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UPF Jornal é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita.

Reitor: Rui Getúlio Soares Vice-Reitora de Graduação: Eliane Lucia Colussi Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Hugo Tourinho FilhoVice-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários: Adil de Oliveira PachecoVice-Reitor Administrativo: Nelson Germano Beck

Textos e edição: Cristiane Sossella (MTb/RS 9594), Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e Jaques Hickmann (MTb/RS 13172) Colaboração: Alessandra Pasinato e Fabiano HoffmannRevisão de textos: Maria Emilse LucatelliCapa e Diagramação: Charles PimentelTiragem: 5 000 exemplares

Assessoria de Comunicação SocialCampus I - Bairro São JoséCEP 99001-970 - Passo Fundo - RSFone (54) 316-8142 / 316-8110Home page www.upf.brE-mail [email protected]

Rui Getúlio Soares

O desafio de educar na sociedade tecnológica

N

conecta à internet para explorar processos de co-municação síncronas, participação em comunidades virtuais, interatividades em ambientes de apren-dizagens lúdicos e em jogos on-line, pode trazer grandes benefícios à educação infantil, na medida em que pais e professores adotem estratégias de apropriação dessas tecnologias em suas práticas educativas.

Com o advento da web2 a internet passou a ser encarada por muitos pais e professores como uma espécie de amplificador intelectual, na medida em que permite à criança o acesso, a geração e a difusão de um grande número de informações, sobretudo multimídia. Hoje a criança convive com processos de comunicação complexos e linguagens simbólicas que promo-vem uma nova representação do conhecimento

e, portanto, uma nova interpretação de problemas que envolvem atividades lúdicas e cognitivas, cujos reflexos contrastam em muito com a realidade da maioria das escolas.

Ainda cabe destacar que os benefícios que essas mudanças trazem à educação de crianças são visíveis e podem representar ganhos importantes para o processo educacional, da mesma forma que os problemas inerentes a esse processo podem ser também potencializados por essas mudanças. Quem nunca se questionou sobre o tempo de permanência de seus filhos na internet? As ami-zades virtuais, os sites frequentados, os conteúdos compartilhados, etc.?

Nesse contexto, cabe a nós, pais e professores, refletir sobre os novos desafios impostos pela presença maciça de tecnologias de informação e comunicação tanto nos lares quanto nas escolas; refletir sobre como é possível assumir o papel de protagonista na educação das crianças em uma sociedade tecnológica; refletir sobre os novos paradigmas educacionais à luz das aprendizagens em rede na cibercultura, das novas fronteiras do conhecimento, do universo virtual. Questionar sobre as estratégias que pais e professores devem adotar para se apropriar dessas tecnologias em prol de uma verdadeira educação de suas crianças, sem desumanizar as relações, o diálogo e as interações inerentes a esse processo.

Obviamente, os recursos tecnológicos à disposição de pais e pro-fessores são peça importante para equacionar questões de natureza diversas que envolvem o processo educacional. Porém, a forma como pais e professores se apropriam dessas tecnologias, de modo coerente com os objetivos que se desejam alcançar, pode ser um fator determinante na educação de suas crianças. O papel de pais e professores diante desse novo cenário de informatização do conhecimento é importante, e não é possível nos omitirmos desta importante discussão sobre a responsabilidade de educar nossas crianças (filhos ou alunos), ou procurar incessante-mente fugir deste universo que nos cerca, seja pelo medo da incerteza, seja por mera acomodação.

(*) Prof. Dr. Edemilson Jorge Ramos Brandão, diretor da Facul-dade de Educação - UPF.

Um semestre de importantes ativida-des está em andamento na UPF. Inicialmente,

gostaria de compartilhar com toda a comunidade nosso mais novo recorde, de 17 mil acadêmicos matriculados nos 56 cursos

de graduação, o que reafirma a referência da nossa institui-ção no ensino superior regional. Esse crescimento vem sendo vivenciado ao longo dos últimos anos e deve-se, especialmente,

aos constantes investimentos para proporcionar qualidade ao ensino oferecido.

Prova disso são as melhorias na infraestrutura física para suprir demandas de diversos cursos e áreas. Neste mês de abril, inauguramos o novo Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (Muzar), as reformas dos prédios do Centro de Educação em Tecnolo-

gia, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, a construção da Brinquedoteca na Faculdade de Educação e a ampliação da

Faculdade de Odontologia. Até o mês de julho pretendemos ainda

entregar as novas instalações do Campus Soledade e os espaço do

Memorial da UPF. Destaco, ainda, nosso empenho

com a formação profissional e, acima de tudo, com o desenvolvimento da

região. Por isso, em recente viagem a Brasília, entregamos ao deputado Beto

Albuquerque o projeto do Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio, solicitando

apoio a sua instalação. Na mesma oportunida-de, entregamos ao senador Cristovam Buarque

a Medalha UPF, como reconhecimento à atuação do senador e pela colaboração que prestou à UPF

quando do encaminhamento da instalação do Cam-pus Sarandi.

Por fim, lembro que estamos vivendo um período pré-eleitoral na UPF. Sa lien to que a universidade, em sua essência, é o local da efervescência do saber e da plurali-dade de opiniões. Desejo que o processo eleitoral, que culminará com a eleição da nova Reitoria em 25 de maio, transcorra dentro da democracia e do respeito por essa instituição, tendo em vista sua história e pelo seu futuro.

Palavra do reitor

Nunca o papel de pais e professores foi tão desafiador: novos métodos, novas formas de comunicação, novos recursos didáticos e novas formas de aprendizagem

(*)

Em meio a profundas transformações que atingem segmentos importantes da socie-dade, reflexo da rápida disseminação de tecnologias de informa-ção e comunicação, urge a necessidade de se analisarem os reflexos dessas mudanças na educação de crianças.

Inicialmente, gostaria de destacar que, mesmo reconhecendo o enorme fascínio que as tecnologias digitais exercem principalmente sobre as crianças, como pai e professor entendo que o computador, assim como a televisão, que disputa a preferência das crianças, é apenas uma máquina e, como tal, não substitui um pai ou professor, porque nunca será capaz de transmitir o carinho e a segurança de que as crianças precisam e nunca será capaz de orientá-las amigavelmente na construção de suas aprendizagens.

Nas escolas e nos lares, o computador se apresenta hoje como um objeto tecnológico e educacional inteiramente novo e em contínua evolução. Um instru-mento universal que promove a interatividade, a criatividade e as aprendizagens lúdicas. Entretanto, os efeitos e as potencialidades futuras desta máquina, sobretudo na educação

de crianças, parecem cada vez mais condiciona-dos não somente aos rumos que tomará o processo tecnológico, mas, sobretudo, à forma como pais e professores se aproximarem desta tecnologia na tentativa de compreender melhor a educação das crianças.

Para as crianças que hoje constituem a nova geração conhecida como “nativo digital”, o com-putador é apenas mais um brinquedo eletrônico que desperta o interesse em aprender brincando. Uma TV diferente, colorida e interativa, repleta de textos, sons, imagens e links para explorar. Isso não significa que devemos delegar ao computador ou a qualquer outro recurso tecnológico o dever (ou o direito) de educar nossas crianças. Mesmo considerando que as máquinas se tornam cada dia mais inteligentes – talvez, chegará um dia em que os computadores pensem – é bom lembrar que eles nunca terão sonhos.

Entendo que as tecnologias de informação e comunicação, enquanto parceiras de uma estreita aliança com a educação, sobretudo de crianças, não podem ser interpretadas apenas como um poderoso instrumento à disposição de crianças, pais e professo-res. A crescente disseminação de tecnologias digitais está se configurando em um fenômeno social que atinge diferentes camadas da sociedade, cuja presen-ça transforma (em alguns casos de forma radical) a vida de inúmeras crianças.

Hoje, a quantidade de informações a que uma criança tem acesso a partir do momento que se

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Está confirmado. A UPF é a instituição de ensino superior preferida pelos estudantes de toda a região Norte do Rio Grande do Sul. Em março

de 2010, a universidade alcançou a marca histórica de 17 mil estudan-tes matriculados nos 56 cursos de graduação. O número contraria uma tendência de esgotamento da procura por esta modalidade de ensino, realidade vivenciada por inúmeras faculdades e universidades, e pode ser explicado tanto pela concorrência quanto por dificuldades eco-nômicas que assolam a sociedade.

A alternativa encontrada para ir contra as expectativas e apresen-tar dados de crescimento não pode ser atribuída a um fator apenas. São diversas as ações colocadas em prática no intuito de garantir a manutenção e o crescimento institucional. Contudo, há que se destacar a busca pela qualidade acadêmica.

Mesmo sendo uma instituição de tradição, que completa 42 anos em junho de 2010, a UPF está em constante evolução, acompanhan-do tendências e se modernizando. Prova disso é que os 56 cursos de graduação passaram por reformulação curricular recentemente – o semestre 2010/01 encerra o ciclo das reformas. Os novos currículos formam alunos com mais agilidade, mais qualidade, e requerem menor investimento financeiro por parte dos acadêmicos, além de serem mais focados no mercado de trabalho.

Mais aprendizagem no curso de Fisioterapia

Um exemplo dessa busca por qualidade acadêmica pode ser perce-bido no curso de Fisioterapia, oferecido pela UPF há 10 anos. Durante este período, tanto as virtudes quanto os possíveis desajustes do curso foram identificados e serviram de base para a reformulação curricular que entrou em vigor em 2010. Ainda, foi possível atender a deter-minações do próprio Ministério da Educação relativas à formação de profissionais fisioterapeutas.

O professor Rodrigo Schmidt, coordenador do curso, explica que em 2009 foi publicada uma resolução do Conselho Nacional de Educação estipulando a carga horária mínima para a graduação na área, ampliada para quatro mil horas a serem distribuídas em cinco anos. Tendo isso como premissa, várias adaptações foram necessárias para garantir a sustentabilidade do curso sem descuidar de sua qualidade acadêmica. “O foco do novo currículo foi qualidade com sustentabilidade. Isso foi possível otimizando carga horária docente, logística de aulas práti-cas e, principalmente, formalizando novas parcerias com instituições públicas e privadas. Com essas ações, obtivemos um rendimento final bastante positivo”, avalia o coordenador.

Uma readequação que resultou em benefícios ao aprendizado dos estudantes está relacionada à formatação das disciplinas específicas de formação profissional. “No currículo antigo, o aluno aprendia num semestre a fisiopatologia e o tratamen-to médico de uma disfunção e somente no semestre seguinte estudava a interven-ção fisioterapêutica. Neste novo currículo, organizamos as disciplinas de forma que, logo após o estudo clínico de determinada disfunção, o estudante tem a oportuni-dade de trabalhar a fisioterapia tanto na teoria como na prática da Clínica Escola”, explica Schmidt, salientando que a reformulação facilita a aprendizagem, já que agrega os conteúdos e foca mais na atuação profissional do estudante.

