o depoimento de carlos eugênio paz, o último guerrilheiro ... · compra de armas e pelo...
TRANSCRIPT
O depoimento de Carlos Eugênio Paz, o último guerrilheiro sobrevivente: luta armada,
história e ficção
Paulo Bungart Neto (UFGD)
Resumo: O artigo aborda duas obras escritas por Carlos Eugênio Paz, o único membro e líder
da Ação Libertadora Nacional (ALN) ainda vivo. Durante o período mais conturbado da
ditadura militar brasileira (de 1968 a 1975), a ALN, liderada por comunistas históricos como
Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, tornou-se um dos principais grupos armados de
resistência ao regime ditatorial, tendo sido responsável por assaltos a banco para financiar a
compra de armas e pelo sequestro, ao lado do MR-8, do embaixador norte-americano Charles
Burke Elbrick. Carlos Eugênio Paz, que assumiu a liderança do grupo após as execuções de
Marighella e de Ferreira, relata sua marcante experiência em dois volumes, ambos tendo como
subtítulo a expressão “Memórias romanceadas”: Viagem à luta armada (1996); e Nas trilhas
da ALN (1997). O objetivo do artigo é mostrar de que maneira Paz, hoje músico e escritor,
mescla em sua narrativa aspectos factuais da recente história política brasileira com aspectos
ficcionais, reportando-se, por exemplo, aos guerrilheiros através de seus nomes clandestinos e
transformando-os em personagens de suas “memórias romanceadas”. O depoimento de Paz
será analisado à luz de conceitos tais como os de memória coletiva de HALBWACHS (2006);
de literatura testemunhal (SELIGMANN-SILVA, 2003); e de “pacto autobiográfico”
(LEJEUNE, 2008), além de referências sobre a história do período (GASPARI, 2014) e a
respeito da biografia de Marighella e da ALN (MAGALHÃES, 2012).
Palavras-chave: Carlos Eugênio Paz; ditadura militar; literatura brasileira contemporânea.
Abstract: The article discusses two books written by Carlos Eugênio Paz, ex-leader of Ação
Libertadora Nacional (ALN) and its last member still alive. During the worst period of
Brazilian military dictatorship (from 1968 to 1975), ALN, headed by historical communists
such as Carlos Marighella and Joaquim Câmara Ferreira, became one of the most important
armed groups that resisted to the dictatorship, and it had been responsible by bank robberies to
purchase guns and for the kidnapping, besides MR-8 group, of Charles Burke Elbrick, the
American ambassador at that time. Carlos Eugênio Paz, who headed the group after Marighella
and Ferreira deaths, describes his remarkable experience in two books, both bringing the
expression “memórias romanceadas” [“ficcionalized memories”] as subheadings: Viagem à
luta armada (1996) [Journey to the armed struggle]; e Nas trilhas da ALN (1997) [In the track
of ALN]. The article aims at showing in which ways Paz, nowadays musician and writer, mixes,
in his narrative, factual aspects of the Brazilian recent political history with fictional aspects,
naming, for example, the guerrillas from their clandestine names and making them characters
of his “fictionalized memories”. The testimony of Paz will be analyzed through concepts such
as: the collective memory (HALBWACHS, 2006); testimonial literature (SELIGMANN-
SILVA, 2003); “autobiographical pact” (LEJEUNE, 2008), besides references of the Brazilian
history in this period (GASPARI, 2014), and the biography of Carlos Marighella and ALN
(MAGALHÃES, 2012).
Keywords: Carlos Eugênio Paz; Military dictatorship; Contemporaneous Brazilian Literature.
Introdução
Carlos Eugênio Paz, hoje músico e escritor, é o único ex-líder de grupo armado de
resistência à ditadura militar brasileira ainda vivo, sendo por isso considerado um
“sobrevivente” do regime. Obviamente, há outros sobreviventes, que pertenceram a outros
grupos armados e que igualmente deixaram registradas suas memórias sobre o tenso período.
Tais depoimentos, de perseguidos, exilados e/ou torturados, formam atualmente um volume
considerável de textos classificados como pertencentes à memorialística brasileira de exilados
políticos e que, devido a seu caráter de excepcionalidade (há centenas de mortos e
desaparecidos, em vinte e um anos de governo ditatorial), podem também ser considerados
“literatura testemunhal” (SELIGMANN-SILVA, 2003), isto é, constituem-se depoimentos de
quem, tendo passado por um evento-limite – longas prisões, espancamentos, torturas físicas e
psicológicas, etc -, sobreviveu para “contar”, num tipo de narrativa que, para Seligmann, “(...)
tendeu a ver o testemunho sobretudo na sua modalidade de denúncia e reportagem” (2003, p.
9).
