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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ MESTRADO EM EDUCAÇÃO PATRICIA MARISTELA DE FREITAS LEAL O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA Pouso Alegre 2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

PATRICIA MARISTELA DE FREITAS LEAL

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA

Pouso Alegre

2017

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

PATRICIA MARISTELA DE FREITAS LEAL

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA

Dissertação apresentada a banca de defesa do Mestrado em Educação, da Universidade do Vale do Sapucaí, na linha de Pesquisa: Fundamentos da Formação do Profissional Docente e das Práticas Educativas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação.

Orientadora: Prof.ª Dra. Vânia dos Santos Mesquita

Pouso Alegre

2017

2

LEAL, Patrícia Maristela de Freitas. O Brincar na Educação

Infantil e o Desenvolvimento Integral da Criança / Patrícia

Maristela de Freitas Leal. Pouso Alegre: 2017 80 f.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Vale do

Sapucaí

Orientadora: Dra. Vânia dos Santos Mesquita

1. Brincadeira 2. Educação Infantil 3. Desenvolvimento

integral da criança

CDD: 370

3

(ESSA FOLHA RETIRA E COLOCA A ORIGINAL)

PATRÍCIA MARISTELA DE FREITAS LEAL

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO

INTEGRAL DA CRIANÇA

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Educação, da Universidade do Vale do

Sapucaí, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em

Educação.

Banca examinadora:

Aprovada em _/_/2017.

_________________________________________________ Orientadora: Profa. Dra. Vânia dos Santos Mesquita - UNIVÁS

_________________________________________________ Profa. Dra. Andrea Silva Domingues–PPGCL/UNIVÁS

_________________________________________________ Profa. Dra. Rosimeire Aparecida Soares Borges - UNIVÁS

4

Dedico a Deus, que até aqui tem me ajudado, a minha avó e a

minha mãe, que são as inspirações da minha vida, ao meu

filho Luís Antônio, ao meu marido e aos meus irmãos.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por cuidar de mim e me ter dado a oportunidade de viver e

buscar esse sonho, que muitas vezes pareceu impossível, mas, como Deus é

fiel em suas promessas, fez cumprir a sua palavra “Agrada-te do Senhor e Ele

satisfará os desejos do teu coração”.

Ao meu filho Luís Antônio e meu marido Antônio, que me ajudaram dando o

apoio necessário enquanto eu passava os dias dedicada aos estudos e trabalho,

sem suas contribuições eu não teria conseguido.

Ao meu irmão José Antônio que com generosidade e altruísmo, se empenhou

em me ajudar numa causa, que posteriormente, me possibilitou o ingresso neste

curso.

À minha irmã Stela, que sempre me motivou, não me deixou desanimar e nem

desistir no meio do caminho.

À Sandra Aparecida de Paula Vítor Pelegrini, que me incentivou com palavras e

atitudes que me ajudaram a vencer barreiras e não desanimar.

À minha orientadora Profa. Dra. Vânia dos Santos Mesquita, pela paciência,

serenidade, disponibilidade e empenho em me conduzir, sempre ao meu lado,

durante todo tempo.

À Profa. Rosimeire Aparecida Soares Borges pelo apoio, carinho, e

disponibilidade em todos os momentos em que precisei.

À Profa. Dra. Sandra Maria da Silva Sales Oliveira pela alegria, tranquilidade e

bons ensinamentos que pude receber.

À professora Carla Helena Fernandes, que me fez me sentir uma criança,

trazendo à mente recordações guardadas tão profundamente e compartilhando

com amigos, o que me fez muito bem.

Para mim, foi um privilégio inenarrável, inesquecível, poder conviver de perto

com pessoas que além de todo conhecimento acadêmico, são detentoras de um

conhecimento ainda maior que é o de ser humano, ser gentil, ser uma palavra

amiga nas horas difíceis, ser um ouvido para acolher desabafos.

Foi uma honra ter tido a oportunidade de conhecer o Prof. José Luís Sanfelice,

que com tanto conhecimento e sabedoria, é notável pela generosidade e

simplicidade para com todos.

A toda equipe pedagógica, funcionários da secretaria, da limpeza, do

cafezinho, o meu muito obrigada.

6

“Ao brincar com a criança, o adulto está

brincando consigo mesmo”.

Carlos Drummond de Andrade

7

LEAL, Patrícia Maristela de Freitas. O brincar na educação infantil e o

desenvolvimento integral da criança. 2017. f. Dissertação (Mestrado em

Educação), Univás, Pouso Alegre, 2017.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo investigar sobre a importância do brincar na educação infantil e no desenvolvimento integral da criança. Os objetivos específicos foram aprofundar sobre a historicidade da infância e a importância do brincar; além de observar e analisar a prática pedagógica de educadores durante as atividades escolares. A concepção histórica da infância apresentada por Ariès (1981) relata sobre a criança tratada como um “ser” adulto, sem direitos nem necessidades. A partir dos séculos XVI, XVII e XVIII mudanças foram formalizadas na sociedade pela educação e na formação pedagógica das crianças. Essa evolução culminou na conquista de seus direitos e pode ser considerada um marco nas mudanças de comportamento das sociedades, em relação à educação infantil. A metodologia deste estudo foi a Observação Participante que permitiu o levantamento de propostas e práticas pedagógicas sobre o uso e desenvolvimento do lúdico na educação infantil. Este estudo envolveu duas escolas localizadas em dois municípios do sul de Minas Gerais Brasil. Os participantes desta pesquisa foram 160 crianças de 4 e 5 anos, do pré-escolar, e os respectivos professores, sendo 80 alunos de cada um dos municípios e oito professores ao todo. As atividades lúdicas ocorrem em dias e horários variados. Em geral as professoras utilizam de 30 a 60 minutos para essas atividades. A observação foi feita por meio do preenchimento de uma ficha orientadora que permitiu a pesquisadora fazer anotações organizadas, sobre o brincar, presente na educação infantil nessas instituições. As análises efetuadas permitem afirmar que as professoras fazem uso de artifícios lúdicos e didáticos que desenvolvem o raciocínio lógico e o desenvolvimento motor, se preocupam e utilizam atividades de desenvolvimento físico, contribuem para o desenvolvimento afetivo, mantém uma relação de amizade e afeto durante as aulas. Os alunos demonstraram mais interesse por momentos lúdicos das aulas. Percebeu-se que as crianças se envolvem mais com as brincadeiras que utilizam música, dança, movimentos do corpo, histórias, desenhos, uso de cores para pintura, massinha, jogos pedagógicos entre outros. Após este estudo, pode-se concluir que durante o uso do lúdico nas escolas, as crianças mostram possuir habilidades psicomotoras, sociais, físicas, cognitivas e afetivas, o que permite afirmar que a brincadeira se constitui instrumento importante para desenvolvimento integral das crianças.

Palavras–chave: Brincar. Educação Infantil. Desenvolvimento Integral da

Criança.

8

LEAL, Patrícia Maristela de Freitas. Play in early childhood education and the

integral development of the child. 2017. f. Dissertation (Master in

Education),Univás, Pouso Alegre, 2017.

ABSTRACT

The purpose of this study was to investigate the importance of playing in children's education and in the integral development of the child. The specific objectives were to delve into the historicity of childhood and the importance of playing; besides observing and analyzing the pedagogical practice of educators during school activities. The historical conception of childhood presented by Ariès (1981) reports on the treated child as an adult "being", without rights or needs. From the sixteenth, seventeenth and eighteenth centuries, changes were formalized in society through education and in the pedagogical formation of children. This evolution culminated in the conquest of their rights and can be considered a milestone in the changes in the behavior of societies, in relation to early childhood education. The methodology of this study was the Participating Observation that allowed the survey of proposals and pedagogical practices on the use and development of the playful one in the infantile education. This study involved two schools located in two municipalities in the south of Minas Gerais-Brazil. The participants of this research were 160 children of 4 and 5 years of preschool, and the respective teachers, being 80 students from each of the municipalities and eight teachers in all. The play activities take place on varied days and times. In general, teachers use 30-60 minutes for these activities. The observation was made through the completion of a guideline that allowed the researcher to make organized notes about playing, present in children's education in these institutions.The analyzes made allow us to affirm that teachers make use of playful and didactic devices that develop logical reasoning and motor development, are concerned with and use activities of physical development, contribute to affective development, maintain a relation of friendship and affection during classes.The students showed more interest in playful moments in class. It was noticed that children are more involved with the games that use music, dance, body movements, stories, drawings, use of colors for painting, clay, pedagogical games among others. After this study, it can be concluded that during the use of play in schools, children show psychomotor, social, physical, cognitive and affective abilities, which allows to affirm that play is an important tool for the integral development of children.

Keywords: Play. Child education. Integral Development of the Child

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Respostas à Questão 1: A professora faz uso de brinquedos e brincadeiras para ensinar? Como e de que maneira?

Quadro 2- Respostas à Questão 2: A professora desenvolve formas didáticas diferenciadas com a utilização do lúdico? De que forma?

Quadro 3- Respostas à Questão 3: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o desenvolvimento lógico? Descreva de que forma isso ocorre.

Quadro 4- Respostas à Questão 4: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o desenvolvimento motor? Explique.

Quadro 5- Respostas à Questão 5: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o desenvolvimento físico? Descreva.

Quadro 6- Respostas à Questão 6: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o desenvolvimento afetivo? Como contribuem?

Quadro 7- Respostas à Questão 7: A professora demonstra afetividade para com os alunos? Como? Quadro 8- Respostas à Questão 8: Os alunos mostram interesse por atividades que envolvem o lúdico? Por meio de quais manifestações? Quadro 9- Respostas à Questão 9: Em momentos em que a professora não utiliza o lúdico, os alunos demonstram mais ou menos interesse pelas aulas? Quadro 10- Respostas à Questão 10: Por quais atividades os alunos se sentem mais motivados durante as aulas? Quadro 11- Respostas à Questão 11: Quanto tempo da aula a professora realiza atividades que utilizam o lúdico? Quadro 12- Respostas à Questão 12: Com quais atividades lúdicas as professoras trabalham?

