o caminho do existir

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O CAMINHO DO EXISTIR

Num lugar não distante onde tudo é possível! Vivia

complacentemente uma galera que insistia ser diferente.

Eles acreditavam que o mundo não era tão grande assim

e que as suas ações poderiam ser como um boomerang,

tudo que se lançava ao ar retornaria em grau, número, e

força para eles mesmos. Este grupo de jovens numa

tarde ensolarada, com uma grande ausência de umidade

no ar, eles sem muita coragem de bater aquela bolinha no

fim de tarde se mantiveram em casa jogando conversa

para fora.

A casa não esbanjava luxo, situada na região

montanhosa do sul de minas, com um quintal cercado de

árvores frutíferas, um belo pasto, uma boa vaca leiteira

holandesa e uma horta que a vovó cultivava com zelo e

dedicação. A casa pertencia a um trabalhador de classe

média brasileira que com muito esforço não se omitia na

sua busca incansável por uma qualidade de vida

sustentável.

Eles eram um grupo de rapazes e moças travessos

com diversos questionamentos à respeito de tudo sobre a

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vida, e que naquela tarde, compreenderia a lógica de

tomada de decisões que regeriam as suas vidas. Eles

decidiram investir, o que tinham, para perscrutar o sentido

da vida.

A conversa despretensiosa aberta tomou diversas

trilhas sobre os “sentidos da vida”. Todavia, a vovó não se

encontrou dentro daquele grupo de jovens e com a

educação de outrora bem peculiar, não perdeu tempo

para preparar os quitutes tradicionais. Por conta disso, a

televisão da cozinha permaneceu ligada, o volume a meia

altura. De repente ao fundo, se ouviu a notícia que o jato

havia caído na cidade de Santos em São Paulo, tendo

como passageiros a comitiva e o presidenciável Eduardo

Campos. Todos tiveram o seu fim naquele acidente

trágico. Na sala, ficaram extenuados com o acontecido e

começaram a explorar o tema. Como a política nos

ajudaria encontrar o sentido da vida?

Assim, Khalil começou a sua reflexão:

- A política não deveria ser um lugar tão inóspito

onde poucos são recebidos e encontram nela espaço

para se desenvolver. Principalmente, porque a mesma é

uma ciência privada da humanidade. Ela está inserida

nos diversos olhares, não se pode desassociá-la do ser

humano e nem tão pouco tentá-la, desapropriá-la do seu

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posto. A política é a capacidade que o Ser humano possui

de influenciar e ser influenciado. Isto é visto e feito em

cada gesto, em cada fala, em cada toque e em cada

símbolo da linguagem escolhido deliberadamente com o

fim de ser apreciado e desejável. Deste, a mais tenra

idade percebemos a tentativa da conquista da atenção do

outro.

Após ouvir atentamente, Carlos retruca:

- Não podemos viver numa ilha, não fomos criados

para nos trancafiarmos sem acesso ao outro, tanto isso é

verdade, que quando a comunidade quer dar uma lição

ao outro, a comunidade por meio de suas instituições de

justiça manda para prisão.

Então, Denise tomando parte da conversa diz:

- A prisão tem a ideia que, ficar isolado nunca foi

algo natural para a humanidade, ou seja, normal é estar

juntos é conviver com o outro. Assim desta forma, a

política é a arte de influenciar e ser influenciado. Como

muito bem o Khalil expressou.

Sem perder o tempo da conversa Khalil com tom

meio desacreditado ele diz:

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- Infelizmente, a politica hodierna tomou um rumo

desnorteado no qual, não temos nenhum instrumento

eficaz para estabelecer um novo rumo.

A vovó atenta à discussão percebeu que o clima

estava ficando quente, e que em breve, chegariam a

conclusões de uma percepção diferente da política.

Sutilmente, pegou o seu sino que estava no quarto e veio

tocando, anunciando que o lanche estava pronto. Dizia

ela:

- Há tempo para tudo nesta vida, tempo de

construir, tempo de plantar, tempo de curar e chegou o

tempo de comer. Vamos lanchar!

Durante o lanche a vovó sabiamente esperou o

grupo se acomodar à mesa e de uma forma bem

tranquila, iniciou a sua fala:

- Queridos, amadurecer é enfrentar e realizar

muitas vezes aquilo que nos desagrada. Estranhos

permanecem estranhos, enquanto não queremos nos

tornar conhecidos. Repostas certas ou erradas são

sempre respostas, o importante é não copiar

simplesmente dos outros, pois somos distintos e não

queremos ser extintos, ou seja, deixar de existir.

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Enquanto o grupo extasiado com a reflexão da

vovó, ela parou a sua fala, olhou para cima, logo em

seguida olhou no profundo dos nossos olhos e com a voz

já trêmula pausadamente disse:

- Nós somos seres políticos, e aqueles que

sofreram o acidente, morreram acreditando, que estavam

realizando aquilo que trazia sentido para vida deles. Nós

que aqui ficamos, precisamos concatenar o sentido para

existir.

O silêncio reflexivo tomou conta do lugar...

No caminho de retorno para casa dos meninos era

uma boa caminhada mineira, bem ali. Os meninos

impressionados com a fala da vovó. Começaram a

conversar a respeito da história da vovó. A Denise teve a

oportunidade de conhecê-la melhor na igreja da

comunidade num culto da mulher, contou ela:

A finura da inteligência que lhe era peculiar foi

apresentada já desde tenra infância quando na cidade de

Itajubá compartilhava com o seu avô a coordenação dos

negócios da família. A sua prática distinta de maneiras,

não perdia em momento algum a formosura do seu

caráter. O equilíbrio moral em pessoa, uma inteligência

viva, com percepção capaz de transitar dos diversos

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lados de uma questão, com intuito de perceber a linha de

raciocínio do outro e que tipo de sentimento carregava,

sem medo de ser constrangida com a lógica do outro.

Tanto os questionamentos quanto as respostas nunca

deixaram de ser finamente espirituosa. A sua alma

rejubilava discretamente a ideia do bem que num dado

momento podia praticar, e atormentava-se com o mal

para outrem que não podia evitar.

Duas semana depois....

Os meninos não perderam a vontade de,

perscrutar os caminhos do saber, para penetrar neste roll

seleto do jogo da vida. Cada um segundo as suas forças

foram averiguar, pesquisar sobre temas, que se poderia

compartilhar no grupo no próximo encontro.

Denise e Carol se encontraram e foram na

biblioteca da faculdade e pegaram alguns livros sobre

psicologia.

João e Marcos depois da aula de filosofia

comteporânea perceberam a movimentação das meninas

e com intuito de não ficar perdido, sem a possibilidade de

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contribuir, de fininho entrou na internet, vez uma pesquisa

sobre a psicologia e cada um enviou para os seus e-mails

para poderem se situaram com a atualidade de temas

que a psicologia trata.

Khalil, como o mais novo, finalizando o segundo

grau, havia estudado para o vestibular, teve semana

anterior muito complicada. As provas do Enem haviam

acontecido do Domingo passado. E aquela sensação de

dever cumprido enchia o coração do garoto. Ainda

restavam as tarefas do último bimestre escolar para

realizar, estes últimos dias, ele não perdeu tempo com

outras coisas, ele estava ultra, hiper, focado nos seus

estudos. Aproveitou o vestibular para estudar sobre os

temas das atualidades adquirindo conhecimento para

debater com os colegas.

