o corpo-imagem fragmentado e a fotografia na … · os movimentos da arte moderna, iniciados com o...

14

Click here to load reader

Upload: vuongnhu

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 372

O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA

NA CULTURA DIGITAL

Regilene Sarzi-Ribeiro1

RESUMO Os processos criativos dos artistas contemporâneos marcados, sobretudo, por apropriações, interferências, recortes e colagens, possibilitam a construção de um novo imaginário do corpo, resultante de corpos-imagem modelados pelo hibridismo e pelos recursos tecnológicos, como os da fotografia digital. Este estudo trata do corpo como imagem nas obras de artes visuais contemporâneas, nas quais a fotografia e os recursos de produção e manipulação de imagens digitais alteram a representação do corpo. Visa tecer relações entre as novas tecnologias digitais e a produção de obras de arte, e propõe uma reflexão acerca da representação do corpo-imagem. Para a descrição, levantamento das influências dos processos fotográficos e análise das obras foram usados como instrumentos: análise estética, iconológica e comparativa, tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica e documental, a coleta de dados e uma documentação iconográfica. Os resultados apontam para uma freqüente e ampla fragmentação do corpo na era da cultura digital.

Palavras-chave: Corpo-imagem. Fotografia. Cultura digital. Artes visuais. Adriana Varejão.

Este estudo trata do corpo como imagem nas obras de artes visuais contemporâneas, nas

quais a fotografia e os recursos de produção e manipulação de imagens digitais alteram a

representação do corpo.

Optamos por denominar corpo-imagem as representações da figura humana no campo das

linguagens artísticas, da pintura às instalações, visando à distinção entre o corpo-real e corpo-

representado, ao qual se refere este trabalho.

O recorte contempla, especificamente, a obra da artista plástica brasileira Adriana Varejão e

as apropriações dos recursos tecnológicos decorrentes da fotografia digital como referência para a

discussão, por se tratar de uma obra singular e inicialmente objeto de estudo da autora em sua

dissertação (SARZI-RIBEIRO, 2007).

1 Departamento de Artes e Representação Gráfica – DARG – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – UNESP –

Bauru/SP. E-mail: [email protected]

Page 2: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 373

A pesquisa, que aqui apresentamos, visa tecer relações entre as novas tecnologias digitais e a

produção de obras de arte que possuem o corpo como temática e propõe uma reflexão acerca da

representação do corpo-imagem, amplamente fragmentado na era da cultura digital.

Justificamos sua relevância, por entender que as mudanças ocorridas com o corpo-imagem

expostas diariamente, sejam por meio das artes visuais ou pelos meios de comunicação, necessitam

de compreensão a fim de que tais imagens possam incorporadas conscientemente por quaisquer

campos sociais, cabendo à educação e à pesquisa o despertar desse olhar lúcido e reflexivo.

Os procedimentos e processos criativos dos artistas contemporâneos marcados, sobretudo,

por apropriações, interferências, recortes e colagens, possibilitam a construção de um novo

imaginário do corpo, resultante de novos corpos-imagem modelados pelo hibridismo e pelos

recursos tecnológicos, como os da fotografia digital.

Para a descrição, levantamento das influências dos processos fotográficos e análise das obras

de Adriana Varejão foram usados como instrumento: análise estética, iconológica e comparativa,

tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica e documental, a coleta de dados e uma

documentação iconográfica.

Os procedimentos citados foram aplicados por meio das seguintes técnicas de investigação:

levantamento bibliográfico, teses e documentos, junto a arquivos e acervos de instituições públicas

e particulares, nacionais e internacionais; entrevistas com a artista, colecionadores, curadores e

críticos de artes; documentação das obras escolhidas por meio de fotografias e vídeos, e análise

comparativa dos dados coletados das obras escolhidas para o estudo.

A representação do corpo-imagem fragmentado.

Na passagem do século XVIII para o XIX surge uma nova configuração do olhar humano

sobre si mesmo. Um novo foco que altera sensivelmente o sistema de representação do corpo

humano. Se antes o que imperava nas representações do corpo era um sistema representativo

pautado na tradição clássica, na inspiração religiosa, no respeito pelo corpo intacto, belo e coeso,

agora será a exposição paulatina do corpo pautada por uma frieza e racionalidade técnicas, cuja

ênfase é a fragilidade e as deformações do corpo físico, carnal e humano.

