o concurso de brasilia - milton braga

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BRAGA, Milton Liebentritt de Almeida. O concurso de Brasília. Os setes projetos premiados. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU-USP, 1999. Orientador: Dr. Paulo Bruna. Introdução Nas palavras do autor: “O objeto desta dissertação é constituído pelos sete projetos premiados no Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, o Concurso de Brasília, organizado em 1956 e encerrado em 1957, quando da divulgação do resultado.” (p.5) “A pesquisa visou, essencialmente: conhecer em profundidade os setes projetos; estudar as disposições urbanísticas presentes no seu conjunto, que dão uma medida do urbanismo moderno brasileiro; constituir, por meio da soma das diversas propostas, um repertório de soluções concretas para o planejamento e construção de espaços urbanos; e, sobretudo, reunir num único trabalho informações sobre os principais aspectos do Concurso.” (p.5) O autor destaca que durante a pesquisa não encontrou estudos específicos sobre o Concurso de Brasília. Capítulo 1 1

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Page 1: O Concurso de Brasilia - Milton Braga

BRAGA, Milton Liebentritt de Almeida. O concurso de Brasília. Os setes

projetos premiados. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo – FAU-USP, 1999. Orientador: Dr. Paulo

Bruna.

Introdução

Nas palavras do autor: “O objeto desta dissertação é

constituído pelos sete projetos premiados no Concurso Nacional do Plano

Piloto da Nova Capital do Brasil, o Concurso de Brasília, organizado em

1956 e encerrado em 1957, quando da divulgação do resultado.” (p.5)

“A pesquisa visou, essencialmente: conhecer em

profundidade os setes projetos; estudar as disposições urbanísticas

presentes no seu conjunto, que dão uma medida do urbanismo moderno

brasileiro; constituir, por meio da soma das diversas propostas, um

repertório de soluções concretas para o planejamento e construção de

espaços urbanos; e, sobretudo, reunir num único trabalho informações

sobre os principais aspectos do Concurso.” (p.5)

O autor destaca que durante a pesquisa não encontrou

estudos específicos sobre o Concurso de Brasília.

Capítulo 1

O concurso de Brasília ocorreu por um breve período, de

setembro de 1956 a março de 1957.

A capital do Brasil mudou de Salvador para o Rio de Janeiro

em 1763, por determinação do rei D. José I, a pedido do Marques de

Pombal.

Neste capítulo, retoma-se de segunda mão as idéias sobre a

mudança da capital administrativa do Brasil. Marques de Pombal, o

jornalista Hypollyto da Costa, José Bonifácio. Cf. 07 passim.

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Page 2: O Concurso de Brasilia - Milton Braga

Comenta sumariamente que Belo Horizonte e Goiânia foram

cidades construídas.

Destaque para a polêmica em torno de Brasília. Acrescentar

na dissertação, somando com as idéias de Vânia Maria Losada Moreira.

Brasília a construção da nacionalidade.

“Geraldo Ferraz, crítico de arquitetura da revista Habitat,

ponderava que, se fosse para vender o chão da futura capital para ser o

governo mais um campeão imobiliário e contrariar as teses do

urbanismo moderno, não se empreendesse a ambicionada e

constitucional mudança.” ( p.16)

“Joaquim de Almeida Mattos, diretor de urbanismo da revista

Brasil – Arquitetura Contemporânea , do Rio de Janeiro, em cuja direção

figuravam também os arquitetos Henrique Mindlin e Álvaro Vital Brasil,

publicou nesta revista extenso artigo, em princípios de 1956, no qual

afirmava que as propagadas indiscutíveis razões de ordem estratégica,

geográfica, econômica e política não tinham fundamento.” (p. 16) Cf.

citação.

No outro número de Brasil – Arquitetura Contemporânea

outro artigo contrário à mudança de Prestes Maia.

Capítulo 2 – O Concurso

Transcrição do Edital. O autor afirma que o Edital do Plano

Piloto exigia muito pouco, apenas o plano e o relatório justificativo.

Contudo, permitia a apresentação de série de estudos, etc.

A polêmica em torno de um possível favorecimento de Lúcio

Costa. Segundo o autor não houve.

O julgamento do concurso. “Sete projetos foram premiados

pela comissão julgadora, cuja composição final foi: Israel Pinheiro,

presidente da Novacap e presidente da Comissão, Sir Willian Holford

(Inglaterra), André Sive (França) e Stamo Papadaki (Estados Unidos),

urbanistas estrangeiros convidados, Oscar Niemeyer (Novacap), Luiz

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Page 3: O Concurso de Brasilia - Milton Braga

Hildebrando Horta Barbosa (Clube de Engenharia) e Paulo Antunes

Ribeiro (IAB).” (p. 45)

