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1 O COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPAMA COMO AGENTE DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 LOCAL Autora: Ana Maria C. F. Gama, Coordenadora do Projeto de Planejamento e Gerenciamento Ambiental da Bacia do Rio Pirapama, Química da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, Brasil, Pesquisadora do Projeto Marca D’Água, Especialista em Planejamento e Gerenciamento Ambiental, Aberdeen University; Especialista em Avaliação de Pleno, Programas e Política Pública, Manchete University, Mestranda em Gestão e Políticas Ambientais, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Brasil. “Preparaed for delivery at the 2003 meeting of the Latin American Association, Dallas, Texas, March 27-29,2003”.

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O COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPAMA COMO AGENTE DE

IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 LOCAL

Autora: Ana Maria C. F. Gama, Coordenadora do Projeto de Planejamento e Gerenciamento Ambiental da Bacia do Rio Pirapama, Química da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, Brasil, Pesquisadora do Projeto Marca D’Água, Especialista em Planejamento e Gerenciamento Ambiental, Aberdeen University; Especialista em Avaliação de Pleno, Programas e Política Pública, Manchete University, Mestranda em Gestão e Políticas Ambientais, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Brasil.

“Preparaed for delivery at the 2003 meeting of the Latin American Association, Dallas, Texas, March 27-29,2003”.

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O COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPAMA COMO AGENTE DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 LOCAL Ana Maria C. F. Gama, Coordenadora do Projeto de Planejamento e Gerenciamento Ambiental da Bacia do Rio Pirapama, Química da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, Brasil, Especialista em Planejamento e Gerenciamento Ambiental, Aberdeen University; Especialista em Avaliação de Pleno , Programas e Política Pública, Manchete University, Mestranda em Gestão e Políticas Ambientais da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Brasil. RESUMO O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Pirapama situada no Estado do Pernambuco, foi instituído em Julho de 1998. Tendo como missão a gestão dos recursos hídricos priorizou a elaboração e implementação de um plano de desenvolvimento sustentável / Agenda 21-local, para a região. Neste contexto a Agenda 21-Pirapama é a primeira desenvolvida para uma bacia hidrográfica e com a especificação de ter tido a sua promoção e implementação a partir da iniciativa do próprio Comitê. A quebra de paradigmas que eleva a gestão integrada e participativa dos recursos hídricos e a inserção dos princípios da Agenda 21 Global, acordados na ECO/92 efetivou e legitimou a tomada de decisão local. A Agenda 21- Pirapama, engloba sete municípios da Zona da Mata Pernambucana que integram a bacia, quais sejam: Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Moreno, na Região Metropolitana do Recife e Escada, Vitória de Santo Antão e Pombos no interior do Estado. A Agenda 21 do Pirapama, a partir das proposições concensuadas pela sociedade civil, organizações governamentais e setor privado, integrantes do Comitê Pirapama, tem quatro estratégias: melhoria da qualidade de vida, fortalecimento da gestão ambiental, melhoria do meio ambiente natural e controle do uso da água na bacia do rio Pirapama. Dez programas e quarenta e quatro projetos compõem essas quatro estratégias e sugerem desde medidas e ações à meios de implementação. Palavras chave: Agenda 21, Desenvolvimento Sustentável, Recursos Hídrico, Gestão Participativa, Rio Pirapama.

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1. INTRODUÇÃO Durante a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a Rio-92, os temas meio ambiente e água foram exaustivamente debatidos por instâncias dos setores governamentais e da sociedade civil. Um dos resultados desta Conferência, foi a aprovação do documento Agenda 21 Global, que se constitui em um plano de ação global estabelecendo prioridades para o atendimento às necessidades das gerações atuais, sem comprometer as gerações futuras. Ao adotar as bases de desenvolvimento sustentável, a Agenda 21 Global contabiliza eqüidade social, crescimento econômico e proteção ambiental. Os princípios da gestão participativa, descentralizada e integrada dos recursos hídricos, preconizada na Agenda 21 Global, toma a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e tem os comitês, como instrumentos de gerenciamento. Em Pernambuco, o Projeto Planejamento e Gerenciamento Ambiental da Bacia do Pirapama, convênio de cooperação técnica entre o Governo Brasileiro e do Reino Unido, através do Department for International Development – DFID, coordenado pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH, contou com a parceria de diversos órgãos estaduais e governos municipais, do setor privado e da comunidade localizados na área. Este trabalho desenvolvido a partir de uma metodologia de trabalho interdisciplinar, integrada e participativa, abriu espaço para se estabelecer as bases para a criação do Comitê e da Agenda 21 local. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Pirapama, composto por 32 membros, sendo metade representantes da sociedade civil e a outra metade de órgãos do governo local e estadual. é o Fórum da Agenda 21 Pirapama. A Agenda 21 da Bacia do Pirapama é um Plano de Desenvolvimento Sustentável com ações prioritárias composto das seguintes estratégias e programas:

• Melhoria da qualidade de vida, através dos programas de dinamização das atividades econômicas e de melhoria das condições socioeconômicas em áreas carentes;

• Fortalecimento da gestão ambiental, através dos programas de desenvolvimento

institucional, de comunicação ao público e desenvolvimento de um sistema de informações ambientais;

• Melhoria do meio ambiente natural, através da proteção da cobertura vegetal e de áreas

de sensibilidade ambiental e controle da poluição; • Controle das águas na bacia do Pirapama, com base no gerenciamento do uso múltiplo

dos recursos hídricos e no monitoramento hidrológico.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA O Estado de Pernambuco, com cerca de 7,9 milhões de habitantes na ocasião do censo de 2000, é o segundo Estado mais populoso do Nordeste Brasileiro e o sétimo no País como um todo. Em 1991, Pernambuco contém a segunda maior e mais rica metrópole do Nordeste do Brasil, Recife, bem como cinco municípios que estão entre os mais pobres em 1% do País. A Figura 1 abaixo mostra a localização de Pernambuco e Recife, dentro do Brasil

Figura 1: Localização dos Estados Brasileiros, dos municípios de Pernambuco e da cidade do Recife.