Page 3: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 374

Esse novo modelo torna o corpo-imagem representado mais próximo do corpo real, no

sentido de uma maior aproximação com a realidade e não mais idealizado como sempre fora

interpretado pela cultura clássica. Esse foco sobre si mesmo desloca o olhar do homem para o seu

próprio corpo, outrora orientado para a divindade.

Por conseguinte, o corpo será colocado em evidência e à disposição da Arte e da Ciência.

No Neoclassicismo (1780/1830) o projeto de beleza, proposto como instrumento de conhecimento

universal, visou abranger todos os ramos do saber humano e buscou melhorar o mundo por meio do

retorno à razão e de um agudo senso de moralidade.

Neste contexto, a representação do corpo humano significava o centro e o apogeu da arte

neoclássica e o respeito pelo entendimento das formas humanas era tanto que o aprendizado

neoclássico previa primeiro a pintura dos modelos nus, para depois representá-los vestidos.

A revolução iluminista, marcada pela postura científica e metódica, vinculou a

desmontagem do corpo em partes à compreensão do todo. Em função desse procedimento de estudo

científico surgem inúmeras obras de artes, cujo enfoque é o fragmento do corpo humano.

No final do século XVIII, enquanto a Arte Neoclássica estabelecia o estudo das partes do

corpo humano com a finalidade de representar melhor o conjunto perfeito, era criada a guilhotina.

Este instrumento de punição passou a imprimir aos criminosos o mesmo tipo de morte, já que antes

os plebeus eram enforcados e os aristocratas decapitados.

O corpo exposto por esquartejamentos e ferimentos revela friamente a fragilidade do corpo

humano e a arte sofre influência das tecnologias cientificas de estudo do corpo. Este método de

estudo das partes do corpo pela ciência, o desenvolvimento da medicina e da anatomia, aliados à

criação da guilhotina e às guerras modernas do período napoleônico, em que milhares de pessoas

são mortos e ficam aleijadas, colocaram o cadáver humano em evidência.

As características da representação do corpo com o Romantismo e com o Realismo europeu

de meados do século XIX, são modificadas pela dramaticidade e sensibilidade dos temas e revelam

aspectos que se contrapõem como a beleza dos corpos humanos, em oposição à dor e ao sofrimento

que essa mesma condição humana é capaz de proporcionar aos seres humanos.

Não se trata mais de uma imitação da natureza e sim uma recusa moral da concepção

clássico–cristã da arte como catarse, como coisa vivida. Pode-se observar tal valor nas obras de

Page 4: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 375

pintura de Théodore Géricault (1791-1824) que busca captar num mesmo corpo a grandeza e a

decadência, o belo e o feio, a nobreza e a depravação, a vida em sua contrariedade e precariedade.

Nos estudos realizados para a tela “A Balsa da Medusa” (1819) de Géricault, observa-se

uma confusão de corpos entrelaçados, sofrendo a angústia do naufrágio de uma fragata na costa

africana em 1817, que teve grande repercussão da opinião pública. Corpos desesperados, tentando o

salvamento de algo que parece já estabelecido: a morte.

A invenção da fotografia, por volta de 1830, revela por meio dos planos de composições e

da percepção mais detalhada de imagens pormenores que o olhar humano, mais lento e menos

preciso, não conseguia captar.

O amplo registro dos movimentos; a disposição e a iluminação dos objetos, bem como os

enquadramentos e os novos enfoques trazidos pela fotografia possibilitaram ao pintor mais

dinamismo e riqueza de detalhes, bem como a desconstrução dos contornos dos objetos diante da

deformação que a foto causa ao captar a velocidade do movimento de um objeto.

Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram

aspectos da fragmentação como o uso da cor fragmentada e as constantes alterações que a luz

provoca na natureza e nos objetos. Quanto à representação do corpo-imagem destacamos Edgar

Degas (1834 - 1917), sobretudo por sua preocupação em apreender o momento do movimento e da

expressão do corpo, como nas telas "Ensaio de Balé no Palco" (1873) e "O Ensaio" (1877).

