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Page 1: O CURRÍCULO DE SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO ... Seminarios PPGSOC...professora Acácia Kuenzer de Dualidade Estrutural (1997, p. 7). Esta Dualidade ... A história da educação

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O CURRÍCULO DE SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO

Tainan Rotter Begara Gomes (UEL)

[email protected]

Profª Dra. Angela Maria de Sousa (UEL)

[email protected]

RESUMO: Este projeto tem como objeto de pesquisa a problematização de currículos

da disciplina de Sociologia nos cursos profissionais técnicos de nível médio integrado

do município de Cornélio Procópio. Para isso, ele discute o Trabalho como o princípio

educativo dentro de uma concepção gramsciana da relação Educação e Trabalho,

também um pouco da história da Educação Profissional no Brasil e legislações e

diretrizes curriculares referentes a esta modalidade de educação. Discorre sobre a

questão da construção e reconstrução de conhecimentos e formas de discursos

dominantes que são produzidos e recontextualizados, isso a partir do referencial teórico

de Basil Berstein. O objetivo geral deste é determinar o papel do ensino de Sociologia

nas propostas curriculares de cursos profissionais técnicos de nível médio. Para isso será

levantado através das análises das propostas curriculares dos cursos e propostas

curriculares da disciplina de sociologia de nos cursos profissionais de nível médio

integrado do Município de Cornélio Procópio - Paraná.

Palavras-chaves: Educação Profissional; Ensino de Sociologia; Currículo; Ensino

Médio.

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O trabalho como uma categoria essencialmente humana é uma das

principais preocupações da Sociologia desde os primeiros anos de seu surgimento,

assim como a educação é tema de diversos pensadores ao longo do desenvolvimento das

civilizações ocidentais. Segundo Dermeval Saviani, a origem da educação se confunde

com a origem do próprio ser humano. Bem como ao agir sobre a natureza, adaptando-a

às necessidades humanas surge o trabalho (Saviani, 1996, p. 153).

A relação entre Educação e Trabalho durante a Antiguidade e Idade

Média foram tidas como categorias distintas e opostas, no entanto as mudanças no

modo de produção a partir da Idade Moderna proporcionou uma nova postura frente a

estes temas. Uma passa a ser complemento do outro devido a necessidade de

especialização do trabalho. Daí, surge a escola moderna como resposta a demanda de

qualificação do modo de produção capitalista. Assim, a educação escolar passa a ser a

forma dominante de educação desde a modernidade até a sociedade atual.

(...) a escola está ligada a este processo, como agência educativa ligada às

necessidades do progresso, às necessidade de hábitos civilizados, que corresponde à

vida nas cidades. E isto também está ligado ao papel político da educação escolar

enquanto formação para a cidadania, formação do cidadão (SAVIANI, 1996.p.157)

Então, a escola nas sociedades capitalistas modernas enfrenta uma

contradição, antes o conhecimento era um dos marcos de diferenciação entre as classes

dominantes e dominadas. Agora, a educação escolar é necessária aos trabalhadores para

o desenvolvimento do processo de trabalho, fato que a classe dominante reluta em

expandir às massas.

Vista como uma potencializadora para o trabalho, a escola passa por um

processo de fragmentação, o qual ainda é presente. As suas propostas

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curriculares e pedagógicas se dividem conforme as necessidades de cada classe social

nas suas diferentes estratégias para a divisão social e técnica do trabalho, chamadas pela

professora Acácia Kuenzer de Dualidade Estrutural (1997, p. 7). Esta Dualidade

Estrutural tem forte expressão na educação profissional. Pois ela efetiva a divisão da

educação escolar em trabalho manual X trabalho intelectual, uma educação para a

classe trabalhadora e uma educação para a classe dirigente.

A educação profissional surge da necessidade de formar mão-de-obra

especializada para ocupar os cargos que a produção industrial exige. Assim, as visões

sobre como deve ser esta educação para a profissionalização se divergem. Ora, vista por

políticas educacionais como importante ao progresso econômico da nação, ora, tida

como colaboradora de uma educação excludente e ineficaz, que contribui para o

aprofundamento das desigualdades sociais.

Referenciais históricos e legais da Educação Profissional

Sendo objetivo deste projeto discorrer sobre o ensino de Sociologia na

educação profissional em nível médio será discutido o histórico, as legislações e

diretrizes referente à educação básica e à profissional técnica em nível médio.

