o campo híbrido da informação e da comunicação

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informação e comunicação

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O campo hbrido da Informao e da Comunicao

Cludio Cardoso de Paiva1

Resumo

Nas linhas que se seguem procuramos apontar alguns elementos pertinentes para uma reflexo sobre o ``campo hbrido'', formado pelas Cincias da Informao e da Comunicao. Esperamos assim contribuir para a aproximao das fronteiras destas duas reas do conhecimento que tm partilhado, h algum tempo, as dvidas, questionamentos e apostas, concorrendo juntas para um conhecimento aproximado de questes especficas da mdia, em suas conexes com os temas da cultura e sociedade. Assim, seguindo as pistas de um percurso metodolgico e epistemolgico que se mostra fecundo acerca dos problemas da informao e da comunicao, colocamos em perspectiva as empiricidades demarcadas pelas imagens da fico seriada televisiva, prestigiadas pelo pblico e crtica do Brasil e do Exterior.Introduo

Indicamos aqui a inteno epistemolgica que move o nosso enfoque no interstcio dos campos da Informao e da Comunicao, ou seja, demarcamos um ``lugar de fala'' e procuramos expor as linhas da nossa argumentao nos domnios da Informao, Comunicao e Cultura. Apresentamos assim um breve itinerrio das pesquisas sobre informao e comunicao (com nfase nos estudos de televiso), mostrando os encontros e confrontos das vrias correntes tericas; assim, no conjunto formado por diferentes teorias e metodologias, vislumbramos uma possibilidade de anlise dos produtos culturais e suas relaes com os diferentes processos miditicos, informacionais e comunicacionais. Recorremos, portanto, s vrias lentes tericas que evidenciam os saberes da Informao e da Comunicao para interpretar as ``invenes do Brasil'' pelas telenovelas e minissries.Definimos o termo ``miditico'' como expresso dos processos fsicos e imateriais geradores de informaes por meio de diferentes suportes que abrangem, por exemplo, o jornal, o livro, o cinema, a televiso e a Internet; neste processo o corpo social irradiado pelos meios de informao e de comunicao e reciprocamente, a irradiao da energia social se dissemina nos espaos miditicos. Por sua vez, a noo de ``informacional'' especifica o processo pelo qual os indivduos e grupos so informados na sociedade das redes e telas, e simultaneamente, como estes in-formam a ambincia constituda pelos meios de informao e comunicao. Enfim, o termo ``comunicacional'' distingue, especificamente, a modalidade dos vnculos, das trocas e da agregao coletiva, atravs de uma experincia comum de partilha, em sua forma mais orgnica e vitalista; ou seja, por meio de aes e discursos intercambiados, a partir dos quais os sujeitos asseguram um princpio comunitrio que confere sentido sua existncia cotidiana.

O campo transdisciplinar formado pelas Cincias da Informao e da Comunicao resultado de uma conjuno entre os vrios procedimentos metodolgicos e diferentes enfoques epistemolgicos, voltados para o conhecimento dos processos miditicos e das prticas informacionais e comunicacionais. Tendo se esboadopasso a passoao longo do sculo XX, este campo consiste num domnio que foi se definindo com mais clareza aps a segunda guerra mundial e face ``exploso da informao'', no sculo XXI, tem experimentado o concurso de novos paradigmas de anlise.2Na medida em que as tecnologias audiovisuais se incorporaram ao cotidiano dos indivduos, estas reas conexas do conhecimento se expandiram de modo vigoroso e no que respeita especificidade do seu objeto, verificamos que este ainda no se formalizou consensualmente atravs de uma identidade, que nos permitisse delimitar suas fronteiras e o seu poder de alcance.3O carter interdisciplinar do trabalho do comuniclogo, do pesquisador da comunicao e do cientista da informao demonstra a natureza de sua contingncia, ou seja, marcada pelo pluralismo das prticas e habilitaes. Trata-se de uma experincia que se realiza no contato com os vrios campos da ao pragmtica (trabalho, vida, sociedade). Deste modo, compreensvel que o feixe de reflexes tericas sobre a informao e a comunicao dificilmente se deixe apreender nos limites de um campo homogneo; as chamadas ``Cincias da Informao e da Comunicao'' se definem antes enquanto um domnio do conhecimento que abrange diferentes enfoques.

Compreendemos que a natureza dos fenmenos da informao e da comunicao polifnica e pluralista; o seu campo do saber se nutre das diferentes empiricidades da vida cotidiana, e com o apoio da antropologia, sociologia, psicologia, cincias da linguagem concorre para a decifrao das redes de sentido que organizam a realidade material e simblica.

Em nosso enfoque sobre televiso e cultura, enfrentamos o desafio de fazer um mapeamento seletivo de algumas sries de imagens de fico na TV, guisa de interpretao, com base em diversos suportes epistemolgicos; em nossas investigaes sobre mdia e cultura, encontramos um porto seguro para as nossas anlises a partir de uma iniciao no campo da Hermenutica, ou seja, das ``Cincias da Interpretao''. Numa abstrao filosfica mais rigorosa, os chamados filsofos da Interpretao, Cassirer, Ricoeur, Gadamer, entre outros, tm sinalizado direes precisas para compreendermos o sentido dos smbolos, das mitologias e suas repercusses na imaginao coletiva; apesar da altura e profundidade de suas especulaes filosficas, os hermeneutas, ocupados com as questes da realidade, representao, verdade e sentido se orientam nos domnios de uma apurada ``imaginao filosfica'', o que exige um nvel de abstrao mais complexo, entretanto contribuem para o exerccio de interpretao das culturas, tambm no contexto da dita ``sociedade da informao''.4Neste sentido concorrem tambm as obras situadas em domnios especficos, como a antropologia que mantm afinidade com os estudos hermenuticos, empenhando-se em decifrar o sentido das culturas atravs de uma etnografia que, em ltima instncia, abrange tambm os produtos de comunicao de massa e sua recepo pelos indivduos e grupos sociais com referncias histricas e culturais diferentes. Neste sentido, relembramos Clifford Geertz, ``A Interpretao das Culturas'' (1973), Berger & Luckmann, ``A Construo Social da Realidade'' (1985) e Edgar Morin, ``O Mtodo'' (1977-1991) cujas investigaes podem levar s formas de compreenso do Mesmo e do Outro, das identidades, alteridades e complexidades, rompendo as amarras do etnocentrismo, no exame dos smbolos que cimentam as culturas. O concurso dessa antropologia, em suas formulaes simblica, compreensiva, interpretativa pode despertar a percepo para a especificidade das culturas antigas ou mais recentes, lanando luzes sobre o significado das experincias materiais e simblicas do cotidiano.footnote GEERTZ, C.A interpretao das culturas. Petrpolis: Vozes, 1988 (1973); __saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Vozes, 1997 (1983); BERGER, R; LUCKMAN, T.A construo social da realidade. Petrpolis: Vozes, 1995; MORIN, E.La Mthode, vol. I,La Nature de la nature. Paris: Seuil, 1971; __O Mtodo, vol. II,A vida da vida. Portugal: Europa-Amrica, 1980; Vol.III,O conhecimento do conhecimento. POA, Sulina, 1999; __ Vol. IV, ``As Idias, Habitat, vida, costumes, organizao''. P. Alegre: Sulina, 1998 (1991).

As Cincias da Informao e da Comunicao tm recorrido a um ponto de vista interdisciplinar, ou seja, predispem-se ao dilogo com outros domnios do conhecimento, e isto influi efetivamente na construo das suas metodologias, na definio dos seus fundamentos cientficos e das suas bases epistemolgicas. Encontramos alguns autores e textos nos domnios da antropologia, sociologia, pedagogia, histria, cujos mtodos tm servido de apoio para o trabalho no campo hbrido da informao e da comunicao .5Podemos observar igualmente que os atos informativos e comunicativos se realizam em estreita proximidade com as experincias da tica, da religio, da esttica e das artes, e tudo isso circunscreve as noes de juzo, afeto, beleza e transcendncia. Consiste num desafio para as novas geraes decifrar os modos de codificao e decodificao dessas experincias na poca da televiso; neste sentido, encontramos diversos estudiosos que tm propiciado um exame das culturas luz de uma antropologia da informao e da comunicao. Os trabalhos de Vatimo ``A sociedade transparente'' (1990) e de Maffesoli ``O tempo das tribos'' (1987), entre outros, contribuem para uma anlise das maneiras como o corpo social aparece (e desaparece) na ``transparncia'' dos vidros da televiso e podem nos levar a entender como os novos modos de ``tribalizao'', em seus diversos matizes de ternura e brutalidade, invadem o espao das ``mquinas de viso''6 preciso, entretanto, indicar um certo recorte e delimitao; assim, como ponto de partida, situamos as experincias da informao e da comunicabilidade como um tipo de repetio que sinaliza o encontro cotidiano das diferenas, e percebemos que o ato da informao, no sentido anlogo comunicao, afirma sempre uma experincia que assegura a realizao de encontros, conexes e partilhas. A informao enquanto vetor de comunicabilidade, desta maneira, inscreve-se como uma faculdade de permuta, de troca e de mutualidade, implicando no ritual de aproximao de um ``esprito comum''; essa perspectiva aparece, por exemplo, em Maffesoli, ``O Conhecimento Comum'' (1988), Raquel Paiva, ``O Esprito Comum'' (1998) e Muniz Sodr, ``Antropolgica do espelho'', 20027. O que est em jogo aqui apreender como se constroem e se desconstroem as formas da atrao (e dis-trao) social em torno das imagens da televiso, e ao mesmo tempo, como os modos de agregao ou segregao coletivas se expressam na ``signagem eletrnica'' da TV; interessa-nos verificar, no plano real e simblico, como se revelam os sentidos do ``estar-junto'' na vida cotidiana; isto define o horizonte do nosso tema e o alcance de uma incurso nos interstcios da informao, comunicao, cultura e sociedade.