Mais adiante, os movimentos do Futurismo (1910), Dadaísmo (1914) e o Surrealismo (1917)

por meio de seus ideais e manifestos geram novas tendências no tratamento do corpo nas Artes

Plásticas. Como o Futurismo que defende o movimento como a representação da velocidade

traduzida como uma força física que deforma os corpos até o limite de sua elasticidade, revelando

no efeito o dinamismo invisível da causa.

Em Marcel Duchamp (1887-1968), figura determinante para o Dadaísmo, a mudança ocorre

na estrutura do objeto representado, no caso o corpo. Na obra "Nu descendant un escalier no. 2"

(1912), Duchamp desmembra o corpo humano, multiplica seus componentes, altera o tipo

morfológico de seus órgãos internos e muda o sistema do seu funcionamento biológico para uma

mecânica mais condizente com a sociedade moderna.

No ano de 1937, Picasso pinta para o pavilhão da República Espanhola na Exposição

Internacional de Paris o mural "Guernica” (1937), considerado um exemplo de fragmentação do

Page 5: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 376

tema do corpo. Nele o artista explora as distorções, fragmentações e metamorfoses que dilaceram o

corpo humano em partes e escancara os horrores que as guerras podem causar para o imaginário do

corpo.

Entre os anos de 1945 e a década de 1950, a representação do corpo-imagem na História da

Arte continua marcada pela decomposição dos cubistas e permanece como a grande descoberta da

Arte Moderna. No entanto, passa a ser explorada pelo novo conceito de imagem, que rompe com a

imagem do real e reflete as contradições contemporâneas.

Com a Nova Figuração o que fica em evidência não é a questão do reconhecimento ou não

da figura do corpo. A nova imagem ressalta que ela não se resume somente neste caráter da

representação da figura humana e sim no valor que se confere a ela. Nesse contexto citamos o

artista inglês Francis Bacon (1909-1992) e a sua polêmica produção pictórica, na qual é clara a

intenção do artista de desconstrução da imagem do corpo, ao deformá-la e depreciá-la diante do

público.

Já nos anos de 1960, o corpo fragmentado é amplamente explorado por Wandy Warhol

(1930-1987), grande idealizador da Pop Arte americana (1960). Seus torsos impressos em silk-

screen são considerados um conjunto singular do corpo representado, do corpo-imagem na pintura

contemporânea.

Entre os brasileiros encontramos o tema do corpo-imagem fragmentado nas obras de artistas

como Pedro Américo (1843-1906), Candido Portinari (1903-1962), Iberê Camargo (1914-1994),

Carlos Vergara (1941), Luís Paulo Baravelli (1942), Leonilson (1957-1993), Rosângela Rennó

(1962), Alex Flemming (1954) e Adriana Varejão (1964) entre outros.

A escolha pelo estudo da obra de Adriana Varejão, entre os artistas nacionais, se deve ao

modo singular com que a artista se apropria dos recursos fotográficos para compor seus trabalhos,

os quais resultam na maioria dos casos em representações do corpo em fragmentos e por meio da

manipulação da imagem do mesmo pelos recursos digitais.

O primeiro impulso para a realização deste estudo surgiu em 1998, quando as obras de

Adriana Varejão foram observadas pela autora pela primeira vez, por ocasião de uma visita da

autora à XXIV Bienal Internacional de São Paulo.

Page 6: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 377

O corpo-imagem fragmentado na cultura digital.

Como se pode verificar, traçamos acima um breve percurso de como foram geradas as

mudanças que desencadearam a era da exposição do corpo-imagem-fragmento, objeto de nossos

estudos. A seguir, apresentamos as relações da obra de Adriana Varejão e a fotografia, que hoje se

defronta com a cultura digital e as novas tecnologias como o vídeo e a computação gráfica.

