o «calão» actual · amor». um a prima viúva mais ve lha do que ele é o objectivo do seu amor...

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Preço 1$Q0 Quinto faira, 11 de Abril de 1957 Ano il - N 0 109 Proprietário, Administrador e Editor V. S. M O T T A P I N T O REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467 M O N T I J O OOMPOSIÇAO E IMPRESSÃO — TIPOGRAFIA «GRAITEX» — TELEF. 026 236 — MONTIJO DIRECTOR ÁLVARO VALENTE A d e sg ra ça d u m P in to r O film e biográfico ameri- cano «A Vida Apaixonada de Van Gogh» extraído do livro «Lust for Life» (Sede de Viver) de I. Stone está agora em exibição num cinema lis- boeta. Desta vez, os produ- tores de Hollywood não ro- mancearam a biografia, fal- seando a V e rd a d e , como anteriormente tinham feito ao contar a vida doutros ho- mens geniais; pelo contrário, seguiram à risca os passos da vida desse desafortunado pintor. Nascido no Brabante ho- landês em 1855, Vincent Van Gogh começou por ser um pastor de almas na regiio mineira de Borinage, em Bru- xelas, v iv e n d o miseràvel- mente e passando fome. E s - forçava-se por dar consolo aos infelizes mineiros, citan- do-lhes os Evangelhos. Mas as suas palavras não tradu- ziam o amor que ele queria distribuir pelos que traba- lhavam na mina, a sua falta de poder oratório fazia com que os poucos que escutavam quedassem indiferentes ante as suas pregações. Seu irmão Theo (através da curta existência de Van Gogh nunca o abandonou) Vai propositadamente de Pa- ris à Bélgica, e aqui, com palavras persuasivas con- vence-o a deixar a vida de pregador para que não tem vocação, e a voltar para a casa paterna. D e Volta a Amesterdão, o futuro colorista Vai falar com Qtónieai ç)tte(fuietai -- 42 O «calão» actual Uma das coisas mais^rano- sas deste século atómico é o «calão» ordinário, baixo, re- les, sem sentido nem espí- rito, usado nas esferas aris- tocráticas e responsáveis. N o s tempos atrasados, quando o Progresso e a Ci- Por ÁLVARO VALENTE vilizaçào se alumiavam com archotes e candieiros de três bicos, quando a candeia rei- nava soberana dos lares e das choupanas, quando a humanidade tinha medo das osgas e do «mau olhado», quando ainda se tratava a «espinhela caída» e o «que- branto» sem antibióticos, fa- lava-se rucje e simples, em português não académico mas autêntico, e ninguém sabia «calão», todos procura- vam «termos finos» para os dias solenes ou para os D o - mingos. O «calão» era sintoma de gente desregrada, frequen- tadora de antros, de gente sem educação e sem beira, de gente que vivia uma vida áparte, suja, duvidosa, repe- lente. A «sociedade» evitava es- ses contactos e enojava-se até se algum desses elemen- tos se aproximava e se ser- via do palavriado de baixo estofo. Parece que havia certo pudor que ficava bem, e a vergonha ainda comandava os actos e os gestos. Neste século adiantadís- simo, em que uma bomba trivial pode matar seiscen- tas mil pessoas, em que o radar, a telefonia, a televi- são, e tantas outras conquis- tas da Ciência transforma- ram o M undo dos pés à cabeça, é elegante, é diplo- mático, é moda salpicar a fala e a conversa com bar- baridades destrambelhadas e sem nexo, as quais fazem as delícias dos ouvintes e autores, as quais até dão distinção e suprem acia! Se o professor não gostou da maneira como o aluno se comporta, ou da forma como respondeu à lição, diz-se em linguagem superior e ga- lante : que «ficou com uma cachola»... E a mesma frase encanta- dora se emprega sempre que alguém não gostou de cer- tas atitudes ou procedimen- tos. (Continua na página 5) o primo, o pintor M auve, a fim de que este lhe dê alguns conselhos e lições sobre a arte de desenhar. M as ao fim de copiar umas tantas Vezes os modelos de gesso que aquele lhe dera, revol- ta se contra tal método de aprendizagem e, exasperado, parte todos os gessos. N o entanto, alguma coisa apro- veita do encontro com o primo: este dá-lhe tintas, telas e pincéis,que até àquela altura eram para ele des- conhecidos, e a partir daí está no bom cam inho; pode enfim seguir a sua verdadeira Vocação. Febrilmente, pro- curando tirar partido dos amarelos e azúis, lança-se com afinco à pintura, che- gando a trabalhar quinze ho- ras por dia. Porém , a partir de um determinado momento nota que qualquer coisa lhe falta, e confidencia ao bom irmão Theo que se encontra em Paris; « A fim de traba- lhar e de tornar-se um ar- tista o hom em precisa de amor». Um a prima viúva mais Ve- lha do que ele é o objectivo do seu amor ; fica perdida- mente apaixonado. O destino ri-se às vezes destes homens tocados pelo sopro do génio: a prima não aceita o pedido de Van Gogh, repele-o, fa- zendo-lhe saber que jamais se ligaria a um hom em que nem profissão tem. A m a- neira como ele declara o seu amor é dum ridículo e dum cómico que choca e con- frange! Não encontrando as palavras que procura, ga- gueja, gesticula, aflito, e num arrebatamento, lança-se nos braços da prima que, cheia de medo ante aquele gesto inesperado, desembaraça-se do amplexo e foge. Desiludido, torturado pela dor, vai viver para Paris a expensas do irmão Theo. Encontra-se então com os impressionalistas da época e consolida-se uma amizade com um outro grande pintor: Paul Gaughin. M as na capi- tal da França abafa-se, a luz é fria e os motivos não o satisfazem; Vai então para o Sul, para a Aries meridional onde aquele a m a re lo quente das searas batidas pelo Sol luminoso e abrasa- dor e o Céu límpido e azul (Continua na página 4) Duas velhas fábulas Por Amaral Frazão T o d a a gente conhece, creio eu, aquela fábula do velho La Fontaine do lobo e do cordeiro. M as, apesar disso, vou contá-la em poucas palavras. Entendo que nunca é demais repetir o que pertence à sabedoria das Nações. A fábula é esta, p o uco mais ou m enos: U m lobo e um cordeiro encontram-se junto a uma ribeira. Am bos bebiam água. O lobo na parte da nascente, o cordeiro alguns m e tro s mais abaixo. D iz o lobo para o cor- deiro : Porque motivo me sujas a água que estou bebendo ? Com o pode ser isso, senhor lo b o - - responde o pobre cordeirinho todo tré- m u lo— se a água que estou bebendo vem de cima, pre- cisamente do sítio onde vós estais ? O lobo vê-se forçado a reconhecer que o cordeiro tinha razão. Com o. porém, na sua crueldade ingénita, no seu ódio contra o direito e a justiça, o infeliz já estava de antemão condenado, tor- na-lhe a fera : Sei que desde seis meses andas a dizer mal de m i m ,.. É impossível, meu se- nhor—-replica o cordeiro inocente. Nesse tempo ainda eu não era nascido I Não importa — atalha o lobo feroz — se não foste tu foi teu pai. E devora o in- feliz. Certo dia contei a seguinte história, que também é uma fábula, não sei se de La Fo n - taine como aquela, a um indivíduo cheio de prosápia e arrogância, mas brilhante ornamento da parvoice nacio- (Continua na página 5) PORTUGAL PITORESCO BEJA Entre os monumentos mais imponentes e curiosos da cidade de Beja, há que colo- car no primeiro plano o seu castelo, pela arquitectura remota, já palas páginas his- Da sua torre de menagem, com 39 metros de altura, quadrada e com um eirado cimeiro, desfruta-se um pa- norama esplendente! Aos pés, a cidade estende-se em O castelo de Beja e sua torre de menagem tóricas que r e p r e s e n t a . longo lençol de casario, e M andado edificar por D . D i- niz, foi pelo arquitecto inglês M urphy reputado o mais di- r gn o de consideração do : nosso país. para todos os lados se avis- tam quadros exuberantes da maior beleza. Em dias límpidos, até se (Continua na página 5) f V isite Montijo nas Festas de S . Pedro de 27 de Junho a 2 deJulho I

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Preço 1$Q0 Quinto faira, 11 de Abril de 1957 Ano il - N 0 109

Proprietário, Administrador e Editor

V. S. M O T T A P I NT O

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026 467M O N T I J O —

OOMPOSIÇAO E IMPRESSÃO — TIPOGRAFIA «GRAITEX» — TELEF. 026 236 — MONTIJO

D I R E C T O R

Á L V A R O V A L E N T E

A d e s g r a ç a d u m P i n t o rO f i l m e b i o g r á f i c o a m e r i ­

c a n o « A V i d a A p a i x o n a d a d e V a n G o g h » e x t r a í d o d o l i v r o « L u s t f o r L i f e » ( S e d e d e V i v e r ) d e I . S t o n e e s t á a g o r a e m e x i b i ç ã o n u m c i n e m a l i s ­b o e t a . D e s t a v e z , o s p r o d u ­t o r e s d e H o l l y w o o d n ã o r o ­m a n c e a r a m a b i o g r a f i a , f a l ­s e a n d o a V e r d a d e , c o m o a n t e r i o r m e n t e t i n h a m f e i t o a o c o n t a r a v i d a d o u t r o s h o ­m e n s g e n i a i s ; p e l o c o n t r á r i o , s e g u i r a m à r i s c a o s p a s s o s d a v i d a d e s s e d e s a f o r t u n a d o p i n t o r .

N a s c i d o n o B r a b a n t e h o ­l a n d ê s e m 1 8 5 5 , V i n c e n t V a n G o g h c o m e ç o u p o r s e r u m p a s t o r d e a l m a s n a r e g i i o m i n e i r a d e B o r i n a g e , e m B r u ­x e l a s , v i v e n d o m i s e r à v e l ­m e n t e e p a s s a n d o f o m e . E s -

f o r ç a v a - s e p o r d a r c o n s o l o a o s i n f e l i z e s m i n e i r o s , c i t a n ­d o - l h e s o s E v a n g e l h o s . M a s a s s u a s p a l a v r a s n ã o t r a d u ­z i a m o a m o r q u e e l e q u e r i a d i s t r i b u i r p e l o s q u e t r a b a ­l h a v a m n a m i n a , a s u a f a l t a d e p o d e r o r a t ó r i o f a z i a c o m q u e o s p o u c o s q u e e s c u t a v a m q u e d a s s e m i n d i f e r e n t e s a n t e a s s u a s p r e g a ç õ e s .

S e u i r m ã o T h e o ( a t r a v é s d a c u r t a e x i s t ê n c i a d e V a n G o g h n u n c a o a b a n d o n o u ) Vai p r o p o s i t a d a m e n t e d e P a ­r i s à B é l g i c a , e a q u i , c o m p a l a v r a s p e r s u a s i v a s c o n - v e n c e - o a d e i x a r a v i d a d e p r e g a d o r p a r a q u e n ã o t e m v o c a ç ã o , e a v o l t a r p a r a a c a s a p a t e r n a .

D e Volta a A m e s t e r d ã o , o f u t u r o colorista Vai f a l a r c o m

Qtónieai ç)tte(fuietai -- 42

O «calão» actualUma das cois as m a i s ^ r a n o -

s a s d e s t e s é c u l o a t ó m i c o é o « c a l ã o » o r d i n á r i o , b a i x o , r e ­l e s , s e m s e n t i d o n e m e s p í ­r i t o , u s a d o n a s e s f e r a s a r i s ­t o c r á t i c a s e r e s p o n s á v e i s .

N o s t e m p o s a t r a s a d o s , q u a n d o o P r o g r e s s o e a C i -

PorÁ L V A R O V A L E N T E

v i l i z a ç à o s e a l u m i a v a m c o m a r c h o t e s e c a n d i e i r o s d e t r ê s b i c o s , q u a n d o a c a n d e i a r e i ­n a v a s o b e r a n a d o s l a r e s e d a s c h o u p a n a s , q u a n d o a h u m a n i d a d e t i n h a m e d o d a s o s g a s e d o « m a u o l h a d o » , q u a n d o a i n d a s e t r a t a v a a « e s p i n h e l a c a í d a » e o « q u e ­b r a n t o » s e m a n t i b i ó t i c o s , f a ­l a v a - s e r u c j e e s i m p l e s , e m p o r t u g u ê s n ã o a c a d é m i c o m a s a u t ê n t i c o , e n i n g u é m s a b i a « c a l ã o » , t o d o s p r o c u r a ­v a m « t e r m o s f i n o s » p a r a o s d i a s s o l e n e s o u p a r a o s D o ­m i n g o s .

O « c a l ã o » e r a s i n t o m a d e g e n t e d e s r e g r a d a , f r e q u e n ­t a d o r a d e a n t r o s , d e g e n t e s e m e d u c a ç ã o e s e m b e i r a , d e g e n t e q u e v i v i a u m a v i d a á p a r t e , s u j a , d u v i d o s a , r e p e ­l e n t e .

A « s o c i e d a d e » e v i t a v a e s ­

s e s c o n t a c t o s e e n o j a v a - s e a t é s e a l g u m d e s s e s e l e m e n ­t o s s e a p r o x i m a v a e s e s e r ­v i a d o p a l a v r i a d o d e b a i x o e s t o f o .

P a r e c e q u e h a v i a c e r t o p u d o r q u e f i c a v a b e m , e a v e r g o n h a a i n d a c o m a n d a v a o s a c t o s e o s g e s t o s .

N e s t e s é c u l o a d i a n t a d í s ­s i m o , e m q u e u m a b o m b a t r i v i a l p o d e m a t a r s e i s c e n ­t a s m i l p e s s o a s , e m q u e o r a d a r , a t e l e f o n i a , a t e l e v i ­s ã o , e t a n t a s o u t r a s c o n q u i s ­t a s d a C i ê n c i a t r a n s f o r m a ­r a m o M u n d o d o s p é s à c a b e ç a , é e l e g a n t e , é d i p l o ­m á t i c o , é m o d a s a l p i c a r a f a l a e a c o n v e r s a c o m b a r ­b a r i d a d e s d e s t r a m b e l h a d a s e s e m n e x o , a s q u a i s f a z e m a s d e l í c i a s d o s o u v i n t e s e a u t o r e s , a s q u a i s a t é d ã o d i s t i n ç ã o e s u p r e m a c i a !

S e o p r o f e s s o r n ã o g o s t o u d a m a n e i r a c o m o o a l u n o s e c o m p o r t a , o u d a f o r m a c o m o r e s p o n d e u à l i ç ã o , d i z - s e e m l i n g u a g e m s u p e r i o r e g a ­l a n t e : q u e « f i c o u c o m u m a c a c h o l a » . . .

E a m e s m a f r a s e e n c a n t a ­d o r a s e e m p r e g a s e m p r e q u e a l g u é m n ã o g o s t o u d e c e r ­t a s a t i t u d e s o u p r o c e d i m e n ­t o s .

