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O boletim nº4 é dedicado ao género narrativo - o diário. Dos vários diários conhecidos existe um que é, provavelmente, o mais lido e o mais conhecido – Diário de Anne Frank. Parte deste boletim será dedicado a Anne Frank, e a todas as obras que a ela fazem referência ou ao seu diário. Falar de Anne Frank é falar da guerra, do holocausto, cujo dia de memória é o 27 de Janeiro. Assim a biblioteca escolar, quis lembrar todas as vítimas do holocausto a partir da figura de Anne Frank, por isso promoveu a atividade “Anne Frank uma Vida Perdida”. Boas leituras ou escritas de diários. Esse amigo fiel! A professora Bibliotecária Estela Almeida BIBLER- Boletim Informativo e bibliográfico da BE Nº4 Janeiro/Fevereiro 2012

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O boletim nº4 é dedicado ao género narrativo - o diário.

Dos vários diários conhecidos existe um que é, provavelmente, o

mais lido e o mais conhecido – Diário de Anne Frank.

Parte deste boletim será dedicado a Anne Frank, e a todas as

obras que a ela fazem referência ou ao seu diário.

Falar de Anne Frank é falar da guerra, do holocausto, cujo dia de

memória é o 27 de Janeiro.

Assim a biblioteca escolar, quis lembrar todas as vítimas do

holocausto a partir da figura de Anne Frank, por isso promoveu a

atividade “Anne Frank uma Vida Perdida”.

Boas leituras ou escritas de diários. Esse amigo fiel!

A professora Bibliotecária

Estela Almeida

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Prefácios, diários, anotações, mesmo memórias,

escreveram-se em busca de formulação, ou esperança, de um leitor que pudesse ler as obras, os momentos históricos, para além de seus dilaceramentos, vistos como circunstanciais.

Flávio Aguiar

DIÁRIO -é um dos géneros da literatura autobiográfica.

Registo das vivências e sentimentos de um “eu” face ao

mundo que o rodeia, possui, por esse motivo, um carácter

intimista e confidente. O diário é o testemunho quotidiano,

por vezes com algumas descontinuidades, do quotidiano de

alguém que fixa, através da escrita, factos, desejos, emoções.

O Diário é, desde sempre, uma das técnicas de escritas mais

utilizadas pelo homem. O seu tom pessoal foi o escolhido por

diversos autores estrangeiros e portugueses, como se pode ver

pelos exemplos:

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MIGUEL TORGA (1907-1995) - Ficou conhecido não só como poeta,

mas também por ter cultivado o diário, de que nos deixou treze volumes, é

onde se encontram muito dos seus poemas.

S. Martinho de Anta, 11 de Abril de 1979 – A casa vasculhada por uma objetiva

cinematográfica. Custou-me os olhos da cara consentir na devassa, mas a tenacidade paciente do

realizador e um estranho sentimento de fim próximo venceram os meus escrúpulos. Pois que fique

escancarada pela imagem a intimidade de um homem que se rodeou de símbolos íntimos: a balança de

meu pai, a roca da minha mãe, uma bandeira das almas, um calvário de pedra, um juízo final de

barro, um almofariz, um búzio… Poderá ser que um leitor futuro assim se aproxime mais

simpaticamente da minha memória, perante a realidade que apenas lhe mostrei por escrito. A evidência

das coisas é diferente da evidência das palavras. Aquelas são, estas dizem. E o homem de hoje só quer

fazer fé no que vê. A sua dimensão judicativa é visual, plástica. Inverteu o dom de imaginar.

Miguel Torga, Diário XIII

Coimbra, 9 de Janeiro de 1979

Musa

Se vens, perco a razão

E digo o que não quero.

Se não vens, desespero

E gasto o coração

A desejar-te.

Ah, como é difícil a arte

De te ser fiel!

E como é cruel

A tua tirania!

Noite e dia

Pregado

A um madeiro sagrado

De amargura.

Duramente sujeito,

Ou então contrafeito

Na minha liberdade sem loucura.

Miguel Torga, Diário XIII

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Diário I

(Volumes I a VIII)

de Miguel Torga

Edição/reimpressão: 1999

Páginas: 916

Editor: Dom Quixote

ISBN: 9722016466

Diário II

(Volumes IX a XVI)

de Miguel Torga

Edição/reimpressão: 1999

Páginas: 1786

Editor: Dom Quixote

ISBN: 9789722016476

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VERGÍLIO FERREIRA (1916-1996 – Ao chamar ao seu diário

Conta-Corrente.

O autor considera metaforicamente as suas reflexões e lembranças

como um capital a valorizar.

24 de Março (quinta). Anteontem quando acabei de dar «Os Lusíadas», todos os alunos

deram um grande suspiro de alívio. Bem me esfolei eu a explicar o significado simbólico do poema, a

sua expressão da individualidade nacional, a consciência da nação como um todo num momento

excecional da sua história, a superior realização de alguns episódios (o da Inês, do Adamastor, outros).

Nada. Deram todo um suspiro de alívio. E no entanto, amanhã, quando adultos, muitos deles hão de

recuperar o valor do poema e vão decerto impô-lo aos filhos. Nas nada de estranho. A cultura, como a

higiene, tem de se impor à força: Abandonado a si, o homem não se lava. Mas depois descobre que é

desagradável comer com as mãos sujas.

Vergílio Ferreira Conta-Corrente

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JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS (1901 – 1980) – Escreveu um jornal

de bordo onde fala das difíceis situações que viveu na sua condição de

emigrante.

