o cenário da ressurreição - metodista.org.br · assim como a vida, o curto período da morte de...

16
Jornal mensal da Igreja Metodista Março de 2008 Ano 122 número 3 Palavra Episcopal Pela Seara Missões Reflexão Entrevista O cenário da ressurreição Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por intermédio de duas pessoas que, sem o saber, prepararam o cenário de glória da ressur- reição: José de Arimatéia e Nicodemos. Páginas 8 e 9 Não to mandei eu?... ...Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, por- que o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares. (Josué 1.9) Eduardo e Cláudia Maia e as pastoras Lourdes Magalhães e Maísa Oliveira sentiram-se chamados para a missão no exterior. Página 10 UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA LANÇA PROGRAMA DE TV. Página 4 No que você crê? O Credo Apostólico não é uma oração co- mo muitos pensam, mas é uma confissão de fé Página 3 Teólogo da esperança Pastor brasileiro leva Dr. Jürgen Moltmann para seminário meto- dista alemão Página 6 Oferta Missionária 2008 É no terceiro domin- go de maio. O trabalho missionário no norte e nordeste do país de- pende de você. Página 11 A simbologia da Páscoa Do antigo Israel aos dias de hoje, uma co- memoração dos atos salvíficos de Deus Página 13 Coração missionário Revda Maísa Gomes fala sobre sua ida a Cambine, Moçambique. Página 14 Cinema & Teologia O que podemos apren- der sobre o filme “De- sejo e Reparação”. Página 15 Cultura

Upload: dangnga

Post on 21-Jan-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Jornal mensal da Igreja Metodista • Março de 2008 • Ano 122 • número 3

Palavra Episcopal

Pela Seara

Missões

Reflexão

Entrevista

O cenário da ressurreição

Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, porintermédio de duas pessoas que, sem o saber, prepararam o cenário de glória da ressur-

reição: José de Arimatéia e Nicodemos. Páginas 8 e 9

Não to mandei eu?......Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, por-

que o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.(Josué 1.9) Eduardo e Cláudia Maia e as pastoras LourdesMagalhães e Maísa Oliveira sentiram-se chamados para amissão no exterior. Página 10

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA LANÇA PROGRAMA DE TV. Página 4

No que você crê?O Credo Apostóliconão é uma oração co-mo muitos pensam,mas é uma confissãode fé Página 3

Teólogo daesperança

Pastor brasileiro levaDr. Jürgen Moltmannpara seminário meto-dista alemão Página 6

Oferta Missionária2008

É no terceiro domin-go de maio. O trabalhomissionário no norte enordeste do país de-pende de você. Página 11

A simbologiada Páscoa

Do antigo Israel aosdias de hoje, uma co-memoração dos atossalvíficos de Deus Página 13

Coraçãomissionário

Revda Maísa Gomesfala sobre sua ida aCambine, Moçambique. Página 14

Cinema & TeologiaO que podemos apren-der sobre o filme “De-sejo e Reparação”. Página 15

Cultura

Page 2: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 20082 Palavra do leitor

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo João Carlos LopesConselho Editorial: Magali Cunha, José Aparecido, Elias Colpini, Paulo Roberto SallesGarcia e Zacarias Gonçalves de Oliveira Júnior.Jornalista Responsável: Suzel Tunes (MTb 19311 SP)Estagiário de comunicação: José Geraldo Magalhães JúniorCorrespondência: Avenida Piassanguaba nº 3031 Planalto Paulista - São Paulo - SPCEP 04060-004 - Tel.: (11) 6813-8600 Fax: (11) 6813-8632home: www.metodista.org.br e-mail: [email protected]

A redação é responsável, de acordo com a lei, por toda matéria publicada e, sendoassim, reserva a si a escolha de colaborações para a publicação. As publicações assinadassão responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opiniãodo jornal. Propriedade da Imprensa Metodista, inscrição no 1o Oficial de Registro deTítulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica, sob o número de ordem 176.

Órgão oficial da Igreja Metodista, editado mensalmente sob a responsabilidade do Colégio EpiscopalFundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário Rev. John James Ransom

A produção do Jornal Expositor Cristão é realizada em convênio com oInstituto Metodista de Ensino Superior, que cuida da diagramação edistribuição do periódico. O conteúdo editorial é definido pela Sede Nacionalda Igreja Metodista.Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de SáProjeto Gráfico: Alexander Libonatto FernandezImpressão: Gráfica e Editora RudcolorAssinaturas e RenovaçõesFone: (11) 4366-5537e-mail: [email protected] do Sacramento n 230 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo - SPCEP 09640-000 www.metodista.br/editora

Editorial

A atual edição do ExpositorCristão traz a cor litúrgica daPáscoa: amarelo, cor que repre-senta a luz divina a brilhar eter-namente. Só que, ao chegar nomês de março, a Páscoa nospegou de surpresa: nesta ediçãodeveríamos entrar com o roxoda Quaresma. Não deu tempo...Mais uma vez fico com aquelaterrível sensação de que corre-mos contra o tempo... Certa-mente, o que me falta perceberé que o tempo é mera criaçãohumana. E, como o autor do li-vro de Eclesiastes, sentir que“tudo fez Deus formoso no seudevido tempo; também pôs aeternidade no coração do ho-mem...” (Ec 3.1) Se temos aeternidade em nosso coração,por que se deixar oprimir porminutos, semanas, mesmoanos? Interessante é que no bre-ve tempo em que Deus feitohomem experimentou a morteEle deixou lições importantes:de fé, de compromisso, de ou-sadia. A matéria de capa destaedição fala desses momentosque antecederam a Páscoa e daslições que podemos aprender apartir das circunstâncias queenvolveram o enterro de Jesus.

Eclesiastes também fala que“há tempo para todo o propósi-to debaixo do céu. A pastoraMaísa Gomes sentiu que umnovo tempo deveria começarem sua vida ministerial, e quedeveria ser sob céu africano:ela segue para Moçambique efala de suas expectativas naentrevista da página 14. Nessaedição você verá também depo-imentos de missionários noMato Grosso, na Espanha, emGoiás: pessoas diferentes, emlocais distantes, compartilhan-do do mesmo desejo de ser ins-

Tempo da Graçatrumento nas mãos de Deus.Contudo, eles só poderão cum-prir a missão se forem apoia-dos por sua comunidade de fé,motivo pelo qual a Igreja pro-move o Dia da Oferta Mis-sionária, em maio. Veja na pá-gina 11 os locais que serãobeneficiados pelas ofertas des-te ano. Naturalmente, o supor-te deve ir além dofinanceiro...quem assume tra-balho em campo missionárioprecisa do conforto das ora-ções, das palavras amigas, dadisposição em ouvir.

Quem cuida, também preci-sa ser cuidado... Estreitar oslaços de companheirismo e fa-zer o tempo “parar” por algunsdias para refletir sobre a voca-ção e a ação pastoral são al-guns dos objetivos do EncontroNacional de Pastores e Pastorasque acontecerá no começo domês que vem. Um dos pales-trantes deste encontro é o pas-tor Ricardo Gondim, que gentil-mente tem cedido seus textospara publicação no Expositor.Nesta edição, na seção Cultura,você lê um comentário delesobre o filme “Desejo e Repa-ração”, que fala do peso daculpa capaz de acompanharuma pessoa por toda a vida. Aconclusão que o pastor faz apósassistir ao filme nos lembra quevivemos no “tempo da graça”,no qual o perdão deve superara intolerância e as cargas detodos (as) se tornam mais le-ves compartilhadas. Esse é umtempo que não depende de re-lógios ou de folhinhas do calen-dário. Depende apenas de nos-sas próprias decisões.

Suzel [email protected]

Nosso jornal não basta ser omais antigo jornal em circulação.Ele precisa agradar os leitores,conquistar os leitores, atrair osleitores. Coisa que não tem feitoultimamente. Suas matérias sãooficiais, frias, desatualizadas e detemas que só têm interesse paraos intelectuais do ABC, daarcádia universitária. Se ele querser, e deve ser o grande jornaldos metodistas no Brasil, precisamudar sua cara. Ser mais jornal e menos tablóide ou boletim in-formativo. Só falo isso por amorao nosso jornal. Porque gostariade vê-lo ocupando seu espaço nocenário nacional. Vemos jornaisregionais com muito menos re-cursos tecnológicos mais atraen-tes e desejados do que o nossoquerido e saudoso ExpositorCristão. Use a criatividade. Façaum jornal que os leitores fiquemesperando o próximo número.Para cair no coração dos meto-distas, não por imposição pasto-ral, ou oficial dos concílios, maspor conquistas.

1. Arranje patrocinadores paramelhorar e ampliar o tamanho,

2. Faça-o em papel jornalsimples, para abaixar o custo,

3. Fale do que está aconte-cendo nas regiões (sul, nordeste,norte, MG, SP, RJ): notícias deeventos, encontros.

4. Fale de projetos que es-tão dando certo, podem até serimitados em outros cantos pelosleitores,

5. Crie uma coluna paracompartilhar sermões temáticos(Para cultos dominicais, para cul-tos de libertações, para casa-mento, para culto de gratidão,para bodas, para aniversário eetc), mas nada acadêmico. Peçasugestão de bons pregadores epublique.

6. Restabeleça em cada igre-ja um assessor de comunicação(uma espécie de corresponden-te pelo pastor local). Essa pes-soa participa de um encontronacional em SP, onde o editor/redator fará instruções e capa-

Como melhorar o jornal?citação sobre como escreveruma matéria e enviar para a re-dação do EP.

7. Esses assessores seriamtambém os mesmos a distribuiro jornal na cidade: para torná-lo acessível nas livrarias evangé-licas e bancas das cidades mé-dias e grandes.

8. Uma página que fale davida nas missões metodistas brasi-leiras espalhadas pelo mundo:Quem é o missionário: onde está,o que está fazendo atualmente?Quais os frutos do seu trabalho?Que necessidade está atravessan-do no momento? A igreja quer lere ver é isso!

9. Compartilhe como comprarliteratura genuinamente metodista:hinário, CD, DVD, coleções: colo-cando uma promoção a cada mês.

10. Debate temático: uma dou-trina a cada mês por exemplo.

Falo isso com sincero desejode ver nosso jornal com bom pú-blico. Porque vejo metodistasaté assinando e lendo, e rasgan-do elogios para jornais da Assem-bléia de Deus, batistas, pres-biterianos, wesleyanos... E onosso como fica? Será que sónós temos problemas para admi-nistrar um jornal? Também so-mos inteligentes e criativos. Oque está faltando em nós? Des-culpe o desabafo, mas há muitotempo venho com vontade de di-zer isso para vocês.

Pastor Jânio Quadros, pore-mail.

Pastor Jânio, fizemos questãode publicar sua carta praticamentena íntegra porque ela traz muitassugestões interessantes e compar-tilhamos com você do desejo dever o Expositor no coração de to-dos os metodistas, como está noseu. Nesta edição você já vai vertestemunhos de missionários(as) eum estudo sobre a Páscoa, esperoque goste! Mas tem também umamatéria de interesse mais univer-sitário (Neuroteologia). Enfim, háespaço pra todos! Um grandeabraço e obrigada!

Page 3: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 3Palavra Episcopal

A Igreja Metodista tem assuas doutrinas fundamentadasnas Sagradas Escrituras do Anti-go e do Novo Testamento, únicaregra de fé e prática dos cris-tãos. O artigo 2º/§ 1º dosCânones da Igreja Metodistadeclara: “A tradição doutrináriametodista orienta-se pelo CredoApostólico, pelos Vinte e CincoArtigos de Religião doMetodismo histórico e pelos Ser-mões de João Wesley e suasNotas sobre o Novo Testamento.”