A história da educação profissional no Brasil remonta ao período

Imperial, quando havia um esforço D. João VI para profissionalizar os “desvalidos da sorte”, como os órfãos, deficientes físicos, visuais, auditivos e

adolescentes carentes, sendo esta uma benfeitoria do Estado. Em 1854 por um Decreto Imperial foi criado um “Asilo da Infância dos Meninos Desvalidos”, com o

objetivo de diminuir a “criminalidade e vagabundagem”. Lá os órfãos aprendiam as

“primeiras letras” e eram encaminhados às oficinas públicas e particulares para aprender

a profissão (BRASIL, 1999. p.7), geralmente de pedreiros e carpinteiros.

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No começo do século XX, a União se organiza para reestruturar a

educação profissional em torno da demanda do desenvolvimento urbano-industrial e

também da agricultura, mesmo ainda com um caráter fortemente assistencial. Somente

no ano de 1931, com a reforma do ministro Francisco Campos que todo o ensino

secundário é reorganizado e inicia a regulamentação dos cursos profissionais que é

estendido a todos.

Com a promulgação da Constituição de 1937 do Estado Novo muito do

que foi estabelecido na reforma anterior foi deixado de lado. A reforma do Ministro

Gustavo Capanema estabeleceu as Leis Orgânicas da Educação Nacional em 1942

durante o período Vargas. Esta proporcionou uma cisão na educação nacional, pois ao

vincular a educação secundária ao acesso ao ensino superior, classificou os cursos

secundários para a “formação da elite dirigente do país” e para a “ formação da classe

trabalhadora (...) filhos dos operários, desafortunados que precisam ingressar

precocemente no mercado de trabalho” ( BRASIL, 1999. p.10). Assim, as escolas

“vocacionais e pré-vocacionais” tornaram-se um dever do Estado com as classes menos

favorecidas, em parceria com as indústrias, sindicatos econômicos e classes produtoras (

BRASIL, 1999. p.9), tanto que a educação profissional era responsabilidade do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Desta iniciativa nascem as entidades

especializadas como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), e da legislação trabalhista

criada por Getúlio Vargas vem a institucionalização do “menor aprendiz”.

Em 1961, com a 1ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei

de n° 4.024/61), a educação profissional foi considerada uma responsabilidade do

Ministério da Educação e também equivalente para fins de continuidade dos estudos em

níveis superiores. No entanto as duas décadas seguintes foram de retrocesso para esta

modalidade educacional. Com a lei 5.692/71 e a sua modificação da lei 4.044/82, a

profissionalização na escola foi pouco a pouco sendo desmantelada, ora

descaracterizada na sua função de formação básica, ora na função de profissionalizar. A

falta de investimentos

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nesta modalidade não supriu as exigências de vagas capacitadas para o mercado de

trabalho.

Aqui no Brasil somente na década de 1990 é que a educação profissional

recebe uma nova interpretação com a 2ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

de 20 de dezembro de 1996, que logo no artigo 1, inciso 2° vincula a educação escolar

ao mundo do trabalho e à prática social. Desde então União e Estados se organizam na

oferta de cursos profissionais e técnicos no nível médio, subsequente e superior.

Outro encargo colocado pela lei 9.394/96 no seu artigo 36° é que ao fim

do ensino médio os educandos demonstrassem domínio de conhecimentos de Filosofia e

Sociologia necessários ao exercício da cidadania1. Esta situação ordenada pela lei maior

da educação não explicitava a maneira que as disciplinas deveriam ser organizadas, e

com a falta de professores capacitados e espaço nas grades curriculares, estes conteúdos

não eram efetivos. Somente em 2006 com o parecer 38 do Conselho Nacional de

Educação da Secretaria da Educação Básica e dois anos depois com a alteração do

artigo 36 da LDBEN/96, através da lei 11.684 de 2008, foi acatada inclusão da Filosofia

e Sociologia em todas as séries do ensino médio como disciplinas obrigatórias nas

grades curriculares, inclusive nos cursos de educação profissional técnica de nível

médio.

Hoje a educação profissional no Brasil é regida pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio definidas

pela Resolução de n° 6 de 20 de setembro de 2012 da Câmara de Educação Básica do

Conselho Nacional de Educação. A base de organização destas diretrizes são as mesmas

das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, instituídas pela Resolução

n°02 de 30 janeiro de 2012, que são os princípios do Trabalho, da Ciência, da

Tecnologia e da Cultura. Sendo o Trabalho o princípio educativo e pedagógico da

articulação entre Educação Básica e Educação Profissional Técnica.

A oferta dos cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio é

feita através das formas articulada e subsequente (BRASIL, 2012b,

1 O presente projeto intenciona tratar dos desdobramentos somente da disciplina de Sociologia.

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p.03). A oferta articulada é de interesse deste projeto pois ela se desmembra na forma

integrada, que é o curso profissional técnico realizado de forma conjugada ao ensino

médio. Logo as mesmas Diretrizes que norteiam o ensino de Sociologia no ensino

médio são as mesmas da educação profissional. Assim, a organização dos componentes

curriculares também são os mesmos indicados ao ensino médio.

