o culto cristão esboço preliminar original

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Rev. João Ricardo Ferreira de frança www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 2015 O CULTO CRISTÃO: UM ESBOÇO PRELIMINAR CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO

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Este e-book é resultado da palestra que ministramos no primeiro encontro de Identidade Presbiteriana na Primeira Igreja de Parnaíba, promovido pelo Presbitério do Piauí. O tema sobre Culto Cristão

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  • Rev. Joo Ricardo Ferreira de frana

    www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com

    2015

    O CULTO CRISTO: UM ESBOO PRELIMINAR

    CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO

  • 2

    1 ENCONTRO DE IDENTIDADE PRESBITERIANA

    PRESBITRIO DO PIAU.

    Prof. Rev. Joo Ricardo Ferreira de Frana.

    O CULTO CRISTO UM ESBOO PRELIMINAR

    Teresina 2013.

  • 3

    SUMRIO INTRODUO: ............................................................................................................... 4

    I A DEFINIO DE CULTO ....................................................................................... 5

    II A TEOLOGIA REFORMADA E O CULTO CRISTO: ........................................ 5

    2.1 O DIA DE CULTO: ............................................................................................ 6

    2.2 OS OFICIANTES DO CULTO. .......................................................................... 7

    2.2.1 Deus. ............................................................................................................. 8

    2.2.2 Os Fiis. ........................................................................................................ 8

    III OS ELEMENTOS DO CULTO. .............................................................................. 9

    3.1 A LEITURA E A PREGAO DA PALAVRA ............................................. 10

    3.1.1 A PROCLAMAO ANAGNSTICA: ................................................... 10

    3.1.2 ANNCIO KERYGMTICO ................................................................... 11

    3.2 OS SACRAMENTOS ....................................................................................... 13

    3.2.1 O BATISMO CRISTO: ........................................................................... 14

    3.2.2 A EUCARISTIA. ....................................................................................... 15

    3.3 A MSICA LITRGICA ................................................................................. 16

    3.4 A ORAO LITRGICA ................................................................................ 18

    3.5 A OFERTA NA CELEBRAO LITRGICA ............................................... 19

    CONCLUSO: ............................................................................................................... 22

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 23

  • 4

    INTRODUO:

    Estudar sobre o culto cristo um dos grandes desafios da vida crist. Uma vez

    que ns como igreja de Cristo estamos inseridos no contexto da vida litrgica; a o culto

    a epifania da igreja, pois, nele o mundo percebe a existncia da igreja.

    O culto como celebrao ao Deus trino define a tarefa primordial da igreja que

    viver para a glria de Deus (Catecismo menor pergunta 1); nesta perspectiva somos

    inseridos como homens e mulheres que militam neste mundo para servir a Deus em

    cada aspecto de nossa vida, mas de modo particular que ns, como corpo de Cristo,

    ns somos inseridos na realidade da vida litrgica, da vida sacramental que Deus requer

    em sua palavra.

    Todo culto e adorao devem ter como objeto Deus. Porque Deus assim requer

    de cada ser humano um verdadeiro culto. A afirmao de Cristo de que Deus procura

    verdadeiros adoradores (Joo 4.23) consiste na mais urgente necessidade na vida da

    igreja, pois, a falta de verdadeiros adoradores que adoram a Deus em Esprito e verdade

    (Joo 4.24) tem trazido existncia uma adorao corrompida.

    Este estudo o resultado preliminar de um trabalho apresentado ao Presbitrio

    do Piau no seu 1 Encontro de Identidade Presbiteriana. Onde se procurou apresentar

    os princpios presbiterianos em reas especificas: liderana presbiteriana, a suficincia

    das Escrituras e a relevncia do culto Cristo. Este encontro ocorreu na Igreja

    Presbiteriana de Parnaba no norte do Piau, nos dias de 18 a 20 de outubro, onde

    tivemos a oportunidade de ministrar sobe o tema O Culto Cristo: Um esboo

    Preliminar.

    Neste trabalho procuramos apresentar uma viso sucinta do que seja Culto,

    seguindo para uma ampliao de entendimento da relao entre teologia e culto

    reformado; nesta, etapa abordaremos a questo do dia de Culto, ressaltando ser o

    domingo o dia da feira de nossa alma; discutimos sobre os oficiantes do culto que

    envolve Deus e os fiis o Culto s o que , porque Deus, o grandioso de todo o

    universo requer nossa adorao, e ns, como seu povo, devemos-lhes todo culto que ele

    assim ordenar. E por fim, abordaremos os elementos do culto.

    Nosso desejo que este trabalho ajude-nos a compreender mais e mais a

    temtica do culto dentro de uma perspectiva reformada.

    Rev. Joo Ricardo Ferreira de Frana.

    Teresina, 17 de outubro de 2013.

  • 5

    I A DEFINIO DE CULTO: O que culto? Esta pergunta basilar que precisa ser feita quando estudamos

    este solene tema. O Culto Cristo vital para a vida da Igreja de Cristo Jesus. Uma

    definio simples que podemos oferecer a seguinte:

    O conceito essencial na Bblia, tanto no Antigo Testamento quando no Novo, da palavra adorao o de servio. Os termos usados, respectivamente, so do hebraico abhdha e do grego latreia, cada um originalmente significa o trabalho efetuado pelos escravos ou empregados. E afim de prestar essa adorao a Deus os servos devem prostrar-se e, assim, manifestarem temor reverente, admirao e respeito, prprios da atitude de adorao. 1

    Para que o culto assuma essa postura de servio prestado necessrio que

    conheamos a vontade de nosso objeto de adorao em relao isso, por isso, a

    Confisso de F nos ensina:

    I. A luz da natureza mostra que h um Deus que tem domnio e soberania sobre tudo, que bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o corao, de toda a alma e de toda a fora; mas o modo aceitvel de adorar o verdadeiro Deus institudo por ele mesmo e to limitado pela sua vontade revelada, que no

    deve ser adorado segundo as imaginaes e invenes dos homens ou

    sugestes de Satans nem sob qualquer representao visvel ou de

    qualquer outro modo no prescrito nas Santas Escrituras. (CONFISSO DE F DE WESTMINSTER, CAPTULO 21, SEO 1)

    O culto pode ser definido como: O servio que o homem presta a Deus

    obedecendo a sua vontade para a realizao da adorao. S Deus conhece o modo

    aceitvel pelo qual deve ser adorado a isso ns chamamos de princpio regulador do

    culto. O culto cumprimento restrito da vontade de Deus para a adorao pblica ou

    privada.