Melhorias que primam pela excelência na formação

Na opinião da vice-reitora de Graduação da UPF, Eliane Lucia Colussi, o foco principal da reestruturação acadêmica protagonizada na UPF voltou-se para a reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, tendo presentes os quatro princípios do Projeto Pedagógico Institucional (PPI), a saber: a universalida-de, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, o compromisso social e a qualidade educativa. Esses princípios foram traduzidos nos currículos dos cursos e nas mudanças colocadas em prática.

Além disso, melhorias que buscam sustentabilidade também foram implemen-tadas. O compartilhamento de disciplinas é uma delas. Áreas comuns a diversos cursos de graduação foram aproximadas, agregando turmas.

Os novos currículos dispõem, ainda, de mais flexibilidade de opção, permitindo aos alunos direcionarem sua formação por meio das disciplinas eletivas. Semipre-sencialidade é outro item que foi agregado aos novos currículos, assim como o oferecimento da disciplina de Libras, atendendo a decreto federal.

Um aprimoramento importante também foi possível com a informatização de todos os projetos pedagógicos dos cursos, oferecendo maior visibilidade da sua dinâmica pedagógica à comunidade acadêmica.

Medicina no Vestibular de InvernoA reformulação curricular também abrangeu o curso de Medicina da UPF. Até

hoje, a tradicional graduação era oferecida com ingresso apenas por meio do Vestibular de Verão. A reforma transformou o curso em semestral e permitiu que fossem oferecidas 40 vagas para ingresso no segundo semestre deste ano já.

O curso de Medicina tem um currículo inovador, adequado à realidade das necessidades da saúde e que permite ao aluno, desde o primeiro momento, o contato com as práticas da medicina. Outro diferencial é a discussão dos casos clínicos entre professores e alunos, o que possibilita a compreensão das ações de saúde, integrando a teoria à prática, além do suporte ofere-cido pelas unidades de saúde, hospitais de ensino - São Vicente de Paulo e Hospital da Cidade, no Ambulatório Central da Universidade e nos diversos laboratórios.

Agilidade, flexibilidade e qualidade acadêmica

UPF comemora 17 mil alunos matriculados nos seus 56 cursos de graduação, todos recentemente aprimorados

U

Integração das discipli-

nas de clínica beneficiou

estudantes de Fisiote-rapia, pela agregação

de conteúdos e foco na

atuação profissional

fotos: Arquivo uPf

Qualidade educativa é a marca da reformulação curricular realizada nos 56 cursos de graduação em benefício dos mais de 17 mil alunos

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PPremissa é levada a sério na UPF, que investe em projetos para facilitar a vida dos estudantes

afirma Monique, considerando que tem outra aluna com baixa visão no Campus Palmeira das Missões. Para ela, a adaptação/ampliação do material é realizada em outro programa do SAEs, denominado Tecnologia Assistiva.

Mapeamento das dificuldades

Dentre as iniciativas mais abrangentes do SAEs está o Programa de Apoio à Aprendiza-gem do Estudante. De acordo com Ângela, um número significativo de alunos chega aos cursos de graduação com lacunas no processo de aprendizagem. “Esta fragilidade se reflete nas dificuldades encontradas no decorrer do semestre nas disciplinas que requerem um conhecimento prévio”, considera. Com base nessas observações, o programa foi colocado em prática oferecendo estudos adicionais ou aulas de reforço com professores, nas áreas de Matemática Básica, Física Básica, Química Básica, Cálculo I e Produção Textual. O programa é totalmente gratuito.

De acordo com Ângela, o SAEs trabalha com dois eixos primordiais. No Programa Acessibili-dade com qualidade na educação superior estão incluídas iniciativas como tecnologia assistiva – produção de material ampliado, adaptado e em braile, tradução e interpretação de libras, laboratório bilíngue, acessibilidade digital e

apoio pedagógico especializado para acadêmicos surdos/perda auditiva e cegos/baixa visão, além

de orientação e mobilidade para estudantes com deficiência física ou restrição de movimentos. Já

o Programa Atenção aos processos de aprender engloba o Programa de Apoio à Aprendizagem do Es-

tudante, grupos de estudos, orientação profissional e ação multiprofissional, cursos e oficinas. “En-

tretanto, é o Acompanhamento Psicopedagógico que norteia todas as ações do SAEs, pois se constitui num

espaço de acolhimento de escuta para o acadêmico, onde há um grande investimento nas relações aluno/

professor/conhecimento”, revela. Como as necessidades surgem a cada dia, o SAEs

está sempre se aprimorando e se adequando. “Todos os programas que desenvolvemos partem da demanda

dos acadêmicos e dos professores, sempre com a inten-ção de potencializar a aprendizagem”, finaliza Ângela.

licenciatura e optativa em outros cursos.

O progresso da instituição, especialmente no sentido de receber as PcDs, é apontado pelas profissionais. “Com a criação do SAEs, houve uma evolução. Agora, os professo-res contam com um apoio a mais. O trabalho foi profissionalizado”, afirma Tatiane.

O SAEs foi implementado em 2007, com a in-tenção de ser um espaço de acompanhamento psi-copedagógico durante toda a trajetória acadêmica. O setor disponibiliza programas que intencionam ampliar as possibilidades de aprendizagem.

O desafio de aprender-ensinar

Um dos grandes desafios na vida de Monique foi saber que em uma de suas turmas da disciplina de Libras do curso de Pedagogia estudaria Éverton de Souza. Ele, que é cego desde que nasceu, começou sua vida universitária em 2005, mas foi em 2008 que se encontrou na Pedagogia. “Comecei a tra-balhar com alfabetização em braile na Associação Passo-Fundense de Cegos e senti a necessidade de ir em busca de mais conhecimento”, explica ele.

Foram muitas as experiências nesses cinco anos de universidade. “Quando entrei na UPF tinha

apoio ao desenvolvimento do material necessário. O trabalho foi aperfei çoa-do e depois veio o apoio pedagógico. Agora, entre outras ferramentas, utilizo

programas especiais de computador. Tenho maior

segurança e autonomia”, argumenta.

Para a aula de Libras, além da professora Mo-

nique, ele conta com o trabalho especializado da

guia-intérprete, que faz a tradução oral do que é ensi-

nado. Além disso, as confi-gurações dos sinais da libras

são feitos diretamente nas mãos de Souza para que ele

possa compreender o que está sendo explicado. “Não

tive um choque em vê-lo na aula, mas me preocu po com

a metodologia a ser empre-gada. Tenho um sentimen-

to de respeito por ele”,

Imagine uma aula em que a professora é surda e o aluno é cego. Como garantir o aprendiza-do, a comunicação e a interação entre os dois? Tarefa nem sempre fácil, mas possível. Na UPF, o aluno Everton de Souza, do curso de Pedagogia, tem aulas da disciplina da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com a profes-sora Monique Giusti Reveilleau. Ele não enxerga, ela se comunica pela Libras. Além da necessidade da guia-intérprete, outros fatores foram deter-minantes para garantir o processo de ensino e aprendizagem, como a adaptação dos recursos e da metodologia das aulas.

Embora a legislação educacional brasileira se paute na concepção da educação como um direito de todos, nem sempre há condições de acesso para que de fato isso aconteça. Mas o que é preciso para garantir o acesso de aprender a todos? A psi-copedagoga e supervisora do Setor de Atenção ao Estudante (SAEs) da UPF Ângela Soares argumenta que implementar novos recursos e adequar pro-cedimentos que possibilitem e qualifiquem o apre-ndizado, seja para pessoas com deficiência, seja para os demais alunos, faz parte de uma política que a UPF vem desenvolvendo nos últimos anos. “Trabalhamos na perspectiva de garantir direitos, portanto, precisamos dar condições de acessibili-dade desde a entrada dos alunos na universidade”, argumenta.

De alunas a professoras

Num tempo em que poucas pessoas com defi-ciência (PcDs) tinham acesso ao ensino superior, Monique Giusti Reveilleau e Tatiane de Souza da Anhaia, ambas surdas, iniciaram o curso de Pedagogia em 2001. Elas desafiaram seus limites e os limites da própria UPF. “Foi um início difícil, em que percebíamos que até os colegas tinham medo de se comunicar conosco”, lembra Monique, pon-tuando, entretanto, que desde o começo puderam contar com o apoio da intérprete Loreni Lucas dos Santos. Do pontapé inicial, veio a formatura em 2004, a necessidade de realizar outros cursos e prosseguir aperfeiçoando-se. Atualmente as peda-gogas surdas são professoras titulares da disciplina de Libras da UPF, obrigatória nas graduações em

Aprender é para todos

SAEs é parceiro do curso Um novo olhar sobre a diferença, destinado a funcionários da UPF que

trabalham diretamente no atendimento ao público

foto: CristiAne sossellA

foto: AlessAndrA PAsinAto

Monique, que é surda, ministra a disciplina de Libras a Everton de Souza, que é cego

Para que a interação entre professora-aluno aconteça, eles contam com o apoio da guia-intérprete

pág4maio/2010

AAutoridades de saúde creem estar melhor preparadas para a segunda onda de casos da gripe A. Dúvidas ainda persistem sobre o comportamento do vírus

Rumos incertos de uma doença que ainda assusta

6) A vacina aplicada no Brasil é segura?

Sobre esse assunto tem-se falado muito e até circulado e-mails com algumas informações sem fundamento. Essa vacina que estamos apli-cando nos brasileiros já foi aplicada em mais de 300 milhões de pessoas na Europa e nos EUA. Do ponto de vista de reações adversas graves, não foi observado nada de diferente se a comparar-mos às vacinas que já aplicamos nos vários anos anteriores. A vacina é contraindicada somente para quem tem alergia ao ovo.

7) Há a possibilidade de o vírus sofrer nova mutação?

O vírus pode mutar basicamente em dois caminhos: um deles é em relação ao potencial de infectividade, de disseminação da doença, então ele pode se tornar um vírus com potencial alto de disseminação, mais do que já é, ficar igual, ou diminuir a infectividade; por outro lado, pode sofrer uma mutação do ponto de vista de agressividade, o que preocupa mais. Por exemplo, temos o vírus da gripe aviária que teve uma letalidade muito alta, de 50 a 70%, isto é, praticamente metade das pessoas que teve a gripe aviária morreu. Felizmente, foi um vírus com um potencial de disseminação restri-to. Agora, essa mutação do vírus H1N1 não tem como prever se vai acontecer ou não, é uma questão quase que lotérica, mas esperamos que não ocorra.

