o direito À acessibilidade1 -...

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1 O DIREITO À ACESSIBILIDADE 1 Juliana Ferreira Schuquel 2 Cristiane Menna Barreto Azambuja 3 Resumo: O presente artigo pretende promover a inclusão das pessoas com necessidades especiais na sociedade, através da garantia de seus direitos, fundamentalmente no que diz respeito à acessibilidade, aqui compreendida de modo a abranger integridade física e moral, assim como locomoção. Para tal fim, será feita uma análise do processo de evolução dos direitos fundamentais, com destaque para a Constituição Federal e, em específico, dos direitos das pessoas com necessidades especiais, com ênfase na Lei 13.146/2015 lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência. Sabe-se que a acessibilidade é um direito da pessoa com necessidades especiais. É uma questão de assegurar a elas respeito e conferir a elas dignidade, humanizando-as perante a sociedade. Manifesto, entretanto, que isso nem sempre acontece. Diversos são os lugares públicos e privados que, por exemplo, não oferecem a devida acessibilidade às pessoas com necessidades especiais. Considerando a importância da temática para a cidadania, resta evidente a serventia do presente estudo. Isso porque, ainda que não se encontrem soluções concretas, melhorias imediatas para a questão da acessibilidade, se for possível o alcance de uma reflexão sobre a mesma, o objetivo do artigo já terá sido alcançado. Palavras-chave: Acessibilidade, Direitos Fundamentais, Integridade, Locomoção, Constituição Federal, Lei 13.146/2015. Introdução Nos dias atuais, cada vez maior é a exigência de que a sociedade busque a inclusão das pessoas com deficiência, deixando de lado eventuais preconceitos. Isso não quer dizer, entretanto, que essas pessoas não se depararem com dificuldades, limitações diárias, precipuamente no tocante à acessibilidade. Com o presente artigo, pretende-se fazer um estudo dos direitos fundamentais, de onde se depreendem os direitos das pessoas com deficiência. Para tanto, será feita uma análise, ainda que breve, dos direitos fundamentais e como eles se fizeram constar nas Constituições brasileiras, com destaque para a atual Constituição Federal. Depois, o foco passa a ser o direito das pessoas com necessidades especiais, dando maior realce para a Lei 13.146/2015, que tratou da lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência. 1 Grupo de trabalho 06 Direito, Cidadania e Cultura. 2 Aluna do Curso de Direito da URI São Luiz [email protected] 3 Professora do Curso de Direito da URI São Luiz Gonzaga. Mestra em Direito pela UFRGS. Especialista em Direito Público pela PUCRS. Graduada em Direito pela UNIFRA. [email protected]

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1

O DIREITO À ACESSIBILIDADE1

Juliana Ferreira Schuquel2

Cristiane Menna Barreto Azambuja3

Resumo: O presente artigo pretende promover a inclusão das pessoas com necessidades especiais

na sociedade, através da garantia de seus direitos, fundamentalmente no que diz respeito à

acessibilidade, aqui compreendida de modo a abranger integridade física e moral, assim como

locomoção. Para tal fim, será feita uma análise do processo de evolução dos direitos fundamentais,

com destaque para a Constituição Federal e, em específico, dos direitos das pessoas com

necessidades especiais, com ênfase na Lei 13.146/2015 – lei brasileira de inclusão da pessoa com

deficiência. Sabe-se que a acessibilidade é um direito da pessoa com necessidades especiais. É uma

questão de assegurar a elas respeito e conferir a elas dignidade, humanizando-as perante a

sociedade. Manifesto, entretanto, que isso nem sempre acontece. Diversos são os lugares públicos e

privados que, por exemplo, não oferecem a devida acessibilidade às pessoas com necessidades

especiais. Considerando a importância da temática para a cidadania, resta evidente a serventia do

presente estudo. Isso porque, ainda que não se encontrem soluções concretas, melhorias imediatas

para a questão da acessibilidade, se for possível o alcance de uma reflexão sobre a mesma, o

objetivo do artigo já terá sido alcançado.

