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Jornal da Associação P Jornal da Associação P ortuguesa do Cão da Serra da Estrela ortuguesa do Cão da Serra da Estrela Maio – 2005 N.º 7 NESTE NÚMERO: 3 Editorial • O «Serra» no ano 2004 • 4 Dilatação e Torção Gástrica (GVD) • 5 Ainda sobre Cardiomiopatia • 6 Concurso Pedagógico de 2004, Silvares • 8 À con- versa com... o criador de Cães da Serra da Estrela António Nogueira Lourenço • 10 Campeonato Interno da APCSE • Escultura «Cão da Serra da Estrela» • 11 Especial da Batalha 2004 • 12 Concurso Pedagógico • 13 Monográfica da Suécia • 14 Se o Meu Cão Falasse... PATROCINADOR OFICIAL DA APCSE NUTRAGOLD ®

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OO C ã oC ã oJ o r n a l d a A s s o c i a ç ã o PJ o r n a l d a A s s o c i a ç ã o P o r t u g u e s a d o C ã o d a S e r r a d a E s t r e l ao r t u g u e s a d o C ã o d a S e r r a d a E s t r e l aMaio – 2005 N.º 7

NESTE NÚMERO:3 Editorial • O «Serra» no ano 2004 • 4 Dilatação e Torção Gástrica (GVD) • 5Ainda sobre Cardiomiopatia • 6 Concurso Pedagógico de 2004, Silvares • 8 À con-versa com... o criador de Cães da Serra da Estrela António Nogueira Lourenço • 10Campeonato Interno da APCSE • Escultura «Cão da Serra da Estrela» • 11 Especialda Batalha 2004 • 12 Concurso Pedagógico • 13 Monográfica da Suécia • 14 Se oMeu Cão Falasse...

3PATROCINADOR OFICIAL DA APCSE

NUTRAGOLD®

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 3

Temo-nos questionado seriamente sobrese terá valido a pena abraçar um projectochamado APCSE, há cinco anos, e traba-lhar arduamente para o levar a cabo.

Encontrámos uma casa desarrumada,decadente e sem grande credibilidade;reestruturámos as bases e crescemos comoAssociação; desenvolvemos acções dinâ-micas e demos a conhecer um pouco maiso Cão da Serra da Estrela; aumentámos onúmero de associados e recuperámossócios perdidos; crescemos em conjunto,mas terá, todo este trabalho, valido a pena?

Os sócios, são pouco participativos:quando existem assuntos de interesseassociativo para discutir em assembleias--gerais não comparecem e, quando ofazem, é normalmente para usarem desentido depreciativo quanto ao trabalhorealizado. Criticar é fácil.

Quando se realizam encontros da Raça,são sempre os mesmos a aparecer; quan-do se desenvolvem palestras sobre o Cão,o número de associados é reduzido;quando se pedem textos, fotos, notíciaspara o jornal O Cão (cujo patrocíniodevemos à Bio2-Nutragold), ninguém sepreocupa em colaborar...

Pergunto-me: fará algum sentido conti-nuar a existir a Associação Portuguesa doCão da Serra da Estrela?!

Rui Rosa

Editor ia l

Ficha TécnicaA nossa CapaPROPRIEDADE

Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela

Estrada Nacional, 37 Boavista2560-426 Silveira

Tel./Fax: 261 933 278TM: 937 771 986

[email protected]

DIRECÇÃO

Rui RosaJoão Costa

José Almeida

CORPO REDACTORIAL

Paula ReisHelena Costa

Fátima CalamoteJoão Costa

José AlmeidaRui Rosa

Isabel Ferreira

COLABORADORESDESTE NÚMERO

Rui RosaFátima CalamoteAdelaide Oliveira

Paula ReisAC

João Vasco PoçasManuel Correia

«Max, o Escritor»

GRAFISMO E PAGINAÇÃO

Abertino [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

LIGRATE – Atelier Gráfico, Lda.MOINHOS DA FUNCHEIRA-AMADORA

TIRAGEM

5 000 exemplares

FOTO DA CAPA

Final das Raças Portuguesas 2004(Foto de José Almeida)

3

Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade

dos seus autores

OCão da Serra da Estrela estánum dos seus momentosmais altos de afirmação

como grande expoente das raçascaninas nacionais. O ano de 2004contribuiu determinantemente paraessa ascenção.

De facto, na maioria das exposi-ções realizadas em Portugal, duran-te o ano passado, o Cão da Serra daEstrela foi a raça mais representada,tanto em número de inscriçõescomo de presenças em ringue.

Como exemplo da grande afluên-cia de exemplares de Serras inscri-tos, entre as diferentes raças, citemosalgumas exposições:

53 na Internacional de Vila Fran-ca de Xira;61 na Nacional da Costa Azul;58 na Internacional de Lisboa;47 na Internacional da Batalha.Nestes certames, o Cão da Serra

da Estrela, nas duas variedades, pêlocurto e pêlo comprido, foi váriasvezes Best in Show (BIS), em junio-res e em cachorros. Também naclasse de Pares e em Grupo de Cria-dor, o Serra se destacou e pisouvárias vezes o pódio.

Note-se ainda que, em Abril,decorreram, no Brasil, a ExposiçãoInternacional do CBKC e a Exposi-ção Mundial. Na primeira, o Cãoda Serra da Estrela obteve três títu-los: Campeã Jovem Brasileira, Cam-peã e Campeão do Brasil.

Na Exposição Mundial foramquatro os títulos conquistados:

Campeã e Campeão Jovem Mun-dial 2004 e Campeã e CampeãoMundial 2004.

Em Junho, realizou-se, em Bar-celona, a Exposição Europeia 2004.Estiveram representadas as duasvariedades de pêlo, as quais, emconjunto, obtiveram sete títulos,três de Campeã e Campeão Júniorda Europa 2004 e quatro de Campeãe Campeão da Europa 2004. Paraalém disso, também alguns doscachorros presentes alcançaramtítulos de Jovem Esperança Europa2004.

O culminar deste ano de ouro daRaça, foram as finais dos concursosdo ano 2004. Na classe de Campeõesapresentaram-se três exemplares,duas fêmeas e um macho. Uma dasfêmeas foi finalista, colocando-seentre os quatro melhores campeõesdo ano.

Na classe Criador de 2004, o pré-mio de 2.º Melhor Grupo foi paraum canil da raça do Cão da Serra daEstrela.

Na final das raças portuguesas, oMelhor Exemplar do Ano foi aindapara uma fêmea Serra.

É com justificado orgulho emuita satisfação que concluímosque o Cão da Serra da Estrela foi,sem dúvida alguma, a raça caninaque mais se destacou em exposi-ções durante o ano de 2004.

Uma Raça Portuguesa de para-béns; o Património Nacional digni-ficado.

O «SERRA» no ano de 2004

FÁTIMA CALAMOTE

O Cão

O que é a Dilatação e Torção Gástrica(GVD)?

A GVD é uma patologia em que o estô-mago se encontra dilatado com gás e, adi-cionalmente, pode ocorrer uma torção sobo seu eixo maior, resultando numa fer-mentação e aprisionamento de gás e inges-tão no estômago.

O que é que provoca esta patologia?

A causa definitiva ainda está por escla-recer. Provavelmente esta patologia resulta de umainteracção de vários factores de risco, nomeada-mente: exercício vigoroso após ingestão de gran-des quantidades de água ou após refeições; inges-tão de dietas muito fermentáveis como feijão,grão, etc., associadas a uma única refeição diária,cadelas pós-parto com aumento das necessidadescalóricas, stress e aumento da aerofagia (ingestão dear). Animais que apresentem congenitamente umaumento da laxitude dos ligamentos hepatoduo-denais e hepatogástricos são mais predispostos asofrerem de dilatação e torção gástrica. Defeitos naeructação e uma diminuição do esvaziamentogástrico contribuem também para o aparecimentode GVD.

Trata-se de situação de urgência médica?

Sim, provavelmente é uma das patologias nãotraumáticas que resultam em morte, sem a ajudaimediata do médico veterinário.

Existem algumas raças mais susceptíveis doque outras?

Estatisticamente sabe-se que raças de grandeporte com peito profundo como os DobermanPinscher, Dogue Alemão, Setter, Pastor Alemão,São Bernardo, Serra da Estrela, Fila Brasileiroentre outras, são mais predispostas para ocorrerdilatação com torção gástricas.

