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ISSN 1988-5261 Vol 8, Nº 19 (diciembre / dezembro 2015) O COMPORTAMENTO ESPAÇO-TEMPORAL DO TURISTA: MONITORAMENTO ATRAVÉS DE GPS 1 Fábio Alves Ortiz 2 Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH Universidade de São Paulo - USP [email protected] Reinaldo Miranda de Sá Teles 3 Escola de Comunicações e Artes - ECA Universidade de São Paulo - USP [email protected] Resumo: O estudo do comportamento espaço-temporal dos turistas é essencial para o entendimento do turismo no contexto urbano. As técnicas tradicionais de monitoramento espaço-temporal do comportamento do turista foram amplamente utilizadas e possuem limitações em sua aplicação e resultados, porém a tecnologia de GPS oferece novas opções nesse campo de estudos. Diante desse cenário, esse artigo propõe-se discutir essa nova tecnologia e verificar como ela é aplicada na investigação do movimento do turista dentro das destinações turísticas. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo. Observou-se que o uso do GPS para monitorar o comportamento espaço-temporal do turista possui diversificada aplicação e gera dados precisos com horário, velocidade, localização, rota, direção do movimento do turista dentro da cidade. Palavras-chave: Turismo Urbano; Comportamento Espaço-Temporal; Novas Tecnologias; GPS. Abstract: The study of the space-time tourist behavior is essential for understanding the tourism in urban context. Traditional techniques for monitoring the space-time tourist behavior were broadly used and they have constraints in its application and results, but the GPS technology provides new options in this field of study. In this scenario, this article proposes to discuss this new technology and verify how it has been applied to the investigation of the tourist movement within the tourist destinations. It is, therefore, a literature research, with qualitative character. We observed that the use of the GPS to track the space-time tourist behavior has a diversified application and it generates accurate data with time, speed, localization, route and direction of the tourist movement within the city. Key-Words: Urban Tourism; Space-Time Behavior; New Technologies; GPS. 1 Uma versão prévia desse trabalho foi apresentada no IX Fórum Internacional de Turismo do Igaussu em Foz do Iguaçu - PR, Brasil em Julho de 2015. 2 Mestrando em Turismo na Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH, da Universidade de São Paulo -USP, bacharel em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. 3 Doutor em Ciências da Comunicação, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo USP; Livre-Docente do Curso de Graduação em Turismo, da ECA e do Mestrado em Turismo, da EACH/USP.

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Page 1: O COMPORTAMENTO ESPAÇO-TEMPORAL DO TURISTA: …

ISSN 1988-5261

Vol 8, Nº 19 (diciembre / dezembro 2015)

O COMPORTAMENTO ESPAÇO-TEMPORAL DO TURISTA: MONITORAMENTO ATRAVÉS DE GPS1

Fábio Alves Ortiz2

Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH Universidade de São Paulo - USP

[email protected] Reinaldo Miranda de Sá Teles3

Escola de Comunicações e Artes - ECA Universidade de São Paulo - USP

[email protected]

Resumo: O estudo do comportamento espaço-temporal dos turistas é essencial para o entendimento do turismo no contexto urbano. As técnicas tradicionais de monitoramento espaço-temporal do comportamento do turista foram amplamente utilizadas e possuem limitações em sua aplicação e resultados, porém a tecnologia de GPS oferece novas opções nesse campo de estudos. Diante desse cenário, esse artigo propõe-se discutir essa nova tecnologia e verificar como ela é aplicada na investigação do movimento do turista dentro das destinações turísticas. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo. Observou-se que o uso do GPS para monitorar o comportamento espaço-temporal do turista possui diversificada aplicação e gera dados precisos com horário, velocidade, localização, rota, direção do movimento do turista dentro da cidade. Palavras-chave: Turismo Urbano; Comportamento Espaço-Temporal; Novas Tecnologias; GPS. Abstract: The study of the space-time tourist behavior is essential for understanding the tourism in urban context. Traditional techniques for monitoring the space-time tourist behavior were broadly used and they have constraints in its application and results, but the GPS technology provides new options in this field of study. In this scenario, this article proposes to discuss this new technology and verify how it has been applied to the investigation of the tourist movement within the tourist destinations. It is, therefore, a literature research, with qualitative character. We observed that the use of the GPS to track the space-time tourist behavior has a diversified application and it generates accurate data with time, speed, localization, route and direction of the tourist movement within the city. Key-Words: Urban Tourism; Space-Time Behavior; New Technologies; GPS.