Os exemplos são muitos, aos quais prefiro denominá-los como “literatura testemunhal"
(e não sob o genérico rótulo de “romance-reportagem”, como muitas vezes se sugere), uma vez
que seus narradores participaram ativamente da resistência e, portanto, forneceram seus
testemunhos a partir de um ângulo de “dentro” (às vezes, muitas décadas depois de terem
sobrevivido e superado minimamente o trauma a eles causado) e não como meros espectadores
ou repórteres. Como se verá ao longo deste artigo, Carlos Eugênio Paz pertenceu à Ação
Libertadora Nacional (ALN) entre 1967 e 1973, o grupo armado fundado pelo mítico
comunista Carlos Marighella, e foi seu terceiro líder, após as execuções do próprio Marighella
(em São Paulo, em novembro de 1969) e de Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, comandante
da ação de sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, ocorrido no Rio
de Janeiro entre 4 e 7 de setembro de 1969 e levado à cabo pela ALN e pelo MR-8 (como, na
época, passou a se intitular a Dissidência Comunista da Guanabara – DI-BG, que planejara a
ação), no qual estiveram presentes, além de Toledo, resistentes como Franklin Martins (autor
do manifesto divulgado na imprensa), Cláudio Torres, Virgílio Gomes da Silva, Vera Sílvia
Magalhães e Fernando Gabeira.
O episódio do sequestro de Elbrick motivou justamente a narrativa inaugural dos
exilados brasileiros – a obra O que é isso, companheiro? (1979; edição consultada: 1982), de
Fernando Gabeira, na qual o jornalista relata sua participação no sequestro e faz uma revisão
amarga e descrente do período da resistência armada, vista por ele como ingênua, mal planejada
e mal executada. A despeito do relativo sucesso do sequestro (libertação de quinze presos
políticos, enviados para a Cidade do México, e divulgação do manifesto redigido por Martins,
o que chamou a atenção da opinião pública mundial e de entidades defensoras dos direitos
humanos para a questão da tortura no Brasil), o rapto teve um efeito devastador, como previu
Marighella: despertou a ira dos militares, que intensificaram a censura aos meios de
comunicação e redobraram a violência em relação a partidos clandestinos e à luta armada. A
ação foi liderada por Câmara Ferreira porque Marighella, interessado em criar condições para
o surgimento da guerrilha rural no país, julgava que uma atitude radical como esta chamaria
muito a atenção dos militares e desviaria o foco para as guerrilhas urbanas. A história provou
que ele estava certo. Por esta discordância, segundo Mário Magalhães, Marighella foi “o último
a saber” do sequestro (2012, p. 486), tendo-o ouvido através de transmissões de rádio e TV,
enquanto estava escondido em um “aparelho” nas proximidades do Rio de Janeiro. A falta de
consenso em relação ao sequestro denota um racha na administração da organização. Para
Magalhães:
Marighella se surpreendeu, no aparelho de Todos os Santos, onde Zilda o
acompanhava. Que ação da ALN era aquela, sobre a qual ninguém se dignara
a consultá-lo ou avisá-lo? Ele não precisava de um eletrocardiograma [havia
boatos de que ele sofrera um infarto], mas de respostas. Seria difícil: com
4200 agentes alucinados no encalço de Elbrick e barreiras policiais e militares
asfixiando a cidade, o dirigente ilhado teria que se trancar por 96 horas (2012,
p. 487)1.
No rastro desse primeiro sequestro vieram outros dois, estes realizados pela Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR), liderada por Carlos Lamarca, ex-capitão desertor do exército:
o sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben em junho de 1970, e do
embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, o mais longo e conflituoso dos três (de dezembro
de 1970 a janeiro de 1971, no qual 70 presos foram libertados e enviados para Santiago do
Chile, então governado pelo socialista Salvador Allende). Faço menção a estes sequestros
porque eles são a base de inúmeros testemunhos escritos ao longo da década seguinte,
produzidos por aqueles que tomaram parte na ação ou que foram beneficiados nas consequentes
trocas de presos pela vida dos embaixadores.
1 Ver também a frase reproduzida por Cícero Vianna, membro da ALN que teria ouvido, de Marighella, a sentença
que viria a se confirmar como um presságio de mau agouro: “(...) esse ato vai desatar a maior repressão, e nós não
estamos preparados para enfrentá-la” (apud MAGALHÃES, 2012, p. 498).