Como metodistas temos queconhecer o Credo Apostólico esuas doutrinas e verificar suafundamentação na Bíblia Sagra-da. Você já parou para analisaras palavras contidas no CredoApostólico, para entender e co-nhecer um pouco mais das dou-trinas da sua igreja?

O Credo Apostólico não éuma oração como muitos pen-sam, mas é uma confissão defé, ou seja, quando você cita oCredo Apostólico está declaran-do em que você crê. A confissãoé algo exigido de todo cristão,pois Jesus Cristo declara aosseus discípulos: “Portanto, todoaquele que me confessar diantedos homens, também eu o con-fessarei diante de meu Pai, queestá nos céus”. O apóstolo Pau-lo ainda afirma que a confissãoé essencial para a salvação:“Porque, se com a tua bocaconfessares a Jesus como Se-nhor, e em teu coração creresque Deus o ressuscitou dentreos mortos, serás salvo; pois écom o coração que se crê paraa justiça, e com a boca se fazconfissão para a salvação”.

Através do Credo Apostólicoconfessamos publicamente anossa fé nos sacramentos dobatismo e da Ceia do Senhor,bem como reafirmamos nossocompromisso sincero e profundocom os valores do reino deDeus dentro da ética e do tes-temunho cristão.

Conhecendo a Doutrinado Credo Apostólico

“Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vosantes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas

que vimos e ouvimos.”Atos 4:19-20

Roberto Alves de SouzaBispo da 4ª Região Eclesiástica

Reafirmemos nossa fé:

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, criador do céu e daterra; e em Jesus Cristo, seuunigênito Filho, nosso Senhor, oqual foi concebido por obra doEspírito Santo, nasceu da vir-gem Maria, padeceu sob o po-der de Pôncio Pilatos; foi cruci-ficado, morto e sepultado; aoterceiro dia, ressurgiu dos mor-tos, subiu ao Céu e está à di-reita de Deus Pai, Todo-pode-roso, de onde há de vir, parajulgar os vivos e os mortos.Creio no Espírito Santo; na San-ta Igreja de Cristo; na comu-nhão dos santos; na remissãodos pecados; na ressurreição docorpo, e na vida eterna. Amém!

Como você pode observar,ele é baseado na Bíblia e, aocontrário do que alguns pen-sam, não é um documento ouuma reza católica, mas é frutoda Igreja Primitiva que existiaantes do romanismo. O termo“Credo” vem do latim “cre-do” e significa “creio”;já o termo “Apostólico”vem do latim “apos-tolicu” e significa“que diz respeito aosapóstolos, que destesprovém”. É importan-te esclarecer que o“Credo” não é “Apos-tólico” porque foi es-crito pelos apóstolos,mas é “apostólico”por ser a doutrinados apóstolos.

Para Karl Barth, oCredo Apostólico “éum ato humano dereconhecimento darealidade de Deus,resposta coletiva,confessional, gracio-sa, exegética, pro-clamadora e mis-sionária da Igreja”.A Bíblia está repletade textos que nosmostram a declaração básicada fé em Jesus Cristo. Veja-mos: Deuteronômio 6:4-9[shema - confissão de fé dosjudeus]; Mateus 16:16 [a famo-

sa confissão de Pedro]; João1:29, 34 [confissão de João Ba-tista]; João 1:49 [confissão deNatanael]; João 4:42 [confissãodos samaritanos]; Mateus14:33/João 6:14, 69 [confissãodos discípulos]; João 11:27 [con-fissão de Marta]; João 20:28[confissão de Tomé]. Confessara fé em Jesus Cristo é algopresente na vida de seus segui-dores e seguidoras.

A declaração de fé atravésdo Credo Apostólico era tam-bém importante para o ensinoe instrução dos novos converti-dos na preparação para o ba-tismo e caminhada na vidacristã. Somos responsáveis emdoutrinar os fiéis para que se-jam mais que membros, masdiscípulos e discípulas de Je-sus Cristo. Essa responsabili-dade e tarefa é antes de maisnada responsabilidade do pas-tor e da pastora, que não poderepassá-la para outros.

Alguns estudiosos afirmamque os Pais Apostólicos acredita-vam que o Credo Apostólico eraresultado da pregação da Igreja

Primitiva. Sendo

assim, alguns dizem que tam-bém recebeu o nome de “OsDoze Artigos de Fé”, pois nelehá doze artigos que obedecem àlenda de que cada um dos 12

apóstolos escreveu um artigo.Veja esta ordem:1. Creio em Deus, Pai Todo-pode-roso, o criador do Céu e da terra;2. e em Jesus Cristo, o seuúnico Filho, o nosso Senhor;3. o qual foi concebido porobra do Espírito Santo, nasceuda virgem Maria,4. padeceu sob o poder de Pôn-cio Pilatos; foi crucificado,morto e sepultado;5. [desceu ao inferno], e aoterceiro dia ressuscitou dentreos mortos;6. subiu ao céu e está assenta-do à direita de Deus Pai Todo-poderoso;7. dali virá para julgar os vivose os mortos.8. Creio no Espírito Santo;9. na santa Igreja de Cristo, nacomunhão dos santos;10. no perdão dos pecados;11. na ressurreição do corpo;12. e na vida eterna. Amém.

Através do Credo Apostólicoreafirmamos nossa fé em JesusCristo. Como seus discípulos ediscípulas, renovamos nossocompromisso de vida através dossacramentos do Batismo e daCeia do Senhor.

Podemos concluir que crere praticar essa doutrina éfundamental para que tenha-mos uma fé e testemunhoconsolidados na Palavra deDeus e não em um “evange-lho” de oba-oba onde não háfidelidade e compromisso devida, tudo é superficial, semsentido, sem razão, sem expli-cação. A Igreja Metodista éhistórica porque têm dou-trinas sólidas e fundamen-tadas na Palavra de Deus e nahistória do cristianismo primi-tivo,e estamos fundamenta-dos na Bíblia Sagrada, nossaúnica regra de fé e prática.

Para saber mais:Para quem quer estudar

mais o Credo Apostólico reco-mendamos a leitura e estudo dolivro de Karl Barth: Credo –Comentários ao Credo Apostóli-co, Editora Novo Século, Osas-co, São Paulo, 2005.

Page 4: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 20084 Oficial

Ação com pedido declaratóriode Inconstitucionalidade cumulado

com pedido de liminar

Requerente: Lair Gomes de Oliveira e Luiz Roberto SaparoliRequerido: Presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista

EMENTA

“INEPCIA DA INICIAL, FALTA DE LEGITIMIDADE NO POLO PASSIVO EATIVO, AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR, IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DOPEDIDO, AUSÊNCIA DE PREVISÃO CANÔNICA PARA QUE A COMISSÃO GERALDE JUSTIÇA JULGUE CONSTITUCIONALIDADE OU LEGABILIDADE FORA DOÂMBITO ECLESIÁSTICO, EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DOMÉRITO. Não há nos cânones 2007, nem mesmo dentro das competên-cias originárias da Comissão Geral de Constituição e Justiça, previsãopara que a comissão julgue constitucionalidade ou legitimidade fora doâmbito Eclesiástico, como pretendido pelos requerentes. Declaraçõesde Constitucionalidade e juridicidade de Lei no âmbito da ComissãoGeral da Igreja Metodista, considerado pela nossa legislação como órgãomáximo deliberativo no uso de sua competência, convocado e reunidoregularmente e sendo soberana as suas decisões, deliberou retirar aIgreja Metodista de todos os órgãos onde estejam presentes a IgrejaCatólica Apostólica Romana e outros grupos não cristãos. Em nenhummomento a decisão apresenta animus Injuriandí, não contrariou asrestrições impostas pelo artigo 10 da Constituição da Igreja. Não houveconduta infracional, não se desrespeitou a Constituição da Igreja, nema Constituição Federal, ou qualquer outra legislação do País e eclesi-ástica. Extingue-se o processo por carência de ação.

Decisão Unânime.São Paulo, 25 de Agosto de 2007Nelson Magalhães Furtado – RelatorNelson Magalhães Furtado – Presidente

Participaram da votação:Eva Regina Pereira Ramão (2ª RE); Marli Silva (4ª RE); José Augusto deBarros Faro (5ª RE); Hylcéia Villas Boas de Oliveira Mendes (6ª RE);Joaquim Alves Barros Neto (REMA).

Ementa: Consulta de Lei Concílio Geral.

CONCESSÃO DE TÍTULOS DE BISPO/A EMÉRITO/A E BISPO/A HONO-RÁRIO/A A PRESBÍTERO/A ATIVO/A. POSSIBILIDADE.

Na outorga pelo Concílio Geral de título de Bispo/a Honorário/a a presbítero/a ativo/a não há ilegalidade.

Nos Cânones não há requisitos para outorga do título de Bispo/a Honorário/a. Somente há requisitos para outorga do título de Bis-po/a Emérito/a.

Há faculdade do Colégio Episcopal para editar Ato Complementarpara suprir a lacuna de lei.

A partir de 3 de março de 2008 a população de Piracicaba que tiveracesso aos serviços de operadora de TV a cabo NET assistirá a uma pro-dução televisiva da Igreja Metodista do Brasil: o programa Devocional Di-ária. Produzido pelo canal UNIMEP TV, em parceria com a Pastoral Univer-sitária do Instituto Educacional Piracicabano, o programa terá 5 minutosde duração e será apresentado pela própria equipe da pastoral epastores(as) metodistas convidados(as). A produção vai ao ar de segun-da à sexta-feira às 8h, com reapresentação às 18h pelo canal 13 da NETPiracicaba. Além disso, estará disponível também no site da TV, emwww.unimeptv.com.br, permitindo, assim, que internautas de todo oplaneta possam acompanhar o programa.

Fabiano Pereira, Coordenador Geral

Comissão Geral de Constituição e Justiça – CGCJ

Igreja Metodista Multimídia Web-Rádio na ativa

Graças à colaboração de dois estagiários da Univer-sidade Metodista de São Paulo – Heitor Batista, do cur-so de Mídias Digitais, e Paulo Vieira, do curso de Radia-lismo – a Web-Rádio do site www.metodista.org.brcomeça a tomar forma. A próxima etapa será a monta-gem de um estúdio para a gravação de locuções e entre-vistas. Se o coral ou grupo de louvor de sua igreja jágravou CD de hinos ou cânticos evangélicos, mande parae-mail: [email protected]

Decisão Unânime.São Paulo, 25 de agosto de 2007.Eva Regina Pereira Ramão – RelatoraNelson Magalhães Furtado – Presidente

Participaram da votação:Marli Silva (4ª RE); José Augusto de Barros Faro (5ª RE); Hylcéia VillasBoas de Oliveira Mendes (6ª RE); Joaquim Alves Barros Neto (REMA).