Pernambuco

Recife

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Pernambuco estende-se por 650 quilômetros para o interior com uma faixa de 160 km de litoral. Contém três amplas zonas agroclimáticas: a Zona da Mata litorânea úmida, na qual a bacia do Pirapama se localiza.

A zona da Mata era, tradicionalmente, dominada pela produção de cana-de-açúcar, contudo, desde os anos 90, o declínio da indústria açucareira levou a uma mudança para uma produção agrícola mais diversificada.

O rio Pirapama possui uma extensão de 80 km, juntamente com seus tributários, forma a bacia hidrográfica do Pirapama, com área de 600 Km2, localizada na porção Centro-Sul da Zona da Mata Pernambucana, ocupando parte dos municípios de Pombos, Vitória de Santo Antão, Escada, Moreno, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes. Os estudos realizados pelo Projeto Pirapama, revelam que há um progressivo aumento da demanda de água, para consumo humano, industrial e agrícola. A Figura 2, representa a área da bacia do Pirapama, com o detalhamento dos diversos usos e ocupação atual do solo. Figura 2: Uso do solo atual da Bacia do Pirapama

Fonte: CPRH, 1999 O diagnóstico da dinâmica ambiental elaborado para a área da bacia do Pirapama em 1998, GAMA, Ana /CPRH/DFID, demonstrou que a pobreza e a degradação dos ecossistemas naturais constituem uma presença na bacia do Pirapama. Este quadro de pobreza predomina amplamente entre as 103.269 pessoas que residem na área, quer em zonas urbanas (62,0%) quer rural (38,0%). Mesmo nos municípios economicamente mais fortes, a evolução dos indicadores sociais não acompanha o crescimento da economia. O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH municipal mediana da bacia é de 0,4977, sendo Jaboatão dos Guararapes detentor do maior IDH 0,69 e Pombos com o menor 0,411.

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Os problemas sociais e ambientais, como falta de serviços básicos, emprego, moradia, saneamento, seguridade social, dentre tantos outros, se multiplicam e se avolumam entre os grupos sociais de maior vulnerabilidade. Constitui indicador perverso das condições de vida da população da área a forte incidência de esquistossomose, doença endêmica nas localidades rurais da área. Pesquisas feitas em 1992 pela Fundação Nacional de Saúde indicam que, dentre as doenças por veiculação hídrica, a esquistossomose, que no engenho Mupami - município do Cabo de Santo Agostinho - chegou a 73,8%, é a que mais afeta a população. À precariedade social e econômica da população residente na área, associa-se uma crescente degradação de suas condições ambientais. O padrão perverso de apropriação produtiva do território, além de não propiciar adequadas condições de vida à população da área, constituiu e constitui uma séria ameaça aos ecossistemas naturais, tanto na faixa costeira como nas áreas interiores da bacia. As práticas de uso e ocupação dos solos rurais atualmente desenvolvidas, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar, além de apresentarem produtividade abaixo dos padrões atingidos em outras regiões do país, desenvolve-se com o contínuo desmatamento de remanescentes florestais o que compromete o equilíbrio ambiental da área da bacia. A expansão da área plantada de cana-de-açúcar promove forte erosão e turbidez da água, causando assoreamento e poluição da água. A qualidade da água apresenta sinais de comprometimento, com a atividade industrial registrando alto potencial poluidor. Também as atividades agricultura diversificada, desenvolvidas pelos pequenos produtores rurais constituem ameaça ao equilíbrio dos diferentes ecossistemas, com a ocupação das margens de córregos e rios e desmatamento dos remanescentes de florestas. A bacia possui um conjunto de atrativos capazes de potencializar ações de desenvolvimento com base na sustentabilidade ambiental da área. A alternativa de aumento da oferta de água para a Região Metropolitana do Recife, associado à diversidade de ecossistemas naturais representam importantes aspectos para justificar a proteção de seus recursos ambientais. O espaço rural é ocupado por usinas e engenhos de cana de açúcar, bem como agricultura de subsistência. Várias indústrias de médio e grande porte estão presentes e fazem uso do rio Pirapama. A área possui dois grandes eixos estruturados, de caráter interestadual – rodovias federais BR-101 e BR-232 – e duas vias inter-municipal - PE-060 e PE-045, além de eixos de importância localizada. Muito embora, a atividade agrícola ocupe a maior área da Bacia do Pirapama, a atividade industrial é significativa na dinâmica produtiva da Bacia, cujas atividades têm forte impactos sobre o uso da água e conservação dos ecossistemas naturais e uso dos mananciais.