(Continua na página 5)

o p r i m o , o p i n t o r M a u v e , a f i m d e q u e e s t e l h e d ê a l g u n s c o n s e l h o s e l i ç õ e s s o b r e a a r t e d e d e s e n h a r . M a s a o f i m d e c o p i a r u m a s t a n t a s V e z e s o s m o d e l o s d e g e s s o q u e a q u e l e l h e d e r a , r e v o l ­t a s e c o n t r a t a l m é t o d o d e a p r e n d i z a g e m e , e x a s p e r a d o , p a r t e t o d o s o s g e s s o s . N o e n t a n t o , a l g u m a c o i s a a p r o ­v e i t a d o e n c o n t r o c o m o p r i m o : e s t e d á - l h e t i n t a s , t e l a s e p i n c é i s , q u e a t é à q u e l a a l t u r a e r a m p a r a e l e d e s ­c o n h e c i d o s , e a p a r t i r d a í e s t á n o b o m c a m i n h o ; p o d e e n f i m s e g u i r a s u a v e r d a d e i r a V o c a ç ã o . F e b r i l m e n t e , p r o ­c u r a n d o t i r a r p a r t i d o d o s a m a r e l o s e a z ú i s , l a n ç a - s e c o m a f i n c o à p i n t u r a , c h e ­g a n d o a t r a b a l h a r q u i n z e h o ­r a s p o r d i a . P o r é m , a p a r t i r d e u m d e t e r m i n a d o m o m e n t o n o t a q u e q u a l q u e r c o i s a l h e f a l t a , e c o n f i d e n c i a a o b o m i r m ã o T h e o q u e s e e n c o n t r a e m P a r i s ; « A f i m d e t r a b a ­l h a r e d e t o r n a r - s e u m a r ­t i s t a o h o m e m p r e c i s a d e a m o r » .

U m a p r i m a v i ú v a m a i s Ve­l h a d o q u e e l e é o o b j e c t i v o d o s e u a m o r ; f i c a p e r d i d a ­m e n t e a p a i x o n a d o . O d e s t i n o r i - s e à s v e z e s d e s t e s h o m e n s t o c a d o s p e l o s o p r o d o g é n i o : a p r i m a n ã o a c e i t a o p e d i d o d e V a n G o g h , r e p e l e - o , f a ­z e n d o - l h e s a b e r q u e j a m a i s s e l i g a r i a a u m h o m e m q u e n e m p r o f i s s ã o t e m . A m a ­n e i r a c o m o e l e d e c l a r a o s e u a m o r é d u m r i d í c u l o e d u m c ó m i c o q u e c h o c a e c o n ­f r a n g e ! N ã o e n c o n t r a n d o a s p a l a v r a s q u e p r o c u r a , g a ­g u e j a , g e s t i c u l a , a f l i t o , e n u m a r r e b a t a m e n t o , l a n ç a - s e n o s b r a ç o s d a p r i m a q u e , c h e i a d e m e d o a n t e a q u e l e g e s t o i n e s p e r a d o , d e s e m b a r a ç a - s e d o a m p l e x o e f o g e .

D e s i l u d i d o , t o r t u r a d o p e l a d o r , v a i v i v e r p a r a P a r i s a e x p e n s a s d o i r m ã o T h e o . E n c o n t r a - s e e n t ã o c o m o s i m p r e s s i o n a l i s t a s d a é p o c a e c o n s o l i d a - s e u m a a m i z a d e c o m u m o u t r o g r a n d e p i n t o r : P a u l G a u g h i n . M a s n a c a p i ­t a l d a F r a n ç a a b a f a - s e , a l u z é f r i a e o s m o t i v o s n ã o o s a t i s f a z e m ; Vai e n t ã o p a r a o S u l , p a r a a A r i e s m e r i d i o n a l o n d e h á a q u e l e a m a r e l o q u e n t e d a s s e a r a s b a t i d a s p e l o S o l l u m i n o s o e a b r a s a ­d o r e o C é u l í m p i d o e a z u l

(Continua na página 4)

Duas velhas fábulasPor Amaral Frazão

T o d a a g e n t e c o n h e c e , c r e i o e u , a q u e l a f á b u l a d o v e l h o L a F o n t a i n e d o l o b o e do cordeiro.

M a s , a p e s a r d i s s o , v o u c o n t á - l a e m p o u c a s p a l a v r a s . E n t e n d o q u e n u n c a é d e m a i s r e p e t i r o q u e j á p e r t e n c e à s a b e d o r i a d a s N a ç õ e s .

A f á b u l a é e s t a , p o u c o m a i s o u m e n o s :

U m l o b o e u m c o r d e i r o e n c o n t r a m - s e j u n t o a u m a r i b e i r a . A m b o s b e b i a m á g u a . O l o b o n a p a r t e d a n a s c e n t e , o c o r d e i r o a l g u n s m e t r o s m a i s a b a i x o .

D i z o l o b o p a r a o c o r ­d e i r o :

— P o r q u e m o t i v o m e s u j a s a á g u a q u e e s t o u b e b e n d o ?

— C o m o p o d e s e r i s s o , s e n h o r l o b o - - r e s p o n d e o p o b r e c o r d e i r i n h o t o d o t r é ­m u l o — s e a á g u a q u e e s t o u b e b e n d o v e m d e c i m a , p r e ­c i s a m e n t e d o s í t i o o n d e v ó s e s t a i s ?

O l o b o v ê - s e f o r ç a d o a r e c o n h e c e r q u e o c o r d e i r o t i n h a r a z ã o . C o m o . p o r é m , n a s u a c r u e l d a d e i n g é n i t a , n o s e u ó d i o c o n t r a o d i r e i t o e a j u s t i ç a , o i n f e l i z j á e s t a v a d e a n t e m ã o c o n d e n a d o , t o r ­n a - l h e a f e r a :

— S e i q u e d e s d e h á s e i s m e s e s a n d a s a d i z e r m a l d e m i m , . .

— É i m p o s s í v e l , m e u s e ­n h o r — - r e p l i c a o c o r d e i r o i n o c e n t e . N e s s e t e m p o a i n d a e u n ã o e r a n a s c i d o I

— N ã o i m p o r t a — a t a l h a o l o b o f e r o z — s e n ã o f o s t e t u f o i t e u p a i . E d e v o r a o i n ­f e l i z .

C e r t o d i a c o n t e i a s e g u i n t e h i s t ó r i a , q u e t a m b é m é u m a f á b u l a , n ã o s e i s e d e L a F o n ­t a i n e c o m o a q u e l a , a u m i n d i v í d u o c h e i o d e p r o s á p i a e a r r o g â n c i a , m a s b r i l h a n t e o r n a m e n t o d a p a r v o i c e n a c i o -

(Continua na página 5)

PORTUGAL PITORESCOB E J A

E n t r e o s m o n u m e n t o s m a i s i m p o n e n t e s e c u r i o s o s d a c i d a d e d e B e j a , h á q u e c o l o ­c a r n o p r i m e i r o p l a n o o s e u c a s t e l o , j á p e l a a r q u i t e c t u r a r e m o t a , j á p a l a s p á g i n a s h i s -

D a s u a t o r r e d e m e n a g e m , c o m 3 9 m e t r o s d e a l t u r a , q u a d r a d a e c o m u m e i r a d o c i m e i r o , d e s f r u t a - s e u m p a ­n o r a m a e s p l e n d e n t e ! A o s p é s , a c i d a d e e s t e n d e - s e e m

O castelo de Beja e sua torre de menagem

t ó r i c a s q u e r e p r e s e n t a . l o n g o l e n ç o l d e c a s a r i o , eM a n d a d o e d i f i c a r p o r D . D i ­

n i z , f o i p e l o a r q u i t e c t o i n g l ê s M u r p h y r e p u t a d o o m a i s d i -

r g n o d e c o n s i d e r a ç ã o d o : n o s s o p a í s .

p a r a t o d o s o s l a d o s s e a v i s ­t a m q u a d r o s e x u b e r a n t e s d a m a i o r b e l e z a .

E m d i a s l í m p i d o s , a t é s e (Continua n a página 5)

f Visite Montijo nas Festas de S. Pedro de 27 de Junho a 2 de Julho I

o APROVINCIA , i i -4-957

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Oiçam todas as 3.as feiras às 13 horas, através do Clube Radiofónico de P o r t u g a l , o programa < REVISTA DES­PORTIVA", uma produção de Fernando de Sousa, com o

patrocínio deste jornal.

R E V I S T A D E S P O R T I V A

15 minutos em que se fala do desporto ea favor do desporto. Brevemente no ar o programa TOUROS, T O U R E I R O S , E TOURA.D AS — um programa etn que se diz a verdade sobre Festa Brava. Para a sua publi­cidade consulte

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O u t r a n o t a f r i s a n t e d e s t e r e l a t ó r i o é a p a r t e e l u c i d a ­t i v a d o s m a p a s q u e , a l é m d e c o m p l e t a r e m a p r o s a d o s c a p í t u l o s , d o c u m e n t a m e x u ­b e r a n t e m e n t e c o m s e u s n ú ­m e r o s a s c o n c l u s õ e s .

N o c a p í t u l o « S e r v i ç o s M u n i c i p a i s » v e r i f i c a m o s m a i s u m a v e z o g e s t o a l ­t r u í s t a e s o b r e m a n e i r a h u ­m a n i t á r i o d o s r . J o s é d a S i l v a L e i t e , p r e s i d e n t e d o M u n i c í p i o , q u e , c o m o n o s a n o s a n t e r i o r e s , f e z r e v e r t e r o s s e u s v e n c i m e n t o s « a f a ­v o r d o s p o b r e s , d e i n s t i t u i ­ç õ e s d e u t i l i d a d e p ú b l i c a e , s o b r e t u d o , d o s p e q u e n o s b e n e f i c i á r i o s d a C o l ó n i a B a l n e a r I n f a n t i l » .

£ m a i s u m a v e z t a m b é m , s e m s o m b r a d e l i s o n j a o u d e s u b s e r v i ê n c i a , d a m o s a e s s e g e s t o o s n o s s o s a p l a u ­s o s e e n c ó m i o s .

P o d e r ã o d i z e r , — e d i z e m - - n o d e c e r t e z a — , q u e s e t r a t a d u m a p e s s o a r i c a , a q u e m n ã o f a z f a l t a , n e m d i ­f e r e n ç a , e s s a i m p o r t â n c i a .

O c e r t o é , p o r é m , q u e p o d i a n ã o o f a z e r , — e s t a v a n o s e u d i r e i t o — , e q u e s a ­b e m o s d e g e n t e m u i t o m a i s r i c a q u e o n ã o f a z , n e m s o n h a e m o f a z e r .

P r a t i c a m o s , p o i s , u m a c t o d e j u s t i ç a r e s s a l t a n d o e s t a f a c e t a r a r a n u m m e i o d e t a n t o e g o i s m o .

P a s s a n d o a o s e r v i ç o d a s e c r e t a r i a , n o t a - s e o a u ­m e n t o s e m p r e c r e s c e n t e d e m o v i m e n t o e t r a b a l h o e a n u n c i a - s e a a m p l i a ç ã o i n ­d i s p e n s á v e l d o q u a d r o p r i ­v a t i v o , d e n t r o « d a l a t i t u d e d o q u a d r o - t i p o e s t a b e l e c i d o n a L e i » .

T a m b é m s e a l u d e à v i s i t a d a I n s p e c ç ã o G e r a l d e F i ­n a n ç a s , à S e c r e t a r i a e à T e s o u r a r i a , q u e s e e f e c t u o u « c o m i m p r e s s ã o f r a n c a m e n t e f a v o r á v e l » d o s r e s p e c t i v o s v i s i t a d o r e s .

E p o r f i m , f a z - s e r e f e r ê n ­c i a a o i n v e n t á r i o d o s b e n s m u n i c i p a i s , q u e f i c o u c o n ­c l u í d o , e a o a r q u i v o m u n i ­c i p a l , q u e f o i r e m o d e l a d o « c o m n o v o s i s t e m a q u e p e r m i t e m e l h o r a c o n d i c i o ­n a m e n t o e m a i s f á c i l b u s c a » .

E m s e g u i d a , r e l a t a - s e a s e c ç ã o d e « P o s t u r a s e R e g u ­

l a m e n t o s » e t r a t a - s e e m e s ­p e c i a l d a r e g u l a r i z a ç ã o d o t r â n s i t o , d e r e c e n t e d a t a , a q u a l f o i a p r o v a d a p o r p o r ­t a r i a p u b l i c a d a n o D i á r i o d o G o v e r n o e m 6 d e D e z e m ­b r o d e 1956 , t e r m i n a n d o p e l a a f i r m a ç ã o d e q u e « a r e m o d e l a ç ã o f o i m u i t o p r o ­f u n d a e a e x p e r i ê n c i a h á - d e a c o n s e l h a r , c e r t a m e n t e , r e c ­t i f i c a ç õ e s q u e a c o m i s s ã o r e s p e c t i v a c o n s i d e r a r á o p o r ­t u n a m e n t e » .

T e r m i n a e s t a s e c ç ã o p o r a l u d i r a i n d a a o s r e g u l a m e n ­t o s d o l e i t e e d o c e m i t é r i o , s e n d o q u e o p r i m e i r o f o i a l t e r a d o n a l e g i s l a ç ã o d a s m u l t a s e o s e g u n d o d e v i d a -

N ã o p o d e m o s d e i x a r p a s ­s a r e s t a d a t a s e m a a s s i n a ­l a r m o s , t a n t o m a i s q u e t a m ­b é m n e l a t i v e r a m p a r t e a l g u n s f i l h o s d e M o n t i j o .

O e x é r c i t o p o r t u g u ê s , c u j o c o n t r i b u t o n a g r a n d e g u e r r a d e 1 9 1 4 - 1 9 1 8 p e r t e n c e à H i s t ó r i a e n e l a f i c o u p a r a s e m p r e v i n c u l a d o , e s c r e v e u n a q u e l e d i a p á g i n a s i m o r r e ­d o i r a s d e s a c r i f í c i o e d e v a l e n t i a .

O p r ó p r i o a d v e r s á r i o o a f i r ­m o u e m d o c u m e n t o s q u e f i ­c a r a m p a r a a P o s t e r i d a d e .

E e s s e e s f o r ç o d i g n i f i c a n t e

C o n t i n u a m a f a n o s a m e n t e t o d o s o s p r e p a r a t i v o s p a r a a s n o s s a s G r a n d e s F e s t a s .

O p r o g r a m a e s t á e m p l e n a o r g a n i z a ç ã o , c o n t a n d o - s e j á c o m 0 c o n c u r s o c e r t o d e 12 B a n d a s d e M ú s i c a , d a s 1 8 q u e f o r a m c o n v i d a d a s .

D o s R a n c h o s F o l c l ó r i c o s , j á s e e n c o n t r a m t a m b é m c o n t r a t a d o s f i r m e m e n t e o s d a C a s a B r a n c a , d o A l t e ( A l g a r v e ) , e d e A l c á c e r d o S a l .

O d e C a s a B r a n c a t o m a r á p a r t e n a B a t a l h a d e F l o r e s , e t o d o s s e e x i b i r ã o e m v á ­r i o s d i a s d a s F e s t a s .

O s t r a b a l h o s p a r a a B a t a -

1 9 5 6m e n t e e l a b o r a d o e a p r o v a d o .

Q u a n t o à T e s o u r a r i a , c o m u n i c a - s e q u e s e a d q u i r i u u m c o f r e m a i o r e s e c u i d o u d o m o b i l i á r i o .

P a s s a s e d e p o i s à s e c ç ã o « S a ú d e e A s s i s t ê n c i a » . •

E ' e s t e u m d o s a s s u n t o s d a m a i o r o p o r t u n i d a d e e i m p o r t â n c i a a q u e o r e l a t ó ­r i o s e r e f e r e . M e r e c e m a i s l a r g a a n á l i s e e m a i o r a t e n ­ç ã o . N o p r ó x i m o n ú m e r o l h e d a r e m o s a m e r e c i d a l a t i t u d e , p a r a e s c l a r e c i m e n t o d e q u a n t o s n o s l ê e m e p a r a i n t e g r a l c o n h e c i m e n t o d e t o d o s o s m o n t i j e n s e s .

e s t e n d e - s e a q u a n t o s , n o s C a m p o s d a F l a n d r e s , s o u ­b e r a m h o n r a r o n o m e d e P o r t u g a l e a b a n d e i r a v e r d e - - r u b r a d a P á t r i a .

S a u d e m o s , p o i s , a m e m ó ­r i a d o s q u e t o m b a r a m e a q u e ­l e s q u e a i n d a r e s t a m d a d a t a g l o r i o s a .

