o correio da serra

8
C M Y K Cunha e região :: Ano 01 :: Nº 01 :: Outubro, 2010 Um jornal independente, a serviço da comunidade O Correio da Serra Estrada Cunha-Paraty Festival de Cerâmica é atração em Cunha A cidade terá uma programação especial Página 4 Página 3 Entrevista com o presidente da Câmara dos vereadores, Neto do Duca Neto Página 7 DIVULGAçãO DIVULGAçãO

Upload: carlos-eduardo-sousa-arcas

Post on 05-Dec-2014

1.082 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: O correio da serra

C M

Y K

Cunha e região :: Ano 01 :: Nº 01 :: Outubro, 2010

Um jornal independente, a serviço da comunidade

O Correio da Serra

Estrada Cunha-Paraty

Festival de Cerâmica é atração em CunhaA cidade terá uma programação especial

Página 4

Página 3

Entrevista com o presidente da Câmara dos vereadores, Neto do Duca Neto

Página 7

DivUlgAçãO

DivUlgAçãO

Page 2: O correio da serra

C M

Y K

2 :: O Correio da Serra :: Cunha, Outubro/2010

ExPEDiENtEDiretor PresidenteOswaldo de C. Macedo

Jornalista Responsável:Iara de Carvalho – MTB nº 10.655

Diagramação:Luciano Lobato – (12) 9191-5399

Registro no Cartório de Imóveis e registros de Cunha protocolizado sob nº 246 , no livro nº

1,em data de 28/07/10 e registrado nesta data, sob o nº 3, no livro nº arquivo digitalizado –

Cunha 12 de agosto de 2010Av: Padre Rodolfo, 285, fundos – Alto

Cruzeiro – Cunha – SPTelefone: (12) 97 59 03 55

E-mail: [email protected]

www.ocorreiodaserra.com.brImpressão: Jornal “Diário de Taubaté”

Este é o primeiro número do jornal “O Correio da Serra”. É um jornal para Cunha e as cidades circunvizinhas, que se interdependem, como guaratinguetá, Paraty, Silveiras, lagoinha e outras.O principal objetivo de “O Correio da Serra” é retratar o momento atual de nossas cidades, promover seu comércio e contribuir para o maior desenvolvimento do turismo, grande riqueza que possuímos e não exploramos o suficiente. Este jornal pretende primar pela verdade, pela análise crítica e positiva que aponte caminhos sensatos e produtivos para nossa população. Pretende também chegar a todas as residências, pontos comerciais, escolas, hotéis e pousadas. Para isto, temos esta edição impressa que se inicia como mensal e que pode passar a quinzenal ou semanal, dependendo do apoio e do interesse da comunidade e está também na internet, onde pode ser lido no site www.ocorreiodaserra.com.br. É Cunha se abrindo para o mundo e para o futuro.Junte-se a nós e seja nosso leitor, nosso assinante, nosso anunciante.

Um jornal independente, a serviço da comunidade

O Correio da Serra

Um NOvO JOrNAlEDITORIAL

E

onfesso que não sei se alguém já expôs esta idéia com estas mesmas palavras, mas eu arrisco dizer: assim como a pressa é inimiga da perfeição, o exagero é inimi-go da credibilidade. É um conceito óbvio, especialmente para quem lida diariamente com informação, ou seja, nós, jornalistas. O bom jornalismo prevê o abandono do

exagero, da convicção cega, de ataques raivosos ou elogios bajuladores. A imprensa não é parte da história que cobre, seu papel é informar, questionar, expor contradições e esclarecer dúvidas sem fechar as portas para nenhum argumento, sem jamais dar-se por satisfeita. Quando dá espaço às várias facetas da realidade, ao contraditório, o bom jornalismo acumula credibilidade junto ao público. Quem está disposto a questionar tudo e todos de forma objetiva, sem superdimensionar o valor das respostas encontradas, terá o respeito, a crença e a admiração do consumidor da informação.