Jornal de Bordo, 1935 – Desta viagem no velho Arlanza até Sou’t’n vou guardar uma

indelével memória. Deixo no cais o punhado de amigos que tenho, e que o tempo e a distância

provavelmente irão reduzindo e esbatendo até ao esquecimento. Não vai comigo a bordo ninguém que

me possa ajudar a atenuar, pelo convívio, a chaga dos problemas que me ficam no rasto, nem a solver o

enigma que o outro lado do Atlântico me espera. A vida é uma cadeia de esfinges irrespondíveis, e é

preciso correr ao longo delas, avançar sempre, acreditando que existe algures a solução… A solidão

faz-me sofrer: atenua-a porém o interesse que me despertam os companheiros de viagem – talvez devesse

antes dizer, de infortúnio.

Com eles depressa esqueço, ou quase, o que me dói. (…)

José Rodrigues Miguéis, Gente de Terceira Classe

«Nunca viajo sem o meu diário. É preciso

ter sempre algo extraordinário para ler no

comboio.»

- Oscar Wilde

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RAUL BRANDÃO (1867 – 1930)- Visitou os Açores no Verão de

1924. Dessa viagem resultou a publicação de As Ilhas desconhecidas.

Escreveu, também, três volumes das suas Memórias (vol. I, II e III).

16 de Julho

A Cidade da Horta

Já vejo a H0orta ao fundo da baía limitada por dois morros, o Monte Queimado

numa extremidade e na outra o Monte da Espelamaca. É uma cidade de uma só rua, como eles dizem,

a branco e cinzento.[…] Em frente da Horta, o Pico formidável… Do alto do Monte das Moças

melhor se vê a baía arredondada e o Monte Queimado que a separa de outra concha mais pequena –

o Porto Pim. (…)

A outra coisa que exerce aqui uma verdadeira fascinação é o Pico – tão longe que a luz o

trespassa, tão perto que quer entrar por todas as portas dentro. Na verdade, parece um efeito mágico

de luz, um fantasma posto aí de propósito para nos iludir e mais nada. Toma todas as cores: agora

está violeta, logo está rubro. A cada momento uma nova transformação. Todo o céu doirado e o Pico

roxo. Tarde e a lua enorme a nascer por trás daquele paredão imenso que chega ao céu. É majestoso e

magnético. Está ali presente como um vagalhão que vai desabar sobre o Faial. Esta noite é um sonho:

o cone muito nítido emerge de nuvens brancas que o rodeiam e parecem elevá-lo num triunfo ao céu. Às

vezes, de Inverno, a neve brilha lá no alto com reflexo de joias, outras são as nuvens que lhe dão

formas extraordinárias. Se eu vivesse aqui, queria uma casa e uma cama onde só visse o Pico. Ele

enchia-me a vida.

Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas, 1996

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SEBASTIÃO DA GAMA (1924 – 1952) – para além de poeta foi

escritor, professor. Em 1949 inicia o estágio pedagógico e por sugestão do seu

mestre inicia a escrita do Diário como trabalho de estágio.

Janeiro, 12

«O que eu quero principalmente é que vivam felizes».

-Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quis dizer. No sumário, pus assim

«Conversa amena com os rapazes». E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus

alunos: lealdade. Lealdade para comigo e lealdade de cada um para cada outro. Lealdade que não se

limita a enganar o professor ou o companheiro: lealdade ativa, que nos leva, por exemplo, a contar

abertamente os nossos pontos fracos ou a rir só quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é

lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro.

«Não sou, junto de vós, mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que

vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para

ensinar umas e aprender outras, Ensinar, não: falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no

comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos».

Não acabei sem lhes fazer notar que «a aula é nossa». Que a todos cabe o direito de falar,

desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela.

Diário de Sebastião da Gama

Pequena história da minha vida de professor

de Sebastião da Gama

Edição/reimpressão: 2003

Páginas: 261

Editor: Edições Arrábida

ISBN: 9727790134

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

"Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em

flores. A toda a hora a Poesia nos visita."

Sebastião da Gama

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JOSÉ SARAMAGO 81922 – 2009) galardoado com o prémio

Nobel da Literatura no ano 1998, também se dedicou a este género de

literatura.

O autor iniciou esta escrita quando se instalou na ilha de

Lanzarote (Canárias) segundo as próprias palavras de Saramago, tudo

começou assim: “Em janeiro a casa ainda estava em acabamento, meus

cunhados Maria e Javier, com a participação simbólica de Luís e Juan

José, trouxeram-me de Arrecife um caderno reciclado. Achavam eles

que eu devia escrever sobre os meus dias de Lanzarote, ideia, aliás que

coincidia com a que já me andava pela cabeça.”

Entre os anos de 1994-98, cinco volumes são o resultado de uma escrita diarista, em que o autor se

propõe “Contar os dias pelos dedos e encontrar a mão cheia”. (livro Das palavras aos actos – pág.159)

7 de Maio

Sobre a memória: «A memória é um espelho velho, com falhas nos estanhos e sombras paradas:

há uma nuvem sobre a testa, um borrão no lugar da boca, um vazio onde os olhos deviam estar.

Mudamos de posição, ladeamos a cabeça, procuramos, por meio de justaposições ou de lateralizações

sucessivas dos pontos de vista, recompor uma imagem que nos seja possível reconhecer como ainda

nossa, encadeável com esta que hoje temos, quase já de ontem. A memória é também uma estátua de

argila. O vento passa e leva-lhe pouco a pouco, partículas, grãos, cristais. A chuva amolece as feições,

faz descair os membros, reduz o pescoço. Em cada minuto, o que era deixou de ser e da estátua não

restaria mais do que um vulto informe, uma pasta primária, se também cada minuto não fossemos

restaurando, de memória, a memória. A estátua vai manter-se de pé, não é a mesma, mas não é outra,

como o ser vivo é, em cada momento, outro e o mesmo. Por isso deveríamos perguntar-nos quem, de nós,

ou em nós, tem memória, e que memória é ela. Mais ainda: pergunto-me que inquietante memória é

que às vezes me toma de ser eu a memória que tem hoje alguém que já fui, como se ao presente fosse

finalmente possível ser memória de alguém que tivesse sido.»

