o
art. 38., n. 2 (do mesmo Cdigo) impe que, caso processados informaticamente, deve o
suporte informtico ser destrudo aps terem sido lavrados. Para mais, os materiais utilizados na
composio dos actos notariais devem ser de cor preta, conferindo inalterabilidade e durao
escrita (art. 39., n. 1).
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Acresce que o notrio deve identificar os outorgantes, explicar-lhes o contedo dos
instrumentos e os seus efeitos jurdicos, no pode celebrar actos nulos, etc. Assim, essencial ao
documento autntico a interveno de uma autoridade pblica.
Relativamente aos documentos notariais (por exemplo escrituras pblicas), no parece
tarefa fcil criar um equivalente electrnico para o documento autntico, atentas as normas supra
referidas.
Mas as certides do registo comercial online (acessveis atravs de uma chave) no sero
j documentos autnticos electrnicos? E as actas judiciais assinad electronicamente? Sendo
certo que, quanto a estas ltimas, as certides com nota de trnsito em julgado continuam a
exigir o selo branco que apenas pode ser aposto em papel.
Tambm no Brasil, o tratamento dado aos documentos electrnicos similar ao dado no
ordenamento jurdico portugus pelo Decreto-Lei n.290-D/99, e realizado atravs da Medida
Provisria 2.200-2, de 24 de Agosto de 2001.
Assim, dispe o art. 10 de tal medida provisria:
Consideram-se documentos pblicos ou particulares, para todos os fins legais, os
documentos eletrnicos de que trata esta Medida Provisria.
1 As declaraes constantes dos documentos em forma eletrnica produzidos com a
utilizao de processo de certificao disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros
em relao aos signatrios, na forma do art. 131 da Lei n 3.071, de 1 de janeiro de 1916 -
Cdigo Civil.
2 O disposto nesta Medida Provisria no obsta a utilizao de outro meio de
comprovao da autoria e integridade de documentos em forma eletrnica, inclusive os que
utilizem certificados no emitidos pela ICP-Brasil, desde que admitido pelas partes como vlido
ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento..
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A temtica , tambm, mais debatida no Brasil e levantam-se, por exemplo, as seguintes
questes:
- Relativizao das noes de tempo e espao: a dificuldade de definir o real momento e
local de concretizao de um facto jurdico. Ademais, a data e hora de criao e/ou modificao
de um arquivo refere-se data e hora do computador (ou dispositivo) que o criou, tornando-se
facilmente altervel. Pode-se trocar a data e hora de um computador com alguns comandos.
possvel alterar essa data e hora mesmo aps o arquivo ser gravado, no necessitando de grandes
conhecimentos para isso.
- Autoria: para um documento virtual, muitas vezes no h como definirmos a identidade
real do seu autor, determinao essa que mais difcil quando falamos em identidade real dos
contratantes na internet, por exemplo. Mesmo que se assegure de qual computador se partiu a
contratao, ou criou-se um documento, muito arriscado definir a identidade do utilizador.
- Integridade e contedo: no estando presos aos meios em que forem gravados, os
documentos electrnicos so prontamente alterveis, sem deixar qualquer vestgio fsico. Textos,
imagens ou sons, so facilmente modificados pelos prprios programas de computador que os
produziram, ou se no, por outros programas que permitam edit-los, byte por byte. Por exemplo,
as mensagens eletrnicas ao percorrerem o caminho remoto de um computador ao outro, esto
sujeitas a vrios graus de ataque e podem ser facilmente alteradas por pessoas autorizadas ou
no.
- Discute-se tambm a criao de cartrios virtuais, considerando-se que a definio de a
quem sero dadas essa atribuies ou seja, quem sero e como funcionaro os cartrios virtuais
o mesmo que burocratizar um meio de comunicao cujo principal propsito a agilidade,
por isso no questo de definir o "local" em que ser feito o reconhecimento das "assinaturas",
as senhas ou assinaturas virtuais, uma vez que em ambiente virtual e como o software adequado
isto pode ser feito automaticamente na rede verificando em uma conexo sua origem e seu
receptor, reconhecendo ambos e gravando a operao para fins de necessidade de investigao se
houver qualquer problema.
Enfim, questes que talvez importe comear a debater e problematizar no nosso
ordenamento jurdico.
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Privacidadedostrabalhadores,asnovas tecnologiasvspoderdisciplinar
Utilizao
de
imagens
captadas
por
sistema
de videovigilncia
para
fundamentar
o
exerccio
da
aco
disciplinar,
ainda
que
a
infraco
disciplinar
possa, simultaneamente,constituirilcitopenal.
Direito
de
reserva
e
confidencialidade
dos
trabalhadores relativamente
ao
contedo
das
mensagens
que
enviem,
recebam
ou
consultem,
nomeadamente
atravs
do
correio electrnico.
A
instalao
de
sistemas
de
videovigilncia
nos
locais
de trabalho
vs
direito
privacidade.
Requisitos
de
admissibilidade.
Captao
de
imagens
ilcitas
e
intromisso
da
entidade patronal
no
correio
electrnico
dos
trabalhadores
e
a
responsabilidadecivil.
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Estabelecimento
pelo
empregador,
nomeadamente
atravs
de regulamento
de
empresa,
de
regras
de
utilizao
dos
meios
de
comunicao
e
das
tecnologias
de
informao
e
comunicao manuseadosnaempresa,nomeadamentecorreioelectrnico.