Ação Ordinária com pedidode Antecipação de Tutela

Requerente: Sandoval de Freitas Jatobá JúniorRequerido: Colégio Episcopal da Igreja Metodista

EMENTA

“INEPCIA DA INICIAL, FALTA DE LEGITIMIDADE NO POLO PASSIVO EATIVO, AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR, IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DOPEDIDO, AUSÊNCIA DE PREVISÃO CANÔNICA PARA QUE A COMISSÃO GE-RAL DE JUSTIÇA JULGUE CONSTITUCIONALIDADE OU LEGABILIDADEFORA DO ÂMBITO ECLESIÁSTICO, EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JUL-GAMENTO DO MÉRITO. Não há nos cânones 2007, nem mesmo dentrodas competências originárias da Comissão Geral de Constituição eJustiça, previsão para que a comissão julgue constitucionalidade oulegitimidade fora do âmbito Eclesiástico, como pretendido pelo re-querente. Declarações de Constitucionalidade e Juridicidade de Leino âmbito da Comissão Geral de Constituição e Justiça estão cir-cunscritas ao Direito Canônico. O Concílio Geral considerado pelanossa legislação como órgão máximo legislativo e deliberativo no usode sua competência, da Igreja Metodista, convocado, reunido re-gularmente e sendo soberanas as suas decisões, deliberou retirar aIgreja Metodista de todos os órgãos onde estejam presentes a Igre-ja Católica Apostólica Romana e outros grupos não cristãos. Em ne-nhum momento a decisão apresenta animus Injuriandi, não contra-riou as restrições impostas pelo artigo 10 da Constituição da Igreja.Não houve conduta infracional, não se desrespeitou a Constituiçãoda Igreja, nem a Constituição Federal, ou qualquer outra legislaçãodo País e eclesiástica. Extingue-se o processo por carência de ação.

Decisão Unânime.São Paulo, 25 de Agosto de 2007

Nelson Magalhães Furtado – RelatorNelson Magalhães Furtado – Presidente

Participaram da votação:Eva Regina Pereira Ramão (2ª RE);Marli Silva (4ª RE);José Augusto de Barros Faro (5ª RE);Hylcéia Villas Boas de Oliveira Mendes (6ª RE);Joaquim Alves Barros Neto (REMA).

Page 5: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 5Pela Seara

Wesleyando

Ñhandejara ta nde rovasá, Kunãcuerache Tupaó metodistape

“Que Deus abençoe as mulheres de minha Igreja Metodista”.

oje acordei pensandonessas mulheres maravi-lhosas, não só por causa

da que estava deitada do meulado (isto já vai fazer vinte ecinco anos em 26/11/08), maspor causa de todas que costu-mamos lembrar em 08 de mar-ço (Dia Internacional da Mu-lher), por coincidência doisdias depois de meu aniversá-rio. Há quase cinqüenta anosminha mãe (que Deus a tenha)me dava a luz, só ela e eu,pois quando a parteira chegou,que era a minha avó, eu já ti-nha nascido.

Depois eu me perdi em pen-samentos, pensando nas mulhe-res com quem tive oportunida-de de conviver e aprendertantas coisas, mas de formaparticular fiquei pensando nasmulheres da minha Igreja, to-das elas maravilhosas... Desdea recém nascida até aquelasque fizeram a nossa história,que Deus “lhes bem diga”.

“Ñhandejara ta nde rovasá,Kunãcuera che Tupaómetodistape”.Uso esta expres-são em guarani “Que Deusabençoe as mulheres de minhaIgreja Metodista” para lembrartambém que graças às mulheresmetodistas que o trabalho comos povos indígenas se iniciou em1929, isto porque embora o pri-meiro metodista a vir para oMato Grosso (hoje Mato Grossodo Sul) tenha sido um homem,Dr. Nelson de Araújo, foram asmulheres que o sustentaramcom suas campanhas e ofertas,assim como as mulheres da

época de Jesus, Maria,Marta, Isabel, MariaMadalena... E as atuais.Em resumo a história é aseguinte:

O Rev. Maxwell, pas-tor presbiteriano, orga-nizou em 1928 a Associa-ção de Catequese aosIndígenas Caiuás no MatoGrosso e desafiou asigrejas irmãs, Metodistae Presbiteriana Indepen-dente, para fazerem par-te desse trabalho. Paratanto, a Igreja Metodistaficou com a incumbênciade enviar um médico. Euparticularmente acho queela ficou com esta res-ponsabilidade por acreditar quedificilmente apareceria um mé-dico para esta “aventura”missionária, pois se ainda hojeconseguir um médico missioná-rio é difícil, imagine isto há 80anos. Entretanto, o médico apa-rece, Dr. Nelson de Araújo, jo-vem de 24 anos recém-formadoe de família tradicionalmetodista de Juiz de Fora, Mi-nas Gerais (cabe aqui umparêntesis para dizer que atébem pouco tempo a Sociedadede Mulheres desta Igreja erauma colaboradora assídua comos trabalhos da hoje MissãoMetodista Tapeporã). Quandoisto acontece, a Igreja é pegade surpresa e não dispõe derecursos financeiros para o en-vio do médico. E a quem ela re-corre? Às mulheres, que pronta-mente aceitam o desafio. NaVOZ MISSIONÁRIA e no Expositor

Cristão encontramos varias ma-térias a respeito desta partici-pação.

Seguindo esta linha de “Es-plendor sem fim” destas mulhe-res maravilhosas, o nosso reco-nhecimento e gratidão àsmulheres metodistas, que dedi-caram e dedicam suas vidas àmissão indígena. Dentre elasdestacamos Áurea BatistaBrianezi, D. Áurea, que faleceurecentemente, com mais de 95anos de idade. Ela foi pioneirado trabalho metodista (não ape-nas indígena) em nosso estado(hoje MS), para onde veio em1930 com apenas 18 anos deidade e sozinha (esperamospara breve a publicação de seulivro contando suas memórias,já esta praticamente pronta) eposteriormente como mulher depastor metodista Rev. FranciscoBrianezi e primeira professoraem Dourados-MS. E ainda, Con-

cilia Januário de Carvalho Fran-co (esposa do Revmo. BispoScilla Franco, responsável peloreinício do trabalho metodistacom os indígenas no Mato Gros-so do Sul em 1972 e os traba-lhos da Missão MetodistaTapeporã (“caminho bom”) em04 de abril de 1978 na aldeiaBororó, onde ainda hoje a Igre-ja está presente. E eu tive oprivilégio de ser seu ajudantede serviços gerais como técnicoagrícola, lá se vão trinta anos).Revda. Maria Imaculada Concei-ção Costa, pastora Ima, primei-ra pastora metodista nomeadapara o trabalho com os indíge-nas em 1985 (em 1984 ela foiestagiária, e está aqui atéhoje). E tantas outras... Lídiados Santos, Wilma Roberts, Lú-cia Leiga, Keila da Silva Guima-rães, Eula, Andréia, Cláudia,Elenice Callau, Diná, Any,Cleide, Yvý Costa, Irene, Cecíliae Ana, Divisão de Mulheres dosEstados Unidos, Mulheres Ale-mãs, e a nossa parceira maisrecente a Igreja Metodista daConferência da Virgínia (nomede mulher), dos Estados Unidos,que é presidida por uma mulher,a Bispa Charlene PayneKammerer... E viva as mulheres!E cada vez está chegando mais,Bispa Marisa, pastoras da 5ª RE,Suzel Tunes (Expositor Cristão),Regina Célia (Tesoureira geral),Revda Suzel (IR), Any, Cleide,Revda. Joana D´Arc, recém“convertida” à causa indíge-na... Sejam bem vindas!!!

Rev. Paulo da Silva CostaMissão Metodista Tapeporã

Fale por um Brasil melhor“Fale a favor daqueles que

não podem se defender. Protejaos direitos de todos os desam-parados”. O versículo 8 do ca-pítulo 31 de Provérbios é a ra-zão de ser do Projeto Fale,criado em 2001 a partir dasreflexões de integrantes daABU, Aliança Bíblica Universitá-ria. A proposta do projeto, co-ordenado por Marcus ViniciusMatos, é conscientizar cristãose cristãs sobre a necessidadede refletir, orar e agir a favor

da justiça social, realizandocampanhas de pressão públicapor meio do envio de cartõestemáticos a autoridades. O atu-al cartão Ore & Envie temcomo tema “Fale por Sanea-mento Ambiental no Brasil”, quedá prosseguimento à campanhainiciada no ano passado.

O cartão Ore & Envie desa-fia as igrejas a mudar os seushábitos na utilização da água,organizar reuniões de debate epromover manifestações e atos

públicos por melhores condiçõesde saneamento básico. O cartãotem, ainda, uma parte desta-cável para ser enviada ao Pre-sidente da República, reivindi-cando políticas públicas emaiores investimentos em sa-neamento ambiental. O resulta-do da campanha de 2007 foiaproximadamente 500 cartõesenviados ao Presidente, o quecertamente deu uma força àaprovação da Lei do Saneamen-to (Lei nº 11.445/07), que re-

sultou na Política Nacional deSaneamento (PNS) e tambémno comprometimento do Gover-no Federal de investir cerca de10 bilhões de reais nesta área.

Para participar da campanhabasta cadastrar-se na Rede Falewww.fale.org.br e receber car-tões na sua casa ou igreja. Ouenvie um e-mail [email protected] comseus dados pessoais. Participe!

José Geraldo MagalhãesJúnior

Page 6: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 20086 Pela Seara

A Igreja Metodista em Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo, SP, chegou aos 53 anos devida, no final de 2007, com alegria e vitalidade, como atestam as fotos:

O Rev. Levi Bastos, pastor metodista brasileirocom nomeação da Igreja Metodista Unida naAlemanha, na igreja de Birkmansweiler, deuuma importante contribuição para a forma-ção de futuros/as pastores/as. O exercícioacadêmico da leitura comunitária e comenta-da de obras do teólogo Jürgen Moltmann(cuja obra mais famosa é “Teologia da Espe-rança) terminou com um encontro com opróprio autor, a convite do pastor Levi.

Moltmann, professor emérito da Univer-sidade de Tuebingen, apresentou a palestra“O Deus crucificado” e respondeu à pales-tra do pastor Levi Bastos – “A recepção dateologia de Jürgen Moltmann na AméricaLatina” - e às perguntas do público. A ini-ciativa do pastor brasileiro foi publicamentereconhecida pelo diretor do seminário, Dr.Joerg Barthel: “Agradecemos ao Dr. Bastospela iniciativa de convidar Dr. Moltmann epela contribuição docente.”

Texto e foto: Helmut Renders

Vila Nova Cachoeirinha:juventude aos 53 anos

Este é o grupo de louvor “Semeadores de Cristo”,formado por adolescentes.

O coral “Família de Cristo”. A igreja conta, ainda,com o grupo Flor da Terra e Quarteto Masculino.

Teólogo daesperança

Apresentação da peça “O Bom

Samaritano”. Este foi o tema

da mensagem no aniversário

do Rev. Ezequiel Lopes Pereira,

que durante oito anos tem ser-

vido à Igreja em Vila Nova

Cachoeirinha. Ela cresce em

número e em espiritualidade.

Aproxima-se, agora, de seu

centésimo membro.

Informou: Devanir Ivan

(Ministério da Comunicação)

Dr. Jürgen Moltmann (esquerda) e pastor Levi

Page 7: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 7Pela Seara

No livro “As Marcas de um Metodista”,página 3 (disponível na Biblioteca On Line –www.metodista.org.br), Wesley fala sobre:

JustificaçãoUm Metodista é alguém que tem o amor de

Deus em seu coração, pelo Espírito Santo quelhe foi dado; é alguém que ama o Senhor seuDeus, “com todo o seu coração, com toda asua alma, com todo o seu entendimento e for-ça: alguém que está constantemente exclaman-do: “A quem tenho eu no céu se não a ti?Nada há sobre a terra que eu deseje além deti! Meu Deus e meu tudo! Tu és a força domeu coração, e minha porção para sempre!”

Ele está portanto, feliz em Deus, sim,sempre feliz como tendo nele “uma fonted’água a jorrar para a vida eterna”, trans-bordando a sua alma de alegria e paz. Ha-vendo o “perfeito amor” lançado fora omedo, ele agora se regozija em todo o tem-po. Ele se alegra sempre no Senhor. Sim,em Deus, seu Salvador e Pai, através denosso Senhor Jesus Cristo, por quem temagora recebido a salvação.