José Saramago, in Cadernos de Lanzarote, Diário – I

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LUÍSA DACOSTA – escritora e professora apresenta uma obra assinalável em vários domínios, nomeadamente na poesia, na narrativa e na literatura infanto-juvenil e diários.

«Na Água do Tempo Diário» é a expressão diarística, que pode ser lida neste título de 1992, publicado em 3ª edição no ano de 2005.

JOSÉ GOMES FERREIRA- Escritor, poeta e ficcionista português,

natural do Porto. Formou-se em Direito em 1924, tendo sido cônsul na

Noruega entre 1925 e 1929. Após o seu regresso a Portugal, enveredou pela

carreira jornalística. Foi colaborador de vários jornais e revistas, tais como a

Presença, a Seara Nova e Gazeta Musical e de Todas as Artes. Esteve ligado

ao grupo do Novo Cancioneiro, sendo geral o reconhecimento das afinidades

entre a sua obra e o neorrealismo.

"... este livro que o Urbano foi dos poucos a compreender (os meus livros são mais lidos que compreendidos)...".

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DAVID MOURÃO-FERREIRA (1927 – 1996) - foi um escritor

e poeta lisboeta, que também se dedicou ao diário.

5ª feira, 25 de Abril de 1974

13h. Arezzo. Chegámos há meia hora em

“pull mann” […].

14h45m. Acabo de telefonar para a Carmo,

em Bolonha. Vem o Franco ao telefone – e dá-me

vivas e parabéns em altos gritos. Só depois a notícia:

que houve esta madrugada um golpe de estado em

Portugal. Ao que parece, Spinola e Costa Gomes

senhores da situação; Marcelo e Tomaz, refugiados

em Monsanto; 29 regimentos revoltosos; ocupados os

estúdios do Rádio Club e da Televisão.

15h50m. Já telefonei para Lisboa. E falei

com o meu pai que, exultante, me confirmou, no

essencial, as notícias da Carmo.

Vim depois a pé, desde o Hotel; estou agora

no Duomo – mas incapaz, de apreciar isto como deve

ser.

David Mourão-Ferreira, in Jornal de Letras,

nº801, de 13 a 26 de Junho de 2001

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PERO VAZ DE CAMINHA – (PORTOPORTUGAL 1450 -

Calecute, Índia, 15 de Dezembro de 1500), às vezes popularmente

chamado de Pedro Vaz de Caminha, foi um escritor português que se

notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral

e relatou em forma de diário a descoberta do Brasil.

E à quarta-feira seguinte [22-24], pela manhã, topamos aves, a que

chamam fura-buchos.

E neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, isto

é, primeiramente d`um monte, mui alto e redondo, e de outras serras

mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual

monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à terra a Terra

da Vera Cruz.

Mandou lançar o prumo, acharam 25 braças e, ao sol –

posto, obra de 6 léguas de terra, surgimos âncoras em 19 braças-

ancoragem limpa. Ali ficamos toda aquela noute. E à quinta-feira,

pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra e os navios

pequenos diante, indo por 17, 16,16,14,13,12,10, e 9 braças até

meia légua de terra, onde todos lançámos âncoras em direito da boca

d`um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às 10 horas, pouco mais

ou menos.

E dali houvemos, vista d`homens que andavam pela praia,

obra de 7 ou 8, segundo os navios pequenos disseram, por chegarem

primeiro.

Ali lançámos os batéis e esquifes fora e vieram logo todos os

capitães das naus a esta nau do capitão-mor e ali falaram. E o

capitão mandou no batel, em terra, Nicolau Coelho, para ver aquele

rio. E tanto que ele começou para lá d`ir, acudiram pela praia

homens […].

Pêro Vaz de Caminha, Carta do Achamento do Brasil

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Este género de texto – diário- é muito apreciado entre os jovens e é por isso

que há várias publicações para adolescentes. Temos alguns diários escritos por

adolescentes, como é o caso do Diário de Anne Frank e o Diário de Zlata que,

para além das suas autoras serem jovens adolescentes ambas passaram pela

experiência da guerra.

Há outro tipo de diários, os de ficção, em que o autor cria uma personagem

jovem que se nos vai revelando através do que regista no seu diário. Apenas como

exemplo, refira-se o Diário de Sofia e C.ª da autoria de Luísa Ducla Soares ou o

Diário de Adrian Mole, da escritora inglesa Sue Towsend.

Seguem-se alguns exemplos de diários de e para adolescentes:

Diário de Sofia & Cª

(aos 15 Anos)

de Luísa Ducla Soares

Edição/reimpressão: 2004

Páginas: 112

Editor: Livraria Civilização Editora

ISBN: 9789722610339

Coleção: Obras Completas de Luísa Ducla Soares

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.

O diário de uma adolescente com todos os medos, receios, sonhos, assuntos e temas de qualquer

rapariga de 15 anos.

"Deram-me este Diário quando fiz anos. Tive tal desilusão quando o desembrulhei que me apeteceu

atirá-lo para o caixote do lixo.

Um livro em branco, à espera que eu, que nem para ler tenho paciência, aí escreva a minha vida. Para

algum dia qualquer bisbilhoteiro ficar a saber os meus segredos mais íntimos, se apanhar a chave. Era o que

faltava!”

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Diário Secreto de Camila

de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada Edição/reimpressão: 2006

Páginas: 160

Editor: Editorial Caminho

ISBN: 9789722112567

Coleção: Livros do Dia e da Noite

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.

Apesar de ser Inverno e de estar frio, Camila decidiu ir comprar um gelado. Enquanto esperava o

troco, deu de caras com um rapaz que lhe pôs o coração em alvoroço. Quem seria? Teria reparado nela? O

encontro breve não permitiu tirar conclusões, mas uma coisa era certa: apaixonara-se irremediavelmente.