Art. 13 (...)

III - os conhecimentos e as habilidades nas áreas de linguagens e códigos, ciências

humanas, matemática e ciências da natureza, vinculados à Educação Básica deverão

permear o currículo dos cursos técnicos de nível médio, de acordo com as

especificidades dos mesmos, como elementos essenciais para a formação e o

desenvolvimento profissional do cidadão; (BRASIL b, 2012, p.04)

Com isso, houve o entendimento de que o ensino de Sociologia, assim

como os demais componentes curriculares, deveriam direcionar os conteúdos para a

especificidade do curso profissional técnico em nível médio em questão. Destaca-se

então a preocupação com o Currículo do ensino de Sociologia nestes cursos.

Pela resolução n° 06/2012 no artigo 14, os currículos devem

proporcionar aos estudantes “elementos para compreender e discutir as relações sociais

de produção e de trabalho, bem como as especificidades históricas nas sociedades

contemporâneas” (BRASIL b, 2012, p.05). Esta atribuição das Diretrizes para a

educação profissional técnica de nível médio quanto à organização curricular dos cursos

também é um dos objetivos da Sociologia. Mas ao pensar currículo nos cursos

profissionais uma nova discussão se inicia, pois a construção deste implica uma série de

prática políticas educativas, conforme Grundy (1987, apud SACRISTÁN, 2000, p.13)

O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um

conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência

humana. É, antes, um modo de organizar uma série

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de práticas políticas educativas.

Pode-se perceber o objetivo político-econômico no planejamento

pedagógico dos cursos profissionais segundo as Diretrizes, pois elas expressam a

consciência e a intencionalidade do plano de educação de uma nação

Conforme a resolução 06/2012

Art. 17 O planejamento curricular fundamenta-se no compromisso ético da instituição

educacional em relação à concretização do perfil profissional de conclusão do curso, o

qual é definido pela explicitação dos conhecimentos, saberes e competências

profissionais e pessoais, tanto aquelas que caracterizam a preparação básica para o

trabalho, quanto as comuns para o respectivo eixo tecnológico, bem como as específicas

de cada habilitação profissional e das etapas de qualificação e de especialização

profissional técnica que compõem o correspondente itinerário formativo ( p. 05).

O referencial metodológico de Basil Berstein traz um caminho para

pensar este processo de construção e reconstrução de conhecimentos de sociologia no

interior da sala de aula. Visto que as orientações estaduais indicam uma adequação dos

conteúdos sociológicos conforme o curso profissional ofertado. Berstein vê a construção

dos currículo como uma distribuição de poderes e direitos na sociedade. Segundo

CORREIA-LIMA (2012, p.26), a construção de um saber demonstra uma relação de

poder, pois os conhecimentos selecionados por uma classe dominante são os que se

tornam coletivos, a medida que passam do campo intelectual de produção e são

contextualizados e recontextualizados.

Tem-se em vista que o ensino de Sociologia, mesmo com espaço

determinado no ambiente escolar, ainda não está consolidado como tradição na

educação nacional. Assim a discussão sobre os currículos de sociologia na educação

profissional de nível médio é devido a preocupação com a forma em que os conteúdos

estão sendo trabalhados, pois a medida que estes são recontextualizados e reificados

podem afirmar a importância do ensino de Sociologia em nível médio ou podem

descaracterizar a identidade da

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disciplina, e assim ser julgada desnecessária e extintos.

O tema proposto se justifica por ser uma necessidade definida por diretrizes

legais, conforme o inciso III do artigo 13 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Profissional Técnica de nível médio e a relevância do projeto se encontra na

necessidade de se repensar o papel da Sociologia, bem como seus currículos nos cursos

profissionais técnicos de nível médio integrado, para que a disciplina não caia

novamente em distorções pedagógicas que atendem somente às necessidades de

modelos tecnicistas e mercadológicos de educação.

Este trabalho apresenta os objetivos gerais e específicos do projeto de

pesquisa para dissertação. Com isso, pretende determinar o papel do ensino de

Sociologia nas propostas curriculares de cursos profissionais técnicos de nível médio na

rede estadual de ensino no Município de Cornélio Procópio - Paraná.

E também através de resgates históricos dos currículos de ensino de

Sociologia e da educação profissional no Brasil analisar as proposta curricular de curso

e a proposta pedagógica curricular da disciplina de sociologia nos cursos profissionais

de nível médio.

E através da análise dos planos de trabalho docente identificar de que

maneira os conhecimentos de Sociologia tem sido reproduzidos e reificados neste

cursos profissionais técnicos de nível médio integrado.