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A despeito dos diferentes problemas identificados, a área em estudo apresenta um conjunto de elementos de natureza física, social, cultural, econômica e ecológica, capazes de potencializar ações de desenvolvimento com base na sustentabilidade ambiental da área. Nesse sentido, há de se considerar que a própria localização da área da bacia, com cerca de 2/3 de sua área em território da Região Metropolitana do Recife lhe confere uma posição privilegiada nas possibilidades de articulação de uma política de desenvolvimento local com o centro metropolitano e outros centros regionais. A presença na área de grandes unidades agro-industriais – a Usina Bom Jesus e as destilarias Inexport, JB e Sibéria – representativas da base econômica tradicional da área e que, tendo resistido à crise do setor açucareiro, revelam capacidade de se consolidarem como integrantes do pólo sucroaçucareiro regional em processo de reestruturação. Alie-se a isto a proximidade da área da bacia ao Complexo Industrial Portuário de SUAPE, que ao consolidar-se poderá constituir elemento dinamizador da economia rural e urbana da bacia, quer seja enquanto mercado para a produção alimentar, dinamizando assim a atividade do pequeno produtor rural, quer seja enquanto fonte de emprego para a população local. O potencial ecológico da área é expresso pela diversidade de ecossistemas naturais presentes na área. A existência de dez reservas ecológicas (remanescentes de Mata Atlântica) desde que minimamente preservados em suas atuais condições, representam importante potencial não só para a acumulação hídrica, como, também, para a proteção do solo contra a erosão e para a preservação da fauna. O ecossistema estuarino e vasta área de manguezais, além do potencial paisagístico de que é dotado, funciona como berçário para reprodução das espécies dos ecossistemas marinhos, constituindo fator de equilíbrio ambiental e meio de sobrevivência das comunidades locais. Não obstante possuir menos de dez quilômetros de extensão, a faixa costeira da bacia destaca-se por suas praias propícias ao banho e as atividades náuticas às quais somam-se os atrativos turísticos da faixa costeira vizinha a exemplo do Cabo de Santo Agostinho, onde está prevista a implantação do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcante e da existência de povoados típicos da área praieira (Gaibu, Suape, Nazaré e Itapuama). A implantação do Hotel Resort Caesar Park, atualmente Blue Tree Park, vizinho ao Complexo Industrial e Portuário de SUAPE, funcionará como forte indutor de um pólo turístico na área da bacia. O seu patrimônio histórico e cultural está representado principalmente pelo grande número de sedes de engenho que, com suas capelas e casas grandes, são testemunhos de diferentes fases da história econômica e cultural da bacia desde o século XVI. O conjunto de Planos Programas e Projetos de iniciativa pública ou privada previstos ou em implantação, tais como, a Consolidação do Complexo Industrial e Portuário de SUAPE, a implantação de obras de infra-estrutura viária/metroviária, a construção das barragens Pirapama e São Braz, os projetos de assentamentos rurais e de turismo ecológico para a RMR, entre outros, poderão, inclusive, ser potencializadores de uma nova dinâmica ambiental para a área da bacia alavancando o desenvolvimento social, econômico e a melhoria das condições ambientais da área. Não se pode esquecer de destacar, neste sentido, a importância da política e da legislação

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ambiental já em vigor no país e, particularmente, no Estado de Pernambuco, as quais fornecem as bases legais e institucionais para a implementação de ações de sustentabilidade do desenvolvimento regional. 3. A AGENDA 21 – PIRAPAMA A Agenda 21 da Bacia do Pirapama se constitui-se em um Plano de Desenvolvimento, que foi elaborado pelo governo do Estado de Pernambuco, visando a sustentabilidade da Bacia do rio Pirapama, desenvolvida em convênio de cooperação técnica com o governo britânico, em uma ação multidisciplinar e interinstitucional, coordenada pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH e pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - Sectma, com participação de diversos órgãos estaduais e governos municipais localizados na área. A Agenda 21 da Bacia do Pirapama visa orientar os governos municipais nas decisões que envolvam crescimento econômico, proteção ambiental e melhoria da qualidade de vida dos habitantes dos municípios. Construída através do consenso, após diversas oficinas de trabalhos, com a participação de representantes de órgãos estaduais, da sociedade civil e prefeituras inseridas na bacia, todos com assento no Comitê da bacia e discussão ampla com comunidade, foram definidas as seguintes linhas de ação: § Melhoria da Qualidade de Vida § Fortalecimento da Gestão Ambiental § Melhoria do Meio Ambiente Natural § Controle do Uso das Águas na Bacia do Pirapama. Dentro da linha de ação ou estratégia da Melhoria da Qualidade de Vida, pretende-se dinamizar as atividades econômicas e melhorar a infra-estrutura básica de áreas carentes, principalmente as condições de saúde e habitação. Com a participação das comunidades os projetos estão voltados para a diversificação de culturas agrícolas, a valorização dos pequenos empreendimentos, a conservação dos recursos ambientais e a qualificação profissional de trabalhadores e trabalhadoras da região. Para fortalecer o gerenciamento ambiental, a Agenda 21 da bacia do Pirapama sugere ações para a melhoria da estrutura dos diversos órgãos públicos envolvidos. A capacitação de técnicos das administrações municipais é um exemplo de ação que contribuirá para a melhoria do controle ambiental e da ocupação e uso do solo das diversas áreas da bacia, a ser realizada pelas prefeituras. Para a melhor eficiência no controle está previsto um sistema de informação, que facilitará o trabalho de fiscalização, manterá a sociedade informada e apoiará as campanhas de educação ambiental a serem realizada. A Agenda 21 estabelece programas e projetos que buscam proteger e recuperar áreas de Mata Atlântica, manguezais e de matas ciliar da bacia. O zoneamento para uso e ocupação do solo, definirá a utilização racional do solo e o desenvolvimento adequado em função da sua vocação e