Tendo encontrado redenção e perdão deseus pecados por meio do sangue de Cristo,ele não pode senão regozijar-se, sempre que

se recorda do abismo do qual foi resgatado;ou quando vê apagadas as transgressões quecometeu, como também todas as iniqüidadesde seu viver.

Ele não pode se rejubilar-se sempre quevê em que estado está agora, “sendo justifi-cado gratuitamente e tendo paz com Deusatravés de nosso Senhor Jesus Cristo”.Aquele que crê possuir dentro de si o “tes-temunho”; sendo agora, pela fé um filho deDeus. E, por ser ele um filho, Deus enviou aoseu coração o Espírito de Seu Filho que cla-ma: “Abba, Pai!” E o Espírito testifica ao seuespírito que ele é também um filho de Deus.

O Diário de João Wesley, publicado em1965 pela Junta Geral de Educação Cristã daIgreja Metodista do Brasil, fala sobre:

SantificaçãoQuarta-feira, 12 de março de 1760Desejando conversar com tantos quanto

moram nas vilas daquela região, que crêemque estão salvos do pecado, passei a maiorparte do dia examinando-os um por um. Otestemunho de alguns não podia eu aceitar,mas a respeito da maioria, é claro (a não serque de propósito mentissem):

Wesleyando

1. Que nãosentem pecado noíntimo, e, quantosabem, não come-tem pecado exte-riormente;

2. Que se vigiam e amam a Deus cada mo-mento, e oram, louvam e dão graças sempre;3. Que têm o testemunho de sua santificaçãotanto como a sua justificação. Agora eu me re-gozijo, e continuarei a me regozijar, chamem-lhe o que quiserem. Gostaria que milhares ti-vessem tal experiência: deixai-os depois experi-mentar tanto quanto Deus quiser.(Páginas 128-129)

Sexta-feira, 29 de fevereiro de 1760Grande número de nós esperávamos di-

ante de Deus, às cinco horas, às nove e àstreze, com jejum e oração. E às dezoitohoras reunimo-nos na Igreja de Spitalfields,para renovar os votos com Deus. Foi umahora abençoada. As janelas do céu se abri-ram, e os céus derramaram a justiça.

(Página 135)

Bodas de PrataPastores que completam 25 anos de ministério mandam seus testemunhos ao Expositor.

Rev. Paulo da Silva CostaEm março de 1979 iniciava mais uma turma na Faculdade de

Teologia da Igreja Metodista em Rudge Ramos, SBC, SP. Esta turmaconta no seu início com trinta acadêmicos, dos quais apenas noveconcluíram e apenas oito estão completando 25 anos de ministériopastoral. São eles(as): Revda Romilde Santana (5ª RE), RevdaClauri Gonçalves (5ª RE), Rev. Juarez Gonçalves (5ª RE), Rev.Aroldo Barbosa (5ª RE), Rev. Paulo da Silva Costa (5ª RE),Rev.Marcos Munhoz da Costa (3ª RE), Rev. Davi Marins (4ª RE),Revmo. Bispo Josué Adam Lazier (6ª RE).

Esta turma recebeu sua primeira nomeação no Concílio Regionale assumiu suas respectivas igrejas no primeiro domingo de feverei-ro de 1983. Eu tive o privilégio de ser nomeado para a IgrejaMetodista de Votuporanga (“brisa suave” em guarani). E depois viriaa trabalhar com os índios Kaiowá Guarani... Aliás, por lá tambémhavia passado o Pastor Brianezi e D.Áurea, que já tinham trabalha-do com este mesmo povo indígena. O Rev Brianezi tinha sido pastorde minha família em Dourados, MS e feito o meu batizado. Porprovidência de Deus, foi também quem me deu posse emVotuporanga (coisas da vocação). Vale registrar também que umgrupo de seminaristas vindos do Seminário João Ramos de BeloHorizonte, MG, fizeram complementação com a nossa turma, entreeles destacamos a Bispa Marisa, o Rev. Ramão, Rev. Eros e Rev JoséPontes. Parabéns prá “nois” !!!

Bispo Josué Adam LazierNeste mês de fevereiro eu e meus colegas que se formaram em

dezembro de 1982 na Faculdade de Teologia e foram nomeados apartir de 01 de fevereiro de 1983, estamos completando 25 anos deministério ativo.

Recordo-me dos tempos de Faculdade. As aulas, os debates, osembates, as discussões, as desilusões, as ilusões, os encontros, osdesencontros, a convivência, a fraternidade, as aulas bem dadas,as aulas enroladas, os trabalhos bem feitos, as caronas nos traba-lhos... Tempo fértil, tempo de aprendizado e que dá saudade.

Nestes 25 anos andei e perambulei por aí. Ponta Grossa, Londrina,Ibiporã, Arapongas, Apucarana, Curitiba, Minas Gerais, Espírito Santoe agora Piracicaba. Conheci muita gente. Fui abençoado por muitos,abençoei muitos outros. Não dá para citar nomes porque foram muitasas pessoas que entraram na minha vida e não saíram mais. Forammuitas as experiências e o aprendizado na lida pastoral do dia a dia.

No último ano vivi num ambiente diferenciado. Por força das cir-cunstâncias fui nomeado para a Pastoral da UNIMEP. Um irmão mefez acordar para o fato de que tenho uma comunidade com mais de10.000 membros para pastorear. Que responsabilidade, especialmenteconsiderando um ambiente secular, crítico, liberal e num tempo decrise. Paro por aqui. Tenho muito para fazer, pois estou iniciando osmeus próximos 25 anos de ministério. Até mais...

O Bispo PauloLockmann comemo-rou 20 anos deepiscopado naIgreja Metodistano Rio de Janeiro.O culto em Açãode Graças foirealizado noauditório doColégio MetodistaBennett, dia 26 dejaneiro de 2008.

Quem também está fazendo“Bodas de Prata” é o BispoAdriel de Souza Maia, da 3ªRE. São 25 anos de ministé-rio episcopal: foi eleitobispo no dia 18 de julho de1982, com apenas 35 anosde idade. Na CelebraçãoRegional de Natal da 3ª RErealizada na CatedralMetodista de São Paulo, oBispo Adriel recebeu umahomenagem.

Page 8: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 20088 Capa

aquela tarde, muitos olhares se voltavam para a cruz. Al-gumas mulheres choravam. Soldados repartiam as vestesdo condenado, tirando a sorte. Pessoas que passavampelo local, incluindo alguns sacerdotes, zombavam do cru-cificado. Estes são os personagens principais desse cená-

rio de dor. Mas, depois da morte, entram em cena, timidamente,mais dois personagens. Assim como a vida, o curto período damorte de Jesus trará lições preciosas, por intermédio de duas pes-soas que, sem o saber, preparam o cenário de glória da ressurrei-ção: José de Arimatéia e Nicodemos.

José de Arimatéia: o discípulo secreto

“Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo deJesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos ju-

deus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus”.João 19.38

“Está consumado!” Com essa frase, Jesus Cristo deu porencerrada sua missão na terra e morreu, abandonado por seusdiscípulos. Todos fugiram, com medo de terem o mesmo fim. Aolado da cruz, apenas João, o “discípulo amado”, junto com umpequeno grupo de mulheres que incluía sua mãe e a amiga MariaMadalena. Ou será que havia mais alguém? É possível que, aalguns passos de distância, uma figura discreta, chamada José deArimatéia, estivesse acompanhando os últimos momentos do Mes-tre. Depois que Jesus morreu, foi esse homem quem pediu aogovernador Pôncio Pilatos para retirar o corpo da cruz, a fim delhe preparar um funeral digno.

José de Arimatéia também tinha muito a perder. Homem ricoe influente, ele é descrito pelo evangelista Marcos como um “ilus-tre membro do Sinédrio”, o conselho religioso formado por reli-giosos e destacados membros da comunidade. Já o livro de Joãorevela que ele era “discípulo de Jesus”. Segundo esteevangelista, muitos líderes dos judeus não confessavam a sua fé,com medo de serem expulsos das sinagogas (João 12.42).

Da covardia à coragem

Por isso, na visão do evangelista João, é possível que, atéaquele dia, José de Arimatéia tinha seguido Jesus em segredo.Contudo, no momento mais crítico, quando tudo parecia indicar ofracasso do Mestre, o tímido discípulo teve uma atitude de sur-

preendente ousa-dia. O teólogoVilson Scholz, pro-fessor da Universi-dade Luterana doBrasil e consultorde tradução da So-ciedade Bíblica doBrasil, lembra queJesus havia sidocondenado comoum perturbador daordem pública.“Requerer o corpodava a entenderque a pessoa erada mesma famíliaou bando”, expli-ca. Além do mais,diz o professor, acrucificação era a“mors turpissima,a morte mais ver-gonhosa, que de-veria ser afastadaaté mesmo dos pensamentos de um romano. Logo, pedir o corpode um crucificado era um ato corajoso. Para alguns teólogos, Joséde Arimatéia pode ser considerado um dos primeiros cristãos – eexemplo de coragem para os seguidores que, mais tarde, seriamperseguidos pelos romanos.

Se José de Arimatéia não tivesse pedido o corpo de Jesus aPilatos, ele poderia ter ficado na cruz, entregue à ação do tempoe das aves de rapina – a maior humilhação que um judeu poderiasofrer. Assim, depois de reclamar o corpo, José ainda cedeu umsepulcro novo, escavado na rocha, que havia comprado para simesmo, segundo o relato de Mateus. O professor Vilson explicaque, no tempo de Jesus, muitos judeus ricos “aposentados” iammorar em Jerusalém, para serem sepultados na cidade santa. Joséde Arimatéia pode ter sido um desses.

Nicodemos: O mestre que aprendeu uma lição

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homemnascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar

no ventre de sua mãe, e nascer? João 3.4

Cai a noite na cidade de Jerusalém e a escuridão encobre ospassos apressados de um homem em direção à casa onde Jesusestá hospedado. É Nicodemos, um membro do poderoso Sinédrio.Os discípulos certamente levaram um susto quando se depararamcom a importante autoridade. Afinal, dias antes, Jesus haviaexpulsado vendedores e cambistas do Templo de Jerusalém, numaafronta direta às lideranças judaicas. Mas Nicodemos queria ape-nas conversar. Surpreendentemente, chega chamando Jesus deRabi, “mestre”, e afirma reconhecer sua origem divina: “pois nin-guém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estivercom ele”. (João 3.2)

Jesus parece não se entusiasmar com a saudação lisonjeira eresponde com uma frase desafiadora que desconcerta ointerlocutor: “(...) se alguém não nascer de novo, não pode vero reino de Deus”. (João 3.3) Como? Nicodemos mostra-se confusoe Jesus começa a explicar que o novo nascimento a que ele serefere é de ordem espiritual.

Príncipe dos Judeus

“Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?” –pergunta Jesus a um Nicodemos ainda atônito. Além do título de“mestre”, o livro de João atribui a Nicodemos a posição de “prín-cipe dos judeus” (ou “um dos principais dos judeus”, em outrastraduções). Por isso é que os teólogos consideram que Nicodemos

O cenário da ressurreição

O Sinédrio e os fariseusNos tempos de Jesus, a autoridade máxima dos judeus

era o Sinédrio, palavra derivada do grego Sinedrion, quesignifica “assembléia”. Era um conselho com poder políticoe religioso composto por 70 pessoas, representantes de trêssetores da sociedade: os membros das famílias mais ricas,os saduceus (classe sacerdotal) e os fariseus (estudiosos daTorá). Embora não fosse majoritário no Sinédrio, o grupodos fariseus tinha grande influência nas decisões, pois eleseram especialistas em lei judaica. Muitos tinham a profissãode escriba (“sofer”), a pessoa responsável pela elaboraçãodos manuscritos bíblicos.

