o constitucionalismo no brasil

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O Constitucionalismo no Brasil 1ª Constituição (1824) No ano de 1822, o Brasil deixa de ser colônia portuguesa para se tornar o império de D. Pedro I. No contexto anterior, a legislação vigente no país era a mesma de Portugal, porém, com independência do Brasil a nação se via sem legislação. No ano de 1824, o imperador da Brasil, D. Pedro I convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, para escrever o que viria a ser a primeira constituição do Brasil império, porém as ideias de D. Pedro I e da Assembleia entraram em divergência, pois o imperador queria manter no país uma monarquia constitucional. Dissolvida então a Assembleia Constituinte, o imperador posteriormente cria um Conselho de Estado, com a função de elaborar a 1ª Constituição do Brasil império, de acordo com as pretensões de D. Pedro I. As principais características da Constituição do Brasil Império são: A primeira Constituição Brasileira foi outorgada. A forma de governo era a Monarquia hereditária, constitucional e representativa. O Estado era unitário, existiam províncias dentro do império que eram governadas por um presidente eleito pelo imperador, centralizando poder em suas próprias mãos. O Estado tinha como religião oficial a Católica Romana, os cidadãos poderiam ser adeptos a outras religiões, porém não poderiam erguer templos ou igrejas que não fossem católicas. Adotou parcialmente a tripartição de poderes idealizada por Montesquieu, adicionando a ela, um quarto poder, o poder Moderador, que era de e para o

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O Constitucionalismo no Brasil

1ª Constituição (1824)

No ano de 1822, o Brasil deixa de ser colônia portuguesa para se tornar o império de D. Pedro I. No contexto anterior, a legislação vigente no país era a mesma de Portugal, porém, com independência do Brasil a nação se via sem legislação. No ano de 1824, o imperador da Brasil, D. Pedro I convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, para escrever o que viria a ser a primeira constituição do Brasil império, porém as ideias de D. Pedro I e da Assembleia entraram em divergência, pois o imperador queria manter no país uma monarquia constitucional. Dissolvida então a Assembleia Constituinte, o imperador posteriormente cria um Conselho de Estado, com a função de elaborar a 1ª Constituição do Brasil império, de acordo com as pretensões de D. Pedro I.

As principais características da Constituição do Brasil Império são:

A primeira Constituição Brasileira foi outorgada. A forma de governo era a Monarquia hereditária, constitucional e

representativa. O Estado era unitário, existiam províncias dentro do império que eram

governadas por um presidente eleito pelo imperador, centralizando poder em suas próprias mãos.

O Estado tinha como religião oficial a Católica Romana, os cidadãos poderiam ser adeptos a outras religiões, porém não poderiam erguer templos ou igrejas que não fossem católicas.

Adotou parcialmente a tripartição de poderes idealizada por Montesquieu, adicionando a ela, um quarto poder, o poder Moderador, que era de e para o uso de D. Pedro I, que poderia interferir e interceder em quaisquer assuntos relacionados ao Estado, independentemente de ter cunho jurídico, legislativo ou executivo.

No poder legislativo, os senadores eram nomeados pelo imperador, os deputados eram eleitos nas províncias e eram temporários.

O sufrágio era censitário, o direito de votar ou de se candidatar era com base nas condições econômicas do indivíduo.

Dava ao cidadão alguns direitos, algumas garantias, baseadas nas revoluções francesa e americana.

Foi a constituição com o maior tempo de vigência, durou 65 anos.

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2ª Constituição (1891)

A segunda constituição do Brasil, foi dada no contexto histórico do fim da monarquia, e a proclamação da república pelo Marechal Deodoro da Fonseca 15/11. Um fato interessante a ser ressaltado, é que essa passagem da monarquia a Estado republicano, se deu pacificamente, ao contrário de muitas outras revoluções.

Na república brasileira, o governo era democrático, de forma representativa. O Estado é laico, não há mais uma religião oficial, agora outras religiões podem se expressar erguendo templos e igrejas. A tripartição de poderes de Montesquieu foi adotada integralmente. O sufrágio era universal, no entanto, as mulheres ainda não haviam conquistado o direito de votar e o voto não era secreto, o que gerou o chamado “voto de cabresto”. No poder legislativo, foi instituído o bicameralismo federativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Na república, não há mais províncias e sim estados-membros.