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diversos usuários. O controle da poluição pelas industrias e disposição inadequadas dos resíduos urbanos, esgotos e lixo, constituem também projetos para melhoria do meio ambiente natural. E, por fim, o controle do uso da água com os programas que estruturam o sistema de monitoramento da quantidade e qualidade da água do rio, a avaliação das alterações provocadas por outros usos, como a irrigação e geração de energia, a concessão da outorga a todos os usuários, e a cobrança pelo uso da água, já aprovados pelo comitê da bacia, e em análise para aprovação pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

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ESTRATÉGIAS DA AGENDA 21 DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPAMA

1. MELHORIA DA QUALIDADE

DE VIDA 2. FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE

GESTÃO AMBIENTAL

1.1 DINAMIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

ECONÔMICAS

1.2 MELHORIA DAS CONDIÇÕES SÓCIO-

AMBIENTAIS

2.1 DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

2.2 COMUNICAÇÃO E SISTEMA DE

INFORMAÇÃO

2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PARTICIPATIVA 1. Desenvolvimento da

agricultura diversificada e de tecnologias sustentáveis

1. Contratação, tratamento e prevenção de esquistossomose

1. Adequação da estrutura institucional para implementação do PDS

1. Consulta e comunicação do plano de desenv. sustentável

1. Ações sistemáticas de educação ambiental

2. Desenvolvimento da micro e pequena empresa e do trabalho artesanal

2. Implantação de mecanismos de vigilância ambiental comunitária

2. Melhoria do controle ambiental municipal

2. Desenv. e implant. de sistema de informações ambientais

2. Fortalecimento das organizações comunitária

3. Desenvolvimento de organizações autogerenciadas

3. Melhoria das condições de saneamento ambiental comunitária

3. Desenv. do processo participativo municipal

3. Monitor. e avaliação da qualidade ambiental

3. Adoção de sistemas de gerenciamento ambiental para empresas

4. Oportunização do emprego e renda p/ pop. Urbana

4. Melhoria de comunidades assentadas

4. Criação de instrumentos de gestão ambiental

5. Desenvolvimento do eco-turismo na área da bacia

5. Estímulo da Agenda 21 nos municípios

6. Desenvolvimento de atividades exercidas pelas mulheres

6. Criação, reestruturação e fortalecimento de COMDEMA's

7. Desenvolvimento sustentável da pesca artesanal

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ESTRATÉGIAS DA AGENDA 21 DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPAMA

3. MELHORIA DA QUALIDADE DO MEIO

AMBIENTAL NATURAL 4. CONTROLE DE USO DAS

ÁGUAS

3.1 PROTEÇÃO DE CO-BERTURA VEGETAL E

ÁREAS INSTÁVEIS

3.2 ORDENAMENTO DO USO E OCUPA-

ÇÃO DO SOLO

3.3 CONTROLE DA

POLUIÇÃO

4.1 GERENCIAMENTO DO USO MÚLTIPLO DOS

RECURSOS HÍDRICOS

4.2 MONITORAMENTO E INFORMAÇÃO HIDROLÓGICO

1. Criação, regulam. E

implementação. De espaços de proteção ambiental

1. Zoneamento do uso e ocupação do solo

1. Modelagem matemática da fertirrigação sobre a qualidade das águas

1. Implementação da cobrança pelo uso da água

1. Operação de estações hidrométricas e monitoramento de sub-bacias

2. Reflorestamento e recuperação de áreas degradadas

2. Requalificação de sítios históricos

2. Controle do lançamento de efluentes industriais

2. Normatização de critérios p/ outorga de uso da água

2. Campanha especial de monitoramento hidrológico

3. Parque metropolitano da Lagoa Olho d'Água

3. Controle de uso de agroquímicos sobre os RH

3. Mediação de conflitos de uso da água

3. Campanha sistemática de monitoramento de qualidade

4. Disciplinamento da extração mineral

4. Implant. e recuperação de sistemas esgotamento sanitário

4. Reenquadramento do rio Pirapama

4. Avaliação das alterações à jusante da barragem

5. Obras para melhoria do sistema de drenagem

5. Desativação de lixões e recuperação de áreas degradadas

6. Reestruturação de sistemas de limpeza urbana

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4. A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE/PNMA A Política Nacional do Meio Ambiente é disciplinada pela Lei Federal no. 6.938, de 31/8/81, cria a Política Nacional de Meio, e dispõe sobre seus objetivos, fins e mecanismos de formulação e aplicação. A referida Lei se encontra regulamentada pelo Decreto no. 99.274, de 06/06/90. Os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente encontram-se expressos do seguinte modo: Artigo 2° - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso nacional e a proteção dos recursos ambientais; VII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente consagram a compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia nacional orientadas para o uso racional dos recursos ambientais. A Lei no 6938/81 institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA que, com alterações posteriores, apresenta a seguinte estrutura:

