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ESTUDO Câmara dos Deputados Praça dos Três Poderes Consultoria Legislativa Anexo III - Térreo Brasília - DF O DESAFIO DA APLICAÇÃO DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo Consultora Legislativa da Área XI Meio Ambiente e Direito Ambiental, Desenvolvimento Urbano e Regional ESTUDO SETEMBRO/2013

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ESTUDO

Câmara dos Deputados Praça dos Três Poderes Consultoria Legislativa Anexo III - Térreo Brasília - DF

O DESAFIO DA APLICAÇÃO

DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo Consultora Legislativa da Área XI

Meio Ambiente e Direito Ambiental, Desenvolvimento Urbano e Regional

ESTUDO

SETEMBRO/2013

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2

SUMÁRIO

1. A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E A LEI Nº 12.305/2010............................... 3

2. OS ATOS REGULAMENTARES ................................................................................... 5

3. OS ENTES COLEGIADOS ........................................................................................... 18

4. O PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................... 21

5. A APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA ............................................................. 28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 30

REFERÊNCIAS/PÁGINAS ELETRÔNICAS DE INTERESSE ..................................... 32

© 2013 Câmara dos Deputados.

Todos os direitos reservados. Este trabalho poderá ser reproduzido ou transmitido na íntegra, desde

que citados(as) o(a) autor(a) e a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. São vedadas a

venda, a reprodução parcial e a tradução, sem autorização prévia por escrito da Câmara dos

Deputados.

Este trabalho é de inteira responsabilidade de seu(sua) autor(a), não representando necessariamente a

opinião da Câmara dos Deputados.

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O DESAFIO DA APLICAÇÃO

DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo

1. A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E A LEI Nº 12.305/20101

A gestão dos resíduos sólidos coloca-se entre as atribuições comuns

de União, Estados, Distrito Federal e Municípios2

, mas é entendida no País como tarefa

sobretudo das municipalidades, que controlam os serviços de limpeza urbana e manejo de

resíduos sólidos urbanos, considerados historicamente como de predominante interesse

local3

.

O governo federal, até pouco tempo atrás, dedicava pouca atenção a

esse assunto. Há registros de algumas iniciativas, com recursos escassos4

. A atenção do

governo central sempre esteve mais direcionada aos serviços de água e esgoto do que à

gestão dos resíduos sólidos. Sequer há dados consistentes sobre a real situação dos resíduos

sólidos no Brasil (ARAÚJO; JURAS, 2011, p. 22-25). Na esfera da legislação, não havia, até

2010, lei de aplicação nacional com regras sobre a gestão dos resíduos sólidos5

.

O processo legislativo que gerou a Lei nº 12.305/2010, que trata da

Política Nacional de Resíduos Sólidos, iniciou-se em 1989, com uma proposta no Senado

Federal dispondo exclusivamente sobre os resíduos hospitalares. Encaminhado à Câmara

dos Deputados em 1991, ao longo dos anos foram apensadas mais de 150 proposições

legislativas no processo6

.

1

Os comentários desta primeira seção introdutória são oriundos da tese de doutorado da autora. Ver:

ARAÚJO, Suely M. V. G. Política Ambiental no Brasil no Período 1992-2012: Um Estudo Comparado das

Agendas Verde e Marrom. Tese (doutorado em ciência política) – Instituto de Ciência Política, Universidade

de Brasília, Brasília. 2013. Disponível em: http://www.researchgate.net/profile/Suely_Araujo/

2

Ver o art. 23, caput, incisos VI e IX, da Constituição Federal.

3

Ver o art. 30, caput, inciso V, da Constituição Federal.

4

Programa Brasil Joga Limpo, relativo ao Plano Plurianual (PPA) 2000-2003 e Programa Resíduos Sólidos

Urbanos, incluso no PPA 2004-2007 e no PPA 2008-2011.

5

As normas urbanísticas e ambientais estão no âmbito da legislação concorrente (art. 24 da Constituição

Federal) e podem ser editadas pelas diferentes esferas de governo.

6

Ver o processo do PLS nº 354/1989 no Senado Federal e do PL nº 203/1991 e apensos na Câmara dos

Deputados.

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4

Esses projetos de lei dispunham sobre questões variadas relativas à

gestão dos resíduos sólidos, desde as mais abrangentes, com propostas de uma política

nacional, até as específicas sobre pilhas e baterias, pneus usados, embalagens, reciclagem,

importação de resíduos e outros tópicos. Entre os assuntos que geraram maior polêmica no

processo, destacam-se a responsabilidade pós-consumo do setor produtivo, a possibilidade

ou não de importação de resíduos e a incineração.

Pela lógica da responsabilidade pós-consumo, os fabricantes de

produtos e embalagens devem responsabilizar-se pelo ciclo integral daquilo que colocam no

mercado e seus efeitos sobre o meio ambiente. Concretamente, o fabricante passa a ter de

assegurar o recolhimento de determinados produtos e embalagens após o uso pelo

consumidor e, cabe destacar, garantir também a destinação ambientalmente correta do que

recolher. As normas sobre a responsabilidade pós-consumo por vezes envolvem

expressamente os comerciantes e os próprios consumidores, como forma de viabilizar a

logística reversa, o sistema de retorno aos fabricantes.

Por muitos anos, representantes do setor empresarial externaram

restrições à inserção em lei da responsabilidade pós-consumo e da logística reversa. O

consenso técnico e político nesse assunto específico foi viabilizado mediante a construção

do conceito de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A partir

desse conceito, entende-se que as obrigações nesse sentido não se esgotam na

responsabilidade pós-consumo do setor produtivo, e englobam fabricantes, importadores,

distribuidores e comerciantes, assim como os consumidores e os titulares dos serviços

públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.

Um elemento interessante presente na Lei nº 12.305/2010, pouco

divulgado, é a possibilidade de que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes

participem das ações previstas no plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos,

mediante acordos ou termos de compromisso firmados com o município, no caso de

produtos ainda não inclusos no esquema da logística reversa7

. A responsabilidade pós-

consumo, assim, é mais ampla do que os sistemas de logística reversa.

Deve ser dito que, até a aprovação da Lei nº 12.305/2010, as poucas

normas de cunho nacional específicas sobre a gestão dos resíduos sólidos encontravam-se

essencialmente em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em sua

maior parte com problemas graves de eficácia em sua aplicação. Além delas, havia as

disposições sobre os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos

constantes da Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico).

7

Ver o art. 31, caput, inciso IV, da Lei nº 12.305/2010.

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5

Enquanto etapa de formulação da política pública, a Lei nº

12.305/2010 pode ser considerada uma mudança paradigmática, especialmente em face da

situação anterior de quase ausência de normas legais sobre o tema que tivessem aplicação

nacional. Estruturou-se um arcabouço legal novo e amplo para essa área de políticas

públicas. A lei aprovada inclui a base normativa de planos de gestão de resíduos a serem

formulados e implementados pelas diferentes esferas de governo, a lista de empreendedores

sujeitos a planos de gerenciamento de resíduos sólidos no âmbito do licenciamento

ambiental, normas específicas sobre os resíduos perigosos, regras básicas sobre a

responsabilidade pós-consumo e a logística reversa e outras.

A etapa de implementação da lei ainda dá seus passos iniciais. De

toda forma, como o próprio texto da Lei nº 12.305/2010 inclui exigências a curto prazo,

como a elaboração dos planos de resíduos sólidos pelos entes federados e a eliminação, até

agosto de 2014, dos muitos “lixões” existentes no País, já se podem analisar os esforços em

curso e parte dos desafios que se apresentam para o poder público e os diferentes atores

privados que têm tarefas estabelecidas quanto à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Este

trabalho intenta trazer contribuições nessa linha.

