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O CHOQUE CULTURAL BRANCO- ÍNDIO O papel da Igreja, o sincretismo religioso, a miscigenação e as formas de resistência indígena.

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O Choque Cultural Branco íNdio

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Page 1: O Choque Cultural Branco íNdio

O CHOQUE CULTURAL BRANCO-ÍNDIO

O papel da Igreja, o sincretismo religioso, a miscigenação e as formas de resistência indígena.

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“Colombo descobriu a América mas não os americanos” Esta frase é emblemática porque explicita

como o contato físico não significa o contato com a cultura do outro.

Dois mundos diferentes se confrontaram quando se deu a Conquista da América. Dois mundos com conjuntos culturais completamente diferentes.

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“Páginas em branco”.

Os primeiros indígenas com os quais tomaram contato os europeus no final do século XV e início do século XVI foram aqueles que habitavam as ilhas caribenhas e o litoral brasileiro.

Assim, a impressão dos europeus a respeito dos ameríndios foi marcada, a partir de então, pelo que se retratou sobre tais tribos.

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“Páginas em branco”.

Para os europeus daquela época, os indígenas não tinham lei, não tinham rei e não tinham fé. Assim, seriam páginas em branco no processo de civilização que propunham para os ameríndios.

Isso mostra, de fato, que os europeus não souberam perceber a existência de uma cultura válida entre os indígenas.

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O papel da Igreja Católica.

A Igreja Católica cumpriu papel fundamental no processo de “aculturação” indígena.

Diante de um cenário europeu de Reforma Protestante e de Contra-Reforma Católica, era fundamental que os novos súditos dos países ibéricos fossem católicos, evitando-se o assédio de movimentos protestantes.

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O Padroado Régio.

A aliança entre o Rei e a Igreja foi fundamental para o processo de catequização.

Por ele, o Rei se comprometia a auxiliar a Igreja em sua instalação na América. Também se comprometia a permitir que apenas o catolicismo vingasse nas colônias.

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O Padroado Régio.

A Igreja, por sua vez, se comprometia a apoiar todas as decisões reais e o Papa garantia a posse das terras aos reis católicos, por meio das bulas papais, como o Tratado de Tordesilhas de 1494.

O Padroado, este acordo entre os reis católicos e a Igreja, surgiu no processo de Reconquista da Península Ibérica.

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As ordens religiosas.

Coube às ordens religiosas católicas a responsabilidade pela fé nas colônias ibéricas.

Entre elas, a Companhia de Jesus, fundada no Concílio de Trento (1540), a responsabilidade principal pela catequização dos gentios.

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Os jesuítas.

Os jesuítas eram uma ordem religiosa em que a hierarquia e a estrutura militarizada garantiam considerável grau de eficiência no processo de catequização.

Corajosamente se infiltrando em meio às tribos ainda “selvagens”, eles aprendiam a língua dos índios para facilitar o posterior processo de aculturação.

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Os jesuítas.

Além de aprender a língua, utilizavam a música para seduzir os indígenas. A flauta doce foi o principal instrumento a ser usado nos primeiros contatos.

Também utilizavam o teatro para explicar o catolicismo, adaptando o mitos indígenas aos dogmas católicos, incentivando assim o sincretismo religioso.

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Os jesuítas.

Depois de ganhavam a confiança dos indígenas, os jesuítas iniciavam o processo de formação da redução indígena, ou da missão.

Esta redução era, muitas vezes, a base da grande propriedade agrícola ou pecuária jesuíta que utilizava a mão-de-obra servil dos convertidos.

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Os jesuítas.

Para incentivar ainda mais a conversão, muitos indígenas eram transformados em irmãos da ordem.

Além disso, muitas vezes eram os próprios indígenas que se autoflagelavam por faltas cometidas ou por desrespeitarem os jesuítas. Eles faziam isso porque haviam introjetado a noção de pecado.

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A visão do outro.

Os indígenas, por sua vez, achavam estranho como os brancos, inclusive os jesuítas, muitas vezes se contradiziam.

Há um relato de um viajante espanhol que entrevistou um indígena e este teria lhe dito o seguinte: “Eu sou cada vez mais católico porque estou aprendendo a mentir cada vez mais e melhor”.

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A visão do outro.

A falta de compreensão européia sobre a cultura indígena era acompanhada pela falta de compreensão indígena sobre os hábitos e costumes dos europeus.

Inicialmente, os indígenas não entendiam porque os europeus queriam tanto ouro e prata. Chegaram a pensar, inclusive, que os europeus se alimentavam de tais metais.

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A visão do outro.

Moctezuma II, na tentativa de fazer com que Hernán Cortéz retornasse ao litoral e deixasse a Confederação Asteca, presenteou-o com belas mulheres e cestas repletas de ouro.

Tal presente, na concepção de Moctezuma, iria satisfazer a ânsia espanhola.

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A visão do outro.

Em campanhas militares contra os europeus, muitas vezes noturnas, os indígenas, antes do ataque, davam gritos de guerra para chamar pelos espíritos guerreiros.