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I - Conselho de Governo, órgão superior que tem a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II - CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, que exercia também as funções atualmente atribuídas ao Conselho de Governo e hoje se constitui em órgão consultivo e deliberativo que tem, também, funções normativas, como a fixação de normas necessárias à execução e implementação da Política Nacional do Meio Ambiente;

III - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, órgão central do SISNAMA; IV - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do Sistema; V - Órgãos Seccionais - os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta e fundações, que tenham atividades relacionadas com a proteção da qualidade ambiental ou o uso dos recursos ambientais. Entre os órgãos seccionais foram incluídos os órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI - Os Órgãos Locais - os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelas ações de proteção ambiental.

A partir do SISNAMA os Estados da federação, estabeleceram os seus Sistemas Estaduais de Meio Ambiente

5. POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS Em cumprimento ao disposto no inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e atendendo os princípios estabelecidos na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável no Rio de janeiro em 1992, consolidados no capítulo 18 da Agenda 21, a Lei no. 9.433, de 08/01/97, veio instituir a Política Nacional de Recursos Hídricos e criar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A Lei Federal nº 9.433/97 é uma autêntica lei nacional, no sentido de que ela não se dirige, exclusivamente para o âmbito federal (a União), mas deve ser apropriada e ajustada nos seus fundamentos (art. 1º), objetivos (art. 2º), diretrizes de ação (art. 3º e 4º), instrumentos (art. 5º) planos (art. 6º e 7º), sistemas (art. 25 e 32 a 46), participações (art. 1º, VI e 47 e 49), infrações e penalidades (art. 49 e 50), também, pelos Estados e pelo Distrito Federal, seus destinatários naturais implícitos, não obstante a prerrogativa de autonomia que lhes é atribuída pelos art. 25 e 32, no sentido de que os Estados e o Distrito Federal podem organizar os seus respectivos serviços públicos, dentre os quais e essencialmente o do gerenciamento das águas de seus

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domínios e as de salvaguardas ambientais. Contudo, tal prerrogativa terá que se conter e se ater em estrita observância com os princípios constitucionais (art. 25 e 32). A Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, conforme essa Lei, se baseia no fundamento, instituído pela Agenda 21 Global, de que a água é um bem de domínio público, limitado, dotado de valor econômico, cuja gestão deverá sempre proporcionar o seu uso múltiplo. Destaca, também, que a bacia hidrográfica é a unidade territorial de planejamento e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, devendo a gestão dos recursos hídricos ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades ( Art. 1o.).

Dentre as diretrizes gerais de ação para implementação da PNRH, tem-se na Lei que: a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras; a articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, uso do solo e com o planejamento regional, estadual e nacional, dentre outras destacadas no Art. 3o. Os instrumentos definidos nessa Lei são: o Plano de Recursos Hídricos - PRH; o enquadramento dos corpos d'água em classes, segundo os usos predominantes; a outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos; a cobrança pelo usos dos recursos hídricos; a compensação a municípios; e o Sistema de Informações de Recursos Hídricos. O sistema de gestão de recursos hídricos contará com um Conselho Nacional de Recursos Hídricos ao qual compete, conforme disposto no Art. 35, da Lei no. 9.433/97, dentre outras atividades:

I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implementados ; X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso.

A Lei prevê também a constituição de Comitês de Bacias Hidrográficas com competência, dentre outras ações, para promover a gestão integrada, o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes. Verifica-se que o Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos não se limita a administrar apenas o recurso natural de forma estanque como ocorre, por exemplo, com a vegetação. No caso dos Recursos Hídricos sua gestão tem influência direta sobre o uso do solo e demais recursos naturais, em razão de suas próprias características pois acaba repercutindo até sobre o desenvolvimento possível da mesma, como conseqüência direta ou indireta de sua atuação. Ocorre que os sistemas de gestão de recursos hídricos, da Zona Costeira e do Meio Ambiente estão baseados na existência e atuação de colegiados que, quando na zona costeira, deverão

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agir de forma articulada, tanto para dar cumprimento às disposições já constantes da lei (vide Art. 3o, inciso VI) como para propiciar a compatibilização de suas orientações, ações e decisões. Nesse sentido, há que se estudar e implantar mecanismos de articulação entre os diversos sistemas, de molde a evitar conflitos entre projetos, planos e ações. A luz do dispostos na legislação federal dos recursos hídricos, Pernambuco, assim como os demais Estados da federal, estabeleceu a sua política estadual dos recursos hídricos, criando o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídrico do Estado de Pernambuco. 6. ARRANJO INSTITUCIONAL A formulação do arranjo institucional para a implementação da Agenda 21 da bacia do rio Pirapama está baseado, fundamentalmente, na integração do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco. Dessa forma o arranjo institucional contará com os seguintes atores: Esfera Federal • Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão colegiado superior responsável pela coordenação da implementação da política nacional de recursos hídricos; • Conselho Nacional de Meio Ambiente, órgão colegiado superior responsável pela coordenação da implementação da política nacional de meio ambiente, • Ministério do Meio Ambiente órgão federal de formulação de políticas de recursos hídricos e meio ambiente. Na sua estrutura, a Secretaria de Recursos Hídricos é o órgão gestor federal de recursos hídricos responsável pela execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, enquanto que a Secretaria de Meio Ambiente e o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis são os órgãos federais executores da política federal de meio ambiente; • Agência Nacional das Águas – ANA, criada em 2000, responsável pelas atividades da implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos; • Ministério de Planejamento, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, nos aspectos relacionados ao setor de saneamento; • Ministério de Ciência e Tecnologia, nos aspectos relacionados à capacitação tecnológica para implementação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos. • Outras Instituições cujas atividades se relacionem com recursos hídricos.