1 Uma versão prévia desse trabalho foi apresentada no IX Fórum Internacional de Turismo do Igaussu em Foz do Iguaçu - PR,

Brasil em Julho de 2015. 2 Mestrando em Turismo na Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH, da Universidade de São Paulo -USP, bacharel em

Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. 3 Doutor em Ciências da Comunicação, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – USP; Livre-Docente do Curso de Graduação em Turismo, da ECA e do Mestrado em Turismo, da EACH/USP.

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1. Introdução

De acordo com Shinohara (2013), o estudo do comportamento espaço-

temporal das pessoas iniciou-se na década de 1960 com pesquisas de

Hägerstrand, seus conceitos formaram a base da geografia do tempo (time

geography), no qual se considera que as variáveis tempo e espaço se

relacionam de forma intrínseca. “Outra contribuição de Hägerstrand foi a

elaboração de uma representação para o comportamento diário da

movimentação de um indivíduo, denominada representação em prisma espaço-

tempo”. (SHINOHARA 2013, p. 09)

O prisma espaço-tempo proposto por Hägerstrand para explicar os

deslocamentos dos indivíduos apresenta-se com o Space Time-Paths ou

Caminhos Espaço-Temporais. Segundo Silva (2008) a movimentação das

pessoas é influenciada por fatores externos (ambientais) ou internos (do

indivíduo). Nos fatores ambientais, encontram-se a estrutura das cidades e dos

sistemas de transporte e nos fatores do indivíduo destacam-se questões

socioeconômicas e a própria liberdade de escolha da pessoa na forma como

realizará seu deslocamento.

Silva (2008, p. 09) afirma que “sempre haverá demanda de certa

quantidade de tempo e de espaço para a realização de uma viagem”, desta

forma, observa-se que tempo e espaço são elementos indissociáveis quando

se trata de deslocamento de pessoas.

Sabe-se, ainda, que o deslocamento é um dos elementos chave para

que ocorra o turismo. Conforme se observa em uma definição de turismo

proposta por Panosso Netto (2013, p. 33, grifo nosso):

[...] compreende o turismo como o fenômeno de saída e retorno do ser humano do seu lugar habitual de residência, por motivos revelados ou ocultos, que pressupõe hospitalidade, encontro e comunicação com outras pessoas e utilização de tecnologia, entre inúmeras outras condições, o que vai gerar experiências variadas e impactos diversos.

Assim, pode-se afirmar que o deslocamento, o espaço e o tempo são

elementos presentes no fenômeno turístico. Nessa ótica existem inúmeros

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trabalhos que versam sobre o deslocamento do turista e questões de espaço e

tempo, porém grande parte em abrangência macroespacial, se detêm nos

deslocamentos internacionais e os impactos do turismo massivo. O que se

pretende nesse estudo, é discutir o comportamento espaço-temporal dos

turistas em uma microescala, ou seja, em um recorte de abrangência

municipal.

Desta forma, o artigo tentará responder a seguinte questão, de que

forma a tecnologia de posicionamento global pode contribuir para a

compreensão do deslocamento dos turistas na dimensão do destino turístico?

A discussão apresentada aqui, portanto, insere-se no contexto do

turismo urbano e será desenvolvida através de revisão bibliográfica acerca do

tema principal: monitoramento do comportamento espaço-temporal do turista

com uso de Global Positioning System (GPS). Trata-se, portanto de uma

pesquisa exploratória, de caráter qualitativo. O procedimento técnico utilizado

será pesquisa bibliográfica. (DENCKER, 2007)

2. Global Navigation Satellite Systems (GNSS)

Antes de abordar o comportamento espaço-temporal dos turistas, faz-se

necessário apresentar, de forma breve, as definições básicas de GNSS para

melhor compreensão do que é essa tecnologia e sua capacidade de operação,

para em seguida verificar a sua utilização nas pesquisas em turismo.