O fim de semana, a adrenalina da galera estava

alta, eles nunca foram indagados e nem tão poucos

provocados, para compilar informações de temas

diferentes para inferir o seu ponto de vista, com intuito de

tornar-se, uma base de conhecimento amplo para gerir as

suas vidas.

O dia chegou a vovó preparou aquele lanchinho

que só ela sabe realizar. Porém, ela tomou a frente da

reunião e quebrou o gelo com uma pergunta bem

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simples. Se você fosse um meteorologista como seria a

previsão do tempo para você?

Denise, sanguínea com uma personalidade forte

com traços de inquietude, expansiva em lugares em que

a mesma se sente querida e respeitada não deixou a

oportunidade passar. Expressou ela:

- Eu diria que o meu dia estaria com um céu azul,

KAVOK, sem nuvem com o sol bem bonito, com uma

temperatura bem gostosa de 23°c. O dia está bom para

voar. Como diz os colegas dos meus pais. O Céu esta

para Brigadeiro voar.

Replicou João no seu interior:

- Queria ser o seu brigadeiro para poder voar no

seu céu. E quem sabe, poder me enroscar nestes raios

aloirados desde Sol que não cessa e nem tão pouco se

cansa de brilhar.

Enquanto o João pensava a Carol não querendo

ficar para trás. Expôs a previsão do seu dia:

- O meu dia não esta tão bonito como o da Denise.

A previsão para o meu dia é nuvens com diversos

formatos, aquele dia que quando você olha para o céu

você consegue ver ovelha, gato, rosto de gente. Então, o

meu céu esta fechado com grande tendência de chuva

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torrencial na parte da manhã. Na parte da tarde, a grande

possibilidade do vento carregar estas nuvens e dissipar

no mar, o céu abrir e no fim de tarde conseguir

contemplar o por do sol.

Os meninos ficaram meio tímidos porque as

respostas estavam saindo e cada vez ficando mais

complexas e o inevitável estavam próximos para

acontecer, alguém ficar sem respostas. Sabendo disso o

Khalil disse:

- Bem, a previsão para o meu dia é um dia clássico

do verão. Casamento da raposa. Justamente quando o

sol e a chuva acontecem ao mesmo tempo, e para brindar

o casamento o aparecimento do arco-íris no fundo.

- fiu, fiu... hum! Ele está pensando em casamento.

Comentou uma das meninas, bem baixinho, para

não perder o foco e não receber uma chamada da vovó,

na frente de todo mundo.

Os demais, Carlos e Augusto não querendo cair

na mesmice adiantou um comentário a vovó.

Disse Carlos:

- Quando estávamos indo para casa após o nosso

primeiro encontro a Denise... Prenunciou a sua história e

na verdade queríamos que a Senhora contasse o

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caminho que a Senhora percorreu no seu Existir?

Completou o Augusto.

- Não... Vai faltar oportunidade para expressar e

explicar as veredas, os atalhos que a minha vida, em

alguns momentos me permitiu escolher, em outras

ocasiões só me restaram aquele caminho cheio de

buraco, pedras afiadas, muitas vezes se tornou cheio de

espinho, algumas estações me trouxeram sensações, que

marcaram as minhas emoções e não vão sair da minha

memória. Eu tenho contado a minha história de vida em

diversos encontros em nossa comunidade de fé. Na

verdade, tenho utilizado para fazer encontro com minhas

amigas e as amigas das minhas amigas. Com intuito, de

confraternizarmos e ainda sim, aprendermos a aprender

umas com as outras. Deste modo, eu vou oferecer um

convite para vocês e seus familiares para um encontro

que iremos realizar exclusivamente para família e lá

trataremos desta questão e acabaremos com a suas

curiosidades. Mas, agora precisamos nos debruçar sobre

os temas que vocês estudaram e que querem debater.

- Então, a meu ver conhecer a sua história estaria

dentro do nosso tema. Mas, como a senhora já saiu pela

tangente tão bem. Vamos relevar esperar este evento que

provavelmente, será muito interessante e edificador de

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conceitos importantes para sociedade. Compartilhou

Augusto.

Imediatamente sem perder o tempo de fala Carlos

tomou aparte:

- Concordo com o Augusto ele de uma maneira

sucinta resumiu os nossos pensamentos a respeito deste

assunto.

Vejo que precisamos realmente valorizar o que é

importante. Somos uma sociedade consumista e que de

certa forma, as coisas perderam o valor. Não somente as

coisas materiais, estamos entrando no estágio mais

profundo de insensibilidade onde o próprio Ser humano

não consegue obter o seu valor devido. Interrompeu

Carol.

Carla pensa em voz alta:

Será que estamos sendo programados para uma

nova concepção e valores sobre a importância do Ser

humano... Não viaja Carla. Retrucou João:

- Volta para o planeta terra. Não podemos acreditar

que exista um plano hábil de reger a vontade do Ser

humano e capaz de plantar em cada individuo a mesma

compreensão sobre os principais valores para as

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diferentes culturas. Ou seja, unificar os pensamentos, eu

não acredito em “teorias de conspirações”.

Carlos pensando opinou:

- Este assunto esta cada vez mais complexo, e

complicado de resolver, às vezes, penso que haveria de

ter um grande maestro para estabelecer as regras e

trazer a unidade dentro da pluralidade. No entanto, seria

impossível de ouvir uma história desta e não comensurar

as impossibilidades de isso se tornar uma realidade.

Embora, possamos perceber alguns traços sobre a

tentativa que leva até alguns estabelecerem “teorias de

conspirações”.

- Calma, meu povo, tem uma placa lá atrás

informando à direção que agente precisa caminhar.

Acredito que esta trilha “teorias de conspirações” não nos

leva a lugar nenhum. Vamos parti para um assunto mais

abrangente e que nos leve para uma avenida segura

onde possamos explorar as riquezas do saber.

Hold on, gritou Marcos:

- Teoria de conspiração são temas importantes e

que vão muito além do que se sabem e a abrangência

são inimagináveis. As teorias são como os ditados

populares que bem explicam: “onde a fumaça ali tem

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fogo” ou seja, as teorias de conspirações são como a

ponta do Iceberg, embaixo há um movimento sinistro que

no mínimo necessitamos conhecê-lo e prestigiá-lo porque

muitas, eu digo, muitas pessoas no mundo inteiro tem

encontrado nesta “trilha” sentido de vida. Não carecemos

ir muito longe à história para exemplificar a sua

importância. Vejamos o ISIS, o estado islâmico, que tem

encontrado força e angariando respaldo por jovens com

excelentes formação nas melhores centro de ensino

europeia, tem se dedicado e encontrado propósito de vida

em valores equivocados para muitos e que para eles são

tão reais que são capazes de abandonarem o conforto a

segurança, a qualidade de vida europeia para encarar o

deserto do oriente-médio para viver ou morrer pelas

causas que na cabeça destes jovens são verdades

avassaladoras.

O silêncio interrogativo foi imposto na sala. Aquela

sensação “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”

se instalou. Um ficava olhando para o outro com aquela

pergunta no ar “ o que faremos”?