No entanto, ocasionalmente pode ocorrer emraças pequenas como os Bulldogs Ingleses,Terriers, Basset Hound, Teckels, Caniches e Pequi-nois, apenas dilatação do estômago. Não existe pre-disposição sexual, podendo afectar animais entre os2 meses e 15 anos. Normalmente esta condiçãoocorre 2 a 3 horas após a ingestão de uma refeição.

É possível distinguir entre uma dilataçãogástrica e uma dilatação com torção?

Através da realização de um raio X abdominal,o veterinário conseguirá distinguir as duas situa-ções.

Porque é que o cão entra em choque?

O gás acumulado no estômago comprime asveias abdominais que transportam o sangue devolta para o coração. A privação de sangue para ostecidos tem como consequência uma diminuiçãodo aporte de oxigénio, fazendo com que o animalentre em choque. Adicionalmente, a pressão exer-cida pelo gás nas paredes gástricas provoca umainadequada circulação sanguínea, tendo comoconsequência a morte e ruptura da parede gástrica.A entrada de toxinas para a circulação e sua poste-rior absorção agravam ainda mais o quadro dechoque.

O que é que pode ser feito?

A assistência por parte do médico veterináriodeve ser imediata. É necessário que a pressão nasparedes do estômago e órgãos internos seja dimi-nuída através da passagem de um tubo pelo estô-mago. Esta pressão também pode ser aliviada uti-lizando um catéter perfu-rando o estômago.

É imperativo que se ini-cie o tratamento parareverter o choque comgrandes quantidades defluidos intravenosos. Umavez que o paciente seencontre estabilizado, oestômago deverá ser reco-locado na posição anató-mica correcta. Para tal oanimal tem de ser subme-tido a cirurgia abdominalsem demoras.

Em que é que consistea cirurgia?

Após a recolocação doestômago na sua posição

fisiológica, tem de se prevenir que hajarecorrências, para tal é utilizado uma téc-nica cirúrgica – gastropexia. Este procedi-mento consiste em suturar uma porção doestômago à parede abdominal para queeste não volte a rodar sobre si mesmo. Seexistirem áreas de necrose (morte) daparede do estômago deverão ser removi-das.

Qual a taxa de sobrevivência?

Depende das circunstâncias em que oanimal entre na clínica. Há que ponderar diversosfactores vitais como: severidade e agravamento dasituação, problemas cardíacos secundários, exten-são das áreas de necrose do estômago, entreoutros. Existe a probabilidade de cerca de 15 a 20%de morte dos animais após a cirurgia.

Podemos prevenir a ocorrência de GVD?

A gastropexia preventiva em animais predispos-tos é o método mais eficaz para evitar a ocorrência,podendo ser recomendado como profilaxia emanimais valiosos. Na maior parte dos casos estacirurgia não previne a dilatação mas sim a impos-sibilidade de torcer.

O maneio dietético passa por administrar duasrefeições fraccionadas diárias, restrição de exercí-cio antes e após a ingestão de água e/ou comida.Ter especial atenção às necessidades dietéticas pós-parto e minimizar as situações de stress. Estas sãoalgumas das situações em que os proprietáriospoderão intervir para minimizar os factores derisco, no entanto não hesitem em contactar-nospara mais algum esclarecimento relativamente aesta patologia que tanto afecta os nossos animaisde companhia.

* Médica Gastroenterologista

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 74

ADELAIDE OLIVEIRA*

Dilatação e Torção Gástrica (GVD)

O Cão

B r e v e sBrevesBrevesBrevesBrev

esBrevesBrevesBrevesBr

evesBrevesBrevesBreves

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7

Nos últimos meses muito se temfalado sobre CardiomiopatiaDilatada, sem haver, em nossa

opinião, grandes motivos para tanta espe-culação.

Entre a população amante do Cão daSerra da Estrela têm sido motivo de váriaspolémicas os artigos escritos sobre estadoença do foro cardíaco, alegadamentepropensa ao Serra da Estrela.

É no mínimo problemático este assunto,especialmente porque tem chegado à opi-nião pública a ideia de que o Serra da Estre-la sofre desta doença, sendo ainda aponta-da como um problema hereditário.

Parece-me, também, bastante importantelembrar aqueles que têm lançado a polé-mica, de que o leitor normalmente acredi-ta no que lê, acabando por formular as suaspróprias opiniões sem reforçar os conheci-mentos sobre os assuntos lidos.

Há que ter atenção com o que se escre-ve, ou com o que se pretende dizer, paraque passe uma ideia correcta e honesta,baseada em factos provados e não apenasem suspeições, as mais das vezes obtidas apartir de resultados esporádicos e nãorepresentativos.

A Cardiomiopatia Dilatada no Cão daSerra da Estrela ainda não pode ser umcaso para discussão porque não existemresultados concretos na população rácicaexistente. Poderá, até, vir a ser um cão comtendência para sofrer desta doença, mas ocerto é que até hoje ninguém poderá afir-mar tal.

Fazer um estudo à raça poderá ser umaquestão a abordar, mas num momento emque os criadores, proprietários e clubes deraça achem que isso é uma mais-valia parao Cão. Hoje, essa condição ainda não severifica.

Os casos observados até agora não sãoainda, nem de longe nem de perto, signifi-

cativos para o alarmismo que se tem gera-do, nos últimos tempos, em torno do pro-blema.

Na APCSE têm sido recebidos telefone-mas e e-mails de amantes da raça e de futu-ros interessados no Cão da Serra da Estre-la, que põem em questão a possibilidade danão-aquisição de um animal desta raça,alegadamente «porque sofre do coração».

Meus amigos, vamos ser realistas:

A Raça não sofre do coração!É provável que existam alguns cães afec-

tados, mas não podemos, de modo algum,falar de uma população!

Fazer o rastreio à doença é facultativoaos proprietários dos animais, mas induzira ideia de que esse rastreio é necessáriopara bem de uma raça é o mesmo quecolocar, em pouco tempo, o Cão da Serrada Estrela na lista negra dos cães propensosà aquisição.

Atenção que já há pessoas a pensar trocaro Cão da Serra da Estrela, como futurocompanheiro, por um outro cão qualquer,provavelmente de uma raça estrangeira.

Lutar pelo bem de uma raça, neste casopelo Cão da Serra da Estrela, não é espe-cular; lutar pelo bem de uma raça é traba-lhar, em conjunto, em benefício de todas,e, principalmente, em beneficio do Cão daSerra da Estrela.

5

Ainda sobre Cardiomiopatia

O Cão

PAULA REIS

«A Cardiomiopatia Dilatada no Cão

da Serra da Estrela ainda não pode

ser um caso para discussão porque

não existem resultados concretos

na população rácica existente»

«Fazer o rastreio à doença é faculta-

tivo aos proprietários dos animais,

mas induzir a ideia que esse rastreio

é necessário para bem de uma raça

é o mesmo que colocar, em pouco

tempo, o Cão da Serra da Estrela

na lista negra»

O CRUFT 2005, realizado em Inglaterra, contou com a presençade 34 exemplares da raça Cão da Serrada Estrela, sendo três deles da Holanda. Os julgamentos estiveram a cargodo juiz Sr. S. J. Mallard.O melhor cão da raça Serra da Estrelaneste Cruft 2005, foi a cadela CLERAFORA FANFRIA, cujo proprietário e criador é Hugh e Sylvia Cox.De notar, ainda, que esta cadela, no ano 2004, já tinha sido reserva de Best in Show da raça Cão da Serra da Estrela.

3

Nos dias 3, 4 e 5 de Junho de 2005, irá realizar-se a EXPOSIÇÃO CANINA

EUROPEIA 2005, em Tulln, na Áustria.O Cão da Serra da Estrela estará representado com 12 exemplares.A APCSE deseja uma boa prestação e grande sucesso.

3

No dia 10 de Setembro de 2005, na Escola Superior Agrária, em Coimbra, realizar-se-á a XV MONOGRÁFICA DO CÃO DA

SERRA DA ESTRELA. Este ano a organização deste evento cabe à APCSE.O juiz será o Sr. João Vasco Poças.Para mais informações veja o site da associação www.apcse.com.pt

3

Cantinho da Poesia

Cão da Serra da EstrelaComo és bom para as crianças,Ó Cão da Serra da Estrela!A cabeleira que anela(Ou que se sujeita em tranças)Tu proteges ao brincar…Cão da serra, cão do lar,Como és bom para as crianças!