É muito conhecido, no meio popular, o GPS, porém, destaca-se aqui a

existência de outros sistemas semelhantes, que foram desenvolvidos por

outros países. Desta forma, o conjunto de sistemas de navegação por satélite é

denominado como GNSS.

Atualmente existem dois sistemas em funcionamento: GPS, dos Estados

Unidos e o GLONASS, da Rússia. Porém outros sistemas já estão em testes e

funcionando regionalmente. É o caso do Beidou/Compass, da China e o

Galileo, da União Europeia. Há ainda algumas especulações sobre os sistemas

da Índia e Japão. (DOW; NEILAN; RIZOS, 2009). Nesse artigo será abordado o

uso do sistema americano (GPS), que é o mais utilizado nas pesquisas em

turismo até o momento.

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2.1 Global Positioning System (GPS)

De acordo com Timbó (2000), o GPS surgiu em 1973 para superar os

problemas do seu antecessor, o NNSS (Navy Navegation Satellite System,

também conhecido como Transit) de 1964 e que sua configuração permite que

existam pelo menos quatro satélites acima do horizonte do observador em

qualquer instante e qualquer lugar do mundo; para isso basta ter um

receptor/processador de sinal GPS.

O sistema de GPS ou NAVSTAR-GPS (NAVegation Satellite with Time

And Ranging) consiste em um conjunto de 24 satélites, espaçados igualmente

em seis planos orbitais, a 20.200 quilómetros de altitude. Essa constelação de

satélites transmitem dois sinais codificados diferentemente: frequência L1 para

uso civil e L2 para uso militar e do governo. (MONICO, 2000; DJUKNIC &

RICHTON, 2001, trad. nossa).

Quanto aos receptores, Monico (2000) destaca que existem vários

modelos utilizados pela comunidade civil, destinados para diversas

utilizações/aplicações, com isso, o autor afirma que o GPS atingiu sua

maturidade. Dentre a vasta lista de aplicações do GPS, Timbó (2000, p. 33)

lista algumas:

Navegação de todos os tipos (marítima, aérea, terrestre, espacial, nos portos, fluvial, em veículos de recreação, etc.);

Estabelecimentos de redes nacionais e regionais de apoio geodésico;

Aplicações em geodinâmica para detecção de movimentos da crosta terrestre;

Fotogrametria sem necessidade de pontos de controle de terreno;

Levantamentos topográficos para aplicações diversas;

Gerenciamento de rotas de transportes;

Estações geodésicas ativas;

Coleta de dados para Sistema de Informações Geográficas.

Apesar da abrangência global, esse sistema possui restrições,

principalmente nos centros urbanos densos, as construções obstruem a

transmissão do sinal, prejudicando a determinação da posição. (MONICO,

2008 apud SHINOHARA, 2013).

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2.2 O celular como dispositivo de GNSS/GPS

O aparelho celular se popularizou e ganhou novas dimensões nas duas

ultimas décadas. De acordo com Lemos (2007) o celular se tornou mais que

um telefone e considera o dispositivo como híbrido. Segundo o autor:

O telefone celular é a ferramenta mais importante de convergência midiática hoje. Para ilustrar, podemos citar o celular como instrumento para produzir, tocar, armazenar e circular música; como plataforma para jogos on-line no espaço urbano (os wireless street games); como dispositivo de “location based services”, para “anotar” eletronicamente a localização de um espaço ou para ver “realidades aumentadas”; para monitorar o meio ambiente; para mapeamento ou geolocalização por GPS; ou para escrever mensagens rápidas (SMS), tirar fotos, fazer vídeos, acessar a internet. (LEMOS, 2007, p. 25)

Shinohara (2013) explica que, com o objetivo de diminuir os problemas

da perda de sinal em centros urbanos, foram criados sistemas híbridos de

posicionamento, os quais combinam o GPS tradicional com o serviço de dados

móveis dos celulares. Essa técnica é denominada A-GPS (Assisted-GPS), ela

reduz o tempo do cálculo para determinar a posição do receptor, pois utiliza

comunicação de dados do celular para enviar os dados pré-processados sobre

a posição dos satélites. (DJUKNIC et al., 2001 apud SHINOHARA, 2013).