N a L i g a d o s C o m b a t e n t e s d a G r a n d e G u e r r a , e m M o n ­t i j o , s i n t e t i z a m o s e s t a s a u ­d a ç ã o , — s a u d a ç ã o p a r a o s q u e d e s a p a r e c e r a m e s a u d a ­ç ã o p a r a o s q u e , n e s t e d i a9 d e A b r i l , r e c o r d a r a m a s h o r a s t r á g i c a s d o o u t r o d i a l o n g í n q u o .

l h a d e F l o r e s p r o s s e g u e m c o m g r a n d e a c t i v i d a d e . S a ­b e m o s q u e a C o m i s s ã o c o n t a j á c o m m a i s c a r r o s o r n a ­m e n t a d o s d o q u e n o a n o t r a n s a c t o , e q u e s e e s p e r a a c o l a b o r a ç ã o d o G r é m i o d o C o m é r c i o , d o G r é m i o d a L a v o u r a , d a C â m a r a M u n i ­c i p a l , e d o u t r a s e n t i d a d e s p a r t i c u l a r e s .

A t r a n s m i s s ã o s o n o r a d u ­r a n t e a s f e s t a s f o i j á e n t r e ­g u e a o s r . N u n o d e M e n e ­s e s , a u t o r d o c a r t a z , o q u a l i n s t a l a r á e s t e a n o m u i t o s m a i s a u t o f a l a n t e s e e m l o c a i s d i f e r e n t e s d o s h a b i t u a i s .

D i z e m - n o s q u e e m b r e v e V ã o c o m e ç a r a s e m i s s õ e s r a d i o f ó n i c a s d e p r o p a g a n d a d a n o s s a t e r r a e d a s n o s s a s F e s t a s .

E f e c t i v a m e n t e , a c h a m o - l a s d a m a i o r u t i l i d a d e e a t é t e ­m o s e s t r a n h a d o q u e n ã o t i ­v e s s e m a i n d a c o m e ç a d o .

E s p e r a m o s , n o e n t a n t o , q u e a s u a o r g a n i z a ç ã o s e n ã o p a r e ç a c o m a d o a n o d e 1 9 5 6 , q u e f o i b a s t a n t e d e f i ­c i e n t e .

E é t u d o p o r h o j e .T o d a s a s s e m a n a s « A

P r o v í n c i a » i r á p o n d o o s s e u s l e i t o r e s a o f a c t o d e q u a n t o s e f o r p a s s a n d o a e s t e r e s p e i t o .

N e s t e s é c u l o d a s l u z e s ,P o r t o d o s e l o g i a d o , A n d a m o s , c o m o a l c a t r u z e s , A r e c o r d a r o P a s s a d o :

A c e n d e a l u z ,A p a g a a l u z ,A g o r a h á l u z .

J á n ã o h á l u z . . .M a l d i t a C r u z !A c e n d e , a p a g a ,T o r n a a a c e n d e r ,M a s p a g a , p a g a ,S e m m a l d i z e r !

E s t á a g e n t e a j a n t a r E f i c a o t a l h e r e m m e i o ;E u m l i v r o , a s a b o r e a r , N u n c a m a i s n o s d á r e c r e i o !

O i n t e r r u p t o r E u m a d o r ,Q u e f a z c l a m o r .E a t é a r d o r . . .M a l d i t a c o r !V á , J e c h a a g o r a ,

A c e n d e j á ,E f o i s e e m b o r a ,N ã o v o l t a c á !

E s t á a g e n t e a o u v i r A e m i s s ã o d e M o n t i j o ,E l o g o , l o g o a s e g u i r . A c a b o u - s e o r e g o z i j o !

A c e n d e a v e l a E o c a n d e e i t o ;A p a g a a v e l a E o c a n d e e i r o .M a l d i t a e l a !O l h a a t o r c i d a

E o m o r r ã o . . .O u e t r i s t e v i d a ,Q u e r a l a ç ã o !

V a i - s e u m a n o i t e a o c i n e m a V e r a f i t a d a a l e g r i a ;

E t o d a a g e n t e b l a s f e m a .H á q u e v o l t a r n o u t r o d i a . . .

V i v e m o s c o m o n o s c a m p o s E s o m o s u n s p i r i l a m p o s !

E i s a q u i , à s p i n c e l a d a s ,O t e m p o d a s v e n t u r a s E t a m b é m d a s « f a r t u r a s »E d a s l u z e s a p a g a d a s . . .

H o m e m a o m a r

Ainda o nosso segundo Aniversário

T i v e r a m t a m b é m a g e n ­t i l e z a d e s e r e f e r i r e m a o n o s s o 2 . ” a n i v e r s á r i o , e n ­v i a n d o - n o s f e l i c i t a ç õ e s e p a l a v r a s a m i g a s , o « J o r n a l d e E i v a s » , o « E c o d o F u n ­c h a l » , e a « R e v i s t a P o r t u ­g u e s a d e S e g u r o s » . "

A g r a d e c e m o s , c o m o m a i o r r e c o n h e c i m e n t o , a g e n t i l e z a q u e n o s d i s p e n s a r a m .

Concurso H o r a j F e l i z

O relógio deste concurso, esta semana, quando procedíamos ao deslacramento, verificámos que estava parado nas:

11 h o r a s e 5 3 m in u to sE por isso, contemplou a sr.a D.

Maria Celeste Barroso Pereira, R. Gago Coutinho, N.° 47 — Montijo, que tinha o cartão com a hora exacta.

Porque se não inscreve na Re­lojoaria Contramestre, na Praça 1.° de Maio em Montijo, para ver a suasorte neste CONCURSO HORA F E L IZ ? Sim, porquê? Porque espera?

S A N F E R , 1L . D ÂS E D | E

U S B O i , Rua d t S. l u l i ã o , 4 1 -1 ." ||A E R O M O T O R S A N F E R o

c i c l o n e - F E R R O S p a r a A R C O S , e t c .

C I M E N T O P O R T L A N D , T r t t o s p a r a g a d o s

R I C I N O B E L G A p a r a a d u b o C A R R I S , V A G O N E T A S e t c

m i n h o d e F e r r oA R M A Z É N S D E F

A R M A Z É N S

1 mOMIJO, Rua da B el a Vista

m o i n h o q u e r e s i s t i u a o c o n s t r u ç õ e s , A R A M E S ,

I T U R A Ç A O d e a l i m e n -

d e b a t a t a , c e b o l a , e t c .> d o o m a t e r i a l p a r a C a -

Í E C O V A G E M

( C o n t i n u a )

9 D E A B r T l

festas Populares de S. Pedro

i i -4 -9 5 7 A PROVINCIA 3

AGENDA ELEGANTE O

■nrmwpiii

J O. -♦> : lâN N te.

AniversáriosABRIL

— No dia 4, o sr. António Teo­doro da Silva, nosso estimado assinante.

— No dia 5, o sr. José Ferreira, futuro genro do nosso dedicado assinante sr. Florêncio Anlónio Leonardo.

— No dia 5, a menina Maria Elisabete Pascoal Pereira Martins completa o seu 10.° aniversário, — sobrinha e afilhada do nosso dedicado assinante sr. .losé Au­gusto dos Santos.

— No dia ti, a sr.a D. Benedila de J e s u s Gonçalves Landeiro, digna professora oficial e esposa do nosso pre/.ado amigo e colabo­rador sr. prof. José Manuel Lan­deiro.

— No dia 6, completou o seu 24.° aniversário o sr. António Ro­drigues Gomes, irmão do nosso estimado assinante sr. António José R o d r i g u e s Maurício, e cunhado do nosso dedicado amigo e também assinante, sr. Joaquim Rodrigues Carvalho Futre, resi­dente no Brasil.

— No dia 7, a menina Fédora Maria da Encarnação Gervásio, filha do nosso prezado assinante sr. José Marques Gervásio.

— No dia 7, completou o seu 19.° aniversário o sr. João Joaquim da Costa Carvalho, filho do nosso prezado assinante sr. João Nunes de Carvalho.

— Ainda no dia 7, completou o seu 51.° aniversário, o sr. João Nunes de Carvalho, «O Carioca», nosso dedicado amigo e assinante.

— No dia 8, a sr.1* 1). Quitéria Paulo Saraiva, esposa do nosso dedicado assinante sr. Silvano Sa­raiva.

— No dia 8, o sr. António Carlos Neto Canastreiro, filho do nosso estimado assinante, sr. Francisco Soares Canastreiro J.or.

— No dia 8, o sr. Manuel Lopes Correia nosso dedicado amigo e assinante.

— No dia 8, o sr. Francisco Luís Paulino Muchacho, filho do nosso assinante sr. António Luís Ferreira Muchacho.

— No dia 8, o sr. Anibal Rosa Madeira, filho do nosso estimado assinante sr. José Madeira.

— No dia 10, o sr. José Rodri­gues, n o s s o estimado amigo e assinante.

— No dia 11, completou o seu 68.° aniversário a sr.a 1). Emília Lina de Carvalho Silva, esposa do nosso pre/ado assinante sr. Eduardo Sequeira da Silva.

— No dia 11, completa o seu l't.° aniversário o menino Luís José Castanheira Rufino, filho do nosso estimado assinante sr. Luís Jesus Rufino.

— No dia 12, a menina Fédora Leonor Marques Gervásio, sobri­nha do nosso prezado assinante, sr. António Gonçalves da Silva.

— No dia 13, a gentil menina Maria Manuela L u c a s Onofre, filha do nosso dedicado amigo e assinante sr. Luís Onofre.

— No dia 16, a si.° D. Maria Angélica Carapinha d o s Santos Baeta, esposa do n o s s o grande amigo e redactor da Columbofilia, sr. Eduardo dos Santos Baeta.

V a n d a l i s m oChamam a nossa atenção para o

facto de certos vândalos maltrata­rem, e até partirem, as árvores que a nossa Câmara Municipal mandou plantar no Afonsoeiro, junto à Estrada Nacional.

Esta fobia contra a árvore está a pedir forte reprimenda.

Recomendamos o assunto às autoridades, e muito nos satisfa­zemos se for possível punir quem praticar este desmandos.

Ao menos serviria de exemplo e talvez evitasse a continuação desse vandalismo.

Asilo de 5 . JoséVeio à nossa redacção a Direcção

do Asilo de S. José agradecer-nos a página que «A Província» de­dicou, em seu N.“ 106. a essa ins­tituição de beneficência, e ao seu fundador, além de nos enviar o amável ofício que a seguir desta notícia publicamos.

Depois de lhe termos declarado que nada havia a agradecer e que apenas cumpríramos um dever moral, muito do nosso agrado, aquela Direcção aproveitou o mo­mento para nos fazer a seguinte com unicação:

— Vai-»e iniciar em breves dias a construção, nas traseiras do Asilo, dum edifício de rés do chão e primeiro andar, sendo o rés do chão destinado a refeitório e o primeiro andar a camarata.

A respectiva planta já está apro­vada pela Câmara Municipal e a obra vai realizar-se por adminis­tração directa.

Ampliando assim as suas insta­lações, o Asilo de S. José pode. então, recolher mais 15 velhinhos, o que constitui motivo para a maior satisfação de todos os mon­tijenses e não montijenses que dedicam a essa casa de caridade a sua simpatia e auxílio.

Conta a Direcção com 20 conlos de que dispõe, dc 40 contos das entidades oficiais, e vai enviar circulares para que todos os be­neméritos possam também con­correr para a efectivação de tão bela iniciativa.

—• Foi esta a melhor recompensa que podíamos receber pela página que dedicámos à benemerente ins­tituição, e temos a certeza de que ninguém deixará de corresponder a essas circulares c,om seu dona­tivo.

Nunca se apelou para os senti­mentos de generosidade deste bom

povo que não fosse atendida a sú­plica, que não losse escutado esse apelo.

Falando pelo nosso jornal, «A Provincia» é que tem que agrade­cer a boa nova e que felicitar a Direcção do Asilo de S. José, com a repetida afirmativa de que estará sempre, como até aqui, ao inteiro dispor dessa instituição.

D a D i r e c ç ã o d o

Asilo de S. Josérecebemos o oficio a que atrás nos referimos e que muito nos sensibilizou :

Montijo, 6 de Abril de 1957

Senhor Director do Jornal «A Província» M O N T 1 J O

Profundamente r e c o n h ec i d o s, cumpre-nos agradecer a V. os amáveis cumprimentos e as pala­vras de incitamento que nos foram dirigidas através do artigo publi­cado no vosso conceituado jornal, «A Província» de 28 de Março findo, intitulado «Varões Ilustres de Montijo», em que é prestada homenagem ao fundador do Asilo, o benemérito montijense José Joa­quim Marques.

E com bastante prazer que re­gistamos as referências feitas a esta Instituição de Caridade, que actualmente dirigimos, procurando cada vez mais engrandecê-la com o melhor do nosso esforço, a i> -ra dos velhinhos da nossa terra.

A Bem da Nação O Presidente,

(a) Francisco Vicente Lucas

L U T U O S A

E s te n ú m e r o d e « A P r o ­

v ín c ia » fo i v is a d o p e la

C E N S U R A

— Faleceu no passado dia 27 do mês findo, em S. Francisco, a sr.a 1). Amélia de Jesus, tde 82 anos, viuva, doméstica, e natural de Montijo.

O funeral realizou-se no dia seguinte, pelas 10 horas, para o cemitério da sua terra natal, acom­panhado de muitas pessoas amigas.

Era mãe do nosso estimado assi­nante Rosendo Correia, e das sr.as D. Maria Ho,a Correia e D. Adelaide Rosa Correia.

«A Província» apresenla à famí­lia enlutada, e em especial ao nosso estimado assinante, sentidos pêsames. %

— No dia 29 do mesmo mês fa­leceu nesta vila o sr. António Neto Ganso, de 66 anos, casado, traba­lhador, e natural de Montijo.

O f u n e r a l efectuou-se pelas17,30 h. do dia seguinte, para o cemitério local, com grande assis­tência.

Deixa viuva a sr.a D. Bernardina Barreias, e era pai das sr.as D. Elvira Maria Ganso, e D. Beatriz de A s­sunção Barreias Ganso.

«A Província» apresenta a toda a família as suas condolências.

— Faleceu no dia 31 do mês findo, a sr.a D. Ana Perpétua da Fonseca, de 73 anos, casada, doméstica, natural de Benavente e residente em Montijo.

O funeral realizou-se no dia seguinte, pelas 14 h., para o cemi-

A G R A D K I M Í N I OIrene Carapinha da Fonseca Nunes

Manuel Nunes e seu filhos vêm por este meio, e por impossibili­dade de moradas e nomes, agra­decer a todas as pessoas que se dignaram acompanhar até à última morada sua saudosa esposa, mãe. avó e sogra.

tério desta vila. Deixou viuvo o sr. Manuel Massacote, e era mãe do sr. M o i s é s da Fon­seca Massacote e da sr.a D. Lídia da Fonseca Massacote, aossa dedi­cada assinante.

«A Província» apresenla a toda a família enlutada, e nomeada­mente à sua assinante, o seu car­tão de pêsames.

ias M a s GrandesNo próximo dia 14, pelas 21 ho­

ras e meia, realiza-se nesta colec­tividade o «Baile das Rosas», que promete o maior entusiasmo e animação.

O baile será abrilhantado pelo Conjunto Musical «Os Leais», e haverá um prémio para a senhora que apresentar a rosa mais bonita.

António de Álmeida PiresPolidor de móveis, encarrega-se

de todos os trabalhos do seu gé­nero, tais com o: caixas de rádio, tampos de máquinas e mobílias de todos os estilos.

Morador na rua António Rodri­gues Pimentel N.° 34 Montijo.

Vai a casas particulares executar todos os serviços.