Fariseu é uma palavra que vem do grego farisaioi , de-rivado do hebraico perushim, que pode ser traduzido como“os separados”. O nome não quer dizer que eles se isolavamda sociedade, mas explica um estilo de vida: os fariseuseram pessoas que se dedicavam integralmente ao estudo,ensino religioso e à estrita observância das leis. Contudo,muitos deles acabaram incorrendo num legalismo desprovidode significado que, em diversas situações, foi duramentecriticado por Jesus. Por conta destas críticas, para os cris-tãos a palavra fariseu acabou ganhando conotações negati-vas, associada a fanatismo e hipocrisia.

Obr

a do

pin

tor

surr

ealis

ta S

alva

dor

Dali

(190

4-19

89)

Page 9: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 9Capa

era um membro do Sinédrio, embora o texto não afirme com cla-reza. Segundo Vilson Scholz, professor da Universidade Luteranado Brasil, o Sinédrio era constituído por setenta membros, entreos quais havia vários fariseus, que eram os peritos na lei judaica.Pela forma como Jesus trata Nicodemos, explicaScholz, ele apresenta o perfil de um escriba daescola farisaica.

Sendo um escriba ou professor de religião,era de se esperar que Nicodemos demonstrassemaior compreensão das palavras de Jesus. Mas oobjetivo do autor do livro não é mostrar os co-nhecimentos teológicos do fariseu. “QuandoNicodemos faz perguntas aparentemente estúpi-das, o evangelista as registra porque é na res-posta de Jesus que ele está interessado”, explicaScholz. Em linguagem teatral, neste diálogoNicodemos seria a “escada”, ou seja, o coadju-vante que serve como suporte para que o atorprincipal brilhe em cena.

O apoio final

O livro de João não diz se Nicodemos tor-nou-se cristão. Mas nas duas referências poste-

Marcos 15.42-47: Segundo Marcos (o evangelho mais anti-go), José de Arimatéia era membro do Sinédrio. E, como oevangelista já afirmara que “todo o Sinédrio” havia entregueJesus à condenação (Mc 15.1), José de Arimatéia não deveriaser um discípulo... Contudo, Marcos afirma também, que Joséera alguém que “esperava o reino de Deus”. Ou seja, era umjudeu observador da Lei que buscava com sinceridade o Reino.Assim, ele teria enterrado o cadáver de Jesus justamente paracumprir a Lei de Deus: o Deuteronômio ordenava que nenhumcadáver ficasse exposto durante a noite; ele deveria ser sepul-tado no mesmo dia de sua morte para não contaminar a terra.O sepultamento de Jesus teria sido bastante humilde, na visãodeste evangelista. Ele não menciona que o corpo de Jesus te-nha sido lavado ou ungido com azeite ou perfumes, como erao costume da época (talvez por isso ele conta que no domingode Páscoa as mulheres teriam ido à tumba levando perfumespara embalsamá-lo). Descido do madeiro, Jesus foi sepultadoem um “túmulo que havia sido aberto numa rocha”. Oevangelista Marcos mostra, dessa maneira como o que pareceterminar mal e sem esperança esconde, para os que sabem es-perar, a boa notícia da ressurreição.

Mateus 27.57-61: Mateus, que escreveu seu Evangelhouns dez anos depois de Marcos, faz algumas mudanças no re-lato. Ele apresenta José de Arimatéia como discípulo de Jesus.E informa que ele era um “homem rico”. Provavelmente, Mar-cos apresenta a Arimatéia como homem rico porque havia emsua comunidade muitas pessoas nessa condição social. Ele teriausado José de Arimatéia como um modelo do discípulo rico ca-paz de colocar a sua riqueza ao serviço do Mestre. Portanto,segundo Mateus, quem enterrou Jesus foi um discípulo, umhomem rico que preparou um enterro digno e até cedeu suaprópria tumba. Ele mostra, assim, como até aqueles que pare-cem estar distantes do Reino de Deus, como os ricos, alvo deduras críticas do Mestre, podem entrar nele se conseguiram sedesprender de suas riquezas e usá-las para ajudar os demais.

Lucas 23.50-56: Lucas descreve José de Arimatéia comoum homem “bom e justo”, membro do Sinédrio. Mas, como al-

guém justo poderia ter feito parte do tribunal que condenouJesus? Lucas explica a seguir que José não havia concordadocom a decisão e a ação dos demais. Para esse evangelista,Jesus foi enterrado por alguém que percebeu nele algo espe-cial e, por isso, não votou por sua condenação. Ele mostra,assim, que para seguir Jesus é necessário ser fiel aos exem-plos e ensinamentos doMestre, ainda que issosignifique ir contra a opi-nião dos demais e até cairno ridículo diante dos outros.

João 19.28-30: Oevangelho de João relata oenterro de Jesus de modomais solene e esplêndidoque os demais. Como Ma-teus, diz que José deArimatéia era discípulo deJesus, ainda que “em segre-do”. E conta, também, algoque nenhum outro evan-gelista havia dito: queNicodemos o acompanhou,levando uma quantidade deungüentos aromáticos digna de um rei. Eles prepararam ocorpo segundo os costumes judaicos e o sepultaram numatumba nova, localizada em um jardim. Trata-se de outro de-talhe simbólico: os reis de Judá eram sepultados em jardins.O “rei dos judeus”, “filho de Davi” não poderia descansarem lugar diferente.

Para João, o sepultamento de Jesus foi feito por dois deseus admiradores, pessoas temerosas que o seguiam em se-gredo e, que afinal, expuseram-se em um momento perigoso,mostrando em público sua devoção por ele. Ele nos ensina,assim, que não é possível seguir a Jesus em segredo. Sóquando alguém dá testemunho público de sua fé pode dizerque encontrou a seu Senhor.

Diferentes olhares

riores a este diálogo, ele surge em situações de defesa ao Mes-tre, chegando a enfrentar situações constrangedoras. Quando ossacerdotes planejam prender Jesus, ele ousa intervir: “A nossa lei,porventura, julga um homem sem primeiro ouvi-lo e ter conheci-

mento do que ele faz?”, questiona. Em res-posta, é ridicularizado pelos companheiros:“És tu também da Galiléia? Examina e vêque da Galiléia não surge profeta”. (João7.51-52)

Após a crucificação, o homem influenteque se encontra com o profeta subversivo naescuridão da noite, expõe-se, mais umavez, ao levar uma mistura de cerca de cemlibras de mirra e aloé, substâncias aromáti-cas usadas na preparação do corpo para oenterro. Calcula-se que seriam uns 35 qui-los. “É um bocado de perfume! Em João12.3, Maria unge Jesus com uma libra deperfume”, compara Scholz. Essa quantidadede aromas, explica o professor, deveriavaler uma pequena fortuna, digna do fune-ral de um rei e não o de um criminoso mortona cruz.

Suzel Tunes

Piet

á, d

e Ja

cob

Jord

aens

(15

93-1

678)

Capa

da

revi

sta

Sign

os,

edit

ada

pelo

CLA

I

Os quatro evangelhos trazem versões distintas do enterro de Jesus. Escritos em épocas diferentes, os livros de Mateus,Marcos, Lucas e João também eram voltados a públicos distintos. Assim, mudam o enfoque e até mesmo detalhes do relato,

como nos mostra a matéria de capa da revista Signos, editada pelo Conselho Latino-Americano de Igrejas, CLAI, em março de2007 (nº 43). Veja o que podemos aprender com cada evangelista, de acordo com o artigo “Como foi o enterro de Jesus?”:

Page 10: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 200810 Missões

O pastor metodista Benedito Novelletto consegue a façanhade ser missionário em dois estados brasileiros: Goiás e MatoGrosso do Sul, na 5ª Região Eclesiástica. É fácil de explicar (enão tão fácil de executar): é que ele atua nos campos missioná-rios localizados nos municípios de Chapadão do Céu, GO, eChapadão do Sul, MS, distantes apenas 60 km “em uma estradacheia de buracos onde cabem o carro inteiro”, como diz o pastor,bem-humorado. E é dessas duas belas cidades brasileiras –Chapadão do Céu orgulha-se de ser “o portal de entrada do Par-que Nacional das Emas” e Chapadão do Sul, de ser “a capitalagrícola do Mato Grosso do Sul” – que o pastor Benedito nos traznotícias do trabalho metodista:

Chapadão do Céu

No dia 14 dezembro de2007, às 20h, fizemos um Cultode Ação de Graças. Recebemosa Igreja do Evangelho Quadran-gular, com o casal pastoralIzabel e Timóteo, ministramoslouvores e tivemos uma aben-çoada pregação da Palavra deDeus pela pastora Izabel. Nodia 21 de dezembro, às 20h, re-cebemos a Igreja Assembléia deDeus Ministério Vila Nova mi-nistrando louvores e edificantemensagem da palavra de Deus

pela irmã cantora Ana Cláudia. Nessa data foi descerrada a placa co-memorativa da inauguração do Templo.

Chapadão do Sul

Como o trabalho missionário em desenvolvimento nessa cidade,celebramos com os irmãos no dia 22 de dezembro, às 22h, cultode gratidão a Deus por mais um ano. Nesse ato definitivamenteimplantamos mais esse trabalho missionário, que no momentoacontece na casa da irmã Eugênia e família, enquanto aguardamos,na graça e providência de Deus, até alguém nos ajudar na locaçãode um salão apropriado. Necessitamos com urgência de ajudafinanceira para somar R$ 1.000,00 (um mil reais) por mês paralocação do salão. Quer nos ajudar? Fale conosco pelo telefone (64)3634-1960, ou pelo e-mail [email protected]. Qualqueroferta fixa será uma bênção. Esta comunidade já está com 23pessoas adultas, jovens e crianças fazendo parte. Deus está hon-rando nosso trabalho nesse isolado campo missionário. Ore pornós. “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós quemserá contra nós?” (Rm 8.13).

Pastor Benedito A. Novelletto

Missionário bi-estadual Não to mandei eu?No dia 14

de fevereiro, aIgreja Metodis-ta de Vila Ma-riana, São Pau-lo, abriu suasportas para umculto muito es-pecial. Poucasvezes um cultometodista reu-niu tantas lide-ranças eclesiás-ticas: ColégioEpiscopal, Se-cretária paraVida e Missãoda Igreja, representantes da Coordenação Geral de AçãoMissionária (Cogeam), professores da Faculdade de Teologia... Omotivo dessa reunião inusitada foi agradecer e interceder pelavida de apenas quatro pessoas – que poderão mudar a vida demuitas outras... Nesse dia ocorreu o Culto de Comissionamentodas pastoras Lourdes Teixeira Magalhães, que assumirá o minis-tério brasileiro em New Jersey, nos Estados Unidos; Maísa Gomesde Oliveira, missionária em Moçambique, e também do casal demissionários leigos Eduardo Maia, médico cirurgião, e sua esposaCláudia Peres Costa Maia, bióloga e educadora, que atuarão tam-bém em Moçambique, no Hospital Rural de Chicuque.

A palavra de edificação foi proferida pela bispa Marisa FreitasCoutinho, que falou sobre o versículo 4 do capítulo 11 deEclesiastes: “Quem somente observa o vento nunca semeará e oque olha para as nuvens nunca segará”. Lembrando da aflição desua própria mãe, ao receber a notícia de que a filha preparava-se para a carreira pastoral, a nordestina Marisa destacou que nãoé fácil sair de casa para um lugar e cultura totalmente diferentes.“Se aqui, onde falamos a mesma língua, é difícil, imagina emoutro país! E não é que esses meninos vão se arrancar daqui evão para tão longe?!”