8) Quais os cuidados preventivos? A maioria das pessoas esqueceu os hábitos

usados no ano passado e que recomendamos que sejam mantidos: a higienização das mãos, especialmente depois do trabalho, de usar o coletivo urbano, ou de passar por um local com grande circulação de pessoas; a utilização do álcool gel e o uso de lenço descartável ao tossir

ou espirrar. Recomendamos que quem tiver os sintomas da gripe que procure atendimento mé-dico e fique em casa por até cinco dias, visando

à diminuição da propagação do vírus.

9) O que é mito ou verdade na prevenção? Por exemplo, vale usar chá de anis estrelado ou outros chás?

Até o momento, do ponto de vista científi-co, não existe nenhuma prova que nos permita

recomendar o uso destas substâncias. Mas sabe-se que é importante, tanto em termos de

prevenção como de tratamento de indivíduos com gripe, que se mantenha uma boa hidra-

tação, e isto poderá ser feito com o auxílio da ingestão destes chás.

a conviver com este período. Especificamente para o inverno de 2010, a princípio não existe o planejamento de se mudar o calendário de aulas. Entretanto, obviamente, se houver algum episódio semelhante ao do ano passado, penso que é prudente avaliarmos, ponderando que uma mudança no calendário escolar traz uma série de problemas para toda a estrutura das instituições.

3) O Comitê de Prevenção da Gripe A da UPF já programou alguma ação específica para o enfrentamento da doença?

O Comitê de Prevenção da Gripe A da UPF está participando como colaborador do Ministério da Saúde nessa ação de prevenção, tanto do ponto de vista de vacinação quanto de esclarecimento da população em geral e da população interna. O que estamos fazendo é seguir as normas do ministério. Portanto, uma das primeiras medidas tomadas neste ano foi a vacinação de todos os acadêmicos vin cula-dos aos cursos da saúde e que estão fazendo estágios em hospitais ou unidades básicas do município. Aliado a isso, no mês de abril tivemos postos de vacinação espalhados pelo Campus da UPF, que deve ter 90% de seu públi-co inserido nos grupos prioritários e, portanto, recebendo a imunização. Além da questão da vacinação, estamos fazendo uma divulgação educacional para a população conhecer melhor a questão da gripe por meio do site da UPF. Está programado também um treinamento específico aos alunos da área da saúde.

4) Até o final de maio devem ser imunizados 91 milhões de brasileiros contra a gripe A. Como foi feita a definição do público prioritário?

Os grupos prioritários foram definidos ba-sea dos no impacto da doença anterior, ou seja, são esses grupos que tiveram o maior risco da doença grave e morte. Assim, ficou estabelecida a prioridade número um do ministério de vaci-nar os profissionais da saúde e trabalhadores da rede de atenção, porque eles são os res-ponsáveis pelo enfrentamento da doença. Na sequência aqueles indivíduos que podem ter doenças mais graves, como os indígenas, as gestantes, as pessoas com doenças crônicas, especialmente do pulmão e do coração, as crianças de seis meses a dois anos, a popula-ção dos 20 aos 29 anos, que no Rio Grande do

Sul foi a mais afetada, a população dos 30 aos 39 anos e os idosos que têm alguma doença

associada. Acreditamos que a definição do público prioritário está adequada à nossa realidade e ao histórico da doença registrado

no ano passado.

5) A pessoa que faz a vacina está imune ao vírus?

A vacina diminui a ocorrência de casos de gripe e tem uma alta eficácia, ou seja, de 95% a

98% da população fica com níveis de anticorpos adequados. Portanto, se essas pessoas entrarem

em contato com o vírus, o seu organismo vai estar pronto para se defender. Isso não quer

dizer que essas pessoas não vão ficar gripadas. Elas podem ter a gripe, mas o risco, seja de

morte, seja de ter uma complicação grave, diminui muito.

Desde o surgimento da Gripe A (H1N1) no ano passado, mais de 200 países tiveram casos confirmados da doença e mais de 16.900 pessoas já morreram até o final do mês de março, segun-do balanço divulgado pela Organização Mundial de Saúde. Só no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, foram notificados 42.989 casos graves, que acarretaram 2.051 óbitos. Os números são significa-tivos também nos 58 municípios da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, com sede em Passo Fundo. De 2009 até o início de março deste ano, a região notifi-cou 454 casos suspeitos, 176 confirmados e 43 óbitos contabilizados. A chegada do inverno no hemisfério Sul acende novamente o alerta de autoridades e população em razão da certeza de uma segunda onda de casos, embora os rumos da doença ainda sejam desconhecidos.

O coordenador do Comitê de Prevenção da Gripe A da UPF, professor da disciplina de Doenças Infecciosas e Clínicas da instituição e coordenador da Vigilância Epidemiológica e Controle de Infecções do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, Me. Gilberto Barbosa, é o convidado desta edição do UPF Jornal para comentar detalhes sobre o enfrentamen-to da doença na região.

1) Quando surgiu, em 2009, a gripe A causou apreensão na população. Agora, estamos mais bem preparados para enfrentar uma segunda onda de casos?

Todos os invernos registramos uma epidemia de gripe, o que vai se repetir neste ano, com predomínio, senão exclusividade, de casos de gripe A (H1N1). No final do ano passado, seguramente, mais de 90% dos casos já foram causados pelo vírus H1N1, especialmente no Rio Grande do Sul, e prin-cipalmente na nossa região, onde a epidemia teve repercussões importantes, tanto de ocorrência de casos como de suas complicações. O diferen-cial entre 2009 e agora é que o sistema de saúde está mais bem preparado para o enfrentamento da gripe, tanto do ponto de vista de atendimento ambulatorial dos pacientes quanto da identificação

e reconhecimento da doença. O Ministério da Saúde tem disponibilizado medicamentos, os quais tivemos dificuldades de acesso no início da epidemia de

2009. Assim, creio que vamos conseguir enfrentar adequadamente essa segunda onda de casos, que seguramente vai acontecer. O que não podemos é prever como o vírus vai se comportar, já que não há como mapear o seu comportamento.

2) No ano passado foram vários eventos transferidos ou cancelados, inclusive as aulas. Já existe alguma orientação para este ano?

Há alguns fatores que precisamos observar: anualmente somos expostos à já tradicional gripe, e nosso inverno não é curto, então, temos que estar adaptados

foto: CristiAne sossellA

Barbosa: “Estamos mais bem preparados, tanto do ponto de vista de atendimento ambula-torial dos pacientes quanto da identificação e reconhecimento da doença”

pág5maio/2010

Entrevista: Gilberto Barbosa - médico

ServiçoO quê: Clínica Integrada do curso de Odontologia

Local: Faculdade de Odontologia, Campus I da Universi-dade de Passo Fundo

Horários de atendimento: no turno da manhã das 7h30min às 11h, no turno da tarde das 13h30min às 15h30min e à noite das 18h às 20h.

Contato: (54) 3316-8402 ou [email protected].

Na busca do sorriso perfeitoC

um exame anamnésico, exame clínico detalhado, verifiquei índice de placa e sangramento que o paciente apresenta e rea li zei tomadas radio-gráficas para poder, assim, montar um plano de tratamento e passar orçamento ao paciente do que ele irá necessitar”, explica a acadêmica.

Uma ótima profissional. Essa é a definição de Vanessa no entendi-mento do paciente, que, no auge da terceira idade, lembra de como foram os procedimentos que recebeu no passado. “Doía um dente, a primeira coisa era extrair. Não sabia a falta que ia fazer”, observa. Portela conta que, dos sete irmãos, ele é o único que tem parte dos dentes. “Se tivesse cuidado e restaurado quando comecei a ter proble-mas, teria todos os dentes”, constata. Sem dor e com os dentes reconstituídos, Portela deixa como dica que é importante cuidar, para se sentir bem, para ter um sorriso melhor.

A clínica na formação acadêmica

Com 49 anos de existência e de atendimento a população de Passo Fundo, a Clínica Integrada representa um elemento importante na formação acadêmica. Para a coordenadora do curso de Odontologia Mi-riam Lago Magro é nas atividades práticas que o aluno adquire a vivên-cia da teoria por meio do conhecimento baseado nos problemas. “Eles observam as demonstrações dos trabalhos executado pelos professores e colocam em prática as habilidades desenvolvidas após o treinamento em laboratório, o que chamamos de pré-clínico”, afirma Miriam.

Segundo Vanessa, sentir na prática a vivência com o paciente, num processo em que ela própria não é vista como acadêmica, mas como

profissional, é gratificante. “Colocamos em prática o que apren de mos no decorrer do curso”, afirma. Para ela,

a clínica permite ao aluno desenvolver a sua iden-tidade profissional e lançar as bases necessárias à

construção dos seus conhecimentos profissionais.No local pode ser atendida qualquer pessoa

que necessite de tratamento. A idade mínima é 10 anos para a Clínica Integrada e três meses para a Clínica do Bebê e Infantil. Para fazer cadastro é necessário apresentar um documento

de identificação, agendar triagem para depois ser encaminhado ao atendimento. Apenas são cobrados

valores que cobrem os custos dos mate riais ou serviços de laboratórios no caso de próteses.

Roupa toda branca, luvas, máscara, touca e aquele barulhinho característico do motor que assusta as crianças e deixa muito adulto de cara feia. A dor logo é anestesiada e, no final, o sorriso é sempre mais bonito. Esse é o coti dia no de um dentista, paciente após paciente. Essa também é a rotina dos acadêmicos do curso de Odontologia, que

atendem aproximadamente 200 pacientes por dia na Clínica Integrada do curso. Atividade que no final é recompensada

por aquilo que eles mais primam: um sorriso.Sem condições de procurar atendimento particular,

o chefe de cozinha aposentado Adão Lopes Portela buscou o Posto de Saúde do Bairro São José, onde recebeu indicação pra ir até a clínica da Odontolo-gia. Ele precisava fazer restaurações, colocar uma prótese e solucionar o sangramento na gengiva e a

sensibilidade que provocavam muita dor. Inicialmente, Portela passou pelo procedimento de triagem, realizado

nas pessoas que têm necessidades relacionadas ao trata-mento dentário e buscam atendimento na clínica. A triagem tem

um custo de R$ 20,00 e dá direito a uma radiografia panorâmica das arcadas dentárias e a um exame inicial no qual fica determinado em que clínica específica o paciente será agendado, conforme suas neces-sidades e complexidade.

Os serviços acontecem após o exame anamnésico, que consiste num questionário que se faz ao paciente sobre sua saúde pregressa, história de alterações ou patologias relacionadas aos sistemas, se a paciente está grávida, com glaucoma ou qualquer infecção, além de um estudo das condições de saúde bucal. O aluno, sob orientação dos professores, realiza um plano de tratamento, em que as necessida-des de cada um são apontadas. É um planejamento de ordem e tipo de tratamento indicado a cada caso para, então, os pacientes serem encaminhados aos alunos.