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIOE- Banco Internacional de Objetos Educacionais COEPRE- Coordenação de Educação Pré-Escolar ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente LDB- Lei das Diretrizes e Bases da Educação MEC- Ministério da Educação e Cultura OA- Objetos de Aprendizagem RCNEI- Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil RIVED- Rede Interativa Virtual de Educação SAM- Serviço de Assistência ao Menor SEB- Secretaria de Educação Básica UNIVÁS- Universidade do Vale do Sapucaí ZDP- Zona de Desenvolvimento Proximal

ZDR- Zona de Desenvolvimento Real

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

2 CONCEITUAÇÃO E HISTÓRICO DA BRINCADEIRA ................................. 16

2.1 A BRINCADEIRA COMO FONTE DE SABEDORIA E HISTÓRIA DA

CIVILIZAÇÃO .................................................................................................... 17

2.2 CONCEITO DE BRINCAR E SUA RELEVÂNCIA SOCIAL......................... 20

2.3 CONCEITUAÇÃO DE BRINQUEDO .......................................................... 22

2.4 CONCEITO DE JOGO ................................................................................ 25

2.5 CONCEITO DE BRINCADEIRA .................................................................. 26

3 A RELEVÂNCIA DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA NA SOCIEDADE ............... 28

3.1 INFÂNCIA: CONCEITUAÇÃO E HISTÓRIA ............................................... 28

3.2 A INFÂNCIA NO ATUAL CENÁRIO SOCIAL: DIREITOS ........................... 32

3.3 A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................... 34

4 ESTUDOS RECENTES SOBRE A UTILIZAÇÃO DA BRINCADEIRA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................... 40

5 METODOLOGIA ............................................................................................ 45

5.1 LOCAL DA PESQUISA E PARTICIPANTES .............................................. 46

5.2 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ........................................................... 46

5.2.1 Instrumento da Pesquisa ...................................................................... 47

5.3 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS .......................................... 48

6 ANÁLISES E RESULTADOS ........................................................................ 49

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 69

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 72

ANEXO A ......................................................................................................... 77

APÊNDICE A .................................................................................................... 78

12

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho insere-se na linha 2 de pesquisa, “Fundamentos da

Formação do Profissional Docente e das Práticas Educativas”1, do Mestrado em

Educação, da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), e teve por objetivo

principal apresentar os fundamentos, por meio do método Observação

Participante, em escolas de educação infantil, sobre a importância do brincar

para esse nível de ensino.

A proposta de valorizar o lúdico pretende amadurecer a prática

pedagógica de educadores que atuam no ensino infantil. É fundamental elucidar

sobre a importância do brincar, conhecer as possibilidades de colaborar com a

formação e desenvolver as potencialidades na infância. Segundo Guedes (2002,

p. 16) as atividades recreativas “irão contribuir para um ajuste físico, mental e

também social, não esquecendo as tendências da idade e diferenças individuais,

pois cada criança tem seu ritmo”. As brincadeiras previstas no currículo escolar

podem impulsionar a implantação de propostas com a finalidade de utilizar o

lúdico como recurso metodológico para a aprendizagem e desenvolvimento

infantil.

De acordo com Guedes (2002), com o passar do tempo, chega-se à idade

pré-escolar e a criança precisa ser bem orientada para que possa ter um bom

desenvolvimento do equilíbrio, coordenação global e específica, ajudando na

aprendizagem da leitura e da escrita e no aumento da capacidade pulmonar,

além de estimular a criatividade. Cabe ao educador resgatar por meio de jogos,

brincadeiras e outras atividades físicas e culturais, o que parece estar um pouco

esquecido. A criança precisa brincar para ser um adulto feliz e equilibrado.

Para se chegar à realidade da educação infantil atual e às leis de proteção

e assistência às crianças e adolescentes, e a todos os seus direitos, foram feitos

muitos estudos, análises e acontecimentos marcantes foram gerando uma

1 Compreende investigações sobre os processos políticos, históricos, culturais, filosóficos e sociais na

formação do profissional docente e suas práticas educativas, nos diferentes níveis e modalidades de ensino. Abrange estudos relativos às concepções filosófica, histórica, politica, pedagógica e ética da educação. Abarca pesquisas referentes às políticas educacionais, tecnologias digitais de informação e comunicação e diversidade cultural; do Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS).

13

profunda mudança no modo de ver e tratar as crianças (BARBOSA;

MAGALHÃES, 2008).

No Brasil, foi somente no final do século XIX que apareceram os primeiros

jardins de infância, amparando os desprovidos financeiramente; e permaneceu

assim até 1922, com o surgimento da Renovação Pedagógica ou do Movimento

da Escola Nova em que se discutiu também a pré-escola (MORAES, 2014). Com

esse movimento, com base na psicologia, a criança passou a ser admitida como

um ser humano pensante e valorizaram-se suas experiências cotidianas. As

atividades escolares passaram a ser subsidiadas pelos centros de interesse e

metodologia de projetos (BORGES et al., 2016).

Em 1961, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação da

Educação Nacional (Lei 4024/61) aumenta-se o fluxo de atendimento em

creches, ensino primário e jardins de infância. De acordo com essa Lei as

empresas que tivessem a seu serviço mães de crianças menores de sete anos,

eram estimuladas a manter, por iniciativa própria ou em cooperação com o poder

público, instituições de educação pré-escolar que acolhessem os filhos das mães

trabalhadoras (BRASIL,1961).

No ano de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação

Nacional (LEI 9394/96) vem estabelecer a educação infantil como etapa da

educação básica. Torna obrigatória a educação de 0 a 6 anos, sob a

responsabilidade dos municípios (BRASIL,1996).

Na educação infantil, é importante que o docente tenha consciência de

que a brincadeira é essencial. Na infância estão presentes o sonho, a

imaginação e a criatividade. Diferentemente da vida do adulto, o lúdico faz parte

da vida da criança, em momentos de lazer e de aprendizado. Pode-se verificar

que quando a criança se envolve com atividades de jogos ela desenvolve melhor

o raciocínio, durante horas fica atenta a movimentos e reflete sobre as

estratégias que deverá escolher. De acordo com Friedmann (2010, p. 13) “[...] o

jogo é protagonista da nossa infância, ele expressa nossa visão e sentimentos

em relação ao mundo”.

A partir da realidade no ensino infantil, no dia a dia da prática

pedagógica, pode-se perceber como o uso da brincadeira contribui para a

aprendizagem das crianças. Por isso, foi levantada para este estudo a seguinte

problematização: A brincadeira pode se constituir em uma ferramenta docente

14

na educação infantil? E ainda deseja-se responder outra inquietação: Quais as

implicações que o brincar traz para a criança que está no ensino infantil?

Para responder a esses questionamentos, este estudo tem como objetivo

geral investigar a importância do brincar no desenvolvimento integral da criança

no ensino infantil. Como objetivos específicos: a) estudar obras referentes ao

brincar como atividade colaboradora da formação das potencialidades infantis;

b) contribuir para reflexões e discussões acerca do brincar no ensino e na prática

pedagógica de educadores que atuam no ensino infantil.

Além desta introdução esta pesquisa se divide em 7 seções. Na segunda

seção traz um estudo histórico do brincar na sociedade. O contexto da educação

infantil nos dias atuais é o resultado de estudos e acontecimentos ocorridos ao

longo de séculos. Na antiguidade o brincar estava ligado à vida adulta e as

crianças participavam dos mesmos eventos que os adultos. A criança era

considerada um ser inacabado, sem necessidades específicas e sem valor. Só

a partir do século XVIII a criança passa a ser considerada portadora de uma

natureza própria, que precisa ser reconhecida e valorizada.

A terceira seção trata da relevância da infância na sociedade e sobre

estudiosos que contribuíram para que o atual cenário da educação infantil fosse

possível. Discorre sobre a conceituação e a história da infância e sobre

acontecimentos que ao longo dos séculos, foram construindo e aperfeiçoando

leis e direitos referentes à criança.

A quarta seção deste estudo faz um levantamento de artigos produzidos

nos últimos cinco anos que tratam sobre brinquedo e educação, em diferentes

aspectos, a fim de se confirmar a hipótese deste trabalho sobre as implicações

do brincar sobre a educação infantil.

A quinta seção traz a Metodologia utilizada neste trabalho que foi a

Observação Participante e os detalhes de como foi realizada a pesquisa nas

escolas. As escolas pesquisadas foram duas, de dois municípios do sul de

Minas, os alunos de quatro e cinco anos, do turno da tarde e suas respectivas

professoras.

Na sexta seção são apresentados as análises e os resultados das aulas

observadas, efetuados com o preenchimento de uma ficha com questões

pertinentes ao uso do lúdico nas aulas de educação infantil.

15

Na sétima seção estão as considerações finais sobre este trabalho, de

acordo com a revisão bibliográfica de livros e artigos que nos permitiram construir

um conhecimento acerca desse assunto que é bastante discutido e importante

por oferecer subsídios para que o educador infantil possa aperfeiçoar seu

trabalho junto a seus alunos. A pesquisa de campo, com a metodologia

observação participante nos possibilitou a convivência com alunos e professoras

de educação infantil e permitiu a construção de uma análise do trabalho

desenvolvido nas escolas de educação infantil no sul de Minas Gerais.

16

2 CONCEITUAÇÃO E HISTÓRICO DA BRINCADEIRA

Esta seção tem como abordagem principal a importância da historicidade

da brincadeira na sociedade. O contexto da brincadeira e sua complexidade

podem estar interligados a milhares de anos. Foram descobertos entre achados

arqueológicos datados do século IV a. C., bonecos em túmulos de crianças. Há

também referências a brincadeiras e jogos em obras do pintor Pieter Brughel do

século XVI (DIAS, 2013).

Segundo Soares (2010), desde a Grécia Antiga, é incentivada a

aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos, por considerarem importante a

atividade lúdica no processo de formação da criança. Os jogos contribuíram

notadamente com aspectos formativos do ser humano, principalmente, a

educação infantil. Os objetivos dos jogos eram, além do desenvolvimento

corporal, o crescimento moral, auxiliando assim na formação da criança e do

jovem. A partir do século XVIII, ganharam força as ideias sobre a importância do

lúdico na educação.

De acordo com Costa (2001), a médica psiquiatra e pedagoga Maria

Montessori desenvolveu, entre os anos de 1907-1952, recursos e métodos

pedagógicos que buscavam atender aos princípios da Escola Nova, primeira

proposta para educação infantil, que tinha por ideal educar para a liberdade.