Contudo, ela lembrou também que cremos em um Deus queage na história e usa as nossas mãos como suas. A Carta PastoralTestemunhar a Graça e fazer Discípulos e Discípulas afirma queum dos primeiros sinais da ação de Deus relatados pelo texto bí-blico é o chamado de Noé. Por intermédio de Noé e sua família na-ções inteiras foram abençoadas.. Da mesma maneira, na África enos Estados Unidos, muitas vidas podem ser transformadas pelaação destas missionárias e deste missionário.

Fácil não é, alertou a bispa presidente da Região Missionária doNordeste. “Muitas vezes, na missão, o grito que a gente tem é ogrito do silêncio. Ninguém nos ouve. Mas quando a gente vê omilagre de Deus na vida das pessoas, é isso que faz toda a dife-rença. A gente aprende a conviver com um Deus vivo, que nos ouvee responde”, disse. Como nos fala o autor de Eclesiastes, nós nãosabemos como virá o vento e a chuva, mas não podemos ficarapenas observando, é necessário confiar e plantar a semente.

Da esquerda para a direita: Eduardo Maia, Cláudia Maia,Lourdes Magalhães e Maísa de Oliveira

Ao final do culto,os bispose a bispa orarampela vida dasmissionárias edo missionário queenfrentamesse desafio de fé.

Page 11: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 11Missões

O pastor brasileiro Lorenz Richard Kochatua na Espanha por intermédio de um con-vênio missionário realizado com a TerceiraRegião Eclesiástica. Aqui ele conta os pri-meiros passos dessa caminhada de fé.

Graça e Paz aos (as) amados(as) doBrasil. Temos muitas saudades de to-dos(as) e queremos compartilhar um poucodo muito que Deus tem feito em nossomeio. Depois que o Pr. Guillem voltou doBrasil (o pastor Guillem Correa, da IgrejaEvangélica Metodista da Espanha, esteveno Concílio da 3ª RE, em novembro de2007), pudemos sonhar um novo tempopara a Igreja Metodista da Espanha, pois aparceria com o Brasil e o apoio de nossosbispos pode levá-la a ser reconhecida dentrodo cenário da Igreja Metodista Mundial.

Agora, dia 12 de fevereiro, vamos ce-lebrar o segundo aniversário. Em compara-ção com a vida humana, somos ainda umbebê, e como tal, ainda estamos apren-dendo a andar. O cuidado que o 38º Concí-lio Regional deu ao Pr. Guillem e conse-qüentemente a esta igreja que estásurgindo foi recebido aqui em Barcelona eem nossas outras duas comunidades (SanCougat e Girona) com um misto de muitaemoção, gratidão e segurança.

Notícias da família

Graças a Deus temos tido vitórias emnossa caminhada, as meninas (Úrsula eNathali) estão se destacando aqui na es-cola, apesar de termos chegado em setem-bro. A Vania deu entrada na documentaçãoque trouxemos do Brasil, reconhecida peloItamarati e avalizada pelo Consulado Es-panhol, aqui no Ministério da Educaçãopara ser homologada. Isso pode levar atéum ano e meio para receber resposta.Hoje já estamos nos comunicando bemem espanhol e temos estudado o catalãoem uma escola para adultos.

Notícias das nossas igrejas

Estamos trabalhando com três igrejas:Barcelona-Sants, San Cougat, que fica a 20quilômetros de Barcelona, e Girona, que estáa 120 km de Barcelona e 80 km da fronteiracom a França, com uma freqüência média de50 pessoas por Igreja. Em nenhuma das cida-des temos ainda templo próprio e os pastoressão de tempo parcial, doando o domingo pelamanhã para servir ao Senhor.

Buscando cumprir o “Ide” de Jesus(Mc 16.15), todos os anos a IgrejaMetodista realiza a Campanha Nacionalde Oferta Missionária. As doações serãocoletadas no dia 18 de maio. O alvo to-tal para 2008 é de trezentos mil reais,valor que será dividido para os camposmissionários, da seguinte maneira: 37,5

Notícias de Barcelona

Notícias das cidades

A população da Espanha é de quarentamilhões de pessoas, que tem como idiomaoficial o castelhano, porém também o gale-go, vasco, valenciano e o catalão. Há 95%de católicos romanos (praticantes mesmosomente 25%, pois as igrejas estão virandomuseus e cobrando entrada para sua manu-tenção), 3,97% são ateus, 1% Testemunhade Jeová e 0,4% evangélicos em geral.

Desafios missionários

Temos por volta de 1.700 igrejas evan-gélicas em 55 denominações diferentes,das quais 23% são pentecostais, 24% sãociganos, 5% são reformados. Em todo opaís somos noventa mil evangélicos, sendoque há 607 cidades com mais de 5.000 ha-bitantes e mais 7.000 cidades com menosde 5.000 habitantes que não têm nenhumaigreja evangélica. Em toda a Espanha nãoexiste nenhuma Igreja local que chegue a500 membros; a média aponta para 40pessoas por congregação. Houve aqui ocrescimento da secularização com o movi-mento do “laicismo”. Essa resistência aoevangelho dificulta a evangelização de in-crédulos cada vez mais instruídos e quenão querem nenhum tipo de compromisso.

Frutos do trabalho missionário

Em Barcelona abrimos um novo trabalhocom os jovens, Deus nos abriu uma portamuito especial, pois não temos ainda templopróprio e alugamos um horário em um localpara realizarmos nossos cultos aos domin-gos pela manhã. Uma igreja irmã(“Asembleia de Hermanos”) nos cedeu gen-tilmente um horário aos sábados à tarde,para fazermos um discipulado para jovens.Estávamos nos reunindo em nosso aparta-mento, mas havia sempre o perigo de umvizinho reclamar com a polícia e para essas

coisas aqui eles são muito rígidos. A Vaniae as meninas estão participando do louvor ejá estão começando a cantar em catalão (ummisto de palavras em francês, português dePortugal, espanhol e algumas palavras deinglês), as meninas dançaram no culto deNatal e a Vania e a Nathali ensaiaram ascrianças para cantarem uma música emportuguês, foi emocionante. Além dessastrês Igrejas ainda pequenas, temos a entra-da de uma quarta Igreja também na cidadede San Cougat, “Ebenezer”, na qual vamostrabalhar e fortalecer os jovens. No dia 23de janeiro Deus nos deu outra bênção: a deabrirmos um novo grupo de crescimento nacidade de Girona, este de fala castelhana,já com doze pessoas sedentas de aprendero Evangelho e evangelizar, um milagre.

Objetivos de oração

Desejamos ser uma igreja viva e rele-vante na Espanha e como a cidade tem 10distritos, temos como visão fundarmos 10igrejas, uma em cada distrito. Como carece-mos de Institutos Bíblicos, desejamos im-plantar um Instituto de Educação Metodistaaqui em Barcelona, para que as pessoas pos-sam estudar pela Internet à distância. Encer-ramos nosso informe com a certeza de queDeus tem nos ajudado em meio às batalhas,devido às experiências vívidas das bênçãosque Ele tem nos dado e ajudado abrindoportas para a evangelização desta nação.

Você pode nos ajudar nessa obra delevar o Evangelho até os confins da Terra(Atos 1.8) de três maneiras:

– Se dispondo a contribuir com seu ta-lento e desejo missionário dizendo “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6.8);

– sustentando este trabalho com oraçãopelos projetos missionários e pelos pasto-res e missionários que estão atuando ta-pando a brecha no muro (Ezequiel 22.30);

– contribuindo financeiramente “seguran-do a corda”, como os discípulos sustentarama Paulo em um cesto, ajudando-o a descer amuralha de Jerusalém (Atos 9.25). Vocêtambém pode sustentar esta obra, entrandoem contato com a Sede Regional e ofertandopara o Projeto Missionário Espanha.

De seu amigo missionário, Pr. Richard.Endereço: Calle Elkano, 37 – ático 1ºBarcelona – Cód. Postal 08004Telefone: 0034 934 432 997Celular: 0034 679 366 260.Email: [email protected]

Campanha Nacional de Oferta Missionária 2008Essa missão também é sua!

% para a Região Missionária do Nordeste,REMNE; 37,5% para a Região Missionáriada Amazônia, REMA; 15% para Fundo deEmergência; 10% para Divulgação.

Em cada uma das regiões missionárias,serão beneficiados projetos específicos. NaREMNE, a Oferta Missionária 2008 serádestinada à compra da residência pastoral

da Igreja Central em João Pessoa. NaRema, 45% da verba vão para constru-ção do templo em Jaru – RO; outros45% serão utilizados na construção desalas para escola Dominical para Igrejaem Jardim Vitória Régia em Porto Velho– RO e os 10% restantes serão empre-gados no Projeto Três Dias Pra Jesus.

Page 12: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 200812 Reflexão

euroteologia. O que é isso ? É um ramo recente de pesquisaque investiga se a “religiosidade” possui ou não um cor-relato cerebral. É procurar “onde” estão as redes neuraiscerebrais que codificam a crença ou a fé. Seria um absur-

do muito grande supor a existência de áreas no cérebro cujos cir-cuitos sejam especializados em fé ou apego religioso?

O livro, em português, “A religião do cérebro” de Raul MarinoJr, Editora Gente, 2005, mostra como é possível pensar a expe-riência religiosa a partir da anatomia e do funcionamento donosso cérebro. É cada vez maior o número de pesquisadores quese dedica não só a discutir a religião no contexto científico, masa mostrar que religiosidade e ciência se completam.

Uma pesquisadora chamada Nina Azari realizou um teste comvoluntários ateus e crentes. Ela pediu que eles lessem o Salmo23, uma quadrinha infantil einstruções para a utilizaçãode um cartão telefônico. Aomesmo tempo, a atividadecerebral foi registrada com oauxílio da tomografia poremissão de pósitrons (PET),em que regiões isoladas docérebro podem ser visua-lizadas graças a marcadoresradioativos. Os seis crentesque participaram da experi-ência informaram ter tidouma experiência, no passa-do, decisiva de conversão,algo que mudara sua vida.

O resultado mostrou queos ateus reagiram de formaemocional à leitura da qua-drinha infantil, o que se re-velou pela elevação de ativi-dade em seu sistemalímbico (região do cérebroresponsável por nosso uni-verso emocional), enquantoaos cristãos recitar o Salmo23 proporcionou um prazermaior que repetir aquadrinha familiar, elevan-do-os a um estado que elesdenominaram de “estadoreligioso” Conclusão: a ex-periência religiosa é eviden-temente, e antes de maisnada, um processo mental.

Uma outra abordagemfoi dada pela leitura de tex-tos antigos. No século Va.C., Hipócrates caracteriza-va a epilepsia como doença sagrada. Quem, senão Deus, poderiajogar no chão seres humanos, contorcê-los e até cegá-los tempo-rariamente, como costuma ocorrer nos ataques epilépticos?

Hoje em dia pesquisadores aventam a possibilidade de distúr-bios epilépticos terem sido os deflagladores de certas experiênciastransmitidas até nós. Também sobre o apóstolo Paulo pesa a sus-peita de epilepsia. “Aproximando-se de Damasco, subitamente ocercou um resplendor de luz do céu, e caindo por terra, ouviu umavoz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele pergun-tou. Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, aquem tu persegues, mas levanta-te e entra na cidade e lá te serádito o que te cumpre fazer” (Atos 9,3-6). O que se descreve é aconhecida epilepsia. Terá sido Paulo, portanto, um paciente neuro-lógico que, a caminho de Damasco sofreu um ataque de particular

Neuroteologia? O que é isso?intensidade, tornando-se assim um precursor do cristianismo alémfaz fronteiras de Israel?