Adelaide MartinsCABELEIREIRA

Convida todas as suas cliente-) e amigas a visitarem as suas instalações, onde executa todos os;trabalhos referentes à sua

arte.I.António Rodriguu Pimentel, 20-2.°-D.

M O N T I J O

G r u p o A rtístic o

M o n tije n s eNa noite de 2 do corrente exi

biu-se, no Salão Recreio do Povo, em Setúbal, este nosso grupo em benefício da Luta contra a Tuber­culose, que o sr Governador Civil do Distrito, Dr. Miguel Ro.ltigues Bastos, está promovendo.

Essa exibição, segundo o que nos consta e nos di/. a imprensa, constituiu mais um notável su­cesso.

Qiíer a comédia representada, quer o acto de Variedades, foram fartamente aplaudidos pela assis­tência, tendo chamadas especiais ao palco Laureano Rocha, Jose Joaquim Caria, e Humberto de Sousa, como autores de várias le­tras e da música.

Todos os amadores deixaram a melhor impressão e o público saiu satisfeitíssimo pela bela noite de arte que lhe proporcionaram.

Felicitamos o Grupo Artístico Montijense por mais este triunfo, e afectuosamente endereçamos aos seus directores e componentes a expressão sincera do nosso grande contentamento pelo brilhante êxito que alcançaram mais uma vez.

A g r a d e c i m e n t o

Lo fx."10 Sr. Dr. fduardo ParJigão e ao £x.m0 Sr. Dr. fausto Haiva

Clarinda de Jesus, casada, do­méstica, residente no Afonsoeiro- -Montijo,vem por este meio tornar público o seu profundo agradeci­mento para com o Ex.'no Sr. Dr. Eduardo Perdigão, digníssimo Di­rector Clínico do nos«o Hospital, pela solicitude, alta competência e cuidados com que a/operou no dia28 de Março findo, — operação de que se encontra completamente restabelecida.

Torna extensivo este seu agra­decimento ao Ex.mo Sr. Dr. Fausto Neiva, seu médico assistente, pela forma como também a tratou na sua doença e a acompanhou na operação referida.

Aos dois ilustres médicos o seu maior reconhecimento, com suas desculpas por involuntàriamente os magoar na reconhecida modés­tia que possuem.

Montijo, 6 de Abril de 1957 a) Clarinda de Jesus

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B o i e t i m R e l i g i o s o

C ulto C atólicoMISSAS

5.“-feira — às 9 e 9,30 horas. ti.Meira — às 9 e 9,30 horas. Sábado — às 8,33 e 9 horas. Domingo — às 8, 9 ,(Afonsoeiro),

10. 11,30 (Atalaia); 12,16,30, 17,30 (Procissão do Senhor dos Passos e Sermão).

Espectáculos

CINE P O PU LA K

5.a feira, 1 1 ; (17 anos) Um filme perturbante e de rara potência dramática, em VistaVision, com Willian Ilolden e Deborah Kerr, «Ela amou um Bruto». Em com­plemento, o filme policial, «A Rosa Negra de Sangue», e ainda Metro-Jornal.

6.a feira, 1 2 ; (12 anos) O filme policial, « C i n c o Desesperados», com Rory Calhoum e Julie Adams. Em complemento, o filme em Tecnicolor, «Tanganica».

Sábado, 13; (17 anos) Uma vez mais um filme que não necessita rèclame, «Sementes de Violência», com Gleen Ford e Anne Francis. No programa, complementos cur­tos.

Domingo, 14; (12 anos) O filme cm Cinemascópio e Tecnicolor, com Grace Kelly e Allec Guin- nesse. «O Cisne». No programa, complementos curtos.

2.a feira, 15; (12 anos) Um filme em Superscópio e Tecnicolor, com Claudette Colbert e Barry Sullivan, «A Dama Valente». Em comple­mento, o filme policial, «Missão na Coreia».

3.a feira, 16; (12 anos) A sensa­cional reprise alemã era colorido e panorâmico, «Sissi». No progra­ma, complementos curtos.

4.a feira, 17; (12 anos) Um filme poderoso de Cecil B de Mill em reposição, «Os Sete Cavaleiros da Vitória», com Gary Cooper e deleine Carrol. No programa, com­plementos curtos.

CINEMA 1.® DK DEZEMBRO

5.a leira, 11 ; (12 anos) O filme das mil e uma aventuras, em T ec­nicolor, «Prisioneiros de Casbah»; e a linda comédia, «Companheiros da Folia».

Sábado, 13; (17 an^s) Em duas sessões, às 20,15 e 22 30. O melhor filme de Sophia Loren, «Pão, A m o r E ...» , em deslumbrante cinemascópio, 4 semanas na estreia do E ien , con iderado o trelhor filme de Sophia Loren e Vietorio de Sicca.

Domingo, 14; (12 anos) Um novo c o l o s s o de gargalhada, «Francis na Marinha», com Don- nald 0 ’Connor e o macho que fala. No programa, o drama mexicano, com Dolores del Rio e Pedro Ar- mendariz, «Maria Candelária».

2.a feira, 15; (17 anos) Um filme b r u t a l em Cinemascópio, com Glenn Ford, «Homens Violentos». E lindos complementos.

4.a feira. 17; (12 anos) De novo o grande filme em Cinemascópio, «Lisboa», com Ray Milland, Mau- reen 0 ’ llara, Claude Rains, Hum­berto Madeira e Anita Guerreiro. No programa, o lindo documentá­rio em 3 partes, «Quando Chegues a Madrid», toda a alma de Espanha, com música, bailados e grandes corridas de toiros.

3 A PROVINCIA 11 -4-957

0 M E U D I A R I OExclusivo para «À Província»

M a r r a d o pela jo v e m a c triz c in e m a to g rá fic a

Maria DulceN o s E s tú d io s d e M a d rid -- «L a S e n o r a d e F á tim a »

k D E S G R Á C Á d u m p i n t o r

O s d i a s i a m d e c o r r e n d o e a d a t a d o i n í c i o d a s m i ­n h a s f i l m a g e n s n o e s t ú d i o a p r o x i m a v a - s e . C h e g o u f i n a l m e n t e o d i a 9 d e J u n h o , e c o m e l e c h e g o u t a m b é m a a r t i s t a i t a l i a n a I n ê s O r s i n i q u e i r i a c o n t r a c e n a r c o m i g o . N o s d i a s q u e p r e c e d e r a m a c h e g a d a d a q u e l a q u e a m e u l a d o i a i n t e r p r e t a r o p a p e l d e « L ú c i a » , a o u t r a p a s t o ­r i n h a m i r a c u l a d a d a C o v a d a I r i a , a m i n h a a n s i e d a d e r e d o b r o u . C o m o s e r i a e l a ? O d e s f e c h o d e s t a s m i n h a s m i l e u m a c o n j e c t u r a s i a a g o r a t e r o s e u t e r m o c o m a c h e g a d a d a m i n h a c o l e g a . E r a u m a r a p a r i g a f o r t e , c o m t o d o 0 a s p e c t o d u m a c a m p o ­n e s a , c o m o a l i á s o p a p e l r e ­q u e r i a .

Q u a n d o c h e g u e i a o A é r o - p o r t o d e B a r a j a s j á a l i a a g u a r d a v a m o r e a l i z a d o r d a p e l í c u l a « L a S e n o r a d e F á ­t i m a » — D . R a f a é l G i l , o a r g u m e n t i s t a d a m e s m a D . V i c e n t e E s c r i v á , o s e u p r o ­d u t o r D . M a n u e l G o y a n e s e A n í b a l C o n t r e i r a s , a l é m d e v á r i o s j o r n a l i s t a s d a I m ­p r e n s a e s p a n h o l a .

E l o g o q u e o a v i ã o p o i ­s o u e I n ê s O r s i n i d e s c e u , a v a n c e i p a r a e l a n u m i m ­p u l s o d u m d e s e j o e s p o n ­t â n e o d e « b o a s v i n d a s » . A n t e s , p o r é m , e s t e n d i u m r a m o d e c r a v o s v e r m e l h o s , d e E s p a n h a , q u e l h e o f e r ­t e i , e , a o o f e r e c e r - l h e e s t a s f l o r e s , D . R a f a e l G i l t e v e e s t a e s p é c i e d e p i r o p o p r ó ­p r i o d u m e s p a n h o l , q u e j a m a i s e s q u e c e r e i , p e l o r e ­q u i n t e d a a m á v e l g a l a n t a ­r i a q u e o m e s m o e n c e r r a v a :« — U n a l i n d a t o s a d e P o r ­t u g a l o f r e c e i e , I n ê s O r s i n i , e s t o s c l a v e l e s d e E s p a n a , c o n s u s d e s e o s d e b i e n v e n i d a » .

A p e s a r d o s e u a s p e c t o r u d e , p r ó p r i o p a r a o p a p e l q u e i a i n t e r p r e t a r , a c h e i a m i n h a f u t u r a c o l e g a d e e s ­t ú d i o , s i m p á t i c a , E d e p o i s d e s t e a c o n t e c i m e n t o m a r ­c a n t e p a r a a s f o l h a s d e s t e m e u s i n g e l o d i á r i o , o u t r o s e l h e s e g u i u . A c h e g a d a d o P a d r e F i d é l i s , q u e s e d e s l o c o u p r o p o s i t a d a m e n t e d e P o r t u g a l a M a d r i d p a r a m e v i s i t a r . B o m a m i g o e s t e s i m p á t i c o P a d r e F i d é l i s . C o m e l e e m e u s p a i s p e r ­c o r r i 0 M u s e u d o P r a d o , r e l i c á r i o m a g n í f i c o d a p i n ­t u r a e s p a n h o l a , c u j o d e s ­l u m b r a m e n t o n o s f a z e s q u e ­c e r q u e o t e m p o é u m f a c t o , e a s h o r a s g a l g a m s o b r e a s h o r a s , s e m q u e d e t a l n o s a p e r c e b a m o s .

E m b e v e c i d a n a c o n t e m ­p l a ç ã o d e V e l a z q u e z e M u - r i l l o , d e G r e c o e R a f a e l ,

p a s s a r a m - s e t r ê s h o r a s c e r - t i n h a s , c o n t a d a s p e l o s m a ­t e m á t i c o s p o n t e i r o s d o m e u r e l ó g i o d e p u l s o , t e n d o a p e n a s t i d o t e m p o p a r a v i ­s i t a r d u a s s a l a s , d a s s u a s c e n t o e t a l q u e e l e c o n t é m . E e s t e d i a t e r m i n o u c o m

E s c r ito p o r

Aníbal Anjosu m j a n t a r p a c a t o e í n t i m o c o m m e u s p a i s e o r e v e ­r e n d o P a d r e F i d é l i s , n o H o ­t e l A l i c a n t e , o n d e n o s h o s ­p e d á v a m o s .

• » • * • • • • *

N u m a m a n h ã q u e n t e d e J u n h o 0 t e l e f o n e d o m e u q u a r t o t o c o u . N o o u t r o e x ­t r e m o d o f i o u m a v o z s i ­m u l t a n e a m e n t e m e l o d i o s a e m á s c u l a p e r g u n t o u : — Q u i e n h a b l a ? — S e n o r i t a M a r i a D u l c e — r e s p o n d i . E r a D . M a n u e l G o y a n e s , o p r o d u ­t o r d a p e l í c u l a q u e m e c o n ­v i d a v a a i r a o s E s t ú d i o s d a C . E . A . . V e s t i - m e n u m a b r i r e f e c h a r d e o l h o s e d i r i g i - m e à q u e l e s E s t ú d i o s n a s t a t i o n p r i v a t i v a d a f i r m a p r o d u t o r a q u e j á m e a g u a r ­d a v a e m b a i x o , q u a n d o d e s c i . E m b r e v e c h e g á m o s à C i u d a d L i n e a l o n d e D „ M a n u e l G o y a n e s m e e n t r e ­g o u o g u i ó n d a p e l í c u l a , o u s e j a o a r g u m e n t o c o m p l e t o q u e , i m p r e s s o e e n c a d e r ­n a d o , é d i s t r i b u í d o a t o d o s o s a r t i s t a s e t é c n i c o s q u e t o m a m p a r t e n u m a p e l í c u l a .

P o r e s t e i m p r e s c i n d í v e l l i v r o t o d o s o s p a r t i c i p a n t e s d a p e l í c u l a c o n h e c e m o s e u p r ó p r i o p a p e l , e o d o s d e ­m a i s a r t i s t a s .

P a s s á m o s d e p o i s a u m a s a l a i n s o n o r a q u e d á a c e s s o a o E s t ú d i o N . ° 1 , p o r u m i m e n s o c o r r e d o r . N e s s e e s ­t ú d i o m o v i m e n t a - s e u m a a u t ê n t i c a c o l m e i a , c u j a s a b e l h a s e z a n g ã o s s ã o o s s e u s m ú l t i p l o s a r t í f i c e s , o r e a l i z a d o r , p e s s o a l t é c n i c o , e t c . , q u e c o n s t r u í r a m s o b r e o « p i â t e a u » , a u m a v e l o c i ­d a d e i n c o n c e b í v e l , u m a a l ­d e i a r e t i n t a m e n t e p o r t u g u e ­s a , o n d e n a d a f a l t a v a , o n d e n e n h u m p o r m e n o r e s c a p a v a . T o d o s t r a b a l h a v a m c o m o m e s m o a f ã n a s u a r e a l i z a ­ç ã o , t o d o s p u n h a m n a m a t e ­r i a l i z a ç ã o d u m a c o i s a q u e n ã o c o n h e c i a m o m e l h o r d a i s u a b o a v o n t a d e , p a r a q u e n o m a i s c u r t o p r a z o s u r j a , a l i , | e m p l e n a . C i u d a d L i n e a l , a m a i s r e t i n t a d a s a l d e i a s d a n o s s a t e r r a , q u e s e p a ­r e c e r á o m a i s p o s s í v e l c o m

F á t i m a , o u c o m a C o v a d a I r i a .

J á a q u i e a l é m , s o b r e o « p i â t e a u » , s e e r g u e m a l g u ­m a s c a s i t a s a l d e ã s e q u a n d o o l h o , n o t o d e s d e 0 p r i m e i r o r e l a n c e a r , à m i n h a e s q u e r d a , a c a s a d a m i r a c u l a d a « L ú ­c i a » e m a i s a l é m a d e « J a ­c i n t a » — q u e e u v o u i n t e r ­p r e t a r — e d e s e u i r m ã o ■ x F r a n c i s c o » , c o m u m r e d i l b e m a r m a d o e o p á t i o c o m a c r i a ç ã o .

N o m e i o d a q u e l a a z á f a m a a r t í s t i c a , s o b a l u z i n t e n s a d o s p r o j e c t o r e s , u m g a l i t o s o l t a u m e s t r i d e n t e c a n t a r d e m e i a n o i t e , e n q u a n t o u m a g a l i n h a s e a c o n c h e g a p a r a d o r m i r . E t u d o i s t o é t ã o b e l o , t ã o v e r d a d e i r o , q u e c h e g o a p e n s a r q u e é v e r ­d a d e , q u e e s t o u e m P o r t u ­g a l , e m p l e n a c a m p i n a l u s i ­t a n a !

N o d i a s e g u i n t e e n t r e ­g u e i - m e d e a l m a e c o r a ç ã o a o e s t u d o d o m e u p a p e l . D e m a n h ã e s t u d a v a e d e t a r d e p a s s e a v a , p a r a à n o i t e d e s c a n s a r . A s f i l m a g e n s i a m c o m e ç a r d e n t r o e m b r e v e e n ã o h a v i a t e m p o a p e r d e r . A l é m d i s s o , n o d i a s e g u i n t e i a m c h e g a r o s j o r n a l i s t a s p o r t u g u e s e s q u e v i n h a m a s ­s i s t i r à p r i m e i r a v o l t a d e m a n i v e l a .