Portela está sob os cuidados da acadêmica do 9º nível Vanessa Pan, que utiliza vários procedimentos para solucionar os problemas en-frentados por ele. “Iniciei com

Clínica Integrada trabalha com acadêmicos que prestam atendimento à comunidade de Passo Fundo há 49 anos

Cerca de 200 pacientes são atendidos diaria-mente na Faculdade de Odontologia

Vanessa aplica na prática os conhecimentos adquiridos em aula

fotos: AlessAndrA PAsinAto

pág6maio/2010

meio de um processo de educação permanente, de caráter interdisciplinar, partindo sempre da consulta, do diálogo e da interação com a comunidade.

Atualmente, o Creati conta com cerca de 1,5 mil alunos matriculados em Passo Fundo, Carazinho, Soledade e Lagoa Vermelha. Aberto à comunidade em geral, o Creati é um serviço gratuito oferecido pela UPF para pessoas com mais de 50 anos de idade. Entre as mais de vinte oficinas oferecidas no centro estão as de línguas, de danças, yoga, ginástica, artes e literária.

Ações e projetos desenvolvidos

O maior diferencial do Creati é justamente seu envolvimento com a universidade. Em virtu-de dessa relação, muitos projetos desenvolvidos pelos alunos beneficiam os participantes do centro. Um exemplo são as feiras de cuidados, promovidas pelos alunos do curso de Enfer-magem. No próximo mês de junho acontecerá uma nova edição, na qual serão repassadas informações sobre cuidados físicos aos partici-pantes do Creati. O curso de Farmácia também desenvolve uma ação diferencial, de conscien-tização aos alunos do centro sobre descarte de medicamentos vencidos ou inutilizáveis.

Atividades programadas para 2010

Os 20 anos do Creati serão comemorados com um amplo calendário de eventos. Entre as atividades estão aulas inaugurais, bailes, mostra de corais, festa junina e jogos festivos. De acordo com a vice-coordenadora do centro, Denize Corné-lio Luz, o objetivo almejado é integrar professores e alunos em torno das festividades. “Realizamos uma aula inaugural fazendo um resgate de toda a história do Creati e, ainda, a criação de um vídeo comemorativo, que será lançado no mês de maio, com fotos, vídeos e depoimentos de integrantes do centro” revela Denize.

Um dos eventos considerados o ápice das comemorações é o baile de Integração, criado pelos participantes e que elege todos os anos a rainha do centro. Neste ano, além da eleição da soberana, serão homenageadas as rainhas ao longo dos 20 anos do Creati.

A Mostra de Corais também será comemora-tiva no aniversário. Realizada anualmente, em 2010 a mostra acontece em maio e terá uma abrangência maior, contando com a participa-ção de grupos inclusive de Santa Catarina.

No mês de setembro, integrando a Semana do Idoso, será realizado um workshop no intui-to de apresentar o trabalho do Creati aos aca-dêmicos de diversos cursos da UPF, para que o conheçam e possam, futuramente, trabalhar a questão do envelhecimento humano.

Para outubro está previsto o lançamen-to do livro de 20 anos do Creati, que será desenvolvido com textos de professores e alunos. Todas as oficinas foram convidadas a participar enviando textos ou artigos. Um seminário de encerramento e confraterniza-ção está agendado para o mês de dezembro em Passo Fundo, com a presença dos grupos do Creati de todos os campi.

Vinte anos motivando para a vida

AAtuação do Creati é comemorada pela comunidade, a maior beneficiária do centro

A força de vontade e a energia da terceira idade demonstram como esta geração está vivendo melhor a cada dia. Os integrantes do Centro Regional de Estudos e Atividades para Terceira Idade, o Creati, mantido pela UPF, são exemplos disso. Participante fiel das atividades, Helena Ribas Rabello, de 77 anos, participa do Creati desde a sua criação. Ela conta que o centro faz parte de sua vida. “Come-cei no Creati na oficina Arte de Viver, que era uma das primeiras oferecidas. Graças ao Creati conheci vários lugares, como a casa de Santos Dumont, o Rio de Janeiro, Brasília e Montevidéu, onde fomos cantar com o coral. Hoje faço as oficinas de yoga, hidroginástica e integro o coral. Eu adoro o Creati, depois da minha família, vem o Creati”, revela.

Maria Ivanilde Gazola, de 75 anos, é outro exemplo de determinação. Ela também integrou as primeiras atividades do Creati e hoje partici-pa das oficinas que oferecem exercícios físicos, considerados por ela essenciais para se obter uma boa qualidade de vida. “Todos deveriam praticar atividades como essas desenvolvidas no Creati, pois proporcionam melhor qualidade de vida para a gente. Para a saúde, a atividade física é muito importante, é necessária. É uma vida nova que acrescentamos aos nossos dias, porque não adianta ter mais dias de vida e não acrescentarmos nada a eles”, enfatiza dona Maria.

Como tudo começou...

O Creati surgiu por uma demanda apresentada pela comunidade passo-fundense e regional, em 1990. Na época, a UPF recebeu representantes do Grupo Pró-Memória de Passo Fundo, que solicita-ram a atenção da instituição para com o idoso. Foi realizado então, em novembro daquele ano, o “I Seminário Regional da Terceira Idade”, que definiu

as estratégias de ação do projeto e, em 1991, deu-se início às atividades do Creati.

Um dos principais objetivos do Creati é realizar ações que ofereçam caminhos para

a promoção e a valorização do idoso em nossa sociedade. Vinculado à Vice-Rei-

toria de Extensão e Assuntos Comu-nitários, o centro debate e estuda questões envolvendo a velhice, por

foto: fAbiAno HoffmAnn

Dona Helena participa de aulas semanais de yoga

Logomarca dos 20 anos do Creati

foto: divulgAção / uPf

Dança chinesa é uma das oficinas oferecidas no centro

Diversos ritmos são apresentados pelo Grupo de Danças Bem Viver

foto: divulgAção / uPf

Aulas de Hidroginástica acontecem no Campus I da UPF

pág7maio/2010

AA UPF aderiu ao ProUni em 2005, e desde esse ano 5.420

alunos ganharam bolsas de 50% e 100% oferecidas

pelo programa. Somente no primeiro semestre de 2010 foram 1.061 ingressantes pelo auxílio

Do pórtico de entrada da UPF até a cerca que delimita a pequena propriedade rural, em Linha Napoleão, interior de Severiano de Almeida, onde moram os pais da acadêmica de Medicina Veterinária Jaqueline Nespolo, 19 anos, são exatamente 111 quilômetros. Nunca essa distância foi tão curta quando seu pai a levou na garupa de uma moto 125 cilindradas, em meados de 2008, até o Campus I da UPF, em Passo Fundo, para selar o ingresso ao Programa Universida-de para Todos (ProUni).

Esse foi exatamente o nono dia de orações de uma novena, em que sua mãe pedia a Nossa Senhora das Dores para a filha conseguir ingressar no benefício federal para educação de que a instituição participa desde sua cria-ção, em 2005. “Na noite quando ela ligou avi-sando que o nome estava na lista todo mundo chorou. A Jaque me deu um susto enorme, foi um dia em que tiramos um peso das costas que parecia não ter fim”, comenta Cleci Maria Nespolo, 47 anos, lembrando das caminhadas até a capela da santa com uma rosa para ofer-tar e um terço para guiar as orações.

Cleci e o marido, Carlos Luiz Nespolo, 50 anos, vivem da renda de sete vacas leiteiras, adquiridas há cerca de um ano, e da produção de soja e milho em 10 hectares. Mesmo com as adversidades enfrentadas na lavoura, o casal conseguiu economizar algum dinheiro que serviu para custear o curso e as despesas da filha apenas no primeiro semestre letivo. Quando o recurso acabou e a única opção seria trancar a matrícula, a jovem foi contem-

Novo perfil acadêmico

Com o surgimento desta nova categoria, o aluno universitário bolsista do ProUni, a pro-fessora do curso de Psicologia Maria Aparecida Tagliari Estacia se interessou por pesquisar a trajetória pessoal até a universidade, o processo de entrada, a integração à vida aca-dêmica e a perspectiva de vida destes univer-sitários. Dessa forma, desenvolveu a tese de doutorado em educação pela UFRGS “Alunos ProUni UPF: trajetórias, perspectivas/sentimentos e aproveitamento acadêmico”.

plada com o benefício. “Não teríamos o que fazer. A nossa única opção era parar o curso. Pensamos até em vender uma área de terra, mas isso não resolveria o problema”, conta Nespolo.

Toda essa dificuldade fez Jaqueline cres-cer. Com excelentes notas na classe, ela tem o brio dos vencedores. Vendo os pais conta-rem a história da família, ela também não consegue segurar a emoção. “No futuro quero poder retribuir a eles tudo o que fizeram por mim”, afirma a estudante, que recebe cerca de R$ 650 por mês dos pais para se manter e pagar o aluguel em Erechim, onde divide um modesto apartamento com a irmã, que tam-bém estuda com a ajuda de auxílio.

Mas essa luta por uma oportunidade de estudar e realizar um sonho não é exclusiva desta família do interior de Severiano de Almeida, no norte gaúcho. Pelo contrário, é a realidade de milhares de lares espalhados pelo Brasil. Com a criação em 2005 do ProUni, a UPF aderiu a essa política de inclusão social facilitando o ingresso de 5.420 alunos, com bolsas de 50% e 100% oferecidas pelo pro-grama. Somente no primeiro semestre deste ano foram 1.061 ingressantes pelo auxílio, alicerçando ainda mais o papel comunitário e filantrópico da instituição.

Uma oportunidade para toda a vida

fotos: jAques HiCkmAnn

Jaqueline (no centro) está realizando um sonho quase impossível

parecem reforçar as suas expectativas. Apenas dois sujeitos se identificaram como estudantes com dificuldades de aprendizagem. “Outros fatos foram apresentados de forma a acentuar outras qualidades, tais como a dedicação, a disciplina e a motivação familiar na conquista da escolarização superior. Essas influências parecem ter sido significativas para esses jo-vens chegarem à universidade”, afirma Maria Aparecida.

Tratamento exatamente o mesmo

O estudo também buscou saber qual é o sentimento dos alunos assistidos com o auxílio federal em relação aos demais acadêmicos. Essa etapa, bem como as demais, teve um grupo de estudantes que pagam normalmen-te as mensalidades como contraponto em relação às declarações dos beneficiados. “Os sentimentos não revelam nenhuma rejeição, apenas diferenças quanto a questões de or-dem cultural, visto que todos os entrevistados demonstram satisfação por se sentirem alunos universitários. Há um bom relacionamento com colegas, professores e funcionários, sem discriminação. São alunos iguais aos outros”, aponta a pesquisa.

Outra importante informação levantada é que esses bolsistas vão aos poucos construindo redes de relações e de ajuda entre eles. As di-ficuldades nas questões financeiras aparecem em quase todos os alunos dos cursos mais sele-tivos, com realidades diferentes, e nos outros cursos, visto que se faz necessária a existência de um trabalho paralelo para dar conta de ou-tras despesas geradas, como deslocamento das cidades vizinhas, materiais e alimentação.