São analisados, na sequência: a regulamentação da Lei

nº 12.305/2010, com foco, principalmente, no Decreto nº 7.404/2010; a conformação, as

tarefas e os primeiros resultados do trabalho dos entes colegiados criados pelo governo

federal para a aplicação da lei; o primeiro Plano Nacional de Resíduos Sólidos e a aplicação

da logística reversa, e efetuadas as considerações finais.

2. OS ATOS REGULAMENTARES

O Decreto nº 7.404/2010, o primeiro regulamento editado para a

Lei nº 12.305/2010, tem 86 artigos e subdivide-se em doze títulos: Disposições Preliminares;

Do Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos; Das

Responsabilidades dos Geradores de Resíduos Sólidos e do Poder Público; Das Diretrizes

Aplicáveis à Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos; Da Participação dos Catadores

de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis; Dos Planos de Resíduos Sólidos; Dos Resíduos

Perigosos; Do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos; Da

Educação Ambiental na Gestão dos Resíduos Sólidos; Das Condições de Acesso a Recursos;

Dos Instrumentos Econômicos e Das Disposições Finais.

Foram criados, por esse decreto, dois entes colegiados com tarefas

afetas à aplicação da lei, o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos

e o Comitê Orientador da Logística Reversa. Ambos são compostos por representantes de

diferentes ministérios, sem a participação de representantes do setor empresarial ou da

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6

sociedade civil. Os detalhes sobre a composição e o funcionamento desses entes colegiados

estão na Seção 3 deste estudo.

No Quadro 1, comentam-se os tópicos constantes na Lei

nº 12.305/2010 que foram objeto de regulamentação pelo Decreto nº 7.404/2010.

Complementarmente, na sequência, são analisados aspectos de relevo nesse âmbito, no que

toca a deficiências e lacunas, inclusive do regulamento editado.

Quadro 1 – Análise do regulamento da Lei nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Título I

Disposições Gerais

Capítulo I

Do Objeto e do Campo de

Aplicação

(arts. 1º e 2º)

Art. 2º

O art. 2º do decreto dispõe sobre

a relação da Política Nacional de

Resíduos Sólidos com outras

políticas públicas.

Capítulo II

Definições

(art. 3º)

- Dispensa regulamentação.

Título II

Da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Capítulo I

Disposições Gerais

(arts. 4º e 5º)

- Dispensa regulamentação.

Capítulo II

Dos Princípios e Objetivos

(arts. 6º e 7º)

- Dispensa regulamentação.

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7

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Capítulo III

Dos Instrumentos

(art. 8º)

Arts. 71 a 77

O decreto inclui título específico

sobre o Sistema Nacional de

Informações sobre Resíduos

Sólidos (Sinir), estabelecendo o

prazo de dois anos para sua

organização. Contém também

título específico sobre a educação

ambiental na gestão dos resíduos

sólidos.

Arts. 3º e 4º

Os arts. 3º e 4º do decreto

dispõem sobre o Comitê

Interministerial da Política

Nacional de Resíduos Sólidos.

Título III

Das Diretrizes Aplicáveis aos Resíduos Sólidos

Capítulo I

Disposições Preliminares

(arts. 9º a 13)

Arts. 35 a 39

O decreto repete a ordem de

prioridade estabelecida na lei: não

geração, redução, reutilização,

reciclagem, tratamento dos

resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos

rejeitos. Prevê ato conjunto dos

Ministérios do Meio Ambiente, de

Minas e Energia e das Cidades

sobre a recuperação energética dos

resíduos sólidos urbanos. Traz

disposição sobre os resíduos dos

serviços de transporte, que

observarão normas dos órgãos do

Sisnama e das autoridades

sanitárias.

Capítulo II

Dos Planos de Resíduos Sólidos

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DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Seção I

Disposições Gerais

(art. 14)

Art. 45

O decreto repete a lista de planos

de resíduos constante na lei. Inclui

a previsão de eles serem

disponibilizados via Rede Mundial

de Computadores. Remete o

detalhamento dos planos de

gerenciamento de resíduos, a cargo

de determinados empreendedores,

às normas estabelecidas pelos

órgãos competentes do Sisnama.

Seção II

Do Plano Nacional de Resíduos

Sólidos

(art. 15)

Arts. 46 e 47

O decreto não trata do conteúdo

mínimo do plano nacional,

assumindo que o conteúdo da lei

nesse aspecto dispensa

regulamentação. Acresce o

procedimento de elaboração do

Plano Nacional de Resíduos

Sólidos, tendo em vista assegurar a

participação social requerida na

lei.

Seção III

Dos Planos Estaduais de Resíduos

Sólidos

(arts. 16 e 17)

Arts. 48 e 49

O decreto não trata do conteúdo

mínimo do plano estadual,

assumindo que o conteúdo da lei

nesse aspecto dispensa

regulamentação. Prevê que o

conteúdo dos planos

microrregionais e dos planos de

regiões metropolitanas e

aglomerações urbanas será

estabelecido em conjunto com os

municípios envolvidos. Mencione-

se que o art. 25, § 3º, da

Constituição, prevê lei

complementar estadual para a

instituição de regiões

metropolitanas, aglomerações

urbanas e microrregiões.

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9

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Seção IV

Dos Planos Municipais de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos

(arts. 18 e 19)

Arts. 50 a 52

O decreto explicita os passivos

ambientais que demandam

medidas saneadoras, referindo-se a

áreas contaminadas (lixões e

aterros controlados inclusive) e,

também, aos empreendimentos

sujeitos a planos de

gerenciamento. Cabe debater a

capacidade de o município

controlar empreendimentos

licenciados pelos órgãos estaduais

e federais do Sisnama.

Observando demanda expressa da

lei, o decreto detalha o conteúdo

dos planos de municípios com

menos de vinte mil habitantes,

reduzindo pouco as exigências

aplicadas aos demais municípios.

- Arts. 53 e 54

Há no decreto seção específica

dispondo sobre a relação entre os

planos de resíduos sólidos e os

planos de saneamento básico

disciplinados pela Lei

nº 11.445/2007 (Lei do

Saneamento Básico).

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10

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Seção V

Do Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos

(arts. 20 a 24)

Arts. 55 a 63

O decreto não trata da lista de

geradores sujeitos a plano de

gerenciamento específico,

assumindo que o conteúdo da lei

nesse aspecto dispensa

regulamentação. Acresce previsão

de que empreendimentos

localizados em um único

condomínio, município,

microrregião, região

metropolitana ou aglomeração

urbana, que exerçam atividades

características de um mesmo setor

produtivo e que possuam

mecanismos formalizados de

governança coletiva ou de

cooperação em atividades de

interesse comum, poderão optar

pela apresentação do referido

plano de forma coletiva e

integrada.

Observando demanda expressa da

lei, o decreto especifica a forma de

os responsáveis pelos planos de

gerenciamento repassarem

informações ao Sinir. Explicita

que isso ocorrerá por meio

eletrônico, mas delega ao órgão

coordenador do Sinir o

detalhamento nesse sentido.

O decreto trouxe como

acréscimos disposições sobre

planos relativos às microempresas

e empresas de pequeno porte, bem

como sobre a participação das

associações de catadores nos

planos de gerenciamento. Nesse

último aspecto, o conteúdo não

preenche a demanda de

regulamento constante no art. 21,

§ 3°, da lei.

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11

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Capítulo III

Das Responsabilidades dos

Geradores e do Poder Público

Seção I

Disposições Gerais

(arts. 25 a 29)

Arts. 5º a 8º

Como a lei, o decreto destaca que

a efetividade das ações voltadas a

assegurar a observância da Política

Nacional de Resíduos Sólidos é

tarefa do poder público, do setor

empresarial e da coletividade.