Assim, é importante mencionar, além da obra inaugural de Gabeira, as Memórias do
esquecimento (1999) do jornalista Flávio Tavares, ex-integrante do Movimento Nacionalista
Revolucionário (MNR) liderado por Leonel Brizola e que, antes de ser incluído na lista dos
quinzes presos a serem trocados por Elbrick, foi barbaramente torturado, entre agosto e
setembro de 1969, em presídios militares de Juiz de Fora e do Rio de Janeiro; Os carbonários
(1981; edição consultada: 2008), de Alfredo Sirkis, sobre sua participação (e consequente fuga
para o Chile) nos dois sequestros realizados pela VPR; e O crepúsculo do macho (1980; edição
consultada: 1981), narrativa em que Gabeira descreve seu longo exílio de dez anos na Suécia,
após ter sido incluído na lista de quarenta presos negociados em troca da libertação do
embaixador alemão e enviados para Argel, capital da Argélia. Antes de se estabelecer em
Estocolmo, Gabeira fez treinamento de guerrilha em Cuba, morou um tempo na Alemanha e,
em 1973, no Chile, presenciou, ao lado de Sirkis, o golpe militar do general Augusto Pinochet
que destituiu Salvador Allende do poder. Considerado “terrorista internacional” pelas
autoridades chilenas, Gabeira escapa da morte durante o golpe por ter se refugiado, por três
meses, na embaixada argentina, de onde consegue um salvo-conduto para deixar o país andino
e exilar-se na Suécia. Todas essas obras mencionadas acima entram facilmente na categoria de
“testemunhos de sobreviventes”, uma vez que seus autores superaram prisões, perseguições,
golpes e torturas para, uma década depois, eternizarem em literatura o medo e o pânico vividos.
“Testemunhos de sobreviventes” são também duas densas e catárticas obras produzidas
por ex-militantes de esquerda: Tirando o capuz (1981), de Álvaro Caldas, e Em busca do
tesouro (1982), de Alex Polari. Caldas foi jornalista e guerrilheiro filiado ao PCBR (Partido
Comunista Brasileiro Revolucionário), criado em 1968 por militantes egressos do PCB (Partido
Comunista Brasileiro), e ficou preso por duas vezes, a primeira em 1970, tendo sido
surpreendido por militares em um dos “pontos”, que eram os locais em que os militantes se
encontravam para trocar informações sobre atividades revolucionárias, e a segunda vez em
1973, quando foi retirado à força de sua casa e levado para a temida sede do DOI-CODI,
localizada na rua Barão de Mesquita, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. No “sufocante”
Tirando o capuz, Caldas relata sua experiência como guerrilheiro e como jornalista, descreve
sua formação política e seu papel na defesa da democracia e da liberdade, recordando,
dolorosamente, como isso lhe rendeu inúmeras sessões de tortura, inclusive, assim como
ocorrera a Flávio Tavares anos antes, levando choques elétricos nos órgãos genitais e em
extremidades do corpo.
Já Alex Polari descreve, no volume de memórias Em busca do tesouro, sua participação
no sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, executado, como dito acima, pela VPR
(Vanguarda Popular Revolucionária), em dezembro de 1970, sob liderança do ex-capitão
Carlos Lamarca, sequestro do qual ele e Stuart Angel Jones fizeram parte. Em busca do tesouro
é um dos mais assombrosos e catárticos livros da memorialística política brasileira, pois
representa a expiação de Polari à culpa sentida por ter sido “obrigado” (através da
administração em seu corpo do “soro da verdade” – pentotal sódico –, substância utilizada no
período da ditadura militar como forma de desinibir o prisioneiro e retirar dele qualquer
barreira ética e moral, deixando-o sonolento e confuso para que, nesse estado, responda a
qualquer pergunta sem nenhum tipo de restrição). Desse modo, sonolento e confuso, Polari
acaba entregando o paradeiro do companheiro Stuart que, num assomo de sadismo
institucionalizado, foi torturado (e em seguida morto) por membros da Aeronáutica, numa cela
ao lado da de Polari, nas dependências do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Em seu
testemunho, o memorialista justifica sua reação induzida: “Eu estava atormentado
emocionalmente, não tinha nada de político (sic) a minha reação. Estava sendo sincero. Talvez,
apenas eu queria provar a mim mesmo que o que prevalecia era o lado ético, político do caso”
(1982, p. 153).
Todos esses exemplos servem para ilustrar o terror e a violência infligidos pelos agentes
da ditadura aos que ousaram desafiar seu poder e autoridade. Os que sobreviveram, como Paz,
Tavares, Caldas, Polari e outros, eternizaram em seus depoimentos a luta simbolizada por
aqueles que, como Marighella, Lamarca ou Stuart Angel, pagaram com a própria vida a
resistência ao status quo. A seguir, veremos como o testemunho de Carlos Eugênio Paz se
enquadra nessa categoria, transitando entre o depoimento político e a ficcionalidade que alterna
presente da narrativa e recordação de episódios históricos.
Nas trilhas da luta armada: resistência e paixão revolucionária
O depoimento de Carlos Eugênio Paz, redigido nos anos 1990 e diluído em duas
narrativas que possuem o mesmo curioso subtítulo de “memórias romanceadas” (Viagem à luta
armada, 1996; e Nas trilhas da ALN, 1997), como se supõe a partir dos títulos das obras, gira
em torno de sua participação na resistência armada à ditadura militar brasileira, mais
especificamente, versam sobre o seu envolvimento como membro (organização na qual
ingressa com apenas dezessete anos de idade) e um dos principais dirigentes da Ação
Libertadora Nacional (ALN), grupo armado protagonista, ao lado da VPR, da oposição ao
regime ditatorial.