Khalil, filho de um casal de pastores com uma boa

formação teológica e um vasto conhecimento em

pedagogia e psicologia. Deste a infância viu os seus pais

tratando com gente dos mais diferentes espécies. Ele

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criou uma capacidade extraordinária de saber entrar e

sair dentro de uma conversa e com isso nunca teve medo

de encarar o questionamento de sua iniciativa com uma

olhar de bondade, um coração paciente e atitude

pacificadora, um verdadeiro diplomata em seus

pronunciamentos – não exagera nem Jesus foi tão

pacificador com seus algozes adversário religioso. Então,

Khalil disse:

- Marcos, você está me dizendo que estes jovens

acreditam tanto em teoria da conspiração que foram para

o braço armado para combatê-lo.

- Não somente isso, um individuo chegar neste

nível de tomada de decisão é porque as demais fórmulas

para resolver o problema já foram utilizadas, ou não lhes

foram apresentadas, ou então, as bases de sustentação

das “teorias de conspirações” são tão firmes que a única

alternativa capaz de criar uma sensibilidade para se

perceber de fora para dentro, é estabelecendo o caos

pontuais, que atuando em pequenas doses constante,

culmina servindo como a arte da destruição em cadeia,

gerando o momento de desestabilização, a janela, na

qual as teorias podem ser transformadas.

Khalil comentou:

Page 16: O caminho do existir

A vida de Mandela também não deixou de ser uma

luta verossímil, na concepção do mundo ocidental. Ele

agiu corretíssimo. Mesmo em certo momento tivesse a

necessidade de usar de violência para conquistar o direito

de dialogar com o diferente. Mandela, deste o início da

sua luta estava pronto para morrer contra o movimento

apartheid. Ele era advogado conhecia os direitos e os

deveres de um cidadão e não temendo as consequências

ele foi até o limite do ideal, quando a sua vida não tem

mais valor para si. No julgamento ele poderia manobrar a

sua resposta para evitar apena de morte. Porém, ele

sobrepujou o medo confirmou que ele tinha praticado e

liderado uma serie de atentado, e aproveitou a

oportunidade para discursar a respeito das propostas

contra o movimento apartheid. O movimento apartheid

com receio de criar um mártir aplicou-lhe prisão perpétua

para ele e os demais líderes da luta contra apartheid.

Interessante como tudo na vida tem o outro lado da

moeda, no livro Dom Quixote de la mancha, do escritor

espanhol Miguel de Cervantes. Ele narra a história de

dois cavalheiros que se encontram na praça um de frente

para o outro e o monumento entre eles. E os mesmos

com as suas “teorias” e pronto para sustentá-las a

qualquer custo, mesmo que fosse a vida. Como é de

Page 17: O caminho do existir

costume quando você acredita que tem a verdade muitas

vezes nos tornamos arrogantes e cegos. Não foi diferente

com eles, um gritou; “este monumento esta reluzindo

como prata”. O outro cavaleiro respondeu; “ o amigo não

tem mais capacidade de distinguir o que é ouro? Porque

este monumento que vos fala não é de prata, mas sim, de

ouro”. O cavaleiro que estava vendo o monumento de

prata se sentiu desafiado e já chamou o outro para um

desafio aos moldes daquela época e quando os mesmos

começaram a caminhar um de encontro ao outro

perceberam que o monumento parte era de prata e parte

era de ouro.

Carol após muito escutar expôs a sua ideia, disse

ela:

- Incrivelmente, notório a incompreensão sobre a

importância de se orientar a respeito dos valores que nos

cercam, e não somente isto, nós precisamos de vez em

quando realizar um “crosscheck” para atentarmos se

estamos realmente na direção planejada. Porque em

alguns momentos as tendências vão desviando-nos da

rota traçada. O caminho é sempre tentar estabelecer um

alarme periódico para se perceber como um observador

fora do contexto que você esta inserido. Isso lhe dá

compreensão do todo, e aumenta a sensibilidade de lidar

Page 18: O caminho do existir

com as situações específicas. Existe um exercício que o

meu pai sempre buscou a oportunidade de me ensinar.

Quando a situação esta sem respostas claras,

mentalmente deixa o seu corpo, procure um visão de

cima para baixa, comece a mudar de ponto de vista e em

todas, observe as suas reações, os seus gestos, as suas

caretas, as suas falas, como as pessoas que estão em

torno estão recebendo estas expressões. Ou melhor,

quando eu me manifesto eu passo verdade nas minhas

expressões?

Khalil conclui o seu pensamento a respeito de

Mandela dizendo:

- A esposa e suas filhas tomou afrente na luta

contra o apartheid e de libertação de Mandela e os lideres

da revolução, e com muita pressão social e luta de

guerrilha, após trinta anos de prisão Mandela foi solto.

Mas, a percepção que ele tinha sobre o ideal para

sociedade africana já havia sofrido uma transformação no

seu coração e a arte de dialogar com um olhar de

bondade para com outro se fez presente em suas atitudes

aponto de permeiar a coalizão entre brancos e negros na

África do Sul, a capacidade de perceber o outro ponto

vista, foi aguçado em Mandela e por sua vez, ele fez com

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que os demais sentissem o mesmo. E chegou a ser o

primeiro presidente negro da África do Sul.

- Eu tenho algumas considerações

importantíssimas para expor sobre este assunto.

Qualquer pessoa que adentrar a esta sala e observar o

caminho que estamos trilhando provavelmente chegará a

conclusões equivocadas. Logo, entendo que é de melhor

termo, encerramos por enquanto esta conversa porque o

pai do Khalil já está chegando, a noite já se iniciou. Nós

precisamos retornar para nossas casas e os quitutes da

Vovó já estão prontos e posto na mesa. Denise opinou.

O assunto estava ficando picante e meio complexo

e a fome estava dominando-os, logo a proposta da

Denise não sofreu retaliação de nenhum deles.

Na cozinha o pai viu os colegas do Khalil e ouviu

os buchichos sobre o tema que estava sendo discutido e

não perdeu a oportunidade de contextualizar estas

questões que aparenta está distante, mas que ocorre no

nosso cotidiano. Disse ele:

- Meus queridos vocês estão indo muito longe para

exemplificar. Aonde eu trabalho e a maioria dos pais de

vocês, estamos sofrendo uma pressão enorme porque

existe um grupo que acredita piamente nas ações que

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estão fazendo. E para nós que estamos no outro lado da

moeda temos certeza que existe uma conspiração a favor

das pessoas que nasceram na região, com intuito de

preservar os empregos dos mesmos. Logo aqueles que

não tiveram o privilégio de nascer nesta região estão com

todas as portas fechadas. Existe uma grande barreira

intransponível que nos impede de avançarmos

profissionalmente, provinda desta lógica de pensamento

preconceituosa contra os migrantes de outros estados

brasileiros. E isso algo muito tenebroso porque nunca me

senti tão desrespeitado como agora. Eu tive a

oportunidade de morar no USA e nunca me fizeram sentir

estrangeiro em seu país, mas, na fabrica onde estamos

trabalhando todos os dias somos lembrados que não

pertencemos a esta terra, e isso esta ocorrendo na ponta

do nosso nariz.

As bocas ficaram abertas e os ouvidos atentos e

desabrochou aquele olhar criterioso inquiridor assustado

com o exemplo apresentado pelo dono da casa.

A vovó percebeu que o seu genro havia pegado

pesado na sua fala tentou aliviar porque a mesma

também foi posta no mesmo balaio. Então, ela disse:

- O meu avô nunca viu as situações que lhe

envolvia como um agrave contra a pessoa dele, mas

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sempre como uma grande oportunidade de se tornar

melhor. A região de Minas tem uma cultura peculiar de

Garimpo. Onde o tratamento com o próximo era

prejudicada, porque o outro poderia ser àquele que iria

prejudicá-lo. Então, a desconfiança por muito tempo foi

uma característica essencial para sobrevivência, e como

evitava prejuízo, e acrescentava certa qualidade de vida,

foi por muito cultivado, é um fator característico

determinante da cultura mineira da do qual faço parte.