Acresce, nessa parte, ressalva sobre

as embalagens destinadas à

exportação, que deverão observar

as exigências do país importador.

Seção II

Da Responsabilidade

Compartilhada

(arts. 30 a 36)

Arts. 9º a 34

O decreto tem capítulo específico

sobre a coleta seletiva e vários

dispositivos relativos à logística

reversa. A opção quanto à

logística reversa foi priorizar os

acordos setoriais coordenados pelo

governo federal. Foi criado um

ente colegiado específico para

tratar desse tema, o Comitê

Orientador da Logística Reversa.

O decreto não avançou na

regulamentação direta do tema,

com a ampliação da lista dos

produtos e embalagens sujeitos à

logística reversa, por exemplo.

Arts. 40 a 44

O decreto reúne em um título

específico as disposições sobre a

participação dos catadores na

gestão dos resíduos sólidos, que

constam na lei de forma dispersa.

Fica previsto programa federal

com a finalidade de melhorar as

condições de trabalho e as

oportunidades de inclusão social e

econômica dos catadores. Trata-se

do programa Pró-Catador,

disciplinado pelo Decreto nº

7.405/2010.

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12

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Capítulo IV

Dos Resíduos Perigosos

(arts. 37 a 41)

Arts. 64 a 70

O decreto contempla elementos

para a caracterização dos resíduos

como perigosos (art. 64), definidos

no art. 13, caput, inciso II, da lei.

Detalha a previsão de capacidade

técnica e econômica para o

gerenciamento desses resíduos.

Traz normas sobre o Cadastro

Nacional de Operadores de

Resíduos Perigosos, que será

coordenado pelo Ibama. Há

lacunas quanto a demandas de

regulamento presentes na lei

relativas à exigência de seguro no

licenciamento ambiental e ao

repasse de informações ao poder

público municipal.

Arts. 78 e 79

Antes das disposições sobre

instrumentos econômicos, o

decreto contém título relativo às

condições de acesso a recursos

federais. Na verdade, esse

conteúdo já está posto na lei (arts.

16 e 18), juntamente com os

planos estaduais e municipais. Da

mesma forma que na lei, é

destacada a prioridade para

soluções regionalizadas e que

contem com a participação dos

catadores. É acrescida a exigência

de regularidade fiscal perante a

União.

Capítulo V

Dos Instrumentos Econômicos

(arts. 42 a 46)

Arts. 80 e 81

O decreto lista medidas indutoras,

como incentivos fiscais,

financeiros e creditícios, cessão de

terrenos públicos, pagamento por

serviços ambientais (PSA) e

outras, sem detalhá-las. Serão

necessários outros atos normativos

nesse campo, leis inclusive.

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13

DISPOSITIVOS DA

LEI Nº 12.305/2010

DISPOSITIVOS CORRESPONDENTES DO

DECRETO Nº 7.404/2010

COMENTÁRIOS

Capítulo VI

Das Proibições

(arts. 47 a 49)

Arts. 82 a 85

O decreto alterou o Decreto

nº 6.514/2008, o regulamento da

Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes

Ambientais), e estabeleceu sanções

administrativas às infrações

relacionadas aos dispositivos da lei

com vedações.

Título IV

Disposições Transitórias e Finais

(arts. 50 a 57)

O decreto não cumpriu a demanda

do art. 56 da lei, de regulamentar a

implantação progressiva da

logística reversa relativa a

lâmpadas fluorescentes, de vapor

de sódio e mercúrio e de luz mista,

e a produtos eletroeletrônicos e

seus componentes. As sanções

administrativas constam nos arts.

84 e 85 do decreto. Os demais

artigos integrantes das disposições

transitórias e finais da lei

dispensam regulamentação.

Fonte: Elaboração da autora.

O Decreto nº 7.404/2010 repete parte do conteúdo da lei em relação

aos planos de resíduos sob responsabilidade do poder público que, em seu conjunto, podem

ser considerados todos planos de gestão, apesar de a Lei nº 12.305/2010 só usar esse termo

no caso do plano municipal. Eles se diferenciam dos planos de gerenciamento de resíduos,

requeridos para determinados geradores, nos termos do art. 20 da Lei nº 12.305/2010.

O § 2° do art. 50 do decreto chama a atenção nesse tópico, pois

atribui ao município a responsabilidade pela identificação e indicação das medidas

saneadoras para os passivos ambientais originados de empreendimentos sujeitos à elaboração

de planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Ocorre que “o plano de gerenciamento de

resíduos sólidos é parte integrante do processo de licenciamento ambiental do

empreendimento ou atividade pelo órgão competente do Sisnama, que pode não ser

municipal, mas estadual ou federal” (ARAÚJO; JURAS, 2011, p. 237-238). Resta dúvida

sobre a capacidade de o município controlar esses empreendimentos, em sua maioria

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14

licenciados pelos órgãos estaduais do Sisnama8

. A responsabilidade por indicar medidas

saneadoras nesse sentido, em princípio, recai diretamente sobre o próprio órgão licenciador,

federal, estadual ou municipal, por decorrência das normas que disciplinam a emissão das

licenças ambientais.

Além disso, ao estabelecer regras sobre o conteúdo mínimo do plano

municipal de gestão integrada de resíduos sólidos para municípios com população inferior a

vinte mil habitantes, o decreto reduz pouco as exigências em comparação às regras gerais

constantes na lei. Dos dezenove itens listados como integrantes do plano municipal de

gestão integrada, o art. 51 do Decreto nº 7.404/2010 só exclui cinco deles do conteúdo

mínimo do plano para municípios com menos de vinte mil habitantes, a saber:

indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços

públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos (inciso

VI do art. 19 da lei);

programas e ações de capacitação técnica voltados para a

implementação e operacionalização do plano (inciso IX do art. 19 da

lei);

mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda,

mediante a valorização dos resíduos sólidos (inciso XII do art. 19 da

lei);

meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito

local, da implementação e operacionalização dos planos de

gerenciamento de resíduos sólidos e dos sistemas de logística reversa

(inciso XVI do art. 19 da lei); e

ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo

programa de monitoramento (inciso XVII do art. 19 da lei).

Registre-se que há ajustes decorrentes das especificidades desses

municípios com menor população, mesmo sem referência expressa na lei ou no decreto.

Eles não estão obrigados, por exemplo, a elaborar o plano diretor de desenvolvimento

urbano de que trata o § 1º do art. 182 da Constituição. Assim, seu plano de resíduos

somente deverá observar o plano diretor se ele existir.

Consta no Decreto nº 7.404/2010 seção específica dispondo sobre a

relação entre os planos de resíduos sólidos e os planos de saneamento básico disciplinados

pela Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico). Em seu art. 19, ela prevê plano de

8

Sobre as atribuições dos órgãos do Sisnama em termos de licenciamento ambiental, ver a Lei Complementar

nº 140/2011.

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15

saneamento emitido pelo titular, mas admite a possibilidade de haver plano específico para

cada serviço que integra o conceito de saneamento básico (abastecimento de água potável,

esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo

das águas pluviais urbanas). A Lei nº 12.305/2010, por sua vez, estabelece, no § 1º de seu

art. 19, que o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos pode estar inserido no

plano de saneamento básico, respeitado o conteúdo mínimo. Nesse ponto, o Decreto nº

7.404/2010 vai além das regras sobre o plano municipal e, em seu art. 53, dispõe também

sobre o componente de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos do Plano

Nacional de Resíduos Sólidos. Em outras palavras, procura articular esse plano nacional

com o Plano Nacional de Saneamento Básico.