Além disso, “o A-GPS permite utilizar outras técnicas de posicionamento

como, por exemplo, o Cell_id ou a triangulação de rádio base, para auxiliar a

determinação do posicionamento do receptor” (SHINOHARA, 2013, p. 06).

Aliando o avanço da tecnologia de telefonia móvel com o Sistema de

Posicionamento Geográfico percebe-se uma nova ferramenta, de fácil acesso

(custo), que pode ser utilizada para gestão territorial.

3. Monitoramento de turistas através do uso de GPS

Com relação aos métodos de monitoramento de turistas,

tradicionalmente utilizou-se técnicas de observação participativa e não

participativa. Wolf (et al., 2012, trad. nossa) destacam uma serie de pesquisas

e métodos utilizados, a saber: observação direta pela equipe de observadores;

diários de viagem auto administrados; mapeamento de itinerário; uso de

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contadores no local (dispositivos que contam e armazenam o número de

turistas em um local); entre outras.

Shoval e Isaacson (2007, trad. nossa) relatam algumas desvantagens

destas técnicas, segundo esses autores, elas consomem muito tempo do

pesquisador. Dos problemas apontados, merecem ênfase os problemas éticos;

risco de o observado mudar seu comportamento por estar sendo “observado”;

possibilidade de não compreensão dos motivos pelo qual o observado se

comporta de determinada maneira.

Durante muito tempo, uma das maneiras mais utilizada para coletar

dados espaço-temporais foi o orçamento tempo-espaço, o qual fornece

informações de como o indivíduo se ocupa na dimensão do espaço dentro de

um período de tempo: algumas horas, um dia, ou uma semana. Essa técnica,

segundo Shoval (2008, trad. nossa) tem várias desvantagens, a maioria delas

relacionada ao fato do indivíduo estar totalmente envolvido no processo de

coleta dos dados, sendo ele mesmo que deverá anotar as suas próprias

informações de tempo-espaço. O que acontece, segundo Shoval (2008, trad.

nossa) é que os resultados obtidos geralmente são destorcidos, pois muitos

participantes falham em gravar seus dados. Além disso, o autor destaca ainda

a dificuldade em convencer os indivíduos a participarem do experimento.

Em detrimento das limitações dessas técnicas, o uso do GPS como

ferramenta de monitoramento de turistas apresenta-se promissor. (HALLO, et

al., 2012; MCGEHEE, et al., 2013; TCHETCHIK, et al., 2009, trad. nossa).

Apesar disso, Shoval e Issacson (2007, trad. nossa) dizem que o uso do GPS

na investigação do comportamento espacial de pedestres foi pouco utilizado e

os estudos se distanciam em tempo. Os autores afirmam que essa técnica foi

mais utilizada para monitorar veículos motorizados (até por questões de

estrutura inicial dos dispositivos, que eram maiores e tinham pouca duração de

bateria).

No que se refere aos dados coletados através de pesquisa com GPS,

Asakura e Iryo (2007, trad. nossa) dizem que são “pontos” sequenciais na

dimensão espaço-tempo; cada um desses pontos contém informação de

longitude, latitude e horário do dia. Tchetchik (et al., 2009) destacam como

vantagens do GPS, a maior precisão dos dados obtidos emergentes da decisão

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tomada pelos turistas durante suas visitas, são estes, as atrações visitadas e

tempo de permanência nos locais.

Shoval (et al., 2011, trad. nossa) afirmam que as novas tecnologias

(GPS) revolucionaram a pesquisa do comportamento do turista nas

destinações urbanas e têm sido aplicadas em diferentes situações, conforme

se apresentam algumas pesquisas no quadro abaixo.