O corpo atual é um corpo explorado por imagens das mídias, das câmeras digitais e scaners,

um corpo-imagem que se prolifera na enorme multiplicação de imagens fotográficas e nos

desdobramentos das novas tecnologias apropriadas pelas artes visuais. Conforme afirma Santaella

(2004, p.128):

Antes da fotografia não havia outra possibilidade de registro, documentação e representação do corpo senão por meio da pintura e da escultura. Como objetos únicos, esses meios não favoreciam a reprodução e a cópia. Foi a fotografia que trouxe consigo não apenas a possibilidade de contemplação estética do corpo em todos os seus ângulos, mas também, e sobretudo, a reprodutibilidade das imagens do corpo. É a multiplicidade de superfícies, aparências e faces do corpo que o fotográfico propicia.

Com o surgimento da linguagem fotográfica a imagem corporal é desvelada e surgem as

discussões entre a pintura e a fotografia, deflagrada pelo comentário de Argan (1992, p.79) sobre o

contexto:

A hipótese de que a fotografia reproduz a realidade como ela é e a pintura a reproduz como a se vê é insustentável: a objetiva fotográfica reproduz, pelo menos na primeira fase de seu desenvolvimento técnico, o funcionamento do olho humano.

Os novos enfoques trazidos pela fotografia possibilitaram ao pintor mais dinamismo e

riqueza de detalhes, conforme alude Barilli (1994, p.115): “No fundo, hoje pode-se registrar a

epiderme das coisas, a trama dos tecidos já sem a mediação gráfica ou cromática, mas precisamente

através da transcrição de alta fidelidade fornecida pelo olho fotográfico”.

Contudo, tal detalhamento da imagem primeiro ocorre no olhar humano. Segundo Olivares2

(1998, p. 508):

2 Neste texto, traduzido do espanhol por Sandra Cowie, para o Catálogo da XXIV Bienal de São Paulo – Núcleo Histórico: Antropologia e Histórias de Canibalismos, Rosa Olivares (1998) trata a fragmentação como uma forma do

Page 7: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 378

[...] a arte se faz basicamente com o olhar; por isso a história da arte, a história das imagens, sagradas ou artísticas, é repleta de fragmentos de corpos. Somente a câmera fotográfica e posteriormente a imagem cinematográfica conseguiram igualar-se ao olho [...].

Ademais a relação entre a fotografia e o corpo ocorre na medida em que conforme esclarece

Gatto (2005, p.105): “A fotografia, como as demais expressões artísticas, desde sua invenção no

século XIX, tem uma forte relação com a produção de imagens do corpo”. A despeito das relações

entre os processos fotográficos e a imagem do corpo, encontramos ainda em Gatto (2005, p.106):

Ao fecundarmos a mecânica para que ela gerasse a magia contida nas imagens fotográficas, permitimo-nos ver o que os nossos olhos não nos propiciam. Conseguimos criar, simultaneamente, uma visão mecanicista do corpo e reinventá-lo sob uma nova realidade. Esta dualidade será perpetuada pela ambivalência de pensamentos no início do século XX, entre as duas grandes guerras mundiais, e as representações fotográficas que se iniciaram neste período ressoam até os dias de hoje. Foi, mais precisamente, a partir de imagens da Primeira Guerra Mundial, mostrando os mais de dez milhões de corpos destruídos, mutilados e traumatizados, que se iniciou a prática fotográfica de fragmentação do corpo humano.

Por conseguinte, o estudo das relações entre a fotografia e a temática do corpo humano da

obra da artista plástica Adriana Varejão ocorre no momento atual em que, de acordo com Chiarelli

(1999, p.32): “[...] tanto a pintura quanto a própria fotografia colocam decididamente em questão os

seus pressupostos estabelecidos durante as primeiras décadas do século XX, [...]”, no tocante à

representação do corpo nas artes visuais no cenário contemporâneo.

Adriana Varejão nasceu em 1964, na cidade do Rio de Janeiro. Hoje vive e trabalha na

capital carioca, onde durante os anos de 1981 e 1985 freqüentou os cursos livres da Escola de Artes

Visuais (EAV) do Parque Lage – RJ. Estudou Engenharia, Desenho Industrial e Comunicação

Visual antes de fazer sua escolha definitiva pelas Artes plásticas e pela carreira de pintora, como ela

mesmo afirma (DEWEIK, 1996).