A. C.

Actualize

as suas quotas

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 76

Nos passados dias 11 e 12 de Dezem-bro, teve lugar, na progressiva vilaserrana de Silvares, o Concurso

Pedagógico de 2004 da Associação Portuguesa doCão da Serra da Estrela (APCSE). Trata-se de umacontecimento centrado na análise e divulgaçãodas características rácicas, bemcomo nos problemas que afectamesta espécie genuinamente portu-guesa, que aliás se confunde coma nossa própria origem historico-geográfica. Um espaço de conví-vio e de salutar discussão de parti-cular significado para todos osamantes da conhecida raça portu-guesa que, de ano para ano cadavez mais vem aumentando acuriosidade e o interesse dos estu-diosos, dos criadores, dos pro-prietários e dos simples adeptosdo dócil Serra da Estrela.

Os trabalhos compreenderamum colóquio, que reuniu trêsexposições e uma assistência decerca de meia centena de pessoas,e o concurso propriamente dito, aque concorreram 38 exemplares de Cães da Serrada Estrela. O julgamento pertenceu ao juiz JoãoVasco Poças, tendo estado também presente o juizManuel Correia, para avaliação dos exemplarespropostos para registo inicial (RI). Há a lamentara ausência dos restantes juízes que julgam Serrasda Estrela, apesar da APCSE os ter convidado porescrito.

A componente pedagógica é particularmenteevidente no concurso, em que os juízes explicam,a par-e-passo e com base em regulamento próprio(o Estalão da Raça), as características presentes ouausentes nos animais que estão a ser apreciados(ou julgados) em ringue, e sobre as quais irárecair a sua decisão quanto à classificação a atri-buir a cada um.

A iniciativa da APCSE beneficiou do inesti-mável apoio de entidades locais, com particularrelevância para o Dr. Santos Costa e para a EscolaBásica dos 2.º e 3.º Ciclos, esta cedendo algumasdas suas magníficas instalações para o certame epromovendo – de parceria com a APCSE – umconcurso em que as suas crianças apresentaramtrabalhos sobre o Cão da Serra da Estrela.

Silvares e a Escola

A vila de Silvares pertence ao concelho doFundão, de que dista 20 km. É uma povoaçãomuito antiga – vem referida em documentos his-tóricos do século XIII – nomeadamente em escri-turas da Ordem do Templo –, e consta tambémdas Inquirições de 1314, do rei D. Dinis. Situa-senos contrafortes da serra da Estrela e na margemesquerda do rio Zêzere. As suas terras de pinhalencerram no subsolo os ricos filões de volfrâmio

da mina do Cabeço do Pião, uma das principaiscomponentes das conhecidas Minas da Panas-queira, cuja importância teve o seu auge durantea 2.ª Guerra Mundial. Não obstante o peso dainterioridade, Silvares conseguiu atingir acentua-do desenvolvimento, quer económico quer social

e cultural, o que revela o carácter das suas gentes elhe valeu a elevação a vila, em 21 de Junho de 1995.

A Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Silvaresé um amplo e vistoso estabelecimento de ensino,com óptima localização. A organização do Con-curso Pedagógico utilizou a sala de conferênciasda biblioteca e o campo de jogos, tendo constatadoque a Escola dispõe de excelentes infra-estrutu-ras, possui equipamento didáctico e tecnológicodo mais moderno e – o que é notável – apresen-ta um invejável estado de conservação e limpeza,

mérito dos docentes e funcionários, mas, muitoprincipalmente, da educação das crianças deSilvares.

O Colóquio

Realizou-se na tarde do dia 11 nasala de conferências da biblioteca daescola, que registou apreciável assis-tência. O programa constou daapresentação de trabalhos científi-cos, com os temas que se indicam,seguidos de debate e/ou de pergun-tas e respostas.

– Aspectos biométricos do Cão daSerra da Estrela, por Carla Cruz;

– Displasia da anca no Cão da Serrada Estrela, pelo médico veterinárioMário Ginja;

– O Cão da Serra da Estrela, porJoão Vasco Poças.

No 1.º tema, Aspectos biométricos doCão da Serra da Estrela, a autora pro-põe-se contribuir para a caracteriza-ção morfológica do Cão da Serra daEstrela (CSE), averiguando a exis-

tência de diferenças morfológicas entre núcleosde criação e com critérios de selecção distintos.O estudo baseia-se numa amostragem apenas deanimais adultos, não tendo sido amostradasfêmeas com sinais de gestação ou com sinais dealeitamento recente.

Exposição muito bem documentada e commuito interesse, apesar da autora referir que osdados são ainda preliminares e se integrarão numtrabalho de investigação no âmbito de Tese deMestrado em Produção Animal (em preparação),

Cão da Serra da EstrelaConcurso Pedagógico de 2004, em Silvares

Aspecto do colóquio, na sala de conferências da Escola de Silvares

FOT

O: A

.C.

Classe Sexo Pêlo Curto Pêlo Comprido

Macho 1.º Quasar, de João

Silvino Costa Melhor cachorro

Cachorro

Fêmea 1.ª Arwen, de Rui Rosa Melhor cachorro

Macho 1.º Favo, de João Silvino

Costa Melhor jovem

1.º Dali do Vale do Juiz, de Edgar Dolgner

2.º melhor jovem

1.ª Noz da Varanda dos Pastores, de Nuno Xavier

Melhor jovem Jovens Fêmea

1.ª Galana, de João Silvino Costa

2.ª melhor jovem

2.ª Gajaboa da Costa Oeste, de Rui Rosa

1.º Tejo, de Pastor Abel Melhor adulto 1.º Cajú do Vale do Juiz, de

Edgar Dolgner Melhor adulto

Macho 2.º Cabal D’Alpetratínia,

de João Silvino Costa

2.º Zimbro do Cântaro Magro, de Isabel Ferreira

1.ª Lagoah, de João Silvino Costa

2.º melhor adulto

1.ª Erika da Costa Oeste, de Rui Rosa

2.º melhor adulto Adultos

Fêmea 2.ª. Java, de João Silvino

Costa

2.ª Aboni da Serra de Sintra, de Nuno Xavier

Melhor reprodutor Zimbro do Cântaro Magro, de Isabel Ferreira Melhor par Dali e Maluda do Vale do Juiz, de Edgar Dolgner

Melhor grupo de criador

1.º Vale do Juiz 2.º Quinta da Cerdeira

3.º Cabeço do Seixo Melhor veterano Tejo, de Pastor Abel Melhor exemplar do concurso

Tejo, de Pastor Abel 2.º melhor exemplar

Cajú do Vale do Juiz, de Edgar Dolgner

1.º melhor exemplar

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 7

a apresentar à Faculdade de Medicina Veterináriada Universidade Técnica de Lisboa.

O 2.º tema, Displasia da anca no Cão da Serra daEstrela, trata a displasia do ponto de vista da etio-logia, da patogenia, dos sinais clínicos, do diag-

nóstico, do controlo e do tratamento. É umadoença hereditária, onde a nutrição e a actividadefísica são também factores importantes a conside-rar. No nascimento as articulações são normais,vindo depois o aumento de líquido sinovial e alassidão articular, a destruição da cartilagem e ainflamação, a remodelação óssea com subluxaçãoe luxação. O autor, no seu estudo assente em 124Cães da Serra da Estrela, conclui na prevalênciade displasia da anca em 66% da amostragem, fac-tor que exige atenção e reflexão por parte dasassociações de criadores e de outras entidadesresponsáveis, sugerindo, em síntese, o diagnósticoprecoce a partir dos 4 meses e a obrigatoriedadede despiste a partir dos 18, para efeito de registode ninhadas.

No 3.º tema, O Cão da Serra da Estrela, o autor,que é também um prestigiado juiz da raça,debruça-se sobre a regulamentação e os critérios

de julgamento. Começa a sua bem articuladaexposição com a afirmação de que o Cão da Serrada Estrela não é um molosso puro, mas sim umlupo-molossóide. A característica será mais facil-mente detectável na modalidade de pêlo curto.

Para ele o molossóide típico será o Leonberger, eo lupóide típico será o Cão de Pastor BelgaTervueren.

Na continuação, passa em revista o EstalãoFCI n.º 173 – Cão da Serra da Estrela. Em análi-se comparativa de variados preceitos do mesmo,põe em confronto a versão oficial e aquela que,segundo a sua opinião, deveria adoptar-se emfuturas alterações ao estalão da raça.