Os resultados da pesquisaForam entrevistados 14 alu-

nos bolsistas ingressantes pelo Vestibular de Verão de 2005: de dois dos cursos mais procurados e de dois dos menos procurados daquele ano. Dos entrevistados, oito eram mulheres e seis eram homens, tendo suas idades entre 21 e 26 anos, todos com bolsa integral em situação de ativos e solteiros. As entrevistas foram realizadas entre os meses de julho e novembro de 2008.

A pesquisa evidenciou que para grande parte dos alunos há um significativo incentivo dos pais para os estudos. “A maioria dos pais destes alunos não possuía curso superior, o que nos faz perceber as suas tentativas e interes-ses em propiciar esta etapa da formação aos filhos, pelo fato de não terem tido oportuni-dade de cursar uma universidade por questões econômicas, por residirem no meio rural e pela distância geográfica das escolas. Os entrevista-dos referiram que a falta de estudos impediu aos seus pais a construção de uma qualidade de vida melhor”, explica Maria Aparecida.

Segundo ela, havia hipóteses de que os alunos bolsistas ProUni pudessem baixar o nível acadêmico das instituições. “Foram achados da-dos diferentes dos previstos. Os acadêmicos pes-quisados, em sua maioria, são muito dedicados e apresentam até, às vezes, as melhores notas das suas turmas. Eles enxergam nesta oportunidade uma chance para conseguir algo melhor para suas vidas no futuro”, explica a pesquisadora. De acordo com o levantamento, os estudantes que cursam as graduações que realmente gostariam de fazer têm um elevado desempenho, diferen-temente dos acadêmicos que conseguiram entrar pela segunda, terceira, quarta ou quinta opção quando realizaram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um dos balizadores para o ingresso ao ProUni. “Muitos desses alunos apenas não perderam a oportunidade de estudar de gra-ça, apesar de também estarem inseridos no ensino superior, o que também contribui para a formação social de todos eles”, explica a professora.

A tese revela que um elemento comum na trajetória escolar dos alunos entrevistados, com duas exceções, era a representação deles como bons alunos, tanto no meio familiar como no edu-cacional. O elemento definidor era o fato de terem sido alunos com bom desempenho escolar. Alguns revelaram o fato de estudarem há mais tempo, de terem obtido notas boas, de sempre terem bom de-sempenho na escola, nunca terem sido reprovados e considerarem-se inteligentes. Essas representações

Um futuro promissorEmbora alguns bolsistas — os que não consegui-

ram ingressar no curso realmente pretendido — não tenham grandes expectativas quanto à profissão

para o futuro, os demais estão apostando todas as fichas na graduação para melhorar de vida, junta-mente com as suas famílias. “Eles acreditam que o curso pode fazer a sua ascensão pessoal, por isso abraçam a oportunidade com toda a força. Nesses alunos o planejamento das suas atividades é de forma bem definida, com objetivos claros e concretos para seus destinos profissionais”, pontua a pesquisa-dora. Segundo ela, até mesmo os acadêmicos que não recebem a bolsa ficam impressionados com a garra e a determinação de alguns dos bolsistas, demonstrando o respeito mútuo entre todos.

Conforme Maria Aparecida, as universidades precisam estar preparadas para esse novo modelo de aluno, que não estaria no ensino superior sem o auxílio do ProUni. “As instituições de ensino superior comuni-tárias e particulares precisam entender e receber esses estudantes que mudaram o perfil do acadêmico que fre-quentava até então as universidades. Práticas utilizadas anteriormente terão de ser repensadas e algumas novas metodologias e procedimentos precisarão ser adotados. É preciso ter outras condutas com esses novos estudan-tes, que muitas vezes enfrentam dificuldades no seu dia a dia e ainda precisam estudar”, garante a professora e psicóloga Doutora em Educação. Ainda de acordo com ela, o crescimento de uma sociedade mais justa passa pela democratização da educação em todos os níveis educacionais.

Essa afirmação da docente é claramente vista no semblante da família Nespolo. “Quando eu era nova, não tive condições de estudar e prometi que faria o que precisasse para as minhas filhas não terem a mesma de-cepção. Tenho certeza que ela terá um futuro brilhan-te e será uma ótima profissional”, prevê dona Cleci, abraçada à filha Jaque.

Conforme o coordenador do ProUni na UPF, vice-reitor Administrativo Nelson Germano Beck, a institui-ção pode até ser um case (caso de sucesso) entre as universidades comunitárias de como agilizar um pro-grama federal para alavancar cursos que estavam com a demanda exaurida. “Estamos, com esse programa, cumprindo o compromisso social da UPF, facilitando a inclusão social de pessoas que talvez nunca pudessem ter acesso ao banco escolar universitário. É muito satisfatório para a equipe, que foi desbravando a legis-lação, o domínio das informações e das análises do-cumentais, fazendo com que os pais acompanhassem os filhos contemplados, comemorando a conquista, a luta por obter uma vaga na UPF”, ressalta Beck.

Ele também garante que a participação da UPF no ProUni contribui com a comunidade sob influência da universidade, que é em mais de 100 municípios. “Podemos dar a oportunidade para que pessoas se transformem em cidadãos, por meio do conheci-mento, da aprendizagem, o que deixa a todos nós tremendamente contemplados com a satisfação de missão cumprida, como participante de um processo de responsabilidade social do qual a UPF é o vetor de diferenciação da sociedade na transformação de pessoas”, conclui o coordenador do progra-ma na instituição.

Uma oportunidade para toda a vida

2005/01 - 283 2005/02 - 6

2006/01 - 260 2006/02 - 201

2007/01 - 676 2007/02 - 321

2008/01 - 705 2008/02 - 453

2009/01 - 9242009/02 - 530

2010/01 - 1.061

Alunos ingressantes ao ProUni pela UPF

Total = 5.420

pág9maio/2010

Professora Maria Aparecida é responsável pela pesquisa

pág10maio/2010

Agência experimental, o primeiro passo na carreira

T Criações de destaque

Chico Buarque e Gabriel García Márquez foram inspiração para um dos principais trabalhos da AgexPP em sua história. Em 2003, os esta giá-rios foram chamados para a produção de uma campanha de doações ao Comitê da Cidadania de Passo Fundo. O resultado foi tão positivo que a Secretaria Especial de Direitos Humanos, com status de ministério, escolheu a criação para ser veiculada nacionalmente no ano de 2006.

Gali-Leu, o gato protagonista de um dos principais programas infantis apresentado pela Globo internacional e produzido na UPF, e o Tchê Consumidor, personagem de uma revista em qua-drinhos do Balcão do Consumidor, também foram desenvolvidos na AgexPP. O volume de trabalho é intenso e compreende atendimento ao setor de marketing, unidades acadêmicas, semanas acadêmicas e logomarcas.

Função socialO papel social do profissional da Publicidade

e Propaganda também é aprendido na prática na AgexPP. E a atuação junto ao Corpo de Bombei-

ros de Passo Fundo é exemplo disso. Há quatro anos, o 7º Comando Regional dos Bombeiros procurou a agência a fim de fazer um trabalho preventivo diferencia-

do, que atingisse dois objetivos: trabalhar com a prevenção de acidentes de forma edu-cativa e auxiliar na diminuição de trotes. A campanha envolveu o redesenho do logoti-po, a criação de um mascote, o Bomberito,

e de um jogo educativo, o que ajudou a diminuir os trotes feitos pelas crianças e mudou

a receptividade do bombeiro na comunidade. Um novo trabalho está sendo criado pela agência, a

Bomberita, a mascote mulher dos Bombeiros.Para o bombeiro Rudinei Gedean da Silva,

aprender brincando é uma forma rápida e fácil de ensinar. “Ao invés de eu ensinar que a

criança não deve brincar com fogo, que não deve colocar o dedo na tomada, não deve passar trote

aos bombeiros, elas aprendem isso no jogo”, comenta. O projeto iniciou com 15 mil crianças,

passando a atender 40 mil e estimando superar 50 mil neste ano. Como o resultado foi positivo,

o trabalho foi oferecido para toda a região de abrangência do comando, o que contemplou uma

área de 118 municípios.

A supervisão que faz diferença

O coordenador do curso de Publicidade e Propaganda Olmiro Schaeffer é supervisor de direção de arte e foi es-tagiário da AgexPP na época em que era acadêmi-co. Pela vivência que tem na agência, ele entende como poucos o que ela representa. “Ela experi-menta a comunicação como se fosse um laborató-rio e, por estar dentro do curso, tende a ir além do mercado, a se libertar de algumas amarras ou alguns vícios do mercado”, considera.

A professora e supervisora da agência expe-rimental, Maria Goreti Betencourt, foi coorde-nadora do antigo Laboratório de Publicidade e lembra como o trabalho era feito. “O laboratório funcionava de uma forma muito artesanal. À medida que vieram os cursos de Comunicação, foi importante que se incorporasse esse antigo laboratório, criando uma agência experimental”, afirma. Na opinião dela, a agência contribui na formação do estudante, que faz na prática e na teoria tudo aquilo que aprende na faculdade. “Tem desafios que acontecem no dia a dia que não se prevê na sala de aula, só acontecem no mundo do trabalho”, considera.

Acadêmico sim, mas profissional

Quando a agência foi implemen-tada, a publicitária Aline do Carmo trabalhou na turma de estagiários, onde continuou até sua formação.

Comparando o antigo laboratório e a atual agência, Aline destaca muitas mudan-

ças, principalmente na parte de tecnologia. “A fotografia era revelada, tinha que ter filme, ver

se ficava bom. Hoje não, é tudo digital.”, lembra. Atualmente, Aline é diretora de arte na AgexPP e

docente no curso de Publicidade. A logomarca do Zoológico da UPF foi uma das criações da época

dela, que tem como destaque o mascote do Zoo, o porco-espinho.

O primeiro contato da acadêmica Regina Raber do 7º nível do curso de Publicidade com o

mercado profissional se deu no estágio na Agên-cia. Convites, folders, cartazes, spots, VTs, tudo

o que é criado, é de responsabilidade de Regina. “Estou aprendendo muito. Tudo o que eu sei de

mercado, criação, aprendi aqui na agência”, garante ela.

Eles ainda não se formaram, mas produzem campanhas vei-cula das nacionalmente. Fazem trabalhos experimentais, mas são cobrados como qualquer profissional de mercado. É esta a realidade vivenciada pelos estagiários da Agência Ex-perimental de Publicidade e Propaganda, a AgexPP. Criada em 2000 para atender às demandas surgidas com os cursos de comunicação, serve como prepa-ro profissional para muitos estudantes.