Palavras-chave: Acessibilidade, Direitos Fundamentais, Integridade, Locomoção, Constituição

Federal, Lei 13.146/2015.

Introdução

Nos dias atuais, cada vez maior é a exigência de que a sociedade busque a inclusão das

pessoas com deficiência, deixando de lado eventuais preconceitos. Isso não quer dizer, entretanto,

que essas pessoas não se depararem com dificuldades, limitações diárias, precipuamente no tocante

à acessibilidade.

Com o presente artigo, pretende-se fazer um estudo dos direitos fundamentais, de onde se

depreendem os direitos das pessoas com deficiência. Para tanto, será feita uma análise, ainda que

breve, dos direitos fundamentais e como eles se fizeram constar nas Constituições brasileiras, com

destaque para a atual Constituição Federal. Depois, o foco passa a ser o direito das pessoas com

necessidades especiais, dando maior realce para a Lei 13.146/2015, que tratou da lei brasileira de

inclusão da pessoa com deficiência.

1 Grupo de trabalho 06 – Direito, Cidadania e Cultura. 2 Aluna do Curso de Direito da URI – São Luiz [email protected] 3 Professora do Curso de Direito da URI – São Luiz Gonzaga. Mestra em Direito pela UFRGS. Especialista

em Direito Público pela PUCRS. Graduada em Direito pela UNIFRA. [email protected]

2

Posteriormente, o estudo direciona-se para a questão da acessibilidade. Nesse contexto, são

apreciadas as dificuldades enfrentadas pela pessoa com deficiência e fornecidas algumas sugestões

para a melhoria da acessibilidade. A seguir, aborda-se a acessibilidade na Lei 13.146/2015.

Considerando a relevância e atualidade da temática, a proposta é de uma reflexão sobre a

acessibilidade. E, uma vez propiciada essa reflexão, que seja possível contribuir, de alguma forma,

para a cidadania e uma melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência.

1. Os direitos fundamentais e o direito das pessoas com necessidades especiais

Desde a Revolução Francesa de 17894, o regime constitucional está relacionado com a

garantia dos denominados direitos fundamentais. (FERREIRA FILHO, 2015, p. 318).

Inicialmente, merecem referência os direitos fundamentais de primeira geração5.

São os direitos de liberdade, os primeiros a constarem do instrumento normativo

constitucional. Tratam-se dos direitos civis e políticos, que, em grande parte, correspondem, por um

prisma histórico, àquela fase inaugural do constitucionalismo do Ocidente. Em suma, são os direitos

de resistência ou de oposição perante o Estado. (BONAVIDES, 2016, p. 577-578).

Em seguida, os direitos de segunda dimensão merecem uma maior atenção.

Cuidam-se dos direitos sociais, culturais e econômicos, assim como dos direitos coletivos ou

de coletividades. São introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social,

depois que germinam por obra da ideologia e da reflexão antiliberal. (BONAVIDES, 2016, p. 578).

Na sequência, temos os direitos de terceira dimensão.

São aqueles que assentam sobre a fraternidade, que são providos de uma latitude de sentido

que não compreende tão somente a proteção específica de direitos individuais ou coletivos. Eles vão

4 A Revolução Francesa – em francês, Révolution française (1789-1799) foi um período de grande turbulência política e

social na França. O regime monárquico absolutista, que governava a nação há séculos, foi derrubado pelas massas nas

ruas, que eram formadas fundamentalmente por camponeses. De grande destaque foram os princípios de liberdade,

igualdade e fraternidade – em francês, liberte, égalité, fraternité.

Nas palavras de Norberto Bobbio, a Revolução Francesa constituiu “por cerca de dois séculos, o modelo ideal para

todos os que combateram pela própria emancipação e pela liberdade do próprio povo”. (BOBBIO, Norberto. A era dos

direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 92). 5 Uma considerável parcela da doutrina defende que a terminologia correta é “dimensão” e não “geração”. Nesse

sentido, Ingo Wolfgang Sarlet, ao ministrar que: “Com efeito, não há como negar que o reconhecimento progressivo de

novos direitos fundamentais tem o caráter de um processo cumulativo, de complementaridade, e não de alternância, de

tal sorte que o uso da expressão “gerações” pode ensejar a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por

outra, razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões”, dos direitos fundamentais, posição esta que aqui optamos

por perfilhar, na esteira da mais moderna doutrina”. (SARLET, 2011, p. 45).