O exagero cabe àqueles que lucram diretamente com o que oferecem. Um vendedor pode exagerar sobre os benefícios de um produto, assim como um político pode superdimensionar ou mesmo inventar qualidades ao se dirigir ao eleitorado. Ambos precisam apenas pesar o risco de serem expostos na divulgação de propaganda enganosa, mas consumidor e eleitor já esperam certa dose

de injustificável autopromoção. É verdade que empresas jornalísticas também têm de vender seu produto, como um jornal, um site ou um programa de rádio/TV. Mas jorna-lista algum deveria ter de vender a informação em si. Esta deveria ser apresentada de forma equilibrada, propor-cional, sob uma perspectiva ampla e com a apresentação de todos os seus lados relevantes. Qualquer exagero na oferta da informação pode abalar a confiança do receptor no mensageiro.

Na cobertura da atual campanha presidencial brasileira têm havido exageros de todas as partes. Alguns profissio-nais da imprensa, convencidos de que o país ganharia com o fim do comando petista no Planalto, alertam para uma espécie de apocalipse caso Dilma Rousseff vença a disputa, como indicam até agora as pesquisas de opinião.

Outros, convencidos da necessidade de se dar continui-dade ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, prevêem o desaparecimento de tudo que ocorreu de bom no país nos últimos anos caso José Serra vire o jogo na reta final. Tal apresentação desproporcional das informações, ou seja, da realidade deveria estar confinada ao horário eleitoral gratuito, onde fatos e ficção costumam caminhar lado a lado.

Oswaldo de C. Macedo

POlÍtiCA E ÉtiCA NO JOrNAliSmOESPAÇO ABERTO

C

Page 3: O correio da serra

C M

Y K

Cunha, Outubro/2010 :: O Correio da Serra :: 3

EStrADA CUNhA-PArAtyDas escalpas da Serra do mar à virada da serra como se diz aqui em Cunha, temos muitos caminhos que

levam em direção ao interior, mas entre eles está a estrada Cunha - Paraty, que apesar do passar dos anos, continua inacabada. Cada vez que se fala em pavimentação do trecho de 9,4 km depois da divisa

entre os Estados de São Paulo e rio de Janeiro, a população reage com um certo ceticismo dizendo que: “há muita politicagem” e falta de interesse na conclusão desse pedaço que tanto martiriza os motoristas que se aventuram na descida ou subida da serra. tanto a descida como a subida não retira dos motoritas o cuidado, apesar da beleza imposta pela natureza aos olhos de quem por alí se aventura, mesmo que seja para no final deixar aquele grito de “até que enfim cheguei” no asfalto. O prefeito de Paraty disse no programa Clube Sertanejo pela Nova Fm 87,9, de Paraty, que estava muito feliz e gostaria de dividir com seus municípes a abertura da licitação

terça-feira, 10 de agosto de 2010

AGORA É OFICIAL LICITAÇÃO ESTRADA PARATY CUNHA

Abaixo está na Integra a cópia da licitação e a empresa vencedora:Licitação09/08/2010 - AvisoA Assessoria de Licitações torna público que fará realizar as licitações abaixo especifica-das:PROCESSO Nº E-17/203.255/2010REF: CONCORRÊNCIA ALC Nº 55/2010TIPO: Menor PreçoOBJETO: “Obras de implantação, pavimenta-ção, drenagem, obras de arte e contenções na RJ-165, Estrada Paraty – Cunha – Trecho: Parque Nacional Serra da Bocaina (PNSB), extensão 9,4 km”.ORÇAMENTO OFICIAL: R$ 67.191.755,14 (incluído BDI de 16%)PRAZO: 540 dias corridosDATA DA LICITAÇÃO: 08/09/2010 às 10:00 horas.