QUADRO 01 – Referencial de aplicação de pesquisas com GPS Recorte do estudo Pesquisas

Pequenas cidades históricas MODSCHING, KRAMER, TEN HAGEN, & GRETZEL, 2008; SHOVAL, 2008; VAN DER SPEK, 2008; TCHETCHIK, FLEISCHER, & SHOVAL, 2009

Parques temáticos e zoológicos RUSSO, CLAVE, & SHOVAL, 2010; ZILLINGER, 2010.

Parques naturais ARROWSMITH AND CHHETRI, 2003; HARDER, BRO, TRADISAUSKAS, & NIELSEN, 2008; HOVGESEN, BRO, TRADISAUSKAS, & NIELSEN, 2008

Pequenas Ilhas NIELSEN, HARDER, TRADISAUSKAS, AND BLICHFELDT, 2010; XIA, ZEEPHONGSEKUL, & ARROWSMITH, 2009

Fonte: Adaptado de Shoval (et al., 2011, trad. nossa).

Edwards (et al., 2010, trad. nossa) dizem que com a tecnologia de GPS

tornou possível monitorar precisamente os caminhos tomados pelos turistas e a

fornece maior entendimento do comportamento sócio espacial do turista.

Segundo os autores, essas informações contribuem para a gestão dos destinos

ou para o estudo do turismo, podem ser utilizadas para redirecionar o fluxo de

trânsito, por exemplo, e assim, evitar congestionamentos, minimizar os

impactos em áreas mais sensíveis, entre outras possibilidades.

3.1 Técnicas utilizadas em pesquisas com GPS para monitoramento de

turistas

Conforme observado anteriormente, o uso do GPS para monitoramento

de turistas nas dimensões espaço e tempo tem se ampliado cada vez mais,

inclusive já se apresenta com vários contextos e recortes, utilizado para atingir

diferentes objetivos. Diante desse cenário, apresenta-se nesse item o

detalhamento metodológico de algumas pesquisas já desenvolvidas.

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3.1.1 Testando diferentes tecnologias de GPS

Apresentam-se, a seguir, dois experimentos realizados por Shoval e

Isaacson (2007, trad. nossa). O primeiro foi conduzido em Heidelberg, na

Alemanha, e teve como objetivo testar a precisão do equipamento e

aplicabilidade da pesquisa, a amostra foi apenas uma pessoa (um dos

autores), que carregou o equipamento durante seu passeio pela cidade

(receptor Emtac CruxII BlueTooth GPS e PC de bolso). O equipamento foi

configurado para gravar um ponto por segundo e foi fixado no ombro do

participante. O passeio durou quatro horas e o participante percorreu 19,3

quilómetros. Durante o passeio, o sujeito utilizou três diferentes meios de

transporte (carro, ônibus e a pé), o que ficou claramente reconhecido na

análise posterior. A pesquisa mostrou-se ideal para um destino denso como

Heidelberg, com becos e ruas estreitas, em forma de labirintos, pois os dados

obtidos pelo GPS foram claros e precisos. (SHOVAL; ISAACSON, 2007, trad.

nossa)

O segundo experimento teve como objetivo principal a comparação entre

três tecnologias de rastreamento: triangulação celular, GPS e o híbrido A-GPS

e foi realizado na Cidade Antiga, em Jerusalém (cheia de ruas estreitas e

vielas, algumas completamente cobertas). Um assistente do pesquisador

percorreu a cidade carregando os três tipos de dispositivos mencionados

acima. Foram 3,1 quilômetros percorridos em uma hora e 26 minutos.

O dispositivo GPS teve bons resultados, exceto em áreas totalmente

cobertas, no qual se notou dificuldade em posicionar o receptor, porém, ao sair

em áreas abertas, o GPS rapidamente localizou o receptor; a tecnologia AGPS

foi testada com celular da marca Motorola i860, colocado no bolso da camiseta

do participante. Foi configurado para registrar um ponto a cada 30 segundos

(limitação do dispositivo), o que foi considerado decepcionante pelos autores,

no entanto, os dados obtidos foram, em sua maioria, precisos, exceto no trajeto

feito de taxi.