Como lhe pareceu captar indícios de que ele vinha morar para o bairro, nunca mais teve sossego. A vida

ganhou um sabor novo, passou a girar ao ritmo dos sentimentos e a concluir longas horas sobre os prédios

em redor: Tantas emoções juntas fizeram-na sentir a necessidade de escrever um diário. E o hábito de

comunicar ao papel os pensamentos mais íntimos transformou-a numa observadora atenta, crítica, perspicaz.

Dia após dia vai aprofundando o conhecimento de si própria, dos outros, do mundo. Multiplicam-se as

descobertas e as surpresas, mas a paixão resiste.

O Diário Confidencial de Mariana 2

de Nuno Bernardo, Marta Gomes Edição/reimpressão: 2005

Páginas: 156

Editor: Editorial Presença

ISBN: 9789722333719

Coleção: Diversos Infantis - Juvenis

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

A irmã de Sofia Afonso, da conhecida e famosa série O Diário de Sofia, com transmissão na RTP,

regressa com novas aventuras. Antes de partir para Quiaios o local de férias habitual, Mariana tem muitos

pormenores a ultimar. Tal como uma típica adolescente que se preze, Mariana tem de preparar e combinar as

roupas que irá usar, ir às compras e cuidar da sua aparência para ostentar o look de uma rapariga que anda na

moda. Mas assim que chega a Quiaios alguns amigos que esperava ver não os encontra e para mal dos seus

pecados reencontra uma rapariga de que ninguém gosta. Porém também tem uma boa notícia: conhece um

rapaz irresistível.

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O Diário Confidencial de Mariana 4

de Nuno Bernardo, Marta Gomes

Edição/reimpressão: 2006

Páginas: 180

Editor: Editorial Presença

ISBN: 9789722335591

Coleção: Diversos Infantis - Juvenis

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Depois de Sofia, a sua irmã mais nova, Mariana, também conta os seus segredos num diário. No

dia em que fez quinze anos, Sofia ofereceu-lhe um livro em branco. Imagina o que ela fez? Escreveu O

Diário Confidencial de Mariana. Este é já o quarto e, à semelhança dos anteriores, é um sucesso entre os

adolescentes, que se encontram fielmente retratados na vida atribulada da protagonista e do seu grupo de

amigos. Desta vez, Mariana vai levar-te de regresso à escola, após as merecidas férias de Natal. É o período

de avaliações e Mariana terá de passar por montanhas de exames, trabalhos de casa e muita matéria para

aprender. O que vale é que tem os tempos livres para descontrair e desde que assumiu o namoro com Pedro

parece andar nas nuvens. Mas então como é que ela explica aquela súbita e arrebatadora atração por

Ricardo? Agora que tinha namorado estava a pensar noutro rapaz? Acompanha este impasse e verás como

podes reagir se passares pela mesma situação.

Uma Questão de Cor

e Ana Saldanha

Edição/reimpressão: 2002

Páginas: 102

Editor: Editorial Caminho

ISBN: 9789722115018

Coleção: Livros do Dia e da Noite

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado no programa de português do 8º ano de escolaridade, destinado a leitura

orientada na sala de aula

Quando a prenda de Natal é um computador, quem quer saber do trabalho de casa de Matemática?

Todos os momentos livres são necessários para jogar uns jogos malucos.

Os pais da Nina é que não concordam. Nem o Danny, o primo que vem viver para casa dela.

Por que teve o Danny de mudar de escola? O que fazer em casos de ataques de criancice? E quando há

falhas no sistema? E o Vítor, por que começa a comportar-se de forma tão palerma? Será que os amigos da

Nina não compreendem que somos todos diferentes, mas todos iguais?

Apesar de não ser um diário, este livro segue a estrutura do diário.

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Lua de Joana

de Maria Teresa Maia Gonzalez

Edição/reimpressão: 2011

Páginas: 176

Editor: Verbo

ISBN: 9789892700977

Coleção: Obras de Maria Teresa Maia Gonzalez

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Ao lermos a «Lua de Joana», não podemos deixar de pensar na forma como, muitas vezes,

relegamos para segundo plano aquilo que realmente é importante na vida. Este livro alerta-nos para a

importância de estarmos atentos a nós e ao outro, e de sermos capazes de, em conjunto, percorrer um

caminho que conduza a uma vida plena…Foi já há quinze anos que «A Lua de Joana» foi publicada. Com

mais de 300 000 exemplares vendidos nas suas inúmeras edições, com traduções em seis países, impôs-se

como uma referência incontornável na literatura juvenil portuguesa e mundial.

Não é um diário, mas está escrito e estruturado como se fosse um.

Adrian Mole na Idade do Cappuccino

de Sue Townsend

Edição/reimpressão: 2000

Páginas: 300

Editor: Difel

ISBN: 9789722905077

Coleção:

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Adrian Mole é uma personagem criada pela escritora inglesa Sue Towsend. Vamo-lo conhecendo a

pouco e pouco, através do que regista no seu Diário que abarca vários períodos: Adrian Mole aos 13 anos e

¾, Adrian Mole na Crise da Adolescência, As Confissões de Adrian Mole e Cª; Os Anos Amargos de

Adrian Mole (aos 23 anoe e ¾) e Adrian Mole na Idade do Cappuccino.

O Diário da Princesa I de Meg Cabot

Edição/reimpressão: 2001

Páginas: 252

Editor: Bertrand Editora

ISBN: 9789722512060

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Plano Nacional de Leitura

"O Diário de uma Princesa" (também acabado de estrear no cinema pela mão dos estúdios Disney), e

que alguns classificaram como uma espécie de "Diário de Bridget Jones", versão para adolescentes, conta a

história de Mia, uma adolescente que vive em Nova Iorque com a sua mãe artista e que de repente vê entrar-

lhe pela porta adentro um grupo de gente (o outro ramo da família) a dizer-lhe que na verdade ela é uma

princesa e terá de assumir o trono do pequeno país de Genóvia. Ao contrário do que seria de esperar (ou

talvez não), a jovem fica aterrorizada com esta ideia e quer ficar onde está, acabar o liceu, usar ténis e o

cabelo em desalinho, sair com os amigos. Será que vão conseguir fazê-la princesa?