H o j e e s t i v e n o g u a r d a r o u p a d o e s t ú d i o a e x p e r i ­m e n t a r a m i n h a i n d u m e n ­t á r i a d e c a m p o n e s a . A m a n h ã c o m e ç a r ã o r e a l m e n t e a s

f i l m a g e n s .

E s t a m o s e m m e a d o s d e J u n h o a r d e n t e . O s o l b a t e a p i n o s o b r e o s o l o d e C e r - v a n t e s . C o m e ç a r a m h o j e a s

f i l m a g e n s q u e c o n s t i t u e m u m t r a b a l h o i n t e n s o . P a r a e s t a r n o e s t ú d i o à s o i t o h o ­r a s , t e n h o q u e d e i x a r 0 c o n ­f o r t o d o l e i t o à s s e i s d a m a n h ã , a i n d a n o i t e e s c u r a , p o r q u e , c e r c a d a s s e t e h o r a s , c h e g a a « s t a t i o n » p r i v a t i v a d a C . E . A . , ' q u e v e m b u s c a r - - m e a o h o t e l p a r a l e v a r - m e a o E s t ú d i o . Q u a n d o e n t r o n o c a r r o j á a l i h á b a s t a n t e g e n t e : a r t i s t a s , t é c n i c o s , e t c . e m a l c h e g o a o e s t ú d i o c o m e ç o l o g o a v e s t i r - m e c o m a i n d u m e n t á r i a p r ó p r i a d o

f i l m e . D e p o i s , D . C a r l o s N i n , o c a r a c t e r i z a d o r , t o m a c o n t a d e m i m e d u r a n t e c e r c a d e d e z m i n u t o s e s t e m a g o d a s m e t a m o r f o s e s f a ­c i a i s s u b m e t e - m e á t o r t u r a d a m a q u i l l a g e . S ó f i n d a e s s a o p e r a ç ã o m e é p e r m i t i d o t o m a r o c a f é n o r e s t a u r a n t e d o e s t ú d i o , a p ó s o q u e m e d i r i j o i m e d i a t a m e n t e a o « p i â t e a u » . F i l m a - s e . O t r a ­b a l h o é e x a u s t i v o e n ã o é a q u e l e m a r d e r o s a s q u e a s

(C o n tin u a çã o da /.* pá g in a )

d a P r o v e n ç a . C o m t r i n t a e p o u c o s a n o s , s e m q u a s e t e r a p r e n d i d o 0 d e s e n h o , e i - l o s e n h o r d a s u a a r t e , i m p r i ­m i n d o n a s t e l a s u m a a l a c r i ­d a d e d e c o r e s e u m s e n t i d o d e t r a g é d i a à s f i g u r a s d o s c a m p o n e s e s e a o s i n t e r i o r e s d a s c a s a s p o r o n d e e r r a 0 s e u v i v e r i n f e l i z ; p i n t a 0 s e u p r ó p r i o r e t r a t o d u m a m a n e i r a o u s a d a , c o m c o r e s v i v a s , c o m o a t é e n t ã o a i n d a n i n ­g u é m f i z e r a . M u i t a s v e z e s e s q u e c e - s e d e c o m e r , e h á n o i t e e m b r i a g a - s e e v i s i t a o s b o r d é i s .

S o b r e v ê m - l h e e n t r e t a n t o o s a t a q u e s d e e p i l e p s i a ( c o m o a c o n t e c e u a e s s e o u ­t r o g r a n d e e s c r i t o r D o s - t o i e w s k y ) , d e i x a n d o - o . c o m ­p l e t a m e n t e f o r a d e s i , l o u c o , f u r i o s o , d e t a l m a n e i r a q u e u m a V e z c o r t a a s u a p r ó p r i a o r e l h a .

« O s n o s s o s n o v o s p i n t o r e s s ã o t r a t a d o s c o m o l o u c o s p e l a s o c i e d a d e , e p o r c a u s a d e s s e t r a t a m e n t o t ó r n a m - s e l o u c o s , n a r e a l i d a d e » . — e s ­c r e v e e J e a o i r m ã o . O s e u c a s o , p o í é m , e r a d i f e r e n t e : a e p i l e p s i a j á 0 t o r n a r a n u m V e r d a d e i r o l o u c o ; e n ã o é d e d i f í c i l c o m p r e e n s ã o q u e u m g é n i o , n a s u a â n s i a f e b r i l d e c r i a r , n o s o f r i m e n t o d e t r a z e r a l g o d e n o v o a o c a m p o d a s a r t e s , s e l a n c e c o m t a n t a a n s i e d a d e e t a n t o d e s p r e z o

c i n é f i l a s , e o s c i n é f i l o s d e s e ­j o s o s d e f a z e r e m c i n e m a , j u l g a m s e r . E n s a i a s e a c e n a a f i l m a r , u m a s t a n t a s v e z e s . E m g e r a l d u a s o u t r ê s v e z e s c h e g a ; c o n t u d o , h á a q u i a r ­t i s t a s c o m m u i t o s a n o s d e p r á t i c a q u e a i n d a t ê m n e ­c e s s i d a d e d e e n s a i a r u m a c e n a d e z e d o z e v e z e s , a n t e s d e a f i l m a r e m . E q u a n d o s o a o m e i o d i a , c o m e l e s o a u m a e s p é c i e d e a l í v i o , p o r ­q u e v o u d e s c a n s a r u m p o u c o . I n f e l i z m e n t e , t r i s t e d e s c a n ­s o . C o m a p r ó p r i a i n d u m e n ­t á r i a d a p e l í c u l a , a p e n a s p o s s o d e s c e r u m p o u c o a s m e i a s p e s a d a s d e c a m p o n e s a e t i r a r o c h a i l e , p a r a a l i v i a r . A l m o ç o n o r e s t a u r a n t e d o e s t ú d i o e , d a q u e l a s d u a s h o r a s d e l i b e r d a d e , a p e n a s m e r e s t a m a l g u n s m o m e n ­t o s p a r a c a v a q u e a r c o m o s c o l e g a s . Q u a n d o b a t e m a s 14 h o r a s , o t r a b a l h o r e c o m e ­ç a e c o n t i n u a i n i n t e r r u p t a ­m e n t e a t é c e r c a d a s 20 h o r a s , s e m p r e s o b o c a l o r i n t e n s o d o s f o c o s , s u a n d o e t r e s - s u a n d o a t é q u e , d e s e n v e n ­c i l h a d a d a s v e s t e s p e s a d a s d e c a m p o n e s a e d a m a s s a p e g a j o s a d a c a r a c t e r i z a ç ã o , t o m o , e x a u s t a , l u g a r n a m e s m a « s t a t i o n » d a m a n h ã ,

A i n d a h o j e h á m u i t o p i n t o r p o r e s s e m u n d o f o r a q u e p e n s a e r r a d a m e n t e q u e u m a p i n t u r a s e r á t a n t o m e l h o r q u a n t o m a i s i g u a l f o r 0 m o ­d e l o , i s t o é , c o m o f o t o g r a f i a . P u r o e n g a n o : a N a t u r e z a f o r n e c e , s i m , 0 m o t i v o , s e j a f i g u r a , n a t u r e z a - m o r t a o u p a i s a g e m ; 0 p i n t o r q u e é u m c r i a d o r d e b e l e z a r e c r i a à s u a m a n e i r a 0 q u e V ê . e p i n t a 0 q u e s e n t e . E a c i m a d e t u d o d e v e s e r s i n c e r o . A s i n c e r i ­d a d e n a p i n t u r a é d u m a i m ­p o r t â n c i a v i t a l . O e x e m p l o d e V a n G o g h n e s t e c o m o e m o u t r o s a s p e c t o s é d i g n o d e s e r a p r e c i a d o e s e g u i d o .

A q u e l e f o g o i n t e r i o r q u e 0 c o n s u m i a , a l u z i n t e n s a c h e i a d e f u l g u r a ç õ e s d o S o l d a A r i e s , o s a m a r e l o s v i ­b r a n t e s d o s g i r a s s ó i s e d a s s e a r a s m a d u r a s , a a p i l e p s i a q u e 0 v e r g a s t a v a e a b r e v i a v a 0 s e u f i m , t u d o i s s o e r a c a r g a d e m a i s p a r a u m a p e s ­s o a d é b i l , a q u e m 0 d e s t i n o t i n h a f a d a d o p a r a s e r u m h o m e m g e n i a l . N ã o p ô d e , a s u a c o n s t r u ç ã o f í s i c a r e ­c u s o u - s e ; e , c o m o n ã o p ô d e a o s t r i n t a e s e t e a n o s , n o a p o g e u d o s e u t a l e n t o c r i a ­d o r , q u a n d o e n f i m t i n h a 0 c a m i n h o a b e r t o à s u a f r e n t e , a t r a v e s s o u 0 c o r a ç ã o c o m u m a b a l a e t e r m i n o u d u m a m a n e i r a v e r d a d e i r a m e n t e t r á ­g i c a 0 r o m a n c e d a s u a V i d a d e p i n t o r .

q u e m e c o n d u z i r á a o h o t e l , o n d e , a p ó s u m a l i g e i r a r e ­f e i ç ã o , e u a d o r m e c i a c o m o u m j u s t o i t é a o d i a s e g u i n t e , p a r a r e c o m e ç a r a m e s m a f a i n a d a v é s p e r a e d o s d i a s t r a n s a c t o s .

A s s i m s e p a s s a v a a s e m a n a a t é q u e c h e g a v a o d o m i n g o t ã o d e s e j a d o , q u e e r a r e p a r ­t i d o e n t r e u m p o u c o d e r e ­p o u s o n o h o t e l , d o r m i n d o a m a n h ã n a c a m a , e d e t a r d e p a r a p a s s e a r o u i r a o c i n e m a v e r r e p r e s e n t a r o s c o l e g a s .

E s e v o s c o n t o , c a r c s l e i ­t o r e s 0 q u e é a v i d a d o s e s t ú d i o s p a r a o a r t i s t a , e 0 f a ç o u m p o u c o à l u z c r u a d a r e a l i d a d e , n ã o j u l g u e i s q u e o f a ç o c o m 0 i n t u i t o d e m e l a m e n t a r , m a s a n t e s p a r a v o s m o s t r a r q u e a v i d a d e a r t i s t a d e c i n e m a n ã o é a q u e l a s i n e c u r a q u e m u i t a s p e s s o a s j u l g a m s e r . N o e n t a n t o , d e v o d i z e r - v o s m a i s u m a v e z q u e s o u a r ­t i s t a d e c i n e m a p o r g o s t o , e q u e r o c o n t i n u a r a sê- lo , s e D e u s m o p e r m i t i r e a s s i m o e n t e n d e r , p o r q u e a d o r o e s t a A r t e !

A S E G U I R : — I n t e r r e g n o

— P a s s e a n d o p o r M a d r i d . . .

p e l a V i d a à s u a o b r a , c o m o s s e n t i d o s n u m c o n s t a n t e a l e r t a a f i m d e c a p t a r o s m i s t é r i o s d a n a t u r e z a , n ã o é d e d i f í c i l c o m p r e e n s ã o , d i z í a m o s , q u e a s u a e n f e r m i d a d e s e d e s e n ­v o l v a m a i s r a p i d a m e n t e d o q u e n u m s e r n o r m a l q u e p r o ­c u r a s i m p l e s m e n t e v i v e r e n a d a m a i s .

T a l v e z c o m a c e r t e z a d a s u a c u r t a V i d a , V a n G o g h t r a ç a a s s u a s f i g u r a s à p r e s s a , e m p i n c e l a d a s r á p i d a s , s e m a c a b a m e n t o , s e m d e i x a r e m n o e n t a n t o d e p o s s u i r v i d a , m o v i m e n t o , V o l u m e e c o r .

r o r a q u i s e p r o v a , a i n d a u m a V e z m a i s , q u e o s g r a n d e s h o m e n s n e m s e m p r e p o d e m c o m 0 f a r d o d a s u a e x i s ­t ê n c i a .

V o l t a n d o a o f i l m e : R a r a ­m e n t e s e t e m v i s t o n a c e l o - l e i d e f i t a t ã o b e m r e a l i ­z a d a , c o m u m d e s e m p e n h o e s t u p e n d o ( a s e m e l h a n ç a d e K i r k D o u g l a s c o m 0 a u t o - r e ­t r a t o d o p i n t o r é f l a g r a n t e ) e u m c o l o r i d o q u e d i r - s e - i a t e r s a í d o d a p a l e t a d o p i n t o r h o l a n d ê s . Q u e m 0 n ã o f o r V e r p e r d e , p o r c e r t o , u m b o m e s p e c t á c u l o . m . d a e.

i i -4-957 A PROVINCIA 5

O « C a l ã o » a c t u a l( C o n t i n u a ç ã o da p r i m e i r a p á g i n a )

S e u m c a v a l h e i r o o u m a ­d a m a p r e t e n d e e n g a n a r o u - t r e m , c o m h a b i l i d a d e s e f a n t a s i a s , d i z - s e n a m e s m a l i n g u a g e m : q u e « q u i s e n ­f i a r o b a r r e t e » . . •

E a i n d a s e u s a o d i t o f r a ­s e a d o d e r e f i n a d o q u i l a t e , s e m p r e q u e o e s p e r t a l h ã o q u e r d e m o n s t r a r « q u e n ã o v a i n o b o t e » . . .

S e u m p a c ó v i o f a z e s c â n ­d a l o , a r a n z e l , l a b i r i n t o , o u d e s e j a c r i a r a r a r a s , d i z - s e e m e s t i l o e l e v a d o : q u e« e s t á a a r m a r b a r r a c a » . . .

E o m e s m o s e e m p r e g a s e m p r e q u e n ã o a g r a d a o m o d o r e s p i n g ã o d o u t e n t e .

S e o f a c t o é s u b l i m e , s e o i n d i v í d u o é d e g é n i o , s e o c a s o é d e e s c a n c a r a r b o c a - ç a s , d i z - s e n o e s t i l o i d ê n t i c o : « é b e s t i a l ! »

E « b e s t i a l » é a m u l h e r f o r m o s a , é o d i s c u r s o e l o ­q u e n t e , é a o b r a d o a r t i s t a , é t u d o q u e s e j a G r a n d e , a c i m a d o V u l g a r , a c i m a d o N o r m a l , p a r a a l é m d a s c o n ­c e p ç õ e s d o s c é r e b r o s f a r e - l e n t o s .

I s t o n ã o f a l a n d o n o « g a j o » e n o « E h p á ! » , — d e s s e s p r i m o r e s d e i l u s t r a ç ã o q u e a n d a n i n a b a i l a d a s r e c e p ­

ç õ e s , c o m l u m i n á r i a s e n o r ­m e s d e e n o r m e s c u l t u r a s .

I s t o n ã o f a l a n d o n o « a r ­r e i a - l h e » , n o « c h e g a - l h e d u a s p e r a s » , n o s « c i n c o p a ­l h a ç o s » , n o « t r è s d e l e » , n o « a n d a à l i s a » , e e m t a n t o s e t a n t o s d i t o s d e e s p í r i t o d e b u r r i c s , q u e a s s o m b r a m p e l o a l c a n c e .

P o d e r á s e r q u e t o d a e s t a f r a s e o l o g i a i n d i q u e n o t a b i l i ­d a d e e m i n e n t e , p r o c e s s o d e o i n d i v í d u o s e d e s t a c a r d a g e n t a l h a p o b r e t o n a , d e s e c o l o c a r e m p l a n o s s u p r e m o s o n d e o s , p r i v i l e g i a d o s f a z e m n i n h o s d e p o u p a s . D i r e i , c o m o é h á b i t o n e s t e m o m e n t o e x t r a o r d i n à r i a m e n t e p o s i t i v o : N â o m e i n t e r e s s a . N u n c a s e g u i r e i t a l p r a g m á t i c a .