Direito provavsdireitodereservaeconfidencialidadedo trabalhador.
O
registo
e
eventual
utilizao
de
informao,
no
seio
da
empresa, na
sequncia
da
realizao
de
chamadas
telefnicas
no
local
de
trabalho.
Controlo
da
internet,
email
e
contactos
telefnicos
e
os princpios
sobre
a
privacidade
dos
trabalhadores
no
local
de
trabalho. O
uso
indevido
do
correio
electrnico,
telefone
e
internet
no
ambiente
do
trabalho
vs
liberdade
pessoal
e
individual
do trabalhador.
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Ac.
da
RP,
processo
n.
379/10.6TTBCLA.P1, 9.05.2011,
consultado
em
www.dgsi.pt:
O
empregador
no
pode,
em
processo
laboral
e como
meio
de
prova,
recorrer
utilizao
de
imagens
captadas
por
sistema
de videovigilncia
para
fundamentar
o
exerccio
da
aco
disciplinar,
ainda
que
a
infraco disciplinar
possa,
simultaneamente,
constituir
ilcitopenal.
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Nomesmosentido: Acrdo
do
STJ
de
08.02.2006,
in
www.dgsi.pt,
Processo
05S3139,
consultado
em
www.dgsi.pt:
()
A
colocao
de
cmaras
de
vdeo
em
todo
o
espao
em
que
os
trabalhadores
desempenham
as
suas
tarefas,
de
forma
a
que
estes
se
encontrem
no
exerccio
da
sua
actividadesobpermanentevigilnciaeobservao,constitui,nestestermos,umaintolervel
intromisso
na
reserva
da
vida
privada,
na
sua
vertente
de
direito
imagem,
e
que
se
no
mostra
de
nenhum
modo
justificada
pelo
simples
interesse
econmico
do
empregador
de
evitar
a
desvio
de
produtos
que
ali
so
manuseados.
A
entidade
empregadora
dispe
de
mecanismos
legais
que
lhe
permitem
reagir
contra
a
actuaes
ilcitas
dos
seus
trabalhadores,
podendo
no
s
exercer
o
poder
disciplinar
atravs
do
procedimento
apropriado,
efectuando
as
adequadas
averiguaes
internas,
como
tambm
participar
criminalmente
s
entidades
de
investigao
competentes,
que
podero
determinar
as
diligncias
instrutrias
que
se
mostrarem
convenientes.
Em
qualquer
caso,
a
instalao
de
cmaras
de
vdeo,
incidindo
directamente
sobre
os
trabalhadores
durante
o
seu
desempenho
profissional,
no
uma
medida
adequada
e
necessria
ao
efeito
pretendido
pela
entidade
patronal,
alm
de
que
gera
um
sacrifico
dos
direitos
de
personalidade
que
inteiramentedesproporcionadorelativamentesvantagensdemerocarizeconmicoquese
visavaobter().
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Ac.daR.P.,processon.
7125/20084, 19.11.2008,consultadoemwww.dgsi.pt:
No
admissvel,noprocessolaboralecomo meio
de
prova,
a
captao
de
imagens
por
sistema
de
videovigilncia,
envolvendo
o desempenho
profissional
do
trabalhador,
incluindoosactosdisciplinarmenteilcitospor elepraticados.
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
AcrdodoSTJ,de14/5/2008,disponvelemwww.dgsi.pt:sendo o
fim
visado
pela
videovigilncia
exclusivamente
o
de
prevenir
ou
reagir
a
casos
de
furto,
vandalismo
ou
outros
referentes
seguranadeumestabelecimento,relacionadoscomopblico e, ainda
assim,
com
aviso
aos
que
se
encontram
no
estabelecimento
ou
a
ele
se
deslocam
de
que
esto
a
ser
filmados
s,
nesta medida,
a
videovigilncia
legtima.
A
videovigilncia
no
s
no
pode
ser
utilizada
como
forma
de
controlar
o
exerccio
da actividadeprofissionaldotrabalhador,comonopode,pormaioria de
razo,
ser
utilizada
como
meio
de
prova
em
sede
de
procedimento
disciplinar
pois,
nestas
circunstncias,
a
divulgao da
cassete
constitui,
uma
abusiva
intromisso
na
vida
privada
e
a
violao
do
direito
imagem
do
trabalhador,
arts.
79
do
Cd. Civil
e
26
da
Constituio
da
Repblica
Portuguesa
criminalmentepunvel art.199,n
1,alneab)doCd.Penal.
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Mas
o
facto
de
se
vedar
a
utilizao
da captao
de
imagens
pelo
sistema
de
videovigilncia
pelo
empregador
para
provar o
ilcito
disciplinar
no
ser
uma
limitao
desproporcionaldodireito prova?
-
Privacidadedostrabalhadores,as novastecnologiasvspoderdisciplinar
Acrdo
da
Relao
de
Lisboa
de
03.05.06,
in
www.dgsi.pt,
Processo
n 872/20064,Odireito provasurgenonossoordenamentojurdicocom assentoconstitucional,consagradonoart.20
daLeiFundamental,como
componentedodireitogeral protecojurdicaedeacessoaostribunais e
dele
decorre,
por
um
lado,
o
dever
de
o
tribunal
atender
a
todas
as
provasproduzidas