o conceito de modelo

3
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS MESTRADO EM MODELAGEM Disciplina: METODOLOGIA DA PESQUISA Professora: Joselisa Maria Chaves Data: 02/09/12 Discente: Samadhi Gil C. Pimentel O CONCEITO DE MODELO A palavra modelo possui grande polissemia. De uma maneira geral, o termo está relacionado a representações do real ou a tipos ideais de determinado fenômeno ou objeto. Um conceito recorrente de modelo em Ciência traz a asserção de que qualquer abstração do mundo natural, com algum poder de prever eventos com base em princípios gerais, é passível de ser considerada modelo, assim como os dispositivos teóricos ou instrumentais para entender a estrutura, as funções e inter-relações em um sistema. E a proximidade dos modelos com a realidade encontra limites de representação em escala de tempo, de espaço e de velocidade de processamento no caso de modelos que fazem uso de sistemas computacionais, (PETERSON, 2002). Neste sentido, destaca-se que os modelos não correspondem totalmente a realidade que pretende representar caso contrário não seriam modelos, mas a própria realidade. Para Raviolo et al. (2011), os modelos cumprem um papel fundamental na construção e no avanço do conhecimento científico, bem como no ensino das Ciências. Isto porque podem ser classificados como modelos desde as teorias básicas da Física e da Química, passando pelos formalismos matemáticos e sistemas teóricos das Ciências Sociais, até as analogias e metáforas que

Upload: samadhigil

Post on 12-Jul-2016

13 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

PIMENTEL, Samadhi Gil Carneiro. O Conceito de Modelo. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) / Departamento de Ciências Exatas (Dexa) / Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente (PPGM) / Disciplina Metodologia da Pesquisa, 2012.Trabalho elaborado como pré-requisito para aquisição de créditos de disciplina em curso de mestrado.

TRANSCRIPT

Page 1: O Conceito de Modelo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS

MESTRADO EM MODELAGEM

Disciplina: METODOLOGIA DA PESQUISA

Professora: Joselisa Maria Chaves Data: 02/09/12

Discente: Samadhi Gil C. Pimentel

O CONCEITO DE MODELO

A palavra modelo possui grande polissemia. De uma maneira geral, o termo

está relacionado a representações do real ou a tipos ideais de determinado

fenômeno ou objeto. Um conceito recorrente de modelo em Ciência traz a asserção

de que qualquer abstração do mundo natural, com algum poder de prever eventos

com base em princípios gerais, é passível de ser considerada modelo, assim como

os dispositivos teóricos ou instrumentais para entender a estrutura, as funções e

inter-relações em um sistema. E a proximidade dos modelos com a realidade

encontra limites de representação em escala de tempo, de espaço e de velocidade

de processamento no caso de modelos que fazem uso de sistemas computacionais,

(PETERSON, 2002). Neste sentido, destaca-se que os modelos não correspondem

totalmente a realidade que pretende representar – caso contrário não seriam

modelos, mas a própria realidade.

Para Raviolo et al. (2011), os modelos cumprem um papel fundamental na

construção e no avanço do conhecimento científico, bem como no ensino das

Ciências. Isto porque podem ser classificados como modelos desde as teorias

básicas da Física e da Química, passando pelos formalismos matemáticos e

sistemas teóricos das Ciências Sociais, até as analogias e metáforas que

Page 2: O Conceito de Modelo

contribuem para a divulgação científica e para a educação em Ciências (DUTRA,

2006). Assim, Raviolo et al. (2011) definem que:

Un modelo científico puede ser considerado como una representación provisoria, perfectible e idealizada de una entidad o fenómeno físico. Es una representación simplificada de un hecho, objeto, fenómeno, proceso, realizada con la finalidad de describir, explicar y predecir. Se trata de una construcción humana utilizada para conocer, investigar y comunicar.