    II A TEOLOGIA REFORMADA E O CULTO CRISTO:

    O assunto que envolve o culto cristo tem recebido certa ateno pela igreja

    brasileira. Embora saibamos que a adorao nunca foi considerada assunto de grande

    importncia no pensamento das Igrejas Reformadas.2

    O culto cristo carrega conceitos teolgicos de substancial importncia para a

    maturidade da igreja; isto deve ser algo aditado quando ns estudarmos este importante

    1 ANDERSON, Samyr. O que Voc faz no Domingo? O Culto Numa Perspectiva Bblica. So Paulo: Z3 editora, p.29. 2 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 13.

  • 6

    tema. A teologia e o culto so algo que esto presentes na vida comunitria do povo de

    Deus Lex orandi, Lex credenti o que se ora, o que se crer. Devemos sempre

    lembrar que adorao e teologia caminham juntas e grande parte de nossa teologia

    (certa ou errada), influenciada por nossa liturgia (forma de adorao).3

    Uma vez estabelecido isso em nossas mentes devemos considerar dois princpios

    teolgicos fundamentais para a existncia do culto O tempo da Adorao que est

    ligado ao dia do culto e os oficiantes do culto.

    2.1 O DIA DE CULTO:

    O tempo do culto algo que muitos de ns no levamos em considerao quanto

    estudamos a respeito da adorao pblica. Porque camos naquela iluso de que todos

    os dias so para o senhor, e que toda reunio que realizamos no templo deve ser

    chamada de culto. Qualquer leitor, por mais desatento que seja, notar que essa

    concepo no est em harmonia com as Escrituras.

    Investigando a Palavra de Deus chegamos concluso que deve existir um dia

    para a reunio pactual do povo de Deus este dia o rei dos dias, o dia da feira da

    alma.4 O dia para o culto cristo Domingo.

    A Confisso de F de Westminster declara-nos o seguinte sobre o domingo

    como dia de adorao:

    VII. Como lei da natureza que, em geral, uma devida proporo do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim tambm em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perptuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os sculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sbado (descanso) santificado por Ele; desde o princpio do mundo, at a ressurreio de Cristo, esse dia foi o ltimo da semana; e desde a ressurreio de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que h de continuar at ao fim do

    mundo como o sbado cristo. (CONFISSO DE F DE WESTMINSTER, CAPTULO 21, SEO 7)

    Notemos que este dia chamado de Sbado cristo, ou seja, o dia de descanso

    dos crentes o domingo. o dia em que a igreja se encontra com o senhor para cultu-

    lo e celebr-lo.

    Os dados bblicos que fundamentam a nossa declarao de f so os seguintes:

    3 SANTOS, Valdeci dos. Refletindo sobre a Adorao e o Culto Cristo. In: Fides Reformata 3/2 (1998), p.137. 4 PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Traduo: Hope Gordon Silva. Recife: Os Puritanos, 2000, 45-46.

  • 7

    a) Atos 20.7 No primeiro dia da semana, estando ns reunidos com o fim de partir o

    po, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o

    discurso at meia-noite.

    O texto nos informa que havia um propsito para a reunio dos irmos neste

    solene que era a celebrao eucarstica.

    b) 1 Corntios 16.2 No primeiro dia da semana, cada um de vs ponha de parte, em

    casa, conforme a sua prosperidade, e v juntando, para que se no faam coletas

    quando eu for.

    O texto traz a informao que os crentes deveriam demonstrar sua fraternidade

    para como os necessitados, ento, contriburem no ato litrgico. Mas, h um texto onde

    este dia chamado de o dia do senhor5- - [Kyriak hmra] conforme

    aprendemos em Apocalipse 1.10: Achei-me em esprito, no dia do Senhor, e ouvi, por

    detrs de mim, grande voz, como de trombeta,.

    A igreja recebeu o domingo como o dia memorial da obra redentora de Cristo

    (Mateus 28.1; Marcos 16.1ss; Lucas 24.1; Joo 20.1). O dia do culto cristo ,

    portanto, um memorial da ressurreio de Cristo. Cada domingo um dia de pscoa, em

    que a igreja celebra o grande recomeo, a possibilidade de um futuro outro que no a

    morte [...] um dia de triunfo e de liberdade.6 O resgate da histria da salvao

    comea pelo resgate da celebrao pascal que cada domingo nos oferece em sua

    realizao litrgica.

    2.2 OS OFICIANTES DO CULTO.

    Jacque J. Von Allmen traz uma abordagem muito interessante sobre este tpico,

    ele coloca-nos frente a uma discusso sobre os oficiantes litrgicos, apresentando 4

    personagens desta ao litrgica: Deus, os fiis, os anjos e o mundo.7 Por questes de

    brevidade, cumprindo a finalidade deste trabalho, abordaremos apenas a relao de dois

    oficiantes litrgicos.

    5 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 216. 6 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 219. 7 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 183-211

  • 8

    2.2.1 Deus. Muitas vezes negligenciamos o conceito revelacional de que Deus quem

    ordena a adorao; isto assegurando na Confisso de F de Westminster quando

    declara: [...]Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura lhe so

    devidos todo o culto, todo o servio e obedincia, que ele h por bem requerer

    deles.(CONFISSO DE F DE WESTMINSTER, CAPTULO 2, SEO 2).

    O culto teocntrico porque ele centraliza em Deus e para Deus. Devemos nos

    lembrar que a ordem de Deus que transforma o ato de culto em algo mais do que

    mero desejo ou anseio. a sua presena que faz dele algo mais do que simples iluso.

    a sua presena que o redime do perigo da vaidade.8

    O culto aquilo que Deus requer, que Deus exige em sua Palavra para que ele

    nutra os seus filhos no seio da igreja. Ento, toda adorao, todo louvor devem ser

    teocntricos voltados para o ser de Deus. Devemos nos lembrar que o Deus Trino est

    presente na liturgia da igreja, e a ele que estamos adorando sempre. Textos bblicos 1

    Corntios 12.4-7 apresenta-nos o Deus trino agindo liturgicamente na igreja concedendo

    os dons necessrios igreja para realizao de sua vida litrgica. O culto cristo o que

    por causa de Deus e no dos homens, a celebrao pactual que Deus reclama de seu

    povo.