Informao, Comunicabilidade & Sociabilidade

O nosso trabalho se orienta pelas experincias da informao e comunicabilidade em estreita aproximao com a noo de ``sociabilidade'', isto , enquanto uma prtica preocupada com as formas de excluso e de interao social; logo, absorve, as sugestes de Michel Maffesoli (que de modo instigante usa o termo ``socialidade'') em obras como ``A Conquista do Presente'' (1979), ``O Tempo das Tribos'' (1987) e ``No Fundo das Aparncias'' (1989). No que concerne s Cincias da Informao e da Comunicao, particularmente, isto se mostra evidente nos estudos de Marcos Palcios, dentre os quais, ``O Medo do Vazio: comunicao, socialidade e novas tribos'' (1995). Encontramos essa perspectiva tambm nos textos de Adriano Rodrigues, em trabalhos como ``Estratgias da Comunicao'' (1990) e de Albino Rubim, ``Comunicao e Sociabilidade nas Culturas Contemporneas'', 2000.8Diversos estudos tm contribudo para contemplarmos as imagens da televiso enquanto vetores de uma politizao do cotidiano, como expresses do erotismo sem preconceitos ou intervenes crticas e sensveis do marketing social e cultural, enfim, a mdia pode realizar uma deflagrao de sentido numa dimenso afirmativa; isto nos estimula a interpretar e compreender fices inquietantes como ``Anarquistas graas a deus'' (1984), ``Presena de Anita'' (2001) e ``O Quinto dos Infernos'' (2002).

Optamos por uma reviso bibliogrfica comentando as obras e os textos, primeiramente para apontar as idias, conjecturas, equvocos e acertos na construo de uma epistemologia da informao e da comunicao; depois para resgatar os trabalhos vistos como ``clssicos'' na confluncia destas reas e tambm para apreciar os mais recentes, que embora tendo interesses e afinidades aparentemente estranhos entre si, tm instigado a fundamentao da pesquisa nos projetos experimentais, de iniciao e capacitao cientfica; enfim, revisitar os autores e textos, mesmo aqueles mais distantes da nossa rea de interesse, mostra-se relevante para demonstrar o rigor dos procedimentos terico-metodolgicos que tm consolidado as competncias no campo das Cincias da Informao e da Comunicao.Bases interpretativas: informao, comunicao e antropologia

O nosso argumento sobre a televiso na sociedade brasileira se apia numa estratgia metodolgica, que coloca as telenovelas em perspectiva para uma interpretao no plural da cultura brasileira. Vistas de longe, a imagens de fico nos parecem janelas para uma contemplao e compreenso das imagens do Brasil; portanto, apostamos na idia de que a contemplao dessas imagens pode despertar um conjunto de percepes, favorecendo um conhecimento aproximado do imaginrio coletivo brasileiro.

Absorvendo as sugestes da sociologia compreensiva (em autores como Durkheim, Simmel e Maffesoli) e da antropologia simblica (com Jung, Bachelard e Gilbert Durand) organizamos as nossas bases interpretativas para compreender alguns fenmenos da ``comunicao de massa'', que se prestam ao estudo de uma ``antropossociologia da informao e da comunicao''; isto , um olhar sobre os homens, seus smbolos e suas tribos nos contextos locais e globais. Neste sentido, observando a fico na TV e o seu sqito de seres imaginrios, percebemos que alm do lado matemtico, performativo e funcional dessa ``mquina de viso'', pulsa a organicidade das relaes afetivas, que simbolicamente e semioticamente, gera modos de vinculao e de sociabilidade. Neste sentido, aliamos as contribuies advindas de vrias reas do conhecimento, para decifrar o sentido das imagens televisuais, o que define antes uma postura hermenutica, interpretativa, do que uma metodologia legitimadaa prioripela funo crtica e esprito de negao.

Atualizao crtica dos estudos funcionalistas

importante aqui fazer algumas inferncias sobre os estudos da televiso que tm norteado grande parte das pesquisas de informao, comunicao e reas afins, no Brasil e no Exterior. Primeiramente para situar o leitor nos rastros de uma trajetria das Teorias da Informao e da Comunicao, mostrando as possibilidades de tratamento da informao e da comunicao como um campo interdisciplinar dotado de rigor cientfico; depois, para indicar os atropelos, iluminaes, erros e conquistas desse campo do saber que, por sua vez podem engendrar novas curiosidades e descobertas. Mesmo correndo o risco de tornar o texto inflacionado pelas citaes excessivas, optamos pelo trabalho paciente de resgatar autores, textos e referncias que podem estimular a persistncia na investigao cientfica ou mesmo uma atualizao crtica desses estudos, principalmente para as jovens geraes de pesquisadores.

De sada, como de praxe em nosso campo, observamos que se inscrevem de maneira pioneira os estudos funcionalistas, marcados pelas pesquisas empricas, de cunho estatstico e quantitativo, voltadas para as anlises de contedo (com base nas epistemes da sociologia positivista, psicologia do comportamento e cincia poltica). Ali o que est em jogo so as causas, os efeitos, a utilidade e funcionalidade de um esprito cientfico ocupado com as enquetes eleitorais, pesquisas de opinio e mercadologia. Verificamos, ento, que o funcionalismo mostra-se etnocntrico e moralista, ou seja, prescreve um modelo de como ``as coisas devem ser'', sem aceitar as dinmicas transformaes que ocorrem no mundo vivido; parte de uma viso de mundo fechada e narcisista, deduzindo que a sociedade e a cultura podem ser explicadas a partir de um nico paradigma cientfico. Entretanto, julgamos interessante revisitar essa ``escola'' primeiramente porque muitas vezes as tcnicas e mtodos inovadores, ``ingenuamente'' ou ``equivocadamente'', mantm-se funcionalistas, apesar das intenes crticas ou compreensivas; depois porque implica num modelo de informao e comunicao que ainda tem estabelecido as regras para o saber-fazer em Jornalismo, Radialismo, Relaes Pblicas, Biblioteconomia, Turismo, Cincia da Informao, dentre outros cursos e habilitaes.

Na gnese dessa abordagem encontramos os textos clssicos de Lasswell, Katz e Lazarsfeld, entre outros, que prepararam os ingredientes, construram os modelos, e definiram caminhos e direes, elaborando as premissas tericas e metodolgicas do que viria a ser mais tarde, o paradigma clssico da Comunicao. Muitos desses textos foram compilados por Gabriel Cohn, na antologia ``Comunicao e Indstria Cultural'' (1977) e por Luiz Costa Lima, na coletnea ``Teoria da Cultura de Massa'' (1982), e tm apoiado a pesquisa no Brasil por vrias dcadas, mas percebemos que precisam ser relativizados9. So trabalhos que se orientam a partir de uma apologia da persuaso, dos efeitos e das influncias comportamentais, enfatizando a hegemonia do emissor ou do meio sobre os receptores. Ou seja, conformista e cmplice na manuteno do ``status quo'', das regras excludentes do sistema poltico prevalente e acrtico face s engrenagens recessivas do (neo)liberalismo; ou seja, demonstra-se frgil ante complexidade do real histrico. Essa perspectiva, tambm citada como uma ``Teoria dos Efeitos'', se apia num prisma terico indiferente participao ativa do pblico e s interaes sociais; alm disso, suas experincias e seus recursos terico-metodolgicos no podem distinguir o ``miditico'' (o lgico, mecnico e performativo), o informacional (o capilar, intertextual e interconectivo), e o ``comunicacional'' (o afetivo, orgnico e interagente).