Observações realizadas em epilépticos parecem sugerir queuma pequena região do nosso cérebro responde por um papel ex-cepcional no tocante a experiências religiosas: o lobo temporal.Em regiões mais profundas do lobo cerebral, encontramos ohipocampo, que seria uma espécie de censura. É ele que decidese uma informação será armazenada ou esquecida.

Caso a autocensura seja desativada (por exemplo, pelo je-jum, pela privação do sono ou por estados de êxtase), o cérebropode estabelecer relações inusitadas. No caso dos portadores deepilepsia, o censor cerebral poderá ter sofrido lesões decorrentesdos ataques, razão pela qual os pacientes são regularmente ator-mentados por “iluminações”.

O neurologista VilayanurRamachandran, diretor doCentro do Cérebro e Cogni-ção da Universidade da Ca-lifórnia em San Diego, é umespecialista nessa área depesquisa. Através de expe-riências com voluntáriosepilépticos e não epilépti-cos ele tira uma conclusão:“Evidentemente o cérebrohumano possui circuitosque participam das experi-ências religiosas e que, emalguns epilépticos, se tor-nam hiperativos”.

Afirmações acerca deDeus não são possíveis dese extrair com base numacondutibilidade maior dapele ou na alteração da ati-vidade verificada em deter-minada região do cérebro. OTodo-poderoso decerto nãoestará alojado no lobo tem-poral. Formulações sensa-cionais desse tipo antesprejudicam do que benefi-ciam a imagem de um ramonascente de pesquisa.

Para o futuro, cumpredesenvolver um conceitoúnico de religiosidade paratodas as linhas de pesquisaque se ocupam das questõesneuroteológicas. Quando osvoluntários se autoclassifi-cam de religiosos e não reli-giosos querem dizer a mes-

ma coisa? No uso diário “religioso” é empregado como sinônimode cristão. Religioso é um adjetivo que se pode subordinar a doissubstantivos: religião e religiosidade. Contudo, religiosidade seaplica a indivíduos, mas religião se aplica aos sistemas religiosossocialmente estabelecidos.

Da mesma forma que o “sentir” foi pouco a pouco se juntandoao “pensar” como objeto da atenção das ciências naturais, tam-bém o “crer” poderá fazê-lo agora.

Obs.: A intenção de escrever o artigo é de fornecer informa-ções atualizadas sobre esse assunto para que se possa discutir.Não representa minha opinião.

Sandra Alves Peixoto Pellegrini (bióloga,professora universitária e membro daIgreja Metodista de Vila Isabel - RJ)

Page 13: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 13Reflexão

primeiro lugar sacro da liturgia é a casa, tida como “umsantuário”. Para o israelita, a casa era realmente um tem-plo; a mesa familial era considerada um altar, as refeiçõescomo um rito sacro, e os pais como os celebrantes. É

neste ambiente que se celebra a Páscoa (heb.: Pesah).Convidar alguém para a própria mesa é sinal de paz, de con-

fiança, de fraternidade, de perdão. Ainda muito antes de Cristoacrescentou-se às refeições, antes e depois, a oração. Participamda bênção os comensais, no começo, comendo a refeição e, aoseu final, bebendo do cálice, sempre precedido do Amen.

No antigo Israel

Originariamente uma festa agrícola que durava sete dias, aPáscoa era uma festa pré-israelita da colheita da cevada, celebra-da na primavera – em 14 de Nisan (Êx 12.6,8,18); mais tarde foicorrigido para 15 de Nisan (Lv 23.5-6; Nm 28.16-17).

As festas dos Pães Ázimos (hag-Massot) e da Páscoa (Pesah-haggadah) serviam de comemoração dos atos salvíficos de Deus,tornando-se uma única festa quando os israelitas se estabeleceramem Canaan. Israel reinterpreta a Páscoa, que celebra afecundidade dos rebanhos e dos campos maduros, de tradiçãocanaanita, e estabelece que todo aquele que deixasse de celebrá-la seria excluído de seu povo (Nm 9.13).

Na época do rei Josias as duas festas passaram a ser celebradassimultaneamente no mês de Abib (Êx 13.3-10; Dt 16.1-8; 15.20).

O ritual é antigo, com descrição na terceira pessoa do plural:celebração na primavera, mandato de comer apressadamente,proibição de deixar restos de cordeiro assado, rito de sangue deproteção (Êx 12.3-11). Mais tarde é vinculada ao êxodo (Êx 12.12-14; 12.23) e se transforma em uma festa de peregrinação aotemplo dentro da celebração dos Pães Ázimos. Nesse sentido, háuma medida política, pois evita reaproximações com o Egito (cf.Dt 16.1-8; 17.16).

No judaísmo antigo

O judaísmo ortodoxo sistematizou as etapas do eventopascal. O dono da casa abençoa e distribui o vinho, ervas amar-gas, tortas sem fermento (heb.: massot, pão espremido; gr.:ázimo, pão sem fermento), cordeiro assado, ou também um cabri-to, seguindo o ritual: a) bênção do vinho e bênção da festa; b) ochefe de família lava as mãos; c) come-se a salsa molhada novinagre ou em água com sal; d) divide-se o pão ázimo pelo meio,uma parte para o começo e a outra para o fim da refeição; e) lê-se Deuteronômio 26.5-8, narração da saída do Egito; f) lava-se asmãos com bênção; g) bênção do pão ázimo antes de dividir en-tre os presentes; h) bênção das ervas amargas; i) car-neiro, mistura-se as ervas com o pão ázimo –Êxodo 12.8; j) prepara-se a mesa, lem-

bra-se a libertação do povo do Egito – Êxodo 12.26-27; k) come-se a porção do pão ázimo que foi guardada; l) bênção depois darefeição, comida e vinho; m) conclui-se com o Hallel, os Salmos115 a 118 e 136; n) desejo final.

Com isto, surgem quatro perguntas sobre o sinal festivo querequerem resposta. 1) Por que comer o cordeiro pascal? Porque oSanto passou (pasah) diante das casas dos filhos de Israel no Egi-to, quando feriu os egípcios, mas livrou as nossas casas (Êx12.27); 2) Por que comer os pães ázimos? Porque nossos pais nãotiveram tempo de deixar a massa fermentar (Êx 12.39); 3) Porque comer ervas amargas? Porque os egípcios amarguraram a vidade nossos pais no Egito (Êx 1.14); 4) Por que beber apoiados nocotovelo? Porque é nosso dever agradecer, louvar, celebrar, glori-ficar, exaltar, engrandecer aquele que fez por nossos pais e pornós grandes prodígios.

No cristianismo

Nas comunidades cristãs primordiais, a Páscoa (gr.: Páscha)era experiência de fé decisiva de ruptura com o pecado (cf. 1Co5.7-8). É pertinente a leitura do antigo credo cristão preservadoem 1Coríntios 15.3-4.

Biblicamente, Jesus Cristo foi preso na noite de quinta parasexta-feira, em seguida foi crucificado (Mt 27.62; Mc 15.42; Lc23.54; Jo 19.31: dia de preparação e véspera do sábado, isto é,sexta-feira). Isto ganha importância pela ordem quanto à prisãode Jesus: “Não na festa, para que não haja tumulto entre o povo”(Mt 26.5; cf. Lc 22.6-7).

Para João 18.28, a refeição pascal judaica foi realizada apósa crucificação do Cristo. O apóstolo Paulo (1Co 11.23) soube queJesus foi preso quando visitava Jerusalém vindo da Galiléia paraa Páscoa. Nessa noite, rodeado de discípulas (cf. Mc 15.40-41) ediscípulos, Jesus realizou sua última refeição. Está de acordo comMc 14.22-25, que inclui o Hallel (Mc 14.26). Normalmente costu-mava-se tomar a refeição principal antes do pôr-do-sol; a ceiapascal era realizada à noite, dentro dos muros de Jerusalém.

Não se menciona nos evangelhos o cordeiro na ceia prepa-rada pelo Cristo, deste modo o próprio Jesus pôde se apresen-tar como o Cordeiro da reconciliação, como entendido pelaIgreja (Jo 1.29; 1Co 5.7).

A morte de Jesus foi interpretada pelas comunidades de fécomo sacrifício pascal (1Co 5.7: “...pois também a nossa Páscoafoi imolada, Cristo.”). É assim que reconhece também o quartoevangelista (Jo 19.31-36), pois, para ele, Jesus morreu na horada imolação dos cordeiros pascais. E ressuscitou!

Em síntese, celebrar a Páscoa significa afirmar que Jesus, oCristo, venceu (pasah, “passar”, “pular”) a morte. É proclamação

da história da nossa salvação.João Batista Ribeiro Santos, biblista e pastor da

Igreja Metodista na 3ª Região Eclesiástica.

A simbologia da Páscoa

“Não se menciona nos evangelhos o cordeiro na ceia preparada pelo Cristo, o próprio Jesus se apresentou como o Cordeiro da reconciliação...”

Créd

ito

da Il

ustr

ação

: Ce

ia E

coló

gica

, de

Cer

ezo

Barr

edo

Page 14: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 200814 Entrevista

Revda Maísa Gomes de Oliveira foidesignada para assumir um trabalhomissionário em Moçambique, pormeio de um convênio firmado com a

Igreja Metodista Unida da Alemanha. Ela vaitrabalhar num lugar carente de tudo e asso-lado pela malária. Enfrentará solidão e dis-criminação. Mas está irradiando felicidade.Sente que está atendendo a um desejo queDeus colocou em seu coração.

Como você iniciou o seu ministério pastoral?

Nasci na terceira geração de uma famíliade metodistas, em Governador Valadares,MG, e senti meu chamado ainda adolescen-te. Mas não pensei em ser pastora. Eu que-ria apenas estudar para ajudar o pastor daminha igreja. Em 1990, a Faculdade de Te-ologia da Universidade Metodista de SãoPaulo começou a ter os olhos missionários eabriu um campo em Rondônia. Ao me formar,voltei para a 4ª RE para cumprir o meu pe-ríodo probatório (o período que antecede oexame da ordem presbiteral), mas já fuipensando em ir para Rondônia.

O que a atraía na Região Missionária doNorte?

O desafio. O novo. A oportunidade defazer diferença, de fazer algo de bom. Eusabia que podia fazer algo. Fui para o nortecom a intenção de ficar três anos. Aumenteipara seis, depois para nove. Fiquei quatroanos em Rondônia, trabalhando com nossasigrejas na cidade de Ariquemes, Cacoal,Rolim de Moura, Riozinho e também junto aospovos indígenas Cinta-larga e Apurinã. Foramdias muito abençoados. Na convivência dodia-a-dia, eu pude mostrar que não estavainteressada em tirar nada deles, mas emajudar. Depois fiquei um ano em Belém doPará e nos últimos cinco anos estive na Igre-ja Metodista Central de Manaus, Amazonas.Durante esse período, pude trabalhar no pro-jeto Barco Hospital, projeto desenvolvidopela AMAS – Manaus junto aos povos ribeiri-nhos, e ajudar o Bispo Adolfo de Souza nopastoreio de nosssos/as pastores/as comoSuperintendente Distrital.

A bispa Marisa, no culto de comissiona-mento (leia matéria na pg. 10) falou sobrea solidão que às vezes se abate sobre o(a)missionário(a). Você sentiu isso?