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além. São dotados de um altíssimo teor de humanismo e universalidade. (BONAVIDES, 2016, p.

583).

Os direitos fundamentais de quarta dimensão são introduzidos pela globalização política na

esfera da normatividade jurídica. São o direito à democracia, à informação e ao pluralismo. Deles

depende a concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima

universalidade. (BONAVIDES, 2016, p. 585-586).

Por fim, temos o direito de quinta geração, consubstanciado no direito à paz. Trata-se,

notoriamente, de condição indispensável ao progresso de todas as nações, grandes e pequenas, em

todas as suas esferas. (BONAVIDES, 2016, p.594-595).

Dito isso, importante referir que essa classificação ainda se faz presente nos dias de hoje e

que os direitos das pessoas com necessidades especiais parecem estar abarcados pelos direitos

fundamentais de terceira dimensão, a partir do momento em que ultrapassam a esfera do individual

e do social.

1.1 Os direitos fundamentais, com destaque para a Constituição Federal de 1988

Não há dúvida de que os direitos fundamentais alcançam o seu ápice, no Brasil, com a

Constituição de 1988. No entanto, possível dizer que, mesmo nas Constituições anteriores, sempre

houve referência a eles.

A primeira Constituição brasileira e do Império datava de 1824. Dentre todas, foi a que teve

maior tempo de duração. Ela sofreu forte influência da Constituição Francesa de 1814 e teve como

características principais o centralismo administrativo e político, advindo do Poder Moderador.

A Constituição de 1824 trazia em seu Título 8º “Das disposições gerais e garantias dos

direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros”. Tratava-se do último título da Constituição. No

artigo 179, em específico, trazia um rol de direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros.

Cuidava-se do último artigo da Constituição. Isso demonstrava que a Constituição não tinha

destinado um espaço de relevância para os direitos fundamentais. Em relação à proteção judicial

dos direitos fundamentais, não criou instrumentos6 apropriados para a defesa dos direitos

fundamentais. O regime político-constitucional era bastante contraditório. Uma prova disso é que,

apesar da declaração de garantias e direitos do artigo 179, resultante das ideias liberais da época,

6 O habeas corpus, por exemplo, não foi criado explicitamente pela Constituição de 1824.

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estava mantido o sistema escravocrata, o que estava relacionado com a base econômica da época e a

monocultura latifundiária. Somente no fim do Império, em 1888, é que foi abolida a escravidão.

(GROFF, 2008, p 105-129).

Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição republicana. Ela teve como Relator o

então Senador Rui Barbosa e sofreu influência da Constituição norte-americana de 1787. Na

ocasião, foi consagrado o sistema de governo presidencialista e a forma de Estado Federal.

A Constituição de 1891 tinha no Título IV a previsão “Dos Cidadãos brasileiros” e nele a

Seção II que previa “Declaração de direitos”. No artigo 72 trazia um rol de direitos e garantias

individuais – direitos de primeira geração -, não diferentes daqueles previstos na Constituição de

1824. A Constituição republicana foi a primeira a constitucionalizar a garantia do habeas corpus,

nos termos de seu artigo 72, §227. Valer dizer que, muito embora constasse na Constituição uma

declaração de direitos e garantias, não havia muita aplicação prática, uma vez que a sociedade civil

era fragilmente organizada e cultura política era conservadora e autoritária. (GROFF, 2008, p 105-

129).

Na sequência, foi promulgado o texto de 1934, dessa feita com forte inspiração na

Constituição de Weimar da Alemanha de 1919. Aqui ganharam destaque os direitos humanos –

direitos de segunda geração - e a perspectiva de um Estado social de direito. Esse texto teve curta

duração, a contar do momento em que foi abolido pelo golpe de 1937.