Na AgexPP, as atribuições são as mesmas de uma agência tradicional, com atividades de atendimento, planejamento, direção de arte, redação, produção eletrônica e mídia. O grande diferencial é que é um espaço de oportunidade, pois trabalha com alunos do curso que atuam numa estrutura que permite o diálogo e a inte-ração, principalmente no momento de criação. Desde a atividade inicial de contatar o cliente até a planilha de veiculação, o trabalho é desen-volvido pelos estagiários e supervisionado por professores.

Trabalho social da AgexPP mostra que a publicidade não apenas vende um produto, um serviço ou uma marca, mas pode promover ideias importantes

Trabalho junto ao Corpo de Bombeiros de Passo Fundo é exemplo da função social da AgexPP

fotos: AlessAndrA PAsinAto

Afixados na parede estão cartazes de criações re-presentativas para a Agência

Criações para o

7º Comando Regional dos

Bombeiros

Aluna espera continuar a pesquisa

O que aconteceu com os ratos

Durante cinco meses, no segundo semestre do ano passado, a professora Andrea Michel Sobottka, as acadêmicas da Farmácia Angélica Abido e Tatiele Zanandrea, a aluna da Biologia Samara Arsego Gua-ragni, além da docente Ana Cristina Vendrametto Giacomini estiveram realizando o estudo.

Foram empregados na pesquisa dois grupos de ratos, cada um com 10 elementos. Um deles bebeu infusão com erva-mate e o outro, apenas água, este atuando como controle. Todos eles puderam tomar à vontade durante 15 dias o que estava a sua disposição, sendo o líquido substituído diariamente. Logo após o período, os animais foram submetidos ao teste de ansiedade em um labirinto em cruz elevado. Observou-se que os dois grupos explora-ram da mesma maneira o ambiente, o que não era esperado em relação à ansiedade.

Após três dias de descanso, os ratos realizaram o teste de memória. Os grupos foram colocados numa caixa onde havia uma plataforma. No primeiro dia, todos desceram até esta plataforma e recebe-ram três pequenos choques. No segundo, somente o que ingeriu infusão com erva-mate não aprendeu e voltou a descer até a plataforma, enquanto o que bebeu água não se arriscou tanto. Os ratos são utili-zados por serem práticos para este tipo de pesquisa.

A rotina do mateNem experimente mexer na bomba do chimar-

rão do seu Orlei. Muito menos devolver a cuia sem roncar o mate. “Quem vem de fora (do estado) acha que é feio. Nada disso! Não fazer o mate roncar,

sem tomar tudo, isso sim é uma desfeita”, larga de sopetão, com o vozerão marcado no sotaque

gaudério. A roda de chimarrão tem regras. É o dono da casa que diz quando o mate inicia e quando

deve terminar. É pela pessoa que está à direita do anfitrião que começa a rodada e também é o pro-

prietário do local que enche a cuia. Se alguém se intrometer na roda, a sua vez é passada, como seu

Orlei diz: “O filador não tem vez”. Mas para ele a roda de chimarrão tem o poder de fazer novas ami-

zades e até de acalmar os ânimos e evitar rusgas. “É um remédio”, finaliza o tradicionalista.

pág11 maio/2010

Benefícios do chimarrão são contestados

PPesquisa realizada pela UPF aponta que infusão contendo erva-mate causou danos à memória de ratos e que não aumentou a ansiedade das cobaias

Sorver um mate não de-pende da hora, do lugar ou de quem oferece. O hábito de tomar chimarrão é tão peculiar no Rio Grande do Sul e por outras paradas que nem se pensa duas vezes antes de meter a mão no porongo cheio de erva-mate e saborear o amargor proporcionado pela tradicional infusão descoberta pelos índios guaranis. A bebida símbolo do estado é presença constante na vida dos gaúchos e também é tema de pesquisas nas academias sulinas.

Um estudo realizado por uma professora e alunas do curso de Farmácia da UPF resul-tou em informações que não condizem em nada com o que se imagina da bebida. Popu-larmente ela é estimulante - devido a conter cafeína – e, dessa forma, poderia contribuir com a memória e até provocar ansiedade. Mas, cientificamente, isso não ficou com-provado. Pelo contrário, o estudo apontou

que houve perda de memória e em nada foi afetada a ansiedade dos ratos utilizados no experimento. “Buscamos pesquisar uma

das plantas mais utilizadas popularmente pelas participantes da Pastoral da Saúde, em

Passo Fundo, contra depressão, transtorno de ansiedade e déficit de memória. Surpre-

endentemente, os resultados apontaram que a erva-mate, nas condições testadas, não é

benéfica em muitos desses casos”, afirma a acadêmica de Farmácia Angélica Abido.

Mesmo acreditando na ciência, o tra-dicionalista Orlei Vargas Carames é fiel às

propriedades medicinais do mate amargo. Pesquisador de trova e poesia, ele tem em

cada cuia uma pílula de remédio. “Respeito o estudo, mas o chimarrão tem um poder revigorante. Trabalhei 25 anos com con-

Professora afirma que estudo deve ser ampliado para obtenção

de mais dados convincentes

fotos: jAques HiCkmAnn

Tradicionalista acredita no poder medicinal e psicológico do mate

tabilidade e nunca me esqueci de nada por causa do mate”, garante Carames, debruça-do sobre dois livros relacionados à história e à lenda do chimarrão. Segundo ele, quando ingere regularmente a bebida, seu aparelho digestivo funciona muito melhor.

A pesquisa não trata das questões relacionadas à digestão, mas o mate tem, comprovadamente, cafeína, que é estimulan-te. Extratos de plantas vêm sendo utilizados no tratamento de patologias que afetam o sistema nervoso central há muito tempo. Muitos, no entanto, não passaram por testes que comprovem seu efeito. A conclusão do estudo é clara, garantindo que a erva-mate não provocou nenhuma alteração significativa nos níveis de ansiedade dos animais, contra-riando expectativas iniciais. Por outro lado, houve um déficit de memória com o trata-mento realizado. “Num levantamento biblio-gráfico descobrimos que a Ilex paraguariensis (nome científico da erva-mate) não havia sido testada nessas condições”, comenta a professora responsável pela iniciativa, Andréa Michel Sobottka, em relação ao ineditismo do conteúdo.

Ao longo dos seus 64 anos, dos quais, 52 dedicados às raízes do povo gaúcho, Carames transpira tradicionalismo. De lenço, botas e bombacha, sentado num pelego branco e sa-boreando o mate, ele entende que as vanta-gens do chimarrão estão também ligadas aos costumes e ao imaginário de quem o toma. “Conheço peão que não consegue montar o cavalo se não mateia”, garante o funcionário público aposentado.

Apesar dos questionamentos, o estudo seguiu rigorosos métodos de pesquisa e seus dados foram enviados ao Congresso Pan-Americano de Farmácia, que será realizado em maio em Porto Alegre. “Pudemos adquirir conhecimento da prática em um laboratório, nos aperfeiçoando com os aparelhos e ainda aplicar as técnicas de pesquisa”, comemora a acadêmica. De acordo com a professora, os dados encontrados com a utilização dos ratos servem como parâmetro, mas não se pode afirmar que o mesmo acontece em se-res humanos. “O resultado nos surpreendeu e, com isso, esperamos ampliar a pesquisa e, quem sabe, utilizar voluntários para aprimo-rar a descoberta”, pontua Andrea.

U

Marque um golaço na sua carreira

UPF lança temporada 2010 dos cursos de especialização e aposta em projeto novo: a Central de Oportunidades

de trabalho”, argumenta Hugo Tourinho, lembrando, todavia, que o local não será uma central de empre-gos. “Sabemos, em razão das pesquisas de mercado, que entre os fatores principais que levam o profissional a buscar os cursos de especialização da UPF está a rede de relacionamentos. A Central de Oportunidades vem para oficializar nosso compromisso com esta demanda”, explica.

Visando à implementação da Central de Oportunidades, ainda no primeiro semes-tre deve ser colocado em operação um softwa-re para receber os cadastros dos currículos dos interessados. O mesmo software estará disponível para que as empresas cadastrem vagas disponíveis. Con-comitantemente, está sendo preparado um espaço físico para atender ao público interessado e, por último, estão previstas as dinâmicas relacionadas às competências.

Especialização UPFEmpresas e pessoas investem cada vez mais no apri-

moramento profissional como diferencial no mercado de trabalho. A UPF, além de cursos de graduação respeitados, mantém programas de pós-graduação de excelência nas diversas áreas do conhecimento. Corpo docente qualifica-do, disciplinas em sintonia com a atualidade e estrutura física moderna são algumas características que a institui-ção oferece a quem busca profissionalizar-se, seja para o trabalho em empresas ou instituições públicas e privadas, seja para a área acadêmica ou da pesquisa.

Para este ano de 2010, são diversos os cursos de espe-cialização ofertados, sendo alguns com turmas já fechadas e aulas em andamento, e outros, com inscrições abertas. “Teremos cursos sendo oferecidos durante todo o ano, não em datas específicas, mas integrando o que chamamos de fluxo contínuo”, pontua Hugo Tourinho Filho. Ele observa que estão tramitando junto à Divisão de Pós-Graduação diversos projetos e esses novos cursos devem ser ofertados nos próximos meses.

A campanha de mídia 2010 dos cursos de especialização foi desenvolvida pela agência Matriz, de Porto Alegre, e associa o tema carreira profissional com a Copa do Mundo, que acontece neste ano, resultando assim no slogan “Mar-que um golaço na sua carreira, faça os cursos de especiali-zação da UPF – seu ponto de encontro com o sucesso”.

Atualmente, a UPF possui mais de 50 cursos de espe-cialização em andamento, contemplando as mais diversas áreas do conhecimento. Todas as informações referentes a este assunto podem ser encontradas no site www.upf.br/pos ou pelo telefone (54) 3316-8372.

De um lado, empresas em busca de profissionais cada vez mais especializados. De outro, profissionais ávidos por uma boa colocação no mercado de traba-lho. O desafio: fazer com que ambos possam interagir. Justamente pensando nessa integração entre o mundo do trabalho e seus acadêmicos, a UPF está colocando em prática, a partir deste semestre, um projeto inédito, inicialmente destinado ao público dos cursos de especializa-ção, mas que pretende abranger todos os alunos da instituição. É a Central de Oportunidades, lançada à comunidade no mês de março e que evidencia a preocupação da instituição com a questão da empregabilidade.

Já em desenvolvimento, a iniciativa prevê auxiliar desde a orientação até o encaminha-mento às empresas. Para isso, o setor deve realizar o aconselhamento de carreiras, sobre primeiro estágio ou emprego, identificação de oportunidades profissionais, cursos sobre os temas carreira e empregabilidade, de prepara-ção para entrevistas de emprego e dinâmica de grupo, auxílio na formação de rede de relacio-namento profissional, realização dos trâmites le-gais para regularização de estágios e cadastro de currículos e de ofertas de estágios e empregos.