Muitos desses recursos atualmente têm sido trabalhados dentro do ambiente

escolar, materiais concretos, o lúdico, jogos e brincadeiras, o Material Dourado,

números e letras de lixa, de compensado, alfabeto móvel e muitos outros. Um

conhecimento estudado e pesquisado por ela que transmite fontes e saberes de

suma importância para o docente trabalhar em sala de aula e faz parte de todo

o contexto educacional.

No método desenvolvido por Montessori, o ambiente é preparado

especialmente para as crianças, o professor trabalha com cada uma em

particular, prestando-lhe a ajuda necessária quando é solicitada. A partir de

observações sobre o caminhar das crianças, Montessori criou o método lúdico

da “Linha ou aula rítmica” por meio da qual é trabalhada a consciência da criança

em sua realidade, segundo a pedagoga. É constituída por cinco fases: 1) atenção

busca chamar a atenção das crianças; 2) concentração sem esforço, andar na

17

linha naturalmente; 3) concentração com esforço, movimento mais forte da linha

e trabalha o domínio dos menores gestos e o cuidado com seu corpo e o do outro

(o colega); 4) desconcentração, momento em que a criança se expande, usa a

criatividade e a espontaneidade; 5) relaxamento, momento em que as crianças

são convidadas a ficarem em silêncio, concentradas (COSTA, 2001).

2.1 A BRINCADEIRA COMO FONTE DE SABEDORIA E HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO

A sabedoria sobre o brincar teve como efeito um contexto histórico para a

educação Infantil, sabe-se que há séculos atrás, o brincar estava ligado à vida

adulta, eram em festividades que as crianças estreitavam seus laços de amizade

e familiar uns com os outros, elas brincavam com e como os adultos.

Discorrer sobre o brincar é algo natural em todos os ciclos e etapas da

vida do ser humano. Essa ação é natural e necessária para o pleno

desenvolvimento da criança em sua vida escolar e pessoal. Para se chegar à

situação atual, levou-se muito tempo de estudos, de registros e melhoramentos

nas leis que amparam as crianças e nas diretrizes que regem a educação infantil

e básica. São esses caminhos que na história do brincar foram ganhando novas

formas, conceitos e modificações necessárias para as melhorias contínuas

dentro do ambiente social e cognitivo.

Segundo Kishimoto (1995), cada cultura vê a criança de um jeito diferente.

Entre as antigas concepções, a criança era vista como um ser inacabado, sem

valor. Só a partir do século XVIII, Rousseau divulga a criança como portadora de

uma natureza própria, que precisa ser valorizada e desenvolvida. A partir do

Renascimento, a brincadeira passa a ser considerada como forma de

desenvolvimento da inteligência e facilitadora do estudo.

De acordo com Sant’anna e Nascimento (2011), as teorias de Vygotsky

afirmam que o ser humano se desenvolve a partir do aprendizado, através de

contato direto ou indireto com outros seres humanos e que o jogo cria na criança

uma zona de desenvolvimento proximal (ZDP), e que ao vencer desafios, ela

chega à zona de desenvolvimento real (ZDR) que é a capacidade de realizar

tarefas de forma independente.

18

Sant’anna e Nascimento (2011) ressaltam a importância do brincar no

desenvolvimento da criança, pois, para eles, é necessário para a motivação,

autoestima e até mesmo para desempenho da criança na escola, essa função é

favorecida quando bem trabalhada, logo no período da Infância, pois favorece

aspectos cognitivos, afetivos e sociais.

O brincar instigou novas maneiras de lazer e prazer entre as pessoas na

sociedade, cada qual com sua forma de vivenciar, com maneiras diferentes,

culturas e recursos que existiam em cada época.

Kishimoto (1995) nos coloca as convergências da real função do brincar

na sociedade antiga, média e contemporânea apontando as tendências

históricas como ápice para compreender o brinquedo, as brincadeiras e os jogos

como se fossem partes e fragmentos do brincar, ou seja, uma ligação perfeita,

para dar mais ênfase ao lúdico na sociedade e na própria educação.

Segundo Veiga (2007) no Brasil-Império, a relação entre povo e território

era bastante conflituosa, devido à tentativa de centralização política. O princípio

monárquico buscava garantir os privilégios e os interesses da elite proprietária e

traficante de escravos. Os dados e relatos sobre a infância eram associados à

escrita da nação. O enfoque do governo era a instrução de crianças livres, às

quais cabia a aplicação da lei de obrigatoriedade escolar. Às crianças escravas

era proibido frequentar aulas dos mestres públicos. A institucionalização da

obrigatoriedade dos pais ou responsáveis em dar a instrução elementar para as

crianças foi um acontecimento predominantemente político, que objetivava a

produção da consciência de um pertencimento nacional.

Por intermédio da escola, buscou-se atribuir a um período da etapa infantil

um novo termo: alunos. A partir de então, ser ou não escolarizado passou a ser

regra de inserção na sociedade. Era dever de o Estado prover escolas e criar

condições de acesso e permanência das crianças nelas. Foram produzidos

diferentes identificadores para a criança: ser obediente, comportada, frequentar

escolas, ser bom filho e bom aluno. Um aspecto relevante era a pobreza da

população e o emprego do trabalho infantil, o que resultava na frequência

irregular a escola (VEIGA, 2007).

A partir do advento da modernidade, foram geradas dinâmicas sociais e

culturais que culminaram em uma crescente preocupação com a educação e um

maior interesse médico em preservar a saúde da criança. A confluência dessas

19

atitudes levou ao desenvolvimento de uma racionalidade, especialmente no

período do crescimento, que levaram a intervenções mais específicas e eficazes

(FERREIRA; GONDRA, 2007).

Segundo Schultz e Barros (2011), no Brasil, foi a partir da independência

que surgiram as primeiras discussões sobre os direitos da criança e do

adolescente, incluso o Código Criminal de 1830, primeira lei imperial penal. De

acordo com Rizzini (2009 apud SCHULTZ; BARROS, 2011), nesse período da

história, crianças e adolescentes passaram a ter seus crimes atenuados, o que

constituía um avanço, pois até então, vigoravam leis portuguesas que puniam

crianças e adolescentes que cometessem crimes com o mesmo rigor dispensado

aos adultos (RIZZINI, 2009 apud SCHULTZ; BARROS, 2011).

Com a mudança da legislação, em 1890, o novo Código Penal passou a

oferecer maior proteção às crianças, não responsabilizando menores de nove

anos por atos ilícitos. No final do século XIX foi que se iniciaram discussões na

sociedade civil e iniciativas visando assistência e proteção à infância no Brasil.

Esse processo acontece principalmente por meio dos sindicalistas que exigiam

leis para o trabalho infantil e dos pediatras e higienistas preocupados com a

saúde e bem-estar da criança (RIZZINI, 2009 apud SHULTZ; BARROS, 2011).

No século XX surgiram três leis essenciais que buscavam atender à

realidade da infância brasileira: o Código de Menores de 1927, que judicializou

a concepção de infância e passou a responsabilizar o Estado pelo atendimento

às crianças abandonadas, institucionalizadas e delinquentes; o Código de

Menores de 1979, que alterou pouco o anterior e o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), de 1990, que foi o grande passo em relação aos direitos da

criança e do adolescente.

De acordo com Sant’anna e Nascimento (2011) os índios, os portugueses

e os negros foram os precursores dos modelos e maneiras de desenvolvimento

do lúdico existentes até hoje, no Brasil. Devido a uma grande mistura de raças e

povos, cada um com suas culturas e crenças, o Brasil se tornou um país rico do

ponto de vista cultural e educacional. Toda essa herança cultural e educacional

deve ser utilizada para o aprendizado dos alunos, que provém de diferentes

etnias, raças e povos e valorizar o que há de mais importante, de acordo com

suas culturas e realidades.

20

Os jogos e brincadeiras existentes hoje, no Brasil, são resultados dessa

miscigenação, uma herança deixada por nossos antepassados e devem ser

preservados, valorizados e utilizados para o ensino de nossos alunos, não se

esquecendo de valorizar a historicidade de cada um deles (SANT’ANNA;

NASCIMENTO, 2011).

A história do brincar é de suma importância para a educação, por meio de

ações e práticas que vieram conceituar as novas tendências do lúdico, dentro e

fora do ambiente educacional, despontando novas possibilidades de um trabalho

agregado aos valores e à cultura, no atual cenário de tantas inovações

tecnológicas.

2.2 CONCEITO DE BRINCAR E SUA RELEVÂNCIA SOCIAL

Os autores pesquisados apontam o brincar como um dos instrumentos de

grande relevância para o processo físico, cognitivo e social do ser humano na

história da civilização, pois sempre existiu e não se tem uma data certa para

dizer quando e como começou, mas alguns estudos mostram que o brincar faz

parte de toda história de vida de qualquer indivíduo.

O brincar é muito importante para a criança, pois permite que ela se sinta

segura, confiante, ela faz do brincar o seu mundo imaginário. É tão importante

para a criança quanto o estudar, o comer e o conviver com a família, torna o

ambiente alegre e mais propício para a aprendizagem e formação do indivíduo.

Segundo Rosa (2001) desde o nascimento, o bebê vive uma dependência

total da mãe, e tem na hora da amamentação, a primeira experiência de relação

“bebê-seio”. Nesse momento, o bebê tem a ilusão de que o seio é ou faz parte

dele mesmo. Esse contato mágico que também acontece nas brincadeiras de

faz de conta, é chamado, em linguagem psicanalítica, de “experiência de

onipotência”. Dessa forma, através do brincar e do conhecer é possível reviver

uma experiência extremamente satisfatória, só que de uma forma muito mais

sofisticada, pois se tem a possibilidade de transitar entre a fantasia e a realidade.

De acordo com Ujiie (2008, p.52) “o brincar se constitui em ação, brincadeira,

divertimento, imitação, faz de conta, expressão livre”.

21

Sob esse entendimento, as explicações sobre o brincar vão muito além

de um simples conceito lúdico, há uma interligação com o pensamento,

organismo e comportamento da criança em sua etapa de crescimento. De fato,

o brincar não pode ser mero resultado de algo imaginado ou inventado pela

criança, mas pela lógica está compondo uma notável vontade de a criança se

desenvolver com alegria, participar e interagir, o que poderá aguçar sua

inteligência e seu estilo de vida.