    2.2.2 Os Fiis. Para os membros que foram batizados o culto constitui um privilgio e um dever

    singular. Isto porque eles vivem na nova realidade, pois, no batismo foram declarados

    ausentes do mundo e dedicados para Deus. Ento, todos aqueles que receberam a

    insgnia do batismo cristo devem participar do culto. Devem ser oficiantes da ao

    litrgica. A Palavra de Deus muito clara sobre isso ao nos ensinar:

    E perseveravam na doutrina dos apstolos e na comunho, no partir do po e nas

    oraes. Em cada alma havia temor; e muitos prodgios e sinais eram feitos por

    intermdio dos apstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em

    comum. (Atos 2.42-44 ARA).

    Todavia, dentro do principio litrgico deve-se considerar que existem

    representantes pactuais. Aqueles que presidem as liturgias devem conduzir o povo a

    louvar a Deus, Paulo mensura no Novo Testamento esta vocao: ou o que exorta faa-

    8 Idem, p.183.

  • 9

    o com dedicao; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligncia;

    quem exerce misericrdia, com alegria. (Romanos 12.8 ARA). Em termos de oficiante

    de culto deve haver o presidente () proistamenos que conduz o povo

    adorao a Deus.

    Os presbteros [docentes e regentes] so oficiantes litrgicos Paulo exorta a

    igreja de Tessalonicenses a terem e alta conta estes oficiantes de culto: Agora, vos

    rogamos, irmos, que acateis com apreo os que trabalham entre vs e os que vos

    presidem no Senhor e vos admoestam; (1 Tessalonicenses 5.12 ARA).

    Os membros da comunidade tambm participam da liturgia.

    O ministrio litrgico dos fiis compe-se normalmente dos seguintes elementos (que podem ser ampliados em maior ou menor grau): o ouvir respeitoso da Palavra de Deus, a comunho eucarstica, o associar-se s oraes por intermdio do amm, a recitao da confisso de f, a apresentao das oferendas, o canto dos hinos e a participao no que chamamos de manifestaes litrgicas da vida comunitria (Antfonas, sursum corda, saudao, confiteor (o clero, alis, participa tambm dessa liturgia em que o povo de Deus como um todo se manifesta como povo sacerdotal)9

    Os oficiantes litrgicos se encontram no dia do Senhor de forma singular. Deus

    e os fiis esto presentes no culto; os ltimos vo ao litrgica para ouvir, cantar e

    prestar louvores a Deus; o senhor nosso Deus se faz presente como galardoador dos que

    o buscam na adorao.

    III OS ELEMENTOS DO CULTO.

    Um dos aspectos tem gerado grande dificuldade no seio de nossas igrejas

    quanto aos elementos do culto cristo. Em nossos dias existe muita falta de

    compreenso sobre este tema. A pergunta que se faz o que deve ter um culto cristo?

    Quais os elementos caracterizam um culto cristo? Esta pergunta de fundamental

    importncia para todos ns.

    A nossa Confisso de F declara o seguinte sobre os elementos litrgicos:

    V. A leitura das Escrituras com o temor divino, a s pregao da palavra e a consciente ateno a ela em obedincia a Deus, com inteligncia, f e reverncia; o cantar salmos com graas no corao, bem como a devida administrao e digna recepo dos sacramentos institudos por Cristo - so partes do ordinrio culto de Deus, alm dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e aes de graas em ocasies especiais, tudo o que, em seus vrios tempos e ocasies prprias, deve ser usado de um modo santo e

    9 Idem, p.192-193.

  • 10

    religioso. ( A CONFISSO DE F DE WESTMINSTER, CAPTULO 21 SEO 5)

    Esta seo da Confisso sumariza para ns os elementos que devem constar em

    um culto tipicamente reformado/presbiteriano. A.A.Hodge nos diz: O culto oferecido a

    Deus deve ser conduzido em assembleia pblica deve consistir de leitura, de pregao e

    de ouvir a palavra; de orao, de cnticos de salmos e da administrao e recepo dos

    sacramentos por ele institudos.10 Estudaremos agora cada um destes elementos que

    constituem o culto cristo.

    3.1 A LEITURA E A PREGAO DA PALAVRA

    Um escritor contemporneo diz que a marca do culto reformado sua

    saturao das Escrituras.11 Ou seja, o Culto presbiteriano eivado das Escrituras. A

    adorao no deve somente ser governada pela Palavra, ela tem de estar saturada da

    Palavra. 12 Isto nos leva para duas ideias importantes sobre a presena da Palavra de

    Deus no culto: 1) Proclamao Anagnstica; 2) Anncio kerygmtico.

    3.1.1 A PROCLAMAO ANAGNSTICA:

    A leitura da palavra conhecida como proclamao anagnstica. O que isto

    significa? A palavra anagnstica deriva do verbo grego anagno,skw[anagnosk]

    que significa eu leio em voz alta. Refere-se leitura litrgica na igreja como um ato

    fundamental do culto cristo. claro que est prtica a igreja crist herdou do judasmo

    conformo nos informa Lucas 4.16: Indo para Nazar, onde fora criado, entrou, num

    sbado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.

    Na passagem citada podemos notar a herana da sinagoga, no que respeita

    proclamao anagnstica, para a igreja crist primitiva. Essa prtica encontramos em

    So Paulo a exortao a que se leiam suas cartas quando das assembleias litrgicas13.

    10 HODGE, A.A. Confisso de F de Westminster Comentada. Traduo: Valter Graciano Martins. So Paulo: Editora os Puritanos, 2010, p. 378. 11 HYDE, Daniel R. O que um Culto Reformado? Traduo:Josaf Vaconcelos. Recife: Editora Os puritanos / Clire, 2012 , p.15 12 JOHNSON, Terry L. Adorao Reformada - A adorao que de Acordo com as Escrituras. Traduo: Josaf Vaconcelos. Recife: Editora os Puritanos, 2001, p.40. 13 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 129.