Parecer do Júri: “O júri procurou encontrar uma concepção

que apresentasse unidade e conferisse grandeza à cidade, pela clareza

e hierarquia dos elementos. Na opinião de seus membros, o projeto que

melhor integra os elementos monumentais na vida quotidiana da cidade

como Capital Federal, apresentando uma composição coerente, racional,

de essência urbana – uma obra de arte – é o projeto nº 22 do Sr. Lúcio

Costa. O júri propõe que seja o primeiro prêmio conferido ao projeto

Lúcio Costa.” In”Habitat , nº 40-41, op. Cit. pp.19-29. Cf. p.46

Simplicidade versus Complexidade: “A medida dessas

diferenças pode ser aferida na contraposição do trabalho de Lúcio Costa,

constituído do plano piloto desenhado à mão e de um relatório

justificativo de 24 páginas no tamanho ofício, entre texto datilografado

(17) e croquis (7), com o trabalho dos irmãos Roberto, que contava 30

pranchas de desenho, todas rigorosamente desenhadas, contendo os

mais diversos dados, como previsão de crescimento populacional e

planejamento agrícola, ou com o trabalho de Jorge Wilheim, cujo

relatório de 230 páginas explanava uma minuciosa fundamentação

sócio-econômica do plano.” (p. 46)

“Diante da discrepância de critérios no desenvolvimento das

propostas, o júri convenceu-se de que se tratava de um concurso de

idéias e não de detalhes, em que se interessava a concepção geral, sua

clareza e unidade, avaliada à luz dos atributos definidos: uma solução

que conferisse grandeza à cidade e uma expressão, acima de tudo, da

função governamental de uma capital federal.” (p. 47)

“A certeza do acerto da noção do ‘concurso de idéias’

permitiu à comissão julgadora concluir o julgamento entre a tarde do dia

12 de março e a noite do dia 16, sem que houvesse, evidentemente,

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Page 4: O Concurso de Brasilia - Milton Braga

uma análise detalhada de todos os dados apresentados pelos

concorrentes.” (p.47)

Declaração do júri estrangeiro na revista Módulo nº 8,

edição especial: Brasília, Rio de Janeiro, julho de 1957. Cf. p. 48

Stamo Papadaki: “... o único projeto apresentado ao

Concurso do Plano Piloto de Brasília contendo as sementes de uma

entidade real - é o de Lúcio Costa. Nele há um sentido de relação entre

as partes e o todo: mas, acima de tudo o delineamento geral é tal que

conservará sua identidade mesmo que a cidade cresça de maneira

descontrolada num futuro distante.”

Sir William Holford: “De acordo com as condições do

concurso, no meu entender, tratava-se de uma competição de idéias e

não de detalhe...Uma idéia engenhosa para uma cidade precisa ter

unidade. Não pode ser uma simples soma de pequenos desenhos

juntados num mapa local. Todos os grandes planos são

fundamentalmente simples. Podem ser apreciados de uma vez, não

apenas por arquitetos, mas por todas as pessoas...Uma idéia que não

possa ser comunicada não tem valor, uma idéia que pode desencadear

outras subseqüentes é oque existe de mais valioso na civilização. Era

isso o que cabia ao júri buscar no concurso da Nova Capital.”

Sobre o projeto de Lúcio Costa: “É a melhor idéia para a

cidade – capital unificada, e uma das contribuições mais interessantes e

mais importantes feitas em nosso século à teoria do urbanismo

moderno...É uma obra prima de concepção imaginativa, podendo ser

desenvolvida,sistematicamente, enquanto são elaborados os programas

social e estrutural. É o núcleo que pode desencadear toda a obra a ser

executada em Brasília.” (Cf. p.48-49)

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Page 5: O Concurso de Brasilia - Milton Braga

A repercussão dos resultados. Cf. p.49 menciona

sinteticamente a recepção do resultado nos jornais e o entusiasmo de

Mário Pedrosa.

Uma bela frase de Manuel Bandeira sobre o plano piloto de

Lúcio Costa : “lembrando um avião em rota para a impossível utopia,

logo dá à iniciativa, que parecia uma aventura, um ar plausível.” Cf. p.

53. Folha da Manhã SP: 25.03.57.

O autor passará a comentar um a um os sete planos

premiados.

Com relação ao Plano Piloto de Lúcio Costa compete

registrar que Braga, menciona por meio de recente reportagem da

revista Veja que Carlos Drummond de Andrade teria revisado o texto

do plano, contudo não fornece a referência, aliás uma marca da

dissertação é não as normas de publicação!!!

Na conclusão o autor cita novamente Mário Pedrosa, o

conhecido texto Reflexões sobre a Nova Capital.

“Lúcio Costa, ao contrário do que as primeiras evidências

pareciam mostrar, não ganhou o concurso com uma proposta menos

consistente do que as dos demais concorrentes. Sua apresentação

certamente era a mais modesta, como sugere Mário Pedrosa, mas seu

plano piloto, por outro lado, era dos mais definidos.”

“A isso poderiam ser acrescentadas a grande capacidade de

síntese revelada pelo arquiteto no uso das duas linguagens, gráfica e

escrita, e a grande habilidade demonstrada na sua interação. Tanto que

os documentos elaborados por ele, principalmente o relatório

justificativo, ilustrados por croquis, acabaram por se transformar, entre

os arquitetos brasileiros, em referências quanto ao modo de se propor

idéias e apresentar projetos.” (p.145-156)

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