Segundo Borba (2007) a criança quando brinca está aprendendo alguma

coisa, não é algo utópico e nem menos importante, pois a dimensão do brincar

na vida da criança tem um significado de aprendizagem, relevante para seu

desenvolvimento, para seu corpo (físico), para seu cognitivo (pensamento) e

ainda para seu processo de conhecimento que favorecem a autonomia e a

identidade nessa etapa da infância.

Para Vygotsky (2007, p.113), “é no brinquedo que a criança aprende a

agir numa esfera cognitiva, em vez de uma esfera visual externa, dependendo

das motivações e tendências internas”. Ainda de acordo com esse autor, antes

de aprender a falar e escrever, a criança sabe como fazer coisas, sem perceber

que sabe. No brinquedo, ela usa sua capacidade de separar significado do

objeto, fala em prosa, mesmo sem prestar atenção às palavras que diz, ou seja,

através do brinquedo, a criança começa a dominar funções como conceitos,

objetos e palavras que entende e começa a desenvolvê-los.

De fato, o brincar não é apenas um conjunto de instrumentos que podem

ser manuseados, mas de práticas e ações que vão ao encontro do processo de

aprendizagem da criança, logo quando sua identidade está sendo formada, pois

o brincar pode se figurar em qualquer objeto, em qualquer forma, estilo, cultura,

valores e etnias que estão cada vez mais presentes no cotidiano pedagógico e

escolar (KISHIMOTO, 1995).

O planejamento de atividades lúdicas e o acompanhamento do brincar

cabem ao educador, para que toda criança consiga se desenvolver, objetivo este

que tem inicialmente a educação infantil, durante a qual o brincar deve ser parte

integrante do planejamento pedagógico, para poder proporcionar o crescimento

da criança no ambiente escolar.

No entendimento de Santos (2013, p.01):

22

Brincar é experimentar-se, relacionar-se, imaginar-se, expressar-se, compreender-se, confrontar-se, é negociar, e se transformar, é de extrema importância no desenvolvimento e aprendizagem (pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade) na educação infantil. E como sabemos as mudanças da sociedade e das práticas sociais atualmente andam extinguindo o brincar da vida do homem e tais mudanças foram incorporadas à infância, antes brincar era uma coisa típica que hoje é rara, é nossa responsabilidade, enquanto adultos e enquanto sociedade não deixar que o brincar desapareça. Para isso temos que elaborar a organização de tempo e espaços para a brincadeira, pois se não o fizermos a criança não o fará sozinha, temos que colocar a brincadeira na rotina das crianças na escola (no planejamento), organizar o ambiente para que a brincadeira aconteça, brincadeira é o processo de educação da criança e temos que reconhecer o brincar em toda a sua possibilidade e o seu potencial educativo. É necessário que os educadores infantis realizem um vasto trabalho para informar à sociedade que o “brincar” não é uma perda de tempo, mas um processo pelo qual a criança deve passar.

Portanto, é papel do professor de educação infantil estruturar, intervir,

favorecer o brincar da criança na escola. A brincadeira é uma ação educativa

para a infância, e o professor precisa se conscientizar e passar a propiciar a

brincadeira todos os dias, em formatos diversificados, podendo ser aplicada de

forma livre ou dirigida.

O brincar faz parte do contexto social e pedagógico do educando, as

oportunidades que são oferecidas no brincar tornam a criança mais interativa,

mais questionadora e não se limita ao processo de aprendizagem, já que o

brincar favorece a autonomia e a identidade do mesmo.

2.3 CONCEITUAÇÃO DE BRINQUEDO

O brinquedo é um objeto que faz parte da história da humanidade e, desde

a antiguidade é desenvolvido por uma variedade de materiais, como a madeira,

o vidro a pedra, até os mais modernos como o plástico e, posteriormente, os

eletrônicos. Segundo Cordazzo e Vieira (2007, p. 94), o brinquedo “tem um valor

simbólico que domina a função do objeto, ou seja, o simbólico torna-se a função

do próprio objeto”.

De acordo com Santos (2013), o brinquedo não é apenas um instrumento

notório para a criança, pois tem valor, sentimentos, emoções e comportamentos

que podem ser vistos quando a criança está brincando. O brinquedo favorece a

23

autonomia, aguça o cognitivo e a imaginação, como também propicia momentos

de alegria e prazer.

Segundo Kishimoto (1995), o brinquedo supõe uma indeterminação

quanto ao seu uso, ou seja, a criança é que faz as regras de acordo com o que

ela quer viver. Através do brinquedo reproduz a realidade, não apenas os

objetos, mas a totalidade social. Moraes et al. (2014) afirma que para Piaget, o

brinquedo é sinônimo de infância e é considerado pela criança como sua

ferramenta de trabalho.

Algumas considerações de Barbosa (1997) sobre o brinquedo apontam o

vínculo dele com a forma de educar, de interagir na escola, propicia um ambiente

mais alegre, motivador para as crianças, logo no início da sua formação. O

brinquedo tem como função, trabalhar o desenvolvimento da criança, auxilia nas

normas e regras, na criatividade, nas emoções e pode mostrar caminhos para o

trabalho do professor em sala de aula.

Ujiie (2008) salienta que o brinquedo advém de uma história, passando

por vários acontecimentos culturais, como na Idade Média, quando os jogos

eram formas de treinamento para as guerras. No renascimento há uma mudança

contextual sobre o brinquedo, o brincar e os jogos, eram considerados formas

para aprender atividades adultas. Aristóteles acreditava que as possibilidades de

jogos, brinquedo e brincar amenizavam a opressão do homem na sociedade e

colaborava com a aprendizagem da criança no ensino da matemática. No século

XVIII ocorreu a popularização das brincadeiras e jogos educativos. O brincar

coletivo era uma atividade comum a adultos e crianças.

Segundo Ujiie (2008, p.53) o surgimento do brinquedo industrializado foi

marcante,

Concomitantemente, por volta do início do século XIX, surge o brinquedo industrializado [...] que transforma o brincar em uma atividade solitária para criança, em função do apelo ao consumo de brinquedos. Neste período, a escola, com objetivos educacionais demarcados, passa a fazer uso pedagógico do brincar, didatizando-o de maneira forçada e incoerente.

Mas o papel do brinquedo na literatura, não aponta somente essa ideia de

objeto, mas a evolução prazerosa e diferenciada de expressar sentimentos e

emoções que pudessem concretizar a aprendizagem da criança, sua autonomia,

identidade, fatores sociais e cognitivos que são apresentadas quando esta

24

criança inicia sua vida escolar. Ainda na visão de Ujiie (2008, p.52) “O brinquedo

é compreendido como qualquer objeto sobre o qual se debruça a ação da

atividade lúdica do brincar por meio da espontaneidade, imaginação, fantasia e

criatividade do brincante”.

Em uma grande diversidade de brinquedos mais modernos, a sua

evolução é vista como um recurso pedagógico, podendo o professor trabalhar

com essa ferramenta de modo que possa favorecer o estímulo da criança em

sala de aula, e tornar o ambiente mais prazeroso para o desenvolvimento da

autonomia e formação desse indivíduo.

De acordo com Bardy et al. (2013), em 1999 surgiu no Brasil, por meio de

iniciativas da Secretaria da Educação Básica (SEB) e da Secretaria de Educação

a Distância, o programa RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação), cujo

objetivo é estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos alunos, utilizando a

informática para a aprendizagem de novas abordagens pedagógicas.

Os conteúdos digitais são conhecidos como Objetos de Aprendizagem

(OA) e são caracterizados como “ferramentas reutilizáveis que auxiliam o ensino

e a aprendizagem, disponibilizados em repositórios na rede Internet”. Um objeto

de aprendizagem é qualquer recurso que possa dar suporte ao aprendizado. Sua

ideia é possibilitar que um mesmo conteúdo possa ser explorado em diferentes

ambientes de aprendizagem. Qualquer recurso eletrônico que transmita alguma

informação seja através de imagem, animação ou simulação (RIVED, 2013).

Os objetos de aprendizagem do RIVED são atividades multimídia,

interativas, através de animações e simulações e são instrumentos importantes

para despertar nos alunos novas ideias e conceitos e resolver problemas.

São alguns desses OA: “Scrapbook”, que trabalha o autoconhecimento do

usuário; “Viagem Espacial/Alfabetização”, que trabalha a leitura e a escrita e a

“Fazenda Rived”, que trabalha os conceitos de matemática. Os três OA estão

disponíveis para utilização gratuita no “Banco Internacional de Objetos

Educacionais” (BIOE). Os OA possibilitam à criança aprender se divertindo, são

coloridos e ricos em possibilidades pedagógicas multidisciplinares.

O brinquedo hoje não é mais apenas um boneco, um carrinho, uma bola,

mas pode ser também uma ferramenta tecnológica que pode atender às

necessidades infantis e até mesmo adultas. Na escola, ele deve ser bem

direcionado, ter uma proposta de aprendizagem. Ao relacionar o brinquedo como

25

instrumento de alegria para o conhecimento da criança, é necessário

compreender que essa condição traz o significado das coisas, o sentimento, a

organização e a construção de ideias criativas (UJIIE, 2008).

Diante dessa visão exposta, percebe-se que um brinquedo deve ser bem

direcionado na escola, ter uma proposta que seja fundamental para o ensino-

aprendizagem, não pode ser involuntário, pois os cuidados na escola devem ser

vistos pelos educadores como processos educativos e avaliativos necessários.

O brinquedo, em sua contextualização, desperta a atenção do indivíduo, permite

o desenvolvimento do ser humano nas suas capacidades e nas cognições,

aponta habilidades que precisam ser trabalhadas na escola, enfim, o brinquedo

é muito importante, pois ele pode determinar coisas boas e ao mesmo tempo

verificar aspectos ruins, como pode também contribuir na formação do caráter e

das opções ideológicas. O brinquedo é determinado por idades, etapas de vida,

como também existem brinquedos para adultos, caberá uma visão e uma

atenção com os brinquedos, pois o seu mau uso pode acabar gerando impactos

não relevantes na vida do sujeito (LIRA; RUBIO, 2014).

