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O CLAUDELIANO JORGE DE LIMA
OSVALLDO HAMILTON TAVARES
(PROCURADOR DE JUSTIÇA)
(Dedico este trabalho ao Dr. José Raimundo Gomes da Cruz, ao Dr. José Alves de Cerqueira Cesar, à Dra. Andreia Maria de Liam
Oliveira, ao Dr. Túlio Tadeu Tavares e ao Dr. Omar Tavares de Almeida).
JORGE DE LIMA (1893-1952), nascido em União dos Palmares, Estado de Alagoas, fez os
estudos secundários em Maceió, cursou Medicina na Faculdade da Bahia, mas doutorou-se na
do Rio. Regressando a Alagoas, exerceu a clinica, o professorado e foi diretor da Instrução e
Saúde do Estado. Em 1931 mudou-se para o Rio, continuando na clinica e lecionando Literatura
Brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1947 foi eleito para a Câmara de Vereadores,
cuja presidência ocupou em 1948. Jorge de Lima distinguiu-se sobretudo como poeta, embora
cultivasse também o romance e o ensaio. Na poesia dele assinalou OTTO MARIA CARPEAUX
como qualidade características a de alargar-se em círculos concêntricos, cada vez mais amplos.
Estreando com uma coletânea de sonetos parnasianos (XIV Alexandrinos), aderiu ao
modernismo regionalista (Poemas, Novos Poemas, Poemas Escolhidos, Poemas Negros),
escrevendo poemas de excelente sabor brasileiro impregnados de fundo sentimento cristão.
Posteriormente esse sentimento cristão. Posteriormente esse cristão como que se depurou e
dilatou, universalizando a inspiração do poeta no proposito declarado de restaurar a poesia em
Cristo (Tempo e Eternidade, A Túnica Inconsútil, Anunciação e Encontro de Mira-Celi); então
assume a sua expressão tom e ritmo graves, largos, paralelísticos, Nos livros posteriores (Livros
de Sonetos, Invenção de Orfeu) desaparece a intenção proselitista, mas o sentimento é o mesmo,
e o poeta atinge o fastígio de sua técnica e amadurecimento espiritual. Como romancista deixou
Salomão e as Mulheres, Calunga, A mulher Obscura, o Anjo e Guerra dentro do Beco; como
ensaísta, A Comédia dos Erros, Dois Ensaios, Dom Vital, Medicina e Humanismo etc.
Jorge de Lima é o nosso CLAUDEL (Poeta francês sua inspiração mística impregna sua
poesia e dramas. Autor de Cinq Grandes Odes, L’otage, L’Annonce fait a Marie, Le Soulier de
Santin). Sua inspiração poética, uma das mais poderosas e estranhas de nossa literatura, é
claudeliana, pelas raízes, pela universalidade, pelo hermetismo e pela vocação sobrenatural.
Tem ainda marcante afinidade com BERNANOS, cujo SOUS LE SOLEIL DE SATAN
traduziu.
Outras vezes, apresenta poética vincada por temas telúricos e sua voz assume tonalidade
brasileira com Essa Negra Fulô.
Na observação de CLAUDE HULET (BRASILIAN LITERATURE, 3° volume,
pag.72), he wrote such brilhant neo-Parnassian poetrythat he became nationally famous
overnight, particularly for the sonnet O Acendedor de Lampeôes. The last poetry is highly
abstract and lends toward automatic writing. It is confessional in tone and often uses Biblical
motifs and techniques. Lima believes that, as a poet, he has a providential mission, emphasizing
that he feels his hand being guided directly by divine inspiration.