P a r a m i m , e s s e i n d i v í d u o r e p r e s e n t a a p e n a s u m r e f l e x o d a é p o c a d e s v a i r a d a e m q u e v i v e m o s , a o c o n t r á r i o d a n o b r e z a d e p o r t e , d a e l e ­g â n c i a d e m a n e i r a s , d a s i m ­p l i c i d a d e e d u c a d a e c o r r e c t a q u e t a n t o a p r e c i o .

E i s p o r q u e p r e f i r o o a l d e ã o r e s p e i t a d o r q u e n o s f a l a c o m o s e u s a v ó s , a o p r o n ó s - t i c o d o s g r a n d e s m e i o s q u e s e e x p r i m e c o m o o s r ú f i o s e o s g r o s s e i r õ e s .

Á lv a r o V a le n t e

P e l aI M P R E N S A

— Com seu N.° 145 com­pletou 7 anos de existência a magnífica revista de C i­nema «Plateia», com quem gostosamente permutamos.

Enviamos as nossas feli­citações e votos sinceros de constantes prosperidades.

— Também com seu N.° 1.556 completou 31 anos de labor jornalístico o «Jornal de Arganil», a quem igual­mente felicitamos na pes­soa do seu Director. Dese­jamos anos prolongados e todas as venturas pelos tempos fora.

P O R T U G A L

P I T O R E S C O(Continuação da 1.“ página)

a v i s t a a S e r r a d e S i n t r a , a 1 4 0 q u i l ó m e t r o s d e l o n j u r a !

D o m e s m o e i r a d o o b s e r ­v a m - s e a s m u r a l h a s r o m a ­n a s , o n d e a i n d a s e d i s t i n ­g u e m a l g u m a s d a s q u a r e n t a t o r r e s p r i m i t i v a s .

D a s j a n e l a s , d a s a m e i a s , d o s a l t o s s o b r a n c e i r o s , « c o n ­t e m p l a m - s e a s m a i s e x t r a o r ­d i n á r i a s p a i s a g e n s d e P o r ­t u g a l . »

Carla aoPor Carlos Mascarenhas

Faz hoje três anos, meu querido Nero, que, no hospício do Alto do Pina, mantido pela «Protec­tora», soltaste o primeiro vagido, melhor dizendo, sorriste angelica­mente ao mundo. Contigo nasce­ram outros cãezinhos — gémeos, evidentemente — sem preocupação de maior para os teus progenito­res, que não conhecem o problema das famílias num erosas...

Um mês depois, a 3 de Maio — data memorável — , entravas tu em nossa casa, para suprires a falta da nossa saudosa Diana, que no céu repousa tão pura como Febe. Eras então pequenino, tão miúdo como o menino grão-de- -m ilho.. . Mais espaço não ocupa­vas do que a palma da mão da senhora que te foi buscar e que passaria a ser a tua extremosa dona. Teus olhos, há pouco aber­tos, ainda nada tinham abarcado. Se hoje te perguntarmos se te recordas de teus pais e irmãos, certamente d i r á s que não, do mesmo modo que não te podes lembrar do derradeiro olhar de tua mãe ao assistir, confiante, ao rapto do seu filhinho adorado. Só nesta casa, que é inteiramente tua, f i x a s t e i s primeiras imagens, conheceste aceitaste os teus pais adoptivos, cresceste e apareceste, tornaste-te homem. Sob o mesmo tecto, figuro também de teu dono, embora mais grato me seja mere­cer-te a consideração de amigo. (Não sei se o teu pequeno cérebro assimila o meu desgosto pela pa­lavra dono . . . ) .

Como t o d a s as crianças, em pequeno eras traquina. Mais por

T E M A S H I S T Ó R I C O S

A E r m i d a d e N o s s a S e n h o r a d e M i l é uI V

A menos de três quilómetros da Guarda, pertinho do outeiro denominado por Castelos Velhos, onde se têm encontrado vestígios romanos, não longe da estrada da Estação do Caminho de ferro, fica uma pequena ermida sob a invo­cação de Nossa Senhora de Miléu; e, por ser pequenina, o povo gar- dense trata-a v u l g a r m e n t e por ermidinha.

Após a sua conversão ao Cristia­nismo, Mem da Guarda, — o Bar­badão — dedicou tanta devoção a nos<a Senhora do Miléu, que o levava, frequentemente, à ermida a ajoelhar aos pés da imagem da Virgem, ali venerada desde épocas remotas, envolvida numa lenda toda ela de patriotismo corajoso — Para Mil, eu I

Era tão grande o amor que o

O ’ S en h o ra do M iléu ,Q ue e s tá s n u m d e g ra u det s e r r a ,Tão p e r t in h o d o C éu E tã o ch eg a d in h a à T e rra - ■ ■

Augusto Gil

p e i a Ç J -ú íé J Í L a t u i v l J í a n d t i m

Barbadão consagrava à Virgem do Miléu, que, quando foi viver para Veiros, aqui mandou levantar uma outra ermida sob a mesina evo­cação, levando também a lenda que, segundo dizem, deu origem à fun- d.ição da ermida da Guarda.

Leite de Vasconcelos, nas suas peregrinações à cata de lendas, encontrou em Veiros a mesma lenda da Senhora do Miléu da Guarda. O mestre, que nos honrou também coín ? sua amizade, diz

ser a de Veiros uma cópia da Guarda. Este facto não é caso único em Portugal. Em Castro Marim, vila antiga nas margens do Gua­diana, na província do Algarve, corre a lenda de um «milagre» atribuído à intervenção de Nossa Senhora dos Mártires, cópia fiel de uma outra que nós recolhemos em Penamacor atribuída a S. Domin­gos, e que, por sinal, já a ouvimos no programa de Gentil Marques, ao microfone do Rádio Clube,

---- .

E r m i d a d e M i l é u - G u a r d a

«Lendas da Nossa Terra», patroci­nado pela «Perfumaria Confiança de Braga».

Pergunta-se: qual o motivo que a mesma lenda do milagre atri­buído à intercepção de S. Domin­gos, de Penamacor, corre em Cas­tro Marim, atribuída à intercepção de Nossa Senhora dos Mártires?Só. diterem nos personagens que entram em cena.

Fomos nós quem encontrou a explicação disso. Em 1819 foi trans­ferido por castigo, lie Penamacor para Castro Marim, o Batalhão de Caçadores 4, de cuja guarnição fazia parte o pai de Pinho Leal, que tinha o posto de Tenente- -Coronel. Esta unidade militar ti­nha devoção com S. Domingos de Penamacor, chegando a levar para Castro Marim um quadro sobre o milagre de S. Domingos e com ele a lenda do m ila g re !...

Este assunto tratá-mo-lo com bastante desenvolvimento no nosso livro «Diocese da Guarda...'».

Exposto este assunto, vamos, agora, ainda que em traços ráp i­dos, falar da Igreja do Miléu da Guarda.

Segundo o falecido Dr. José Ba­rata, esta ermida é considerada pe­los nossos historiadores da Arte a f je c te a vida nOS tempOS quecomo uma autentica relíquia da £ u 14arquitectura românica portuguesa. | COrreiTl, ° n d e a maldade h u -

Segundo alguns autores, a sua ® m a n a p a fa lta d e c . o m n r e e n -fundação data do século X , no pe­ríodo pré-românico, e, segundo outros, no alvorecer da nacionali­dade, no século XI ou XII. Além das lendas a explicar o motivo da sua fundação e do seu nome, os mestres também se pronunciam sobre a origem deste. Assim, Santa Rosa de Viterbo, que viveu no sé­culo XVIII, diz que «Mileu ou Mil- reu nada mais s i g n i f i c a que francês ou estrangeiro».

Milreu seria o significado do termo germânico mirle que é o nome de uma ave, açor, que abunda na Noruega. E unia ave de arriba­ção que passa o inverno no nosso País, saindo de Portugal para os países do norte da Europa, nos começos da Primavera.

É sabido que, no alvorecer da nacionalidade portuguesa, vinham ao nosso País, muitos estrangeiros, principalmente franceses, «que os

azedume meu do que por uma ligeira travessura que cometeste, em negregada hora te castiguei, mostrando-me vergonhosamente homem. Mas o teu modo implora- tivo, o teu olhar súplice, prestes venceram a minha ira, e eu tive uma crise de angústia que me fez sofrer durante muitos dias. Tu, porém, meu querido, l o g o me perdoaste a vileza, para maior ver­gonha minha. Que arrependimento tão longo me roeu a consciência! E só não se tornou perene porque me reabilitei da baixeza quando te arranquei à morte, sem mais nin­guém que le socorresse. Lembras- -te ? U m a traquinice das tuas. Estavas quase asfixiado. Lembras- -te, sim, pois que tão meu ami- guinho és.

As minhas prolongadas ausên­cias não te minguam a lembrança por este teu camarada, que não quer inculcar-se teu dono. A entu­siástica, delirante recepção q u e me dispensas quándo torno a casa,

(Continua na página 7)

A s d u a s f á b u l a s(Continuação da í . a página)

n a l , q u e m e m a ç a v a a m i u d a ­d a s v e z e s •

— E r a u m a v e z u m p a v ã o d e g r a n d e p l u m a g e m , v a i ­d o s o d e s u a b e l e z a , e n l e v a d o c o m o s ahs a d m i r a t i v o s d a o u t r a b i c h a r a d a — b u r r o s , c a ­m e l o s e m a i s f a m í l i a — q u e p e n s o u q u e p o d i a m u i t o b e m v i r a s e r r e i d a c r i a ç ã o e s u b i r t ã o a l t o c o m o a á g u i a .

E s e b e m o p e n s o u m e l h o r o q u i s r e a l i z a r . E n ã o e s t e v e c o m m a i s d e m o r a s n e m c e r i ­m ó n i a s . S o b e a u m t e l h a d o , d á m e i a d ú z i a d e b e r r o s b e m p u x a d o s , a b r e a s a s a s e l a n ­ç a - s e n o e s p a ç o .

M a s , f a t a l i d e i a ! E m v e z d e s u b i r a o I n f i n i t o , c o m o p r e t e n d i a , v e m d e e s c a n t i ­l h ã o e s t a t e l a r - s e n o s o l o a n t e o r i s o e s c a r n i l h o d o a u ­d i t ó r i o q u e a s s i s t i a à a s c e n ­s ã o .

O h o m e n z i n h o f e z - s e d e m i l c o r e s a o o u v i r a m i n h a h i s t ó r i a . B a l b u c i o u q u a l q u e r c o i s a q u e n ã o p e r c e b i , p ô s - s e n o s b i c o s d o s p é s p a r a p a ­r e c e r g r a n d e , — o h o m e m e r a p e q u e n o c o m o u m d a n ç a r i n o o u u m v e l h a c o — , e n u n c a m a i s m e m a t o u o b i c h i n h o d o o u v i d o c o m s u a s s e n t e n ­ç a s .

É q u e e s t a c o i s a d e f á b u ­l a s , e m b o r a r e p r e s e n t e m a l e g o r i a s , e n c e r r a m s e m p r e l i ç õ e s d e m o r a l e a l g u m a s v e z e s g r a n d e s v e r d a d e s . E h á a t é q u e m d i g a q u e r e -

m a n a e a f a l t a d e c o m p r e e n ­s ã o d a s c o i s a s m a i s s i m p l e s , s e a c e n t u a m c a d a v e z m a i s .

cristãos amparavam e recolhiam em hospitais e albergarias, quando doentes ou necessitados». Esses estrangeiros, «à semelhança dos açores ou milres de arribação, re­gressavam às suas terras, depois da sua estadia, mais ou menos pro­longada, em Portugal.

Sabe-se que no lugar onde mais *t»rde D.Sancho I fundou a Guarda, •existia uma albergaria, para re­colhimento de estrangeiros, e a ermida, que junto dela se cons­truiu, teve o nome de Miléu.

No século XIII, segundo afirma Viterbo, os documentos fizeram largas referências ao sítio de Miléu, «u Milreu, onde continuava a sua

(Continua na página 6)

6 APROVINCIA íi-4-95?

DESPORTOSf f u i t e b & l

C a m p e o n a t o N a c i o ­

n a l d a 2 . a D i v i s ã o

( F a s e F i n a l )

M o n t i jo , - C o r u c h e n s e , 1EQUIPAS:MONTIJO: — R edol; Anica e

Manuel L u ís ; Serralha, Barragon e Santana ; Barriga, Veredas, João Mário, Mora e José Paulo.

C O R U C H E N S E : - V ieira; Rocha e Bailão; Veríssimo, Pra- tes e A lfred o: Carlitos, Manuel Jorge,Narciso,Rodolfoe Armando.

ÁRBITRO : — Braga Barros, de Leiria.

CAMPO: — Campo Luís de A l­meida Fidalgo, em Montijo.

Finalmente, o Coruchense veio a saber com quem iratava. Que­brou-se com este jogo o azar an­tigo. Já chegámos, porventura, tarde; mas nunca é tarde demais para mostrar o que somos e o que valemos.

Logo de início, o grupo visitante teve ainda «peneiras», pois aos 3 minutos marcava um golo rema­tado por Armando.

Pouco tempo, porém, durou essa ilusão. Dois minutos depois surgia o empate, com uma «cabeça» de Veredas.

Daqui em diante o Desportivo manteve mais ou menos a sua superioridade.

Aos 12 minutos Mora marcou o segundo tento, passando o marca­dor de 2 a 1, e esse comando do en­contro assim seguiu até o fira.

A primeira parte terminou com este «score». Depois, na segunda parte, mais se acentuou aquela superioridade, sendo frequentes as ocasiões de perigo para as redes do Coruchense.

Aos 6 minutos desta segunda parte, Veredas fez o terceiro golo, mas o árbitro invalidou com o fundamento de que houvera «car­ga» fora de tempo ao guarda redes contrário. Outra «cabeça» de Bar­riga marca o 3.° golo sem remissa, aos 10 minutos.

Minutos depois, João Mário, em recarga, obtém o 4.°.

O marcador atingira 4 a 1 e o jogo perdeu o interesse. Já não merecia a pena mais luta e as «pe­neiras» tinham desaparecido.

É triste que se quebre agora o

M o n t i jo , 4̂-5 - T a b a c o s , S OJogo a conlar para o Campeo­

nato Nacional da 2.a Divisão e arbitrado pelo sr. Berardo Soeiro.

As equipas alinharam:MONTIJO: (20 cestos e 5 lances

livres transformados em 15 tenta­dos) Pinto (7), Teodemiro (3), Ele- siário (14), Barreias (8), Luciano, Heitor (8), Cosme (3), João José, e Adriano (2).

TAB AC O S: (23 cestos e 14 lan­ces livres transformados em 30 tentados) Antunes (1), Olívio (2), Carvalho (20). José Alberto (24), Moura (10), Duarte, Amaral, e Brito (3).

Ao intervalo 22-25.

Não pode dizer-se que não foi interessante a réplica do C. D. M. ao Campeão de Lisboa da l . a Di­visão.

Verificou-se sempre uma apro­ximação no marcador que só teve alteração à entrada dos três minu­tos finais, onde começou a verda­deira confirmação da vitória do Tabacos e de maneira que se pode considerar a galope.

Houve, porém, um pormenor que proporcionou aquela arrancada à equipa lisboeta. O «cinco» monti­jense estava jogando razoavelmente no sistema defensivo por «zonas» quando aos falídicos três minutos finais foi pedida uma interrupção ao jogo pelo orientador montijense. A equipa apareceu depois defen­dendo homem-a-homem, e quase pode-se dizer, aí perdeu o encon­tro.

A superior valia técnica indivi­dual do Tabacos aliado ao quase total desconhecimento da aplicação do sistema pelos jogadores monti­jenses, possibilitaram um gran- geámento de pontos àquela equipa que até ali tinha sido de mais ou menos conversão média.