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Esfera Estadual • Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, órgão superior deliberativo e consultivo do sistema; • Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH, órgão superior deliberativo e consultivo do sistema; • Comitê Estadual de Recursos Hídricos – CERH; não instalado; • Comitê da Bacia Hidrográfica – COBH, órgão colegiado com caráter deliberativo e

consultivo com atuação nas bacias hidrográficas; • Secretaria de Estadual de Recursos Hídricos – SRH, órgão de planejamento e gestão do sistema dos recursos hídricos; • Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA, órgão de planejamento e gestão do sistema estadual de meio ambiente; • Órgãos executores do Estado que atuam na área de recursos hídricos; • Concessionárias de serviços de utilidade pública usuárias dos Recursos Hídricos da Bacia. 7. O COMITÊ DA BACIA DO PIRAPAMA Os comitês de bacias do Estado de Pernambuco são criados em atendimento à Lei no. 11.426 de 1997, que dispõe sobre a Política e o Sistema Estadual dos Recursos Hídricos. Neste contexto, os Comitês são colegiados formados por representantes de órgãos federais, estaduais, municipais e sociedade civil. A estrutura dos Comitês é formada por uma diretoria executiva composta de um presidente, vice-presidente e uma secretaria executiva. A atuação de cada Comitê pode limita-se a área da bacia hidrográfica a que pertence ou se for o caso a um consorcio de bacia. O processo de formação do Comitê da bacia do Pirapama iniciou-se, sob a coordenação política da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA e da Companhia Pernambucana de Meio Ambiente – CPRH, à época, respectivamente órgão gestor e executor das Políticas Estaduais do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, ensejando a criação de um Fórum da Comunidade dentro das atividades do Projeto Pirapama. Desde de 1998, com a mudança de governo foi criada a Secretaria de Recursos Hídricos – SRH, que passou a ser o órgão gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Pirapama é composto por um plenário, onde estão representados os órgãos estaduais, municipais e sociedade civil, com um total de 32 membros,

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dos quais metade é da sociedade civil organizada, incluindo o setor privado, e a outra metade representada pelas instituições estaduais e municípios da bacia. Sua estrutura organizacional é constituída de uma diretoria, com um presidente, vice-presidente e secretária executiva e comissões e câmaras técnicas, que são formadas extraordinariamente e temporariamente, sempre que surjam conflitos sócio- ambientais ou em função dos temas específicos, que requeiram maior profundidade de análise para a proposição de alternativas de solução. O Plenário do COBH-Pirapama é constituído pelos membros abaixo relacionados, com direito a voz e a voto:

I - 09 (oito) representantes do Estado e seus respectivos suplentes, devendo cada

uma das seguintes entidades estar relacionadas com o gerenciamento ou uso dos recursos hídricos, a proteção do meio ambiente e o planejamento estratégico:

a) Secretaria de Recursos Hídricos - SRH; b) Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA; c) Companhia Pernambucana de Saneamento - COMPESA; d) Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH; e) Secretaria de Saúde; f) Secretaria de Educação e Esportes; g) Fundação de Desenvolvimento Municipal - FIDEM; h) Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária; i) Secretaria de Infra-estrutura.

II - 07 (sete) Prefeitos das municipalidades sediadas na Bacia Hidrográfica do

Pirapama ou seus representantes e respectivos suplentes; III - 16 (dezesseis) representantes da sociedade civil e respectivos suplentes,

indicados por entidades legalmente constituídas, contemplando os seguintes segmentos e números de representantes:

a) 3 (quatro) representantes de associações ligadas ao consumo do recurso hídrico

para uso doméstico final, com interesse no abastecimento público, saneamento e saúde pública;

b) 2 (dois) representantes de associações ligadas ao consumo do recurso hídrico

para atividades industriais;

c) 3 (três) representantes de associações ligadas ao consumo do recurso hídrico para atividades agrícolas, sendo 1 (um) patronal e 2 (dois) de base;

d) 2 (dois) representantes de associações ligadas ao consumo do recurso hídrico

para atividades de comércio, lazer e serviços;

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e) 1 (um) representante de associações de defesa do meio ambiente;

f) 1 (um) representante de Universidade e/ou Instituição de Pesquisa relacionada com os recursos hídricos;

g) 1 (um) representante de associações de trabalhadores de pesca;

h) 1 (um) representante da Câmara de Vereador do município de Cabo de Santo

Agostinho;

i) 1 (um) representante da Câmara de Vereador do município de Moreno;

j) 1 (um) representante da Câmara de Vereador do município de Escada. 8. RESULTADOS O Comitê Pirapama é visto pelos seus membros, como um Fórum de representação política formal e permanente se constituindo como o legítimo aglutinador das demandas políticas, sociais, ambientais existentes na Bacia e na perspectiva de ser o espaço privilegiado do gerenciamento sócio-ambiental da Bacia. Enquanto um colegiado tripartite tem um caráter consultivo, deliberativo e de coordenação quando da implementação do Plano de Desenvolvimento Sustentável/Agenda 21, nas dimensões políticas e técnicas Em uma das oficinas realizadas para os membros do Comitê a Missão do Comitê foi definida como:

Garantir o gerenciamento ambiental, de forma sustentável e racional dos recursos hídricos e do meio ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida.