O Decreto nº 7.404/2010 admite a apresentação do referido plano,

de forma coletiva e integrada, por empreendimentos localizados em um mesmo

condomínio, município, microrregião, região metropolitana ou aglomeração urbana, que

exerçam atividades características de um mesmo setor produtivo e que possuam mecanismos

formalizados de governança coletiva ou de cooperação em atividades de interesse comum.

“Não especifica, todavia, o que vêm a ser tais mecanismos formalizados de governança

coletiva, o que, sem dúvida, dificulta a aplicação do dispositivo” (ARAÚJO; JURAS, 2011,

p. 239).

O decreto admite, também, em seu art. 58, a participação de

catadores nos planos de gerenciamento, quando: houver cooperativas ou associações de

catadores capazes técnica e operacionalmente de realizar o gerenciamento de resíduos

sólidos; a utilização de cooperativas e associações de catadores no gerenciamento dos

resíduos sólidos for economicamente viável; e não houver conflito com a segurança

operacional do empreendimento. O problema é que não era esse o propósito do legislador

ao prever, no art. 21, § 3°, inciso I, da Lei nº 12.305/2010, que o regulamento fixaria as

normas sobre a exigibilidade e o conteúdo do plano de gerenciamento de resíduos sólidos

relativo à atuação de cooperativas de catadores. “O propósito da lei era assegurar que, em

determinadas situações, também as cooperativas de catadores devessem elaborar plano de

gerenciamento de resíduos sólidos” (ARAÚJO; JURAS, 2011, p. 241).

No que se refere aos planos relativos às microempresas e empresas de

pequeno porte que não gerem resíduos perigosos, fica prevista a possibilidade de plano

incluso no plano das empresas com as quais operem de forma integrada, assegurada a

identificação das responsabilidades de cada empreendedor. O regulamento sobre esse

aspecto, contudo, não veio completo. Não se esclarece o que deve ser compreendido como

operar de forma integrada. Além disso, nos termos do art. 62 do Decreto nº 7.404/2010, ato

do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ainda terá de definir o conteúdo de formulário

destinado à apresentação desses planos simplificados.

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16

O decreto reproduz em seu art. 67 o conteúdo do art. 40 da Lei

nº 12.305/2010, que prevê a possibilidade de se exigir a contratação de seguro de

responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde pública no

licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que operem com resíduos

perigosos, mas não cumpre a demanda da lei de regras sobre cobertura e limites máximos de

contratação, que considerem o porte da empresa, delegando-as ao Conselho Nacional de

Seguros Privados (CNSP). Também não foi regulamentado o repasse das informações ao

poder público municipal sobre o conteúdo, a implementação e a operacionalização do plano

de gerenciamento de resíduos perigosos de empreendimentos e atividades cujo controle seja

de órgão federal ou estadual do Sisnama e do SNVS.

Sobre os instrumentos econômicos de política ambiental, o Decreto

nº 7.404/2010 “permanece aquém do necessário em termos de medidas efetivas,

autoaplicáveis” (ARAÚJO; JURAS, 2011, p. 248). Praticamente todas as medidas indutoras

citadas no texto do regulamento necessitarão de atos normativos posteriores para sua

aplicação.

Há lacunas importantes quanto a esse aspecto, na verdade, na própria

Lei nº 12.305/2010. Parte das iniciativas governamentais nessa linha terão de ser

estabelecidas por outras leis, como ocorreu com o incentivo fiscal à aquisição de resíduos

sólidos de cooperativas de catadores, tendo em vista a utilização como matérias-primas ou

produtos intermediários na fabricação de seus produtos, incluso na Lei nº 12.375/2010,

fruto de uma medida provisória. Não há justificativa jurídica para que esse e outros

incentivos nessa linha não tenham sido inseridos na própria lei em 2010. Esses incentivos

não integram a lista de matérias cuja iniciativa legislativa é privativa do Presidente da

República, por força do art. 61, § 1º, da Constituição.

O Decreto nº 7.404/2010 traz vários dispositivos voltados a

regulamentar a logística reversa. Considera-se que esse conteúdo merece atenção especial.

Como acima registrado, a opção quanto à logística reversa foi priorizar os acordos setoriais

coordenados pelo governo federal. O decreto não avançou na regulamentação direta do

tema, que poderia ter sido concretizada mediante a ampliação da lista dos produtos e

embalagens sujeitos à logística reversa ou, nos termos do art. 56 da lei, no estabelecimento

de cronograma para a implantação progressiva da logística reversa relativa a lâmpadas

fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e a produtos eletroeletrônicos e

seus componentes.

Deve ser percebido que a Lei nº 12.305/2010 não traz previsão de

acordo setorial ou termo de compromisso para os produtos e embalagens referidos nos

incisos I a VI do caput do seu art. 33 – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como

outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; pilhas e baterias;

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17

pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de

sódio e mercúrio e de luz mista; e produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Os

acordos setoriais e termos de compromisso são colocados no texto da lei, juntamente com o

regulamento, para ampliação da lista dos produtos e embalagens submetidos à logística

reversa, consoante o § 1º do art. 33. Por isso, entende-se que, em relação a esse assunto, o

Decreto nº 7.404/2010 criou algum nível de distorção, consideradas as previsões da lei.

De forma geral, avalia-se que, nas disposições sobre os acordos

setoriais, o texto do regulamento assume viés centralizador. Fica expresso, no § 2º do art.

20 do decreto, que os acordos setoriais iniciados pelos fabricantes, importadores,

distribuidores ou comerciantes serão precedidos da apresentação de proposta formal pelos

interessados ao MMA. No art. 21, consta previsão de chamamento pelo MMA nos

procedimentos de iniciativa da União, apontando para a possibilidade de procedimentos de

iniciativa dos outros níveis de governo, mas nos arts. 27, 28 e 29 as referências são apenas ao

ministério.

Deve-se explicar que não há impedimento para que estados e

municípios firmem acordos setoriais ou termos de compromisso sem participação do MMA

ou do Comitê Orientador da Logística Reversa, pois a Lei nº 12.305/2010 faz referência

genérica a poder público no § 1º do art. 33. Além disso, o art. 34 da lei prevê que esses

acordos podem ter abrangência nacional, regional, estadual ou municipal. “O que

necessitará ser observado é o comando legal de que os acordos setoriais (e termos de

compromisso) pactuados em âmbito nacional têm prevalência sobre os firmados em âmbito

regional e estadual, e estes sobre os contratados em âmbito municipal. Os acordos com

menor abrangência geográfica podem ampliar as medidas de proteção ambiental, ou seja, ser

mais rígidos do que aqueles com maior abrangência geográfica” (ARAÚJO; JURAS, 2011,

p. 235).

Por outro lado, o art. 32 do Decreto nº 7.404/2010 condiciona a

celebração de termos de compromisso à ausência de acordo setorial ou regulamento

específico ou à intenção de fixar compromissos e metas mais rígidos em acordos setoriais ou

no regulamento. A Lei nº 12.305/2010 não tem conteúdo que dê sustentação a essa regra

sobre os termos de compromisso. Também é importante lembrar, nesse tópico, as

prerrogativas do Ministério Público de firmar termos de compromisso, com base na Lei nº

7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública).

Cabe dizer que há normas sobre logística reversa anteriores a 2010

que podem ser consideradas recepcionadas pela Lei nº 12.305/2010. É o caso das regras

sobre recolhimento de embalagens de agrotóxicos, presentes na Lei nº 7.802/1990 (Lei dos

Agrotóxicos), alterada pela Lei nº 9.974/2000 e regulamentada pelo Decreto nº 4.074/2002.