O fato de Paz ter ingressado na luta armada tão jovem e ter saído da ALN somente em
1973 (diretamente para o exílio na França), em um momento em que o cerco e a repressão
começavam a arrefecer, faz com que Franklin Martins afirme, no ótimo prefácio que escreveu
para Viagem à luta armada, que Carlos Eugênio Paz formou “(...) uma visão geral do processo,
desde a época em que o sonho da luta armada supunha-se invencível até os estertores da
guerrilha urbana (...)” (1996, p. 10). Algo raríssimo, pois os dirigentes desses grupos armados
apareciam e desapareciam rapidamente, tragados pela intensa e violenta repressão por parte da
ditadura. Para Martins, Paz conheceu o “(...) cotidiano e as entranhas da luta armada desde o
seu começo até o fim” (1996, p. 9) e, tendo sido literalmente caçado, é “impressionante (...)
que tenha sobrevivido”: “Por si só, isso já seria credencial bastante para que seu depoimento
sobre a época fosse importante” (idem).
Franklin Martins tem razão: é realmente importante para a recente história política
brasileira o depoimento de alguém que, além de ter participado de todo o processo, escapou de
mais de cem cercos policiais e comandou a ALN já num período de declínio da luta armada,
após as mortes de Marighella e Câmara Ferreira. Ao lado da importância histórica, suas
narrativas possuem uma estrutura diferenciada e peculiar, uma vez que o autor opta pela
alternância entre o presente da narrativa (registrado em itálico) e flashbacks que remetem às
suas lembranças do passado de guerrilheiro (sem itálico), nos quais Paz relata a história da
ALN e seu envolvimento pessoal na luta armada, mantendo a expectativa do leitor de saber
“como a história acaba” e demonstrando, na prática, que um livro de memórias se constitui
justamente através dessa alternância entre o passado vivido e reelaborado pela evocação
“presente”.
Outro aspecto de destaque nas narrativas de Carlos Eugênio Paz é o fato de o autor optar
por se referir aos demais companheiros através do nome que adotavam, na Organização, a fim
de tentar manter a clandestinidade e o anonimato, transformando-os assim em “personagens”
de suas “memórias romanceadas”. Carlos Marighella é designado como Fabiano, Câmara
Ferreira como Diogo e assim por diante. O próprio Paz é identificado através de vários
codinomes, tais como “Clemente”, “Clamart” e “Quelé”. A necessidade de manter a
clandestinidade faz com que as memórias de Carlos Eugênio Paz não se enquadrem
adequadamente nas regras propostas por Philippe Lejeune em seu “pacto autobiográfico”
(2008), que prevê a tripla identidade autobiográfica (autor, narrador e personagem principal
devem necessariamente possuir o mesmo nome, o que não acontece na narrativa em questão).
Tal fato em nada diminui o caráter autobiográfico e confessional das memórias de Paz,
coerente com o contexto histórico ao qual sua narrativa pertence – oposição, resistência,
clandestinidade, guerra de guerrilhas etc, ainda mais se considerarmos que, ao decidir-se por
veicular, como apêndice das obras, um glossário associando o nome do personagem à
personalidade histórica que motivou a analogia, seguido de um resumo biográfico, o autor
“quebra” a suposta ilusão romanesca que suas “memórias romanceadas” pressuporiam e
afirma, com isso, o caráter referencial de seu depoimento. Vejamos um exemplo:
Fabiano – Carlos Marighella – Fundador, líder e dirigente máximo da Ação
Libertadora Nacional (ALN), deu o sinal para o lançamento da luta armada
de guerrilha contra a ditadura militar, ao comparecer à conferência da
Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) em 1967. Militou
desde a juventude no Partido Comunista Brasileiro, lutou contra a ditadura de
Vargas. Preso e torturado pela polícia política, foi mandado para Fernando de
Noronha e posteriormente para o presídio da Ilha Grande – RJ. Solto em 1945,
elegeu-se deputado federal constituinte em 1946 com expressiva votação e
teve atuação destacada na bancada do PCB. Em 1964, desiludido com a
possibilidade do Partido frente ao golpe de estado militar, começou a defender
a luta armada de resistência. Em 1965 foi preso em um cinema na Tijuca e,
mesmo ferido a bala, lutou com os policiais, protestando contra a violência.
Após ser libertado, escreveu o documento “Por que resisti à prisão”,
defendendo uma tomada de posição combativa por parte dos opositores da
ditadura. Seu pronunciamento na Rádio de Havana, durante a realização da
OLAS, foi usado como pretexto para seu desligamento da Comissão
Executiva do Comitê Central e sua expulsão do PCB. O preparo político de
Carlos Marighella, seu carisma e a coragem de viver o que pregava, o
transformaram no mais importante dirigente da esquerda brasileira. Foi morto
em 4 de novembro de 1969, na alameda Casa Branca, em São Paulo (PAZ,
1996, p. 215-216; grifo do autor).