De 45-49 que estava o resultado passou para 45-60. Não queremos dizer com isto, contudo, que a brusca mudança de táctica fosse despropositada; s i m p l e s m e n t e e quanto a nós, ela foi manifesta­mente infeliz pelo que de preju­dicial adveio.

Apesar de tudo, não procuramos tirar o mérito à vitória do Tabacos, pois que de tal teve todo o mere­cimento.

E trata-se duma equipa que adoptou um basquetebol de acordo com as características próprias dos seus componentes (contra-ataques onde a velocidade de pernas im ­pera) e é servida por bons exe­cutantes, donde voltamos a distin­guir o cobiçado J. Alberto. Des­concertante a sua maneira de correr para o cesto onde a malea­bilidade de movimentos se funde com um portentoso poder de finta.

No Montijo todos cumpriram dentro das possibilidades actuais de cada um, havendo ainda que realçar a maneira como a equipa se portou depois de três titulares desclassificados cora o máximo de5 faltas. A sorte faltou no momento preciso.

A arbitragem, sendo por vezes «trapalhona» foi, todavia, criteriosa e imparcial no julgamento das faltas.

A equipa de Júniores do C. D. M. em jogo disputado no domingo em Setúbal com o Vitória saiu vencedora pelo excelente resultado de 41-28.

L u c ia n o M o c h o

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Pedidos à Redacção de «A Província».

«enguiço», quando já não é pro­vável o aproveitamento. No en­tanto, o Desportivo vai cumprindo o seu dever até o fim, com honra e com brio.

E um facto indiscutível que a nossa turma jogou bem este e n ­contro. Nem parecia a mesma do Domingo passado! O que teria acontecido ? Houve, é certo, subs­tituição de jogadores e isto tem muita influência; mas só por si não explica o resultado «grande» que alcançou. Enfim, «coisas da bola».. .

Ficámos agora em penúltimo lugar, com 4 pontos, indo o Gui­marães «à cabeça» com 9, seguido pelos de Braga com 8, e passando o Farense para último com 3.

Estamos em crer que, por este andar, o Sul não levará nenhum clube à l .a, a não ser que ainda se dêem coisas extraordinárias, que são também «coisas da b ola» .. .

J o ã o d i c é

COLUMBOf ILIà CiasoieMai-lilija

133 K.mos

C L A S S I F I C A Ç Ã O

João Teodoro da Silva, 1.“ e 25.°; Victor Manuel M. Viegas, 2.°, 10.°, 22.° e 34.°; Amândio José Carapi­nha, 3.°, 15.°, 31.° e 33.°; Reinaldo Martins Bernardo, 4.° e 38.°; A l­demiro Eduardo Borges, 5.° e 13.°; João Manuel Alves, 6.° e 7.°; José António Soeiro, 8.° e 29.°; Benja­mim Neves Silva, 9.°; Jorge Fi- gueiroa, 11.°; Laurentino Oliveira, 12.® e 28.°; Jorge Sotano Lopes, 14.° e 40.°; António Joaquim L. Catita, 16.», 19.°, 23.° e 30.» ; Fran­cisco Amaro Lança, 17.° e 20.°; Jos é Constantino Borges, 18.°; José Luís Nogueira, 21.°; J o s é M a r t i n s Barros. 24.®; António Fonseca Nunes, 26.°; Cristiano J. Moreira, 27.° e 36.° ; Eduardo San­tos Baeta, 32.° e 35.°; Sérgio Mar­tins Estrada, 37.° ; José Pedro Ca­rabineiro, 39.®.

S e m a n a S a n ta

e m M o n tijoDomingo de Ramos, 14 de

Abril— Bênção d o s Ramos na Igreja da Misericórdia às 10 horas, seguida de Procissão até à Paro­quial, onde se celebrará Missa. A’s17,30 horas Procissão do Senhor dos Passos, com sermão pelo Rev. P .e João António de Deus, Prior de Santo Izidro de Pegões.

Segunda, Terça e Qaarta- -feira Santas, dias 15, 16 e 17— Na Igreja Paroquial, às 21 ho­ras, explicação da litúrgia do tríduo sagrado e ensaio de cânticos.

Quinta-feira Santa, 18 ds Abril — A ’s 18 horas, Santa Missa. Durante a noite Exposição solene do Santíssimo.

A’s 21,30 e 23 horas — Horas solenes de Adoração

Sexta-feira Santa, dia 19 de Abril — Comemoração da Paixão e morte de Jesus : — A ’s 15 horas, Via Sacra; A ’s 21,30 horas, pro­cissão do Senhor morto, com ser­mão pelo Rev.° P.e Pedro Maria Gamboa.

Sábado Santo, d ia 20 de Abril — A’s 22 horas, Bênção do lume e do Círio Pascal, Bênção da água baptismal, e Canto solene do «exultet». — A ’s 24 horas, Missa solene da Ressurreição.

Domingo de Páscoa, dia 21 de Abril — Missas às 8,30 na Ca­deia. A's 11,30 horas, Solene da Ressurreição.

As Procissões serão acompanha­das pela Banda da Filarmónica 1.® de Dezembro.

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A E r m i d a d e N o s s a

S e n h o r a d e M i l é u^ ( ) t i & Q f í í t J , T í u n u t i J i a n d e i m

( C o n t i n u a ç ã o d a p á g i n a c i n c o )

acção caritativa a albergaria do mesmo nome.

O portal, «de volta plena, ou arquivolta, é encimado por uma pequena rosácea ou óculo, e abre- -se na fachada voltada ao oci­dente», muito semelhante à da vèlhinha ermidinha deSãoPedro- -Ver-a-Corça, e s c o n d i d a entre frondoso arvoredo, 110 sopé do morro de Monsanto, na Beira Baixa, onde viveu como eremita, Santo Amador.

As cornijas das fachadas laterais da ermidinha de Miléu assentam— polimórfica cachorrada, com quimeras, aves e motivos vegetais.

A ermidinha é de uma só nave, com forro de madeira.

O altar mor é moderno, segundo nos indica a sua talha. Na cabe­ceira da capela mor, encontra-se outra rosácea ou óculo. Se crermos na tradição que tem vindo de pais para filhos, de geração a geraçãov aos pés da Virgem do Miléu ajoe­lhou o p o b r e z i n h o de Assis.D. Dinis e sua esposa, a Rainha Santa, depois do seu matrimónio, entre justas e chocas, que o povo de Trancoso lhe preparou na mesma vila, pátria do Bandarra, também sapateiro israelita, con­vertido como o Barbadão à dou­trina de Cristo, aqui ajoelharam aos pés da Virgem, numa prima­veril manhã do mês de Junho a 1282. Só depois se dirigiram para a Guarda.

Aqui ajoelhou, antes da sua jo r­nada em que devia encontrar o Brasil, P eiro Alvares Cabral, o filho do Gigante das Beiras que residia em Belmonte.

Aqui rezou, certamente, Rui de Pina, cronista da Beira, que, pela Senhora do Miléu tinha também uma devoção especial. A ermidi­nha é bem um santuário mariano na cidade mais alta da Península, donde se avista uma grande parte de Portugal e a serra do Guadar- rama.

Depois de nos referirmos à his­tória da ermida de Nossa Senhora do Miléu, vamos agora a tratar das

lendas que envolvem a sua funda­ção. Seremos breves, pois o espaço de que dispomos, não permite di­vagações.

Duas são as principais, e tão poéticas como cristãs. Uma delas registou-a F r e i Agostinho de Santa Maria no seu imorlal (San­tuário Mariano) livro que tanto tem auxiliado os monografistas.

Numa ocasião em que os crentes do Al-Koran atacavam esta re­gião, um dos mouros invasores tentou, forçadamente, entrar no Templo, talvez para o profanar. Foi-lhe impossível, pois que, ao pretender pôr em prática o seu preverso desejo, a mão ficou-lhe agarrada, isto é. presa a uma argola milagrosamente aparecida na porta da ermidinha. Ao ver-se, assim, preso, o mouro exclamou Miléu! Miléu,! Miléu! que quer dizer, em língua arábica, Milagre!

Uma outra versão explica a ori­gem do nome da ermida.

Durante um dos ataques que a moirama fez à ermida quando infestavam a região da Guarda, um dos cristãos refugiou-se no interior da ermida. Seus irmãos na fé, aconselharam-no a que saísse do Templo para que não ficasse prisioneiro dos filhos de Mafoma. Mas ele, cheio de fé e encorajado pelo seu amor patriótico, lançan­do-se aos pés da Virgem, gritou aos cristãos que o aconselhavam a sair do templo; Não, não cairei « nem fugirei dessa multidão de herejes inimigos da Pátria, pois para M il... eu 7

E, assim, damos por concluído um estudo abreviado da pequenina ermida de Nossa Senhora do Miléu, onde rezou Ko imortal poeta Au gusto Gil e,'graças a Deus, reza ainda nos nossos dias Nuno de Montemor, nome assás bastante conhecido entre os romancistas e poetas cristãos dos nossos dias.

No próximo artigo: Origem do nome de Montijo.

Montijo, chegada da Primavera de 1957

u-4-957 A PROVINCIA 7

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N o m o m e n t o d a C e r i m ó ­n i a u s a r a m d a p a l a v r a j u n t o d o m i c r o f o n e u m s r . O f i c i a l d o R e g i m e n t o d e C a v a l a r i a 3 , e o p r e s i d e n t e d a s u b - - a g ê n c i a d o s C o m b a t e n t e s d a G r a n d e G u e r r a , 0 s r . T e ­n e n t e E r n e s t o J ú l i o G r a ç a G o n ç a l v e s , q u e p r o n u n c i o u u m a a l o c u ç ã o . — ( C . )

Vila franca de XiraE x p o s i ç ã o d e P i n t u r a

C o m g r a n d e ê x i t o , , c o n t i ­n u a p a t e n t e a o p ú b l i c o , 11a B i b l i o t e c a - M u s e u M u n i c i p a l d e V i l a F r a n c a d e X i r a , a e x p o s i ç ã o d e t r a b a l h o s d o s p i n t o r e s A l b e r t o S o u s a , D o ­m i n g o s R e b e l o e S i l v a L i n o , a q u a l s e e n c e r r o u n o d i a 9 d e s t e m ê s .

P a ra fa to s b em fe ito s , e p u ra s lã s , só na a l f a ia t a ­

r ia

FERNANDO LOURENÇOII. loaquim de ilmcida, 63 MINTIIO

Carta, ao meu cãozinho

(Continuação da página 5)

faz-me recordar a fidelidade do teu avoengo Argus, que morreu de alegria ao voltar a ver o dono. Recordar, é como quem d iz .. . Isto é música de o u v id o ... pois que não conheci o Argus, nem o po­deria conhecer... T u ainda menos, pois que és muito mais novo do que eu. Se, todavia, te interessar a sua história, endireitas ao Chiado, entras na «Sá da Costa», e lá en­contrarás o Homero — não o joga­dor de futebol (nota bem!), mas um velhote que teve a pachorra de escrever, em grego, Â Iliada e A Odisseia — , amigo sempre pronto a contar coisas lindas a quetn o quiser ouvir.

Com a morte de Argus, porém, não se extinguiu a fidelidade de que foi símbolo. Ainda há pouco os jornais disseram que, numa cidade do estrangeiro, um c ã o espera pelo seu dono há treze a n o s .. . Já vês, meu Nèrinho, que a devoção não é uma virtude ex­clusiva de Penélope, mas também uma qualidade que enobrece a tua espécie.

Mas não só isto te eleva da vul­garidade em que te colocou Lineu. Olha os teus símiles de S. Ber­nardo, de que foi figura máxima o abnegado Barry. E os da Serra da Estrela, que defendem bens e vidas, e acabam — quantas vezes! — por morrer nas fauces dos lobos! E lantos outros que, por valor, lealdade e mé r i t o , salvando homens da morte ou prevenindo acidentes, foram condecorados com as mais honrosas veneras ou re­produzidos, para a posteridade, no mármore ou 110 granito!

Há ainda os cães-polícias, que são como que um desdobramento dos polícias — c ã e s ... Mas estes

fl auxiliares não têm a noção da in- | versão de papéis. . . Estás a per- | c e b e r ? ...1 IÍ os teus semelhantes artistas ?

Lembras-te do Rim -Tim -Tim e da Lassie? Mas que pergunta! Nunca foste a um cinema! A lei é inflexível para um menor de três a n o s ... E os cáezinhos de circo? Não fazes ideia da inteligência, da perícia com que executam as habi­lidades que causam a admiração das gentes ! Chegam a fazer coisas que um homo sapiens — aguen­ta-te lá com o latin ório .. . — não é capaz de imitar. Mas, aqui para' nós, p o r detrás do encantador espectáculo oculta-se o drama que vivem esses pequenos heróis das pistas. Ò teu amigo Jack London descreVe, condenando os suplícios que os domadores infligem aos animais para os porem a trabalhar na perfeição; chama a atenção das sociedades zoófilas para tais desu- manidades, pedindo-lhes que con­tribuam para a extinção de tais especiosos números de c irc o ; e

concita as multidões a voltarem costas a e‘ ses‘ espectáculos, onde quer que se efectuem. Já leste a História de um cão de circo? Pobre de t i ! Não sabes le r ! Mas não te desgostes, meu queridinho, não te sintas inferiorizado, pois que há também muita gente que não conhece uma letra, por maior que seja.

Crê que não és dos cães (e de outros animais com configuração humana) o menos inteligente. A ’ falta de palavra, cujo dom não te foi concedido, consegues expri­mir-te com mais facilidade e cla­reza que certa gente que não sabe falar e só abre a boca «para deixar entrar moscas ou sair grunhidos» — linguagem gutural que muito os aproxima dos cavernícolas. Por­que não tens o dom da fala — há males que vêm p o r bem — não dissimulas os teus pensamentos, nem podes construir maravilhas de retórica como as que se usam nos simpósios políticos (isto é que é falar b em !), nas chancelarias, nas mensagens e nas «doutrinas». (Que tal, ó Nèrinho ?). Para ti apenas há o sim ou não, o quero ou não quero, o gosto 011 não gostn, o concordo ou não con­cordo, em suma, o to beor not to be. <E agora? Ficaste engas­gado? E por ser o dia dos teus anos).

Não te desgostes também por não fazeres nada. Serás um verbo de encher? um tubo digestivo?

Deixa-os falar! Que mais utilidade tèm certos indivíduos que, vivendo como tu, se nutrem do nosso san­gue? Esses que se supõem com direito à vida, também nada fazem. E tu, nada fazendo, não prejudicas ninguém com obras condenáveis em que tanta gente se empenha. Sabes que mais? Como o filósofo, também eu digo: «Quanto mais conheço os hom ens...»

Nèrinho querido: Hoje, 3 de Abril, é o grande dia do teu pe­queno aniversário. Ausente como estou e nada tendo para te dar além do meu coração (que, por sinal, não está muito bom para o consum o...),, envio-to conversa fiada nesta carta de felicitações, cuja leitura pedirás a alguém que saiba ler. Estou certo de que comerás coizinhas muito boas e de que terás «carta branca» para praticares uma que outra traves­sura. Diz à tua dona que te leve ao fotógrafo, para tirares o retrato a três dimensões e cor de Luxe. Pede-lhe também para te levar ao Coliseu, à matinée para crianças de todas as idades...