Numa perspectiva oposta, o tema das interaes sociais, ou seja, o enfoque das convergncias e confrontos no mbito da informao-comunicao e processos socioculturais, algo que, em solo norte-americano, faz parte dos estudos do ``interacionismo simblico'', e se expressa na chamada ``Escola de Chicago'', representada, sobretudo, por autores como Herbert Mead, na obra ``Mind, Self e Society'' (1934) e Herbert Blummer, na obra ``Symbolic Interactionism'' (1969). Num amplo projeto que se dedica a entender as formas de sensibilidade e os estilos das mentalidades, os ``interacionistas simblicos'' procuraram analisar as ``nervuras do real'' histrico, considerando os diversos segmentos culturais.

No fim das contas, verificamos que no h um bloco terico-metodolgico unificado nos estudos norte-americanos; ou seja, no obstante, o mtodo funcionalista permanecer hegemnico, a ``Escola de Chicago'', assim como a ``Escola de Iowa'', e a ``Escola de Palo Alto'', tambm preocupadas com o problema das interaes sociais, simultaneamente persistiram nas ``anlises qualitativas'' propiciando enfoques menos generalistas e mais especficos dos processos informacionais e comunicacionais.10Teoria da Informao: ordem e desordem, rudo e interatividade

Conviria apontar a distino da ``Teoria da Informao'' (Norbert Wiener, 1950), caldatria do ``paradigma clssico'' e apoiada num construto terico das cincias exatas, que busca quantificar e regular os fluxos de informao, eliminando o ``rudo'' e a ``entropia'', assegurando o ``feed back'' no processo da comunicao; essa perspectiva que se define a rigor a partir de uma ``Teoria Matemtica da Comunicao'' (Shannon & Weaver, 1948), fundamental para a compreenso das relaes entre ``Ciberntica e Sociedade'', ou seja, as ligaes entre o corpo social e as suas extenses ou prteses tecnolgicas, que tm dado o tom nos debates da comunicao e sociedade do sculo XXI.11Tendo evoludo no campo das chamadas ``cincias duras'' a ciberntica teve papel fundamental no desenvolvimento tecnolgico, gerando as aparncias de um mundo modernizado, mas que contm fissuras e fragmentaes. Nesse contexto, a noo de ``ciberntica social'', confiante nos dispositivos tcnico-instrumentais como vetores de desenvolvimento social, esbarra numa srie de entraves como a verticalidade das estruturas do poder econmico, poltico e cultural. Em todo o caso, fertilizou o campo da comunicao utilizando noes como o ``feed back'' (ou ``retroalimentao''), que serviriam futuramente como uma alavanca metodolgica para os estudos de mediao na recepo das mensagens.

Luis Beltrn, no conhecido texto ``Adeus Aristteles'', critica o paradigma clssico, visto como um modelo de (informao e) ``comunicao vertical'', enquanto uma prtica autoritria, elitista unidimensional, e prope um modelo utpico de (informao e) ``comunicao horizontal'', democrtica, popular e comutativa; a perspectiva de Beltrn, entusiasta, por exemplo, das idias do pedagogo Paulo Freire, voltada para a interao social.12Logo, percebemos que a dimenso ``interativa'' dos processos de informao e comunicao um ideal perseguido pelos mais variados estudiosos, desde a aurora das primeiras pesquisas. No toa que os autores da recepo iro retomar as leituras de um autor cioso do poder do emissor, como Lasswell. Tampouco de se espantar as utilizaes feitas por um pensador crtico e inventivo, como Edgar Morin, que retoma a ``teoria da informao'' (stricto sensu) na construo da sua ``teoria da complexidade''. Hoje, com o advento das novas tecnologias (Internet, celulares, TVs interativas), alguns autores como Pierre Lvy, acenam para a tese de que a utopia estaria em vias de realizao, com o advento da ``interatividade''; outros, mais cticos, como Paul Virilio, enxergam ali, apenas novas modalidades de controle e de alienao; contudo, isto algo que se presta ainda a muitas controvrsias e exigiria um exame mais detido.13No momento, estudando a televiso e a fico seriada, a noo da ``interatividade'', estimulada pelas tecnologias da informao, serve-nos como dispositivo metodolgico para examinarmos os nveis de experincias ticas e estticas geradas, por exemplo, pela chamada ``fico interativa''.14Fazemos uso da noo de ``rudo'', tomando-a de emprstimo da ``Cincia da Informao'', mas a empregamos aqui num sentido particular, observando os modos de efervescncia e vitalismo social; partimos do pressuposto que o ``rudo'' do social possui uma dimenso afirmativa, na medida em que discute e critica a hegemonia dos poderes estabelecidos e promove as atividades de informao, de comunicabilidade e de sociabilidade; alis, essa uma das premissas que mobiliza a nossa argumentao. Relembramos, por exemplo, que no episdio do ``impeachement'', o rudo provocado pelos jovens ``cara pintadas'', tanto na concretude do cotidiano quanto no simulacro da minissrie ``Anos Rebeldes'' (1992), foi algo que, em ltima instncia, serviu de estmulo tanto para o resgate do princpio comunitrio quanto para a construo da cidadania. Num outro registro, relembramos que as passeatas das mulheres unidas nas ruas contra a violncia sexual, tanto na ``vida real'' como na vida imaginria da minissrie ``Quem ama no mata'' (1982), so signos de um rudo afirmativo. De maneira similar, o rudo provocado pelo personagem do Senador Caxias, encarnado na pele do ator Carlos Vereza, na o; aqui tambm, esse rudo tem uma funo positiva. Assim, invertendo os termos da Teoria (tradicional) da Informao, onde o ``rudo'' emperra a comunicao telefnica, uma perspectiva compreensiva concebe o ``rudo'' positivamente, como um vetor de evoluo das formas de participao social.

Seria pertinente ainda, mencionar os desdobramentos das teorias e prticas advindas da Teoria da Informao e da Ciberntica, remontando ao esprito anrquico-criativo dos jovens cientistas norte-americanos, que possibilitaram o advento dos ``computadores pessoais'', as experincias da ``cibercultura'' e da ``interatividade''; ou seja, virando do avesso o maquinrio conceitual e operacional, aqueles jovens da Califrnia revolucionaram os conceitos de informao e comunicao, resgatando-os de sua circulao restrita aos acadmicos e militares, e oferecendo-os utilizao pblica, como demonstra Manuel Castells, em ``A sociedade em rede'', primeiro volume da trilogia ``A era da Informao - Economia, Sociedade e Cultura''.15Informao, Comunicao, cultura e desenvolvimento sustentvel

Desde o fim da segunda guerra mundial, podemos detectar no filo das pesquisas em Cincias Sociais (como base para as Cincias da Informao e da Comunicao.), a chamada ``Teoria do Desenvolvimento'', que nasceu com matizes funcionalistas, sob os auspcios do Estado norte-americano, como expressam os trabalhos de Daniel Lerner e Evereth Rogers, respectivamente, ``The Passing of Traditional Society - Modernization in the Middle East'' (1958) e ``Mass Media and interpersonal communication'', 1973 .16Em linhas gerais, essa teoria originalmente visava habilitar os recursos humanos na transferncia, difuso ou extenso de informaes nas reas urbanas e rurais. Assim, tinha por objetivo a adaptao das populaes carentes ao mundo urbano e industrializado, considerando os efeitos ``benficos'' dos meios de comunicao.17As perspectivas do ``extensionismo'' e do ``difusionismo'' forneceram as bases para a implementao de vrios cursos de Mestrado em Comunicao no Brasil, inclusive o da Universidade de Braslia, em 1974, com a rea de concentrao criada sob a rubrica de ``Comunicao e Desenvolvimento''. O enfoque da Informao, Comunicao e Desenvolvimento persiste como um eixo temtico que se mostra pertinente; mas a sua atualizao perpassa necessariamente por uma autocrtica de sua postura, cuja gnese contm traos fortemente etnocntricos, centralizadores e positivistas.18Hoje, a prxis terica da informao e da comunicao voltada para o desenvolvimento sustentvel, atualiza a sua mirada epistemolgica nutrindo-se das inovaes nos terrenos da histria, linguagem e cultura, sem esquecer as bases da economia, poltica e sociedade .19No que respeita ao estudo das ``imagens da TV'', essa perspectiva pode estimular uma discusso sobre os paradoxos do desenvolvimento no contexto das culturas globalizadas, o sentido da modernizao cultural das sociedades em desenvolvimento e as modulaes do neoliberalismo face aos estilos de desenvolvimento regional. interessante observar que as imagens da realidade histrica caracterizada pelos desnveis socioeconmicos e polticos ou pelos abismos que separam a ``modernidade cultural'' e o ``atraso social'', aparecem sob a forma dos simulacros nas fices seriadas, e podem ser reveladoras das tenses e conflitos tambm no terreno da cultura; ver, por exemplo, as minissries como ``O Pagador de Promessas'' (Dias Gomes, 1988), ``O Bem Amado'' (Gomes, 1983) ``Lampio e MariaBonita'' (Aguinaldo Silva & Doc Comparato, 1982) e tambm em telenovelas como ``Pecado Capital'' (1976), ``Tieta'' (Aguinaldo Silva, 1989/90) e ``O Rei do Gado'' (Benedito Ruy Barbosa, 1996/97).Da teoria da dependncia ``revanche das culturas''