As resoluções do Conama sobre pilhas e baterias e sobre pneus, se não editado decreto

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específico, permanecem válidas como atos regulamentares da Lei nº 12.305/2010. Há outras

resoluções do Conama referentes a resíduos sólidos que podem ser consideradas da mesma

forma, em tudo o que não conflitarem com a lei. Seria necessária uma análise dispositivo a

dispositivo desses atos normativos para conclusões precisas a esse respeito.

Por fim, entende-se que também pode ser considerado regulamento

da lei o Decreto nº 7.405/2010, que dispõe sobre o programa Pró-Catador.

3. OS ENTES COLEGIADOS

O Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos,

criado pelo art. 3º do Decreto nº 7.404/2010, é composto por um representante titular e

um suplente dos seguintes órgãos:

Ministério do Meio Ambiente (coordenador);

Casa Civil da Presidência da República;

Ministério das Cidades;

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

Ministério da Saúde;

Ministério de Minas e Energia;

Ministério da Fazenda;

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

Ministério da Ciência e Tecnologia; e

Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

O Comitê Interministerial reúne-se, em caráter ordinário, uma vez a

cada dois meses e, em caráter extraordinário, quando convocado pelo seu coordenador, por

solicitação de um de seus membros. As decisões são tomadas por maioria simples de votos,

presente a maioria absoluta dos membros, assegurado ao presidente, além do voto pessoal, o

de qualidade. A participação no comitê não é remunerada (BRASIL, 2011a).

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19

Segundo a página do MMA na Internet, foram criados cinco grupos de

trabalho no âmbito do Comitê Interministerial9

:

GT01 – implementação e acompanhamento dos planos de resíduos

sólidos e elaboração do Sistema Nacional de Informações sobre a

Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir);

GT02 – recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos;

GT03 – linhas de financiamento, creditícias e desoneração tributária

de produtos recicláveis e reutilizáveis;

GT04 – resíduos perigosos – plano de gerenciamento de resíduos

perigosos e descontaminação de áreas órfãs; e

GT05 – educação ambiental.

Como o Decreto nº 7.404/2010 e o regimento interno do Comitê

Interministerial falam em grupos técnicos (BRASIL, 2011a), e não em grupos de trabalho,

acredita-se que os GTs acima listados sejam, na verdade, grupos técnicos. Na prática, não

parece haver diferença entre o funcionamento de um grupo de trabalho e de um grupo

técnico, e ambos têm cunho temporário. Recomenda-se, contudo, que se observe a

denominação constante no regulamento.

O art. 33 do Decreto nº 7.404/2010 criou um segundo órgão

colegiado, direcionado apenas à aplicação da logística reversa, o Comitê Orientador para

Implantação de Sistemas de Logística Reversa, integrado por:

Ministro de Estado do Meio Ambiente, na condição de Presidente;

Ministro de Estado da Saúde;

Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior;

Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e

Ministro de Estado da Fazenda.

Perceba-se que não se fala aqui em representante, mas sim na

participação do próprio titular de cada ministério.

Cabe ao Comitê Orientador, nos termos do art. 34 do Decreto

nº 7.404/2010:

9

Dados disponíveis em: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-

residuos-solidos/comite-interministerial-para-acompanhamento. Acesso em: 10 set. 2013.

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estabelecer a orientação estratégica da implementação de sistemas de

logística reversa;

definir as prioridades e aprovar o cronograma para o lançamento de

editais de chamamento de propostas de acordo setorial para a

implantação de sistemas de logística reversa de iniciativa da União;

fixar cronograma para a implantação dos sistemas de logística

reversa;

aprovar os estudos de viabilidade técnica e econômica relacionados

aos sistemas de logística reversa;

definir as diretrizes metodológicas para avaliação dos impactos

sociais e econômicos dos sistemas de logística reversa;

avaliar a necessidade da revisão dos acordos setoriais, dos

regulamentos e dos termos de compromisso que disciplinam a

logística reversa no âmbito federal;

definir as embalagens que ficam dispensadas, por razões de ordem

técnica ou econômica, da obrigatoriedade de fabricação com

materiais que propiciem a reutilização e reciclagem;

definir a forma de realização da consulta pública relativa a proposta

de implementação de sistemas de logística reversa;

promover estudos e propor medidas de desoneração tributária das

cadeias produtivas sujeitas à logística reversa e a simplificação dos

procedimentos para o cumprimento de obrigações acessórias

relativas à movimentação de produtos e embalagens sujeitos à

logística reversa; e

propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa os

produtos e embalagens adquiridos diretamente de empresas não

estabelecidas no País, inclusive por meio de comércio eletrônico.

Pode-se questionar se esse segundo comitê era realmente necessário.

Por que razão o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos não

poderia assumir as tarefas referentes à logística reversa? Além disso, parece não haver

justificativa para a diferença na composição dos dois comitês (ARAÚJO, JURAS, 2011, p.

231). Qual é a razão, por exemplo, de os Ministérios das Cidades, do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome e da Ciência e Tecnologia não fazerem parte do Comitê

Orientador da Logística Reversa?

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21

Deve ser dito que, além do Comitê Interministerial da Política

Nacional de Resíduos Sólidos e do Comitê Orientador da Logística Reversa, tem atuação

diretamente relacionada à aplicação da Lei nº 12.305/2010 o Comitê Interministerial para

Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis. Criado

em setembro de 2003 como Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de

Lixo, esse órgão colegiado teve sua denominação alterada pelo Decreto nº 7.405/2010.

Estão em funcionamento, assim, três órgãos colegiados com a tarefa

de guiar, no governo federal, a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Além deles, há ainda o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que permanece

com atribuições normativas sobre o tema, em face de suas competências definidas pela Lei

nº 6.938/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente) e seu regulamento, Decreto nº

99.274/199010

.

Não obstante a Política Nacional de Resíduos Sólidos envolver a

coordenação de ações de vários órgãos federais e dos diferentes níveis da Federação, em

conformação de governança complexa, avalia-se que se deve ponderar se a estrutura de

órgãos colegiados que trabalham no tema pode ser simplificada, por exemplo, mediante a

unificação do Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e do

Comitê Orientador da Logística Reversa. Acredita-se que a existência de muitas instâncias

de decisão no âmbito do governo federal aumente os custos transacionais e gere dificuldades

para a aplicação eficaz da Lei nº 12.305/2010.

4. O PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Cumprindo determinação da Lei nº 12.305/2010, o governo federal

elaborou o primeiro Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), publicado em agosto de

2012.

Na parte do plano relativa ao diagnóstico da situação dos resíduos

sólidos no País, pode-se destacar, entre outros pontos, que:

de cerca de 183 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos

coletados, 94 mil são matéria orgânica e pouco mais de 58 mil,

material seco reciclável (BRASIL, 2012c, p. 10);

alumínio, aço e papel/papelão possuem taxas de reciclagem de mais

de 35%; plástico e vidro alcançam valores próximos a 20% (BRASIL,

2012c, p. 12);

10

Ver o art. 6º, caput, inciso I, e o art. 8º da Lei nº 6.938/1981 e o art. 7º do Decreto nº 99.274/1990.

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22

cerca de 37 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos são

dispostos em lixões e cerca de 36 mil em aterros controlados11

(BRASIL, 2012c, p. 15)12

;

havia 2.906 lixões, 1.310 aterros controlados e 1.723 aterros

sanitários no País em 2008 (BRASIL, 2012c, p. 16); e

há hoje entre 400 mil e 600 mil catadores de materiais recicláveis

atuando no País (BRASIL, 2012c, p. 25).

No plano nacional, são estabelecidas diretrizes e estratégias,

direcionadas não apenas ao governo federal, mas também às outras esferas governamentais,

bem como aos demais envolvidos na implementação da lei.