De acordo com o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Hugo Tourinho Filho, a UPF ofe-rece cursos de excelência e forma profissionais especializados para atuar em um mercado de trabalho em constante transformação. Mas isso não basta, segundo ele. “Estamos preocupados com a colocação dos nossos alunos no mercado

Arte da campanha dos cursos de especialização

pág12 maio/2010

Aproveitar espaços e obter mais rendimento

Pesquisa aponta produção consorciada de figo e mirtilo com morango como alternativa para aumento de

rentabilidade em ambientes protegidos

P

Se o desafio imposto à agricultura é produzir mais alimentos, com qualidade,

sustentabilidade e, muitas vezes, em espa-ços limitados, tornam-se fundamentais os

investimentos em pesquisa e inovação. O curso de Agronomia da UPF tem tradição nesta área. Algumas

das principais técnicas utilizadas e mesmo cultivares plantados em todo o sul do país foram experimentados ou desenvolvidos

aqui. Com relação às plantas frutíferas o pioneirismo também é destaque.

Depois de estudarem a produção de culturas como figo, morangueiro e mirtilo de forma isolada, com o propósito de avaliar cultivares, produção em

substrato – no caso do morangueiro-, ampliar o pe-ríodo de colheita e obter alto rendimento com quali-

dade dos frutos em ambientes protegidos e, portanto, livres das adversidades climáticas, os pesquisadores agora testam a produção consorciada das três frutas. À frente do estudo, os professores Eunice Oliveira Calvete e Alexandre Augusto Nienow partiram da hipótese de que era possível aumentar a rentabilidade dos produtores e diminuir o custo de implantação e manutenção da estrutura protegida.

Nienow possui experiência na produção de figos em ambiente protegido desde 2000. A intenção do pesquisador é a produção da fruta in natura, justa-mente porque o figo é bastante suscetível a geadas e apresenta perdas significativas por podridão em anos chuvosos. Com uma estufa agrícola de teste para a produção das frutas, ele implantou uma área de figueiras Roxo de Valinhos, variedade que se adapta a espaço reduzido, e conseguiu ampliar o período de colheita dos figos maduros, tanto para que começassem a produzir mais precoce-mente, quanto para que fossem colhidos até mais tarde.

Diferentes variedades de mirtilo também já foram testadas por Nienow. As pesquisas, desenvolvidas desde 2005, consideram as características da fruta, que é um arbusto, portanto, de pequeno porte, e o ren-dimento para o produtor. “O mirtilo é encontrado no mercado, na forma in natura, a preços que podem chegar a R$ 50 ao quilo para o consumidor. Para o produtor o valor pago varia de R$ 12 a R$ 16, ou seja, tem bastante valor agregado”, explica o pesquisador, salientando o potencial da fruta na prevenção do câncer e no combate ao envelhecimento.

A produção de morangos também já vem sendo estudada de forma singular pela professora Eunice Calvete. Por mais que o cultivo do fruto em ambientes protegidos já seja uma tecnologia adotada no sul e sudeste do país, região mais propícia para o seu cultivo, os esforços de pesquisa concentraram-se na busca por maior qualidade, produ-tividade e frutos com sabor mais doce. A ênfase tem sido o cultivo fora do solo, ou seja, em sacolas com substrato e fertirrigação adequada de acordo com a fase de desenvolvimen-to e a justificativa é a elevada renda por área que a fruta pode gerar ao produtor.

E foi este histórico de experiências que deu a base para que uma inovação fosse buscada: aliar o plantio da figueira e morangueiro ou mirtilo com em uma mesma estufa, e ao mesmo tempo, diminuir os custos de manutenção e ampliar a rentabi-lidade do produtor. “Manter a estrutura de uma estufa para produzir figos, onde se utilizam espaçamentos grandes entre plantas, tem um custo alto. Então, pensamos em algo que pudesse ser plantado no meio das fruteiras e que, mesmo necessitando de um investimento para o plantio, pudesse dar um retorno maior ao produtor, além de produzir fruta o ano todo na mesma estufa, coisa que com apenas uma cultura não é possível”, explica Nienow, enfatizando que este processo é chamado consor-ciação.

Espaço aproveitadoComo o manejo de mirtilo e figo em ambiente protegido não é meca-

nizado, é possível plantar essas fruteiras com espaçamento de aproxima-damente dois metros entre cada fileira. E foi nestes pequenos espaços, entre as fruteiras, que o morangueiro foi plantado. Ao lado de cada fileira de mirtilo ou figo foram inseridas duas filas de morangueiros em bolsas plásticas preenchidas com substrato específico, no chão, com irrigação e adubação independentes. “Estamos avaliando se o sombreamento, à medida que as plantas de figo e mirtilo vão crescendo, pode prejudicar a produção de morangos, se a radiação interfere na produtividade, além de estarmos avaliando as cultivares que mais se adaptam a esse sistema de consorciação”, esclarece Eunice.

Colheita o ano todoAntecipar os períodos de colheita e prolongá-los, além de não perder

frutos em função das adversidades climáticas e produzir na entressafra. A produção consorciada apontou que, além de mais sustentável, a estufa fica com capacidade de produzir frutos durante praticamente todo o ano: de janeiro a abril foi colhido figo; de novembro a março, o mirtilo; e os mo-rangueiros produziram de julho a janeiro. O figo maduro chega a produzir 40 toneladas por hectare e os morangueiros podem render 1,2 quilo por planta nos cinco meses de colheita. “Em uma estufa de 500 metros quadrados, pode-se ter entre 6 e 8 mil plantas”, lembra Eunice.

“Com as cultivares que plantamos hoje, ficamos com maio e junho sem produção, mas estamos experimentando outras que poderão vir a preencher também estes meses”, explica Nienow.

O projeto de produção de frutas em ambiente protegido teve início com recur-sos destinados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia ao Polo de Metal Mecânica e

Alimentos. Durante sua trajetória, contou também com verbas da Fapergs, CNPq e da própria universidade, além de novas

contribuições do polo. Para a realiza-ção de todas as pesquisas os profes-sores lembram que é fundamental o

envolvimento dos estudantes de Agro-nomia, tanto de graduação quanto do mestrado ou doutorado.

A professora Eunice, no centro, e o grupo de estudantes envolvidos na pesquisa

Diminuição do custo de manutenção e produção no ano todo foram resultados obtidos

Nienow possui experiência na produção de figo e mirtilo em estufas

fotos: fAbiAno HoffmAnn

foto: divulgAção/uPf

pág13 maio/2010

pág14 maio/2010

Festival de Cinema tem literatura

como inspiração

Expectativa da instituição é

realizar outro grande processo

seletivo

A UPF já definiu a data para realização do próximo processo seletivo. O Vestibular de Inverno 2010/02 está marcado para o dia 26 de junho, sábado, às 14h, na estru-tura multicampi. A novidade desta edição fica por conta do curso de Medicina, oferecido pela primeira

vez no Vestibular de Inverno. Serão disponibilizadas 40 vagas. Todos os detalhes referentes aos demais cursos oferecidos e datas de inscrição estarão disponíveis nos próximos dias no site http://vestibular.upf.br. A UPF disponibiliza igualmen-te aos interessados o Disque-Vestibular - 0800 701 8220.

Defesa do consumidor garantidaTransferir ao consumidor o ônus do custo da cobrança dos boletos

bancários e exigir tempo mínimo de abertura da conta bancária para a aceitação de cheques na compra de produtos e serviços são consideradas práticas abusivas nas relações de consumo em Passo Fundo. Estas e outras questões de interesse local são regidas agora pelo Código de Defesa do Consumidor de Passo Fundo, Lei Complementar nº 222 de 16 de janeiro de 2009 e legislação correlata, que foi lançado no mês de março, na Faculdade de Direito da UPF. A iniciativa torna a cidade pioneira no país a ter um Código Munici-pal de Defesa do Consumidor.

A trajetória para se chegar à publicação do Código começou ainda em 2006, por ocasião da inauguração do Balcão do Consumidor, projeto de extensão da UPF, quando o ministro do Superior Tribunal de Justiça Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin lançou o desafio. Em abril de 2007, formou-se uma comissão entre o Executivo Municipal e a Faculdade de Direito da UPF para a elaboração da lei municipal. Este grupo foi formado por professores da universidade e profissionais na Procuradoria Ge-ral do Município e da Secretaria Municipal do Planejamento. Após a aprovação em dezembro de 2008 pela Câmara de Vereadores, a nova legislação foi sancionada em janeiro de 2009 pelo prefeito Airton Dipp.

O Código Municipal trata de assuntos de interesse local que não estão contemplados no Código Nacional e, além disso, disciplina todo o sistema muni-cipal de defesa do consumidor. Iniciativas semelhantes começam a ganhar força na região. Em Lagoa Vermelha, já foi aprovada uma lei pela Câmara de Vereadores para a cidade igualmente dispor de um código. Em Soledade, já iniciaram tratativas acerca do assunto.

Em Passo Fundo a publicação, que já está à disposição da população, é mais uma iniciativa do Balcão do Consumidor e conta com recursos da Procuradoria da República. Os organizadores são os professores da Faculdade de Direito da UPF Rogerio da Silva e Liton Lanes Pilau Sobrinho.

Lançamento da publicação teve a presença de autoridades e convidados

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foto: CristiAne sossellA

foto: Arquivo/uPf

Lançamentos da UPF Editora

Educação matemática: processo de pesquisa no ensino fundamental e médio

Organizadora: Neiva Ignês Grando

Peões, vaqueiros & cativos campeiros: estudos sobre a economia pastoril no Brasil – Tomo I

Organizadores: Mario Maestri, Maria do Carmo Brazil, Solimar Oliveira Lima

Informações sobre estas ou outras publicações da UPF Editora podem ser obtidas pelo telefone (54) 3316-8373, pelo e-mail [email protected] ou no site www.upf.br/editora.

ao júri, em noite de gala, será no dia 12 de maio, às 20h, no Centro de Eventos da UPF.

O ponto de partida para as produções neste ano são os textos literá-rios “O caso da vara” de Machado de Assis, “No retiro da figueira” de Moacyr

Scliar, “Jogo do osso” e “Melancia coco-verde” de João Simões Lopes Neto, “Hombre” de Sérgio Faraco e “Pomba enamorada” de Lygia Fagundes Telles.

Serão, portanto, seis curtas concorrendo aos prêmios.O corpo de jurados será formado por profissionais e artistas de renome

e as categorias que serão premia-das são: Melhor Filme, Melhor

Atriz, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coad-

juvante, Melhor Figurino, Melhor Direção e Melhor Sonoplastia. O

público também fará sua votação e escolherá o filme mais popular.