Encontramos um repertrio significativo de textos advindos de outras escolas e autores, cujas noes e conceitos se orientam a partir de uma avaliao crtica, considerando a modulao das formas ideolgicas encarnadas pelo Estado, pelo sistema econmico ou pela razo tecnolgica; em sintonia com esse filo epistemolgico, so formuladas as crticas do ``imperialismo'', dos diversos tipos de ``colonizao'' (nos nveis externo e interno) e de ``dependncia cultural''. No campo das Cincias da Informao e da Comunicao, a chamada ``Teoria da Dependncia'', derivada dos estudos de economia, poltica e sociedade, principalmente nos anos 70, estabeleceu-se como uma referncia importante para as pesquisas; essa perspectiva de anlise no homognea e se orienta com base em diversas vertentes cientficas: leituras de Marx, Althusser, Gramsci, Lukcs serviram de base para os estudos sociais dos produtos culturais e foram aproveitados pelas pesquisas de (informao e) comunicao. Seja como denncia do Estado autoritrio, seja como suspeita do sistema econmico ou como crtica das disparidades socioeconmicas e socioculturais, partindo de prismas distintos, esses estudos estrategicamente definiram uma rea de interesse, conhecida sob a rubrica de ``Comunicao & Poltica'' '.20No que concerne ao nosso trabalho, a preocupao com as relaes entre cultura e poltica no se coloca aqui de maneira explcita; tratamos do tema em nossa dissertao de mestrado: ``Trama Cultural dos anos 80: um estudo da produo cultural antes, durante e aps o AI-5'' (1984). Agora, apreciando a televiso e alguns matizes da cultura brasileira, examinamos as representaes do poder e suas ramificaes no cotidiano, pelo vis da desconstruo, carnavalizao e stira poltica atravs dos ``simulacros'' da teledramaturgia, o que aparece com evidncia, em produtos como ``Roque Santeiro'' (1985), ``O Rei do Gado'' (1996) ou ``Porto dos Milagres'' (2001).

No que concerne Informao e Comunicao, especificamente televiso, encontramos na maioria dos estudos crticos, caractersticos dos anos 70/80, uma tendncia para analisar os produtos desse meio em expanso sem assistir os programas, e genericamente, observamos que tais abordagens tendem a colocar os meios de informao e comunicao sob suspeita; esses estudos so pioneiros e naturalmente absorveram o ``esprito do tempo'' que os tornou possveis, portanto, vem a televiso em seu aspecto de alienao e massificao, mas permanecem como referncias fundamentais no estudo da informao, da comunicao e da sociedade.21Contudo, novas perspectivas tm-se esboado, buscando enxergar as relaes entre informao, comunicao, poltica, cultura e sociedade por outros prismas.22H trabalhos que, muito embora sejam voltados para outros objetos, como as Histrias em Quadrinhos, serviram bastante como matrizes dos estudos sobre outros produtos culturais, principalmente nos anos 70/80 e hoje so pertinentes, em primeiro lugar porque permitem-nos enxergar ``deslocamentos'' e ``rupturas'' importantes no campo da comunicao e cultura; depois porque inspiram um dilogo fecundo a partir de perspectivas bem distintas, e finalmente porque j mostram a germinao de enfoques especficos num campo do saber em amadurecimento; dentre os quais, destacamos Dorfman & Mattelart, ``Para ler o Pato Donald''(1980); Miranda, ``Tio Patinhas e os Mitos da Comunicao''(1976); Lins da Silva, ``Muito alm do Jardim Botnico''1985.23A Escola de Frankfurt e outros enfoques crticos

Ainda no solo de uma epistemologia crtica, com matizes diferentes, a Escola de Frankfurt, particularmente atravs das teses de Adorno e Horkheimer, engendrou uma srie de dispositivos terico-metodolgicos visando denunciar as formas de ``alienao'' disseminadas pela chamada ``indstria cultural .24Nesse contexto caberia chamar a ateno para a singularidade de Walter Benjamin, muito apressadamente includo nessa classificao frankfurtiana, mas que apresenta anlises dialticas, muito estimulantes para observarmos, por exemplo, os personagens e as figuras no cenrio catico da modernizao industrial e seus agenciamentos que asseguram estilos autnomos de subjetividade e de sociabilidade, numa cultura que mesmo tendo perdido a sua ``aura'' clssica, romntica, religiosa, experimenta o gozo esttico num cotidiano audiovisual em dinmica transformao. Em nossas investigaes, utilizamos principalmente os textos ``A Obra de Arte na poca de sua reprodutibilidade tcnica'' (1936), ``A modernidade'' (1968), ``Haxixe em Marselha'' (1935) e ``Paris, capitale du XIXme sicle'', 1939 .25Hoje, alguns epgonos buscam atualizar a ``Teoria Crtica'', por meio, principalmente, dos trabalhos de Habermas; suas idias nos so valiosas tambm para delimitar as distines entre o ``espao pblico'' e o ``espao privado'' no contexto da chamada ``idade mdia'', em que as fronteiras entre a intimidade e a publicidade parecem se confundir, como demonstra o trabalho ``Mudana Estrutural na Esfera Pblica''(1962). O rigor das teses propostas por Habermas, apresenta os conceitos de ``razo comunicativa'', ``agir comunicacional'' e ``competncia comunicativa'', como elementos de uma conscincia crtica para estabelecer um ``consenso'' que fizesse face s desordens do capitalismo tardio, sob a forma do neoliberalismo.26Entretanto o esforo de recuperar um projeto iluminista que pudesse desatar os ``ns'' da chamada ps-modernidade nos parece problemtico. O esquema genrico que procura reestabelecer a unidade do esprito iluminista parece difcil de se sustentar num mundo caracterizado pelos princpios hedonistas da sociedade de consumo; alm do que, a idia do ``consenso'' apreciado por Habermas, remete invariavelmente s formas autoritrias que em nome do esclarecimento propiciou diversas formas de barbrie. Mas, nesse sentido, caberia apontar os esforos de Richard Sennet, leitor de Habermas, no livro ``O declnio do homem pblico, As tiranias da intimidade'' (1988); esse enfoque pertinente, entre outros motivos, porque nos permite dialetizar as relaes entre o individual e o coletivo, o intimista e o publicitrio, o subjetivo e o consensual .27A dimenso crtica permanece essencial e necessria no campo hbrido da informao e da comunicao; s vezes, aparece ressentida, como no livro de Bourdieu, ``Sobre a Televiso'' (1997), outras vezes, mostra-se mais perspicaz e vigorosa, como nos estudos sociolgicos de Andr Akoun, como ``A Iluso Social'', 1989 e nos textos filosficos de Henri-Pierre Jeudy: ``Os ardis da comunicao, a eutansia dos sbios'' (1990), ``A comunicao sem sujeito'' (1994) e ``A ironia da comunicao'', 1996.28A Galxia de McLuhan

importante situar aqui os trabalhos controversos do canadense Marshall McLuhan, que de incio se mostrou crtico em relao s tecnologias, no livro ``A noiva mecnica, o folclore do homem industrial'' (1951), em seguida passou apologia principalmente nos trabalhos ``A Galxia de Gutemberg'' (1972) e ``Os Meios de Comunicao como Extenses do Homem'', 1974.29Para os mais cticos, McLuhan exagera no fascnio pela ``vida tecnolgica'', mas inegvel a empatia que provoca sobre geraes mais jovens; McLuhan fala a linguagem que a juventude gosta de escutar; mas a sua postura acrtica e conformista terminou servindo para enquadr-lo no time dos ``integrados'', conforme escreve Umberto Eco; alis, o prprio Eco lhe dedicou um artigo com ttulo em latim, ``cogito interruptus'' (1973), empenhado na denncia do discurso fragmentado do terico canadense .30De fato, McLuhan sempre gozou de prestgio nos EUA, sendo preterido pelos europeus; no Brasil, despertou muitas suspeitas, dentre as quais a de Gabriel Cohn, que apresenta uma leitura crtica do terico canadense, no artigo ``A anlise estrutural da mensagem'', 1977.31Mais recentemente, Arlindo Machado, retoma os termos de uma discusso crtica sobre as idias de McLuhan, em ``Televiso levada a srio'', 2000. ECO, U. ``O cogito interruptus''. In:Viagem na Irrealidade Cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Por sua vez, Maffesoli parece se inspirar nas idias de McLuhan para construir as suas teses sobre a ``tribalizao do mundo'' e as novas geraes de pesquisadores atrados pela performatividade das novas tecnologias, encontram em McLuhan ``insights'' valiosos para as suas anlises; percebendo o carter performativo da mdia que cria os ambientes interativos; citamos, por exemplo, Marcos Palcios ``Memria do Aqurio: Comunicao e Sociabilidade em McLuhan para uso e abuso dos comuniclogos'' (1992) e Andr Lemos que, preocupado com os temas da cibercultura, tem utilizado, de modo frtil, as sugestes mcluhanianas, em trabalhos como ``As Estruturas Antropolgicas da Cibercultura'' (1995) e ``Anjos interativos e retribalizao do mundo'', 1998.32Algumas das idias de McLuhan nos tm sido teis para repensarmos a modalidade de sinergia gerada pelas imagens eletrnicas, na observao dos cones da TV como extenses dos afetos, emoes e sentimentos, e no exame dos produtos de fico, como objetos estticos e tecnolgicos.