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O Diário da Princesa VII - Princesa Vai à Festa

de Meg Cabot

Edição/reimpressão: 2006

Páginas: 306

Editor: Bertrand Editora

ISBN: 9789722515238

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão e sala Aquilino

Ribeiro)

As princesas só querem divertir-se. Nesta Primavera, Mia está decidida a divertir-se,

apesar de a associação de estudantes a que preside ter de súbito ficado falida. Felizmente (ou

infelizmente, dependendo do ponto de vista), a Grandmère elaborou um esquema para angariar

fundos, catapultar Mia para o palco da fama e ligá-la romanticamente a um adolescente solteiro e

conveniente, que não o seu namorado.

Não admira que Michael, o amor da sua vida, pense que ela é maluquinha, ou, pior, que não tem

graça nenhuma.

Será possível que Mia, prestes a ser uma grande estrela, presidente da associação de

estudantes e futura governante de Genóvia, não se saiba divertir numa festa?

Diário de Uma Tansa

de Blanca Alvarez

Edição/reimpressão: 2010

Páginas: 176

Editor: Editorial Planeta

ISBN: 9789896571153

Bia não entende os adultos nem as atitudes do género oposto. Beatriz está mais preocupada

com as mamas que não param de crescer-lhe do que com os rapazes. Bia pensa que os adultos se

comportam de maneira muito estranha e que se preocupam com coisas que lhe parecem

insignificantes ou idiotas. Mas, aparentemente, crescer é como o sarampo, que chega sem aviso e que

te transforma: algumas das colegas de turma de Bia já começaram a transformar-se e a ficar

parvinhas, mas pior é o interesse que começaram a ter por rapazes, mesmo algumas das suas amigas!

Bia sabe muito bem o que quer, continua como está, a pelar-se por desenhar livros aos quadradinhos

e sobretudo a não ter mamas!

Este inovador diário interativo, baseado no

próprio «diário» de Greg Heffl , permite aos jovens

expressarem-se de uma nova forma divertida.

Em Diário de um Banana, Greg conta-nos as

desventuras da sua vida escolar. Em busca de um pouco

de popularidade (e também de um pouco de proteção), o

garoto envolve-se numa série de situações que procura

resolver de uma maneira muito particular.

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Diário de um Adolescente com a Mania da Saúde De Aidan Macfarlane, Ann Mcpherson

Edição/reimpressão: 2000

Páginas: 208

Editor: Europa-América

ISBN: 9789721046955

Pedro Dores tem 14 anos de idade e descobre um dia que sofre de hipocondria,

ou seja, que tem a mania das doenças.

Durante o ano que se segue, Pedro escreve um diário no qual regista as suas

impressões sobre um vasto leque de doenças e problemas de saúde, usando todas as fontes possíveis,

desde o Dicionário Médico, que religiosamente guarda na sua estante, até extratos do diário da irmã,

ao qual foi dando umas espreitadelas sempre que teve oportunidade para isso.

Os problemas de que Pedro fala no seu Diário, incluem temas tão diversos como o acne, as

drogas, as enxaquecas, a depressão, os acidentes, as dietas e, evidentemente, o sexo.

Este diário é para ser lido por todos os adolescentes que querem saber algo mais sobre

problemas acerca dos quais não dá jeito fazer perguntas aos pais...

«Finalmente, um livro para adolescentes hipocondríacos e sofisticados como eu! Aqui estão

as respostas à perguntas que nunca me atrevi a fazer».

Terrível Diário de Terry Deary

Edição/reimpressão: 2003

Páginas: 128

Editor: Europa-América

ISBN: 9789721052246

Localização- Biblioteca Escolar (sala Aquilino Ribeiro)

Podes preencher este diário com as tuas mais idiotas, terríveis ou desesperadas datas e, ao

mesmo tempo, saber o que terrivelmente aconteceu nesses dias. Seja qual for o dia, no teu "Terrível

Diário" descobrirás que é o aniversário de qualquer coisa muito terrível, ou simplesmente nojenta e

esquisita.

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O Diário de Zlata

de Zlata Filipovic

Edição/reimpressão: 2002

Páginas: 160

Editor: Edições Asa

ISBN: 9789724129433

Coleção: Documentos

Localização- Biblioteca Escolar (sala Aquilino Ribeiro)

GIVE A PEACE CHANCE? Sarajevo Zlata tem onze anos e vive em Sarajevo. No seu Diário de menina, com as suas próprias palavras, inscreve-se

dia a dia os reflexos da vida que a cerca. De repente, a guerra rebenta às portas de sua casa. Os temas mais vulgares cedem então lugar ao medo, à

cólera e à incompreensão. O universo de Zlata cai em pedaços. Os bombardeamentos e os atiradores solitários semeiam a morte; falta de água, a eletricidade, os alimentos...

Zlata chora a sua infância destruída, mas continua a escrever e a testemunhar. Como Anne Frank, que muitas vezes lhe vem à memória.

Hoje, quando os conflitos trágicos da ex-Jugoslávia se enredam em negociações sem fim, a voz desta jovem de Sarajevo ajuda-nos a compreender melhor os sofrimentos e o desespero de um povo inteiro.

Segunda-feira, 30 de Março de 1992

Diário, sabes no que pensei? A Anne Frank chamou «Kitty» ao seu Diário, porque é que

não arranjo um nome para ti? Vejamos...

Asfal tinpa pidzameta

Sefika hikmet a

Sevala mimmy

ou outro nome qualquer?

Procuro, procuro...

Já escolhi! Vais-te chamar Mimmy.

Vamos começar.

Dear Mimmy,

Está quase a acabar o trimestre na escola. Estão todos a preparar-se para os exames.