No começo dos anos de 1980, Adriana dividiu com colegas o espaço para pintar em ateliês

no bairro carioca do Jardim Botânico (CANTON, 1998). Após uma viagem para Ouro Preto em

1984, o tema do Barroco passa a ter destaque na produção pictórica de Adriana e uma série de

homem-artista se relacionar com seu próprio corpo e relata diferentes processos de fragmentação em obras de artes visuais.

Page 8: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 379

referências figurativas, como a sensualidade das cores e a temática do Brasil do período colonial,

recebem nova leitura a partir de suas obras.

Durante a efervescência que cercou a Geração 80, cuja protagonista fora a linguagem da

pintura repleta de proposições visuais de encher os olhos e abrandar os corações (MORAES, 1991),

Adriana estava à volta com sua formação artística, estudando na EAV, onde nasceu o movimento

chamado Geração 80, e realizou sua primeira exposição individual em 1988.

Na produção artística de Adriana as histórias da representação do corpo, da pintura e da

história da arte se confundem com a história da carne, do corpo, bem como com a história das

imagens (HERKENHOFF, 1996).

De acordo com os procedimentos que Adriana Varejão apresenta para a produção de suas

pinturas, ela pode ser situada entre os artistas contemporâneos que fazem um retorno ao banco de

imagens que a História da Arte acumulou até hoje. O uso deste banco de imagens se caracteriza,

sobretudo, pelas intervenções de scaners e imagens digitais captadas pelas tecnologias digitais e

manipuladas ao bel prazer dos artistas.

As intervenções de Adriana vão desde as citações na forma de fragmentos de obras de outros

pintores e o uso de anedotas, até a produção de fotografias digitais do próprio corpo da artista e ou

interferências em composições tendo como base imagens digitais, como ela relata para Herkenhoff

(2006, p.30):

Se meu campo fosse a literatura, escreveria romances históricos. Sou uma artista contemporânea com preocupações atuais. As figuras da História que utilizo, apesar de recorrentes, são moldadas para um tempo presente. Faço uso da paródia, de arremedos.

Segundo Chiarelli (2001) estes artistas da Arte Contemporânea, fazem sua “volta ao Museu”

e às linguagens da Pintura ou da Escultura de uma forma natural, assim como se apropriam das

novas tecnologias, sem qualquer referência às questões modernas, que tomaram conta dos artistas

de Vanguarda. Isso se deve ao fato de terem nascido após a 2ª. Guerra Mundial quando as crises

modernas no campo das artes visuais, já estariam em parte superadas e faz com que surjam

totalmente libertos de tais resquícios conceituais e com uma outra relação com esse armazém de

imagens.

Conforme ainda, esclarece Chiarelli (2001, p.266):

Page 9: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 380

Diferente daquela que lhe antecedeu, a geração de artistas surgida a partir do início da década de 1980 não apresenta nenhuma questão sobre os valores tradicionais da arte. Não reconhece a ‘reconquista dos suportes tradicionais’ feita por seus antecessores - a duras penas -, dentro do cenário conceitual [...].

Ademais, o corpo-imagem na obra de Adriana Varejão destaca o aspecto visceral e carnal do

corpo. Adriana produz instalações, nas quais a imagem do corpo simula a mudança da condição da

carne e do corpo de orgânico para um corpo pictórico. Para a artista a pintura é aquela que expõe

um corpo e uma corporalidade que ela relaciona com as imagens de corpos humanos. Esta

materialidade funciona como um simulador de emoções, já que a carne representada não é carne,

mas a simulação da carnalidade dos corpos, que pode ser a carnalidade da pintura (HERKENHOFF,

1993).

Tal simulação pode ser relacionada com a imagem fotográfica, na medida em que certos

recursos favorecem uma alusão à realidade, conforme alude Barilli (1994, p.115):

[...] o artista visual tradicional (o pintor ou escultor, como deve ser definido segundo os parâmetros habituais) pode apoderar-se do meio fotográfico, confiando-lhe a tarefa de preparar imagens genuinamente naturalistas sobre os quais conduzir ‘operações’ de ordem conceitual ou para evidenciar os aspectos estéticos, [...].