No que se refere ao tema dos resíduos sólidos urbanos, são

abordados os seguintes tópicos: (i) disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;

(ii) redução da geração de resíduos sólidos urbanos; (iii) redução dos resíduos sólidos

urbanos secos dispostos em aterros sanitários e inclusão de catadores de materiais

reutilizáveis e recicláveis; e (iv) redução de resíduos sólidos urbanos úmidos dispostos em

aterros sanitários e tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários.

No tópico “disposição final ambientalmente adequada de rejeitos”,

cabe destacar a primeira diretriz – eliminar os lixões e aterros controlados e promover a

disposição final ambientalmente adequada de rejeitos –, que contempla as seguintes

estratégias:

estratégia 1: aportar recursos visando contribuir para o

encerramento dos lixões e aterros controlados em todos os

municípios do território nacional;

estratégia 2: aportar recursos visando à elaboração de projetos e à

implantação de unidades de aterros sanitários, atendendo aos

critérios de prioridade da Política Nacional de Resíduos Sólidos e

dos seus programas;

11

Nos aterros controlados, o único cuidado tomado é que os rejeitos são recobertos periodicamente com terra.

Eles não são considerados uma forma adequada de disposição final. Os aterros sanitários requerem projeto

prévio e cuidados quanto à impermeabilização prévia do solo, confinamento dos rejeitos, controle de gases e

outros aspectos técnicos.

12

Esses dados usam informações do IBGE, que elabora periodicamente a Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico. Como essa pesquisa é organizada com base em sistema autodeclaratório, reunindo informações

fornecidas pelas próprias prefeituras municipais e pelas empresas prestadoras de serviços de saneamento,

acredita-se que esses números estejam subestimados. Com a implementação do Sinir, previsto pela Lei nº

12.305/2010 e regulamentado no Decreto nº 7.404/2010, as informações nesse campo tenderão a ganhar maior

consistência.

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23

estratégia 3: aportar recursos destinados à capacitação técnica de

gestores das três esferas de governo;

estratégia 4: aportar recursos voltados para o desenvolvimento

institucional, principalmente no que se refere à elaboração de planos

de resíduos sólidos por parte dos demais entes federados e consórcios

públicos, e implementação de sistemas de informação integrados ao

Sinir e no fortalecimento dos consórcios públicos constituídos;

estratégia 5: fomentar, junto aos órgãos integrantes do Sisnama, a

informatização de dados e a padronização de procedimentos que

permitam maior transparência e agilidade, quando couber, nos

processos de licenciamento ambiental;

estratégia 6: aportar recursos, com dignidade e remuneração do

trabalho dos catadores, em especial os oriundos de lixões e aterros

controlados, dotando-os de infraestrutura, capacitação e assistência

técnica;

estratégia 7: definir normas técnicas para encerramento de lixões e

aterros controlados.

No mesmo tópico, constam três outras diretrizes, que também se

subdividem em um conjunto de estratégias:

diretriz 2 – recuperar os lixões e aterros controlados,

compreendendo a avaliação das suas condições ambientais

(estabilidade, contaminação do solo, águas superficiais e

subterrâneas, migração de gases para áreas externas à massa de

resíduos etc.);

diretriz 3 – criar índice nacional de avaliação da qualidade dos

aterros sanitários (IQAS); e

diretriz 4 – desenvolver tecnologias para reduzir a disposição final

em aterros sanitários.

No tópico “redução da geração de resíduos sólidos urbanos”, só há

uma diretriz, a de reduzir a atual geração per capita de resíduos sólidos urbanos para o

patamar de 2008 (equivalente a uma taxa média nacional de 1,1 kg/habitante/dia), buscando

sua contínua redução e considerando a média de geração per capita de cada região do País e as

especificidades locais.

Entre as estratégias listadas, constam: promover ações visando a

mudança no setor varejista quanto à inserção de práticas de sustentabilidade nas suas

Page 24: O DESAFIO DA APLICAÇÃO DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS · 3 O DESAFIO DA APLICAÇÃO DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo 1. A GESTÃO DOS RESÍDUOS

24

operações e o seu papel na promoção do consumo sustentável; consolidar a Agenda

Ambiental na Administração Pública (A3P) como marco referencial de responsabilidade

socioambiental nas atividades administrativas das três esferas de governo, incluindo as

administrações direta e indireta; promover a inserção de critérios ambientais nas licitações

públicas, com prioridade nas aquisições de produtos reutilizáveis; desenvolver programas de

conscientização no uso de materiais e recursos dentro dos órgãos governamentais, visando à

gestão adequada dos resíduos gerados e à melhoria da qualidade de vida no ambiente de

trabalho; conceber e pôr em prática iniciativas de educação ambiental para o consumo

sustentável, em consonância com a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA)13

, e

outras.

No tópico “redução dos resíduos sólidos urbanos secos dispostos em

aterros sanitários e inclusão de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis”, colocam-se

duas diretrizes: promover a redução progressiva dos resíduos recicláveis secos dispostos em

aterros sanitários com base na caracterização nacional (composição gravimétrica) a ser

realizada em 2013, de acordo com as metas estabelecidas no Plano Nacional de Resíduos

Sólidos; e qualificação e fortalecimento da organização para a inclusão socioeconômica de,

no mínimo, 600 mil catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis organizados em

cooperativas e outras formas associativas, por meio da criação de linhas de financiamento,

incluindo a construção e difusão de conhecimento entre seus membros, com apoio de

outros programas sociais para os seus familiares. Como nos dois tópicos anteriores, essas

duas diretrizes também estão divididas em um conjunto de estratégias.

Por fim, no tópico “redução de resíduos sólidos urbanos úmidos

dispostos em aterros sanitários e tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários”,

tem-se a diretriz de induzir a compostagem, o aproveitamento energético do biogás gerado

ou em biodigestores ou em aterros sanitários, e o desenvolvimento de outras tecnologias

visando à geração de energia a partir da parcela úmida de resíduos sólidos urbanos coletados,

com a elaboração de estudos prévios de avaliação técnico-econômica e ambiental, observada,

primeiramente, a ordem de prioridade estabelecida no caput do art. 9º da Lei nº

12.305/2010. Há estratégias como: implementar melhorias na segregação da parcela úmida

dos resíduos sólidos urbanos (domiciliares e comerciais, feiras, Ceasas, grandes geradores e

outros), de forma a propiciar a obtenção de uma fração orgânica de melhor qualidade,

otimizando o seu aproveitamento, seja para utilização de composto para fins agrícolas e de

jardinagem, seja para fins de geração de energia; disponibilizar recursos financeiros e

incentivos fiscais especificamente voltados para a implantação de novas unidades de

compostagem e biodigestão ou modernização/ ampliação das existentes, e outras.

13

Ver a Lei nº 9.795/1999.

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25

No tema “qualificação da gestão dos resíduos sólidos”, há duas

diretrizes:

fortalecer a gestão dos serviços públicos de limpeza urbana e de

manejo de resíduos sólidos urbanos, por meio dos seguintes

instrumentos: planos estaduais, microrregionais, intermunicipais e

municipais; estudos de regionalização e constituição de consórcios

públicos; institucionalização de instrumento apropriado de cobrança

específica para os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos urbanos; e gestão participativa dos serviços de limpeza

urbana e manejo de resíduos urbanos; e

implantar a regionalização da gestão de resíduos sólidos urbanos,

mediante a instituição de microrregiões de resíduos sólidos em cada

estado, dimensionadas para abranger pelo menos quinhentos mil

habitantes ou, não sendo possível, com o número de habitantes que

melhor reflita escala adequada de gestão.