Devíamos ir amanhã a um concerto em Skenderija, mas o nosso professor aconselhou-nos a que não

fôssemos porque já iam dez mil pessoas -perdão, dez mil crianças - e corria-se o risco de haver reféns

ou caírem bombas (?!) e a minha mãe disse que não. Portanto, não vou.

Nem acreditas!... Sabes quem ganhou o concurso Yugovisão? Extra nena! Olha, até

tenho medo de te dizer que a tia Melica me contou: ouviu dizer no cabeleireiro que no sábado, dia 4

de Abril de 1992, bum-bum, pan-pan, bang-bang, Sarajevo. Eu traduzo: vão bombardear Sarajevo.

Amo-te Zlata. Zlata Filipovic, O Diário de Zlata, Ed.Asa

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“Anne Frank

Uma Vida Perdida”

A biblioteca escolar, para assinalar o dia internacional em memória do das vítimas do

holocausto – 27 de Janeiro, promoveu, junto dos alunos do 3º ciclo a atividade «Anne

Frank uma vida perdida» e a exposição «Holocausto – Vidas Perdidas». A atividade

consistia numa mala que continha o Diário de Anne Frank e outros documentos que falam

dela e a partir dos livros ou excertos, dos mesmos, os alunos fizeram trabalhos como:

desenhos, cópias dos Diários, etc.

Assim o que se segue são informações sobre o Diário de Anne Frank , sobre a

bibliografia que existe a propósito e, ainda, fotos das exposições e cópias de alguns

trabalhos.

O diário de Anne Frank (1958), título mais famoso do género no Ocidente, é um

claro exemplo sobre o interesse que um texto confessional pode suscitar no público leitor. Este

diário, que já vendeu mais de 25 milhões de exemplares, é um relato em primeira pessoa de

uma adolescente judia escondida da fúria dos nazistas por vinte e cinco meses. São as

agruras e esperanças de um “eu” que escreve sobre conflitos e sonhos e sobre a convivência e

o quotidiano no esconderijo. Seu sucesso editorial é fruto tanto das circunstâncias históricas

em que foi produzido, quanto da sua forma narrativa. Conhecer o quotidiano e a intimidade

de uma adolescente judia nos sombrios anos da Segunda Guerra Mundial por meio de seu

diário íntimo é, sem dúvida, uma experiência ímpar. Se analisarmos mais a fundo, no

entanto, perceberemos que este diário, além de saciar nossa curiosidade histórica, é um alerta,

enraizado na quotidianidade, sobre a condição humana e o sentido da vida.

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O Diário de Anne Frank

de Anne Frank Edição/reimpressão: 2011

Páginas: 440

Editor: Livros do Brasil

ISBN: 9789897110009

Anne era uma rapariguinha de uma família

judaica de Francfort que se refugiou na Holanda

para escapar às perseguições nazis. Invadido este

país, a família esconde-se com outras pessoas num

"anexo" de uma casa, onde, protegida por gente corajosa e dedicada, consegue viver largo tempo sempre

no terror de ser descoberta. Acabou por sê-lo. E o diário de Anne foi encontrado por acaso num monte de

papéis velhos. Anne veio a morrer no campo de concentração de Bergen-Belsen. Mas o diário que essa

rapariguita escreveu é, na sua perspicácia e na sua desenvoltura adolescente, um documento, um

autêntico documento humano - e, só pelo facto de existir, um protesto contra as injustiças do mundo em

que vivemos.

Sábado, 20 de Junho 1942

Durante alguns dias não escrevi nada

porque, primeiro quis pensar seriamente na

finalidade e no sentido de um diário.

Experimento uma sensação singular ao

escrever o meu diário. Não é só por nunca

ter escrito, suponho que, mais tarde, nem eu

nem ninguém achará interesse nos desabafos

de uma rapariga de treze anos. Mas na

realidade tudo isso não importa. Apetece-me

escrever e quero aliviar o meu coração de

todos os pesos. O papel é mais paciente que

os homens. Era nisso que eu pensava muitas

vezes quando, nos meus dias melancólicos,

punha a cabeça entre as mãos e sem saber o

que havia de fazer comigo. Ora queria ficar

em casa, ora queria sair, a maior parte das

vezes, ficava-me a cismar sem sair do sítio.

Sim, o papel é paciente! E não

tenciono mostrar este caderno com o nome

pomposo de diário seja a quem for, a não ser

que venha a encontrar na minha vida o tal

«grande amigo» ou a tal «grande amiga».

De resto, a mais ninguém poderá

interessar o que vou escrever. E pronto!

Cheguei ao ponto principal de todas estas

considerações: não tenho uma verdadeira

amiga! Vou-me explicar melhor, pois

ninguém pode compreender que uma rapariga

de treze anos se sinta só.

Anne Frank Diário de Anne Frank,

Lisboa, Edições Livros do Brasil, s/d

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Anne Frank - Uma Vida

de Rian Voorhoeve, Ruud Van Rol

Edição/reimpressão: 1994

Páginas: 68

Editor: Campo das Letras

ISBN: 9789728146009

Localização- Biblioteca Escolar (sala Aquilino Ribeiro)

Em 6 de Julho de 1942, Anne Frank e a sua família passaram à clandestinidade

para fugir à barbárie. Da sua luta, ficaram, além do Diário de uma adolescente, centenas de fotografias e

diversos documentos conservados milagrosamente. Reunidos nesta obra pela Fundação Anne Frank, eles

testemunham, juntamente com largos extratos do Diário, uma época de crimes terríveis contra a

humanidade que ninguém tem direito o de ignorar.

Chamo-me... Anne Frank

de Carmen Gil

Edição/reimpressão: 2009

Páginas: 64

Editor: Didáctica Editora

ISBN: 9789726508199

Coleção: Chamo-me...

Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga Leitão)

Um dos testemunhos mais impressionantes do Holocausto judeu chega-nos pela

voz de uma rapariga alemã que morreu aos dezasseis anos num campo de concentração. Anne Frank

nascera em Francoforte, em 1929, e três anos mais tarde, a sua família foi obrigada a emigrar para a

Holanda, fugindo ao terror nazi. No seu Diário registou a experiência de viver escondida numa casa, com

a família e outras pessoas, tentando escapar à perseguição a que os alemães sujeitavam os judeus. A

ternura, a solidariedade, a esperança, os medos, as discussões num espaço reduzido, a monotonia, o amor,

o desejo de liberdade e um caudal de sentimentos diversificados ficam representados nessas páginas pela

mão de uma menina que sonhava ser escritora e que acabou os seus dias vítimas do tifo e da loucura que

agitou a Europa na primeira metade do Século XX. «Na Casa de Trás, escrevi um diário que se tornou

famoso no mundo inteiro… e que se tornou o símbolo do Holocausto. A minha voz fala agora em nome

dos seis milhões de inocentes que foram assassinados na Segunda Guerra Mundial. Espero que as minhas

palavras sirvam, sobretudo, para fazer pensar sobre a loucura e sobre a barbárie da guerra.»

Mouschi, O Gato de Anne Frank

de José Jorge Letria

Edição/reimpressão: 2002

Páginas: 38

Editor: Edições Asa

ISBN: 9789724128221

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Mouschi existiu realmente e foi levado para o anexo por Peter van Pels, um jovem companheiro

de cativeiro de Anne Frank. O dia-a-dia no anexo, a rotina de um grupo de pessoas refugiadas do terror

nazi e a esperança numa libertação que acabou por não chegar, são assim contados neste livro por um

animal de estimação que se transformou em testemunha singular de uma tragédia humana.

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Os Últimos Sete Meses de Anne Frank

de Willy Lindwer

Edição/reimpressão: 1992

Páginas: 190

Editor: Livros do Brasil

ISBN: 9789723812985

Em «Os Últimos Sete Meses de Anne Frank» é revelada a parte final, e pouco

conhecida, da breve existência da pequena judia que, vítima das perseguições nazis, viria a falecer no

campo de concentração de Bergen-Belsen em Março de 1945.

Seis mulheres partilharam este cativeiro e o testemunho que prestaram foi recolhido pelo

jornalista Willy Lindwer. Com palavras simples e comovedoras, as sobreviventes falam delas e do

calvário de Anne. A descrição da sua vida nos últimos sete meses surge, assim, como o complemento

natural do inesquecível Diário e proporciona novos esclarecimentos acerca de uma das páginas mais

tenebrosas da história da Humanidade.

Anne Frank

de Josephine Poole; ilustração de Angela Barrett

Edição/reimpressão: 2007

Páginas: 40

Editor: RANDOM HOUSE CHILDREN'S BOOKS

ISBN: 9780099409762

Faixa etária: a partir dos 5 anos

Começa com uma carta, parece uma história, só que aconteceu mesmo. Poderá ser triste, mas foi

realidade. As imagens são belas e o texto oferece-nos uma mensagem: não devemos esquecer o passado

com tudo o que de bom e mau nos trouxe. E devemos aprender com ele. Talvez assim consigamos ser

melhores pessoas...

Uma Tulipa para Anne Frank

de Richard Lourie

Edição/reimpressão: 2005

Páginas: 226

Editor: Livros Quetzal

ISBN: 9789725646465

Numa Holanda mergulhada na Segunda Guerra Mundial, os tanques

substituíram as bicicletas e as crianças tornaram-se adultos antes de tempo. Joop passa os dias a fazer

pequenos trabalhos para ajudar a subsistência da família. É durante este período que os destinos de Anne

Frank e de Joop vão cruzar-se. O acontecimento decorrente deste caso irá transformar-se num

extraordinário segredo. Um segredo que Joop guarda durante 60 anos. Quando, muitos anos mais tarde, o

revela, irá alterar para sempre o destino de todos os que o rodeiam. Numa época da História em que os

traidores são traídos e em que o futuro parece não poder vir a existir, Richard Lourie conduz-nos a um

cenário real de loucura, fome, ódio e desespero, a uma cidade onde o nosso maior amigo se pode

transformar num monstro, e onde as túlipas não são apenas flores.

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O Rapaz Que Amava Anne Frank

de Ellen Feldman

Edição/reimpressão: 2006

Páginas: 248

Editor: O Quinto Selo

ISBN: 9789896130510

Coleção: Mil e Uma Letras

No Diário de Anne Frank, Anne menciona o nome de um rapaz por quem se

apaixona. Ela chama-lhe Peter van Daan, mas o seu nome verdadeiro é Peter van Pels. Sessenta e um

anos passados sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, Ellen Feldman pondera o que teria acontecido

caso Peter van Pels não tivesse morrido num campo de concentração três dias antes da rendição das

tropas alemãs às forças aliadas. Sete anos após o fim da Guerra, Peter vive com a sua esposa judia e as

suas filhas em Nova Iorque. Só a vida presente e a futura lhe interessam. Mas o passado renasce das

cinzas quando vê na capa de um livro, que a mulher está a ler, a fotografia inconfundível de uma menina:

Anne Frank. Enclausurado no estigma do passado que esconde, na identidade que insiste em negar, Peter

é forçado a confrontar-se com os seus fantasmas e medos, numa profunda luta interior.

No Anexo

de Sharon Dogar

A incrível história do rapaz que amou Anne Frank

Edição/reimpressão: 2011

Páginas: 336

Editor: Edições Asa

ISBN: 9789895579112

Peter van Pels e a família estão escondidos com os Franks, e Peter vê tudo

com um olhar diferente. Como será ser-se obrigado a viver com Anne Frank? Odiá-la e depois dar por si

apaixonado por ela? Saber que é tema do seu diário dia após dia? Como será ficar sentado à espera, olhar

por uma janela enquanto outros morrem e desejar estar a combater? O diário de Anne termina a 4 de

Agosto de 1944, mas, nesta história imaginada, a experiência de Peter continua para além da traição e

chega aos campos de extermínio nazis. "Está aí alguém?", pergunta ele. "Está alguém a ouvir?" ós

devíamos estar.