Olha. meu lindo: Rememorando os teus beijinhos, retribuo-te com estreitos abraços, nos quais vão os votos de melhor vida de cão durante os escassos anos que Natureza te concede para alegra­res o coração da tua dona e aque­ceres a alma do teu entranhado amigo

Carlos Mascarenhas

N.° 51 Folhetim de «A Provínci» 11-4-957

f f f ld e ia d o ff ív e s s oc ? O l c Á L v a r o 99a l e n t e

— E i s s o d u r a r á m u i t o t e m p o , s r . E n g e n h e i r o ?— C o m p r e e n d e : S e h o u v e s s e n o H o m e m o i n s t i n t o d e a d a p t a ç ã o e a

e d u c a ç ã o d o s e n t i m e n t o , a c e i t a v a f à c i l m e n t e a s m o d i f i c a ç õ e s e a s d e s c o b e r ­t a s q u e a c i ê n c i a l h e v a i d a n d o d e p r e s e n t e . O F f o m e m , p o r é m , é s e m p r e u m i n s a t i s f e i t o . S e t e m u m , q u e r d o i s ; s e t e m d o i s , q u e r q u a t r o , e a s s i m p o r d i a n t e . E e n t ã o a s u a i n s a t i s f a ç ã o é i n f i n i t a . N a d a l h e c h e g a , t u d o l h e p a r e c e p o u c o . E a c a d a n a s s o d o P r o g r e s s o , t o r n a - s e a u t o r i t á r i o , j u l g a - s e o d o n o e o s e n h o r d o s m u n d o s , a r r a n j a u m a s u p e r i o r i d a d e i r r i t a n t e q u e , a f i ­n a l , o i n f e r i o r i z a , e , s e m m a i s a p e l o , p r e v e r t e - s e e m v e z d e s e a p e r f e i ç o a r , f a z - s e a m b i c i o s o e e g o i s t a e m v e z d e s i n c e r o e h u m a n i t á r i o .

— P o i s c á n a m i n h a , s r . E n g e n h e i r o , e r a m e l h o r d e i x á - l o v i v e r c o m o v i v i a n o s t e m p o s d o s n o s s o s a v ó s . E r a b r u t o , e r a i g n o r a n t e ; m a s n ã o f a z i a m a l a n i n g u é m e e s t a v a c o n t e n t e c o m a s u a s o r t e . V e j a a q u i , n a m i n h a a l ­d e i a : — I s t o e r a u m a f a m í l i a s ó ! P a s s a v a m - s e m u i t o s a n o s q u e n ã o h a v i a u m a q u e s t ã , e q u a n d o h a v i a a l g u m a , t u d o a c a b a v a e m b e m , p o r q u e s e o u ­v i a m o s v e l h o s e o s s e u s c o n s e l h o s p a r e c i a m s a b e n ç a s d e s e n h o r e s j u i z e s ! V á l á v e r a g o r a ! É r a r o o d i a q u e n ã o h á d e s o r d e n s e j á n ã o s e e x t r e m a m u n s d o s o i t r o s . Q u e r e m l á s a b e r d o s v e l h o s e d o q u e e l e s d i z e m ! C a d a u m é u m d o i t o r e q u a l q u e r p i n c h a e l a r g a p r à l i l a r a c h a s q u e é dum h o m e m s e b e n z e r ! A s m u l h e r e s a n d a m t o l a s , a s r a p a r i g a s m a i s b r a v a s . r . i e o d i a n h o , e o s h o m e n s e o s r a p a z e s s ó q u e r e m l u x o s e b e b i d a s c a r a s .

E t u d o i s t o , d e s d e q u a n d o ? D e s d e q u e o t a l P r o g r e s s u ; ; u i c h e g o u .

P a r a t a n t a d e s g r a ç a , m e l h o r s e r i a v i v e r m o s s e m p r e c o m a n o s s a p o b r e z a ,— p o b r e t e s , m a s a l e g r e t e s , a m i g o s c o r r e n t e s , s e m i n v e j a s n e m m a l d i ç õ e s , g r a n g e a n d o o n o s s o p ã o , f a z e n d o a s n o s s a s s e r r a s d e m i l h o , o n o s s o « m o l h o » e a n o s s a « p i n g a » e m « t e s t a s d e p a u » , c o m e n d o a s n o s s a s c o i v i - n h a s , a s u v a s « D . M a r i a » , « c a r r e g a b u r r o s » e « b o r r a d a d e m o s c a s » , o s n o s s o s f i g o s « t r ê s e n c h e m o p r a t o » e « p i n g o s d e m e l » , a s n o s s a s p e r a s « e n g a n a r a p a z e s » , o s n o s s o s p e r o s « b r a v o d e m o f e » e o s n o s s o s p ê s s e g o s d e « l a r g a » o u d e « r o e r » .

— S i m , e f e c t i v a m e n t e , s e r i a . m e l h o r . D o u - l h e r a z ã o n e s s e p o n t o . O i d e a l , n o e n t a n t o , d e v e r i a s e r o u t r o : o P r o g r e s s o m a n t e n d o a T r a d i ç ã o : i s t o é , a v i d a m o d i f i c a n d o - s e p r o g r e s s i v a m e n t e p a r a p r o p o r c i o n a r m a i o r s o m a d e r e g a l i a s e d e d i r e i t o s a t o d o s o s m o r t a i s , e a o m e s m o t e m p o c o n ­s e r v a n d o a s v i r t u d e s a n t i g a s . A p a r e p a s s o q u e o s s á b i o s e o s c i e n t i s t a s d e s c o b r i s s e m e i n v e n t a s s e m t u d o q u a n d o d e s s e a o H o m e m m a i s c o m o d i d a " - d e s , m a i s b e m e s t a r , m a i s p e r s o n a l i d a d e e s o b e r a n i a , e s t e p o r s u a v e z c o n t i n u a r i a s e n d o l e a l , f r a t e r n o , h o n e s t o e s i m p l e s , c o m o s e m p r e f o r a .

O b a r r o h u m a n o , p o r é m , é f r á g i l e , l o g o q u e o a q u e c e m , d e s s o r a e d e s f a z - s e . S ó c o m m u i t a c u l t u r a e c o m a m a i o r e d u c a ç ã o s e p o d e r i a a l c a n ­ç a r e s s a p e r f e c t i b i l i d a d e . D o m i n a r o s s e n t i d o s , o s í m p e t o s , a s a s p i r a ç õ e s f u r i o s a s , d e v i a s e r a p r i n c i p a l p r e o c u p a ç ã o d o H o m e m d i n â m i c o d e h o j e ; m a s , p o r e s t e f e n ó m e n o d o I n s t i n t o s o b r e o E s p í r i t o , a p e n a s c o n s e g u e a t i n ­g i r o m á x i m o g r a u d o m a t e r i a l i s m o A a m b i ç ã o d o m i n a - o , e d a í r e s u l t a o v í r u s m e r c a n t i l q u e t u d o d e t u r p a .

— S r . E n g e n h e i r o : E u n ã o p e r c e b o m u i t o b e m o q u e m e d i z . V o s s o r i a s e r v e - s e d e a l i c a n t i n a s e d e e n d r ó m i n a s q u e o m e u b e s t u n t o n ã o e n g r o l a . S e j a c o m o f o r , d a q u i n ã o m e a f a s t o , e a r r e n e g o d e t a n t o p a l a v r i a d o .

V a m o s a o q u e m e t r o i s s e c á e d e i x e m o - n o s d e m a i s p a r o l a .— P o i s b e m . Q u e i r a , e n t ã o , d i z e r . E n t r e t a n t o , a c r e d i t e q u e g o s t e i d e o

o u v i r e q u e e s t a s c o n v e r s a s m e i n t e r e s s a m s e m p r e . A p e s a r d e n o v o , a o c o n t r á r i o d a m a i o r i a d o s n o v o s , g o s t o d e e s c u t a r o s m a i s v e l h o s . • •

( C O N T I N U A )

fi APROVINCIA 11 -4-957

N A D E P O E 5S e i s p o e í a s p o r t u g u e s e s

• •

L i n d o , l i n d o ,c o m o u m b o t ã o a b r i n d o , ' é o B é b é ,a q u e l e B é b é c u r i o s o q u e ê d e t u d o u m b o c a d o , m u i t o f r e s c o , m u i t o r o s a d o ; q u e l i n d o é o B é b é !B é b é q u e r i a m u i t o à m ã e e a o p a i ,m a s z a n g a v a - s e e d i z i a : a i a i ,s e a l g u m d e l e s o a r r e l i a v a ;p o i s n ã o e s t a v a c e r t o q u e q u a n d o B é b é b r i n c a v av i e s s e a l g u é m i n c o m o d a rq u a s e n ã o o d e i x a n d o r e s p i r a r .E o B é b é b a t i a o p é , c h o r a v a , r a i v o s o , c o n t r a o s q u e o p u n h a m n e r v o s o e n ã o o r e s p e i t a v a m .R e s p e i t a r , s i m . P o r q u e n ã o d a v a m e l e s , c o m o e r a d e v i d o , a t e n ç ã o a o s e u p e d i d o , d e r e s p e i t a r o s e u q u e r e r e d e i x a v a m d e l h e b a t e r ?P o r q u e o B e b é e r a a s s i m ;— g o s t a v a d e c o r r e r a o j a r d i m , d e b r i n c a r c o m o s m e n i n o s , m e s m o c o m o s m a i s p e q u e n i n o s , e g r i t a r à v o n t a d e , l i v r e m e n t e , e n c h e n d o d e a r o p e i t o c o n t e n t e .M a s q u ê . , . Q u e m o u v i a d o B é b é a l o n g a p i a e l h e d a v a a t e n ç ã o ?S i m , q u e m ? B é b é n ã o t i n h a r a z ã o ?B i b é n u n c a j a z i a o q u e q u e r i a p o r q u e n i n g u é m l h o c o n s e n t i a .E p o r q u ê ? P o r q u ê ? — p e r g u n t a v a B é b i a s j .U m a v e z q u e e u v i v i ,

p o r q u e n ã o p o s s o t e r d a v i d a o d i r e i t od e e s c o l h e r t u d o a m e u j e i t o ?enf i m ,e x p l i c o a s s i m ;v a l e r á a p e n a v i v e r , q u a n d od o s o u t r o s t e n h o d e r e s p e i t a r o m a n d o ?

Augusto Sequeira

Áo insigne escritor SOEIRO DA CO STA

A g r a d e c e n d o a g e n t i l e z a d a

s u a r e f e r ê n c i a a « O s C i s n e s »

« — E u , a h u m i l d e p o ç a , a g o r a a r r a s t o

p e l o I o d e a m i s é r i a q u e e s t á s v e n d o . . . »

D i s s e - m e o c h a r c o , t r é m u l o , c o l h e n d o

u n s l a m p e j o s e r r a n t e s n o c é u v a s t o .

i D e i x e i n a s e r r a o n d e n a s c i o r a s t o

d u m a a v e n t u r a e m g l ó r i a e s o n h o a r d e n d o ;

— j i o d e á g u a m ú r m u r o , c o r r e n d o

p e l o c o r p o d a s r o c h a s b r a n c o e c a s t o .

> < Q u e b r o u - s e o m e u d e s t i n o ' , n ã o c h e g u e i

a s e r r i o , m a s n a s p l a n t a s q u e b e i j e i

e n a s f l o r e s , f u i o s a n g u e d e q u e m a m a .

< H o j e , a o s u r g i r a n o i t e c i n t i l a n t e ,

a d o r m e c e a s o n h a r c o m a l u z d i s t a n t e

d a s e s t r e l a s q u e r e f l e c t e a m i n h a l a m a / »

J o r g e R a m o s

O Charco —_

sòzmHON O M U N D O

Sozinho no mundo, triste, sem amigos, vou caminhando qual boémio enante, qual mendigoa quem todos negam esmola,— Como o caminheiroque nâo encontra onde passar a

[noite...Deitar-me-ei na berma da es-

[trada e, quando o Sol romper, por certo hei-de aquecer. Bendito seja o Sol,— símbolo da alegria,da alegria de que tenho acu­

idades,saudades de perdê-la.

Sozinho no mundo, sem ter a quem amar ou quem me tenha amor, sò posso viver para mim, embora eu traga os outros dentro do meu coração; embora eu ame os humildes, de quem descendo e para quem ainda vivo. Talvez encontre um dia— ou talvez não, nem sei 1 — quem me tenha amore quem eu p o s s a amar, sem ser a gente humilde para quem vivo ...

Por enquanto sò possa desejar [o que nâo tenho.

]. Saitu Mirfiits

50MMAR

Soema fffntigo

Q u a d r a s d e d i c a ­

d a s è p e q u e n i t a

A n a M a r i a

O s s o n h o s s ã o a f a n t a s i a .P u r a i l u s ã o q u e d u r a u m d i a .

O s o n o p o i s a , a d o r m e c e m o s . . .A i , t a n t a c o i s a e n t ã o n ó s v e m o s !

B o l a s d e s a b ã o , f r á g e i s e b e l a s , q u e s o b e m e v ã o a t è à s e s t r e l a s .

M a s l o g o d e s c e m c o m m a n s i d ã o , e a s s i m f e n e c e m n o d u r o c h ã o .

E o d e s p e r t a r , c r u e l e t u d e , a p o n t a a v i d a q u e n ã o i l u d e .

F a z s u s p i r a r j á d e s a u d a d e , o l i n d o s o n h o q u e n ã o i v e r d a d e .

O s s o n h o s s ã o a f a n t a s i a .P u r a i l u s ã oq u e n ã o d u r a u m d i a . . .

M a r i a ] « s é d e M i t o s f a r t u n o

N ã o s e i p o r q u e v i e s t e

C o m o u m a r o m a s u b t i l e p e n e t r a n t e ,

E l e n t a m e n t e t e i n f i l t r a s t e

— A t é m e s m o n o s r e c a n t o s i n s o n d á v e i s . . .

N ã o s e i p o r q u e v i e s t e ;

M a s s e i q u e v i e s t e

E n o f o g o q u e a t e a s t e

D e s t e o u t r a v i d a à V i d a .

M a s o f o g o f e z - s e c i n z a

( I n e v i t a v e l m e n t e ) ,

E a n t e s q u e e u s e j a o p ó

D o s c a m i n h o s q u e o r a t r i l h o ,

L a n ç a m e u c o r p o à f o r n a l h a

D o s b e i j o s q u e n ã o t r o c á m o s í

S e a R a z ã o é d u r a e a s s a s s i n a

D a s e m o ç õ e s m a i s c a r a s

I m p o n d o - s e , i n i b i n d o - s e

I n e x o r a v e l m e n t e ,

N a p r e s e n ç a d o t e m p o — h o r a

N u n c a n o s r o u b a r á — o h n ã o ! —

A b e l e z a i m e n s u r á v e l

D o s r e s q u í c i o s m a i s p r o f u n d o s e s e n t i d o s

D u m a i n s t a n t e s e n s a ç ã o ,

— A f a ú l h a d e r r a d e i r a . . .

N ã o s e i p o r q u e v i e s t e ;

M a s s e i q u e v i e s t e

E q u e t e f o s t e . . .

M A N U E L R O V I S C O

a n c e s c a e

J n o s s a n a a o S o lT e n h o s a u d a d e s d o S o l !

N ã o d o c a l o r q u e m e e n e r v a ,

M a s d e s s e l i n d o a r r e b o l

Q u e é t e s o u r o a o p é d a t r e v a .

E s t a n e b l i n a d e p r i m e

E o s m e u s n e r v o s e s f r a n g a l h a ;

Q u e r o o s o l q u e n o s r e d i m e

D e s t e o p a c o d e m o r t a l h a .

E s s a c h a m a r e d e n t o r a

Q u e é p a r a t o d o s b e n d i t a ,

S e é a F o r ç a c r i a d o r a

D e t u d o q u e à v i d a g r i t a . . .

Q u e r o o s o l p o r q u e é a l u z !

S e u b r i l h o é g r a ç a d e D e u s . . .

N a s t r e v a s m o r r e u J e s u s ,

P a r a e m l u z s u b i r a o s C é u s !

P o r i s s o t e n h o s a u d a d e s

D o s o l . . . e d o s e u f u l g o r ,

D a s b ê n ç ã o s d e c l a r i d a d e s ,

D o s e u s o p r o c r i a d o r !

Manuel Giraldes da Silva