Isso denunciava sua posição e os europeus conseguiam melhor resistir ou fugir ao ataque.

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A fúria da “armadura sagrada”.

Houve uma ocasião em que, na resistência à conquista do México, vestiu-se o melhor guerreiro com a sagrada armadura de um guerreiro do passado que, segundo a lenda, havia ascendido para perto dos deuses depois de suas façanhas. Tal armadura era considerada invencível.

Resultado: o guerreiro recebeu a primeira saraivada de balas e os demais guerreiros se renderam.

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“Os deuses estão contra nós.”

Muitas vezes, nas guerras de resistência, depois que a primeira saraivada de flechas indígenas contra os europeus não surtisse o efeito devastador esperado, os indígenas abandonavam o campo de combate ou se rendiam, sem maior resistência.

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As últimas grandes guerras de resistência indígena. Entre 1780 e 1783 ocorreram as últimas

grandes guerras de resistência indígenas na América Espanhola: no Peru, com Tupac Amaru, e na Bolívia, com Tupac Katari.

Nos Estados Unidos, ao longo de todo o século XIX, várias guerras entre brancos e indígenas foram travadas.

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Little Big Horn.

Na batalha de Little Big Horn, Touro Sentado, líder dos Black Foot (Pés Pretos), conseguiu atrair o general Custer, famoso pelos massacres indígenas perpetrados, para uma armadilha. Ele foi morto e escalpelado.

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Outras formas de resistência.

Não se pode afirmar que apenas a resistência militar existiu. O próprio sincretismo foi uma forma de preservar parte da cultura indígena.

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A miscigenação.

A miscigenação entre brancos e indígenas foi maior entre os portugueses e espanhóis e menor entre os franceses e ingleses.

Isso tem a ver com o caráter da colonização: aventureira, nas colônias ibéricas e francesas, de povoamento, nas colônias inglesas.

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A marginalização indígena.

Desde o processo de colonização, os indígenas ocupam uma posição marginal na sociedade americana.

Nos Estados Unidos, depois de uma dizimação vertiginosa, eles são mais discriminados do que os negros, mesmo tendo feito parte do movimento pelos direitos civis nas décadas de 1960 e 70.

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A marginalização indígena.

Hoje, nos Estados Unidos, eles se concentram em reservas indígenas na região das Montanhas Rochosas, no interior do estado de Nova York e, principalmente, no estado do Novo México, onde os navajos se concentram.

Eles vivem marginalizados, mas conseguem sobreviver vendendo artesanato e fazendo exibições para turistas.

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A marginalização indígena.

Nos países colonizados pelos espanhóis, os indígenas e mestiços vivem nos barrios, locais afastados dos centros sem boa infra-estrutura. São barris de pólvora em se tratando de protestos.

Apenas onde a sociedade possui mais mestiços ou indígenas, como no Peru e no Paraguai, a marginalização é menor.

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A marginalização indígena.

No Chile, no Uruguai e na Argentina, a população indígena é minúscula e os remanescentes são discriminados.

Tanto na Argentina quanto no Uruguai é comum encontrarmos monumentos em homenagem aos gaúchos que teriam eliminado as últimas tribos indígenas destes países.

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A marginalização indígena.

No Brasil, a despeito de nos considerarmos tolerantes com relação à miscigenação, aos indígenas e aos negros, o preconceito ainda existe e é velado.

Isso torna, inclusive, o processo de combate a tal preconceito mais difícil.

Page 28: O Choque Cultural Branco íNdio

A marginalização indígena.

Algumas reservas indígenas, hoje, possuem TV a cabo e comercializam seus produtos para o exterior.

Ou então vivem fazendo exibições para turistas ou para campanhas publicitárias, permitindo até que modelos famosas se sintam indígenas por um dia.

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A marginalização indígena.

Jovens de classe média alta, inclusive, ataquem indígenas pobres que ocupam as ruas de cidades próximas às áreas de reserva.

Vejam o exemplo o índio patachó Galdino, queimado vivo enquanto dormia em um ponto de ônibus de Brasília por ricos jovens brasilienses.

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Reservas: a última fronteira.

O processo de reforma agrária, como vem sendo conduzido, aproxima cada vez mais os brancos das reservas indígenas.

Além disso, madeireiros e garimpeiros vivem em conflito com os índios das reservas, pois invadem suas terras em busca de riquezas naturais e destroem o meio-ambiente.

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Considerações Finais.

As comunidades indígenas não conseguem encontrar na FUNAI um órgão capaz de garantir os seus direitos e de integrá-los à sociedade.

Integração que acaba, na maioria das vezes, significando mais perda do que ganho.

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Considerações Finais.

Os estereótipos a respeito dos indígenas ainda persistem, algumas vezes até nos livros didáticos.

É preguiça indígena não aceitar a colonização? É preguiça não se sujeitar ao trabalho escravo nas lavouras e minas? Ou é resistência?