  • 11

    Conforme podemos comprovar na passagem de Colossenses 4.16: E, uma vez lida esta

    epstola perante vs, providenciai por que seja tambm lida na igreja dos laodicenses;

    e a dos de Laodicia, lede-a igualmente perante vs.

    a) Lectio Continua: a pergunta que tipo de leitura deve ser lida? A primeira

    proposta, que tem o uso mais histrico, a leitura continua que consiste na leitura de

    um livro completo das Escrituras no decorrer das celebraes litrgicas.

    b) Lectio Selecta: consiste na seleo de passagens que escolhemos para a leitura

    durante o culto isto mais novo, e tem uma funo sistemtica, geralmente ligada ao

    tipo de pregao quer ser ministrada.

    c) Quem deve ler as Escrituras na liturgia? O nosso Catecismo Maior de

    Westminster nos oferece uma resposta:

    156. A Palavra de Deus deve ser lida por todos? Resposta: Embora no seja permitido a todos lerem a Palavra publicamente congregao, contudo os homens de todas as condies tm obrigao de l-la em particular para si mesmos e com as suas famlias; e para este fim as Santas Escrituras devem ser traduzidas das lnguas originais para as lnguas vulgares.

    A posio reformada que nem todos devem ler as sagradas Escrituras

    publicamente14. Isso nos leva para aquela ideia da leitura responsiva que estamos to

    acostumados em nossas igrejas, bom que saibamos que est uma prtica relativamente

    nova e no fazia parte da tradio presbiteriana histrica.

    Em seu comentrio ao Cartecismo Maior o Dr. Vos declara o seguinte:

    Ler a Escritura em pblico para a congregao faz parte da conduo da adorao pblica de Deus e deve, portanto, ser feita apenas pelos que foram devidamente chamados para este ofcio na igreja. claro que na falta de um ministro ordenado ou licenciado os presbteros da igreja podem indicar algum apropriadamente para ler as Escrituras e conduzir uma reunio de orao ou reunio comunitria. O que catecismo nega que qualquer crente em particular possa legitimamente tomar para si a conduo do culto pblico sem que para isso seja indicado por aqueles cujo ofcio dirigir a casa de Deus.15

    3.1.2 ANNCIO KERYGMTICO. A palavra de Deus se faz presente no culto pblico tambm por meio de sua

    proclamao audvel. Chamamos de proclamao catequtica ou anncio kerygmtico

    a pregao da palavra em si.

    14 O entendimento que apenas o Ministro da Palavra [Presbtero Docente = Pastor] quem deve fazer a leitura Pblica congregao, pois, a leitura da palavra faz parte do ministrio pastoral. 15 VOS, Johannes Geerhardus. O Catecismo Maior de Westminster Comentado. Traduo: Marcos Vasconcelos. Recife: Os Puritanos / Clire, 2007, p.499.

  • 12

    No podemos falar sobre este assunto sem entendermos como a Histria da

    Igreja o encarou, ou seja, como a Igreja viu a questo da pregao fiel da palavra? No

    texto que lemos em 1 Corntios 1.18-25 Paulo valorizava a pregao oferecendo

    conotaes dramticas. O que a pregao? Stott nos diz que a nfase exclusiva do

    cristianismo 16.

    Por onde comear a nossa peregrinao histrica da pregao? Dargan nos

    indica que tal procura deve ser vista no prprio cristo, pois, o Fundador do

    cristianismo, pessoalmente, foi o primeiro dos seus pregadores... 17 os evangelhos

    apresentam cristo como indo e proclamando as boas-novas de Deus (Mc. 1.14; 1.39;

    Mt.4.17; 4.23; 9.35).

    Somos informados pelas Escrituras que os apstolos davam prioridade

    pregao da Palavra em Atos 6.4.

    Mas, surge-nos uma questo quem deve pregar a Palavra de Deus publicamente

    congregao? O Catecismo Maior apresenta-nos uma resposta:

    PERGUNTA 158: Por quem deve ser pregada a Palavra de Deus?

    RESPOSTA: A Palavra de Deus deve ser pregada somente pelos que foram

    suficientemente dotados e devidamente aprovados e chamados para tal ofcio. O Dr.

    Vos comentando a pergunta 158 do Catecismo Maior de Westminster lembra-nos que:

    Quem no for ministro ordenado ou licenciado pode testemunhar de Cristo em particular ou em pblico, conforme a oportunidade o permita, mas a pregao pblica oficial da Palavra na Igreja deve ser feita apenas por aqueles devidamente separados para esta obra. Claro est que a pregao da Palavra uma obra de importncia muito grande. So necessrias as qualificaes apropriadas para que seja feita de maneira adequada. H qualificaes espirituais, intelectuais e educacionais sobre as quais se deve insistir para que a igreja tenha um ministrio adequado. 18

    David Martyn Lloyd-Jones nos lembra algo interessante sobre este assunto:

    [...] Quem deve realizar a Pregao? O primeiro princpio que gostaria de

    afirmar que nem todos os crentes so destinados a fazer isso, nem todos os

    homens crentes devem pregar, e de maneira alguma as mulheres! Noutras

    palavras, precisamos considerar o que se chama pregao leiga. Isto j vem

    sendo praticado de modo bastante comum h cem anos ou mais. Antes, era

    uma prtica comparativamente rara, mas hoje muito comum. Seria

    interessante examinamos a histria dessa prtica, mas o tempo impede de

    16 STOTT, John. Eu Creio na Pregao, Traduo: Gordon Chown So Paulo: Vida, 2003, p.15 17 DARGAN, E.C. History of Preaching, p.7, vol. II In: STOTT, John. Eu Creio na Pregao, So Paulo: Vida, 2003, p.17. 18 VOS, Johannes Geerhardus. Catecismo Maior Comentado. Traduo: Marcos Vasconcelos. Recife: Editora Os Puritanos / Clire, 2007, p.508.