Como resultado, notou-se dificuldade de obtenção de dados dentro de

veículos; os dados obtidos com triangulação celular foram os menos precisos,

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pois os pontos estavam poucos e distantes uns dos outros, impossibilitando de

traçar a rota realizada pelo participante. (SHOVAL; ISAACSON, 2007, trad.

nossa)

3.1.2 O “consumo” espacial na Cidade Antiga de Acre, Israel

Um dos estudos conduzido por Shoval (2008, trad. nossa), com especial

foco na Cidade Antiga de Acre, em Israel, teve como objetivo examinar como a

cidade é usada pelos turistas na sua totalidade. Foram convidados para

pesquisa turistas que obtiveram ingressos e iniciavam seu passeio na Central

de Informações Turísticas. Os participantes foram solicitados a carregar o

equipamento (receptor Emtac CruxII BlueTooth GPS e PC de bolso) durante

todo seu passeio na cidade e preencher um questionário ao final do tour. Os

dispositivos foram programados para gravar um ponto por segundo.

Foram obtidas 246 rotas de turistas e utilizados nove dispositivos GPS.

Destas, 112 rotas foram descartadas por problemas técnicos do dispositivo,

não preenchimento correto do questionário por parte dos turistas ou pelo fato

de o turista ter devolvido o dispositivo antes de ter completado o passeio pela

cidade. Assim, foram utilizadas 134 rotas para as análises.

A análise foi encaminhada de modo a examinar como o espaço urbano é

explorado ou “consumido” por todos os turistas. O “consumo espacial” foi

medido pela porcentagem de tempo gasto em cada local diferente da cidade

agregado à intensidade de atividade por célula do tamanho de 10m x 10m.

Essa análise mostrou que as áreas da cidade são consumidas de forma

desequilibrada, tanto em tempo gasto nos locais quanto em quantidade de

visitação e, segundo Shoval (2008, trad. nossa) essas informações dão

subsídios para a implantação de novas atrações e contribuem para a gestão

dos fluxos turísticos, e para o marketing do destino, uma vez que agora se

sabem quais atrativos e áreas devem sem mais divulgadas.

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3.1.3 Visitantes de primeira vez e repetentes

McKercher (et al., 2011, trad. nossa) realizaram uma pesquisa para

comparar a diferença no padrão de comportamento entre visitantes de primeira

vez e repetentes em Hong Kong. Os participantes selecionados foram turistas

independentes que estavam hospedados em hotéis centrais em Kowloon. Os

participantes potenciais foram abordados no lobby do hotel após o café da

manhã e convidados a participar da pesquisa. Ao aceitarem, fora aplicado um

questionário para identificação seus padrões mais amplos de viagem (tempo

total da viagem, tamanho do grupo de viagem, perfil demográfico, tempo de

hospedagem e dia da visita a Hong Kong), então foi entregue a eles um

receptor GPS configurado para registrar um ponto a cada 10 segundos, eles

deveriam devolver o dispositivo ao retornarem para o hotel, no final do passeio.

Um total de 489 turistas participou do estudo. Destes, 363 rotas foram

validadas para as analises, sendo 233 de visitantes de primeira vez e 130

repetentes. Os dados foram analisados com software SIG (Sistema de

Informação Geográfica). Para as analises de intensidade de visitação, as áreas

centrais de Kowloon e Hong Kong foram divididas em células e 200m x 200m.

McKercher (et al., 2011, trad. nossa) observaram que os visitantes de

primeira vez se movem mais amplamente em todas as áreas construídas da

Ilha de Hong Kong e Kowloon e a visitar atrações ícones, enquanto os

repetentes tendem a ser mais específicos espacialmente. Observou-se

também, que os visitantes de primeira vez visitam mais atrações enquanto

repetentes visitam menos lugares, porém gastam mais tempo em cada atrativo.

Ainda notou-se que os repetentes quebram seu dia em várias partes,

retornando várias vezes ao hotel, enquanto os visitantes de primeira vez saem

manha do hotel e retornam somente ao final do dia. Além disso, os autores

observaram outros padrões, como horários específicos em que algumas

atrações recebem mais turistas.