No Rasto de Anne Frank

de Ernst Schnabel

Edição/reimpressão: 1990

Páginas: 220

Editor: Livros do Brasil

ISBN: 9789723807288

Coleção: Dois Mundos

Através dos testemunhos das 42 pessoas que estiveram em contacto com

Anne, sabemos um pouco mais sobre a sua vida e temos uma perspetiva diferente das coisas que

aconteciam ao redor dela. Temos uma perspetiva mais adulta do contexto histórico que a envolvia,

através dos testemunhos dos mais velhos na altura e temos também acesso às datas em que saíam novas

leis para os judeus, por exemplo. Pessoalmente, percebi muito melhor com este livro essa parte, pois

ainda não tive a oportunidade de a estudar mais a fundo. Com este livro, sabemos ainda o que lhe

aconteceu depois de ser descoberta pela gestapo, através dos testemunhos de pessoas que estavam com

ela nos campos (não as que tinham "mergulhado" com ela, pois essas não acabaram por sobreviver).

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Rosas da Terra: A Biografia de Anne Frank

Edição/reimpressão: 1999

Páginas: 368

Editor: Livros do Brasil

ISBN: 9789723817577

Este livro será um enriquecimento para todos os interessados em Anne Frank, na sua curta vida, na sua família e nas circunstâncias que conduziram ao seu terrível destino. Mas acima de tudo, este livro é obrigatório para aqueles que têm apenas

uma vaga ideia sobre o holocausto, e especialmente para aqueles que ainda acreditam que ele nunca aconteceu.

Contos

de Anne Frank

Edição/reimpressão: 1984

Páginas: 176

Editor: Livros do Brasil

Anne Frank gostava de conversar como todas as meninas de sua idade, mas foi

forçada a falar apenas em sussurros durante dois anos em que viveu escondida dos

nazistas. No entanto, a sua voz interior, em seus escritos, revelam um invencível

amor à vida.

“ Escrever um diário é renunciar ao destino. É viver no presente, é confessar

ao implacável que nada mais esperamos dele, que nos acomodamos todos os dias,

e que já não há relação entre este dia e os restantes”

George Sand

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Para Anne F.

Theo Olthuis

Querida Anne,

O que escreves é verdade.

Os adultos agem sem pensar.

Bombas mandam atirar,

Para de um país se apoderar.

Poluem o ar,

A praia e o mar.

Conduzem muito depressa,

Bebem até perder a cabeça.

Separam-se os casais

Ou fazem cenas teatrais.

Mas eu tenho um sonho belo:

Um dia…

De outra maneira havemos de fazê-lo!

A tua amiga

Kitty

Neste poema, o autor inverte os papéis. Kitty, a amiga

imaginária a quem Anne Frank se dirige no seu diário, escreve aqui uma resposta.

Lá Longe, a Paz

A Guerra em Histórias e Poemas de Manuela Fonseca, Carol Fox, Annemie

Leysen, Irène Koenders

Edição/reimpressão: 2001

Páginas: 338

Editor: Edições Afrontamento

ISBN: 9789723605525

Coleção: Fixões Localização- Biblioteca Escolar (sala Luís Veiga

Leitão)

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Atividades desenvolvidas pela biblioteca escolar e trabalhos dos alunos:

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Aires 8ºD Nº1

Ricardo 8ªD Nº16

Joana Henriques 8ºD

Nº7

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Para finalizar fica uma reflexão sobre a escrita de diários e o desejo que este boletim,

de algum modo, incentive os leitores a lerem Diários ou a escrevê-los.

Geralmente o diário é onde escrevemos fatos

importantes que ocorreram connosco ao decorrer do

dia. Sendo assim ele muito pessoal, já que contém

experiências tanto normais quanto íntimas, e é

melhor guardar bem guardado, para não ser vítima

de transtornos posteriores.

Os psicólogos são quem recomendam esses

“tratamentos”, pois a pessoa escreve no diário e

depois entregamo-lo, para podermos ter nossos

pensamentos e experiências analisados. Isso ajuda

bastante, pois por ser algo íntimo, revela a face

que podemos estar tentando esconder atrás de uma

máscara.

Além disso, se gosta de pensar, e de relatar o

que pensa para poder refletir na posteridade, não

perca tempo! Não é crime e nem é vergonhoso

escrever um diário. Chega a ser até divertido, e em

alguns casos dá uma grande sensação de alívio.

In:http://www.blogers.com.br/o-que-escrever-no-diario/

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Biografia:

Para a elaboração deste boletim recorreu-se aos seguintes livros:

Manuais de Português:

Ler – 10 º Ano de Pereira, Mª João e Silva, Mª Manuela;

Em Todos os Sentidos – 10º Ano de Seixas João e Loureiro, La Salette;

Plural 8º Ano – Baptista, Vera Saraiva e Pinto, Elisa Costa;

Livros:

Lá Longe, a Paz – A guerra em histórias e poemas; de Fonseca, Manuela e tal… Edições Afrntamento.

Os excertos publicados foram retirados dos diários dos respetivos autores, acima citados;

Sites:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anne_Frank

http://www.blogers.com.br/o-que-escrever-no-diario/

Este boletim será publicado na página da internet da escola: http://escolasmoimenta.pt/

Ficha Técnica:

Propriedade: Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Moimenta da

Beira, Rua Dr. João Lima Gomes, nº3, 3620-360 Moimenta da Beira, Telef. 254520110, Fax:

254520118, E-mail: [email protected] e da biblioteca: [email protected] ; Edição-

Bibler Nº4 ; responsáveis: Equipa da BE e professora bibliotecária - Estela Almeida