RJ-165 Paraty-Cunha ORÇAMENTO 201 / 10Número da Licitação 078/2010 Menor Preço Modalidade Concorrência 055/2010Data Licitação 08/09/2010No. Processo E-17 / 203255 / 2010Mês (Io) FEV/2010Valor Orçamento 67.191.755,14Valor Proposto 66.962.355.92Empresa Vencedora Consórcio Serra da Bocaina (Metropolitana e Geomecânica)Prog.Trabalho 0741.2678200153.047Nat.Desp. 4490.51Julgamento de Proposta 22/09/2010

Page 4: O correio da serra

C M

Y K

4 :: O Correio da Serra :: Cunha, Outubro/2010

Na sua terceira edição, o festival de cerâmica de Cunha apresentará diversas atrações entre os dias 2 e 24 de outubro. Na inauguração haverá uma exposição coletiva e depois os visitantes poderão ver, nos atelies aberturas de fornadas. Na praça da Matriz vai ser apesentada diversas oficinas e workshops.A ARTE DO BARRO

Ao percorrermos o trecho paulista do Vale do Paraíba, eixo que liga as duas maiores metrópoles do país, não podemos imaginar os aspectos contrastantes que aí se desenvol-vem. Ao lado de modernos parques industriais e de importantes cen-tros de pesquisa, subsistem até hoje pequenos núcleos de artesãos, que conservam as características mais arcaicas da nossa cultura. Entre esses artesãos deve-se destacar os que, trabalhando o barro, produzem obras de grande beleza plástica: a cerâmica do Vale do Paraíba. A presença de grande quantidade de argila nas margens dos rios propi-ciou o desenvolvimento na região dessa atividade que liga profunda-mente o homem ao barro.

Durante muito tempo deu-se preferência à argila encontrada nas camadas mais profundas do solo, porque estas apresentam maior grau de pureza.

O material é depois macetado com o auxilio de uma mão de pilão, até adquirir uma contextura aveludada,

Festival de Cerâmica é atração em CunhaA cidade terá uma programação especial

o que favorece a execução de um bom trabalho.

No Vale do Paraíba encontramos dois tipos de cerâmica: A primeira, cuja origem está ligada à prática silví-cola de usar o barro para fazer potes, vasos, ânforas e outros utensílios

domésticos, era encontrada em toda à região. Atualmente, porém, está res-trita á cidade de Cunha núcleo de glo-rioso passado histórico, onde somen-te uma paneleira, como é conhecida essa artesã, continua viva hoje. D.

Benedita Olímpia de Abreu - a Dita do Maneco (foto)– com idade avan-çada (97), que conservou a tradição de fazer manualmente peças de rara beleza e linhas comparáveis ao mais moderno design.

A arte da cerâmica cunhense existe desde que a região era ocupada pelos índios. A tradição ganhou força com a vinda de ceramistas japoneses e por-tugueses na década de 70, introdu-zindo a cerâmica de alta temperatura, com o primeiro forno Noborigama.

Entre os destaques da programação estão a Queima no Raku do Atelier Gaia, com direito à palestra sobre téc-nicas, happy hour e sorteio de peças, no dia 9; a Abertura de Fornada no dia 10, com queima coletiva em forno a gás com esmaltação à base de sal; e as performances ao vivo dos ceramistas Luciano Escultor, Mauricio Flausino e Alberto Cidraes na Praça da Igreja Matriz no dia 11.

Page 5: O correio da serra

C M

Y K

Cunha, Outubro/2010 :: O Correio da Serra :: 5

iNCENtivO AO tUriSmOComo dizem aqui na serra, Cunha é

grande, são muitas vontade em meio a tantas belezas. Muitas culturas, muita história, muitos causos. Todo este potencial que a cidade possui não tem sido bem aproveitado para atrair visitantes de outros lugares. O turismo é uma fonte de riqueza e geração de renda para grande parte da população, e precisa ser explorado com mais eficácia.

Propomos mudanças e alternativas para que a cidade desenvolva cada vez mais o seu potencial, inclusive uma forte divulgação na busca de desper-tar o desejo de conhecer as maravi-lhas da nossa cidade.

Incrementar a divulgação dos Cir-cuitos Turísticos para aumentar a atração de visitantes, para que eles

possam andar seguro pelo municí-pio.

É necessário capacitar os habitan-tes da cidade em relação ao poten-cial turístico, seja pelos atrativos do patrimônio histórico, ecoturismo ou o turismo rural, para acolher e acomo-dar os visitantes, encantando-os com a tradicional hospitalidade cunhen-se, o que irá incentivar a propaganda boca a boca, atraindo mais pessoas.