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3.1.4 A influência da localização do hotel

Shoval (et al., 2011, trad. nossa) em outra pesquisa com o objetivo de

analisar a influência da localização do hotel nos padrões de deslocamento do

turista em Hong Kong, selecionaram 557 rotas válidas dos 791 turistas

participantes. As configurações do dispositivo e análise foram as mesmas do

estudo apresentado anteriormente (MCKERCHER, et al., 2011).

Os turistas foram abordados em quatro hotéis diferentes igualmente

distribuídos em Kowloon e Hong Kong. Os resultados foram analisados de três

formas diferentes: padrões de movimento em sua totalidade, estudo da hora do

dia em que os turistas estão mais dispostos a visitar diferentes regiões e

análise do impacto da distância na intensidade da atividade realizadas pelos

turistas.

Como resultado, observou-se que os padrões de visitação são

clusterizados nas imediações do hotel; ícones atraem grande fluxo de turistas,

independentemente da localização do hotel; a localização do hotel influencia

lugares visitados, serviços utilizados, tempo gasto nos locais e na forma de

locomoção.

3.1.5 Padrões de movimentação na Austrália

Edwards e Griffin (2013) utilizaram dispositivos GPS para pesquisas em

duas cidades na Austrália, Sydney e Melbourne. Em Sydney a pesquisa tentou

responder a seguinte pergunta: “Qual o comportamento geral do turista em

Sydney?” (EDWARDS; GRIFFING, 2013, p. 586. trad. nossa).

Já em Melbourne, além de objetivar saber o comportamento geral do

turista, a pesquisa tinha como objetivos saber se as centrais de informações

turísticas da cidade influenciam os padrões de movimentação do turista e

também, rastrear os movimentos dos participantes de conferencia que tiravam

um tempo da conferencia durante o curso de um dia. Foram utilizados dois

tipos de GPS para o estudo: Garmin Forerunner 305 e Holux Loggers, ambos

gravam hora, velocidade, distancia, posição e direção.

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Em ambos os estudos, os participantes foram informados sobre os

objetivos e requisitos da pesquisa, bem como sobre a disponibilidade de um

voucher de compras pela participação.

A pesquisa em Melbourne contou com 03 estágios. No estágio 01 foram

selecionados 40 participantes, que foram abordados em hotéis participantes do

estudo. No estágio 02, participaram 42 turistas que foram incentivados a passar

na central de informações turísticas no inicio de sua visita. No estágio 03, 32

participantes de conferencia participaram do estudo, e 26 rotas foram

validadas. Na pesquisa em Sydney, foram recrutados 40 participantes, nas

mesmas condições do estágio 01 em Melbourne. (EDWARDS; GRIFFING,

2013, trad. nossa).

Ao voltarem para o hotel, cada participante foi interrogado com

entrevista semiestruturada. Essa entrevista tinha o objetivo de capturar

informações demográficas, atividades que se engajaram no decorrer do dia,

modal de transporte utilizado e eventuais barreiras que tiveram em seu

passeio. Enquanto isso, os dados do dispositivo foram baixados para o

computador e a precisão das rotas foram examinadas com o participante, bem

como foram tomadas notas sobre os motivos por terem feito tais rotas, escolha

das ruas e meios de transporte utilizados, limitações encontradas, entre outras.

(EDWARDS; GRIFFING, 2013, trad. nossa).

Entre os resultados obtidos, alguns pontos merecem observações para

os casos australianos: existem poucas ligações entre o centro e os atrativos em

Sydney; o sistema de transportes apresenta-se como grande dificultador de

mobilidade para os turistas. Em Melbourne, observou-se que as Centrais de

Informações Turísticas influenciaram substancialmente os padrões de

movimentação dos turistas, e que podem refletir nos fluxos e divulgação

turística; o City Circle Tram apresentou-se como importante meio para

conhecer os principais atrativos da cidade, sendo amplamente utilizado pelos

conferencistas. (EDWARDS; GRIFFING, 2013, trad. nossa).