A escola como ambiente de socialização, tem todo um planejamento a

seguir e no caso das atividades lúdicas, os brinquedos devem ser direcionados

com planejamento, para que possam favorecer todo o processo de

desenvolvimento da criança na infância e ao longo de sua vida (NAVARRO;

PRODÓCIMO, 2012).

2.4 CONCEITO DE JOGO

Piaget (1978 apud MORAES et al, 2014) considera o jogo como atividade

intelectual da criança e consolidador de sua inteligência. Existem três tipos de

jogos, segundo Piaget: o jogo de exercício- caracterizado pela repetição dos

movimentos; O jogo simbólico- surge junto com a função simbólica e o jogo de

regras- que se manifesta aos 4 anos, com o declínio do simbólico.

Moraes et al. (2014) afirma que, para Wallon o jogo é importante para o

desenvolvimento da personalidade humana e da motricidade. Existem quatro

tipos de jogos para Wallon: jogos funcionais- explora os sentidos, desenvolve a

motricidade; jogos de ficção- os de faz de conta, imaginários; jogos de aquisição-

26

o que a criança adquire conhecimento a partir do que vê e ouve e jogos de

fabricação- através de atividades manuais de entretenimento.

Segundo Kishimoto (1995), o jogo assume o sentido que cada sociedade

lhe atribui. Em tempos passados, o jogo era considerado inútil, depois do

romantismo, a partir do século XVIII, ele passa a ser considerado algo sério, e

destinado à educação. Para esta autora:

A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras explícitas, como no xadrez ou amarelinha, regras implícitas como na brincadeira de faz de conta em que a menina se faz passar pela mãe que cuida da filha. São regras internas, ocultas que ordenam e conduzem a brincadeira (KISHIMOTO, 1995, p.113).

Vygotsky (1990 apud MORAES et al, 2014) acredita que o jogo é uma

ferramenta eficaz e age no psicológico e no desenvolvimento da criança. Ele

elege a situação imaginária como fundamental no jogo.

2.5 CONCEITO DE BRINCADEIRA

De acordo com Moraes et al. (2014), Piaget (1998) as brincadeiras mudam

de acordo com a faixa etária da criança. A partir das brincadeiras, a criança recria

o real, mas, precisam existir regras a serem cumpridas de acordo com a idade.

Segundo Andrade e Sousa (2011), os jogos e brincadeiras superam as

atividades como treinamento, que durante muito tempo serviram para

memorização e aprendizado. O professor precisa estar atento ao

desenvolvimento cognitivo da criança, valorizar a infância e a criatividade, e para

isso, deve lançar mão de brincadeiras e jogos para ensinar. “As brincadeiras

sempre fizeram e farão parte das crianças. Sendo assim, usar o lúdico para

educar impulsiona um crescimento saudável e transformador” (ANDRADE;

SOUSA, 2011, p. 94).

O desenvolvimento físico/motor deve ser estimulado durante a infância e

no ambiente escolar o educador precisa ter consciência de que por meio de

atividades lúdicas as crianças adquirem mobilidade corporal, orientando-se pelo

próprio corpo. Atividades como pular corda, andar sobre uma linha no chão, pular

com um só pé, deixam os alunos felizes e auxiliam no seu desenvolvimento

motor (ANDRADE; SOUSA, 2011).

27

Segundo Kishimoto (1995), brincadeira é a ação que a criança

desempenha enquanto joga, enquanto faz de conta, é o lúdico em ação. “A

brincadeira contribui para o desenvolvimento e para a construção do

conhecimento infantil” (KISHIMOTO, 1995, p. 111). Enquanto brinca, a criança

se transporta para outro mundo, assume papeis, fala, dança, bate, chora, ri, ela

retrata a realidade que vive, repete as palavras que escuta e os gestos que

enxerga. Ao se observar uma criança brincando pode-se saber bastante sobre

sua vida. Através da brincadeira ela expõe sentimentos, desejos, visão de

mundo.

Na etapa infantil, através de todo o processo de desenvolvimento com as

brincadeiras, jogos e brinquedos o indivíduo irá concretizar a sua criatividade e

identidade. Quando a criança chega à escola é iniciada uma sondagem pelos

professores, por meio de um trabalho de observação dos alunos, para conhecê-

los melhor. É somente a partir de um trabalho pedagógico planejado e

organizado que o professor conseguirá fazer uma avaliação contínua, para

estabelecer tipos de atividades adequadas às idades, conforme série e turma,

bem como adaptações de jogos e brincadeiras importantes para o

desenvolvimento do educando (TEIXEIRA, 2017).

Considera-se que a utilização de jogos e brincadeiras não pode ser

definida apenas como um ato, mas como ação e prática educativas,

desenvolvidas para que os alunos alcancem sentido, essas ações são

importantes ferramentas que podem enriquecer o processo de desenvolvimento

físico, cognitivo, emocional, assim como a criatividade, a autonomia e a formação

da criança (ANDRADE; SOUSA, 2011).

A próxima seção trata da historicidade da infância, baseada em autores

que retratam fatos ocorridos desde a antiguidade, assim como as contribuições

que a brincadeira pode trazer para a educação.

28

3 A RELEVÂNCIA DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA NA SOCIEDADE

Esta seção irá abordar a infância no contexto de sua historicidade com

base em estudiosos que pesquisam e descrevem a importância dessa fase de

desenvolvimento da criança.

Analisar a infância e sua história, como ocorreu em tempos remotos e

quais foram os fatores que interferiram nas modificações de leis, conceitos e

definições sobre a contribuição da brincadeira para a educação nos dias atuais.

3.1 INFÂNCIA: CONCEITUAÇÃO E HISTÓRIA

A infância é uma das importantes etapas no ciclo da vida. O ser humano

tem três distintas fases: a infância, juventude e maturidade, que são

determinantes para o desenvolvimento do sujeito, como processo natural da

vida, visto que cada uma dessas fases envolve os aspectos cognitivos, físicos e

sociais na construção da formação e autonomia do homem ao longo da vida.

Segundo Pagni (2010) a palavra Infância tem origem no Latim infantia:

do verbo Fari, falar, e de sua negação In, ou seja, o infans é aquele que não

consegue exprimir suas ideias, não consegue ainda falar. Etimologicamente,

“infância” consiste no silêncio que precede as primeiras palavras, os primeiros

discursos.

A concepção histórica de infância é apresentada por Ariès (1981) num

discurso direto e cronológico, quando a criança ainda era considerada um “ser”

adulto, ou mini adulto, sem direito, sem necessidades, que comprovavam o

poder absoluto do adulto. As pesquisas de Ariès foram de suma importância,

pois o autor apresenta a infância como campo teórico, prático de ações reflexivas

que foram apontadas partindo do enorme índice de mortalidade que ocorria

numa época ainda remota, na antiguidade e na era medieval (ARIÈS, 1981).

No histórico da humanidade a infância favoreceu alguns acontecimentos

importantes que interligaram a educação ao ambiente escolar, e foram evoluindo

com o passar do tempo. Desde a Idade Média até o século XVII, período em que

praticamente não existia o reconhecimento de infância, a criança era

considerada e tratada como miniatura do adulto. A imagem da criança era

29

produzida como se fosse a de pequenos homens, sem fisionomia ou

características infantis (ARIÈS, 1981).

Sob a concepção de Ariès (1981) a infância teve seu marco inicial no

século XII, pela ocorrência de situações relacionadas a essa fase etária, no

decorrer da qual a própria sociedade foi despontando com o desenvolvimento de

conceitos e definições. Os apontamentos de Ariès (1981) salientam que até por

volta desse século, a arte medieval desconhecia ou não representava a infância.

Não existia algo que pudesse representá-la para a sociedade, o que não permitia

a essa fase de idade ser notada em nenhum momento histórico. A criança

passaria a ser notada como alguém que tem direitos e deveres plenos em

relação à vida, à saúde e ao atendimento de suas necessidades bem mais tarde.

Confirma essa dura realidade a seguinte reflexão de Ariès (1981, p.10):

Contudo, um sentimento superficial da criança – a que chamei de ‘paparicação’– era reservado á criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se divertiam com a criança pequena como um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato.

Ainda chamam atenção no século XII, as questões que surgem sobre a

higiene e a saúde da criança, que não eram adequadas ao período e

provocavam alto índice de mortalidade. Conforme constatado por Heywood

(2004) apud Kuhmann Júnior (2005), somente depois do impacto da medicina

moderna, no final do século XIX, é que foi considerado pela sociedade menos

arriscado ter filhos e conseguir criá-los. Outro fato importante para a infância, em

relação às crianças do sexo feminino, do período da Idade Média é que “as

meninas costumavam ser consideradas como o produto de relações sexuais

corrompidas pela enfermidade, libertinagem ou a desobediência a uma

proibição” (HEYWOOD, 2004 apud VIDAL; GOMES; BERBAT, 2014, p.05).

Segundo os estudos de Barbosa; Magalhães (2008) a criança, do período

medieval era reconhecida como alguém que pudesse servir ao adulto, não era

vista como ser que tem necessidades, que precisa brincar, ter educação, saúde

e direitos respeitados e cumpridos. Entretanto, a infância não tinha etapas

referenciadas e realizadas.

Essa visão de Barbosa e Magalhães (2008) registra a infância como algo

natural para aquela sociedade, mas fatores importantes marcaram o início

30

evolutivo dessa fase, partindo da necessidade de cuidados, visto que a

mortalidade era algo descontrolado entre as crianças. Sem ter seus direitos

respeitados, as crianças eram tratadas, se vestiam e tinham um comportamento

de adulto e não possuíam quaisquer características, naquele momento de

sobrevivência, que pudessem diferenciá-las em sua fase infantil.

A contextualização histórica sobre a infância alcança muitas evidências

antes de se aproximar dos verdadeiros eixos e diretrizes sobre as necessidades

e direitos que toda criança necessita e tem ao longo de sua caminhada.

No século XIII, atribuíram-se à criança modos de pensar e sentimentos anteriores à razão e aos bons costumes. Cabia aos adultos desenvolver nelas o caráter e a razão. No lugar de procurar entender e aceitar as diferenças e semelhanças das crianças, a originalidade de seu pensamento, pensava-se nelas como páginas em branco a serem preenchidas, preparadas para a vida adulta (CALDEIRA, 2010, p.3).