Foi uma discussão muito viva e participada,não obstante o adiantado da hora, que em muitoultrapassava a aprazada para o jantar de confrater-nização, que reuniu perto de quarenta pessoasnum restaurante local.

O Concurso

Realizou-se no dia 12, a partir das 10 horas, nocampo de jogos da Escola Básica dos 2.º e 3.ºCiclos, tendo como juíz João Vasco Poças.

Apresentaram-se à competição 10 exemplares davariedade Pêlo Curto e 28 da variedade PêloComprido, sendo que alguns deles fizeram RI nomomento.

Apesar do dia extremamente frio que se faziasentir, o certame decorreu com a vivacidade espe-rada, despertando muita curiosidade na assistên-cia a explicação pedagógica que o juiz fazia sobrecada exemplar julgado.

Os resultados obtidos pelos concorrentesforam os que constam do quadro ao lado.

Durante um curto intervalo foram premiadosos alunos da Escola Básica vencedores do con-curso promovido pela APCSE. O primeiro clas-sificado ganhou uma cachorra – a Estrela da Casade Lôas –, havendo ainda quatro menções honro-sas premiadas com um Serra em peluche.

O Concurso Pedagógico prolongou-se seminterrupção até meio da tarde, terminando com adistribuição dos prémios às classes vencedoras.

A.C.

Melhor exemplar de pêlo curto

Estrela da Casa de Lôas 1.º prémio do Concurso de Alunos

da Escola Básica de Silvares

FOT

O: A

.C.

FOT

O: A

.C.

Melhor exemplar de pêlo comprido

FOT

O: A

.C.

rra da Estrelaco de 2004, em Silvares

Integrado no âmbito do Concurso Pedagógico,a APCSE, de parceria com a A Escola Básica dos2.º e 3.º Ciclos de Silvares, promoveu uma ini-ciativa tendente em chamar a atenção dos alu-nos para as características extraordináriamenteamistosas do Cão da Serra da Estrela face àscianças em geral.

A iniciativa consistiu na apresentação dediversos trabalhos relacionados com estaraça, os melhores dos quais foram premia-dos. Em destaque o melhor trabalho, daaluna Daniela Caria, galardoado com umacachorra oferecida por um associado.Trata-se de um desenho alusivo ao tema,encimado com um lindo poema quecomeça assim: A Serra da Estrela é tão

alta / Que de longe se pode avistar / É rodeada demuito gado / E o Cão da Serra para o guardar.

APSCE promove concurso entre alunos da Escola de Silvares

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 78

Prosseguindo na sua iniciativa de proporcionar aos estimados leitores o contacto com os mais credenciados criadores da raça nacional do Cão da Serrada Estrela, e deles ouvir relato da sua experiência e da sua paixão por estes animais, «O Cão – Jornal da AssociaçãoPortuguesa do Cão da Serra da Estrela»trocou impressões com o conhecido criadorAntónio Nogueira Lourenço.É ele o nosso entrevistado de hoje.

O Cão – Quando começou a sua pai-xão pelos Cães?

António Nogueira Lourenço (ANL) –Antes de mais, e previamente às questões que meforem colocadas nesta entrevista, devo deixarexpresso o prazer que tenho em contribuir, comos meus conhecimentos e experiência de vida,para o debate e reflexão à volta das questões daraça.

Quanto à pergunta, direi que muito natural-mente! Nasci e cresci na Serra da Estrela, no seiode um ambiente de pastorícia, herdado dos meusavós. Principalmente por este motivo surgiu,desde criança, a grande paixão pelos Cães da Serra.

Quiçá por eu ter sido concebido e gerado, aomesmo tempo, no ventre da minha mãe, sinto queherdei dos meus pais a predestinação para vir a serpastor. Mas, por razões óbvias, na minha adoles-cência a vida seguiu outros trâmites.

A aldeia onde nasci foi, até ao anos setenta, umagrande atracção pastorícia. Existia uma razoávelforça de pastores com bons rebanhos de gado laní-gero. Nesse tempo, os lobos assediavam constan-temente os rebanhos de forma maciça; por isso setornava indispensável um ou mais cães de guar-da por rebanho, que enfrentassem essas alcateiasque surgiam, de repente, a qualquer hora do diaou da noite.

Os cães de grande porte, valentões e enérgicos,eram seleccionados para exercerem tarefas deguarda, o que era mais importante até do que a suabeleza exterior. Descurava-se, assim, o valor mor-fológico compensado pela agressividade para com

os lobos. No entanto, estes critérios de selecçãoembora benéficos no tempo deixaram de ter eficá-cia no momento em que os lobos se foram extin-guindo progressivamente.

O meu pai gostou sempre de cães bonitos(e harmoniosos). A primeira cadela de que melembro chamava-se Ribeira. Tinha cor amarelada,pêlo médio a tender para o curto, de tamanhomediano. Possuía uma boa máscara e muito bomcarácter. Morreu muito velhinha! Sucedeu-lheuma cachorra, filha muito comparável a ela, quepor esse motivo, se passou a chamar tambémRibeira. Esta cadela deixou-me sinais marcantespara toda a vida, dado que a vi nascer e crescercomigo. Lembro-me com alguma nostalgia dasbrincadeiras com ela em crescimento, e, depois,com os filhos dela.

Por sinal era uma boa reprodutora e uma exce-lente mãe. Os cachorros eram sempre destinadosa pastores, colegas de meu pai, que muito lhepediam para fazerem a permuta com borregas.

Lembro-me de um dia, no Outono, ver partir,para Coimbra, aquando da transumância do gado,a Ribeira, em estado de prenhez, juntamente como rebanho.

Quatro meses depois a cadela regressou, massem os cachorros. O meu pai ofereceu-os aosdonos das quintas onde o gado apascentava. Fiqueitriste, como era de prever! Foi uma das primeirasdesilusões da minha vida.

E, assim, com alegrias e tristezas, se foi vincan-do, cada vez mais, a minha grande paixão peloscães da Serra da Estrela.

O Cão – Porquê criador de cães daraça Cão da Serra da Estrela e quandocomeçou?

ANL – Encontrava-me a cumprir serviço mili-tar obrigatório quando surgiu uma doença prolon-gada em minha mãe, o que motivou o meu pai ater que proceder à venda do rebanho das ovelhasque então possuía e que era a única fonte de ren-dimento do agregado familiar. Quem comprou orebanho fez questão em levar também a cadela,único exemplar que tínhamos para guarda. Foi umacontecimento imprevisível, que causou algumconstrangimento e marcas profundas.

Após o meu regresso da tropa, em Setembro de1960, pensei em casar, o que viria a acontecer emAbril do ano seguinte. A casa que ia habitar tinhauns anexos próprios para a criação de animais,como galinhas, coelhos e outros. Isto fez-me pen-sar também em adquirir um cão para guardar.Imediatamente me lembrou a cadela Ribeira queeu gostaria de voltar a ter como “segunda edição”.

Nas proximidades da minha casa apascentavaum rebanho de ovelhas, que se fazia acompanharde um casal de cães algo espectacular, de pêlocurto médio/médio, como na generalidade os cãesdos pastores desta zona norte da serra. Assim quetive oportunidade falei com o pastor e proprietáriodos animais e perguntei-lhe se havia possibilidadesde me vender uma cachorra, quando a cadelaparisse. Disse-me que sim, mas que teria deaguardar ainda algum tempo até ela parir.

Canil dos Montes Hermínios, de António Lourenço

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À conversa com... o criador de Cães da Serra da Estrela António Nogueira Lourenço

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 9

Como era de prever, foi enorme a expectativadurante cerca de um mês, tempo que ainda demo-raram a nascer os cachorros. Felizmente chegou ahora de ser informado de que a cadela pariu bem.Desloquei-me ao local onde estavaparida, olhei para os recém-nascidos,mas ainda não dava para se lhes tocar.Uma semana depois voltei a ver aninhada e já deu para ver melhor.Naquele envolvimento todo, pudeconstatar, muito ligeiramente, que aninhada era composta por cães e cade-las. Fiz uma terceira visita cerca dequatro semanas depois, o que já per-mitiu assentar ideias definitivas.