O corpo humano aparece em diferentes obras e segundo Adriana, fazem alusão a diferentes

corpos: ao corpo barroco, ligado à tradição barroca, cuja ênfase é para a matéria e para o corpo; ao

corpo colonizado brasileiro ou ao corpo da pintura.

Um corpo-imagem que a artista representa como comida, cortada e morta. Um corpo que se

refere aos órgãos do corpo humano e ao vermelho das tintas, como do sangue, vísceras e texturas de

partes de carne penduradas como peças em açougue (CHRISTO, 2005), como na obra Varal (1993).

Em um comentário sobre a obra Charques (1999) e a prática de Adriana de fotografar

açougues, Starusci (2001, p.14) tece o seguinte comentário:

A artista também fotografa carnes expostas em açougues mundo afora. Trata-se de outro aspecto evidente em sua obra, a busca de representações para a carnalidade, também ligada à teatralidade de sua pintura. Para tanto usa materiais semelhantes a elementos orgânicos e faz incisões nas telas e azulejos. Assim é a série, intitulada Charques: madeira pintada de azul, com poliuretano em tons avermelhados.

Page 10: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 381

Quanto ao uso dos processos fotográficos pela artista plástica, observa-se que não há um

procedimento único. Adriana explora os recursos da fotografia conforme a necessidade de sua

narrativa, tanto como base para suas pinturas quanto como referência pré-iconográfica para

instalações, como o fez na obra Varejão Acadêmicos – Heróis (1997), na qual se apropriou de

partes de corpos retiradas de pinturas de Almeida Jr. (1850-1899) e Rodolfo Amoedo (1857-1941).

Em alguns trabalhos a artista sobrepõe imagens de seu próprio corpo a referências como

cartas de navegação e à ícones da colonização portuguesa no Brasil, como na obra Canibal e

nostálgica (1997-1998).

Outra relação de proximidade entre os procedimentos e processos de criação de Adriana

Varejão com as imagens fragmentadas de corpos humanos como vistos no Romantismo e Realismo

do século XIX, advém da sua atração pelas imagens médicas e instrumentos de exames como

cirurgias e outras intervenções médicas. Algumas de suas obras como Extirpação do Mal por

Curetagem (1994) e Extirpação do Mal por Punção (1994) aproximam a artista dos procedimentos

médicos que outrora influenciaram as artes plásticas de modo particular.

Adriana também utiliza a fotografia para realizar estudos como se fossem esboços

preparatórios, como no processo de construção da instalação Reflexos de Sonhos no Sonho de Outro

Espelho (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo) 3 de 1998. Como parte do processo de

criação desta Instalação, Adriana produziu uma série de manequins das partes do corpo humano

baseados na obra Tiradentes esquartejado (1893) de Pedro Américo (1843-1905), depois fotografou

estes manequins e pintou o resultado destas fotos em telas do mesmo tamanho, formato e realismo

(VAREJÃO, 1999).

Podemos considerar que nesta obra, a fotografia é para Adriana Varejão o mesmo que os

desenhos a grafite e carvão são para os pintores clássicos, ou seja, esboços e instrumento de estudo

formal, de cores e perspectiva. Com este procedimento, em certa medida, Adriana atualiza a técnica

de esboços usando para isso a técnica da fotografia.

O que pode ser confirmado em seus depoimentos, nos quais a artista revela que os seus

procedimentos são baseados na maneira como os desenhos científicos são realizados, ou seja, como

instrumentos de pesquisa e investigação da forma, das cores e da anatomia do corpo e não como

referências exatas para releituras e citações.

3 Sobre esta obra, ver análise em SARZI-RIBEIRO, 2007, p.114-128.

Page 11: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 382

Adriana usa a fotografia, ainda, como ferramenta para apresentações de suas obras. A artista

explora muito bem as técnicas pós-fotográficas, como no políptico Alegria (1999), em que uma

caixa de luz denominada light-box 4 é composta de fotografias feitas por ela mesma e expostas em

back-light 5 (HERKENHOFF, 2006).