A Constituição de 1934 preceituou um capítulo sobre direitos e garantias e repetiu no seu

artigo 113 um rol de direitos individuais, além de ter acrescentado outros. Essa Constituição inovou

ao introduzir os direitos sociais – direitos de segunda geração. Esses direitos foram tratados

separadamente dos direitos individuais, constando dentro do Título que tratava “Da Ordem

Econômica e Social”. Outra novidade, em nível de garantia dos direitos fundamentais, foi a criação

do mandado de segurança, para a proteção do direito “certo e incontestável, ameaçado ou violado

por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade”. Ainda, a criação da

ação popular, surgindo, assim, o primeiro instrumento de defesa da cidadania, para anular ato lesivo

ao patrimônio. (GROFF, 2008, p 105-129).

A Carta de 1937, elaborada por Francisco Campos, teve influência da Constituição polonesa

fascista de 1935, motivo pelo qual é conhecida por alguns como Constituição polaca. Ela deveria ter

sido submetida ao plebiscito nacional, para fins de ser referendada pela população, conforme

7 Artigo 72, §22 - Dar-se-á habeas corpus sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em eminente perigo de

sofrer violência, ou coação, por ilegalidade, ou abuso de poder.

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previsão expressa de seu artigo 187, o que, no entanto, nunca veio a ocorrer.

Diante dessa conjuntura ditatorial, os direitos fundamentais ficaram sem qualquer garantia.

Ainda assim, a Constituição de 1937 consagrou um rol de direitos e garantias individuais, prevendo

diversos incisos em seu artigo 122. O país, nesse período, viveu em constante estado de emergência,

e, diante de tal ambiente, os direitos, mesmo que previstos, não alcançaram efetividade. (GROFF,

2008, p 105-129).

Em 1946, foi promulgada nova Constituição. Na oportunidade, redemocratizou-se o país,

haja vista que foi repudiado o Estado totalitário que vigia desde 1930. Essa Constituição foi

suplantada pelo Golpe Militar de 1964, pois, a contar de então, o país passou a ser governado por

Atos Institucionais e Complementares.

A Constituição de 1946 restabeleceu os direitos fundamentais previstos na Constituição de

1934. Ela prescrevia capítulos referentes à “Nacionalidade e Cidadania”, aos “Direitos e Garantias

Individuais”, dentro do Título IV – “Da Declaração de Direitos” – artigos 129 a 144. Os direitos

sociais eram tratados fora do Título atinente à Declaração de Direitos. Eram tratados no Título

referente à “Ordem Econômica e Social”. Além disso, a Constituição previu um Título VI para a

proteção à família, educação e cultura. (GROFF, 2008, p 105-129).

O texto de 1967, por sua vez, assim como já tinha sido feito pela Carta de 1937, concentrou

o poder no âmbito federal, conferindo amplos poderes ao Presidente da República.

Como em qualquer regime ditatorial, os direitos fundamentais foram afetados desde as

primeiras horas do golpe militar, a contar do momento em que sofreram restrições com os Atos

Institucionais. A Constituição de 1967 previa um capítulo sobre direitos e garantias individuais –

artigo 153 – e um rol de direitos sociais dos trabalhadores – artigo 165. Existiram fortes limitações e

retrocessos no tocante aos direitos e garantias individuais, assim como em matéria de direitos

sociais. (GROFF, 2008, p 105-129).

A Emenda Constitucional 1/69 – reconhecida por alguns como a Constituição de 1969 – não

foi subscrita pelo então Presidente da República Costa e Silva, tampouco pelo Vice-Presidente –

Pedro Aleixo. Na falta do Congresso Nacional, que estava fechado, foi baixada pelos Militares. Os

Atos Institucionais, então, foram constitucionalizados.

Muito embora fique difícil falar em norma constitucional em um regime autoritário, não

podemos desconsiderar que, ainda assim, existiam normas que eram consideradas superiores às

demais. Portanto, a Emenda Constitucional 1/69 não trouxe nenhuma substancial alteração formal

na enumeração dos direitos fundamentais. (GROFF, 2008, p 105-129).

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E, finalmente, depois de aproximadamente vinte anos de ditadura militar, levando a termo

uma redemocratização do país, foi promulgada a atual Constituição de 1988.