Entretanto, nesse interregno, surgi-ra um contacto de um amigo a pedirpara lhe arranjar um casal de cachor-ros, com destino a uma quinta doDouro. Voltei a falar com o pastor,dizendo-lhe que precisava que mereservase dois cães e duas cadelas daninhada, conseguindo uma respostafavorável, mas na condição de os irbuscar assim que começassem acomer, separando-os precocemente damãe às cinco semanas, por recear que magoassema cadela-mãe.

Procedi ao desmame e, aos dois meses e pouco,o casal seguiu rumo ao Porto, onde o iriam buscarmais tarde para uma quinta na Régua. O outrocasal ficou na minha posse, oferecendo eu um cãocom oito meses a um familiar.

Começaram depois a surgir diversos contactosdo norte do país, para envio de cachorros e foidesta forma que despertou, em mim, o entusias-mo pela criação da raça, com o “bichinho” vindode muitos anos atrás.

O Cão – O que vê no Cão da Serra daEstrela, para justificar a sua preferênciapela Raça?

ANL – Dou muito apreço à simplicidade e àforte personalidade das pessoas e dos animais,embora reconheça que os princípios da minhavida tiveram grande impacto na preferência pelaraça do Cão da Serra da Estrela. Mas também nãodeixa de ser menos verdade que esta opção tem

vindo a ser consolidada progressivamente aolongo dos tempos, por isso jamais pensaria noutraraça como hipótese ou preferência.

O Cão – Que prémio, ou prémios lhecausaram maior prazer e onde é que osconquistou?

ANL – Nos idos anos sessenta, a Região deTurismo da Serra da Estrela e as câmaras munici-pais da região promoviam, anualmente, em cadalocalidade, com o apoio do Clube Português deCanicultura (CPC), concursos da raça do Cão daSerra da Estrela

Houve sempre uma razoável adesão de exem-plares de cães, principalmente dospastores, que depois eram registadosno CPC, no registo inicial (RI).Houve alguns com menos caracterís-ticas, que eram desclassificados, e, poreste motivo, não obtinham o registo.

Foi num desses concursos, realiza-do em Gouveia a 15 de Agosto de1966, que eu concorri pela primeiravez, apresentando um cão de pêlocurto que teve a classificação de«Excelente», tendo-lhe sido atribuídauma medalha dourada. Apresenteitambém a concurso uma cadela depêlo comprido, amarelada, que ganhou umamedalha prateada.

Foram os primeiros troféus da minha vida, queguardo e recordo, sempre, com sabor a campeão.

O Cão – O Cão é o órgão oficial daAssociação do Cão da Serra da Estrela, deque é sócio prestigiado. Qual a sua opinião

sobre a APCSE e o que acha que deveriaser melhorado?

ANL – As associações são pornatureza organismos ou instituiçõesfundadas especialmente para contem-plarem os associados, contribuindopara a promoção dos seus valores.

Infelizmente o associativismo ama-dor entrou há muito tempo em reces-são, com a atribuição de muitas culpasa um certo “individualismo selva-gem”, que tem imperado, progressi-vamente, nos nossos dias. Por estarazão, penso que não é nada fácil hojeencontrarem-se muitas pessoas dispo-níveis para desempenharem cargosdirectivos. Felizmente que ainda vaiprevalecendo a boa vontade de alguns(muito poucos) carolas, que prejudi-cam as suas vidas por causa dos valo-res comuns.

As associações, ou clubes de raça,terão de alguma forma de encontrarsaídas para se conseguir inverter orumo destas situações. Penso que o

poderão fazer tentando mobilizar todos os bonsamantes da raça na participação maciça em conví-vios. E promover eventos pedagógicos, comoacções de formação técnica, no terreno, exposi-ções de convívio e prazer sem fins competitivos,seminários e, por que não?, visitas aleatórias aoscanis, para ver e conhecer tecnicamente os exem-plares e o seu estado patológico, e sensibilizar oscriadores para formas de prevenção.

Penso que, nos últimos anos, as direcções dosdois clubes de raça (APCSE e LICRASE) deram

passos muito significativos para um bom relacio-namento. Oxalá que não seja descurado este exce-lente procedimento e que continuem a reforçar oslaços de amizade que garantam um futuro pro-missor para a raça .

Parabéns à direcção da APCSE pelo regresso darevista (Jornal da Associação), enriquecido, tam-bém, com a qualidade do papel e com a excelenteconcepção gráfica.

Cada trofeu é um corolário de trabalhos e de glórias. O criador juntode uma vitrina da sua vasta colecção

Prémio da Raça do Cão da Serra da Estrela nos anos 70

Prémio da Raça do Cão da Serra da Estrela nos anos 60 O

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Serra da Estrela António Nogueira Lourenço

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 710

Ano de 2004

Classificações Finais

(Pontuações obtidas ao longo do ano2004 nas Especiais da Raça em Azeitão, emSintra e na Batalha; também no ConcursoPedagógico)

Pêlo Comprido Machos:1.º – 16 Pontos – Caju do Vale do Juiz,

Pr. / Edgar Dolgner;

2.º – 12 Pontos – Baden Baden da Pontada Pinta, Pr. / Manuela Paraíso & RuiGarção;

3.º – 10 Pontos – Igor da Serra de Sintra,Pr. / Rui Rosa;

– Ramsés da Ponta da Pinta, Pr. / Eduar-do Pereira.

Fêmeas:1.º – 19 Pontos – Erika da Costa Oeste,

Pr. / Rui Rosa;

2.º – 13 Pontos – Aboni da Serra de Sintra,Pr. / Nuno Xavier;

3.º – 10 Pontos – Noz da Varanda dosPastores, Pr. / Nuno Xavier.

Pêlo Curto Machos:1.º – 12 Pontos – Adro D’Alpetratínia,

Pr. / João Silvino Costa;

2.º –10 Pontos – Abel de S. Lourenço deErmezinde, Pr. / João Silvino Costa;

– Favo, Pr. / João Silvino Costa;

– Tejo, Pr. / Pastor Abel;

3.º – 9 Pontos – Cabal D’Alpetratínia,Pr./ João Silvino Costa.

Fêmeas:1.º – 12 Pontos – Eumiadalp – Pr. / João

Silvino Costa;

2.º – 10 Pontos – Hieracite – Pr. / JoãoSilvino Costa;

3.º – 9 Pontos – Lagoah – Pr. / João SilvinoCosta.

Mais informação consulte a página daAPCSE www.apcse.com.pt

Ano de 2005

Ao longo do ano 2005 a APCSE reali-zará as seguintes exposições pontuáveispara o campeonato:

– Especializada do Cão da Serra Estrela(a definir);

– Especial do Estoril;

– Especial da Batalha;

– Monográfica – 10 de Setembro naEscola Superior Agrária de Coimbra.

Para mais informação, consulte a páginada APCSE: www.apcse.com.pt

NOTA: É condição indispensável que osproprietários dos animais pontuados sejamsócios da APCSE, com a quotização actua-lizada, para poderem usufruir do subsídiode 100 euros por cada exemplar apurado(melhor macho e fêmea de pêlo curto ecomprido), para deslocações ao estrangei-ro, às exposições Europeia ou Mundial daFCI, como forma de promoção da raça.

Campeonato Interno da APCSE

O Cão

A APCSE, de parceria com aImprensa Nacional-Casa da Moe-da (INCM), põe à disposição dospossíveis interessados a escultura«CÃO DA SERRA DA ESTRE-LA». Trata-se de uma preciosida-de artística de elevada qualidadee extremamente rara, dada a limi-tação quantitativa imposta à suaexecução.

A formosa estatueta pode seradquirida em condições espe-ciais pelos associados da APCSE.

Peça de arte limitada

A escultura, produzida peloprocesso de fundição de «ceraperdida», é limitada a 150 exem-plares em bronze e 50 em prata,devidamente numerados e acompanhados de certificado de garan-tia da INCM, e, ainda, da certificação de conformidade com oestalão de cada raça, prestada pela entidade nacional competente,o Clube Português de Canicultura.

Características técnicas

Autor: Luís Valadares. Peso médio (metal): 2 kg. Dimensões: Alt. 25 cm – Comp. 29 cm. Embalagem: as esculturas são apresentadas em peanhas de

mogno do Zaire e embaladas em caixas de madeira de pinho.

Preços de venda: Bronze: 595,00 Euros Prata de 925‰, contrastados

pela Casa da Moeda: 1.368,50Euros

Uma obra única

Comprar agora a esculturaem bronze ou prata, é a oportu-nidade de adquirir uma obraque nunca mais vai existir, dadoque se trata de uma produçãolimitada.