O resumo biográfico destrói, portanto, a ilusão romanesca criada no decorrer da
narrativa, que, transitando entre a ficcionalidade e a referencialidade, insinua – mas não afirma
– uma eventual aproximação entre o personagem (Fabiano) e o líder político que o originou
(Marighella). Trechos como o que transcreverei abaixo pressupõe a correspondência entre
ambos, que somente será confirmada no final da leitura, quando se chegar ao Glossário:
Fuzilaram Fabiano em plena rua, na noite de um dia sombrio, que caiu sobre
nossas cabeças como um manto fétido e frio, tecido em flores que não
havíamos cantado e que nem poderiam cobrir seu corpo, enterrado em vala
comum de um cemitério da periferia da capital mais rica da América do Sul.
Conhecemos as quedas em série, produto da tortura científica, e o terror de
cobrir um ponto farejando emboscadas, tentando escapar até o próximo ponto.
Nada de guerrilha rural, defensiva, repressão braba, muita gente procurada e
desaparecida, dezenas fugindo para o exterior, preferindo o degredo ao terror
e à tortura (PAZ, 1996, p. 58).
O leitor que conhece a história do período e o contexto em que Carlos Marighella foi
morto sabe que o narrador está falando do líder da ALN através do “disfarce” da narrativa
“romanceada”. Na homenagem que presta aos companheiros mortos, o Glossário expõe uma
sinceridade e emotividade que dificilmente se adequariam a uma narrativa de “guerrilheiro”,
como no trecho em que Paz declara seu amor a Ana Maria Nacinovic, identificada na obra
como Marcela: “Rebelde, artista, bela como poucas (...). Marcou minha vida profundamente,
primeira mulher com quem dividi um teto. Até a morte, me lembrarei dela com carinho e amor”
(PAZ, 218, p. 218).
No prefácio que escreveu para Nas trilhas da ALN (intitulado “Nome, nome de guerra
e nomes legendários”, 1997, p. 9-12), Ivan Seixas destaca o fato, aparentemente contraditório,
de Paz ser mais reconhecido e elogiado através da evocação de seu nome clandestino do que
propriamente pela identidade civil que o distingue:
Apelidos, codinomes e nomes de guerra não pertencem mesmo a seus
portadores. Poucos conseguem localizar na história desse mal contado e
conturbado período histórico da recente vida brasileira o lugar de Carlos
Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Mas se perguntarmos por “Clemente”
muitas histórias e lendas virão à memória num instante. “Ah! Aquele que
cortou o nariz do Fleury com um tiro? Aquele que foi condecorado como
soldado exemplar e abandonou o Exército para ser um guerrilheiro exemplar?
Aquele que deu trabalho à repressão, furou mais de cem cercos à bala e nunca
foi preso? Sim, esse eu conheço” (SEIXAS apud PAZ, 1997, p. 11).
Como se vê, apesar de Carlos Eugênio Paz embaralhar as instâncias do discurso
(criando a interessante expressão “memórias romanceadas” para caracterizar ambas as
narrativas), o referencial histórico (luta armada, participação na ALN, etc), o Glossário
biográfico e o teor das reminiscências evocadas nos permite enquadrá-las no rótulo de
“memórias”, especialmente, em minha opinião, na ideia de “memória coletiva” proposta pelo
sociólogo francês Maurice Halbwachs (2006), uma vez que nenhuma recordação é 100%
individual e “Nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda
q se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós
vimos” (HALBWACHS, 2006, p. 30). Carlos Eugênio Paz não “fala” apenas por ele – seu
depoimento representa a voz de centenas de brasileiros que aderiram à luta armada, sendo que
a grande maioria desses jovens perdeu a vida sabendo que batalhava do lado mais fraco e menos
aparelhado do conflito. Sobreviventes como Paz, Polari, Caldas e Tavares, além de tudo que
passaram, carregam ainda essa responsabilidade: contar o que de fato ocorreu para eternizarem
a luta de Marighella, Toledo, Lamarca, Stuart Angel, Rubens Paiva e tantos outros heróis
brasileiros, anônimos ou não. Falando dessa geração e do contexto histórico no qual lutaram,
destaca Franklin Martins:
Algumas referências históricas são indispensáveis para que não se julgue os
personagens deste livro pelos padrões de hoje. Aqueles que pegaram em
armas para lutar contra a ditadura podem ter escolhido um caminho errado,
mas não eram loucos ou doidivanas. Certos ou errados, eram homens de seu
tempo, jovens de seu tempo, um tempo diferente do que agora vivemos
(MARTINS apud PAZ, 1996, p. 10-11).