Uma outra, característica latente, em nossa cultura, é que

no garimpo nunca houve abundância de alimentos. Logo,

em nossa região obtivemos o aprendizado de gerenciar o

pouco e ainda ser feliz. Como já foi dito toda moeda tem

dois lado. E este é a outro lado da história da cultura

mineira na qual fui criada e me orgulho. Nos dias de hoje

são essenciais para sobrevivência neste mundo complexo

e tão plural, a dúvida tem o seu valor e a sua serventia e

realizar as atividades com o pouco é uma ciência que

todos deveriam cultivar.

- Então, vamos mudar de assunto eu preciso me

preparar para o próximo encontro de vocês e tenho uma

sugestão. Quando era criança meu pai me levava para

fazenda e lá tínhamos momentos bem interessantes.

Page 22: O caminho do existir

Gostaria de convidar vocês para passar o fim de semana

na minha fazenda, disse a vovó.

A fazenda

Lá estávamos nós, toda a galera. O seu

Emanuel pegou uma Van emprestada no seu irmão e

passou nas casas de cada um do grupo, pegamos a

estrada rumo ao município de Carmo de Minas. A estrada

sinuosa bem estreita cheio de subida e descida perigosa

por causa dos grandes morros da região e a neblina

assustadora. Depois, entramos numa estrada, estreita

sem asfalto, íngreme cheio de pedras- para o carro não

poder escorregar- e descer a ladeira. Após alguns

minutos viajando na estrada de chão, o clima já era outro,

a temperatura despencou consideravelmente, estávamos

adentrando cada vez mais, na mata atlântica a paisagem

era inspiradora, mas o silêncio era meio assustador. A

sensação que estávamos entrando em um mundo secreto

esquecido. As árvores na beira da estrada pareciam um

portal de entrada de um novo mundo. Após uma hora de

viagem chegamos à fazenda da Vovó, um mundo perdido

Page 23: O caminho do existir

e guardado a sete chaves. Não encontramos ninguém em

especial, no primeiro momento, o casarão da fazenda,

com contrastes fortes mostrando uma exuberância

tipicamente barroca, construída em meia encosta,

aproveitando assombra da mesma, não deixando de se

adaptar às irregularidades da topografia da região

serrana. O casarão, um sobrado em “L” de dois pisos com

o pé direito alto tendo o nível inferior um porão destinado

ao depósito. Uma varanda ocupando toda a largura da

casa, na parte posterior, cozinha e dependências de

serviço. No prolongo na fachada frontal, dispunha as

salas sociais; no miolo da casa, as antessalas dos

quartos e os quartos. O casarão estava toda fechada,

porém notoriamente estava bem cuidada. A Carla não se

conteve e disse:

- A mobília rústica pomposa insinuava que a família

da Vovó viveu uma era de prosperidade.

- olhe como esta cadeira é estilosa bem

ergométrica com traços firmes, característicos de trabalho

manual. Comentou a Denise.

- Caracas, veja esta escrivaninha foi bem usada às

marcas são claras que as pessoas que viveram aqui

Page 24: O caminho do existir

fizeram bom uso dela... Ah sim, aqui meu avô passava a

grande parte do seu tempo. Ele tinha o prazer de

gerenciar ele mesmo as finanças dos negócios da família.

E quando não estava assim fazendo, ele utilizava para ler

os seus livros e contemplar os seus pensamentos pela

bela visão que esta janela lhe proporcionava no nascer e

no por do Sol. Interrompeu a Vovó.

- Podemos abrir esta janela. Perguntou o João.

Marcos sem esperar a resposta da Vovó,

sem muita cerimônia começou a tentar abrir a janela.

Como a janela fazia parte de uma construção antiga havia

um mecanismo de fechamento diferente e o Marcos não

conseguiu abrir...

- A Vovó quando percebeu que o mesmo não

estava conseguindo abrir e já estava perto para cometer

um sacrilégio. Disse para o Marcos:

- Tenha cuidado! Esta janela esta ai há muito

tempo e nem meu pai, meu avô permitia abri-la. Ele tinha

um mistério com esta janela. Mais tarde, agente tenta

abrí-la, antes de meu avô falecer, ele me passou as

Page 25: O caminho do existir

instruções de como manuseá-la, no momento oportuno

iremos fazê-lo.

Enquanto isso, já no quarto. Carol ficou encantada

com os desenhos dos bordados no tecido da cama. Que

lindo! Disse ela pensando alto:

- Quando me casar eu vou querer na minha cama

um enxoval como este. Carla retrucou: primeiro tem que

achar um marido e nos dias de hoje não esta fácil de

encontrar um – Depende - Como assim! Estamos num

lugar fantástico com quatro gatos maravilhosos... fala

baixo! O pessoal pode escutar!

- Não sei não! Não penso que seja tão difícil assim.

O nosso príncipe esta tão perto da gente que muitas

vezes agente não consegue ver. Porque a nossa visão

fica focado para longe, para o inacessível. Enquanto, o

campo visual de perto e o príncipe que está na nossa

frente fica meio embasado!

- meninas venham dá uma olhadinha. Disse

Denise.

Oh! Que lindo! Esta cabeceira de cama, realmente

é magnífica, se colocasse para vender pela internet isso

Page 26: O caminho do existir

realmente seria vendida por um grande valor. Disse a

Carol.

- Realmente, a sede da fazenda insinuava que a

família da Vovó vivenciou uma era de grande

prosperidade.

Os meninos prontamente começaram arrumar o

espaço da sala pensando em como colocar o Xbox 360

com a pretensão de se divertir. O almoço estava meio

atrasado, a mãe do Khalil estava meio enrolada com a

preparação do almoço. Afinal de contas, ela nunca

recebeu tanta gente na fazenda, e a verdade é que, há

muito tempo a família não tinha subido a serra. O fogão

de lenha característico da cozinha mineira faltava o

principal para o almoço sair, a lenha providenciada pelo

caseiro desaparecido que não havia chegado ainda. O

mesmo que quando chegamos deveria nos receber, que

por algum motivo não nos recepcionou.

- O tempo urge e precisamos fazer parte da

solução do problema da cozinha. O fogão esta sem lenha

e nós os homens da casa precisamos entrar na mata.

Exclamou seu Emanuel.

Page 27: O caminho do existir

- Nós estamos finalizando a instalação do Xbox

360 e queremos começar o nosso jogo, seu Emanuel.

Falou o Marcos.

- Vocês querendo comer ou não, terão de sair

comigo na mata para buscar a lenha, agora mesmo. Vão

para o quarto pequem uma calça e uma camisa de

manga comprida. Coloque o tênis porque nós vamos

entrar na mata para pegar a lenha. Ordenou o seu

Emanuel pai do Khalil.

No tempo em que, os meninos estavam no quarto,

o seu Emanuel desceu até ao porão, pegou o machado e

o facão, foi até a casa antiga do ferreiro, onde é a casa

das ferramentas, amolou as ferramentas e aguardou os

meninos enfrente do casarão, com as botas de borracha,

o machado e o facão e a espingarda. Quando os meninos

saíram do quarto e deparando com aquela cena, se

perguntaram.