Procedimentos metodológicos

A pesquisa será desenvolvida em três momentos. A primeira será a

revisão bibliográfica, na qual discute-se a história da disciplina de Sociologia e da

Educação Profissional no Brasil. E também os textos legais sobre Educação Profissional

Técnica de Nível Médio para este período em que a educação nacional tem vivenciado.

Neste mesmo momento será discutido as referências

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bibliográficas sobre a relação Educação e Trabalho na concepção gramsciana e as

ocorrências da dualidade estrutural de ensino, pois Antônio Gramsci propõe caminhos

para a construção de uma educação que tenha como principio educativo o trabalho

produtivo “desinteressado”, que realmente contribua no processo dos adolescentes que

estão em busca de autonomia, identidade pessoal e inserção social.

A concepção gramsciana de escola unitária propõe uma educação para a

liberdade concreta e universal (Nosella, 2004, p. 70) , pois objetiva a formação de

alunos capazes de tomar decisões enquanto dirigentes de si mesmos e de superar a

divisão em classe dominante e dominada. Também propõe que a escola não fosse

subordinada ao trabalho, mas sim integrada a ele.

A abordagem metodológica de Basil Berstein sobre currículos e as

formas de construção de saberes sociológicos no interior das agências

recontextualizadoras pedagógicas (que são as secretarias de Educação, as coordenações

pedagógicas escolares e as salas de aula), é importante para investigar de que maneira

os conhecimentos sociológicos estão sendo recodificados no interior da sala de aula, ao

trabalharem as questões particulares do cursos profissionais técnicos em nível médio.

O segundo momento será o levantamento dos cursos profissionais

técnicos em nível médio integrado da rede estadual de ensino do Município de Cornélio

Procópio – Paraná. A partir daí, dar início a análise das propostas curriculares destes

cursos. Em uma investigação superficial é sabido a existência de cursos profissionais

técnicos em nível médio integrado em Formação Docente para anos iniciais, Técnico

Administrativo Integrado e Técnico em Enfermagem Integrado. Aproveitando também

para a análise de proposta pedagógica curricular da disciplina de Sociologia e plano de

trabalho docente da última série do curso.

Será feita também entrevistas semiestruturadas com coordenadores dos

cursos citados acima e também com 10% de alunos dos últimos anos de Formação

Docente para anos iniciais , Técnico Administrativo Integrado e Técnico em

Enfermagem Integrado.

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Na entrevista com coordenadores haverá investigação do tratamento da

disciplina de Sociologia nas propostas curriculares dos respectivos cursos, para a

verificação do processo de codificação e recontextualização dos conteúdos conforme a

abordagem de Basil Berstein.

A terceira e última etapa, ocorrerá a exposição e a interpretação dos

materiais levantados. E destes conteúdos, será analisado a maneira que o ensino de

sociologia tem sido adaptado e absorvido nos cursos profissionais técnicos de nível

médio integrado.

Conclusão

Os currículos do ensino de Sociologia nos cursos profissionais

técnicos em nível médio integrado é um campo pouco explorado que desperta

preocupação tanto quanto os currículos do ensino médio regular. Porém a escola

profissional enfrenta dificuldades discutidas ao longo do trabalho, quanto a identidade

do curso e seu real objetivo de existência.

Existe posicionamentos políticos-educacionais de viés mercadológico

que propõem o fim da escola profissional técnica em nível médio com o argumento de

que ela não consegue formar de maneira adequada os indivíduos nem para a educação

geral e nem para o trabalho. Com tudo, a escola unitária é unificada e firmada no

princípio da liberdade concreta e da autonomia universal do ser humano ( NOSELLA,

2004, p. 73). Assim, a educação para o trabalho proporcionaria melhores condições de

escolhas dos indivíduos quanto ao seu futuro na sociedade.

Sendo o trabalho uma das categorias de interesse da Sociologia, o seu

ensino na educação profissional técnica em nível médio pode contribuir para a

autonomia destes estudantes, nas suas escolhas futuras, quer seja no mundo do trabalho,

quer seja na educação superior.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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__________a. Conselho Nacional De Educação. Resolução nº. 02, de 30 de janeiro de

2012. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Distrito

Federal: 2012.

__________b. Conselho Nacional De Educação. Resolução nº. 06, de 20 de setembro de

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NOSELLA, Paolo. A Escola de Gramsci. São Paulo: Vozes. 3ª ed. 2004.

SACRISTÁN, Jose Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad. Ernani F.

da Fonseca Rosa. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SAVIANI, Dermeval. O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias.

In: FERRETI, Celso J. et al. (org). Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate

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