A partir do século XV, na arte surgiram os “putti”, quando os artistas

pintaram criancinhas brincando com cavalos de pau, um cata-vento e um

pássaro preso por um cordão. Por volta dos anos 1600 começaram a ser

fabricados brinquedos com o mesmo fim dos dias de hoje, mas com a diferença

de serem usados tanto por meninos quanto por meninas, sem distinção de

gênero, assim como os trajes que eram comuns a todas as crianças. Alguns dos

jogos e brincadeiras desta época inspiraram jogos e esportes da era moderna

(ARIÈS, 1981).

Com a chegada dos séculos XVI, XVII e XVIII novas mudanças foram

sendo formalizadas na sociedade e na formação pedagógica das crianças. Essa

tendência se evoluiu pelas fases da infância e ainda em relação ao

comportamento como ensinar às crianças regras e normas de convivência,

respeitando seus modos e costumes (HEYWOOD, 2004 apud KUHMANN

JUNIOR, 2005).

Segundo Ariès (1981, p.42)

[...] durante o século XVII houve uma evolução: o antigo costume se conservou nas classes sociais mais dependentes, enquanto um novo hábito surgiu entre a burguesia, onde a palavra “infância” se restringiu a seu sentido moderno.

Para esse autor “é entre os moralistas e os educadores do século XVII

que vemos formar-se esse outro sentimento da infância [...] que inspirou toda a

educação até o século XX” (ARIÈS, 1981, p.162).

31

A literatura e estudos de Ariès (1981) o apontam como propulsor histórico

da descrição da infância na Idade Média.

O primeiro sentimento da infância, a paparicação, surgiu no meio familiar, na companhia das crianças pequenas. O segundo, ao contrário, proveio de uma fonte exterior à família: dos eclesiásticos ou dos homens da lei, raros até o século XVI, e de um maior número de moralistas no século XVII (ARIÈS, 1981, p.163).

Com o advento da revolução industrial, durante o século XIX, intensificou-

se um grande problema (já existente, mas tido como natural), a exploração do

trabalho infantil, devido ao fato deste ser mais barato e de se tratar de crianças

oriundas de famílias pobres. Esse descaso em relação à infância é recorrente na

história da humanidade. A situação da criança se altera no decorrer da história,

quando se observa a formulação de leis e outros recursos visando à proteção da

infância com a criação de políticas sociais (BARBOSA; MAGALHÃES, 2008).

A referência sobre o gênero masculino era ainda considerada diferente do

feminino, o homem tinha plenos poderes, respeito e determinava sua

autenticidade, enquanto a mulher não tinha influência social, não era vista como

alguém que acrescentasse algo à sociedade. O mesmo ocorria em relação à

criança do sexo feminino, que não tinha os mesmos direitos das crianças do sexo

oposto, apenas deveres a cumprir, época ainda que os pais “arrumavam

casamento” para suas filhas por meio dos chamados “dotes”, como um laço entre

famílias com poder aquisitivo influente. Essa situação, das diferenças de gênero

em relação aos direitos e deveres infantis, mostra que, tanto mulheres quanto

crianças não tinham direitos nem autonomia, para expressar seus sentimentos

e desejos, apenas deveriam cumprir os deveres e tarefas que lhes eram

impostos (ARIÈS, 1981).

Essa tendência de modificações, com o passar dos séculos foi ganhando

maior relevância e se desenvolvendo pelas ações e olhares da sociedade quanto

às necessidades do pleno crescimento da criança, respeitando seus direitos

como tal e do pensar do homem nas suas diretrizes vivenciadas pela família.

Portanto, na historicidade da infância, depois de um processo conturbado

e não reconhecido na sociedade, a criança passou a ser vista como criança

mesmo, depois de intensos problemas que foram mudando a realidade dessa

etapa e chegou-se à conclusão de sua importância fundamental, com as

32

transformações dos costumes, direitos e necessidades que precisavam de

atenção e cuidados.

3.2 A INFÂNCIA NO ATUAL CENÁRIO SOCIAL: DIREITOS

Atualmente a infância tem sido um dos temas mais debatidos, devido à

inclusão social, escolar e por uma diversidade de problemas que a educação

enfrenta em suas bases e diretrizes políticas e pedagógicas. A criança hoje é

considerada um ser que pensa e tem sentimentos, capaz de construir seu próprio

conhecimento. Ela é vista como possuidora de direitos e necessidades que

devem ser garantidos pelo Estado e pela família.

O percurso histórico da infância contribuiu muito para chegar à sua

finalidade atual, modificou conceitos arcaicos, apontou para problemas reais e

preocupantes em relação à criança e sua formação, tanto em nível pessoal

quanto escolar, e a família é essencial na participação direta e ativa dentro do

cenário educacional com direitos e deveres a serem cumpridos.

Segundo Kramer (2003) os movimentos sociais desempenharam um

importante papel para se chegar ao reconhecimento do direito à educação das

crianças de 0 a 6 anos, e é dever do Estado oferecer creches e pré-escolas para

garantir este direito. Para a autora, instituições de caráter educativo existem no

Brasil há pouco mais de 20 anos e são mais direcionadas às crianças de 4 a 6

anos. Só em 1974 foi criada a Coordenação de Educação Pré-Escolar

(MEC/COEPRE), o que impulsionou debates sobre funções e currículos da pré-

escola (KRAMER, 2003).

De acordo com Nunes, Corsino e Didonet (2011), em 1974 foi criado o

Serviço de Educação Pré-escolar, na Secretaria de Ensino Fundamental,

elevado posteriormente à Coordenação de Educação Pré-escolar (Coepre) e,

mais tarde, renomeada para Coordenação Geral de Educação Pré-escolar

(Coedi), situado na Secretaria de Educação Básica. Entre 1976 e 1988, dois

fatos marcaram a trajetória de construção dos conceitos de complementaridade

do cuidar e educar: as iniciativas de articulação do governo federal voltadas para

crianças de até sete anos, que consistia em reuniões no MEC, de dirigentes da

Coepre, da Coordenação de Saúde Materno-Infantil do Ministério da Saúde e

33

outros órgãos, visando à construção de um entendimento comum sobre o

desenvolvimento integral da criança e a formulação e implantação de seus

planos e projetos.

Segundo o Programa Nacional de Educação Pré-escolar, aprovado pelo

MEC em 1981, para a criança crescer e desenvolver-se harmonicamente, são

necessárias ações integradas dos setores educação, saúde, alimentação e

assistência social, que visem melhor distribuição de renda, participação social e

autopromoção das famílias (NUNES; CORSINO; DIDONET, 2011).

A infância passou por períodos muito conturbados para definir-se como

importante etapa no ciclo natural da vida. Tais questões foram bem definidas na

literatura com os estudos de Ariès, entretanto, ficou evidente que os direitos da

criança precisaram ter acontecimentos marcantes na história para mudar o

cenário infantil como importante para a sociedade. De certa forma, ainda existem

questionamentos quanto à formação da infância na história da humanidade. Fica

claro que a criança é um “ser” especial, que tem ideias, que precisa de cuidados,

que tem direitos, que necessita de formação pedagógica e de acompanhamento

em sua autonomia, tanto da família quanto da escola (BARBOSA; MAGALHÃES,

2008).

No Brasil, em relação à infância, segundo Barbosa e Magalhães (2008),

no ano de 1942 foi criado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), que

abrigava menores infratores, em quem era aplicado regime disciplinar, com

ações consideradas repressivas, o que levou à sua extinção em 1964, devido ao

golpe militar. Em 1970 retornaram os debates quanto à infância, priorizando os

campos político e social e, em 1980, a infância passou a ser debatida no Brasil

com influências de caráter normativo internacional e foram criadas medidas

necessárias às mudanças quanto à criança e as suas necessidades.

No dia 13 de julho de 1990, foi instituído pela Lei 8.069, o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA) que regulamenta os direitos das crianças e dos

adolescentes e dispõe sobre a proteção integral destes, garantindo que possam

se desenvolver física, mental, espiritual e socialmente, em condições de

liberdade e dignidade. É baseado pelas diretrizes da “Constituição Federal de

1988”. Nele foram incluídas normas internacionais como: “Declaração dos

Direitos da Criança”; “Regras Mínimas das Nações Unidas para administração

da Justiça da Infância e da Juventude” e as “Diretrizes das Nações Unidas para

34

Prevenção da Delinquência Juvenil” (BARBOSA; MAGALHÃES, 2008). Segundo

esta mesma Lei os direitos enunciados:

[...] aplicam-se a todas as crianças e adolescentes sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem (Lei 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, Parágrafo único incluído pela Lei nº 13.257, de 2016).

A construção de conhecimento da criança é de grande relevância para

seu desenvolvimento, como descrito no Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil (RCNEI,1998, p.22):

Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina, etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças (RCNEI, 1988, p.22).

Caldeira (2010) descreve a infância como um dos ciclos mais importantes

no desenvolvimento humano, as crianças têm seu próprio jeito de agir e pensar,

são criativas, inteligentes, curiosas quando tem seus desejos instigados, tem

uma cultura diferente do adulto e utilizam expressões e formas de comunicar que

trazem hipóteses para suas respostas.

3.3 A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Durante o estudo Ariès (1981) mostra a relevância do homem e a

insignificância da mulher e das crianças, pois as últimas não tinham direito a,

praticamente, nada. As crianças não brincavam e a partir dos sete anos já eram

tratadas e se vestiam como adultos, participavam da vida social adulta, não

recebiam cuidados especiais, atenção quanto à sua saúde e ao bem-estar. As

condições de higiene eram precárias, o que ocasionava mortes prematuras de

muitas crianças pequenas. As pessoas não valorizavam a vida das crianças, se

uma morresse logo outra ocuparia seu lugar, eram vistas como coisas, com o

propósito de distrair adultos com seus trejeitos e gracinhas.

35

De acordo com Ariès (1981) a preocupação com a educação foi o grande

acontecimento que marcou a mudança de concepção e tratamento das crianças.

A partir do século XV, alguns eclesiásticos e juristas, direcionados mais pelo

moralismo que pelo humanismo, deram início a:

[...] uma verdadeira moralização da sociedade: o aspecto moral da religião, pouco a pouco começou a prevalecer na prática sobre o aspecto sacro ou escatológico. Foi assim que esses campeões de uma ordem moral foram levados a reconhecer a importância da educação. Constatamos sua influência sobre a história da escola livre em colégio vigiado [...]. As ordens religiosas fundadas então, como os jesuítas ou os oratorianos, tornaram-se ordens dedicadas ao ensino, e seu ensino não se dirigia mais aos adultos, como o dos pregadores ou dos mendicantes da Idade Média: era essencialmente reservado às crianças e aos jovens (ARIÈS, 1981, p. 276).