- Nós vamos cassar ou pegar a lenha? Pensaram

eles.

Page 28: O caminho do existir

Seu Emanuel, homem experiente e percebendo o

que a expressão facial dos meninos estava indagando,

respondeu-lhes com uma pergunta.

- Alguém já estudou sobre a mata atlântica?

Os meninos estavam se perguntando por que ele

estava questionando isso? Enquanto isso, o seu

Emanuel não perdeu tempo, sabendo que os meninos

são questionadores e gostam de ser prolixo em seus

discursos colocou os meninos em ordem na fila indiana e

pegou a primeira trilha que entrava para dentro da mata

fechada.

De repente, já dentro da mata começou a escutar

um grito alucinado.

- Emanuel, Emannuel... eeeoooo. EEmmannuel

Khalil ouviu o grito e disse:

- Pai a mamãe esta te chamando... vamos retornar

alguma coisa grave deve esta acontecendo.

Page 29: O caminho do existir

-Se nós tivéssemos caminhado por mais alguns

minuto não escutaríamos mais nada. Disse o seu

Emanuel.

O grupo retornou correndo imaginando terríveis

acontecimentos.

- Será que alguém foi mordido por cobra,

levantaram a lebre... Não, pode ter sido um escorpião,

aqui nesta região tem muito animais peçonhentos.

- Já pensou! Se fosse um sapo que tivesse pulado

no corpo de uma das meninas no banheiro quando elas

estavam tomando banho! Ah! Ah! Eles começaram a rir

das piadas que estavam fazendo.

O grupo apontou no terreiro do casarão e as

meninas na varanda estavam se acabando de rir. O grupo

perguntou o que aconteceu?

- Elas responderam o caseiro chegou com a lenha

e o fogo já esta acesso.

O João mais capcioso não segurou a pergunta que

estava no ar e a soltou sem pestanejar. E qual o motivo

da risada?

Page 30: O caminho do existir

Uma olhou para outra com aquele olhar de moleca

e começaram a gargalhada. A Denise tentou explicar a

piada para o João. Disse ela:

- João, para ter fogo precisa da lenha... entendeu?

Lenha... Fogo; Percebeu homem e mulher, entendeu

agora. Ou você quer que eu lhe explique tim, tim por tim.

Agora todo mundo estava rindo menos o João.

O seu Emanuel foi até cozinha foi cumprimentar o

caseiro e a sua família. Perguntou ele: Oque aconteceu

com vocês? Contou o caseiro:

- Seu Emanuel nem te conto: Após a sua ultima

ligação ontem à tarde. O meu filho foi mordido por uma

jararaca e tivemos que sair daqui correndo para levá-lo

para o ponto socorro. Tentei avisá-lo, mais não foi

possível, eu perdi o celular na correria... Mas, como está

o seu filho? Perguntou o seu Emanuel.

- Neste exato momento ele continua no hospital, já

está medicado e em breve retornará para casa.

Page 31: O caminho do existir

- E como você chegou com a lenha? Pensei que

ensinaria aquele grupo de “vara verde” como proceder

dentro da mata. Comentou seu Emanuel:

- Bem, a lenha já estava cortada. Eu havia

guardado no pé de mato próximo do curral. Enquanto a

lição, não seja por isso. Se o Senhor quiser agente pode

sair para cassar está noite, posso providenciar os cavalos

e as espingardas.

- Bem, deixe-me checar a programação com a

Dona Raquel e a sua filha Linda. Porque você conhece

bem as “peças”.

- Fico no aguardo. Disse o caseiro.

Enquanto isso, na varanda do casarão a conversa

estava solta. Todos estavam de boa, relaxados e

colocando os casos, em dia, tipicamente de cidade de

interior, onde todo mundo conhece todo mundo. Neste

clima, surgiu a conversa de quem esta gostando de

quem. As caras e bocas de alguns já estavam ficando

vermelha de vergonha, a salvadora da pátria, a linda

anunciou:

Page 32: O caminho do existir

- O almoço está na mesa. Hora de matar aquele

que esta te matando. A fome. Temos aqui um prato

tradicional da comida mineira. Uma farofa bem molhada

de ovo, coentro, tomate e cebola. Uma carne de panela

bem suculenta, feijão tropeiro, pururuca, toicinho

crocante, arroz soltinho, para quem não gosta de carne

de panela, tenho aqui uma bisteca assada deliciosa e de

sobremesa o nosso famoso doce-de-leite seco.

- Que delicia! Comentou Carlos.

- Conte-nos o seu segredo.

- Não existe segredo, o ingrediente principal está

na alegria de recebê-los, de está com essa gente

pensante, e a adrenalina em participar na formação dos

principais conceitos na vida de vocês, é suficientemente

motivador para fazer o melhor da comida mineira para

vocês.

- Já faz muito tempo que não tive o privilégio de

comer com olhos e me sentir saciado. Esta comida “esta

decente”. Obrigado! Dona Raquel.

- Oque quer dizer “esta comida esta decente”.

Retrucou a Dona Raquel. Denise completou:

Page 33: O caminho do existir

- Não vovó ele quis dizer que a comida esta

simplesmente deliciosa, extraordinária, fora do comum.

- Ah sim! Agora entendi. Sendo assim vamos

agradecer a Deus por essa mesa farta e em seguida nos

saciaremos, nesta comida decente.

Todos soltaram um sorriso contido e logo após a

vovó começou a sua oração.

- Pai, todo poderoso, onisciente, onipresente e

soberano em suas vontades. Queremos agradecer por

nos permitir o privilégio de ter uma mesa farta como esta.

E nos instigarmos, a busca de propósito de vida para esta

nova geração. Guie-nos neste processo e fortaleça a

nossa fé. Em nome de Jesus. Amém.

Todos se saciaram e estavam felizes curtindo

aquele almoço. As meninas estavam faceiras sorridentes

os meninos um pouco mais fechados e se percebendo

dentro daquele novo ambiente.

Após, uma sobremesa surreal de doce de leite

seco. O grupo foi para as redes espalhadas pela varanda.

A Denise e a Carol permaneceram ajudando a Vovó e a

Linda. Enquanto estavam realizando o serviço elas

Page 34: O caminho do existir

fizeram a pergunta chave para Vovó. Como aquela sede

da fazenda tinha permanecido em suas mãos?

- Esta fazenda eu recebi no meu pai no meados

dos anos de 1960. Eu ainda tinha 18 anos. A primeira

agencia do Banco do Brasil na região havia chegado com

uma missão bem clara que era estabelecer uma linha de

crédito rural para os agricultores da região de sul de

minas. Meu avô, como um dos maiores fazendeiro da

região, recebeu em sua propriedade o gerente daquele

Banco e lhe apresentou as linhas de créditos. Nos

primeiros anos, estava dando tudo muito certo, foi

instalada uma linha telefônica entre o Banco e a fazenda

e toda vez que, o meu avô carecia de recursos, ou caixa

para pagar os empregados, bastava ligar, e o dinheiro era

enviado através de um mensageiro, ou pelo gerente

daquele Banco.

Anos depois, o Banco limitou a linha de crédito ao

pequeno agricultor. Assim, o meu avô seguindo o

conselho do gerente de banco dividiu a fazenda, em

pequenas terras. Possibilitando, desta forma, o

financiamento das sementes e a colheita das plantações.