Condições de pagamento

Se é sócio e se tem as quotasem dia, aproveite para compraresta peça de arte apenas por 50

Euros× 12 meses (escultura em bronze), ou, então, por 116 Euros× 12 meses (escultura em prata). Pague em 12 meses sem juros eadquira uma obra de arte do cão dos seus sonhos.

Se não é sócio, mas também deseja comprar esta escultura,poderá fazê-lo a pronto, através de operação bancária, transferên-cia ou cheque.

As encomendas deverão ser feitas para a APCSE, através da Inter-net, pelo mail [email protected] ou pelo telefone 93 777 19 86.

Após a aceitação do banco, as estatuetas serão enviadas, de ime-diato e sem outros custos adicionais.

Escultura «Cão da Serra da Estrela»

O Cão

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 11

Especial da Batalha – 2004

No dia 5 de Dezembro, na Expo Salão daBatalha, integrada na 2.ª ExposiçãoCanina Internacional da Batalha, a

APCSE organizou mais uma especial da raça,com o já tradicional apoio da ração NUTRA

GOLD – Bio 2, o patrocinador desta Associa-ção.

Nesta especial estiveram 47 cães em concur-so, 5 de pêlo curto e 42 de pêlo comprido, osjulgamentos estiveram a cargo do juiz StefanSinko da Eslovenia

As classificações foram:

Variedade Pêlo Comprido

Cachorros Fêmeas1.º – Melhor Cachorro da RaçaArwen – Cr.: Paolo Sametti; Pr.: Rui Rosa.

Juniores Machos1.º Júpitter – Cr. / Pr.: Fernando Bento.

Juniores Fêmeas1.º Gajaboa da Costa Oeste – Cr. / Pr.: Rui

Rosa.

Intermédia Machos1.º Everest da Quinta de S. Fernando –

Cr. / Pr.: Suzette Veiga.

Aberta Machos1.º – CAC – Smach do Vale do Juíz –

Cr.: Edgar Dolgner; Pr.: Pedro Silva.

RCAC – Paco da Quinta da Cerdeira – Cr.: Henriques Brites; Pr.: Isabel Ferreira.

Intermédia Fêmeas1.º – CAC – Astra da Serra de Sintra –

Cr. / Pr.: António Altavilla.

Aberta Fêmeas1.º RCAC – Triana da Quinta da Cerdeira – Cr.:

Henrique Brites; Pr.: Fátima Almeida & JoséAlmeida.

Campeões Machos1.º – CACIB – Melhor Macho – Baden Baden da

Ponta da Pinta – Cr.: / Pr.: Manuela Paraíso& Rui Garção.

RCACIB – L´Cardo dos Montes Hermínios –Cr.: António Lourenço; Pr.: Edgar Dolgner.

Campeões Fêmeas1.º – CACIB – Melhor Fêmea – Melhor da Raça

– Aboni da Serra de Sintra – Cr.: AntónioAltavilla; Pr.: Nuno Xavier.

RCACIB – Barroca da Quinta da Cerdeira – Cr.:Henrique Brites; Pr.: Fátima Almeida & JoséAlmeida

Variedade Pêlo Curto

CachorrosMachos1.º – Melhor Cachorro – Quasar – Cr.: José

Sabugueiro; Pr.: João Silvino.

Fêmeas

1.º – Queiroga – Cr.: / Pr.: José Sabugueiro.

Juniores Fêmeas1.º– Melhor Fêmea – Melhor da Raça –

Hieracite – Cr.: Ana Sabugueiro; Pr.: JoãoSilvino.

Intermédia Fêmeas1.º– CAC – CACIB – Eumiadalp – Cr.: João

Direito; Pr.: João Silvino.

Aberta Machos1.º – CAC – CACIB – Melhor Macho – Cabal

D´Alpetratínia – Cr.: / Pr.: João Silvino.

Cabal D' Alpetratínia

Aboni da Serra de Sintra

Todas as publicações, mesmo as modestas como a nossa, têm asua história. Ainda que ela se exprima, basicamente, por umaperiodicidade semestral, e, mesmo assim, à custa deumas tantas boas-vontades e mercê deoutras tantas esforçadas teimosias.

Depois de, em 1988, terem sidopublicados três números – 0,1 e 2 –, o projecto deuma voz oficial para aAssociação Portuguesado Cão da Serra da Estrelaretomou a continuidade emFevereiro de 2003, com a saídado terceiro número e nova série.

Não obstante a fraca participa-ção dos sócios neste tipo de coisas,até ao momento tem sido possívelcumprir a nossa meta de dar àestampa um número de O C ã oduas vezes por ano.

Valeu-nos que a quantidade de colaboradores cedeu o lugar àqualidade, e assim temos podido apresentar uma publicação que

não nos envergonha. De facto, temos publicado artigos deopinião de alto valor, artigos técnicos de ele-

vado pendor científico; temos reportadocom o necessário desenvolvimento as

actividades da Associação e noti-ciado o essencial sobre o nosso

Cão da Serra da Estrela.Quanto à linha gráfica, e

apesar dos parcos recur-sos, em nada desmerecemos

relativamente a qualquer publi-cação do género.Finalmente, e sem dúvida o mais

importante, há que realçar e agradecero indispensável patrocínio da NUTRA-

GOLD – BIO 2, a preferência dos nos-sos anunciantes e o voluntarismo de

quem nos dá forma gráfica.

O C ã oJornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela

O Cão

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O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 712

Pode ser considerado como o FórumNacional do Cão da Serra da Estrela,que recolheu com muito entusias-

mo todos os amantes da raça e criadores. A presença dos nossos criadores, doDr. Mário Ginga e da Dr.ª Carla Cruzpermitiu fundamentar o debate na apreci-ação das características essenciais da raça enaturalmente do estalão.

Defendo que este deve ser o principalobjectivo dos clubes especializados: inter-câmbio de ideias, experiências, afrontandode modo sereno e pacato os problemas dapluralidade de interpretações da criação efundamentalmente do estalão.

Estes testemunhos de interesses emencarar os problemas actuais que nestemomento são particularmente difíceis,nomeadamente a recente aprovação doestalão da raça pela AG do CPC.

O meu testemunho baseou-se funda-mentalmente na tipicidade da raça – comoCão da Serra da Estrela e das diferençasprofundas do fenótipo do estalão em vigor,das falsas interpretações susceptíveis, a hete-rogeneidade de critérios de julgamento eda subjectividade do estalão.

Para dialogar, ocorre-me que temos quefalar a mesma língua. Parece-me indispen-sável e extremamente útil definir estesconceitos. Encarando o problema do tipo,do estalão e da evolução da raça.

O que é o tipo? “Tipo é o conjunto de características

comuns a todos os indivíduos que com-põem uma raça.”

O tipo é o produto final de um certopatrimónio genético formado por umnúmero elevado de genes. Uma partecompõe pares homozigóticos invariáveisda espécie ou das características fixas daraça e por outro lado é constituído porpares heterozigóticos a que chamamosvariações.

Cada genitor fornece, ao mesmo indiví-duo, metade do seu genoma. Com geni-tores de caracteres similares temos a proba-bilidade de fornecer genes de qualidadecriando assim pares com maior homozigo-tia e fixação de caracteres.

A fixação das raças e das característicasdo estalão só são possíveis através de méto-dos de criação consanguínea.

Não há outra saída.As características rácicas demoram tempo

a construir, por isso há que ter como baseuma descrição literária analítica da nossaraça! O que de facto não existe e tenteiprovar que os estalões existentes (novo eantigo) estão longe de ser uma descriçãoreal do Cão da Serra da Estrela. É de factomuito nebuloso. Não é possível homo-geneizar critérios de selecção se nem ainterpretação do nosso estalão está clara.

Só dando a título de exemplo – como éa linha dorsal do Serra da Estrela? Aindahoje estou por clarificar se é ascendente,descendente ou horizontal. Esta confusãopaira na mente de todos os criadores pelofacto de não haver coragem ou conheci-mento para mudar o que está mal.

Desde sempre que os critérios de julga-mento foram díspares, mas ultimamente équase generalizado – um totoloto emringue – os juízes não podem ser culpados

desta falta de uniformização de critérios.As interpretações de cada um são dife-rentes. Somos seres humanos.