Essa variedade de usos da fotografia por Adriana Varejão, como fonte inesgotável de

referências, assim como para mecanismos de circulação de imagens é apontada por Herkenhoff

como um desejo singular de Adriana, de “[...] trazer a fotografia para dentro da arte da pintura.”

(HERKENHOFF, 2006, p. 17).

Ainda, discorre sobre a fotografia na obra de Adriana Varejão e afirma, Herkenhoff (2006,

p.13):

O meio fotográfico como ferramenta material e como linguagem atua sobre o processo da pintura. Potencializa-se o processo de conhecimento visual. Estão presentes o jogo manual da pintura e mecânico da caixa-preta, o artesanato e as técnicas digitais, o jogo dos materiais e o photoshopping, a representação inverossímil, “mexida” no computador e virtual. O resultado é um denso conjunto de imagens: “fotografia como pintura”. Cada situação pode envolver uma narrativa pré-fotográfica ou operações pós-fotográficas.

Por conseguinte a presença do corpo humano na obra de Adriana Varejão e a relação dessas

imagens com a poética da artista é comentada na análise de algumas de suas obras feitas por

Herkenhoff (1993):

‘Varal’ é um painel de azulejos com uma cena de caça, inspirada na decoração do século XVIII da Quinta do Correio-Mor em Portugal. De uma trave pendem órgãos e pedaços do corpo humano, esquartejado de livros de anatomia, ex-votos, relicários com símbolos hagiográficos. [...] Na obra ‘Ex-Votos e Peles’, uma série de pedaços de películas de tinta é pendurada numa certa ordem [...] Já as dilacerações concretas da pintura, como um martírio da obra, estabelecem sua correspondência com os pedaços esquartejados e as cenas de canibalismo. São fraturas, rupturas sangrantes, cesuras violentas expondo o corpo da pintura [...] Em ‘Comida’ retrata o corpo dependurado entre animais de caça e pesca. Obre as imagens pintadas, espalham-se vísceras e partes do corpo humano em carne viva, como um auto-retrato em nova alusão à Antropofagia [...] Varejão também pinta como ‘carnação’ (a cobertura cor de carne na escultura barroca).

A Fotografia como referência para composições pictóricas foi e é utilizada por inúmeros

artistas, desde Ingres (1780-1867), Delacroix (1798-1863), Coubert (1819-1877) até Degas (1834-

4 Do inglês light-box, que significa caixa de luz. 5 Do inglês back-light, que significa luz atrás.

Page 12: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 383

1917). De acordo com Sougez (2001, p.226): “De Eugéne Delacroix (1798-1863) também existem

exemplos de fotos que lhe serviram de ponto de partida para suas telas. As fotografias não eram

suas, como no caso de uma Odalisca de 1857, inspirada numa foto de nu”.

O que nos levou a investigar os procedimentos fotográficos para as composições artísticas

de Adriana Varejão fundamentou-se no princípio de que a artista se apropria dos meios digitais

como um desejo de ultrapassar a ação de construção realista de seus corpos-imagens.

Além de usar partes de corpos humanos de outras obras feitas por outros artistas, por meio

do acesso ao já citado banco de imagens, Adriana assimila alguns dos procedimentos de

apropriação dos recursos fotográficos, empreendido por estes mesmos artistas.

Tais combinações são favorecidas pelo crescente refinamento técnico da fotografia, desde o

início do século XIX até os nossos dias e correspondem ao aumento de sofisticação das formas de

registro do corpo.

Contudo, se outrora os artistas multiplicavam as representações do corpo-imagem

apropriando-se dos recursos analógicos, as artes visuais contemporâneas fazem jus à complexidade

e dinâmicas das manipulações digitais, que permitem inúmeras variações de representação do

corpo-imagem.

Em função disso, encontramos obras cujos processos de criação se baseiam na manipulação

digital de imagens, que ampliam, fragmentam, recortam, colam e reconstroem o corpo humano

multiplicado.

Por meio da manipulação da imagem fotográfica atualmente permitida pela computação

gráfica, corpos podem ser transformados por puro deleite, deformidades apagadas e corrigidas por

ações que se encontram muito distantes dos tradicionais valores da fidelidade fotográfica.