As Cincias da Linguagem e os Processos de Significao

No longo itinerrio das pesquisas sobre televiso encontramos as contribuies das ``Cincias da Linguagem'', cujas noes e conceitos servem de alavancas metodolgicas consistentes para examinar as estruturas e o funcionamento deste meio eletrnico. Antes de qualquer coisa, gostaramos de avanar a nossa apreciao deste enfoque que seduz pela beleza do estilo, mas que se distingue, sobretudo, pelas rupturas e deslocamentos que realiza na esfera dos saberes da informao e da comunicao: a Linguagem aqui deixa de ser um mero instrumento de falas e discursos, e passa a se constituir como a condio para a entrada do Ser na ordem da cultura. As chamadas ``Teorias da Significao'' nos alertam para o fato de que as imagens da televiso possuem condies de ``vizibilidade'' e de ``dizibilidade'': elas nos falam e nos vem, ao mesmo tempo em que as vemos e falamos (com e) sobre elas. Isto tem repercusses profundas na compreenso das relaes recprocas entre o sujeito de experincia (no caso, o telespectador) e o seu objeto virtual (as narrativas de fico).

Em seus diversos matizes, sejam hermenuticos, analtico-interpretativos, de cunho mais formal ou estruturalista, as vrias vertentes, distintamente, tm gerado estudos conseqentes, (desde a semiologia estrutural, com Saussure, Barthes, Benveniste, Jakobson, Vern, etc.) at as anlises semiticas mais recentes, dos textos de Umberto Eco e os estudos lusitanos, como os de Adriano Rodrigues, ``Introduo Semitica'' (1991), Antnio Fidalgo, ``Semitica, A Lgica da Comunicao''(2000) e Paulo Serra, ``Informao e Sentido'', 1999 .33Observamos que grande parte dos semioticistas, mesmo educados conforme as regras da semiologia orientada pela Lingstica (como Eco e Vern), absorvem as sugestes da Semitica (informada pela lgica matemtica) segundo os postulados de Peirce, estabelecidos em obras como ``Collected Papers'' (1868); ``crits sur le Signe'' (1978), ``Semitica'' (1977) e ``Como tornar claras as nossas idias'', 1878.34Diferentemente de outros pensadores, que trataram da ``Filosofia da Linguagem'', a obra de Peirce permanece ``esotrica, prisioneira de uma terminologia fatigante e portadora de uma abstrao extrema''; entretanto, tem servido de base para fundamentar as pesquisas de informao e comunicao. Em nosso trabalho, assimilamos as influncias dos estudos de linguagem por outro vis epistemolgico; porm, mencionamos a contribuio de Peirce, com respeito para com o domnio de um saber legtimo, que tem gerado trabalhos fecundos no campo das Cincias da Informao e da Comunicao, podendo, portanto, ser consultados no exerccio da interpretao.35Colocando em discusso os cdigos, os signos, as formas simblicas, as cadeias de significao, os modos de produo de sentido, os estudos de linguagem nos permitem compreender as montagens e desmontagens dos significados formalizados pelos meios de informao e de comunicao, e simultaneamente, de modo pragmtico, podem revelam os mecanismos discursivos que gerando atuaes eficientes dos processos informacionais e comunicacionais. As contribuies da Filosofia da Linguagem foram efetivas, em nossa anlise, para o entendimento da produo, circulao e recepo das imagens de fico, em seus diferentes estgios, para o trabalho de interpretao da forma e sentido dos produtos culturais, e para desvendarmos os estilos de subjetividade e de sociabilidade presentes nas narrativas; alm disso, as noes de ``discurso'' e de ``argumentao'' (e as formas de sua ``aplicabilidade'') parecem-nos dispositivos competentes para o acesso interpretao das culturas. Especificamente, apontamos alguns autores e obras que nos permitiram enxergar as relaes de linguagem e sentido no corpo da fico seriada, como Maingueneau (1989), Todorov (1981), Ducrot (1987), Pcheux (1988), Foucault (1973) e Bakhtin.36Encontramos inmeras pesquisas brasileiras, de cunho qualitativo, realizadas no mbito da ``Anlise de Discurso'', cuja persistncia tem definido uma linha evolutiva nos estudos da rea; dentre os quais destacamos o trabalho rigoroso de Antonio Fausto Neto.37Numa perspectiva anloga, os textos de Jos Luiz Braga nos parecem instigantes, principalmente pelo rigor na construo lgica do sentido e pelo refinamento na elaborao da linguagem; no que concerne aos produtos culturais, a sua perspiccia na avaliao crtica e postura compreensiva tm nos orientado no trabalho de interpretao.38Lembraramos aqui, das pesquisas de Maria Aparecida Baccega que tem experimentado o concurso de saberes distintos tais quais ``Comunicao, Educao e Linguagem'', interessando-se ainda pelos estudos de fico televisiva seriada, sobre o que tem dedicado trabalhos relevantes apoiando-se no campo das ``teorias da recepo''39Embora a nossa conduta na pesquisa no siga necessariamente a linha investigativa fertilizada pelos estudos de ``Informao, Comunicao e Linguagem'', este enfoque nos iluminou o caminho permitindo-nos perceber as relaes de sentido produzidas no encontro-confronto entre a mdia e a sociedade, o simblico e o semitico, o desejo e a representao.

Teorias da Recepo

Examinando as experincias da informao e da comunicao enquanto atividades relacionadas diretamente com os efeitos de sentido gerados pelas imagens da televiso, percebemos como essa ``mquina de viso'' celebra constantemente a simulao do consenso, como se todos coubessem num ``padro global''; mas, enquanto isso, no plo da recepo, a experincia dos telespectadores nos leva a pensar sobre o carter diferencial de ``mediao'' dos processos informacionais e comunicacionais. Como sugerem, por exemplo, os estudos de recepo das mediaes culturais, propostos por Martn-Barbero, em livros como ``Dos meios s mediaes'' (1989) e ``Os exerccios do ver'' (2001), os atos informativo e comunicativo perfazem-se, sobretudo, base de acordos, permutas e negociaes; ou seja, atravs de distintas formas de apropriao.40Ou seja, por um lado, a mdia fabrica sistematicamente as noes de tempo, espao, cotidiano e realidade, que se irradiam na esfera social; mas, por outro, os processos miditicos no se limitam s estruturas tcnicas e instrumentais; realizam-se, sobretudo, no calor dos procedimentos informativo-comunicacionais, o que inclui os agenciamentos humanos, individuais e coletivos, com seus vnculos, conexes, sangue, suor e vitalidade.

No podemos deixar de perceber as influncias recprocas entre a mdia e a sociedade durante o episdio do ``impeachment'' do Presidente Collor e a exibio da srie ``Anos Rebeldes'' (Gilberto Braga, 1995) e por fim, relembramos as inmeras campanhas de ``marketing social'' promovidas em conjunto por diversas fices. Rememoramos, a propsito, as fices de ``Brilhante'' (Braga, 1981/82), ``Vale Tudo'' (G. Braga, 1988/89), ``Por Amor'' (Manoel Carlos, 1997/98) e ``O Clone'' (Glria Perez, 2002), alertando para os problemas do alcoolismo; ``Dancing Days'' (Braga, 1978), contra os malefcios do cigarro; ``Explode Corao'' (Perez, 1995/96), na denncia das crianas desaparecidas; ``Sinal de Alerta'' (Dias Gomes, 1974), no que concerne preocupao ecolgica e a minissrie ``Quem Ama no Mata'' (Euclydes Marinho, 1982), com relao resistncia das mulheres contra a violncia. Os exemplos se multiplicam diariamente e servem para mostrar como os laos que renem a produo e o consumo das imagens so mais fortes do que se imagina.