“Admiro o Comitê com toda sua grandeza. Com rios, matas e água na correnteza. Só Deus sabe Só Deus faz As coisas da Natureza”. Severino Violeiro. E esse mesmo grupo deu a seguinte definição da Visão de Futuro: O COBH deverá ampliar, fortalecer e capacitar os seus membros, na perspectiva de garantir a implementação do PDS-Agenda 21, dentro dos seus valores, princípios e crenças, buscando um gerenciamento ambiental de forma sustentável, despertando a consciência dos beneficiários, permitindo futuramente o uso racional dos recursos ambientais.

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“Terra, fogo, água e ar. Se o povo se conscientizar, A Natureza só terá a ganhar” (Produto do trabalho em grupo consciência ambiental: Cidinez, Josefa, Renata, Sandra e Severino). Considerando que a viabilidade e sustentabilidade de qualquer ação governamental dependem da participação da comunidade como co-gestora dessa intervenção e não obstante as dificuldades de organização comunitária da bacia, foi verificado desde o início dos trabalhos, importantes aspectos relativos às possibilidades de fortalecimento do trabalho de mobilização social: a) todos os participantes do Comitê, se declararam dispostos a participar da formação de

grupos e câmaras temáticas, para discussão dos projetos da Agenda 21, principalmente aqueles relacionados à poluição das águas e agir como agentes multiplicadores.

Embora não existisse anteriormente ao Comitê, nenhuma associação de usuários de água em toda Bacia, o Centro das Mulheres do Cabo e a Associação dos Moradores de Pontezinha, Charnequinha e da Vila Pirapama já discutiam sobre o assunto, inclusive com mobilização da COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento e prefeitura.

b) 40% tinham interesse em participar do programas de educação ambiental; c) a grande maioria estavam conscientes da gravidade que a poluição representa para o meio

ambiente e identificaram os elementos e os agentes poluidores (90% a atribuem aos esgotos domésticos, 70% às usinas e destilarias de álcool e 60% às fábricas em geral); e,

d) 90% informaram que os problemas de poluição são discutidos nas associações e denúncias

são feitas aos órgãos de meio ambiente. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pirapama, enquanto Fórum da Agenda 21 Pirapama , para cumprir o seu papel de agente de implementação das ações da Agenda 21 Local, tem trabalhado de forma que as ações sejam discutidas e aprovadas pelo Comitê, durante as sua reuniões. Os membros do Comitê, concordam que as reuniões, são bem dirigidas e contribuem para as deliberações, com relação a Agenda 21 e para tomada de decisão. Iniciando, pela própria elaboração da Agenda 21, que foi desenvolvida pelos membros do Comitê, e após várias discussões na comunidade, a aprovou, e elegeu os programa e projetos a serem desenvolvidos. Desta forma, e pautando-se no entendimento de que não existem soluções bem sucedidas, se estas não forem testadas, aplicadas, articuladas entre si e coordenadas, projetos pilotos foram

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priorizados pelo Comitê da Bacia do Pirapama e desenvolvidos em parceria com o governo estadual e local, e com doadores externos. Para a escolha destes projetos tomou-se como foco a melhoria em áreas carentes tais como: saneamento básico em uma favela denominada Charnequinha; capacitação, cidadania, meio ambiente e meios de vida sustentável para mulheres marisqueiras, o Projeto Piloto Marisqueira Cidadã; reflorestamento em uma área de assentamento rural; e um programa integrado de desenvolvimento institucional, educação ambiental e gênero, em parceria com Organizações não-Governamentais - ONG’s, que contou com a participação dos membros do Comitê da bacia do Rio Pirapama - COBH - Pirapama, Organizações Comunitárias de Base - OCB’s e a comunidade residente na bacia. O programa de monitoramento de qualidade e quantidade da água, previsto na Agenda 21, foi desenvolvido e implementado para em parceria com os órgãos estaduais responsáveis pelo gerenciamento ambiental e dos recursos hídricos membros do Comitê. O Comitê da bacia do Pirapama teve papel crucial na resolução de conflitos pelos usos da água, dentre os mais importantes podemos citar dois: conflito pelo usos da água entre uma destilaria de álcool e uma hidrelétrica, pois durante o período de estiagem, a vazão do rio tornou-se crítica, e a negociação para relocamento de assentados em área de um reservatório, denominado Pirapama, em construção e que abastecerá 40% da Região Metropolitana do Recife. A condução dos processos de licenciamento e outorga pelo uso da água do reservatório Pirapama, também pode ser citado como um dos exemplo de implementação das ações da Agenda 21 e da gestão descentralizada dos recursos hídricos pelo Comitê Pirapama. Neste contexto, as diretrizes e exigências adotadas pelos órgãos gestores da política de meio ambiente e de recursos hídricos foram amplamente discutidas e acordadas no âmbito do Comitê. Instrumentos de gestão previstos na Agenda 21-Pirapama, tais como: o zoneamento econômico - ecológico que vem sendo utilizado como referencial pelo governo estadual e local para a elaboração dos planos diretores setoriais e para a implementação de ações no âmbito da bacia e o estudo para a cobrança do uso da água na bacia, também foram realizados e aprovados pelo Comitê da Bacia do Pirapama. O setor industrial, representados no Comitê da bacia do Pirapama, vem fomentando a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental – SGA, nos moldes estabelecidos pela ISO 14.001, nas empresas que ainda não implantaram tal sistema nas suas unidades, com a realização de cursos de auditoria ambiental e seminários de conscientização dos empresários. No período de 1999 a 2002, 04 empresas da bacia já se credenciaram na ISO 14.001. Durante a pesquisa realizada dentro das atividade do Projeto Marca D’água – Seguindo os Passos dos Comitês, três anos após da formação do Comitê, quando se indagou sobre a atuação do mesmo, a maioria considerou positiva e com progresso significativos e que o processo é fruto de uma grande discussão.