É importante que se apóie as festas tradicionais e culturais da cidade, o seu patrimônio cultural e imaterial, divulgando os eventos para públicos específicos buscando linhas especí-ficas de financiamento e cobrando das Instituições públicas alternativas para melhorar a infra-estrutura de acolhimento em hotéis, pousadas,

restaurantes, hotéis fazenda e outros, aproveitando o enorme fluxo de pes-

soas que virão assistir à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

É necessário capacitar os habitantes da cidade em relação ao potencial turístico, seja pelos atrativos do patrimônio histórico, ecoturismo ou o turismo rural, para acolher e acomodar os visitantes, encantando-os com a tradicional hospitalidade cunhense, o que irá incentivar a propaganda boca a boca, atraindo mais pessoas.

João José de Oliveira veloso lança livro sobre história de CunhaO professor João José de Oliveira

Veloso, lançou no dia 25 último o seu Livro sobre a história de Cunha. A festa de lançamento foi um sucesso, e contou com a presença de professo-res e intelectuais vale paraibanos.

O trabalho publicado pelo pro-fessor Veloso é fruto de uma pes-quisa de mais de trinta anos e, não é uma obra inicial, pois o autor já tem outras publicações que somam como experiência. Como membro do IEV (Instituto de Estudos Valepa-raibanos) ele é bastante respeitado pelos pesquisadores e historiadores do Vale. Veloso soma experiência desde a tradução do livro “O fim de uma tradição do brasilianista” do professor Robert W. Shirley. Na ela-boração de sua tese de doutorado do professor Shirley, abriu espaço para novos pesquisadores e Veloso acaba sendo um deles. O trabalho como tradutor e aprendiz o levou para busca constante de dados e informações nos museus do Vale do

Paraíba e no arquivo do Estado, bus-cando informações sobre a cidade e o povo cunhense.

Diante dessa inquietude temos como resultado no pleno limiar do século XXI e, com todo o desenvolvi-

mento da ciência há dificuldade de imaginarmos que há quatrocentos anos atrás, era uma imensidão ter-ritorial. Com um país iniciando seus primeiros passos diante da conquis-ta de um território inóspito, onde portugueses e silvícolas entravam em constantes conflitos ou se asso-ciaram em verdadeiras epopéias sertão adentro.

Enfrentando doenças, animais peçonhentos, fome e guerras, para criarem as bases desse país que conhecemos. Só mesmo através do esforço de pesquisadores, é que podemos vislumbrar e conhecer os passos dessa sociedade que chegou até nós, através desses verdadeiros heróis, mártires ou mesmo homens sem pudor, guerreiros,escravagistas, Mas, o certo é que foi uma emprei-tada sofrida, paga muitas vezes com a própria vida, para que tivéssemos nosso território demarcado, nossas estradas abertas e nossas riquezas conhecidas e exploradas.

Page 6: O correio da serra

C M

Y K

6 :: O Correio da Serra :: Cunha, Outubro/2010

Culinária local e cultura A CiDADE E AS mONtANhASEm Cunha se discute muito a capacidade de

cada um de cozinhar. Nos grandes centros urba-nos com prateleiras e prateleiras de refeições prontas disponíveis nos supermercados, fala-se muito que a arte da cozinha está sendo esqueci-da, e que uma nova geração de brasileiros urba-nos não só não sabe cozinhar, como também não sabe de onde vem a comida. Aqui parece quem tem sido diferente, pois há muita gente que cozinha muito bem e os restaurantes com comidas típicas, tanto na cidade como na área rural preparam com muito cuidado os pratos a serem servidos aos turistas que se aventuram por essas bandas dispensando a comodidades dos shoppings ou dos grandes supermerca-dos.