Lembro-me que houve uma grande seca e acarretou em

um grande prejuízo, meu avô precisou vender as outras

Page 35: O caminho do existir

terras e ficou com terra que continha a sede da fazenda.

Quando ele passou desta vida, eu a recebi como herança

do meu avô.

Enquanto isso, na sala da fazenda, o seu Emanuel

aglomerava os jovens e os convidava a um desafio. Disse

ele:

- Galera, neste momento gostaria de participar com

vocês nesta nova onda que esta sendo formada, sem

dúvida, que estarei na praia surfando com a fé e a

coragem pertinente a minha pessoa. Há muito tempo,

neste encontro que vocês têm realizado em minha casa.

Tenho notado um movimento estranho, toda vez, que eu

chegava, o tom da conversa diminuía e o assunto se

desviava e logo, os anjos protetores criavam uma barreira

intransponível com as suas asas para impedirem a minha

interlocução. Agora galera, não tem como fugir da minha

presença e nem tão pouco da possibilidade de escutar

meus posicionamentos, nestas questões que emerge do

coração brasileiro. Assim, prepara o cérebro e as

formulações lógicas. Por que nós vamos fazer uma

viagem no mundo das conspirações. Nesta viagem temos

que dividir em dois grupos de trabalho.

Page 36: O caminho do existir

Aquela tarde o grupo saiu de um estado de “leseira

bare” – é aquele momento após desfrutar e se extravagar

numa deliciosa refeição - para uma condição de full

adrenalina.

Propôs seu Emanuel:

- Cada grupo vai defender uma tese e vai

apresentar como tornar a tese em realidade. Só tem um,

porém, eu passarei a tese para cada grupo e vocês

trataram de delinear de que forma atuará na realidade.

- O primeiro, receberá a tarefa de dividir o Brasil.

Explicará o porquê e como realizaria.

- E o segundo trabalhará a ideia por que o Brasil

não deve ser dividido. Explicará o porquê e como evitaria

a possível divisão.

- Então vocês terão à tarde para arquitetar as

estratégias e criar as situações para os determinados fins.

Explicou o seu Emanuel.

Os anjos não estavam em prontidão para evitar o

encontro, e consequentemente os choques temáticos. Os

meninos não tiveram medo do desafio, prontamente

encarou o mesmo e se dispuseram para criar o cenário

imaginário para suas ideias. Uma tarde que tinha tudo

para ser preguiçosa, se tornou como um temporal

Page 37: O caminho do existir

chuvoso atopetado de demonstração de poder da

natureza por meio de trovões repentinos, raios e

relâmpagos rachando o céu, escuro inabitável rumo a

terra criando crateras abissais. Como se fosse veias

arteriais carregando as emoções do homem bruto,

querendo estraçalhar o seu inimigo. O cérebro da galera

estava sofrendo uma carga fenomenal de ideias

impregnadas de imagens provindas da busca incessante

para as respostas.

E cada um deles atropelando a fala do outro

tentava expressar naquele momento as ideias que

surgiam:

- Para começarmos a traçar uma estratégia de

conquista de um país. Deveremos delinear a nossa linha

de pensamento, ou seja, busca motivos suficientes

poderosos para motivar pessoas para entregar as suas

vidas para este determinado fim...

- Nem Jesus criou argumentos tão poderosos para

aglutinar forças para convencer o contraditório. E que

pensamentos poderiam ser suficientemente lógicos e

didáticos, de uma maneira tal, uma nação pudesse

assimilar sem questionamento destrutivo e reformativo?...

- Nem o cristianismo conseguiu levar o amor e a

compaixão sem proporcionar a guerra. Deveríamos em

Page 38: O caminho do existir

primeiro instante preparar um grande exército obediente

com armas poderosas. Para tomar a força o país e fazê-lo

dele um exemplo de crescimento econômico x convívio

social e respeito ao próximo...

- Meu Deus, isto esta ficando muito complicado

para o meu pequeno cérebro. Como nós podemos

realizar algo onde uma multidão de gente mais inteligente

e estudada não conseguiu estabelecer.

- Não podemos trilhar por caminhos

exaustivamente estudados e delimitados. Precisamos

descobrir novos caminhos.

- Muitas coisas nas nossas vidas estão na ponta do

nosso nariz e agente não consegue ver por que estamos

míopes ou muitas vezes usamos um par de óculos que

somente nos ajuda ver as coisas mais complicadas,

distantes da nossa realidade e não valorizamos as coisas

cotidianas e singelas.

- Não sejamos tolos suficientes para acreditar que

reinventaremos a roda.

- Concordo com ....

- Deveríamos partir para conquista por meio da

força. Talvez, não pela força do exército por que isso

dependeria de um exaustivo debate politico para garantir

um espaço temporal que venha permitir a conversão de

Page 39: O caminho do existir

uma massa pensante intelectual politica para fortalecer a

ideia da tomada do poder por meio da força militar.

- Caracas, de onde você tem tirado este discurso

tão bonito e lógico. Um dia, eu vou ser igual a você. Carol

tentou quebrar a enxurrada de indagações que o grupo

levantava. Mas....

- Não podemos pestanejar e desviar os nossos

pensamentos com elogios fora do momento. Vamos

buscar a solução para o problema.

- Tenho uma pergunta. Disse um deles.

- Fale.

- Quanto tempo, vocês acham que gastaríamos

para controlar este país?

- Essa pergunta é muito complicada. Mas a

primeira guerra mundial não durou 15 anos. Levando em

consideração que não estamos querendo conquistar o

mundo e que as armas de hoje são mais poderosas que

da época não acredito que passaremos um ano de

guerra. Teríamos que utilizar as armas mais modernas

do mundo para este fim. Se fosse decidido utilizar as

forças armadas.

- Assim não vamos chegar a lugar algum. Já foi

falada, aqui a necessidade de andar por caminhos novos.

E a guerra não é um caminho novo.

Page 40: O caminho do existir

- Então, que caminho nós poderíamos imaginar?

- Vamos começar pela ponta do nosso nariz.

- Como assim.

- O que podemos ver na ponta dos nossos

narizes?

- Na minha concepção eu só posso ver uma

multidão de gente sofrida, com poucas esperanças no ar

e sem dinheiro.

- E como esta as forças armadas? Na realidade. A

nossas forças armadas são um mar de sucata. A marinha

com seus navios com a grande maioria deles no estaleiro

se acabando com a corrosão.

A aeronáutica os aviões e helicópteros dependem

de peças que não são produzidas no nosso país e, além

disso, quando as peças chegam elas ficam na mão de

empresas privadas como EMBRAER e HELIBRAS. Se

fosse entrar em guerra com esta estrutura estaríamos

perdidos. Porque dependeríamos do próprio povo para

manter os nossos aviões e helicópteros com intuito de

destruir as forças inimigas que estariam no meio do povo.

Sem condições.

- Quais as conclusões que deveríamos perceber, e

que não estamos conseguindo enxergar.

Page 41: O caminho do existir

- mudando um pouco do assunto. Na televisão e vi

um programa de empreendimento um produto de limpar

vidro. Cara, o negócio tão simples, tão lógico, e me

pergunto como ninguém ainda não tinha criado isso

antes. O objeto tem a função de limpar o vidro do lado de

fora, pelo lado de dentro, por meio de uma ferramenta

bem simples, dois imãs o de fora instalado uma vassoura

de pano e a outra parte do lado de dentro tem a função

de direcionar e ninguém tinha imaginado isso antes, ou

seja, estava na ponta do nariz de todo mundo e ninguém

tinha percebido.