Tais procedimentos resultam em produções visuais que provocam cada vez mais nossas

inquietações a respeito do corpo-imagem. Afinal que corpo-imagem é este? Qual será a nossa

percepção desse corpo-imagem fragmentado pela cultural digital? Um corpo-imagem cada vez mais

virtual, ilimitado em corpos-possibilidades. Um constante devir.

Referências

ADRIANA VAREJÃO: Metáforas da Memória. Produção de Miriam Celeste Martins e Gisa Picosque. São Paulo: INSTITUTO ARTE NA ESCOLA, 2006. 1 DVD.

Page 13: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 384

ARGAN, G. C. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução: Denise Bottman e Frederico Carott. São Paulo: Companhia das Letras. 1992. BARILLI, Renato. Curso de Estética. Lisboa: Ed. Estampa, 1994. CANTON, Kátia. A Pintura Digere a História. Revista Bravo! Coluna Atelier. Outubro de 1998. Ano 2. No. 13. p.92-93. CHIARELLI, Tadeu. Considerações sobre o uso de imagens de segunda geração na arte contemporânea. In: BASBAUM, Ricardo (org.) Arte contemporânea brasileira: texturas, dicções, ficções, estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001. p. 257-270. ______. (curador) A cor, a luz e o plano, entre a pintura e a fotografia. In: CINTRÃO, Rejane (coord.). Panorama de Arte Brasileira 1999. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1999. p. 30-32. CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. Pintura, história e heróis no século XIX: Pedro Américo e “Tiradentes esquartejado”. 2005. 465p. Tese (Doutorado) - UNICAMP, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP. DEWEIK, Sabina. A pintura teatral de Adriana Varejão percorre o mundo. Jornal da Tarde. São Paulo, 1996. GATTO, Patrícia. O corpo na fotografia: Representações somáticas do tempo. In: GARCIA, Wilton. (org.) Corpo & Arte – estudos contemporâneos. São Paulo: Nojosa, 2005. p.105-110. GARCIA, Wilton. O corpo contemporâneo: desdobramentos poéticos/estéticos. In: ______ (org.) Corpo & Arte – estudos contemporâneos. São Paulo: Nojosa, 2005. p.13-30. HERKENHOFF, Paulo. Adriana Varejão: páginas de arte e teatro da história. In: Catálogo de Exposição – Proposta para uma Catequese de Adriana Varejão. São Paulo: Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea, Novembro de 1993. Não paginado. ______. Adriana Varejão: Pintura/Sutura. In: Catálogo de Exposição – Pintura / Sutura. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, Setembro de 1996. ______. (curador). Adriana Varejão: fotografia como pintura. Rio de Janeiro: Artviva, 2006. Catálogo de Exposição. MORAES, Frederico. Anos 80: A Pintura Resiste. In: BR 80: Pintura Brasil Década 80. São Paulo: Itaú Cultural, 1991.

Page 14: O CORPO-IMAGEM FRAGMENTADO E A FOTOGRAFIA NA … · Os movimentos da Arte Moderna, iniciados com o Impressionismo (1874), fortaleceram ... na estrutura do objeto representado, no

Anais do I Simpósio de Comunicação e Tecnologias Interativas

Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposio/anais.html 385

OLIVARES, Rosa (1998). Pedaços de Nós Mesmos. In: FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. Catálogo 24ª Bienal de São Paulo: Núcleo Histórico - antropofagia e histórias de canibalismos, São Paulo, vol. 01, 1998, p. 508-512. PANOFSKY, Erwin. Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Perspectiva, 1976. SANTAELLA, Lúcia. Corpo e Comunicação: sintoma da cultura. São Paulo: Paulus, 2004. SARZI-RIBEIRO, Regilene A. A Figura Humana Fragmentada na Pintura: Tiradentes esquartejado em Pedro Américo e Adriana Varejão. 2007. 138p. Dissertação (Mestrado) – UNESP – Instituto de Artes, São Paulo, SP. SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução: Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. STARUSCI, Carolina. Adriana Varejão. In: Revista Latinarte Magazine. Agosto/Setembro de 2001. p.12-14. VAREJÃO, Adriana. Trabalhos e referências 1992-1999. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, 1999.