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A maioria também acredita na gestão participativa a partir do Comitê. A Agenda 21 - Pirapama vem sendo referência nacional para a disseminação e incentivo às outras prefeituras do Estado para a construção de suas Agendas 21 local e regional. Por outro lado, os municípios da bacia do Pirapama já iniciaram o processo de implementação da Agenda 21 local. 9. CONCLUSÃO O Comitê da bacia hidrográfica do rio Pirapama, formados por membros do empresariado e da sociedade civil organizada, vêm possibilitando o apoio político necessário à implementação de propostas e servindo de espaço de negociação dos conflitos de uso da água e demais recursos naturais da bacia. Apesar das dificuldades, muitas vezes encontradas, tendo em vista as mudanças no arcabouço institucional do Estado de Pernambuco. A implementação da Agenda 21 da bacia hidrográfica do rio Pirapama tem se revelado um importante e oportuno instrumento de gestão ambiental desta bacia. A experiência pioneira do Comitê e da Agenda 21 na Bacia do Pirapama tem levado a uma mudança comportamental dos órgãos e instituições. Nesse sentido, várias ações já foram iniciadas e se encontram em execução. Através das etapas realizadas até o momento, pode-se detectar resultados bastante positivos, em termos de uma maior conscientização da sociedade civil, das instituições e do poder público estadual e municipal, através da capacitação, a medida que os diversos segmentos falam a mesma linguagem em busca da sustentabilidade das ações e do estabelecimento de parcerias com o setor empresarial e com organizações não governamentais. Salienta-se o papel das Organizações Comunitárias de Base – OCB’s, como parceiros do Comitê, na disseminação das ações da Agenda 21 na comunidade, assim como agentes multiplicadores na educação ambiental. Verifica-se avanços não apenas na melhoria do meio ambiente natural, assim como mudanças na qualidade de vida e equidade social na bacia do Pirapama. Para a sustentabilidade do Comitê, é fundamental a criação da Agência da Bacia, que será responsável pelo gerenciamento dos recursos financeiros provenientes da cobrança pelo uso da água, a ser implantado. Dessa forma, será assegurada a continuidade do processo e a implementação de novas ações de proteção da qualidade e melhoria ambiental da bacia.

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10. BIBLIOGRAFIA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO, “Agenda 21”, Senado Federal, Brasília, Rio de Janeiro - RJ,1992

CPRH – COMPANHIA PERNAMBUCANA DE MEIO AMBIENTE “Planejamento e

Gerenciamento Ambiental da Bacia do Rio Pirapama, Memorando de Projeto”, Recife- PE, 1998.

GAMA, Ana Maria. Coord. Diagnóstico Ambiental Integrado da bacia do Pirapama,

CPRH/DFID, Recife – PE, 1999. GAMA, Ana Maria. Coord. Agenda 21: Bacia do Pirapama - Plano de Desenvolvimento

Sustentável - CPRH/DFID, Recife - PE, 1999. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNAS

LEGAL. Agenda 21 O Caso do Brasil, Perguntas e Respostas. Brasília - DF, 1998 Jr., ARLINDO Phillippi, et.all Municípios e meio ambiente. Perspectivas para a

municipalização da gestão ambiental no Brasil, São Paulo - SP, 1999. MENEZES, Paulo, Relatório da oficina de trabalho – Desenvolvimento Institucional do

Comitê da bacia do Rio Pirapama, CPRH/DFID, Cabo de Santo Agostinho – PE, 1998. PREFEITURA DO CABO DE SANTO AGOSTINHO. Plano de Desenvolvimento

Sustentável - Cabo 2010, Cabo de Santo Agostinho. PE, 1997. RIBAS, Otto . “Agenda 21 Brasileira – Base para discussão, Senado Federal, Brasília , 2000. SOBRAL, Maria e GAMA, Ana Maria. Agenda 21 como Instrumento de gestão ambiental da

Bacia do Rio Pirapama – PE. Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental – AIDIS, Porto Alegre, dezembro 2000.

Lei Federal no 6.938 de 31/08/81, institui a Política Nacional do Meio Ambiente, Brasília -

DF, agosto de 1981. Lei Federal no 9.433/97, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, Brasília - DF,

Janeiro de 1997.