O desafio que se apresenta para o pesquisador, face fabricao das imagens, smbolos e simulacros da TV, distinguir os estilos de informao, comunicabilidade e sociabilidade que a mdia eletrnica propicia; ou seja, entender de que maneira a mdia estimula ou inibe as formas tradicionais da atrao social, como traduz de modo fidedigno as novas modulaes dos laos comunitrios e em que medida incorpora os discursos capazes de desvelar os jogos de linguagem entre os indivduos e grupos na dita ``era da informao'' tornando o receptor ativo no processo miditico. Nesta empresa, convm, considerar simultaneamente as formas do sonho e as formas de viglia que animam o cotidiano dos indivduos, apreciando as imagens em sua dimenso afirmativa, como poticas tecnolgicas que participam ativamente na economia de trocas simblicas.

No podemos esquecer que a evoluo dos estudos de recepo se deve bastante s influncias dos estetas da recepo, que imprimiram inovaes importantes na crtica literria e nos estudos culturais, em geral.41O ``interacionismo simblico'', guardadas suas especificidades, aparece-nos em convergncia com alguns eixos temticos revisitados pelos chamados ``cultural studies''; esses estudos anglo-saxnicos que se inscrevem em reas distintas no tempo e no espao, so representados por autores bem diferentes, mas podem contribuir vigoramente nos estudos de informao e comunicao. So obras que se deslocam desde os trabalhos de Raymond Williams, como ``Los mdios de comunicacin social''(1976)``Marxismo e Literatura'' (1979) e ``Cultura'' (1992) at as leituras diversas do chamado ``ps-colonialismo'', como as de Jamelson, ``Ps-modernismo: a lgica cultural do capitalismo tardio'' (1996) Said, ``O Orientalismo'' (1998) e Featherstone, em ttulos como ``Cultura de consumo e ps-modernismo'' (1995) e ``O desmanche da cultura: Globalizao, Ps-Modernismo e Identidade'',1997.42A idia de ``cultura'', em sua pluralidade e diversidade, como um fenmeno da representao, como educao, ilustrao e esclarecimento, em vigor desde a Grcia antiga at o Renascimento, cede lugar a uma outra acepo, que marca uma autonomia e uma diferena, exprimindo-se como algo em permanente elaborao na construo social do cotidiano; o dilogo virtual entre essas tribos de autores diferentes pode contribuir para entendermos como gradativamente o campo hbrido da informao e da comunicao foi se formando, atravs de uma elucidao das distintas maneiras do pensar, dizer e agir informativo-comunicacionais.

Encontramos muitas afinidades com a ``teoria da recepo'' (particularmente, nas vozes de Barbro, Canclini e Orozco) e com a ``sociologia compreensiva'' (principalmente em Simmel e Maffesoli). A preocupao com as mediaes, os hibridismos, o reconhecimento das formas orgnicas e vitalistas traduzindo formas de subjetividade e de sociabilidade, fornecem as substncias conceituais para a redefinio do campo misto da informao e comunicao iluminado pelo ``esprito comum'', que acolhe leituras as mais variadas. Assim, esse feixe de linhas tericas, de certo modo, tem nos auxiliado a perceber arestas especficas das ``culturas locais'' e os seus problemas de ``identidade''. A recorrncia que fazemos aqui aos diferentes autores e textos permitem-nos verificar a diversidade dos saberes e fazeres locais (e globais) em suas feies urbanas, perifricas, regionais e universais. Essas referncias concorrem aqui tambm para um entendimento do modo como se realizam as modalidades especficas de recepo das imagens da TV, de acordo com os cdigos regionais e as particularidades histricas, econmicas, polticas e culturais.

Notas de rodap

... Paiva1Departamento de Comunicao - UFPB

...alise.2Para entender a evoluo histrica deste domnio do conhecimento que se sustenta h mais de cinco dcadas, encontramos diversas obras individuais e coletivas, e citaramos alguns ttulos mais expressivos nesta rea: BOUGNOUX, D.Introduo s Cincias da Informao e da Comunicao. Vozes, 1994; __ Sciences de l'Information et de la Communication. Paris: Larousse, 1995; __ Introduo Cincia da Comunicao. S. Paulo: EDUSC, 2000; MATTELART, A.Histria das Teorias da Comunicao. Lisboa:

Uma das grandes preocupaes no campo hbrido das Cincias da Informao e da comunicao, de fato, tem sido definir uma identidade, a natureza do seu objeto e o seu campo de ao; vrios estudiosos tm examinado esses problemas, propiciando elucidaes bem pertinentes. Notamos que uma abertura para o dilogo tem sido proposta por alguns autores, como: por exemplo: LOPES, M. I. V.Pesquisa em Comunicao: Formulao de um modelo metodolgico. S. Paulo: Loyola, 1990; MIGE, B.O pensamento comunicacional. Petrpolis: Vozes, 1999; MUNIZ SODR.Reinventando a cultura, A comunicao e seus produtos. Petrpolis: Vozes, 1996; FAUSTO NETO, A; PRADO, J.L; PORTO, S. D.Campo da Comunicao: Caracterizao, Problematizaes e Perspectivas. Joo Pessoa: Ed. UFPB, 2001; BRAGA, Jos Luiz. ``Lugar de fala como conceito metodolgico no estudo dos produtos culturais''. In: RevistaMdias e processos socioculturais. Porto Alegre: UNISINOS, 2000; MARTINO, L.C. ``Interdisciplinaridade e Objeto de Estudo da Comunicao''. In: FAUSTO NETO et alii (org.)Campo da Comunicao, 2001.

...ao''.4Revisitar os pensadores e os textos neste campo do saber tem sido fecundo para nos situar num nvel de reflexo mais apurado, por exemplo, sobre o ``logos'' e o ``mito'', o conhecimento filosfico, cientfico e o ``senso comum''; enfim, um filo que se presta enquanto um manancial extraordinrio para quem se predispuser a utiliz-los tambm no tratamento de questes especficas, como a informao e a comunicao de massa. Nesse sentido, citaramos os trabalhos de Ernest CASSIRER, E.Linguagem e Mito. S. Paulo: Perspectiva, 1972, GADAMER, H.G.Verdade e Mtodo. Petrpolis: Vozes, 1997; __A atualidade do belo-arte como jogo, smbolo efesta. Tempo Brasileiro, 1985; RICOEUR, Paul.Interpretao e ideologias. Rio: Francisco Alves, 1983; __O conflito das interpretaes. Rio: Imago: 1985; sugerimos a propsito tambm a leitura profcua de Emerich CORETH,Questes Fundamentais da Hermenutica. S. Paulo: Edusp, 1969, e PALMER, R.Hermeneutics. Evanston, Northwestern University Press, 1972. Para uma primeira leitura dos problemas da hermenutica, recorremos a JAPIASSU, H.Introduo ao pensamento epistemolgico. Rio: Francisco Alves, 1979. No Brasil, a Hermenutica ilumina o campo da Comunicao, por exemplo, nos trabalhos de Srgio DAYRELL PORTO, desde a sua dissertao de mestradoA nova opulncia das Geraes, S.Paulo: Cortez, 1984, at estudos mais recentes comoSexo, afeto e tecnologia, Braslia: Ed.UnB, 2000; ver igualmente, ``Estudos culturais da comunicao: tendncias europias e norte-americanas''. In: MARQUES DE MELO, J.Teoria e Pesquisa em Comunicao: Panorama Latino-americano. S. Paulo: Cortez/INTERCOM, 1983. Incluiramos aqui os trabalhos de Wilson GOMES, que se destaca pelo rigor no tratamento lgico e filosfico dos temas da Informao e Comunicao; ler, dentre outros: GOMES, W. ``A pergunta e o discurso sobre o real na crise da Modernidade''. In: RUBIM, A. (org.)Idade Mdia. Joo Pessoa: UFPB, 1995. Ler ainda: VALVERDE, Monclar. ``A plasmao do sentido''. In: FAUSTO NETO, A; BRAGA, J.L. PORTO, S.Brasil - Comunicao, Cultura & Poltica. Rio: Diadorim/Comps, 1994.

... .5DURAND, G.As estruturas antropolgicas do imaginrio. S. Paulo: Martins Fontes, 1997 (1964). No campo das cincias sociais, especificamente, h trabalhos estimulantes para as orientaes metodolgicas no campo da comunicao, como por exemplo, DEMO, P.Metodologia Cientfica em Cincias Sociais. S. Paulo: Atlas, 1995; THIOLLENT, M.Crtica metodolgica, investigao social e enquete operria. S. Paulo: Polis, 1980; LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.Metodologia Cientfica. So Paulo: Atlas, 1991. MINAIO, MCeclia de Souza et alii. (org.)A pesquisa social: Teoria, Mtodo e Criatividade. Petrpolis: Vozes, 1994, 17ed.