Se aterrarmos no aeroporto de Pequim,certamente a primeira impressão que nosocorre é que são todos iguais. O nossocérebro analisa e reconhece o carácter-tipoda raça asiática. Só algum tempo depois,com uma atenta observação e confrontopodemos iniciar a distinção dos aspectosindividuais.

É este tipo de debate que nos ajuda a“treinar o olho” e a convergir os critériosde interpretação da raça já que o recurso àinterpretação do estalão é impossível.

Foi pena que a afluência de juízes fosseescassa, teríamos tido oportunidade deouvir outras interpretações, não só aminha.

Exemplo: Que cães se assemelham a ummastim ou então a um lobo? Quantasvezes já nos ocorreu ter que observar comcuidado um serra para não o confundircom outra raça? Trata-se de um factomuito grave e de grande preocupação paratodos os canicultores. Os caracteres dotipo são de máxima importância e são asalvaguarda e a garantia de perpetuação daraça no tempo.

São estas características que devemosidentificar, aprofundar e descrever analiti-camente no estalão, deixando o mínimo demargem para dúvidas com o objectivo deelaborar um “Guia” correcto.

Há descrições que podemos observar noestalão de outras raças como o Leonbergerou o Tervueren.

Outro conceito importante em cino-tecnia que não pode ser esquecido é quetipicidade equivale a beleza e beleza ésinónimo de função – então o tipo ideal éo tipo funcional!

Quero agradecer a todos os que confi-aram em mim e congratular toda a equipada APCSE pela organização deste exce-lente evento.

Concurso PedagógicoJOÃO VASCO POÇAS

«Desde sempre que os critérios de julgamentoforam díspares...»

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.C.

Aos amantes dos Serras, a APCSE alertapara que se aconselhem junto dos

clubes da Raça. Nunca comprem cãesna BEIRA DA ESTRADA.

Exijam sempre o LOP e o Boletim deVacinas. O BARATO SEMPRE SAI CARO.

O Cão

Foi com enorme prazer que recebi e aceiteio convite da Presidente do Clube Suecodo Cão da Serra da Estrela, Sr.ª Marianne

Petersson, para julgar esta Monográfica, que tevelugar no passado dia 7 de Maio de 2005, em Mullsjo,uma pequena localidade a sul deste país.

Devo, antes de mais, dizer que esta foi para mimuma experiência extremamente enriquecedora e gra-tificante, sob o ponto de vista técnico, mas sobretu-do humano, dada a forma simpática e carinhosacomo fui recebido tanto, pelos elementos da organi-zação como pelos expositores em geral.

Não posso deixar de me congratular pelo facto de esteclube se encontrar em boas mãos, nem deixar de agrade-cer à sua presidente, pela amabilidade e simpatia com quesempre me acompanhou neste processo, assim comoreferir a determinação e paixão demonstradas pela cria-dora sueca Linda Sjotun, criadora dos dois exemplaresque se viriam a sagrar Campeões do Clube.

Queria ainda deixar um abraço ao juiz sueco, Sr. JanHerngren, que se deslocou expressamente ao local, a fimde assistir ao meu julgamento, o que muito me honrou,demonstrando o seu interesse pela raça e um grandedesejo de evoluir como juiz da mesma.

A exposição realizou-se num espaço extremamenteagradável, composto por um enorme ringue relvado,situado numa ampla clareira, envolvida por uma densafloresta de pinheiros e por algumas dezenas de pequenascasas de madeira, típicas desta região, onde pernoitaramos elementos da organização, bem como um considerávelnúmero de expositores, condições estas que nos propor-cionaram a todos, cães e pessoas, um convívio muito sau-dável.

Estiveram presentes 22 exemplares, todos de pêlocomprido, 2 dos quais vindos da Noruega e os restantesprovenientes da Suécia, estando representados os princi-pais afixos deste país: “Noble Husco’s“ de MarianneUpper; “Faidros” de Lena Toll-Norberg; “Lindblom-mans” de Marianne Petersson; “Zoian´s” de Eva Bentzere “Canil Akaroa’s” de Linda Sjotun e Robert Flood,tendo sido os dois últimos referidos aqueles que melhorrepresentaram a raça, bastando referir que obtiveram 6dos apenas 8 Excelentes que atribuí. Curiosamente, 4 dosExcelentes atribuídos encontraram-se na mesma classe:Juniores Fêmeas, o que fez desta inequivocamente a me-lhor representada (sendo um excelente indicador para ofuturo da raça) e de onde viria a sair a Campeã do Clube“Canil Akaroa’s Benzer”, uma jovem de apenas 11 meses,com excelente tipo, muito feminina, expressiva, comexcelente máscara, bem pigmentada de olhos e mucosasbucais, orelhas de excelente inserção e porte, excelenteconstrução anatómica global, gancho perfeito, e de amplo,bem balanceado e harmonioso movimento, se bem queligeiramente esquerda das mãos, o que creio vir a corri-gir com a idade. Devo referir que este exemplar, à seme-lhança do seu irmão de ninhada “Canil Akaroa’s Bisonte”,BIS do Evento (numa bonita final “mano-a-mano”), paraalém de serem filhos de cães portugueses (Kouko do Valedo Juiz × Patusca do Vale do Poço), foram concebidos nonosso país, uma vez que a mãe foi exportada depois decoberta, pelo que seria absolutamente injusto não dar osmeus parabéns ao produtor desta magnífica ninhada, Sr.Edgar da Mota Veiga, não apenas por contribuir para uma

boa imagem dos criadores portugueses, através da expor-tação de exemplares de qualidade, mas e sobretudo peloinestimável contributo para o melhoramento da raçaalém-fronteiras. A isto chama-se honestidade e inteligên-cia e seria óptimo que outros lhe seguissem o exemplo.

Devo ainda fazer referência à segunda e terceira classi-ficadas da classe juniores fêmeas, nomeadamente, ”Zoian’sBarquinha” e “ Zoian’s Bemfica”, irmãs de ninhada, ambasclassificadas com Excelente e filhas de cães portugueses(Igor Júnior da Serra de Sintra × Fava ), pelo excelentetipo, expressão, construção anatómica, repuxamento deorelhas, excelente gancho, anteriores magníficos absolu-tamente paralelos de ambas e impressionante movimentopor parte da “Bemfica”, que poderia ter ficado em segun-do, não fossem os seus 72 cm ao garrote, o que a tornaalgo mais “masculina” face à irmã.

Em relação aos machos, atribuí apenas dois Excelentes.Ao já referido “Canil Akaroa’s Bisonte”, com grande tipo,expressão, orelhas, densidade e textura de pêlo. Porém, oque mais me impressionou neste exemplar foi a sua irre-preensível construção anatómica, com uns jarretes fortes,verticais e absolutamente paralelos no movimento, qua-lidades que, associadas a um magnífico carácter e presençaem ringue, resultaram num dos melhores movimentosque jamais tive ocasião de observar nesta raça e que aba-faram por completo algumas incorrecções técnicas, taiscomo olhos ligeiramente claros e arredondados e um gan-cho algo fraco. Um verdadeiro show dog ...de onze meses!

Em relação ao outro Excelente, vindo da classe Cam-peões, “Such Zoian’s Alvito”, um exemplar de bom tipoe imponência com nobre presença, boa expressão e atitude.Globalmente bem construído, de movimento muito fácile harmonioso, muito bem apresentado pela sua handler.No entanto, como raiado que é, deveria apresentar maisraias. Encontrei-o, pois, predominantemente negro e comuma textura de pêlo muito sedosa. As arcadas supra-orbi-tais algo evidentes, assim como uma testa um pouco arre-dondada, dão-nos a falsa sensação de stop ligeiramentepronunciado, que, na realidade, não possui. Orelhas bemimplantadas, mas pouco repuxadas.Cauda com excelente gancho, porémnão atingindo o curvilhão. Em jeito deconclusão, e apesar de lhe encontrardetalhes muito interessantes, tais comoa imponência, nobreza de expressão ede carácter, que o fazem merecedor deExcelente, entendo, no entanto queexiste uma expressão que define o quefalta a este exemplar: – RUSTICIDADE.