Christofoletti (1999), em seu livro-texto didático sobre modelagem de sistemas

ambientais, nos apresenta dois conceitos de modelo como sendo os mais

adequados no contexto dos estudos de sistemas ambientais. Um deles, de Hagget e

Chorley, é mencionado como sendo o mais adequado, segundo os quais, modelos

seriam uma estruturação simplificada da realidade que supostamente apresenta, de

forma generalizada, características ou relações importantes. Logo, os modelos são

aproximações altamente subjetivas, por não incluírem todas as observações ou

medidas associadas, mas são valiosos por obscurecerem detalhes acidentais e por

permitirem o aparecimento dos aspectos fundamentais da realidade. Assim,

conforme Dutra (2006), quando se afirma que dado sistema é modelo de outro, quer

dizer que foram escolhidos determinados aspectos de um desses sistemas e

procedeu-se a montagem do outro sistema de maneira semelhante àquela pela qual

descrevemos os aspectos do outro sistema e as relações entre eles.

O outro conceito apresentado por Christofoletti (1999), de Berry, é referido

como bastante definidor e, de acordo com este, seria uma representação da

realidade sob uma forma material (representação tangível) ou sob uma forma

simbólica (representação abstrata). Interessante notar que, mesmo quando se trata

de uma representação sob uma forma material e tangível, de modo geral, modelos

podem ser compreendidos como sendo “qualquer representação simplificada da

realidade” ou de um aspecto do mundo real que surja como de interesse do

pesquisador, que possibilite reconstruir a realidade, prever um comportamento, uma

transformação ou uma evolução por meio de abstrações.

Portanto, o modelo seria um formalismo e/ou um procedimento de

transposição e elaboração de um esquema representativo de uma determinada

realidade. Mas, deve-se ressaltar que não é a realidade em si que é representada,

mas sim a visão do pesquisador seguindo a maneira como a realidade é percebida e

Page 3: O Conceito de Modelo

compreendida por este. Em suma, a modelagem de sistemas ambientais se

enquadra inerentemente como procedimento teorético com abordagem holística,

utilizando-se também de elementos reducionistas, sobre o real, envolvendo técnicas

qualitativas e quantitativas, expressando bases de operacionalização da análise

sistêmica, em cuja há necessidade de se compreender a complexidade desses

sistemas, assim como as categorias de seus componentes com fluxos de

informações em interações externas e internas ou não, com variabilidade espaço-

temporal ou não (CHRISTOFOLETTI, 1999).

De maneira mais sintética, concisa e com uma linguagem mais acessível,

pode-se concluir, em consonância com o professor Elói (JESUS, 2010), que os

modelos, falando-se de Ciência, são os jeitos de se conhecer ou de se abordar

problemas, bem como as propostas de resolução e de representação dos mesmos,

jeitos estes que partem de um arcabouço histórico-cultural do conhecimento, facilita

e possibilita o acesso a este e possibilita a sua construção e reconstrução.

REFERÊNCIAS

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, 1999.

DUTRA, L. H. A. Modelos, Analogias e Metáforas na Investigação Científica. In: Filosofia Unisinos, São Leopoldo, v. 7, n. 2, mai. / ago. 2006. JESUS, E. B. O Conhecimento Humano: desafios, aventura, riscos, conquistas... um aprendizado contínuo. In: SILVA, J. S. S.; NASCIMENTO, M. A. A. (Orgs.). Pesquisa: métodos e técnicas de conhecimento da realidade social. Feira de Santana: UEFS Editora, 2010. PETERSON, A. T. Simuladores de Futuro. Programas de modelagem ambiental antecipam os efeitos das mudanças climáticas e a expansão de doenças no mundo. [outubro 2005]. Entrevistador: Carlos Fioravanti. Entrevista concedida à Revista Pesquisa Fapesp. Disponível em: < http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=1946&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em: 15 abr. 2010. RAVIOLO, A.; AGUILAR, A.; RAMÍREZ, P.; LÓPEZ, E. Dos Analogías em la Enseñanza del Concepto de Modelo Científico: análisis de las observaciones de classe. In: Revista Electrónica de Investigación en Educación en Ciencias (REIEC), Buenos Aires, v. 6, n. 1, jul. 2011.