  • 13

    faz-lo. Novamente, o mais interessante a ser observado que esta mudana

    resultou de causas teolgicas. Foi a mudana na teologia do sculo passado,

    de uma atitude reformada e calvinista para uma postura essencialmente

    arminiana, que provocou o aumento da pregao de leigos. A explicao

    dessa causa e efeito que, em ltima anlise, o arminianismo no-

    teolgico. Eis porque a maioria das denominaes evanglicas da atualidade

    so igualmente no-teolgicas. Sendo esse o caso, no deve nos surpreender

    o fato de que predominem em nossos dias o ponto de vista de que a pregao

    est aberta a todo homem e posteriormente, a qualquer mulher. Minha

    assero que esta uma perspectiva antibblica sobre a pregao.19

    O uso do verbo relacionado a esta funo de arauto kerussw- keryss e na

    leitura que fazemos do Novo Testamento ns percebemos o seguinte que o uso deste

    verbo se aplica:

    a) Apenas a Cristo ou a algum comissionado por Deus para o ministrio da pregao (

    Romanos 10.15; pois, somente estes tm a autoridade divina de se apresentar

    publicamente para falar em nome de Deus.

    b) Nos Evangelhos apenas Joo Batista assim apresentado como proclamador enviado

    da parte de Deus(Mt 3.1: Mc. 1.4; Lc.3.3) sendo ele um profeta do antigo pacto.

    c) Jesus apresentado como o proclamador supremo (Mt.4.17,23;9.35;11.1;

    Mc1.14,38,39; Lucas 4.18,19,44.8.1)

    d) Os apstolos comissionados por Jesus (Mt.10.7,27; Mc 3.14; 6.12; 16.15,20; Lc.9.2;

    12.13.).

    3.2 OS SACRAMENTOS: A doutrina dos sacramentos da Igreja Presbiteriana est intimamente ligada

    concepo calvinista destes mistrios da salvao. A teologia sacramental do

    reformador Joo Calvino encontra-se principalmente nos captulos XIV a XIX do livro

    IV da Instituio da Religio Crist (Institutas) [...]20. Essa tradio calvinista se faz

    presena nos smbolos de f de Westminster que so padres confessionais da Igreja

    Presbiteriana.

    O que um sacramento? O Catecismo Maior responde:

    19 LLOYD-JONES, David Martyn. Pregao e Pregadores. Traduo: Joo Bentes Marques. So Paulo: Editora Fiel, 2008, p.97-98 20 KLEIN, Carlos Jeremias. Os Sacramentos na Tradio Reformada. So Paulo: Fonte Editorial, 2005, p.87-88.

  • 14

    Um sacramento uma santa ordenana instituda por Cristo em sua Igreja, para significar, selar e conferir queles que esto no pacto da graa os benefcios da mediao de Cristo; para os fortalecer e lhes aumentar a f e todas as mais graas, e os obrigar obedincia; para testemunhar e nutrir o seu amor e comunho uns para com os outros, e para distingui-los dos que esto fora.21

    3.2.1 O BATISMO CRISTO:

    O sacramento do Batismo fundamental na comunidade dos fiis. Uma vez que

    ele apresenta a nova perspectiva da vida crist; pois, este sacramento um sinal e selo

    de nos unir a si mesmo, da remisso de pecados pelo seu sangue e da regenerao pelo

    seu Esprito; da adoo e ressurreio para a vida eterna22.

    a) Nossa Unio com Cristo apontada no Batismo:

    O nosso Catecismo defini o batismo como um sinal e selo da aliana para indicar

    a nossa unio com Cristo. Paulo nos ensina isso em Glatas 3.27 porque todos

    quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. ento, no ato do batismo

    em pleno culto pblico uma declarao de Deus para conosco de que pertencemos a

    Cristo e estamos em ntima comunho com ele.

    b) O Batismo um sinal e selo das bnos salvadoras:

    Todas as bnos salvadoras que carecemos so assinaladas e apontadas como

    uma realidade no sacramento do batismo ele aponta para tudo aquilo que Cristo fez

    tais como a remisso dos pecados (Atos 22.16; Marcos 1.4; Apocalipse 1.5); a

    regenerao produzida pelo Esprito Santo simbolizada pelo derramar da gua do

    batismo (Joo 3.5; Tito 3.5).

    c) O Batismo o selo da admisso na igreja de Deus:

    O catecismo ainda nos diz que este sacramento serve para que os que so

    batizados sejam solenemente admitidos Igreja visvel e entram em um

    comprometimento pblico, professando pertencer inteira e unicamente ao Senhor.

    (Atos 2.41)

    e) Os Sujeitos do Batismo:

    O batismo cristo deve ser ministrado aos pais bem como aos filhos. O batismo

    domstico deve ser praticado na Igreja de Cristo. O que labora para a prtica do

    batismo infantil o testemunho claro das Escrituras sobre a continuao da aliana

    21 Catecismo Maior de Westminster resposta pergunta 162. 22 Catecismo Maior de Westminster resposta pergunta 165.

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    (Colossenses 2.11-12); assim, como tambm a evidncia bblica de batismo de famlias

    inteiras nas Escrituras (Atos 16.15,33-34). Deveramos falar em batismo familiar em

    vez de batismo infantil23

    3.2.2 A EUCARISTIA. A prtica litrgica na igreja integra o conceito da celebrao da eucaristia. O

    sacramento da Santa Ceia do Senhor, como conhecido, o rito basilar de nossa f.24

    A Eucaristia lembrada como a proclamao visvel de Deus ao mundo de sua

    redeno.

    Mas, o que a Eucaristia ou Ceia do Senhor? O Catecismo Maior de

    Westminster na pergunta 168 nos responde:

    A Ceia do Senhor um sacramento do Novo Testamento no qual, dando-se e recebendo-se po e vinho, conforme a instituio de Jesus Cristo, anunciada a sua morte; e os que dignamente participam dele, alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para sua nutrio espiritual e crescimento na graa; tm a sua unio e comunho com ele confirmadas; testemunham e renovam a sua gratido e consagrao a Deus e o seu mtuo amor uns para com os outros, como membros do mesmo corpo mstico.

    a refeio da aliana do povo de Deus (Mateus 26.26-28) apontando para o

    sofrimento de Cristo e a libertao de seu povo.

    a) As concepes eucarsticas sobre a presena real de Cristo:

    1. Transubstanciao: A concepo da Igreja Romana de que o po e o vinho se

    transformam no corpo de Cristo literalmente.

    2. Consubstanciao: A concepo luterana de que Cristo est no po e vinho, ou sob,

    ao lado junto com estes elementos.

    3.Concepo Memorial: A concepo zuingliana de que a Santa Ceia um mero

    memorial no qual no confere beno alguma.

    4. A presena real porm espiritual: a posio presbiteriana de que Cristo est

    presente na eucaristia de forma real porm verdadeira e espiritualmete.

    b) A regularidade da Eucaristia no culto pblico: Quantas vezes devem ocorrer

    a Eucaristia na celebrao pblica? Convencionou-se nas nossas igrejas a celebrar a

    Ceia do Senhor uma vez por ms, geralmente, no primeiro domingo de cada ms.