A Constituição Federal de 1988 trouxe uma sistematização bastante atual e inovadora. Nesse

sentido, o Título I foi destinado aos “Princípios Fundamentais” e o Título II aos “Direitos e

Garantias Fundamentais”. Assim agindo, colocou no seu centro os direitos fundamentais. A própria

localização topográfica do catálogo dos direitos fundamentais, no início do texto constitucional,

demonstrou a intenção do constituinte em lhe conferir grande importância. Possível afirmar que,

além de constituírem os princípios fundamentais da Constituição, eles se encontram presentes de

uma forma direta ou indireta em todo o corpo da Constituição. No que tange às ações

constitucionais – remédios constitucionais -, a Constituição consagrou a progressão que ocorreu ao

longo da história constitucional brasileira. O seu artigo 5º, em seus incisos, tratou do habeas corpus,

do mandado de segurança, da ação popular, do direito de certidão, do direito de petição e inovou ao

criar o habeas data, o mandado de injunção e o mandado de segurança coletivo. (GROFF, 2008, p

105-129).

Portanto, a Constituição de 1988 ocasionou avanços consideráveis aos direitos

fundamentais. A preocupação, agora, ficou voltada a conferir efetividade a esses direitos

1.2 O direito das pessoas com necessidades especiais, com ênfase para a Lei 13.146/2015 – lei

brasileira de inclusão da pessoa com deficiência

Na Antiguidade, quando os indivíduos nasciam com alguma deficiência física eram

considerados como fardos pelos demais. Naquela época, diferentes eram as visões em relação às

pessoas com deficiência. Para os hebreus, por exemplo, era como se eles tivessem sido punidos por

Deus. Para os hindus, as pessoas com deficiência visual tinham algum tipo de poder sobrenatural.

Na Grécia, existiam leis que permitiam a eliminação ou segregação dos indivíduos que

apresentassem algum tipo de deformidade física. Em Roma, era permitida a eliminação de crianças

que apresentassem deformidades aparentes. (JAQUES).

Somente com a chegada da Revolução Francesa surgiram ideias humanistas e, por

consequência, as pessoas com deficiência começaram a ter uma evolução no que diz respeito ao

reconhecimento de seus direitos fundamentais. A sociedade da época, estimulada pelas mudanças

políticas, sociais, ideológicas e culturais, se viu obrigada a pensar na inclusão daqueles que até

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então haviam sido privados de direitos e deveres, dentre os quais se inserem os portadores de

deficiência. (JAQUES).

Com o crescimento urbano e industrial do século XIX, os portadores de deficiência tiveram

maior visibilidade, sobretudo com o surgimento de deficiências resultantes de mutilações por

acidentes de trabalho. O século XX, vale lembrar, foi marcado por grandes eventos que podem ser

relacionados aos portadores de deficiência, dentre os quais se podem incluir as duas grandes

Guerras Mundiais – 1919 e 1939-1945 –, o que gerou uma preocupação em reabilitar aqueles que

sofreram as sequelas da guerra. (JAQUES).

Como decorrência dessa evolução, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, surgiu a Carta

das Nações Unidas. Ela tinha o objetivo de universalizar os direitos das pessoas humanas, buscando

uma cooperação internacional para a solução de problemas sociais, econômicos, culturais e

principalmente humanitários, estimulando o respeito aos direitos humanos e fundamentais,

independentemente de cor, raça, sexo, religião, ou qualquer outro fator correspondente. (JAQUES).

Em 1948, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo como

finalidade assegurar a dignidade da pessoa humana, sendo totalmente obrigatório se cumprir esta,

por parte dos Estados integrantes.

Em 1975, foi assinada a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, que tinha por

escopo garantir os direitos de um cidadão integrante de uma sociedade, possibilitando uma maior

independência por parte das pessoas com deficiência para conviver de uma maneira mais acessível.