Porém, que não se julgue que, por ser uma “homenagem” aos companheiros mortos,
Viagem à luta armada é um livro “tranquilo” e bem resolvido. Pelo contrário, a alternância de
vozes temporais (presente da narrativa / flashbacks) faz com que o leitor tenha uma ideia da
dimensão da dor e do sofrimento vividos por Paz, dimensão tão assustadora que não lhe
permitiu, nem no exílio vivido em Paris entre 1973 e 1981, superar o trauma. Para o prefaciador
da obra, “A tensão [descrita no livro] é constante, da primeira à última linha, costurada em
rajadas curtas, que vão e voltam, em mergulhos cada vez mais profundos num poço que parece
não ter fim. Lê-se de um fôlego. Acaba-se sem fôlego” (MARTINS apud PAZ, 1996, p. 10).
O exílio é uma espécie de alívio físico, mas não uma salvação psicológica. Para Ana
Pizarro, o exílio é “(...) uma aventura assinada por um começo de fatalidade, um nascimento
não desejado” (2006, p. 46) e que não tem “presente”, somente passado (recordações
traumáticas) e um futuro sem expectativas, calcado na ideia de regresso que talvez jamais venha
a se concretizar, pois o presente do exilado “(...) não existe senão como âmbito da
sobrevivência que permite acolher a memória e o futuro” (PIZARRO, 2006, p. 46). Talvez, por
esse motivo, as memórias de Carlos Eugênio Paz se iniciem de modo tão tenso e transgressor
– escapando da perseguição da ditadura militar brasileira, o guerrilheiro se exila na França e,
antes de aderir ao tratamento psicanalítico como maneira de tentar compreender o alcance e a
devastação mental motivada pelo trauma sofrido, refugia-se no seu íntimo através de uma das
formas mais radicais e invasivas de agressão ao corpo: o vício em drogas injetáveis (heroína,
obtida na periferia de Paris). Transcrevo a seguir o início sufocante e paranoico de sua narrativa
(mantendo o itálico usado no original) para que tenhamos uma ideia da extensão desesperadora
de seu depoimento:
O vômito sai em golfadas, espessas a princípio e mais ralas, aguadas, depois
da terceira ou quarta. Cheiro azedo impregna o banheiro, as pernas tremem,
me obrigam a agachar, não ligo para os braços e as mãos encharcados. Uma
última golfada traz à tona o prazer que sinto, apesar do quadro repugnante
que componho, acocorado e aborcado no vaso sanitário. Não nego, há gozo,
no ato do vômito. Líquidos e sólidos escorrem goela acima, em sentido
inverso, aliviam o peso no estômago e afogam o enjôo. Alívio... Estou leve e
limpo, a pele é lavável, impermeável e não guarda cheiro após uma banheira
quente e espumante. Ruim era estar com tudo isso lá dentro, sendo digerido
e levado lentamente até meu sangue, onde realmente me faria mal. No
sangue, hoje, me bastam a heroína e seu orgasmo artificial. (...) Tão diferente
da adrenalina e produz a mesma comodidade de estar, simplesmente estar,
sem medo, no momento presente (PAZ, 1996, p. 15).
O vício na adrenalina da luta armada é substituído pelo vício na mais pesada das drogas
injetáveis, que, contudo, mesmo aliviando-o por instantes, não apaga de sua memória o trauma
sofrido, o luto pelos companheiros mortos, pelas companheiras desaparecidas. O trauma é tão
intenso que Paz, assim como Flávio Tavares em suas Memórias do esquecimento, leva
praticamente trinta anos para se decidir a narrar sua história. Martins observa o fato com
sensível acuidade crítica e histórica, servindo-se de uma interessante metáfora para ilustrar a
potencialidade negativa daquilo que Paz deveria “ruminar” e finalmente superar:
Viagem à luta armada é diferente da maioria dos livros de ex-militantes sobre
o período da luta armada, escritos quando o chumbo ainda estava quente e as
feridas abertas. Não veio para saciar uma eventual sede de informação, nem
para provar nada a ninguém. Não é um libelo ou tampouco um cartão de
visitas para os novos tempos. A impressão que dá é que não foi escrito, mas
ruminado, rolando, antes de vir ao mundo, pelos sete estômagos da derrota,
da impotência, do ódio, da droga, do delírio, da psicanálise e, finalmente, da
literatura (MARTINS apud PAZ, 1996, p. 14).
Sabe-se que o regime contra o qual tantos jovens guerrilheiros ousaram lutar não era
composto ou apoiado apenas por militares. Livros de História sobre o período já demonstraram
a intensa participação de empresários nas atividades de suporte financeiro e logístico à
repressão e à tortura, o que sugere que é mais correto, do ponto de vista histórico, rotulá-la
como “ditadura civil-militar”2. Um dos executivos que financiaram a tortura era um dos líderes
do grupo Ultragaz no Brasil. Vejamos o que afirma Mário Magalhães sobre sua execução como
vingança da ALN às sádicas práticas que o empresário estrangeiro fazia questão de assistir:
O dinamarquês Henning Boilesen, do grupo Ultragaz, foi um dos mecenas
que bancaram as máquinas de eletrochoques da Oban3. Torturados o
reconheceram se deliciando nas sessões de suplício. A ALN executou-o em
1971, com um tiro fatal desferido por Carlos Eugênio Coelho Sarmento da
Paz (MAGALHÃES, 2012, p. 517).