Iniciava-se então, a educação dirigida aos pequenos e aos jovens, com

os objetivos de moralizar a sociedade, de definir o papel da família em relação

às crianças com ensinamentos e direcionamentos quanto ao modo de pensar e

agir. Segundo Ariès (1981, p. 277):

Os pais passaram a ser responsáveis pelo corpo e pela alma de seus filhos. Passou-se a admitir que a criança precisava de um tratamento especial, antes do convívio dos adultos. Novos sentimentos passaram a ser dispensados à criança, entre eles a afetividade, uma nova iconografia do século XVII passou a ser exprimida: o sentimento moderno da família.

Segundo Barbosa e Magalhães (2008), os estudos de Ariès (1978)

contribuíram para o desenvolvimento de políticas públicas que dizem respeito à

infância. A obra do autor revela que, desde o século XII, a sociedade vem criando

conceitos e modelos para a infância, principalmente para parcela da sociedade

mais carente, a fim de diminuir a desigualdade social. Através de projetos sociais

e assistenciais, as crianças são assistidas, mas isso não impede que ainda, em

nossos dias, aconteça o descaso e exploração de mão-de-obra infantil. Para as

autoras acima, a obra de Ariès (1978) revela que muitos dos problemas sociais

então existentes, são os mesmos do século XII, interpretados e analisados de

maneira diferente, buscando-se combater, por políticas públicas o descaso em

relação à infância e oferecer o direito de exercer a cidadania à criança

(BARBOSA; MAGALHÃES, 2008).

De acordo com Andrade (2010), a educação infantil é considerada uma

das modalidades que favorecem o desenvolvimento pleno da criança, com leis

e diretrizes que norteiam sua prática. A autora descreve a escola como

36

socializadora, não apenas por oferecer conhecimentos, mas pelo

desenvolvimento de projetos pedagógicos que possam propiciar a qualidade do

ensino na sala de aula e o exercício de cidadania.

O artigo 29 da Lei 9394/96 define a educação infantil como etapa da

educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança

de até cinco anos, complementando a ação da família e da comunidade. A

proposta desta Lei é que esse nível de educação seja oferecido em creches,

para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas para as de quatro e

cinco anos, sob a responsabilidade dos municípios.

De acordo com Andrade e Sousa (2011), por meio do lúdico se constrói o

desenvolvimento infantil, pois o lúdico oferece oportunidades de movimentos,

raciocínio e interação. A escola deve ser um lugar interessante para os alunos e

o trabalho do professor deve ser planejado, de modo que possa valorizar os

conhecimentos que o aluno traz. Cabe ao professor analisar as dificuldades do

educando e buscar recursos para que ocorra aprendizado. Ao participar de

atividades lúdicas, o aluno adquire conhecimento de forma significativa.

Aos cinco anos, a criança se encontra no processo de construção do

desenvolvimento de sua autonomia e, possivelmente, sua identidade. Quanto

menos o educador interfere nos momentos exploratórios nas brincadeiras e

jogos, mais a criança consegue chegar a novos conhecimentos, com orientação

do professor. Deixar que cada criança se expresse, no seu tempo e ritmo, do seu

jeito, poderá contribuir para o processo de construção do conhecimento. Por

meio de brincadeiras a criança revela conflitos, sentimentos e realidades que

vivencia, em casa e na escola (ANDRADE; SOUSA, 2011).

Segundo Barbosa (1997) e Kishimoto (1996), os jogos, brinquedos e

brincadeiras devem ser utilizados pelo educador, no processo de

desenvolvimento e apropriação de conhecimentos da criança, sendo

indispensáveis para a prática pedagógica e propostas curriculares.

De acordo com Barbosa (1997, p.399)

A educação infantil é um espaço privilegiado para falar dessa temática; afinal, dentro do sistema de ensino, a educação infantil, ou a pré-escola como também é chamada por alguns autores, é um dos poucos lugares onde o lúdico ainda é visto como apropriado, ou mesmo “inerente” ou “natural”.

37

Para Bardy et al. (2013), os Objetos de Aprendizagem (OA) são

ferramentas de apoio eficientes no processo de construção da aprendizagem.

São recursos tecnológicos que possibilitam aprendizado prazeroso, valorizando

o potencial dos alunos, e requerem do educador novas estratégias e constante

reflexão sobre sua ação. A escolha dos Objetos de Aprendizagem caberá à

escola e a proposta filosófica e pedagógica definidas.

Borba (2007) aponta o brincar como essencial para o desenvolvimento da

criança, e salienta novas possibilidades na aprendizagem com a motivação e o

prazer em foco na sala de aula, entretanto, o brincar não pode ser aleatório, pois

muitos professores deixam as crianças soltas e elas nem sabem por que

brincam, qual o real objetivo e sua finalidade, fator este que tem sido debatido

no ambiente educacional. A escola e sua proposta filosófica devem preparar o

espaço escolar para que o brincar não seja aleatório e mecanizado, mas sim,

planejado e dinâmico, com propostas e finalidades bem claras, para que a

criança tenha aprendizagem significativa para a vida, valorizando também os

conhecimentos vivenciados pela criança na sua vida familiar.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), que conduz a

educação escolar com normas e preceitos, propõe que a educação deve se

desenvolver, predominantemente, em instituições próprias e estar vinculada ao

mundo do trabalho e à prática social. O ensino deverá ser oferecido com

igualdade de condições para todos, respeito às diferenças e apreço à tolerância

e à diversidade étnico-racial, podendo ser oferecido também por instituições

privadas de ensino. É obrigatório dos quatro (4) aos dezessete (17) anos de

idade e gratuito em instituições públicas.

Caldeira (2010) apresenta os conceitos de infância, desde a época em

que a criança era considerada pela sociedade um sujeito sem direitos, apenas

com deveres. Com o passar dos séculos, novas tendências foram surgindo, por

causa das próprias políticas e a infância passou a ser tratada com relevância,

com direito à educação, proteção e tratamentos diferenciados que lhe garantem

o desenvolvimento físico, intelectual e emocional.

Segundo Cordazzo e Vieira (2007, p. 92), “a brincadeira é vista na

literatura como um recurso que pode estimular o desenvolvimento infantil e

proporcionar meios facilitadores para a aprendizagem escolar”. Para os autores,

utilizar a brincadeira como recurso na aprendizagem é aproveitar uma motivação

38

natural da criança, que facilita sua aprendizagem, por ser uma forma prazerosa

de se aprender. A aprendizagem é individual, quando a criança chega à escola

precisa ser motivada e a brincadeira, em casos de dificuldades de

aprendizagens, pode ser importante instrumento para a intervenção em relação

a essa problemática.

Partindo desse pressuposto, a Educação Infantil começa a ser

despontada como primordial para a sociedade, desde a primeira infância de 0 a

6 anos. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, fundamenta-

se nos cuidados que devem ser prioridades para a criança em seu

desenvolvimento, que passa a ocupar um lugar na sociedade como

responsabilidade de todos.

Em seu artigo 1º essa mesma Lei diz que:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996, p.1).

A educação deve ocorrer não somente no âmbito escolar, mas também

no familiar e social. Desde que nasce a criança já começa a aprender, ao receber

carinho de sua mãe, ao ser alimentada, ao brincar com o próprio corpo e com as

coisas e pessoas que a cercam, desenvolve habilidades e adquire

conhecimentos sobre o mundo.

A LDB (1996) vem também estabelecer, em seu artigo 2º, a educação

como dever da família e do estado; e deve ter por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho. O artigo 4º desta Lei situa a educação básica como

“obrigatória e gratuita quatro (4) aos dezessete (17) anos de idade, organizada

da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental e c) ensino médio”

(BRASIL, 1996, p. 1).

O artigo 11, em seu inciso V, diz que é incumbência do município:

Oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. (BRASIL, 1996, p. 5).

39

Segundo o artigo 29, da LDB (1996), a educação infantil deverá favorecer

o desenvolvimento das crianças, como complemento, não em substituição à

educação da família.

Art.29- A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996, p. 12).

Portanto, falar na infância é analisar sua situação atual como uma

conquista para os campos político, social e educacional. Por meio dessas

mudanças a educação teve seu cenário também transformado nas propostas

pedagógicas direcionadas à Educação Infantil, como prioridade da etapa

escolar.

Levando-se em consideração a historicidade da infância, percebe-se a

sua evolução nos séculos, já formalizada por regras que chegaram até as

diretrizes e políticas educacionais, como também no campo político e social,

visando qualidade e melhorias contínuas. Desta forma, analisar um pouco da

historicidade da infância pode ajudar a entender porque a ação pedagógica

específica é essencial ao desenvolvimento pleno da criança em sua jornada

escolar.

40

4 ESTUDOS RECENTES SOBRE A UTILIZAÇÃO DA BRINCADEIRA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Essa seção é um levantamento de artigos publicados nos últimos cinco

anos que desenvolveram estudos correlatos ao tema tratado nesta pesquisa.

Estão relacionados alguns artigos que tratam da importância do brincar no

desenvolvimento integral da criança.

O primeiro estudo é o de Cruz, Guiçardi e Fantacini (2007) que afirmam

existir atos fundamentais e indispensáveis na prática pedagógica que respeitam

os direitos das crianças. Em seu estudo abordam o cuidar, o brincar e o educar

como ações indissociáveis que precisam ser praticadas diariamente na vida das

crianças. O objetivo do estudo foi entender que as crianças querem aprender,

descobrir o mundo que as cerca. Por meio de pesquisa bibliográfica buscaram

refletir sobre as três ações de cuidar, brincar e educar, indissociáveis e o quanto

é importante trabalhar e estimular isso nas crianças, visando à aprendizagem e

o desenvolvimento integral.

Foi discutida a prática pedagógica do professor de educação infantil, o

conjunto de cuidar e educar e a importância de brincar. De acordo com as

autoras o professor precisa entender é preciso brincar com seus alunos, é

preciso que haja momentos de interação, de descoberta e aprendizagem para a

criança. Faz-se necessário compreender a importância dessa fase na vida da

criança e que todo o trabalho tenha o objetivo de formação social e integral da

criança.