No tocante às Constituições brasileiras, pode-se ressaltar que teve relevância a Constituição

de 1967. Em sua Emenda 1, fez menção às pessoas com deficiência, ao utilizar a expressão

“Educação dos Excepcionais”. Em sua Emenda 12, estabeleceu que essas pessoas com deficiência

deveriam passar a ter os mesmos direitos que qualquer outro cidadão brasileiro, não podendo ser

descriminados. (JAQUES).

Entretanto, mais uma vez, foi somente com a Constituição de 1988 que foram estabelecidas

várias normas com a finalidade de buscar a efetividade dos direitos fundamentais das pessoas com

deficiência. O direito à acessibilidade encontra-se exemplificado, por exemplo, nos dispositivos dos

artigos 203, IV e 227, §2º da Constituição Federal de 1988, que esclareceram acerca da integração à

vida comunitária e, ainda, à adequação dos espaços dirigidos às pessoas com deficiência.

De modo a conferir essa efetividade buscada pela Constituição de 1988 foi que, em 2015, a

Lei 13.146 instituiu a lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, também dito estatuto da

pessoa com deficiência. Ela previu, em seu artigo 1º, que estava destinada a assegurar e a promover,

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em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com

deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Em seu Título II, tratou dos direitos

fundamentais, a saber, direito à vida, à habitação e à reabilitação, à saúde, à educação, à moradia, ao

trabalho, à assistência social, à previdência social, à cultura, ao esporte, ao turismo, ao lazer, ao

transporte e à mobilidade.

Constituiu, assim, grande avanço no que diz respeito ao direito das pessoas com

necessidades especiais.

Outro tópico que foi objeto de abordagem pela referida lei é o atinente à acessibilidade. É o

que iremos apreciar, a partir do próximo capítulo.

2. O direito à acessibilidade

Segundo o Censo Demográfico de 2000, realizado pelo IBGE, 24,6 milhões de pessoas

declararam apresentar alguma deficiência. Isso correspondeu a 14,50% da população brasileira.

Ainda de acordo com o mencionado estudo, 148.000 pessoas declararam-se cegas e,

aproximadamente, 2,4 milhões de pessoas declararam ter grande dificuldade de enxergar.

Analogamente, 166.400 pessoas declararam-se incapazes de ouvir e quase 900.000 pessoas

declararam ter grande dificuldade permanente para ouvir. (IBGE, 2000, p. 63-65).

Ultrapassados dez anos, esses números cresceram ainda mais. Conforme o Censo

Demográfico 2010, também realizado pelo IBGE, 45,6 milhões de pessoas declararam ter pelo

menos uma das deficiências investigadas, o que correspondeu a 23,9% da população brasileira.

(IBGE, 2010, p. 73).

Essas pessoas necessitam de uma sociedade que se prepare de uma forma acessível para

recebê-las. É nossa obrigação proporcionar ao cidadão com deficiência todos os auxílios e a devida

acessibilidade, fazendo jus ao que refere o artigo 5º da Constituição Federal, que tem por objetivo

primordial a igualdade de todos.

O direito à acessibilidade é o direito da pessoa com deficiência de buscar por espaços

adequados, onde ela possa viver dignamente de maneira mais independente possível.

No artigo 3º, a Lei 13.146/2015 traz uma definição para o que vem a ser acessibilidade ao

referir que se trata de possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e

autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e

comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações

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abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural,

por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Como essa noção geral de acessibilidade, no próximo subcapítulo, serão averiguadas as

dificuldades enfrentadas pelas pessoas deficientes e algumas sugestões para melhoramentos no

tocante à acessibilidade.

2.1 As dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais e algumas sugestões

para a melhoria da acessibilidade

Possível depreender dos dados antes referidos que uma considerável parcela da população

possui algum tipo de deficiência. Poucos sabem, entretanto, as constantes lutas que ela precisa

travar para conseguir ter alguns de seus direitos assegurados. Isso porque, ainda que previstos na

Constituição e na legislação infraconstitucional, certo é que, na prática, nem sempre são

observados.

Em função disso, a busca da segurança e da autonomia desses cidadãos resta de todo

prejudicada.

De um modo geral, razoável dizer que a maioria das cidades brasileiras parece não estar

preparada e estruturada para proceder as mudanças necessárias para garantir a acessibilidade aos

deficientes.