Adrenalina, heroína, psicanálise e, finalmente, a confissão memorialística. Elementos
que compõem a dramática aventura guerrilheira de quem executou e viu companheiros sendo
executados, baleados em assaltos a banco para financiar a guerrilha, inutilizados física e
psicologicamente, etc. Suas narrativas são, assim, acertos de contas com o passado e uma
sincera revisão dos erros cometidos e das traições das quais foram vítimas (através da delação
de um companheiro identificado apenas pelo codinome de “Silvério”, alusão velada ao traidor
de Tiradentes, Joaquim Silvério do Reis).
Viagem à luta armada representa a evocação do período em que Carlos Eugênio Paz
lutou, pela ALN, em terras brasileiras, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já Nas
trilhas da ALN narra seu treinamento de guerrilha em Havana, capital de Cuba, no início dos
anos 1970, num momento em que a Organização, tendo perdido Marighella e Toledo, temia
pela vida de um líder da altura e do senso de responsabilidade e disciplina adquirido por Paz
ao longo de sua militância armada. Próximo ao desembarque na Ilha, enquanto observa o Mar
do Caribe da janela do avião, Carlos Eugênio Paz, momentaneamente liberto de sua valente
condição de herói do movimento, cede à emoção e finalmente chora, aliviando a tensão
psicológica e existencial presa há anos em seu íntimo despedaçado e fragmentado:
Lágrimas lavam o peito, há anos não chorava. Dezenas de corpos desceram
goela abaixo, a seco, sem pranto nem anestesia. Seis anos de luta clandestina,
assaltos a banco e casernas, atentados a bomba, enfrentamentos e
justiçamentos. Rompi cercos entre balas que explodiam para-brisas, furavam
carrocerias, raspavam em meu corpo, feriam e matavam companheiros... Sou
2 Sobre isso, ver a coletânea A ditadura que mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964 (2014), organizada por
Daniel Aarão Reis et al. Ver também GASPARI (2014). 3 OBAN – Operação Bandeirante. Segundo Magalhães, “A Oban foi lançada em julho de 1969, com o propósito
de unificar os órgãos de repressão antiluta armada” (2012, p. 517). Seu maior objetivo foi “abortado”: obter a
prisão de Carlos Marighella. O líder da esquerda brasileira foi morto em 4 de novembro do mesmo ano por agentes
policiais comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.
um homem de sorte: nos piores momentos a rota de fuga era sempre visível,
para alcançá-la bastavam decisão e audácia, o que tenho de sobra (PAZ,
1997, p. 13).
Sem a anestesia da adrenalina, resta-lhe a realidade com seus erros e acertos, dúvidas e
arrependimentos, lições amargas aprendidas a ferro e fogo, e que desaguam em lágrimas
quando o passado – individual, coletivo, político – já não pode mais ser alterado e o que sobra
é o exílio, a dor, a ação intempestiva, a autocrítica...
Considerações finais
Mesmo após iniciativas como a de Dom Paulo Evaristo Arns e Philip Potter (1985)4 e
das Comissões Nacionais da Verdade, em países como Chile, Argentina e Brasil5 – que, em
tese, expuseram na mídia os horrores da ditadura; e, principalmente, diante da volta, nos dias
de hoje, de discursos neofascistas que, encobertos por um pseudo véu liberal, insinuam-se na
sociedade contemporânea através de movimentos de extrema-direita avessos ao imigrante, ao
refugiado, ao estrangeiro, ao excluído social, é necessário sim falar de opressão e ditadura.
Sobretudo na América Latina, que passou por um longo período de governos
autoritários e ditatoriais, e que, segundo Idelber Avelar (2003), continua a produzir narrativas
que tentam expurgar o luto, a melancolia e a derrota causada pela feroz repressão policial dos
anos 1970 e 1980, é particularmente importante falarmos dos testemunhos e depoimentos dos
sobreviventes da ditadura civil-militar de 1964, como forma de perpetuar a memória traumática
do período e tentar evitar que atrocidades se repitam, tragédias pessoais e coletivas que fizeram
do século XX, no dizer de Seligmann-Silva, a “era das catástrofes” (2003).