Uma mostra estudantil competitiva de curtas chega à terceira edição no Centro de Ensino Médio

Integrado UPF. É o III Festival de Cinema Integrado, idealizado com o objetivo de aproximar os alunos da leitura de obras da literatura brasileira.

Os alunos já estão organizando as produções, fazendo a leitura, adaptação, encenação

e filmagem. A apresentação ao público e

Vestibular de Inverno tem novidades

RReformas completas no CET e IFCH foram apresentadas oficialmente à comunidade

Prédio do CET conta com laboratórios de ponta para atender cursos em andamento

Novos espaços qualificam atividades acadêmicas

fotos: fAbiAno HoffmAnn

Simpósio Internacional Estados Americanos O Programa de Pós-Graduação em História

da UPF realiza a quinta edição do Simpósio Inter-nacional Estados Americanos: o Bicentenário das Independências (1810-2010). A proposta toma como pon-

to de partida o bicentenário da Revolução de Maio de 1810, em Buenos Aires, para refletir sobre a trajetória dos Estados e das populações americanas, especialmente do Cone Sul do

continente. O evento acontece nos dias 8, 9 e 10 de junho na UPF. A organização conta com a colaboração da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Universidade de

Brasília. O seminário tem por objetivo reunir profissionais para discutir a temática geral do

evento e apresentar suas pesquisas. Objetiva também criar um espaço para a formação e ampliação de redes de pesquisadores, bem como possibilitar o contato entre pesquisadores

seniores, mestrandos e doutorandos, bolsistas de iniciação científica e alunos de gradua-ção.

Todas as informações sobre o simpósio, programação e ficha de inscrição podem ser encontradas no site do evento no endereço www.upf.br/siea.

Os investimentos em infraestrutura, com a intenção de qualificar o aprendizado e as atividades acadêmicas, são levados a sério na UPF. Prova disso é que na última visita da comissão do MEC, que avaliou a instituição em relação ao recredenciamento, o item ganhou nota máxima 5 (numa escala de 1 a 5), tendo o MEC considerado que, “com relação à infraestrutura física e ao que a comissão observou in loco, a IES apresenta um quadro muito além do que expressa o referencial mínimo de qualidade”. Atenta à demanda por espaços, que cresce cada vez mais com o aumento de alunos, a UPF inaugurou, neste mês de abril, a reforma e a ampliação de novos prédios.

Criado recentemente, para atender à modalidade de cursos de formação tecnoló-gica, o Centro de Educação em Tecnologia, prédio B3, antigo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, recebeu reforma interna e modernização de fachadas, num inves-timento de cerca de R$ 413 mil. O local abriga os cursos superiores de tecnologia em Estética e Cosmética, Produção de Vestuário, Design de Moda e Design Gráfico. A área, de 2.130,24 m², contempla espaço para convivência, laboratório de corte e cabelo, laboratório de maquiagem, ateliê de modas, sala de vídeo e design, sala têxtil, sala de modelagem corte e risco, sala de desenho de moda, sala de costura, vitrine, 10 salas de aula, sala de desenho, auditório com capacidade para 160 pessoas e espaços administrativos.

Os cursos de graduação em História, Secretariado Executivo, Letras, Filosofia e Psicologia, além de especializações e dos mestrados em Letras e História, também contam com novos espaços. O prédio B4, antigo Instituto de Ciências Biológicas, foi totalmente reformulado e hoje abriga o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. A área construída, de 3.054,55m², abriga área de convivência, área administrativa, diretório acadêmico, Secretaria Júnior, auditório, Sala de Gesell e mais de 20 salas de aula. O investimento no local foi de mais de R$ 216 mil e compreendeu ainda um novo acesso da praça interna da quadra B.

Brinquedoteca – o mundo mágico da brincadeira

Um ambiente que congrega e articula ações relacionadas com o brincar foi inaugurado neste mês de abril na UPF. É a Brinque-

doteca, prédio anexo à Faculdade de Educação que tem área construída de 285,03m², dividida em dois pavimen-tos. O espaço, também denominado de Laboratório de Pesquisa e Apren-dizagens Lúdicas, é destinado ao desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão na área da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental.

A Brinquedoteca da UPF contem-plará espaços para oficinas, ateliês, jogos dramáticos, jogos simbólicos, jogos eletrônicos, literatura infantil, música, brinquedos para o desen-volvimento sensorial, motor, para atividades físicas, desenvolvimento inte lec tual e afetivo, entre outros. Está prevista também a organização de espaços externos que proporcionam o contato com a natureza e ampla movi-mentação corporal.

Mobiliário, acervo de brinquedos e materiais didáti-cos, totalmente adaptados às necessidades de uma brinquedoteca, deverão ser adquiridos em breve

Reforma completa foi feita no prédio B4

pág15 maio/2010

Guardião do patrimônio natural da região

A

exemplar número 10 mil no Herbário RSPF,

referência nacional para consulta em botânica.

Em abril de 2010, data da inauguração da nova infraestrutu-

ra, o Muzar passa a propiciar uma interação cada vez maior com a comunidade. O novo prédio, no Campus I, foi construído especifi-

camente para abrigar o acervo do Muzar, o que permitiu ampliar em mais de 100 m² o espaço e melhor acomodar as coleções, que já somam cerca de 25 mil peças entre material zoológico, botânico, geológico e paleontológico.

Mas as atividades vão além da guarda desse material. Contemplam

projetos, entre eles, a Trilha Perceptiva, que retrata diferentes ambientes naturais, cultu-rais e tecnológicos; a Sala Verde Itinerante e as interações com escolas, ONGs, Ministério Público e do Meio Ambiente, Sistema Estadual e Brasileiro de Museus e prefeituras.

O Muzar em sua essência

A principal finalidade do Muzar é trabalhar a educação museológica e ambiental. Para a responsável técnica Flávia Biondo da Silva, a educação ambiental transformou os princí-pios do Muzar, que é hoje um local dinâmico e está sempre ampliando as possibilidades de interação com a comu-nidade. “Trabalhamos flora e fauna da região, colocando a importância dos ecossistemas que mantêm a biodiversidade. Queremos mostrar

às pessoas a importância que isso tem para manter a vida do planeta”, justifica.

Uma das ações educativas desenvol-vidas pelo Muzar é a visitação, atividade realizada pelas turmas do programa Aprendiz Legal, de Passo Fundo, um projeto

do CIEE que envolve jovens de 14 a 24 anos em busca do primeiro emprego. De acordo com a instrutora do programa Roberta Dágostini, o contato facilitou o crescimento pro-fissional dos aprendizes. “As turmas ficaram impressiona-das com a beleza dos ani-mais empalhados e com os cuidados para que possam

ficar intactos”, considera. A Trilha Perceptiva foi um dos serviços utilizados. “Nela pudemos trabalhar o eu interior, o que somos e o que estamos buscando”, conta. Mas a visita ainda vai render muito apren-dizado. “Montaremos um amplo projeto sobre o meio ambiente junto ao programa Aprendiz Legal e poderemos usufruir o material e as explicações adquiridas no Muzar para ampliar o conhecimen-to”, destaca.

Selos, carros anti-gos, moedas e discos de vinil são colecionados por pessoas em todo o mundo. Mas o engenheiro agrônomo Antonio José Dal’Maso organizou uma coleção inusitada. O início de tudo foram os anos 1970, tempo em que pouco se falava sobre um mundo sustentável ou mesmo sobre a importância de preservar a biodiversidade. Nesta época, o então estu-dante de ensino médio coletou, identificou e montou em caixas de madeira uma coleção de lepidópteros, ou borboletas, como são conhe-cidas popularmente. O trabalho foi premiado na primeira Feira Regional de Ciências e rendeu-lhe uma bolsa de estudos no Curso de Ciências Naturais da Faculdade de Filosofia da UPF. Em 1973, a coleção foi doada à UPF, com-plementando o acervo do Museu Laboratório, que posteriormente se transformou no Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (Muzar). Trinta e cinco anos depois, o local é um dos guardiões do patrimônio natural da região.

A história do Muzar se desenvolveu ao longo dos anos graças ao trabalho coletivo. No início, professores de diversos cursos da instituição aproveita-vam suas viagens para coletar materiais. As fases e temáti-cas que marcaram a história iniciaram na época do Museu Laboratório, passaram para a fase do museu e a comunidade, o museu e a educação ambiental e, atualmente, o museu percepção e interação. Essas fases são apresentadas atualmente na exposição de longa duração “Muzar conta sua história”. Um importante passo para a consolidação do tra-balho foi dado em 2005, quando se registrou o

Técnica a serviço da conservação

Para conservar o acervo, as técnicas foram sendo aperfei çoa das. Na época de Dal’Maso, os vegetais eram armazenados em solução que permitia conservar a maioria das cores ou anomalias, doença de plantas. Hoje os materiais são coletados em razão de proje-tos de pesquisa ou por profissionais licenciados

para tal. “É preciso estar cadastrado no Ibama e seguir normas para fazer a

coleta e a conservação de plantas e de animais”, esclarece Flávia.

Um dos procedimentos utilizados para a conservação de mamíferos é a taxidermia, ou empalhamento. “O processo consiste em retirar a

pele, conservar o crânio e parte das patas e montar o corpo com arame, algodão, serragem e palha de

madeira. A pele é curtida com produtos especiais e, então, o animal é remontado”, observa Flávia.

De acordo com ela, o museu tem uma interação estreita com o curso de Ciências Biológicas, desde o tempo em que se chamava curso de Ciências Naturais. “São os acadêmicos que mantêm o museu funcionando, e isso contribui muito na formação deles”, observa, lembrando que os alunos ajuda-ram a reconstruir a história do museu, organizam, pensam e executam os projetos colocados em prática.

Ao completar 35 anos, Muzar comemora

inauguração da nova estrutura

Olhos ven-dados, pés descalços e guiados por uma corda, visitantes aproveitam a Trilha Perceptiva para sentir ambientes desconhe-cidos

Foto

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fotos: AlessAndrA PAsinAto

Aproxima da men te 25 mil peças constituem o acervo zoológico, botânico, geológico e paleontológico

O reitor Rui Getúlio Soares e o vice-presidente da FUPF, Adriano

Teixeira, des-cerraram a placa comemorativa à inauguração do

novo prédio

Site interativo e visitaçãoO Muzar possui um site interativo - www.upf.br/

muzar. No endereço, além de informações, é possível fazer agendamento on-line de visitas, que são gratuitas e complementadas por ações educativas. Essas ações integram o visitante à exposição com orientações metodológicas, mostra de vídeos, pesquisa biblio-gráfica com disponibilidade do acervo da Sala Verde Itinerante para estudos escolares, de formação e por curiosidade.

O museu fica aberto de segunda a sexta, nos tur-nos da manhã, tarde e noite. As escolas ou grupos que desejarem agendar visita, além do site, podem entrar em contato pelo telefone (54) 3316-8316.