No que diz respeito à saúde e reabilitação das pessoas com deficiência, os serviços,

sobretudo os públicos, não estão capacitados para receber essas pessoas, o que dificulta, ao máximo,

o seu atendimento. Para uma melhoria, pode-se pensar que esses serviços precisam estar próximos

das residências das pessoas com necessidades especiais ou, quando for o caso, das de suas famílias.

Necessário se faz, também, que se tenham profissionais qualificados e bem remunerados. Que se

tenham equipamentos e instrumentos de qualidade.

É importante lembrar que se o paciente deve ser incentivado a participar de todos os

processos de reabilitação, como parte de seu tratamento. Ao garantir esses processos, estar-se-á a

proporcionar mais cidadania para pessoas com deficiência, de maneira a inseri-las na sociedade,

resguardando os seus direitos.

Quanto à educação, as escolas e universidades, como regra, não apresentam recursos

pedagógicos especializados, tampouco estrutura física para receber as pessoas com deficiências.

Para um progresso, precisa-se que as escolas e universidades aprimorem os recursos pedagógicos

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especializados, tendo por objetivo uma maior compreensão, um melhor entendimento daquela

pessoa que possui necessidades especiais. E, ainda, a adaptem o espaço físico, de modo a propiciar

uma plena inclusão e convívio no meio dos demais colegas. Para atingir tal escopo, fundamental se

faz que os funcionários e o corpo docente também tenham informações adequadas sobre as

dificuldades dos alunos com deficiência.

Com relação ao transporte, fundamentalmente o público, na maioria das cidades brasileiras,

não estão adaptados para as pessoas com deficiência. Para uma melhoria, precisa-se quem possuam

degraus mais baixos, corrimãos e, se possível, elevadores, de modo a atender também aqueles

passageiros que fazem uso de cadeira de rodas.

Somente dessa forma, todos poderiam fazer uso do transporte sem qualquer dificuldade.

Relevante registrar que a locomoção adequada para as pessoas com deficiências, sem dúvida

alguma, é uma forma de independência e, por isso, de total importância.

Quanto à cultura, o esporte, o turismo e o lazer, sabe-se que as pessoas com necessidades

especiais possuem extrema dificuldade de acesso a shows, teatros, bares, restaurantes, parques

esportivos, entre outros. Em tais lugares, deve-se procurar fazer ajustes, como, por exemplo,

englobar uma maneira criativa para que a pessoa com deficiência possa interagir com os eventos.

Também nesses locais deve-se procurar ajustar a questão do acesso. Isso pode ser feito, por

exemplo, mediante a substituição de escadas por rampas, a colocação de pisos antiderrapantes,

portas mais largas, corrimãos.

Uma vez adotadas tais providências, manifesto que as pessoas com deficiência alcançariam

uma qualidade de vida saudável e uma maior dignidade.

Essas, dentre tantas outras, algumas das dificuldades enfrentadas pelas pessoas com

deficiência e algumas sugestões para uma melhor acessibilidade. Vale lembrar que cuidar e proteger

o próximo é como cuidar e proteger a si mesmo, pois ninguém está livre de também vir a enfrentar

uma situação que precise de auxílio.

2.2 A acessibilidade na Lei 13.146/2015 – lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência

No artigo 8º da mencionada legislação consta que é dever do Estado, da sociedade e da

família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à

vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação,

à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à

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acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos

avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e

comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu

bem-estar pessoal, social e econômico.

De destacar, então, que a oferta de acessibilidade às pessoas com deficiência é um dever do

Estado, da sociedade e da família. Não podemos, em razão disso, ficar inertes.

Especificamente sobre o direito à habilitação e reabilitação, prescreve, o artigo 16, II, que

nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação para a pessoa com deficiência, necessário

que seja garantida acessibilidade em todos os ambientes e serviços.