...ao''6VATTIMO, G.A sociedade transparente.Lisboa: Relgio D'gua, 1990; MAFFESOLI, M.A Conquista do Presente. Rio: Rocco, 1984 (1979); __O tempo das tribos. Rio: Forense Universitria, 1987; __No Fundo das Aparncias. Petrpolis: Vozes, 1996 (1989).

... 20027Cf. MAFFESOLI, M.O Conhecimento Comum. S.Paulo: Brasiliense, 1988; PAIVA, Rachel.O Esprito Comum, Comunidade, Mdia e Globalismo. Petrpolis: Vozes, 1998; SODR, M.Antropo-lgicas do espelho. Petrpolis: Vozes, 2002; RODRIGUES, A.Comunicao e Cultura, Experincia na era da informao. Lisboa: Editorial Presena: 1994.

... 2000.8Cf. MAFFESOLI.O tempo das tribos(1987); PALCIOS, M. ``O Medo do Vazio: comunicao, socialidade e novas tribos''. In: RUBIM, A. (org)Idade Mdia. Salvador: EDUFBa, 1995; RODRIGUES,Estratgias da Comunicao. Lisboa: Presena, 1990; RUBIM, A.Comunicao e Sociabilidade nas Culturas Contemporneas. Petrpolis: Vozes, 2000.

... relativizados9Sobre os estudos funcionalistas, consultar: LASSWELL, H. ``A estrutura e funo da comunicao na sociedade''. In: COHN, G. (org.)Comunicao e Indstria Cultural. S. Paulo: Ed. Nacional, 1977, p.105-117; KATZ, Elihu. ``Les deux tages de la communication''. In: BOUGNOUX, D. (org.)Sciences de l'Information et de la Communication. Paris: Larousse, 1993, p. 704-713; KATZ, Elihu. ``O estudo da comunicao e a imagem da sociedade''. In: COHN, G. (Org.)

... comunicacionais.10Sobre a chamada Escola de Chicago, assim como sobre as Escolas de Iowa e Palo Alto, tambm preocupadas com as interaes sociais, ler: LITTLEJOHN, S.Os Fundamentos da Comunicao Humana. Rio: Zahar, 1982 (1978); MATTELART, A & M.Histria das Teorias da Comunicao. S.Paulo: Loyola, 1998 (1995); BOUGNOUX, D.Introduo s Cincias da Informao e da Comunicao. Petrpolis: Vozes, 1994 (1991).

... XXI.11Sobre a aventura dos jovens inventores da cibercultura, ver: CASTELLS, M.Revoluo na Tecnologia da Informao''. In: __A Era da Informao: Economia, sociedade e cultura.Vol. 1, A Sociedade em Rede. Rio: Paz e Terra, 1999, p.49-86.

... social.12Ver a propsito, o texto de BELTRAN, L. ``Adeus a Aristteles: Comunicao horizontal''. In: Comunicao & Sociedade, 3:6: 5-36. S. Paulo: Cortez Editora, 1981.

... detido.13Para uma leitura crtica dos problemas da ``interatividade'', ler BRAGA, Jos Luiz. ``Meios de Comunicao e Linguagens: a Questo Educacional e a Interatividade''. In: Linhas Crticas. vol. 5, n9, 1999, p. 132.

... interativa''.14Sobre a ``fico interativa'', ver a Tese de Doutorado de Maria Otlia Telles STORNI, ``Cad Voc? Um Estudo sobre o Programa Voc Decide''. Programa de Estudos Ps-Graduados em Cincias Sociais, PUC-SP, 2000.

... Cultura''.15textitComunicao e Indstria Cultural. S. Paulo: Ed. Nacional, 1977, p. 155-161; LAZARSFELD, P.F; MERTON, R.K. ``Comunicao de massa, gosto popular e ao social organizada''. In: COHN, G. (org.)Comunicao e Indstria Cultural. S. Paulo: Ed. Nacional, 1977, p. 230-256; BERLO, D.O Processo da Comunicao- Introduo teoria e prtica. S. Paulo: Martins Fontes, 1985, 5ed. (1960). Para uma leitura atualizada dessa corrente, ler MATTELART, A.Histria das Teorias da Comunicao. S.Paulo: Loyola, 1998 (1995).

... .16As influncias de autores como Lerner, Rogers, Katz e outros, so demonstradas em vrios textos reunidos nas antologias organizadas por MARQUES DE MELO, J.Pesquisa em Comunicao no Brasil: Tendncias e Perspectivas. S. Paulo: Cortez/INTERCOM, 1983; __Teoria e Pesquisa em Comunicao- Panorama Latino-americano. S. Paulo: Cortez, 1983;

...ao.17Cf. RAMOS, M. ``A busca de uma identidade''. In: MARQUES DE MELO, J.Pesquisa em Comunicao no Brasil(1983).

... positivistas.18Para uma apreciao das atividades do ``extensionismo rural'', ver MARQUES DE MELO, J.Comunicao, Modernizao e Difuso de Inovaes no Brasil. Petrpolis: Vozes, 1978. Especificamente, sobre ``desenvolvimento'', ler: MARQUES DE MELO, J. (org.)Comunicao na Amrica Latina, Desenvolvimento e crise.So Paulo: Papirus, 1989.

... .19Ainda sobre ``Comunicao e Desenvolvimento'', consultar a Tese de Doutorado de Luiz Custdio da Silva, ``Imprensa e Desenvolvimento'', ECA-USP, 1991. Numa outra direo epistemolgica, encontramos a tese de doutorado de Maria Salete Tauk Santos, que trata do desenvolvimento na perspectiva das mediaes da recepo: ``Igreja e Pequeno Produtor Rural'', ECA-USP, 1994. Para uma leitura atualizada, ver: FAUNDEZ, A. (org.)Educao, Desenvolvimento e Cultura. S. Paulo: Cortez, 1994, e para uma viso crtica, ler: ARRIGHI, Giovanni.A iluso do desenvolvimento. Petrpolis: Vozes, 1977, 3. ed.

... '.20Nessa linha de investigao, encontramos um repertrio significativo de artigos na revistaComunicao & Poltica, da UFRJ; os ttulos se encontram disponveis no site da Internet:http://www.cebela.org.br/revista.html... sociedade.21Cf. AVMDOLA, ``A Teleinvaso: a Participao Estrangeira na Televiso do Brasil'' (1982); CAPARELLI, S.Comunicao de massa sem massa. S. Paulo: Cortez, 1980; __Televiso e capitalismo no Brasil. POA: L&PM, 1982; MICELLI, ``A Noite da Madrinha'' (1972) e MILANESI, ``O Paraso via EMBRATEL''. MILANESI, L. A.O paraso via EMBRATEL. Rio: Paz e Terra, 1978.

... prismas.22GOMES, W. ``O princpio Poesia - Para uma resposta questo:O que modernidade''. In: Revista TEXTOS de Cultura e Comunicao. Salvador: EDUFBa, 1993, n30, p. 97-120; __ ``Estratgia retrica e tica da argumentao na propaganda poltica''. In: FAUSTO NETO, A; BRAGA, J.L; PORTO, S.D. (org)Brasil - Comunicao, cultura & Poltica. Rio: Diadorim/Comps, 1994, 117-133. Ver tambm, RUBIM, A. ``Dos poderes dos Media: Comunicao, Sociabilidade e Poltica''. Ibidem, p. 65-79.

...1985.23DORFMAN & MATTELART,Para ler o Pato Donald. S.Paulo: Summus, 1980; MIRANDA,Tio Patinhas e os Mitos da ComunicaoS. Paulo: Summus, 1976; LINS DA SILVA, C.E.Muito alm do Jardim Botnico,Um estudo sobre a audincia do Jornal Nacional da Globo entre os trabalhadores. SP: Summus, 1991.

... .24ADORNO & HORKHEIMER, ``O Iluminismo como mistificao das massas'' (1949). In: COSTA LIMA, Luiz. (org.)Teoria da Cultura de Massa. Paz e Terra, 1982; ADORNO, ``A indstria cultural'' (1962) e ``Televiso, Conscincia e Indstria Cultural'' (1963). In: COHN, G. (org.)Comunicao e Indstria Cultural. Edusp/Nacional, 1977.

... .25BENJAMIN, W. apud ROUANET, S.P. (Org.)Walter Benjamin, Obras Escolhidas, Vol. I., Magia e Tcnica, Arte e Poltica. S. Paulo: Brasiliense, 1985; __Obras Escolhidas, vol. III,Charles Baudelaire, Um lrico no auge do capitalismo. Brasiliense, 1989; BENJAMIN, W.crits Franais. Paris: Gallimard, 1991 (1972).