É, às vezes, o colega mais próximo estáa mais de 200 km de distância... E parasobreviver a gente acaba construindo pontesde relacionamento... Mas, de fato, a solidãoé muito forte.

E sua família, como tem reagido à sua op-ção missionária?

Meus pais já estão com o Senhor, tenhoirmãos/as mais velhos, pois sou a caçulinhada casa. Minha família sempre me deuapoio. Eles nunca questionaram minha voca-ção. Vêem como algo natural. E não se sur-preenderam nem quando eu disse que iapara Moçambique. Simplesmente disseram:“a gente sabia que isso um dia ia aconte-cer”. E sabiam mesmo. Quando alguém di-zia que a Amazônia era muito longe, eu res-pondia: “Não, a Amazônia é perto. Longe épara onde um dia eu ainda vou...”

Coração missionárioVocê pensava em ir à África um dia?

Sim, sempre tive um desejo muitogrande de fazê-lo, e quando senti no meucoração que o meu tempo no Norte haviaacabado, sabia claramente em meu coraçãoque um novo desafio estava à minha espe-ra. Compartilhei isso com Bispo Adolfo e foiquando tomei conhecimento que a vaga dotrabalho em Moçambique não havia sidopreenchida. Não tive dúvida, comuniqueicom meu outro bispo, Revdo Roberto Alvesde Sousa, pois sou da 4ª RE. Ele me autori-zou a começar o processo e tudo transcorreuna direção de Deus. Talvez para alguns essadecisão pareça ir contra a lógica, não é?Mas eu sinto no coração esse chamado, quetranscende a racionalidade.

Como você tem se preparado para estedesafio?

A Faculdade de Teologia tem sido umagrande parceira. Estou hospedada no cam-pus, onde ficarei por três meses, fazendoleituras direcionadas para a área teológica,conversando e me informando um poucomais com pessoas que já tiveram essa ex-periência e tentando conhecer um pouco ouniverso africano. Vou trabalhar na áreateológica lá em Moçambique, ajudarei naformação de pastores e pastoras.

Em que local você ficará?

Ficarei em Cambine, o berço do meto-dismo em Moçambique. É uma “vila meto-dista” onde se concentram o seminário, escolapara rapazes e moças, orfanato e ambulató-rio. A idéia é que esse local transforme-senum centro universitário. Está sendo realizadoum convênio entre Moçambique e a Universi-dade Metodista, para a implantação de cursosà distância. Mas o convênio ainda não se con-cretizou por causa da precariedade do lugar. Cambine sequer tem energia elétrica.

Numa conversa com o pastor NadirCristiano, ele contou que o período emque Moçambique foi colônia de Portugaldeixou marcas que ainda não se apaga-ram. Uma delas é a rejeição ao idiomaportuguês (que embora oficial, não é fala-do no dia-a-dia) e o preconceito com rela-ção a pessoas brancas. Você não teme serdiscriminada pela cor de sua pele?

Acho que vou enfrentar maior discrimi-nação não por ser branca, mas por ser mu-

lher. A discriminação contra a mulher é vio-lenta. Na cultura tribal, que ainda imperano país, homens e mulheres têm papéismuito definidos. Por isso, a minha aparência— branca, parecendo européia ou americana– talvez até ajude: talvez eu não seja vistada maneira como seria uma mulhermoçambicana, mas como uma pessoa quevem de fora designada para ajudar.

Como você espera vencer essa discrimi-nação?

Talvez eu não vença. Talvez consiga ape-nas abrir um pequeno espaço.

Que outra contribuição você espera levara Moçambique?

Primeiro de tudo, quero aprender comeles. Não digo que vou lá para ensinar. Noaprendizado, a gente vai encontrando ele-mentos em que se pode contribuir. Não voulá para transformar o país, nem para proporalgo novo. Quero aprender, interagir, aju-dar naquilo que for possível, respondendo aum chamado de Deus ao meu coração. Dandoaulas no seminário, estarei indiretamentetrabalhando com várias comunidades, pois ospastores(as) são multiplicadores da fé.

Quanto tempo você deverá ficar em Cambine?

Três anos, com a graça de Deus. Não pos-so me esquecer nunca da misericórdia dEle.

Algo a preocupa? (a pergunta parece sur-preendê-la e ela demora alguns segundospara responder.)

Preocupo-me apenas em ser aprovada;encontrar-me na condição de “obreira apro-vada”. (2 Timóteo 2.15).

E o que mais te dá vontade de louvar? (seurosto ilumina-se com um sorriso largo)

A oportunidade única na minha vida! Aalegria de poder vivenciar essa experiên-cia transcultural. Vivenciar Deus no meiodeles. Não há palavras para descrever essesentimento. A gente sente aquela confian-ça que transcende o natural. Tem a con-vicção de que este é momento. Estouindo. Não posso me comparar a Abraão,mas é como se ouvisse a voz: “Sai da tuaterra e da tua parentela... “ As demaiscoisas serão acrescentadas. Como eu jádisse, olhando de uma perspectiva racio-nal, pode parecer loucura a minha decisão,mas o que seria de nós se os apóstolospensassem assim? Se os primeiros missio-nários americanos que vieram ao Brasilpensassem assim? Alguém tem que respon-der ao chamado de Deus. Como meto-distas brasileiros, somos devedores dotrabalho missionário.

E como a Igreja no Brasil pode ajudar?

Em primeiro lugar, com oração. Não meabandonem, não esqueçam de mim. Se oespírito está forte, o corpo acompanha. Emsegundo lugar, sendo solidário e estandoem contato. Meu e-mail é maisaafrica@gmail. com. Só não vou poder responderàs mensagens com muita regularidade. Acidade mais próxima com Internet fica auns 500 km de distância...

Suzel Tunes

foto

: Jo

sé G

eral

do M

agal

hães

“Sinto aquela confiançaque transcende o natural”

Page 15: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 2008 15Cultura

Agenda

MarçoDia 10 de março é o úl-timo dia para inscriçõesao Encontro Nacional dePastores e Pastoras, queacontecerá na cidade deSerra Negra, SP, entre osdias 1 e 4 de abril. Ins-crições poderão ser en-caminhadas por fax (11)6813-8632 ou pelo e-

mail: [email protected] 28 de março é o último dia para envio das inscrições para oConcurso Crianças Metodistas Compositoras. Informações no sitewww.metodista.org.brAté o dia 17 de março a Faculdade de Teologia está com ins-crições abertas para o curso de Especialização em Estudos

Wesleyanos. O formato do curso será Educação à Distância.Mais informações: www.metodista.br/fateo ou [email protected] Tel.: (11) 4366 5976De 27 a 29 de março acontece o II Seminário sobre Responsa-bilidade Social e Cidadania no Centro Universitário MetodistaBennett, RJ. Inscrições gratuitas. Mais informações no sitewww.cogeime.org.br/respsocial ou pelo e-mail: [email protected] tel: (11) 5078-6411

Abril01 a 04 de abril acontece o Encontro Nacional de Pastores ePastoras em Serra Negra – SP.Dias 10 a 13 acontece o Encontro Nacional de Agentes do Pro-jeto Sombra e Água Fresca na Fundação Metodista, em BeloHorizonte. Informações: telefone (31) 3447-0373 com Rosicler oupelo e-mail [email protected] dia 21 será comemorado o Dia do(a) Seminarista nas depen-dências da UMESP - SP.

horo por qualquer coisa, mas o filme“Atonement” (Desejo e Reparação)mexeu comigo um pouco mais que onormal. Saí do cinema cabisbaixo,

enxugando as lágrimas com as costas damão para não escancarar meus sentimen-tos. Sua sinopse básica, que copiei dainternet, é a seguinte: Aos 13 anos, a jo-vem Briony (Saoirse Ronan/ Romola Garai)já demonstra ter um grande talento comoescritora, principalmente por sua intensacriatividade. Um dia, ela pensa ter vistosua irmã mais velha, Cecília (KeiraKnightley), sendo assediada por Robbie(James McAvoy), o filho da governanta desua casa. Ela fica em silêncio até o dia emque uma prima é estuprada. Levada por suaimaginação fértil, Briony tem certeza deque foi o jovem Robbie e o acusa. O rapazé preso, mas Cecília está apaixonada porRobbie e é a única que não acredita na acu-sação de Briony.

Pois bem. ”Atonement” trata principal-mente com o sentimento de culpa. Aliás,atonement é uma palavra inglesa bem co-mum na teologia, traduzida por “expia-ção”. E expiação, segundo o dicionário,significa cumprimento de pena. Nas anti-gas religiões, atonement era uma cerimô-nia que procurava aplacar a cólera divinacom o intuito de fazer alguma reparação.

O filme “Desejo e Reparação”

Imagine que um jornalista tivesseacompanhado cada minuto do julgamentode Jesus, entrevistado os principais perso-nagens da história e descrito com riquezade detalhes os últimos momentos, a cruci-ficação e o sepultamento do Mestre. Comoseria essa grande reportagem? Você podeconferir lendo o livro O Julgamento de Je-sus: um relato jornalístico sobre a vida ea inevitável crucificação de Jesus Cristo,do jornalista britânico Gordon Thomaz. Porintermédio das fontes literárias que consul-tou, Gordon elaborou um relato informati-vo e cativante como um livro de suspense,sem deixar de ser fiel às Escrituras. Infor-mações e vendas na Editora Thomas NelsonBrasil. Tel. (21) 3882-8200, sitewww.thomasnelson.com.br.

No filme, Briony destrói com um amorque mal teve chance de concretizar-se.Dona de uma paixão infantil que se expres-sou adoecidamente como auto-retidão, elaalterou o destino tanto de sua irmã comode Robbie, injustamente acusado por umcrime que não cometeu.

Realmente. O estrago de uma difamaçãopeçonhenta foge do controle de qualquer ume acaba com as pessoas - muitas vezes deforma irreversível. Pior, deixa um rastro deculpa tão medonho que não há cura.

Uma antiga parábola serve bem parailustrar o caso. Conta-se que um homemagonizava, já perto de morrer. Quandodeterminada senhora soube da iminênciade sua partida, sentiu remorso por ter par-ticipado de conspirações maldosas paradestruí-lo. Com pressa de pedir perdão,ainda encontrou o homem lúcido.

A mulher se ajoelhou ao lado da camae implorou por misericórdia pelas suspeitas edifamação. O velho disse que perdoava, masprecisava ensinar-lhe mais alguma coisa.Pediu que a senhora rasgasse o travesseiro eespalhasse as penas no vento da janela. De-pois, convidou-a para voltar no dia seguintee recolher todas as penas soltas.

“Isso será impossível”, respondeu. Ohomem concluiu: “Amiga, eu posso perdoar-lhe, mas o mal que você me fez é comouma daquelas penas que a brisa levou; nem

eu nem você sabemos por onde elasvoam. Assim, foi a minha vida.Os diferentes desdobramentos da minhahistória se você não tivesse sido tão ir-responsável, nunca saberemos”.

Em “Atonement”, somos convocadosa ter cuidado com nossos juízos eintolerâncias. As vidas das pessoas dãoguinadas, vão por caminhos impensa-dos como resultado das decisões e es-colhas que os outros fazem. Porisso, prefiramos o próximo em honra;não suspeitemos mal; levemos as car-gas uns dos outros; perdoemos. Para obem deles, e nosso. Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim, pastor da IgrejaAssembléia de Deus Betesda

De Jerusalém,ao vivo

Page 16: O cenário da ressurreição - metodista.org.br · Assim como a vida, o curto período da morte de Jesus trouxe lições preciosas, por ... não é uma oração co-mo muitos pensam,

Março 200816 Página da Criança