No que tange ao direito à educação, o artigo 28, II preceitua que incumbe ao poder público

assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar aprimoramento dos

sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e

aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as

barreiras e promovam a inclusão plena. Além disso, o inciso XVI prevê acessibilidade para todos os

estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações,

aos ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino. Ainda

com relação à educação, em específico no tocante ao processo seletivo, previu, no artigo 30, II e IV,

que nos processos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino

superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as

medidas de disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para

que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva

necessários para sua participação e disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia

assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência.

Com relação ao direito à moradia, o artigo 32, III prevê que, nos programas habitacionais,

públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza

de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado, em caso de edificação

multifamiliar, garantia de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades habitacionais no

piso térreo e de acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos.

Quanto à cultura, ao esporte ao turismo e ao lazer, o artigo 42 e seus incisos referem que a

pessoa com deficiência tem direito a eles em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,

sendo-lhe garantido o acesso a bens culturais em formato acessível, a programas de televisão,

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cinema, teatro e outras atividades culturais e desportivas em formato acessível e a monumentos e

locais de importância cultural e a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos.

No seu §2º prescreve que o poder público deve adotar soluções destinadas à eliminação, à redução

ou à superação de barreiras para a promoção do acesso a todo patrimônio cultural, observadas as

normas de acessibilidade, ambientais e de proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. No

mesmo sentido, os artigos. seguintes, ao trazer normas acerca de que o poder público deve

promover a participação da pessoa com deficiência em atividades artísticas, intelectuais, culturais,

esportivas e recreativas, com vistas ao seu protagonismo, de que nos teatros, cinemas, auditórios,

estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, devem reservar

espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo com a capacidade de lotação da

edificação, observado o disposto em regulamento próprio e que os hotéis, pousadas e similares

devem ser construídos observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os

meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor.

E, sobre o transporte, prevê o artigo 46 que o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa

com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com

as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao

seu acesso.

Na sequência, refere no artigo 53 da mencionada legislação que a acessibilidade é direito

que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e

exercer seus direitos de cidadania e de participação social.

Dito isso, segue com diversos dispositivos que preveem acerca da concepção e da

implantação de projetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação e comunicação,

inclusive de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de outros serviços,

equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso. Ainda, da

construção, da reforma, da ampliação ou da mudança de uso de edificações abertas ao público, de

uso público ou privadas de uso coletivo, que, doravante, deverão ser executadas de modo a serem

acessíveis. Além disso, das edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes, que devem

garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo

como referência as normas de acessibilidade vigentes. E, por fim, de que qualquer intervenção nas

vias e nos espaços públicos, o poder público e as empresas concessionárias responsáveis pela

execução das obras e dos serviços devem garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e a livre

circulação e acessibilidade das pessoas, durante e após sua execução.

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Diante de tudo isso, resta evidente que estamos avançando no caminho certo. Ainda

necessitamos, entretanto, efetivar todos esses direitos.

Conclusão

Vivemos em uma sociedade onde as pessoas com deficiência ainda lutam por seus direitos,

fundamentalmente por um espaço adequado, onde se possam alcançar uma maior acessibilidade e,

por consequência, uma independência. Levando em conta que a maioria das cidades brasileiras

ainda não está adaptada para essas pessoas, possível afirmar que ainda não encontramos soluções

concretas para a questão da acessibilidade.

Um grande avanço já foi alcançado com a Constituição Federal de 1988 e, agora, com a Lei

13.146/2015 – lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência. As normas que regulam a

temática estão expostas. Incumbe ao Estado e à sociedade, doravante, tornar tais normas efetivas. O

papel da sociedade, nesse processo, é fundamental. É necessário que a ela se una e lute junto com as

pessoas com deficiência, de maneira a promover o convívio de todos de uma maneira totalmente

livre de preconceitos, onde todos tenham o direito de ir e vir.

Alguns poderão dizer que a ideia é utópica. Por mais difícil que possa parecer, não podemos

deixar de acreditar nela e de buscá-la.

Nas palavras de Eduardo Galeano, “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos,

ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu

caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de

caminhar”.

Que sejamos como flechas e que o alvo seja a utopia de um mundo onde o direito à

acessibilidade esteja assegurado e que as pessoas convivam de maneira igualitária e digna, sem

discriminações.

Referências

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