    Muitos procuram justificar isso associando o rito pascal, que era celebrado uma vez por

    23 LUCAS, Sean Michael . O Cristo Presbiteriano Convices, Prticas e Histrias. Traduo: Elizabeth Gomes. So Paulo: Cultura Crist, 2011, p.83. 24 GIRAUDO, Cesare. Redescobrindo a Eucaristia. Traduo: Francisco Taborda. So Paulo: Edies Loyola, p.7.

  • 16

    ano, como padro para ser uma vez por ms. E, historicamente sabemos que Zwnglio

    reduziu a frequncia da celebrao da Ceia do Senhor a quatro vezes por ano e ainda

    desvinculou a celebrao do dia do Senhor.25

    Mas, estudando os dados do Novo Testamento sabemos que a Ceia do Senhor

    era frequente na vida litrgica da igreja primitiva. Em Atos 2.42 nos mostra isso de

    forma muito clara. A Ceia era, portanto, celebrada regularmente. Diz tambm a

    narrativa, como de passagem, que os irmos de Trade, no primeiro dia da semana,

    estavam reunidos como o fim de partir o po (Atos 20.7).26

    A vida da igreja era litrgica e sacramental. notrio que estes textos sempre

    apresentam o vnculo conectivo entre o dia do senhor e o partir do po; ento, a

    celebrao deve ser feita no domingo e deve ser regular. Na primeira carta de Paulo aos

    Corntios ele mostra que a eucaristia era celebrada regularmente na vida da Igreja (1

    Corntios 10.16; 11.23-31). No captulo 11.20 o apstolo mostrar que ao tratar do tema

    da profanao da refeio pactual ele mensura a ideia que eles normalmente se renem

    para aquilo. Ele usa o negativo no a Ceia do Senhor que comeis, por causa, da

    prtica pecaminosa deles que acabava por profanar o sacramento regularmente.

    No captulo 11.24 o conceito de memria introduzido por Paulo seguindo a

    tradio de Cristo em Lucas 22.19. A palavra grega . [anamnesin] Carrega o

    conceito muito amplo mais que mera lembrana. A ideia que o conceito encerra de

    tornar presente aquilo que recorda.27 Podemos dizer que se trata de uma recapitulao

    da histria da redeno que nos fornece certeza da presena verdadeira de Cristo na

    celebrao litrgica.

    3.3 A MSICA LITRGICA

    Este tema tem sido polemizado em anos recentes e acredito que um simples

    estudo no resolver as questes que envolvem este tema. De pronto devemos observar

    que a nossa Confisso de F estabelece que o cntico litrgico da igreja devem ser

    25 KLEIN, Carlos Jeremias. Os Sacramentos na Tradio Reformada. So Paulo: Fonte Editorial, 2005, p.86. 26 ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006, p. 147. 27 MAZZAROLO, Isidoro. A Eucaristia: Memorial da Nova Aliana Continuidade e Rupturas. So Paulo: Editora Paulus, 1999, p.89.

  • 17

    salmos com aes de graas (CONFISSO DE F DE WESTMINSTER,

    CAPTULO 21 , SEO 5).

    No entrarei na discusso sobre o s minsculo ou S maisculo, como muitos

    tem argumento de modo positivo e negativo sobre a inteno dos autores da Confisso

    de F se aqui tinham a inteno ou no de falar sobre a salmodia exclusiva ou o cntico

    exclusivo dos salmos.

    claro que o culto cristo deve ser marcado tambm pela presena da msica,

    vivemos um tempo da inovao gospel na adorao. Os afamados hinos das bandas

    gospel e de cantores entraram com tudo substituindo tudo que era arcaico, o hinos se

    tornaram mais espirituais que os salmos.

    Abraham Kuyper que viveu num perodo ps-puritano (1837-1920) percebeu

    claramente o concurso que havia entre salmos e hinos e afirmou:

    As Sagradas Escrituras nos presenteiam com um volume especial de Salmos [para cntico]. Os salmos superam largamente os hinos em profundidade espiritual. Os hinos raramente foraram entrada nas igrejas sem logo revelar a tendncia primria de dominar os salmos e ento de se operem a eles. Nos salmos ouve-se a duradora e perene entonao da mente piedosa, enquanto todos os hinos nos levam essencialmente a um tema temporrio e imprimem uma concepo unilateral momentnea sobre as igrejas. Os hinos invariavelmente conduzem a coros [ou solistas, etc. no culto pblico], por meio dos quais a congregao silenciada. Na luta entre hinos e Salmos, os membros mais fracos e negligentes da congregao ficam todos contra os Salmos e em prol dos hinos, enquanto os piedosos sempre preferem os Salmos em lugar dos hinos (Apud, Salmos para o Cntico).

    No temos tempo para esta discusso, mas desejamos lembrar a todos que o uso

    dos salmos na liturgia reformada de capital importncia porque eles trazem sade

    espiritual na vida da igreja. s vezes nos opomos a cantar os salmos porque julgamos

    que estamos em outros tempos, e que isso diz respeito a questo de cultura. O pastor

    presbiteriano Terry L. Johnson lembra-nos o seguinte:

    [...] O Saltrio de Genebra, por exemplo, foi imediatamente traduzido para o holands, alemo, ingls, e espanhol (e uma meia dzia de outras lnguas incluindo italiano, bomio, polons, latim e hebraico), junto com adaptaes da forma de Oraes para as Igrejas, de Calvino. Semelhantemente, geraes anteriores de missionrios presbiterianos e reformados levaram seus Manuais de Culto e Saltrios para as terras estrangeiras para onde iam, porque estes no eram tidos como expresso de culto de uma cultura em particular, mas de uma cultura eclesistica que universal e transcendente.28

    28 JOHNSON, Terry L. Adorao Reformada - A adorao que de Acordo com as Escrituras. Traduo: Josaf Vaconcelos. Recife: Editora os Puritanos, 2001, p.19.

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    O cntico de Salmos podem nos salvar da secularizao da msica litrgica

    moderna que vem transvestida de gospel. A Palavra de Deus nos ensina que a msica

    faz parte do culto. (Mateus 26.30; Atos 16.25; 1 Corntios 14.26; Efsios 5.19;

    Colossenses 3.16; Hebreus 13.15; Tiago 5.13).