Quando a conversa estava chegando a algum

lugar o sol começou ficar mais longe, a sala não estava

tão quente, os raios de sol penetrando nos galhos das

árvores criavam paisagens já mais vistas, que

arrebataram a atenção daqueles que estavam na sala. Ao

ponto de ao mesmo tempo cada um deles tomarem as

suas maquinas fotográficas e filmadoras para guardarem

para eternidade.

De repente, Denise capta em sua lente lindas

borboletas que as forças do impacto do batimento de

suas asas com o ar, eram perceptíveis pela lente de sua

câmera. As borboletas começaram a si movimentar

harmonicamente, e do nada apareceu diversas borboletas

Page 42: O caminho do existir

de espécies notoriamente diferente uma das outras.

Havia borboletas com cores vibrantes, com asas

pequenas, com asas grandes, tinha borboleta que ficava

pairada como um helicóptero, mas, o que ficou marcante

foi o movimento da massa do ar que em cada momento

aumentava mais.

Não obstante, as paisagens e as borboletas ouviu

lá no quarto um barulho diferente, que parecia ferro

batendo em ferro, juntamente com algumas expressões

de adoração, como se fosse uma cerimônia, e algumas

lágrimas. A atenção daqueles, que outrora foi tomada

pela paisagem e em seguida pelas borboletas, agora

estava sendo dirigida para dentro da casa.

Não demorou muito a mulher do caseiro saiu ao

encontro dos meninos e os convidou a entrar no quarto

onde estava a vovó.

Disse, então, a vovó:

- Sejam bem-vindos, a este momento muito

importante para minha memoria. Hoje, faz exatamente

sessenta anos que meu avô passou dessa vida. E não foi

sem propósito que eu os convidei à fazenda. Meu avô

Page 43: O caminho do existir

sempre antes de abrir esta janela ele fazia uma cerimônia

de adoração a Deus.

- Eu gostaria de apresentar a vocês a senhora

Maria a qual sempre teve a oportunidade deste de criança

compartilhar com o meu avô essa cerimônia.

A Cerimônia

- O meu patrão tinha um coração bondoso, e

amava as crianças, como fui uma menina arteira sempre

me coloquei em situações favoráveis a demonstração de

sua bondade e seu carinho. Até que, uma bela tarde eu

participei com ele de uma experiência que marcou a

minha vida e toda oportunidade de trazer a memória,

assim eu faço. Disse a dona Maria.

Page 44: O caminho do existir

- Ele começava assim:

- Ele pegava este livro de capa preta e fechava os

olhos e clamava à Deus dizendo:

- Pai, de todo universo, e do tempo, criador dos

céus e da terra, aquele que tem a chave das dimensões

celestiais para abrir e fechar no piscar dos olhos. Abre

este livro na palavra que queres me instruir e mim leva ao

lugar onde queres que eu vá.

- E normalmente, o Deus dele de uma forma bem

clara e específica o respondia. Logo, em seguida ele

abria esta janela. E contemplava a manifestação do Seu

poder.

O silêncio tomou o quarto, a senhora Maria fechou

os olhos e começou a balbuciar bem baixinho, algumas

palavras sem algum significado lógico, para aqueles que

estavam no quarto. Assim que, todos se inclinaram, para

ouvir o que a Dona Maria dizia: a voz serena e marcada

pelo tempo se transformou num estrondo como acontece

com um trovão, que começa com um estalo e expande

rapidamente, gerando uma onda de som estrondoso, que

muitas vezes, se prolongam no tempo com intensidade e

Page 45: O caminho do existir

frequência crescente. Assim, aconteceu naquela sala. O

clima de telespectador foi quebrado e logo todos estavam

em uma atmosfera metafísica envolvente. Na medida,

que as palavras rompiam as massas de ar, o corpo sentia

o impacto, decorrendo a parti daí, uma sensação de paz

interior. E uma onda de dormência o qual

deliberadamente se deflagrou, desde, da ponta do fio de

cabelo até a ponta dos pés, bem lentamente, trazendo a

certeza que estava acontecendo uma manifestação de

poder, de um ser desconhecido de muitos.

Concomitantemente, a natureza em volta da casa se

envolveu neste mesmo clima, podendo ouvir as panelas e

pratos se baterem, orquestralmente impulsionados por

uma ventania, a qual trouxe as borboletas para dentro do

quarto, que outrora, embelezava os raios do sol no topo

das árvores. Naquele momento, na frente de todos

concedeu a abertura da janela e nos convidando a

contemplar o que havia por trás da mesma.

Todos estavam atônitos e incapacitados de se

movimentar, ninguém mais se continha em pé, a

dormência no corpo descompactou o espírito da alma

arrebatando-os. E como a janela estava aberta, mas

nenhum deles era capaz de chegar até ela. As borboletas

Page 46: O caminho do existir

se incumbiram de proporcionar-lhes o desencadeamento

da percepção de uma nova dimensão peculiar levando-os

a janela. Quando cada um se entendeu o que estava

acontecendo houve um clamor, às lágrimas não se

cessavam, eles rugiam como leão.

A dona Maria, se levantou e impôs as mãos na

cabeça da Carol e começou a gritar receba, receba,

receba, receba....

Chegou junto aos ouvidos de Denise e cochichou

no ouvido dela e logo em seguida, ela começou a

gargalhar compulsivamente.

Com o Khalil, pegou o paletó do seu patrão, que

ainda permanecia no guarda roupa do quarto e o vestiu. E

pegou a mão da Carol e colocou sobre a mão do khalil.

Para João, dizia a ela; peque esta caneta que está

em sua frente e escreva, escreva........

Em Carla, ela começou a marcha em volta dela,

depois, parou em frente a levantou e com movimentos

das mãos insinuou gestos de guerra, desamarrando-a e

gritava: você está livre, livre, livre, percorre as terras que

estão as suas vistas.

Page 47: O caminho do existir

A frágil dona Maria, não se continha dentro

daquela sala, iniciou uma sessão de pulos

extraordinários. Ela pulava com dois pés juntos em uma

pura demonstração de força sobrenatural. Após este

período ela imediatamente partiu para cima do Augusto e

dizia bem alto para ele: Conheço o teu coração e

estabelecerei a revolução, diga, diga, diga, eu aceito,

para o dono do universo. E assim foi o fim da tarde toda e

varou a noite, a manifestação do Dono do Universo de

uma forma pessoal particular, para aqueles os quais

tiveram a oportunidade experimentar o sabor de

conhecer, uma nova dimensão da realidade, além do

provável, simplesmente surreal.

O dia depois

À noite terminou todos adormecidos. Os corpos

estavam lá estendidos no meio do quarto. A Linda trouxe

roupas de cama, travesseiros, cobertores para acomodar

Page 48: O caminho do existir

melhor, mas na verdade, eles não estavam sentido as

intemperes daquela madrugada.

O galo cantou, o orvalho apareceu, o nevoeiro se

formou repentinamente. O sol ficou incapacitado de

mostrar a sua cara. O relevo característico da serra

amarrou a neblina junto à superfície por muitas horas

seguidas, variando de intensidade. Naquela serra, o

nevoeiro se dissipa naturalmente com o aquecimento do

ar. Este aquecimento causa a mistura das camadas de ar

com diferentes temperaturas. Embora, o sol insistindo em

sua dissipação, a mesma passou amanhã praticamente

toda, neste processo de evaporação.