Desde a mais tenra idade temos que educar os nossos hábitos alimentares. Por isso, temos que procurar valorizar o nosso modo de ver e apre-ciar os alimentos que chegam diariamente as nossas mesas. É preci-so saber o que come e a qualidade do esta-mos consumindo, mas como cada um sabe o bucho que tem, fica a dúvida sobre o que devemos ensinar as nossas crianças sobre a preparação dos ali-mentos. Ainda assim, muitas crianças em escolas primárias não sabem de onde vem o leite, ou o que é uma cebola, um alho poró, ou até mesmo alguns tipos de cheiro verde utilizados na preparação de certos pratos típicos da culinária local. Cunha que se destaca na região pela sua boa cozinha o capricho de sua gente simples na arte de pre-parar pratos deliciosos pode aproveitar bem melhor os dotes ensinando para as crianças a cozinharem com muito amor, não apenas para que elas aprendam de onde vem os alimentos e como eles se transformam, mas também porque as receitas e o medir e pesar dos ingredientes ajudam na matemática e na leitura.

Cozinhar também ajuda na capacidade de concentração e é uma ótima atividade para as crianças, além de elas aprenderem sobre o valor do próprio trabalho e terem o prazer de comer algo preparado por elas mesmas - o que ajuda a aumentar a autoconfiança, vão aprender a preservar a cultura do nosso lugar, dando uma identidade cada vez mais forte para economia local.

Pedro Máximo da Silva diz que começou a cozinhar ainda criança, caminhando atrás da sua mãe, das avós e das cozinheiras, e nunca

mais parou. Começou fazendo coisas simples na cozinha, mas depois passou a experimentar receitas mais complexas, acrescentado ou tiran-do ingredientes para que seus sabores fossem adaptados ao gosto da família e dos amigos que se reuniam em sua casa nos finais de semana.

Pelo sim, pelo não, temos que colocar as crian-ças desde cedo para ajudar a lavar legumes, bater ovos... e eles adoram.

Claro, depois a gente tem que lidar com a bagunça na cozinha. Mas segundo os especia-listas, esta é mais do que compensada pelos benefícios.

Fica então, como sugestão, uma receita de bolinho caipira bem fácil, e gostoso, que apren-di com minha mãe e que muitas avós podem fazer junto com seus netos unindo história e gerações.

Bolinho caipira ou mata-fomeIngredientes 2 xícaras (chá) de farinha de milho1 xícara (chá) de farinha de mandioca crua

Caldo de carne feito com 500 gramas de carne cozida em pedaços, com bastante tempero, cebola, alho, cheiro-verde e pimenta, sal a gosto, óleo para fritar.

Modo de fazer 1. Em uma vasilha, misture as farinhas e vá

adicionando o caldo de carne fervente, mistu-rando até ficar uma farofa úmida. Deixe esfriar um pouco. Amasse muito bem até ficar macia.

2. Pegue uma pequena porção de massa (1 colher de sopa mais ou menos), abrindo-se na mão. Recheie com porções de carne cozida, picadinha ou moída e refogada com temperos.

3. Frite em óleo quente.4. Os bolinhos devem ter a forma de um cro-

quete grandeE você, cozinhava quando criança? E gosta de

cozinhar com elas?

Depois de sair do interior e estudar medicina, o doutor Matosinho passou a gostar do estudo de caso em pato-logia clínica. Mais tarde adquiriu um laboratório que muitos anos serviu aos seus interesses em relação à pesquisa com tecidos humanos. Mais recentemente, já aposentado como médico chefe do Hospital do Servidor, em São Paulo, resolveu trazer para Cunha os arquivos do laboratório.

Em sua fazenda no Bairro do Pinhal, no distrito de Campos de Cunha, imóvel esse adquirido há trinta anos com a intenção de investir em reflorestamento, o que acabou não se consumando. Mas, os investimentos aca-baram migrando para de laticínio devido à abundância local na produção leiteira e, o grande número de peque-nos produtores com dificuldades para vender direta-mente para a cooperativa de laticínios de Guaratinguetá por causa dos altos custos do tanque de refrigeração do leite. O laticínio de propriedade do doutor Matosinho presta nesses tempos de crise um serviço à Cunha, man-tendo muitos empregos autóctones.