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3.1.6 Comportamento de turistas de cruzeiros em um destino de porto

De Cantis (et al., 2016) apresentaram um estudo que teve como objetivo

analisar o perfil e o comportamento espaço-temporal do turista de cruzeiros

marítimos em um destino de porto e verificar as hipóteses teóricas de que esse

turista consome apenas as regiões do entorno próximo do porto e, ainda,

segmentar o perfil do público de acordo com indicadores coletados na pesquisa

através de tratamento estatístico dos dados.

O estudo foi conduzido em Palermo, Itália, cidade relativamente nova

como destino de cruzeiro. Para a coleta dos dados, utilizou-se uma

combinação de técnicas tradicionais, como questionários e as novas técnicas

de GPS. Foram selecionados turistas que não compraram pacotes de city-tour,

ou seja, os que decidiram visitar Palermo por conta própria, chamados de

“passageiros de cruzeiro independentes”.

Durante os dias de pesquisa, foram selecionados 322 turistas para

compor a amostra. Desse número, quatro turistas não preencheram o

questionário de encerramento. Após a análise da qualidade das rotas

registradas pelos dispositivos GPS, 303 rotas foram consideradas aptas a

serem analisadas. Desse número, apenas os passageiros de cruzeiro

independentes foram analisados, totalizando 278 amostras.

Entre os vários resultados obtidos, os autores destacam que a ideia de

que o passageiro de cruzeiro visita apenas uma pequena área próxima ao

porto foi contrariada e mostram ainda que esse turista consegue visitar um

número grande de atrativo oferecidos pelo destino. Os autores ainda

encontraram diferenças significativas na forma de consumo pelos turistas a

partir do seu perfil, por exemplo: turistas que foram classificados no grupo A (n

= 47), visitam não apenas o centro de Palermo, mas outros destinos próximos

como Monreale e praias de Palermo. Os resultados apontam também que o

tempo gasto pelos turistas no destino é superior ao que estudos anteriores

afirmaram.

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Considerações finais

Tratamos nesse artigo do surgimento, evolução e utilização de uma

tecnologia denominada GPS para o estudo do comportamento espaço-

temporal do turista, tecnologia essa que possibilita uma vasta gama de

aplicações em diversas áreas do conhecimento, inclusive várias possibilidades

de pesquisas no campo turístico.

Destacamos que a pesquisa bibliográfica aqui apresentada teve como

foco o turismo urbano, e que a aplicação dessas técnicas é significativamente

mais ampla do recorte aqui discutido.

Autores que utilizam o GPS para monitorar o turista nas dimensões

espaço e tempo defendem essa técnica em detrimento de tradicionais modelos

como diários de viagens e orçamento tempo-espaço, destacando suas

vantagens no que se refere à praticidade de aplicação, melhor custo benefício

e acima de tudo maior confiabilidade e precisão dos dados obtidos.

Poderíamos, portanto, descrever diversas vantagens em utilizar os

dispositivos, o que não é o objetivo deste artigo. Propomo-nos a discutir de que

forma o avanço tecnológico pode contribuir para a compreensão do

deslocamento dos turistas dentro dos destinos turístico.

Observamos que a tecnologia de GPS é uma ferramenta que possibilita

essa compreensão do movimento dos turistas na cidade destino, que pode ser

analisada tanto de forma individual quanto em sua totalidade, destacando não

somente os fluxos turísticos dentro da cidade (dimensão espacial), mas os

horários de maior visitação dos atrativos isolados ou áreas inteiras.

Um olhar holístico, porém aliado dessas duas dimensões pode gerar

informações essenciais para a gestão territorial do turismo. Essa técnica

possibilita trabalhar as relações do comportamento espaço-temporal do turista

de diversos focos (apenas alguns foram discutidos no artigo) o que tende a

enriquecer o campo de estudo do turismo no contexto urbano e outros

contextos.

Esse artigo serve como base inicial para futuras pesquisas a serem

desenvolvidas na América Latina, uma vez que recorremos à literatura

internacional, pois não foram encontradas pesquisas dessa natureza (uso do

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GPS para monitoramento de turistas no espaço-tempo) publicadas em

português.

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