Grande desapontamento para mimforam os 3 exemplares criados pelo

afixo “Faidros”, um casal inscrito na classe aberta,tendo obtido, quer o macho quer a fêmea, a qualifi-cação de Muito Bom e ainda uma Campeã à qualatribuí igualmente um Muito Bom. Sendo todosirmãos, filhos de “Multi-Campeoníssimos”, tendo,para mais, sido a referida de Classe Aberta, o Cão daSerra da Estrela mais premiado do ano passado naSuécia…

Dá que pensar, não dá? Daí a importância da pre-sença do meu colega “pupilo” sueco neste evento!

Não posso deixar de referir o excelente estadohigiénico da pelagem de todos os exemplares, não

tendo havido necessidade de recorrer aos conhecidostoalhetes, que tanto utilizo em Portugal, assim como omagnífico nível de sociabilidade revelado pelos mesmos,resultado de um estilo de vida completamente distinto damaioria dos exemplares que vivem entre nós. Os exem-plares que vi, não são “cães de canil”, são membros dafamília, que coabitam diariamente com os donos e osacompanham sistematicamente no seu dia-a-dia, factoque se reflecte, de uma forma muito clara, na relaçãohandler/cão dentro do ringue, favorecendo, assim, toda aapresentação, principalmente ao nível do movimento, oque muito me agradou. Facto que também muito meagradou, foi o Concurso (extra-Monográfica) para elei-ção dos melhores “gancho”, “orelhas”, “pelagem”,“movimento”, o que julgo ser altamente didáctico.

Porém, os julgamentos que constituíram para mim omaior desafio, mas que simultâneamente me proporcio-naram os momentos de maior comoção, talvez por serpai de três filhos destas idades e, por isso, mais gratifi-cantes e que jamais esquecerei, foram a eleição do“Melhor Jovem Apresentador”, que contou com umaentusiástica adesão de crianças dos 5 aos 12 anos, assimcomo dos seus pais, que assistiam, emocionados, a estaminha ingrata tarefa. O meu obrigado e enorme abraçopara todos!

Imediatamente a seguir, e para terminar em “beleza”,ou seja, com “a lágrima no canto do olho” (de todos), epara minha total surpresa, eis que me entregam umaenorme roseta dourada, e me pedem para a atribuir ao”Cão do meu Coração”, àquele que, por qualquer moti-vo, mais me tinha “tocado o coração” – explicaram-me…A minha escolha foi fácil e imediata, recaindo sobre aque-le, que, não fosse o infeliz facto de ser enognata, ter-se-iacertamente sagrado BIS desta Monográfica. Estou a falarde um irmão de ninhada dos dois Campeões do Clube denome “Canil Akaroa’s Beijo”, um cão quase perfeito!

Para terminar estas linhas, penso que julguei “ao meuestilo”: humano, rigoroso, mas acima de tudo DIDÁCTI-CO, como entendo ser obrigação de qualquer juiz. Pelo

menos tudo fiz por isso, através deum julgamento o mais aberto eesclarecedor possível. Espero, assim,ter dado um contributo positivo nosentido de uma melhor interpreta-ção do estalão por parte de todos osque marcaram a sua presença nesteevento, de forma a que esta mara-vilhosa raça portuguesa continue aevoluir, no bom sentido, por terrasescandinavas!!!

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 13

Monográfica da SuéciaMANUEL CORREIA

O Cão

FOT

O: S

CSE

FOT

O: S

CSE

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 714

Destavez come-çarei porfalar bem

dos juízes, pois afinal ainda existembons juízes. Se não vejamos:

Nas exposições do último ano aminha raça foi a que teve mais presen-ças, logo maior concorrência para apu-ramento do melhor da raça. Na classede cachorros foi algumas vezes aopódio. Os juízes a julgar esta classeeram es-trangeiros (óptimos juízes).Na classe de juniores também houvealguns meus irmãos que foram aopódio, mas, é claro, com juízes estran-geiros (óptimos juízes). Porém, quan-do se trata do 2.º Grupo, nunca passa-mos, nem com juízes estrangeirosnem, tão pouco, com nacionais.

Porquê? Será que somos piores doque os outros, ou será que os nossosdonos não fazem lobbies como os dasoutras raças? Será que no segundogrupo nunca houve cães da minha raçamelhores do que os de outras raças?

Como é possível, no 2.º grupo, sópassar um cão para a final, quando estetem mais raças do que talvez três dosoutros grupos juntos? Ou dividem o2.º grupo em dois ou três, ou, então,seleccionam mais do que um cão paraa final. De facto não faz sentido que,possuindo mais de 80% de inscritos emcada exposição, venha o 2.º Grupo a serrepresentado na final apenas por umaraça, quando outros grupos, que nemsequer cinco por cento representam,também têm um cão na final.

No meu pensamento canino achouma injustiça muito grande!

A minha raça é das raças portuguesascom mais registos no CPC. Inclusive,nos últimos dez anos, ao nível de todasas raças, ficou classificada entre as dezprimeiras, estando actualmente emoitavo lugar. É indiferente a modas e amedos dos humanos.

Só quero deixar mais uma perguntaaos humanos pensantes (?) do ClubePortuguês de Canicultura:

– Se os senhores juízes podem julgarcomo querem e como lhes apetece, porque razão os nossos donos não podemtambém pontuar o trabalho efectuadopelos juízes?

Max, o [email protected]

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO NACIONAL

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO CÃO DA SERRA DA ESTRELAFundada em 03/12/1986

PROPOSTA PARA SÓCIO

N.º _________________________

Nome _____________________________________________________________________ Contribuinte n.º ________________Residência ______________________________________________________ Código Postal _______ - ____ _______________Telef. ____________________ Profissão ______________________________Data de nascimento _____/_____/________ Nacionalidade ____________________________ Estado civil___________________É sócio de outro Clube de Canicultura? Qual? __________________________________________________________________Tem afixo reconhecido pela F.C.I.? Qual? __________________________________

Caso o pedido de admissão seja aprovado, aceito incondicionalmente os Estatutos e os Regulamentos, e junto envio:Jóia de 10 Euros Quota anual de 10 Euros

Referente a ___________________________________________________ Data _____/_____/________

O Proponente: ______________________________________ O Proposto: __________________________________________

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Se o meu cão

falasse...

ADAGIÁRIO

Ao cão e ao menino, carinho.

Se você for capaz…

– de começar o dia sem cafeína;– de enfrentar o dia sem estimulantes;– de estar sempre de alto astral, ignoran-

do todas as dores;– de ficar sem reclamar e sem encher as

pessoas com os seus problemas;– de comer todos os dias a mesma comi-

da e ser grato por isso;– de entender que os de sua casa estão

muito ocupados para lhe dar atenção;– de perdoar quando os seus entes queridos

descarregam em você se, por motivosde que você não tem culpa, algo deuerrado;

– de aceitar críticas e censuras sem res-sentimentos;

– de ignorar a falta de educação de umamigo, sem nunca o corrigir;

– de tratar amigos ricos e pobres da mesmaforma;

– de enfrentar o mundo sem mentiras etrafulhices;

– de vencer a tensão sem auxílio médico;– de relaxar sem ter de recorrer ao álcool;– de dormir sem precisar de remédios;– de dizer, honestamente e do fundo do

coração, que não tem preconceitos reli-giosos, raciais ou políticos;

...então, meu amigo, você tem tantas etão boas qualidades como o seu cão!

Autor desconhecido

Pedidos à: APCSE, Estrada Nacional, 37 – Boavista 2560-426 SILVEIRA, ou peloendereço electrónico: [email protected] Ao preço indicado acresce taxa de envio em vigor.

Cassete: O Cão da Serra da Estrela (Edição da APCSE)Português: € 15,00; Espanhol, Francês ou Inglês: € 20,00

Loja da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO CÃO DA SERRA DA ESTRELA

Canil Cabeço do Seixo

Criação e Selecção

de Serra da Estrela

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GarotaCampeã de Portugal

www.canilcabecoseixo.com – [email protected] Ferreira 91 920 08 78

O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Maio 2005 – N.º 7 15

Tms: 962996696 ou 966506935Email: [email protected]

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Aceitam-se reservasCachorros com pedigree, microchip, afixo “Paio Pires”,

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Criadora:

Ana Vitória RuivoProprietária:

Mercedes Geraldes – Afixo Monte do Catula –

Quinta do Rosal, Estrada de Mem-Martins, 240

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Tel. 934 586 [email protected]

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Criação de Cães da Serra da Estrela

Rua Vale de Nogueira, 13 – 1685-559 CANEÇAS

Tel.s 937 265 072 / 937 288 355

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