    3.4 A ORAO LITRGICA

    Outro elemento que faz parte da vida litrgica da igreja a orao. Aqui no se

    fala da orao comunitria silenciosa, mas da orao litrgica pactual. Ou seja, a orao

    no culto pblico. A pergunta pertinente a ser feita quem deve colocar-se de p no culto

    pblico, na convocao solene e orar em nome da comunidade da aliana? A Escritura

    estabelece que aos homens seja destinada esta tarefa.

    No perodo do Antigo Testamento vemos os lderes pactuais assumindo essa

    posio de orao pela igreja ( xodo 32.11-13; Nmeros 6.22-27; 1 Samuel 7.5-17):

    Porm Moiss suplicou ao SENHOR, seu Deus, e disse: Por que se acende, SENHOR, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e poderosa mo? Por que ho de dizer os egpcios: Com maus intentos os tirou, para mat-los nos montes e para consumi-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abrao, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendncia como as estrelas do cu, e toda esta terra de que tenho falado, d-la-ei vossa descendncia, para que a possuam por herana eternamente. (xodo 32.11-13)

    O povo estava cometendo o pecado de idolatria, Deus decide agir com rigor a

    ponto de varrer a memria do povo, ento, o representante pactual se interpe por meio

    da orao em favor do povo.

    Disse o SENHOR a Moiss: Fala a Aro e a seus filhos, dizendo: Assim abenoareis os filhos de Israel e dir-lhes-eis:O SENHOR te abenoe e te guarde; SENHOR faa resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericrdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o rosto e te d a paz. Assim, poro o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abenoarei. (Num 6.22-27 ARA)

    Notamos na passagem acima o elemento fundamental sobre esta questo o

    sacerdote sento instrudo a abenoar o povo por meio da orao.

    Disse mais Samuel: Congregai todo o Israel em Mispa, e orarei por vs ao SENHOR. Congregaram-se em Mispa, tiraram gua e a derramaram perante o SENHOR; jejuaram aquele dia e ali disseram: Pecamos contra o SENHOR. E Samuel julgou os filhos de Israel em Mispa. Quando, pois, os filisteus ouviram que os filhos de Israel estavam congregados em Mispa, subiram os prncipes dos filisteus contra Israel; o que ouvindo os filhos de Israel, tiveram medo dos filisteus. Ento, disseram os filhos de Israel a Samuel: No cesses de clamar ao SENHOR, nosso Deus, por ns, para que nos livre da mo dos filisteus. Tomou, pois, Samuel um cordeiro que ainda mamava e o sacrificou

  • 19

    em holocausto ao SENHOR; clamou Samuel ao SENHOR por Israel, e o SENHOR lhe respondeu.Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram peleja contra Israel; mas trovejou o SENHOR aquele dia com grande estampido sobre os filisteus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados diante dos filhos de Israel. Saindo de Mispa os homens de Israel, perseguiram os filisteus e os derrotaram at abaixo de Bete-Car. Tomou, ento, Samuel uma pedra, e a ps entre Mispa e Sem, e lhe chamou Ebenzer, e disse: At aqui nos ajudou o SENHOR. Assim, os filisteus foram abatidos e nunca mais vieram ao territrio de Israel, porquanto foi a mo do SENHOR contra eles todos os dias de Samuel. As cidades que os filisteus haviam tomado a Israel foram-lhe restitudas, desde Ecrom at Gate; e at os territrios delas arrebatou Israel das mos dos filisteus. E houve paz entre Israel e os amorreus. E julgou Samuel todos os dias de sua vida a Israel. De ano em ano, fazia uma volta, passando por Betel, Gilgal e Mispa; e julgava a Israel em todos esses lugares. Porm voltava a Ram, porque sua casa estava ali, onde julgava a Israel e onde edificou um altar ao SENHOR.

    (1Samuel 7.5-1 ARA)

    Tambm na passagem supracitada encontramos o elemento de que o profeta

    Samuel orar em favor do povo para a confisso de pecado; em nenhum dos exemplos

    encontramos mulheres sendo representantes pactuais do povo em orao.

    E o Novo Testamento confirma que apenas os homens pactuais devem orar na

    adorao pblica (1 Timteo 2.1-8):

    Antes de tudo, pois, exorto que se use a prtica de splicas, oraes, intercesses, aes de graas, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto bom e aceitvel diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto h um s Deus e um s Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos. Para isto fui designado pregador e apstolo (afirmo a verdade, no minto), mestre dos gentios na f e na verdade. Quero, portanto, que os vares orem em todo lugar, levantando mos santas, sem ira e sem

    animosidade.

    Observamos que aqui nesta passagem Paulo frisa de modo particular que a tarefa

    da orao pblica deveria ser realizada pelos homens, pois, o apstolo usa aqui o termo

    vares que no grego {andras} que diz respeito ao gnero masculino

    homem. E geralmente com o sentido de um homem casado.

    Ento, a orao deve ser realizada pelos homens, e de modo particular, pelos

    lideres pactuais do povo (presbteros) e nunca por mulheres, quando a igreja est

    reunida para o momento de adorao.

    3.5 A OFERTA NA CELEBRAO LITRGICA

    Embora este elemento no esteja nomeado na seo 5 do captulo 21 da

    Confisso de F de Westminster, ele mensurado nas pginas das Escrituras como um

  • 20

    elemento litrgico importante. Hoje ignorado em muitos casos, e muitas de nossas

    igrejas nem sequer o tem em sua liturgia. Isto porque se passou a entender que o

    ofertrio no faz parte do culto a Deus.

    Os que so contra o ofertrio no ato litrgico justificam isso usando alguns

    argumentos, entre eles, a anulao da lei cerimonial; logo, julgam no ser necessria a

    colocao deste elemento no momento da adorao pblica. E justificam isso apartir de

    dois textos paralelos dos evangelhos: Marcos 12.41-44 e Lucas 21.1-4.

    Marcos 12.41-44 Lucas 21.1-4.

    Assentado diante do gazofilcio, observava Jesus como o povo lanava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porm, uma viva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus discpulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viva pobre depositou no gazofilcio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porm, da sua pobreza deu tudo quanto possua, todo o seu sustento.