No tema “resíduos de serviços de saúde”, constam duas: fortalecer a

gestão dos resíduos de serviços de saúde e minimizar o uso do mercúrio nos serviços de

saúde.

No tema “resíduos de portos, aeroportos e postos de fronteiras”, há

apenas uma diretriz, a de fortalecer a gestão dos resíduos sólidos de portos, aeroportos,

terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira, como nos

demais casos, detalhada em um conjunto de estratégias.

No tema “resíduos industriais”, estão postas quatro diretrizes:

eliminar completamente os resíduos sólidos industriais destinados de

maneira inadequada ao meio ambiente;

criar, até 2014, condições especiais para que micro, pequenas e

médias empresas possam adequar-se aos objetivos da Política

Nacional de Resíduos Sólidos;

incentivar o fortalecimento do gerenciamento de resíduos sólidos nas

indústrias; e

fomentar a destinação adequada dos resíduos da agroindústria para

compostagem, biodigestão ou outras tecnologias apropriadas.

No tema “resíduos agrossilvopastoris”, há seis diretrizes:

inventariar, a partir do censo agropecuário de 2015, os resíduos

agrossilvopastoris;

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26

fomentar pesquisa, desenvolvimento e inovação de tecnologias para

o aproveitamento e destinação de resíduos agrossilvopastoris,

considerando o caráter estratégico da busca de manter o carbono na

forma orgânica;

destinar adequadamente os resíduos agrossilvopastoris por

compostagem, biodigestão ou outras tecnologias;

fomentar o desenvolvimento e a inovação de tecnologias para o

aproveitamento de resíduos sólidos de mineração na produção

agrossilvopastoril;

segregar os resíduos recicláveis secos no meio rural e destiná-los

adequadamente, em concordância com a destinação dos resíduos

urbanos; e

fomentar a ampliação e implementação da logística reversa para as

categorias de resíduos agrossilvopastoris que não possam ter solução

técnica adequada no local onde são gerados.

No tema “resíduos da mineração”, são estabelecidas duas diretrizes:

compatibilizar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano Nacional de Mineração 2030

e desenvolver tecnologias para aproveitamento de resíduos da mineração.

Por fim, no tema “resíduos da construção civil (RCC)”, constam

quatro diretrizes:

eliminar as áreas irregulares de disposição final de RCC (“bota-fora”)

em todo o território nacional;

implantar áreas de transbordo e triagem, de reciclagem e de

reservação adequada de RCC em todo o território nacional;

realização de inventário de resíduos de construção civil; e

incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos RCC nos

empreendimentos públicos e privados em todo o território nacional.

Quando detalha as metas, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos

destaca que o alcance delas “não depende apenas de um cenário econômico favorável,

estando atrelado também ao envolvimento e atuação dos três níveis de governo, da

sociedade e da iniciativa privada” (BRASIL, 2011c, p. 83). Já se sabia que parte relevante das

metas não seria alcançada, pelo menos na fase inicial de implantação da lei.

Como já referido, a Lei nº 12.305/2010, em seu art. 54, deu o prazo

de quatro anos para que se assegure disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

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Nas metas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, assume-se esse prazo para a eliminação

total dos lixões até 2014 (BRASIL, 2012c, p. 84). Na prática, o prazo implica a vedação de

disposição de rejeitos nesses locais. A eliminação dos lixões abrange, também, a reabilitação

dessas áreas, para o quê o plano nacional estabeleceu as metas apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Metas para áreas de lixões reabilitadas (%)

Região 2015 2019 2023 2027 2031

Norte 5 20 45 65 90

Nordeste 5 20 45 65 90

Sul 10 20 50 75 100

Sudeste 10 20 50 75 100

Centro-Oeste 8 20 45 65 90

Brasil 5 20 45 65 90

Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2012c, p. 84).

As metas para redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em

aterro, com base na caracterização nacional em 2013, estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Metas para redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros (%)

Região 2015 2019 2023 2027 2031

Norte 10 13 15 17 20

Nordeste 12 16 19 22 25

Sul 43 50 53 58 60

Sudeste 30 37 42 45 50

Centro-Oeste 13 15 18 21 25

Brasil 22 28 34 40 45

Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2012c, p. 84).

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Constam no plano nacional detalhamentos de metas referentes a

vários tópicos, derivados das diretrizes e estratégias anteriormente estabelecidas: redução do

percentual de resíduos úmidos em aterros; recuperação de gases em aterros; inclusão e

fortalecimento de 600 mil catadores, e outras. Trabalha-se com o ideal de 100% dos planos

de gestão requeridos pela lei finalizados no primeiro marco temporal (2015).

O plano também inclui conteúdo, embora sucinto, sobre programas

e ações do governo federal. Identifica-se o conteúdo relacionado ao tema no Plano

Plurianual (PPA) 2012-2016, centrado no programa temático Resíduos Sólidos. Fala-se,

também, no programa temático Saneamento Básico. Além disso, assumem-se como

prioritárias quanto à logística reversa, para aplicação a partir de 2013, as seguintes cadeias

produtivas: embalagens de óleos lubrificantes; equipamentos eletroeletrônicos; embalagens

em geral; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mistas; e descarte de medicamentos.

Em relação a todas elas, fica prevista abordagem via acordo envolvendo importadores,

fabricantes, comerciantes, distribuidores, cidadãos e titulares pelos serviços municipais de

limpeza e manejo dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2012c, p. 99).

5. A APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA

O Comitê Orientador da Logística Reversa, instalado em 17 fev.

2011, possui um Grupo Técnico de Assessoramento (GTA). O GTA, por sua vez, tem

cinco Grupos Técnicos Temáticos (GTT), referentes a cadeias produtivas consideradas

prioritárias, a saber14

:

GTT01 – descarte de medicamentos, coordenado pelo Ministério da

Saúde, tendo por objetivo elaborar uma proposta de logística reversa

para os resíduos de medicamentos, para subsidiar a elaboração do

edital de chamamento para acordo setorial;

GTT02 – embalagens em geral, coordenado pelo Ministério do Meio

Ambiente, tendo por objetivo elaborar proposta de modelagem da

logística reversa para embalagens em geral (excluídas as embalagens

de agrotóxicos e óleos lubrificantes) e subsídios para elaboração do

edital de chamamento para acordo setorial;

GTT03 – embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos,

coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, tendo por objetivo elaborar proposta de

14

Dados disponíveis em: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/instrumentos-da-

politica-de-residuos/comite-orientador-logistica-reversa. Acesso em: 09 set. 2013.

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modelagem da logística reversa e subsídios para elaboração do edital

de chamamento para acordo setorial;

GTT4 – eletroeletrônicos, coordenado pelo Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tendo por

objetivo definir as informações complementares ao plano de

gerenciamento de resíduos sólidos perigosos e definir e avaliar

mecanismos específicos voltados para a descontaminação de áreas

órfãs; e

GTT05 – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de

luz mista, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, tendo por

objetivo elaborar proposta de modelagem da logística reversa e

subsídios para elaboração do edital de chamamento para acordo

setorial.

Datado de dezembro de 2011, o primeiro edital de chamamento para

acordo setorial publicado pelo MMA foi o relativo a embalagens plásticas usadas de óleos

lubrificantes (BRASIL, 2011b). As embalagens metálicas usadas de óleos lubrificantes, os

filtros usados de óleos lubrificantes e as estopas e similares serão objeto de editais de

chamamento para acordos setoriais específicos. Ficam estabelecidas no edital metas de

implantação progressiva do sistema de logística reversa com abrangência nacional, quais

sejam: até 2014, 70% dos municípios nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste (à exceção dos

Estados do Piauí e Maranhão); e, até 2016, 100% dos municípios dessas mesmas regiões do

País. As metas quantitativas de recolhimento são: até 2016, crescimento do percentual da

coleta de embalagens plásticas para até 60% do segmento abrangido por esse acordo, do total

nessas mesmas regiões do País; e, nas demais regiões do País, as metas pactuadas com os

signatários.