O laboratório, que também veio da capital paulista, conta com 1,2 milhão de dados com informação deta-lhada sobre a patologia de cada paciente e, cada amostra desses tecidos humanos está recebendo uma espécie de congelamento feito em placa de cera. Além, desse trabalho minucioso, ele contratou e treinou uma equipe de pessoas, todas elas originárias da região para digi-talizar as amostras laboratoriais. O doutor Matosinho enfatiza sempre, quando fala de sua equipe e o trabalho deles no lugar onde nasceram, porque ali é o lugar mais importante para manter a identidade cultural das pes-soas. Para ele, “a contribuição da equipe é extremamente importante, principalmente pela proximidade e a von-tade com que realizam suas tarefas”. Ao ressaltar isso, podemos observar a importância e a dedicação entre o médico e sua equipe de trabalho, pela desenvoltura dos funcionários ao explicarem cada função e os dados refe-rentes a cada paciente catalogado nas placas de cera ou até mesmo nas placas de vidro, que ainda não passaram por essa espécie de congelamento. Ele funciona como um grande professor à sua equipe, que, por sua vez, assimila muito bem o conteúdo dos dados explicados por um grande especialista em patologia clínica, que já trabalhou em pesquisa fora do país e, também, é muito respeitado por seus colegas aqui no Brasil.

Page 7: O correio da serra

C M

Y K

Cunha, Outubro/2010 :: O Correio da Serra :: 7

O jornal “O Correio da Serra”, entrevistou o presidente da Câmara dos vereadores Neto do Duca Neto

Entrevista com o presidente da Câmara dos vereadores, Neto do Duca Neto

Depois de toda aquela tragédia ocorrida na virada do ano, como você está acompanhando a recu-peração de Cunha?

Eu tenho acompanhado sim, até porque isso é trabalho do vereador. Ele tem que fiscalizar o que está ocor-rendo no município e acompanhar as dificuldades enfrentadas pela popu-lação. Nós enfrentamos algumas difi-culdades, mas com ajuda do governo Federal e do governo do Estado atra-vés do CODASP, estamos superando. O problema ainda é a chegada das pessoas em algumas regiões mais distantes.Qualquer turista que queira visi-tar Cunha pode vir sem receio?

Ainda não está tudo cem por cento, mas os principais pontos já estão liberados. Pontos importantes e bas-tante visitados como as cachoeiras do Pimenta, do Desterro e do Taboão, ou mesmo o pico da Pedra da Macela não encontram nenhum problema. Temos que colocar uma observação para os turistas que vão até a Pedra da Macela que para se chegar lá é pre-ciso fazer uma caminha de mais ou menos 1,5km numa estrada bastante acidentada.Como estão sendo fiscalizadas as verbas recebidas em prol de amenizar o impacto da chuva?

A cidade recebeu do governo Fede-ral uma verba de 8 milhões, já com a primeira parcela liberada no valor de 4 milhões e o restante ainda não tenho informação sobre a liberação. Mas, nós estamos solicitando atra-vés da Câmara informações sobre a aplicação dessa verba. A população precisa saber como está sendo gasto esse dinheiro, e quais as prioridades escolhidas pelo executivo no uso

custo. Lá em São Paulo temos o Dr. Cosme e aqui temos a irmã Lenice, na Santa Casa que ajuda bastante nessa busca por um melhor atendimento ao povo, principalmente os mais pobres.

Eu apoio sempre que posso a todos, ajudando a transportá-los até o local de atendimento, seja nos hospitais daqui do Vale ou até mesmo e na Capital.

de todo esse dinheiro. Além desse valor recebemos uma ambulância através de um requerimento meu encaminhado pelo deputado Valde-mar Costa Neto. Esse veículo é uma ambulância UTI que vai ser dividida com a cidade de Guaratinguetá, pois é melhor meia UTI do que no passa-do como foi o caso de uma doação feita pela ex-deputada Ângela Gua-dagnin, que acabou desmontada pelo ex-prefeito João Dias Mendes.Você tem sido muito importante para saúde. Por que mesmo não sendo alguém especializado você optou por esse tipo de atendimen-to?