O depoimento de Carlos Eugênio Paz afirma-se, portanto, como um dos mais cruciais
para se compreender a amplitude do movimento armado de resistência à ditadura brasileira e a
dinâmica do processo de superação do luto pós-ditatorial. A ferida ainda está aberta, e talvez
4 Ver Brasil: nunca mais, projeto liderado por Arns, que confirma a prática da tortura no Brasil através dos próprios
processos que tramitaram pela Justiça Militar brasileira entre abril de 1964 e março de 1979. Edição consultada:
16ª (1986). 5 Ver, em NEPOMUCENO (2015), como Chile e Argentina julgaram e puniram os militares responsáveis pelos
desaparecimentos e mortes de opositores políticos e como, no Brasil, a situação permanece não resolvida: “O
Brasil continua sendo um dos países que mais contas pendentes têm com a própria memória (...). foi só a partir da
instalação da Comissão Nacional da Verdade pela presidente Dilma Rousseff, em 2012, que se começou a tentar
avançar um pouco mais no lento trabalho de recuperação da verdade e de resgate da memória. Um dos objetivos
da Comissão foi apontar os responsáveis pelos crimes cometidos não só por agentes do Estado durante a ditadura,
mas também por seus colaboradores civis” (2015, p. 12-13).
nunca seja cicatrizada, mas tais depoimentos cumprem a função de pelo menos tentar fazer
refletir sobre o que aconteceu e de evitar que os jovens de hoje preguem a volta da ditadura
como um antídoto desesperado contra a corrupção, falsa tábua de salvação de uma batalha
aparentemente perdida. Afinal, como resume o memorialista, ao falar das formas diversas com
as quais os lados opostos encaravam seus objetivos, as motivações ideológicas pelas quais
resistentes e militares luta(va)m são bem diferentes:
(...) os milicos (...) são diferentes de nós, os soldados são obrigados a servir
e os oficiais estão no exército por dinheiro, ascensão social e poder. Nosso
pequeno exército guerrilheiro é composto de voluntários, vivemos para lutar,
a morte é um detalhe de percurso (PAZ, 1997, p. 147).
Detalhe que abreviou o caminho revolucionário de Marighella e de tantos outros, e que
ao mesmo tempo motivou a coragem daqueles que ousaram sobreviver para narrar a dramática
saga da guerrilha urbana brasileira. E narraram. Vida longa a Carlos Eugênio Paz e sua viagem
sem volta! Trilhas e feridas permanecerão abertas...
Referências
ARNS, Paulo Evaristo (Org.). Brasil: nunca mais. 16 ed. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1986.
AVELAR, Idelber. Alegorias da derrota: A ficção pós-ditatorial e o trabalho do luto na
América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
CALDAS, Álvaro. Tirando o capuz. Rio de Janeiro-RJ: Codecri, 1981.
GABEIRA, Fernando. O crepúsculo do macho. 20 ed. Rio de Janeiro-RJ: Codecri, 1981.
GABEIRA, Fernando. O que é isso, companheiro?. 32 ed. Rio de Janeiro-RJ: Nova Fronteira,
1982.
GASPARI, Elio. As ilusões armadas: a ditadura escancarada. 2 ed. Rio de Janeiro: Intrínseca,
2014.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Beatriz Sidou. São Paulo-SP: Centauro,
2006.
LEJEUNE, Philippe (2008). O pacto autobiográfico: De Rousseau à Internet. 1ª ed. Belo
Horizonte-MG: Editora UFMG. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra
Guedes.
MAGALHÃES, Mário. Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo. São Paulo-SP:
Companhia das Letras, 2012.
MARTINS, Franklin. Prefácio. In: PAZ, Carlos Eugênio. Viagem à luta armada: memórias
romanceadas. Rio de Janeiro-RJ: Civilização Brasileira, 1996, p. 9-14.
NEPOMUCENO, Eric. A memória de todos nós. Rio de Janeiro-RJ: Record, 2015.
PAZ, Carlos Eugênio. Nas trilhas da ALN: memórias romanceadas. Rio de Janeiro-RJ:
Bertrand Brasil, 1997.
PAZ, Carlos Eugênio. Viagem à luta armada: memórias romanceadas. Rio de Janeiro-RJ:
Civilização Brasileira, 1996.
PIZARRO, Ana. Viagem, exílio e escrita. In: O sul e os trópicos: ensaios de cultura latino-
americana. Niterói-RJ: EDUFF, 2006, p. 45-49.
POLARI, Alex. Em busca do tesouro: uma ficção política vivida. Rio de Janeiro-RJ: Codecri,
1982.
REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; SÁ MOTTA, Rodrigo Patto (Orgs.). A ditadura que
mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
SEIXAS, Ivan. Nome, nome de guerra e nomes legendários. In: PAZ, Carlos Eugênio. Nas
trilhas da ALN: memórias romanceadas. Rio de Janeiro-RJ: Bertrand Brasil, 1997, p. 9-12.
SELIGMANN-SILVA, Márcio (Org.). História, memória, literatura: o testemunho na era
das catástrofes. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2003.
SIRKIS, Alfredo. Os carbonários. Rio de Janeiro-RJ: BestBolso, 2008.
TAVARES, Flávio. Memórias do esquecimento. 4 ed. São Paulo-SP: Globo, 1999.