Em julho de 2012, foi publicado edital de chamamento de acordo

setorial para a implementação de sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescentes, de

vapor de sódio e mercúrio e de luz mista (BRASIL, 2012a). Os resíduos abrangidos são os

referentes às lâmpadas de descarga em baixa ou alta pressão que contenham mercúrio, tais

como fluorescentes compactas e tubulares, de luz mista, a vapor de mercúrio, a vapor de

sódio, a vapor metálico e lâmpadas de aplicação especial. Fica estabelecida no edital a meta

de atingir, até 2017, o recolhimento e a destinação final ambientalmente adequada de 20%

da quantidade de lâmpadas objeto do acordo e que foram colocadas no mercado nacional no

ano de 2011.

Também em julho de 2012, foi publicado edital de chamamento de

acordo setorial para a implementação de sistema de logística reversa de embalagens em geral

(BRASIL, 2012b). São abrangidas as embalagens que compõem a fração seca dos resíduos

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sólidos urbanos ou equiparáveis, exceto aquelas classificadas como perigosas. Não estão

inclusas as embalagens de óleos lubrificantes, de produtos agrotóxicos e medicamentos,

objeto de regras e pactuações específicas. Fica expressa no edital previsão de adequação às

metas nesse sentido estabelecidas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a saber: redução

dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em

2013, de: 22% em 2015; 28% em 2019; 34% em 2023; 40% em 2027; e 45% em 2031.

Em fevereiro de 2013, o MMA publicou edital de chamamento de

acordo setorial para a implantação de sistema de logística reversa de produtos eletrônicos e

seus componentes (BRASIL, 2013). Os resíduos abrangidos nesse edital são os oriundos de

produtos eletroeletrônicos de uso doméstico e seus componentes, cujo funcionamento

depende de correntes elétricas com tensão nominal não superior a 220 volts. Há prioridade

para acordo setorial de abrangência nacional.

Esses acordos setoriais estão em andamento no âmbito do MMA.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma geral, entende-se que o Plano Nacional de Resíduos

Sólidos não contempla o instrumental necessário para viabilizar a transformação de suas

diretrizes, estratégias e metas em realidade. Sabe-se que os recursos orçamentários para esse

campo de políticas públicas são restritos, sujeitos a contingenciamentos frequentes, e que as

responsabilidades de concretizar a lei são compartilhadas entre os entes federados e

diferentes atores privados também.

A tarefa, com certeza, não é apenas da União, mas o governo federal

não pode atuar apenas no plano normativo e na coordenação de acordos setoriais referentes

à logística reversa. Mesmo nesses dois aspectos, o ritmo de aplicação da Lei nº 12.305/2010

está aquém do esperado. Mostrou-se que há lacunas nas demandas expressas de

regulamentação da lei. Parte dessas lacunas deriva da própria opção de priorizar, na logística

reversa, acordos setoriais de escala nacional, no lugar da edição de atos regulamentares. A

negociação desses acordos setoriais não é tarefa simples.

Há vantagens e desvantagens na escolha desse caminho,

essencialmente negociado. Talvez esteja faltando um pouco de força do Leviatã na aplicação

da logística reversa. Quando se gerou a regra geral de retorno das embalagens de agrotóxicos

há anos atrás, houve oposição dos setor empresarial, mas se conseguiu estabelecer as

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determinações nesse sentido mediante lei15

. O setor empresarial adaptou-se às regras sobre

essas embalagens e, hoje, essa experiência é considerada bem sucedida16

.

Outra questão a ser analisada é que a Lei nº 12.305/2010 traz regras

sobre os planos estaduais e municipais de resíduos redigidas de forma inter-relacionada com

a perspectiva de repasse de recursos federais. Se a União não tiver recursos a repassar, os

governos estaduais e municipais se sentirão desobrigados a elaborar esses planos.

Essa situação de ausência de recursos federais pode gerar

consequências bastante negativas em termos da gestão dos resíduos sólidos. Os prefeitos

podem, por exemplo, passar a optar por soluções simplistas, e com efeitos ambientais

negativos que necessitam atenção, especialmente a contratação de equipamentos de

incineração de resíduos mediante parcerias público-privadas, para cumprir a determinação

de eliminação dos lixões até 2014, ao invés de elaborar e executar planos tecnicamente

consistentes de gestão.

Esses problemas necessitam ser explicitados e amplamente debatidos

por toda a sociedade. Isso já vem ocorrendo ao longo de 2013, no âmbito do processo da IV

Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), que tem os resíduos sólidos como tema

central. A Câmara dos Deputados tem atuado como parceira desse processo, com o apoio à

etapa virtual da conferência por meio da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (CMADS) e do e-Democracia.

A concretização dos avanços normativos presentes na Lei

nº 12.305/2010 precisa ser transformada em uma demanda das autoridades e dos cidadãos,

em um desafio coletivo. Uma mudança paradigmática não pode ficar restrita ao texto da lei.

Sequer poderá ser considerada uma verdadeira mudança.

15

Ver a Lei nº 9.974/2000, que alterou a Lei nº 7.802/1989 (Lei dos Agrotóxicos).

16

Foi criada em 2001, pelo empresariado, uma organização não governamental para assegurar a aplicação das

normas nesse sentido, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV). O InpEV possui

entre seus associados 94 empresas fabricantes de defensivos agrícolas. Ver:

http://www.inpev.org.br/institucional/associados/associados.asp. Acesso em: 10 ago. 2013.

Page 32: O DESAFIO DA APLICAÇÃO DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS · 3 O DESAFIO DA APLICAÇÃO DA LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo 1. A GESTÃO DOS RESÍDUOS

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Suely M. V. G.; JURAS, Ilidia A. G. M. Comentários à Lei dos

Resíduos Sólidos. São Paulo: Pillares, 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria nº 177 de 30/05/2011. Aprova

Regimento Interno para o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos

Sólidos.

---. Ministério do Meio Ambiente. Edital nº 01/2011. Brasília, 2011. Chamamento

para a elaboração de acordo setorial para a implementação de sistema de logística reversa de

embalagens plásticas usadas de óleos lubrificantes. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/editais-e-chamadas-p%C3%BAblicas/item/8554.

---. Ministério do Meio Ambiente. Edital nº 01/2012. Brasília, 2012. Chamamento

para a elaboração de acordo setorial para a implementação de sistema de logística reversa de

lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/editais-e-chamadas-p%C3%BAblicas/item/8554.

---. Ministério do Meio Ambiente. Edital nº 02/2012. Brasília, 2012. Chamamento

para a elaboração de acordo setorial para a implementação de sistema de logística reversa de

embalagens em geral. Disponível em: http://www.mma.gov.br/editais-e-chamadas-

p%C3%BAblicas/item/8554.

---. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília,

2012. Disponível em: http://www.sinir.gov.br/web/guest/plano-nacional-de-residuos-

solidos.

---. Ministério do Meio Ambiente. Edital nº 01/2013. Brasília, 2013. Chamamento

para a elaboração de acordo setorial para a implantação de sistema de logística reversa de

produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/editais-e-chamadas-p%C3%BAblicas/item/8554.

PÁGINAS ELETRÔNICAS DE INTERESSE

http://www.sinir.gov.br/web/guest/documentos.

http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos.

http://www.conferenciameioambiente.gov.br/.

http://edemocracia.camara.gov.br/web/conferencia-virtual-do-meio-

ambiente/inicio#.Ui8WitK-qFY.