    Estando Jesus a observar, viu os ricos lanarem suas ofertas no gazofilcio. Viu tambm certa viva pobre lanar ali duas pequenas moedas; e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viva pobre deu mais do que todos. 4 Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porm, da sua pobreza deu tudo o que possua, todo o seu sustento.

    O argumento que Jesus estava na porta do templo e logo viu a viva

    depositando no gazofilcio, logo, a prtica do ofertrio se dava na porta do templo.

    Ento, com base nisso remove-se esta prtica no ato litrgico. O problema com essa

    abordagem que ela revela ignorncia quanto estrutura do Templo de Herodes, e

    tambm ignora que o culto realizado no templo era totalmente distinto da estrutura

    sinagogal que o modelo da igreja crist.

    No templo havia grandes divises onde todos no adoravam no mesmo ptio ou

    no mesmo espao, havia lugares destinados para cada tipo de pessoa dentro do Templo

    de Herodes; isso, percebido de forma muito clara quando ns observamos a planta

    deste suntuoso edifcio.

  • 21

    Legendas: LSS = Lugar Santissimo. P H = Porta Formosa LS = Lugar Santo. P O = Porta de Ouro F = Pia de Bronze N? = Porta de Nicanor discutvel. A = Altar do Holocausto Notamos que havia um trio das mulheres e provavelmente esta viva estava

    neste local. Hendrikesen nos informa que este local indicava at onde as mulheres

    poderiam chegar e que dava acesso a arca do tesouro; tanto homens e mulheres

    poderiam transitar neste trio. Logo, entende-se porque Jesus viu essa mulher fazendo a

    sua oferta29. O texto nos informa sobre o culto no templo e no na igreja crist.

    29 HENDRIKSEN, William. Comentrio a Marcos. Barcelona: Editora Desafio, p.454.

    trio dos Gentios Pr

    tico

    de

    Sal

    omo

  • 22

    A prtica de se recolher ofertas para socorrer os necessitados comeou desde

    cedo na igreja crist primitiva. Conforme lemos em Atos 2.45; 4.35 o apstolo Paulo

    nos mostra tambm que o ofertrio faz parte da adorao litrgica (1 Corntios 16.1,2)

    CONCLUSO:

    Este estudo procurou mostrar de forma concisa como o culto cristo. Sendo

    uma introduo procuramos estabelecer e apresentar pontos e princpios que possam nos

    dar um rumo quanto a adorao que Deus merece conforme vimos, toda a adorao

    deve est centrada em Deus e deve ter sua palavra como o manual por excelncia de

    liturgia.

    No se pretende aqui esgotar o assunto, como se pode perceber, mas constitui

    em uma introduo preliminar, onde oferecemos apenas os caminhos por onde leitor

    poder trilhar, e assim, desenvolver uma teologia litrgica mais coerente com as

    Escrituras e com a Tradio Reformada.

    As lies prticas para ns podem ser sumarizadas de forma tpica:

    1. Devemos levar em considerao que o culto um servio ordenado por Deus,

    logo no algo opcional igreja.

    2. Que h um tempo especfico para dedicar a Deus em adorao pblica: Devemos

    olhar para o Dia do Senhor com um santo temor reverente, e assim, amar este

    dia como o dia que a nossa alma alimentada.

    3. Que o Culto no um mero desejo de servir: Devemos ser conscientes de que o

    culto acontece por causa da vontade de Deus, a qual o regula isso implica, que

    tudo o que deve ocorrer no culto deve ser fruto da vontade revelada de Deus nas

    Escrituras.

    4. Que o Culto reformado deve possuir todos os elementos para a sua realizao.

  • 23

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristo Teologia e Prtica. Traduo: Drson

    Glnio Vergara dos Santos. So Paulo: ASTE, 2006.

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    Bblica. So Paulo: Z3 editora.

    3. DARGAN, E.C. History of Preaching, p.7, vol. II In: STOTT, John. Eu Creio

    na Pregao, So Paulo: Vida, 2003.

    4. GIRAUDO, Cesare. Redescobrindo a Eucaristia. Traduo: Francisco Taborda.

    So Paulo: Edies Loyola..

    5. HENDRIKSEN, William. Comentrio a Marcos. Barcelona: Editora Desafio,

    1992.

    6. HODGE, A.A. Confisso de F de Westminster Comentada. Traduo: Valter

    Graciano Martins. So Paulo: Editora os Puritanos, 2010.

    7. HYDE, Daniel R. O que um Culto Reformado? Traduo:Josaf Vaconcelos.

    Recife: Editora Os puritanos / Clire, 2012.

    8. JOHNSON, Terry L. Adorao Reformada - A adorao que de Acordo com

    as Escrituras. Traduo: Josaf Vaconcelos. Recife: Editora os Puritanos, 2001.

    9. KLEIN, Carlos Jeremias. Os Sacramentos na Tradio Reformada. So Paulo:

    Fonte Editorial, 2005.

    10. LLOYD-JONES, David Martyn. Pregao e Pregadores. Traduo: Joo

    Bentes Marques. So Paulo: Editora Fiel, 2008.

    11. LUCAS, Sean Michael . O Cristo Presbiteriano Convices, Prticas e

    Histrias. Traduo: Elizabeth Gomes. So Paulo: Cultura Crist, 2011.

    12. MAZZAROLO, Isidoro. A Eucaristia: Memorial da Nova Aliana

    Continuidade e Rupturas. So Paulo: Editora Paulus, 1999.

    13. PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Traduo: Hope Gordon Silva. Recife: Os

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    15. STOTT, John. Eu Creio na Pregao, Traduo: Gordon Chown So Paulo:

    Vida, 2003.

    16. VOS, Johannes Geerhardus. Catecismo Maior Comentado. Traduo: Marcos

    Vasconcelos. Recife: Editora Os Puritanos / Clire, 2007, p.508.

  • 24

    INFORMAES SOBRE O AUTOR:

    O autor Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia Reformada pelo Seminrio Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife PE. Foi professor de lnguas bblicas (Grego e Hebraico) no Seminrio Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) em Recife - PE. o fundador do Centro de Estudos Presbiteriano. Atualmente pastor da Primeira Igreja Piripiri PI. casado com Gssica Arajo Soares Nascimento de Frana. E possui um filho Chamado de Lucas Luis Nascimento de Frana

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