Já às onze horas, os raios do sol esparsamente

penetravam o nevoeiro no topo das árvores. Sinalizando

com muita gentileza aos pássaros, que o dia raiou.

Dentro de casa, davam-se os primeiros vestígios

de despertamento. O caseiro acostumado com clima de

serra apressadamente pôs lenha no fogão, acendeu o

fogo e ferveu a água para fazer o café. O cheiro do café

tomou a casa. Assanhou a Linda e o seu Emanuel que

dormira na antessala da cozinha próximo ao calor do

Page 49: O caminho do existir

fogão de Lenha. Não demorou muito para rompimento do

silêncio do quarto da janela.

- A Carol - sussurrou um bom dia!

- A Denise prontamente respondeu – bom dia!

- Eu estou quebrada parece que um caminhão

passou por cima de mim – a voz da menina meiga e

suave estava meio roca e grossa semelhante ao um pato

roco.

- Que voz é essa? Carla, EH!! Será que a sua voz

ficou no outro lado?

– fala mais um pouquinho, tipo radialista, teste,

testandooo 1, 2, 3.

- Ei! Até parece, a transformação de voz, só

acontece comigo de manhã cedo, engraçadinhas!

O sol não teve o privilégio de despertá-los. A fome

o vez com maestria. Logo, todos da casa estavam se

achegando a cozinha, com intuito de saciar-se. E assim,

foi por volta de meio-dia.

Page 50: O caminho do existir

Findando este período do café. A esposa do

caseiro que havia regressado da cidade. Imediatamente,

se dispôs a realizar o almoço do povo.

Enquanto isso, na sala ninguém se sentiu à

vontade a comentar o que havia realmente acontecido.

Entretanto, não vendo mais o céu tomado por

nuvens e deslumbrando o aconchego do sol, juntamente

com alegria dos cantos dos pássaros. Parti da sacada ao

terreiro, e do terreiro à estrada, e dessa a mata. Peguei

uma trilha ao lado da cancela beirando a cerca da

fazenda fui caminhando, confabulando o que havia

sucedido. Andei não me dei conta, sobre o ecossistema

em torno de mim. Eu passei um bom tempo, tentando

administrar as revelações tão incisivas ao meu respeito,

ao mesmo tempo maravilhado daquela presença

marcante, extravagante do Dono do Universo. Haf! E

como pude sair do meu corpo, estando no meu corpo?

Enquanto andava alguma coisa tentava confirmar a

sensação de que a mata tornava mais densa e escura. A

trilha não estava tão marcada, os galhos das árvores

travavam a boa caminhada na trilha, a cerca começou a

sair do meu alcance, mais ainda estava na minha

Page 51: O caminho do existir

esquerda, pensava eu. O meu espanto!! Deparei com

uma das sete maravilhas do mundo. Uma linda cachoeira

que me trouxe um sereno Déjá Vu, por um momento, ela

me transportou há uma memória não tão recente, de uma

paixão a qual foi arrancada dos meus braços.

Aquela água gélida estava me chamando e não

tive opção de não deixar de ir, mergulhei naquele lago

azul sem fim. Encontrei uma caverna atrás do véu da

noiva e ali aguardei...

Momentos depois...

- Por aqui... Por aqui... Este é o caminho - o

caseiro com seu facão, rascando os galhos para abrir o

caminho até o belo lago azul.

O terreno acidentado, a trilha não sinalada, com

bastantes galhos e cipó impedindo, o bom andamento da

caminhada não dá oportunidade, para permitir assuntos,

que desencadeia uma serie de outras conclusões. Pensei

com meus botões.

A ansiedade esta contida em cada olhar – que

lindo! Uma flor vermelha no alto de um pé de oricuri –

falou entusiasmada Carol.

Page 52: O caminho do existir

A Denise, prontamente foi observar a beleza da

flor, mas eu não sabia se acompanhava a fila indiana ou

ficava com elas admirando. Não deu outra, vou

acompanhar a fila para não dar chance aos meus

hormônios masculinos e transparecer alguma afeição.

E o caseiro continua na labuta incansável da

reabertura da trilha, vou arriscar tomar o facão na mão

dele, vou colocar estes hormônios executando algo para

o bem comum.

Adiantei os meus passos, com intuito de alcançar o

seu José, uma maquina de trabalho. Durante o tempo que

os meninos estavam se admirando com a visão magnifica

que a trilha proporcionava ele já estava a muitos metros

de distancia à frente.

- Seu José. - Fala meu filho.

- O Senhor está muito violento com este facão. E já

deve está cansado, eu posso experimentá-lo, enquanto o

Senhor dá uma descansada.

- Não, meu filho não carece. Porque já chegamos.

Olhe. Esse paraíso perdido! Em nossa frente!

Page 53: O caminho do existir

- Meu Deus! Eu já tinha me esquecido quanto é

belo essa cachoeira. Há muito tempo que não venho aqui.

O Senhor se lembra de qual foi à última vez.

- Oche! Você era tamanho dessa vara verde,

danado que só! Quando viu o lago não se deteve,

mergulhou sem fim e quase de lá não saía. De lá para cá!

Ninguém andou mais por aqui.

Vou chamar o resto do povo.

- Vai, que vou ajeitando este resto de mato.

As meninas ainda estavam admirando as flores e

os meninos venerando-as. Quando de assalto trouxe a

notícia que havíamos chegado. Eles saíram correndo

apostando quem iria chegar primeiro. Eu os deixei por

outro lado passei a ter a companhia da Carol. E curti a

sua alegria quando ela viu o lagoa e a cachoeira. Ela não

se conteve, deu-me um belo de um longo abraço, um

cheiro no pescoço e me agradeceu por compartilhar

momentos lindos e inesquecíveis.

Não demorou muito tempo, para todos literalmente

pularem na lagoa.

Page 54: O caminho do existir

Já no meu décimo pulo, alguma coisa errada

aconteceu, ralei a cabeça em alguma pedra. De repente

perdi as minhas forças, era como a lagoa estivesse me

tragando, as minhas braçadas não surtiam nenhum efeito

debaixo d’agua. Alguns segundo após a todo esse

esforço.

Eu me vi em uma barreira de pedra em uma baia.

O mar em ressaca, na qual batia com muita força nas

pedras e muitas vezes a onda atravessava indo além. Em

cima daquele muro de pedras, quando a onda retornava

ao mar, conseguia ver a altura, que estávamos e o

tamanho da onda criada e a velocidade que se formava, e

o caminho que ia percorrer até ao muro. Não somente

isso, as pedras tornavam escorregadias e exigia uma

habilidade de equilibrista. Por que se escorregasse e

saísse ao lado da baía, a água era rasa cheia de pedras.

Se fosse levado pela a onda ao alto mar, haveria uma

grande possibilidade, de quando a onda fosse feita,

novamente me levaria contra o muro da parede da baía.

Eu tinha que me manter literalmente em cima do muro.

Até parecia que eu estava sendo treinado para adquirir tal

ciência.

Page 55: O caminho do existir

Ainda debaixo d’agua, um Senhor bem charmoso

marcado pelo tempo sorrindo para mim, dizia: “está na

hora de subir” e me pegou pelos braços e com esforço

descomunal, eu vi o sol.