... neoliberalismo.26HABERMAS, J.Conscincia Moral e Agir Comunicativo. Rio: Tempo Brasileiro; 1989. __Mudana Estrutural na Esfera Pblica. Rio: Tempo Brasileiro, 1984; __Pensamento Ps-metafsico. Estudos Filosficos. Rio: Tempo Brasileiro, 1990; __O Discurso Filosfico da Modernidade. Lisboa: Publicaes Dom Quixote, 1990.

... .27SENNET, Richard.O declnio do homem pblico, As tiranias da intimidade. S.Paulo: Companhia das Letras, 1988.

... 1996.28BOURDIEU, Pierre.Sobre a Televiso. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997; AKOUN, A.L'illusion sociale. Paris: PUF, 1989; JEUDY, Henri-Pierre.Os ardis da comunicao, a eutansia dos sbios. Rio, Imago, 1990; __La communications sans sujet. Paris: La Lettre Vole, 1994; __L'ironie de la communication(1996).

... 1974.29MCLUHAN, M.A Galxia de Gutemberg. So Paulo: Cia Ed. Nacional/Edusp, 1972; __Os meios de comunicao como extenses do homem. S. Paulo: Cultrix, 1974.

... .30ECO, U. ``O cogito interruptus''. In:Viagem na Irrealidade Cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

... 1977.31COHN, G. ``O meio a mensagem: anlise de Mc Luhan''. In: COHN, G. (Org.) Comunicao e Indstria Cultural. S. Paulo: Ed. Nacional, 1977, p. 363-371.

... 1998.32MAFFESOLI, M.O tempo das tribos. Rio: Forense Universitria, 1987, eA Transfigurao do Poltico, a tribalizao do mundo. Porto Alegre: Sulina, 1997; PALCIOS, M; ``Memrias do Aqurio: Comunicao e Sociabilidade em McLuhan para uso e abuso dos comuniclogos''. In:Textos de Cultura e Comunicao, n28, Salvador: Facom/UFBa, 1982; LEMOS, A.As estruturas antropolgicas da cibercultura. Tese de Doutorado, Paris V, Sorbonne, 1994.

... .33CF. SAUSSURECurso de Lingstica Geral. Cultrix, s/d (1916) BARTHES, R. ``Anlise estrutural da narrativa''. In: __A aventura semiolgica. Lisboa: Edies 70, 1987; __Elementos de Semiologia. S. Paulo: Martins Fontes, s/d; __O Grau Zero da Escritura. S Paulo: Cultrix, 1974; BENVENISTE, E.Problemas de Lingstica Geral.S. Paulo: Nacional, 1976; JAKOBSON, R.Lingstica e Comunicao. S. Paulo: Cultrix, 1988; TODOROV, T.As estruturas narrativas. S. Paulo: Perspectiva, 1979. VERN; E.A produo de Sentido. S. Paulo: Cultrix, 1985; __Estrutura, Ideologia, Comunicao. S. Paulo: Cultrix, 1977. Ver tambm BUYSSENS, E.Semiologia e Comunicao. S.Paulo: Cultrix, 19[-].Sobre a semitica proposta por U. ECO, ver entre outras obras,Tratado Geral de Semitica. S. Paulo: Perspectiva, 1980; __Semitica e Filosofia da Linguagem. S.Paulo: tica, 1991; __Lector in fbula. S. Paulo: Perspectiva, 1986; ver tambm os estudos mais atuais, ECO, U.Interpretao e Superinterpretao. So Paulo: Martins Fontes, 1993; __Os limites da interpretao. S.Paulo: Perspectiva, 1995; __Kant e o Ornitorringo, 2000. De Adriano Rodrigues, consultarIntroduo semitica. Lisboa: Editorial Presena, 1991, e de Antnio Fidalgo, verSemitica, A Lgica da Comunicao. Covilh: Ed. Universidade Nova de Lisboa, 2000.

... 1878.34PEIRCE, C.S.Semitica. S. Paulo: Perspectiva, 1977.

...ao.35SANTAELLA, L.O que semitica. S. Paulo: Brasiliense, 19[-]; __Assinaturas das... Bakhtin.36Ler, entre outros, MAINGUENEAU, D.Novas tendncias em Anlise do Discurso.Campinas: Pontes/Unicamp, 1997; TODOROV, T.Os Gneros de Discurso. S. Paulo: Martins Fontes, 1981; DUCROT, O.O Dizer e o Dito.Campinas: Pontes, 1987; PCHEUX, M.Semntica e Discurso, uma crtica afirmao do bvio. Campinas: Unicamp, 1988; FOUCAULT, M.Ordem do Discurso.Campinas: Unicamp, 1973; BAKHTIN, M.Marxismo e Filosofia da Linguagem. S. Paulo: Hucitec, 1981. __Problemas da Potica de Dostoivsky. S.Paulo: Forense Universitria, 1981; __Esttica da Criao Verbal. S. Paulo: Martins Fontes, 1993.

... Neto.37Cf. FAUSTO NETO, A.O Corpo falado. Joo Pessoa: Ed. UFPB, 1988; __Mortes em Derrapagem. Rio: Rio Fundo, 1990; __ ``A sentena dos Media - O discurso antecipatrio do impeachment de Collor''. In: FAUSTO NETO, A; BRAGA, J.L; PORTO, S. (org.) Brasil - Comunicao, Cultura & Poltica. Rio: Diadorim/Comps, 1994; __Comunicao e Mdia Impressa. Hacker, 1999.

...ao.38Cf. BRAGA, J. L. ``Lugar de fala' como conceito metodolgico no estudo dos produtos culturais'' (2000); __ ``Meios de comunicao e linguagens: a questo educacional e a interatividade''. In:Linhas Crticas. Vol. 5, n 9, 1999; __ ``Constituio do Campo da Comunicao''. In:Campo da Comunicao - Caracterizao, problematizaes e perspectivas. Joo Pessoa: Ed. UFPB, 2001.

...ao''39Cf. BACEGA, M.A.Comunicao e linguagem, discursos e cincia. So Paulo: Moderna, 1999; ___Palavra e Discurso, Histria e Literatura. So Paulo: tica.

...ao.40Sobre o problema da recepo e das mediaes, ver MARTN-BARBERO, J.Dos meios s mediaces. Rio: Ed. UFRJ, 1989; __Os exerccios dos ver,hegemonia audiovisual e fico televisiva. S. Paulo: SENAC, 2001; CANCLINI, N.G.Consumidores e cidados: conflitos multiculturais da globalizao. Rio: UFRJ, 1995; OROZCO GOMEZ, G. (org.)Miradas latinoamericanas a la televisin. Mxico: Universidad Latinoamericana, 1996; BARROS FILHO, Clvis.tica na Comunicao da Informao ao Receptor. S. Paulo: Moderna, 1995; MATTUCK, Artur.O potencial dialgico da televiso - Comunicao e arte na perspectiva do receptor. So Paulo: Annablume/ECA-USP, 1997; SOUSA, M.W. (org.)Sujeito, O lado oculto do receptor. S. Paulo: Brasiliense, 1995; WOLTON, D.Elogio do grande pblico. Lisboa: Ed. Asa, 1994. Ver, nessa linha de pesquisa das mediaes culturais, S BARRETO, Virginia.Comunicao e Reforma Agrria: estudo da poltica do INCRA pelos assentados de Igaip. Dissertao de Mestrado em Administrao Rural e Comunicao Rural. Recife: UFRPE, 2000.

... geral.41Cf. JAUSS, H.R. ``As experincias fundamentais da aisthesis, katharsis, poiesis''. In: COSTA LIMA, L. (org.)A literatura e o leitor, textos de esttica da recepo. Rio: Paz e Terra, s/d.

... 1997.42Orientados por linhas de investigao diferentes, estes autores e textos, advindos de campos do saber distintos podem contribuir bastante para a elucidao de problemas no campo das Cincias da Informao e da Comunicao e suas inseres no domnio da esfera cultural: WILLIAMS, R.Los mdios de comunicacin social.Barcelona: Ed. Pennsula, 1976;Marxismo e Literatura. Rio: Zahar, 1979;Cultura. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1992. Sobre os ``cultural studies'', ver: JAMELSON, F.Ps- modernismo: a lgica cultural do capitalismo tardio. S. Paulo: tica, 1996; SAID, E.Orientalismo. S. Paulo: Companhia das Letras, 1998; __ ``O orientalismo revisto''. In: HOLANDA, H.B. (org.)Ps-modernismo e poltica. Rio: Rocco, 1991; FEATHERSTONE, M.O desmanche da cultura: Globalizao, Ps-Modernismo e Identidade. S. Paulo: Nobel, 1997; __Cultura de consumo e ps-modernismo. S. Paulo: Studio Nobel, 1995.