Não faço projetos para o prefeito, mas para o povo. E por isso, tenho dado bastante prioridade à saúde porque o numero de pessoas que necessita de atendimento médico aqui é muito grande e as dificuldades de acesso enormes. É ai que eu entro auxiliando a quem precisa, utilizan-do das minhas amizades com médi-cos e donos de clínicas que atendem nossos munícipes sem nenhum

Page 8: O correio da serra

C M

Y K

8 :: O Correio da Serra :: Cunha, Outubro/2010

Zé tereza, o mestre dos mestres no moçambiqueÀs vezes passamos a vida no esqueci-

mento daqueles que pensam que socie-dade cabe no seu bolso ou só sai de lá quando der espaço para o dinheiro, mas há aqueles que dotados da alma popular nasce e renasce das cinzas. Essas pesso-as são como uma fênix estão sempre procurando fazer do seu saber e da sua simplicidade uma travessia pelo tempo e pela história, dando às gerações futu-ras a chance de ver e preservar a sua identidade e a dos seus antepassados. A cultura popular em Cunha tem con-seguido ultrapassar o tempo graças a homens como Zé Tereza que não mede seus esforços na preservação da sua fé e da sua identidade e, de quebra ao pouco que resta no Brasil atual.

Hoje, Zé Tereza representa muito

bem a base da nossa identidade cul-tural, colocando Cunha entre uma das cidades que mais preservam a cultura popular no Brasil. Ele tem mostrado o seu trabalho em várias universidades e, junto com a Universidade de Brasília (UNB) tem contribuído para resgate da memória do povo brasileiro através da sua religiosidade e da encenação teatral da embaixada – representação da luta entre cristãos e mouros na batalha de Roncesvale durante a Idade Média, no império de Carlos Magno, coroado Rei no Natal do ano 800 da nossa era. Nos próximos meses Zé Tereza estará minis-trando aulas para estudantes de Mestra-do da UNB e, depois receberá o título de Mestre da Companhia de Moçambique do Marechalzinho e de Cunha.

EStUDANtE DE CUNhA FAZ mEDiCiNA Em CUbAJosemary dos Santos Oliveira, 23

é uma dessas meninas tímidas de origem humilde que estuda muito e, como resultado disso está em Cuba há um ano e meio. Apesar da sim-plicidade de toda a família seus pais ela é uma grande batalhadora e, com apoio da Sra. Dulce Maia que manteve os contatos com a embaixada cubana e, como ajuda pagou as passagens e providenciou o passaporte e trans-lado até o aeroporto. Ela é motivo de orgulho para os parentes. Mas, o que pesa nesse contexto é sua von-tade de vencer, a sua disposição para enfrentar o mundo se educando na busca de novos horizontes. Josemary é um sinal de que uma boa educação

sempre faz a diferença, mas para isso foi preciso estudar muito para chegar lá.

A sua fala está sempre apontada para a dedicação aos estudos que realiza em Cuba. Hoje, são trezentos brasileiros estudando naquele país caribenho e Josemary é uma das três alunas de Cunha que chegaram até lá para estudar medicina, coisa que aqui no Brasil seria muito mais difí-cil para ela, dada as suas condições financeiras e a de seus familiares.

Cuba é um país com uma história muito rica que apesar das dificulda-des econômicas conseguiu aprimorar muito bem sua educação e, com isso desenvolver um dos melhores cursos

de medicina do mundo. Depois da vitória da Revolução, em 1959 e o rompimento definitivo com os Esta-dos Unidos, após Crise dos Mísseis, em 1962, o país se alinhou com a então União Soviética passando a compor o bloco socialista da Guerra Fria (1945 – 1989). Mesmo com o fim da Guerra Fria, Cuba ainda permanece uma ilha isolada pelos EUA. Depois da revolu-ção o país passou ser excelência em educação e saúde, desenvolvendo-os com grande qualidade e respeito aos seres humanos, procurando atender as crianças desde a mais tenra idade: com muito carinho, valorizando a sua capacidade de se desenvolver inte-lectualmente.