3ª Constituição (1934)

Essa constituição basicamente deu fim à chamada “República Velha”, problemas surgiram devido a fundamentos mal pensados da constituição antecessora a esta, como o voto de cabresto, a política café-com-leite, e também gerou a crise de 1929, a crise no setor cafeeiro, que era o mais importante economicamente falando. Todos esses fatores contribuíram para a uma revolução que no ano de 1930 instituiu um governo provisório, levando Getúlio Vargas ao poder até a promulgação da constituição de 1934.

As principais características dessa nova constituição eram: o direito ao voto feminino e o voto direto e secreto, mais direitos concedidos aos trabalhadores, como a anterior foi promulgada, criou a Justiça do Trabalho, introduziu o mandado de segurança e a ação popular. Essa nova constituição tinha seus fundamentos e princípios na constituição alemã de Weimar em 1919, visando um Estado Social de Direito.

4ª Constituição (1937)

Fruto de uma ameaça, a 4ª constituição foi outorgada por Getúlio Vargas no ano de 1937, sob o pretexto de proteger a sociedade brasileira do “mal comunista” que

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pairava sob o Brasil. Foi decretado o estado de sítio no país, e a “caça ao comunismo” foi instaurada, e o que era um movimento protecionista, tornou-se um movimento repressivo aos supostos comunistas.

A nova constituição escrita por Francisco Campos, tinha ideais autoritários se não fascistas, centralizavam o poder do Estado no presidente da república que instituiu o chamado “Estado Novo”.

Características importantes a serem ressaltadas: O parlamento foi fechado, o presidente legislava por meio de decretos-lei o que caracteriza uma ditadura, o presidente nomeou interventores para os estados-membros de sua confiança o que enfraqueceu a federação, foi desenvolvida a chamada política “populista” onde o presidente instituiu algumas leis e projetos afim de ganhar a simpatia da população, com medo de ser morto por seu vice para o mesmo assumir a presidência, o cargo de vice presidente foi eliminado, a tortura foi institucionalizada e houve também a proibição da greve.

5ª Constituição (1946)

Essa constituição foi marcada por ser a responsável pela redemocratização do país. Nos anos anteriores a promulgação da 5ª constituição, soldados brasileiros foram enviados a Itália para lutar a favor da aliança, contra o nazismo e o fascismo instaurados em diversos países europeus, após a vitória do bloco capitalista, houve um breve momento de reflexão onde os militares perceberam que seria incoerente mandar soldados para lutar contra regimes autoritários de países distantes, quando em seu próprio pais há uma ditadura também, e partindo desse pressuposto Vargas foi tirado do poder e no ano de 1946 uma Assembleia Constituinte foi chamada a discutir e criar uma nova constituição que devolveria ao país democracia. A nova constituição teve muitos aspectos semelhantes a constituição de 1934, como a volta do bicameralismo no poder legislativo, a volta da tripartição de poderes de Montesquieu, a Ação Popular e o Mandado de Segurança. E se diferia principalmente pela nova função atribuída ao vice-presidente, o de presidente do senado e pelo reconhecimento do direito de greve.

6º Constituição (1967)

O ano é 1964, e quem ganhou as eleições para a presidência do Brasil foi Jânio Quadros, seu vice era João Goulart. Porém, por motivos até então desconhecidos, Jânio Quadros antes de assumir a função, renuncia ao cargo, e seu vice, João Goulart, sucessor por direito está voltando da China para assumir a presidência. Os militares,

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temendo uma infiltração do comunismo no Brasil (coincidentemente, o homem que iria assumir a presidência estava voltando de um país socialista), deram início ao golpe militar, impedindo Jango de assumir a presidência, os milicos, que por meio de Atos Institucionais (AI) comandavam o país, convocaram uma Assembleia Nacional Constituinte para institucionalizar o golpe militar, que deverá criar uma nova constituição que atendesse as necessidades dos militares, e para auxiliar na criação dessa nova constituição, foram convocados alguns juristas de confiança do então presidente Castelo Branco. O texto incorporou algumas medidas já estabelecidas pelos AI e por Atos Complementares utilizados no regime militar.

Em 1967, no dia 24 de janeiro, foi votada e aprovada a nova constituição, vista hoje como semi-outorgada apesar de ter sido votada no Congresso Nacional, por institucionalizar um regime militar, é impensável dizer que ela foi promulgada.