Navarro e Prodócimo (2012) propõem uma reflexão sobre a mediação do

professor na ação de brincar na escola. Realizaram uma pesquisa qualitativa, de

caráter descritivo. Observaram que este fator depende da importância que é

dada à brincadeira pela escola, providenciando materiais, espaços e divisão de

tempo. Como resultados afirmam que um contexto bem organizado pela

professora, como a preparação do ambiente, a colocação de brinquedos e

móveis na sala ou no parque, pode contribuir bastante no desenvolvimento das

crianças. E ainda que a partir de sugestões da professora as próprias crianças

podem desenvolver novas aprendizagens que seriam bem mais significativas e

duradouras em suas vidas. Elas finalizam sugerindo uma reflexão sobre os

cursos de formação de professores e o papel do professor da educação infantil

41

e ainda sobre a presença (ou ausência) do professor de educação física na

educação infantil.

Peranzoni, Zanetti e Neubauer (2013) tiveram por objetivo apresentar

algumas definições sobre os jogos, brinquedos e brincadeiras a fim de confirmar

que a ludicidade é um fator indispensável no desenvolvimento da criança e deve

ser agregada às práticas pedagógicas. Realizaram pesquisa bibliográfica.

Afirmam que é através dos jogos que as crianças se comunicam e interagem

com o meio onde vivem e se expressam. Brincando, a criança se exercita,

desenvolve o pensamento, a socialização e a estabilidade emocional. O jogo, o

brinquedo e a brincadeira são elementos que desenvolvem a coordenação

motora, o raciocínio, as relações sociais e fortalecem laços coletivos. Assim, o

jogo representa um fator relevante no desenvolvimento da criança.

Os estudos desses autores mostram que o educador precisa valorizar as

atividades desenvolvidas pelas crianças, elogiando-as sempre e ainda que, por

meio dos jogos e brincadeiras a escola passa a ser um ambiente agradável e

prazeroso, o que contribui para o sucesso do aluno na aprendizagem. Ao

educador cabe fomentar e diversificar as brincadeiras, de acordo com o interesse

e as necessidades dos alunos.

Lira e Rubio (2014, p.1) tiveram por objetivo “estabelecer as relações da

criança com o brincar; verificar os fatores que através do ato de brincar levam ao

desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança; mostrar que a brincadeira

na Educação Infantil é um estímulo e desenvolve aspectos cognitivos, afetivos e

sociais”. Para tanto, por meio de uma revisão bibliográfica, as autoras

selecionaram as principais contribuições do brincar para o desenvolvimento

infantil. Apontam que há relações significativas entre a criança e o brincar, pois

é por meio da brincadeira que ocorre o desenvolvimento social, cognitivo e

afetivo da criança, visto que, enquanto forma de cultura e atividade biológica

essencial e espontânea da criança, o brincar agrega e transmite valores e

sabedoria de geração a geração.

As autoras constataram que os jogos e brincadeiras são importantes

instrumentos mediadores no processo didático-pedagógico e estimulam a

relação da criança consigo mesma e com o mundo. Nesse cenário o educador

ocupa um papel importante, pois, na escola devem ser criados espaços e tempos

42

para que haja o incentivo às brincadeiras e jogos que podem permitir a promoção

e o desenvolvimento da criança.

Teixeira e Volpini (2014) objetivaram investigar a importância do brincar

na educação infantil, mostrando que o lúdico é de fundamental importância no

processo ensino e aprendizagem. Para esses autores, o brincar é essencial para

o desenvolvimento integral da criança, desenvolvendo suas habilidades

psicomotoras, sociais, físicas cognitivas e afetivas. É através do brincar que a

criança constrói pensamentos e sua própria visão em relação ao mundo e

aprende a viver sua realidade. Por meio de uma pesquisa bibliográfica,

trouxeram discussões teóricas sobre o tema a fim de comprovarem sua

importância na aprendizagem significativa da criança.

Como resultados apontaram que na educação infantil ocorre o

desenvolvimento integral das crianças e nesse período devem ser incluídas

atividades lúdicas que promovam a construção do conhecimento pela criança. E

para que ocorra o brincar a presença do professor é fundamental, favorecendo

a interação em ambientes que possuam materiais adequados e estimulem a

competitividade e as atitudes cooperativas, desenvolvendo na criança a vontade

de brincar o que pode facilitar a aprendizagem.

O estudo de Araújo (2016) teve por objetivo contribuir com a discussão

sobre o papel da educação infantil na alfabetização e no letramento, ressaltando

a importância de situações significativas de leitura e escrita que garantam a

participação de crianças pequenas em práticas sócio discursivas que assegurem

seu modo próprio de aprender e envolvam interações e o brincar como princípios

do trabalho pedagógico. Através de uma revisão bibliográfica procurou-se

reconhecer o papel da educação infantil no letramento de crianças pequenas e

enfatizar as práticas de leitura e escrita como interlocução. Como resultados

apresentam que as brincadeiras com os textos da tradição oral, presentes na

escola como cultura lúdica, desenvolvem também as sonoridades da língua e

seus ajustes em relação à escrita, favorecendo assim, o processo de apropriação

da notação alfabética.

De acordo com Teixeira (2016) a brincadeira sempre esteve presente na

vida da criança. É através do brincar que a criança desenvolve sua criatividade,

sua imaginação e socialização e este ato é considerado por muitos estudiosos

imprescindível ao ser. O objetivo de seu estudo é analisar a importância da

43

brincadeira para o desenvolvimento intelectual da criança, entendendo-se que o

brincar é essencial para a transformação e construção de novos conhecimentos.

A criança quando brinca cria situações concretas e consolida ações e atitudes

que influenciarão toda a sua vida. A metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliográfica sobre Vygotsky e outros estudiosos. Segundo a autora as escolas

devem estar preparadas tanto fisicamente quanto pedagogicamente para

proporcionar às crianças momentos de brincadeiras, estimulando assim

habilidades e competências importantes para seus alunos conseguirem construir

sua própria identidade.

O objetivo do trabalho de Valério (2016) é mostrar a importância do brincar

no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Foi feito um

levantamento bibliográfico a fim de confirmar a importância do brincar na fase

infantil. Afirmam que crianças têm cada vez menos tempo para brincar, têm

muitos compromissos e deveres escolares que são considerados mais

importantes do que o brincar. E, relação aos pais, estes não entendem que as

brincadeiras contribuem para o desenvolvimento de muitas habilidades em seus

filhos que os ajudarão em todas as áreas da vida, inclusive no aprendizado

escolar. A brincadeira oportuniza a criança simular situações e conflitos de sua

vida familiar e social, expressar suas emoções. Outro aspecto importante do

brincar é o desenvolvimento do raciocínio, da atenção, da imaginação. A

brincadeira contribui também para a socialização e autoestima. É através do

brincar que as crianças expressam seus sentimentos e aprendem a refletir sobre

a realidade e a cultura em que estão inseridas, conhecendo o mundo e a si

mesmas.

O estudo conclui que os benefícios do brincar são inesgotáveis, tanto na

escola quanto em casa, onde os pais devem criar um momento destinado para

este fim e, se possível, participar das brincadeiras com seus filhos, o que estreita

os laços afetivos e aumenta o interesse e a motivação das crianças.

Os estudos de Bento (2017) apresentam uma investigação sobre os riscos

e os benefícios de brincar. Segundo a autora o brincar pode ser arriscado, mas

contribui para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O objetivo do

estudo é explorar as percepções de um grupo de educadoras infantis

portuguesas, tendo em vista que essas profissionais exercem grande influência

44

nos tipos de experiências oferecidas às crianças. A metodologia utilizada foi a

de entrevistas semiestruturadas realizadas com 13 educadoras.

As conclusões a que se chegaram os estudos foi que entre as

participantes, o risco do brincar arriscado não é assumido e as educadoras

reconheceram que contribuem para o desenvolvimento infantil. Cientes dos

possíveis ganhos por meio das experiências de risco, estes não são

considerados argumentos suficientes para interferir nas atitudes de aceitação e

promoção destas práticas por estas profissionais. Nesse processo, reconhecer

o papel do educador, orientando e acompanhando as crianças em determinadas

experiências as pesquisadas assumem como algo importante para o

desenvolvimento de práticas pedagógicas de qualidade.

De acordo com os autores pesquisados, o brincar está diretamente

relacionado com o cuidar e o educar, não se devem separar estas três ações,

que são indispensáveis para que ocorra o desenvolvimento integral da criança.

A ludicidade é importante para a criança e deve ser explorada através de jogos,

brinquedos e brincadeiras que desenvolvam a coordenação motora, a

socialização, o emocional, a afetividade, o raciocínio, a imaginação, entre outros

aspectos que influenciarão toda a vida da criança. Porém, alguns artigos também

falam que a criança tem tido cada vez menos tempo para brincar, devido ao

excesso de compromissos e tarefas escolares. Há educadores que manifestam

preferência para atividades sem risco, por receio de que algumas brincadeiras

possam causar danos físicos aos alunos, e, por isso, evitam brincadeiras livres

que podem contribuir para o desenvolvimento físico e emocional.

O estudo desta dissertação tem a finalidade de agregar conhecimento e

aprofundamentos para educadores que atuam na educação infantil, no sentido

de apontar aspectos que indicam a importância do brincar para a criança. A

proposta foi a de afastar ideias pré-concebidas de que brincar é perder tempo e

mostrar que é preciso ter aulas com brincadeiras.

A seção a seguir trata da Metodologia utilizada por este estudo, a

Observação Participante, que permitiu o contato direto entre a pesquisadora e

os pesquisados. O método foi escolhido, após percepção de que este seria

importante para levantamento de informações consistentes durante o caminho a

ser percorrido.

45

5 METODOLOGIA

Esta investigação se caracteriza com a Metodologia Observação

Participante. Esta metodologia foi escolhida para a realização deste trabalho por

permitir o contato direto com os participantes observados. A Pesquisa

Participante, segundo Severino (2007, p.120) “é aquela em que o pesquisador,

para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos

participantes pesquisados, participando de forma sistemática e permanente, ao

longo do tempo da pesquisa das suas atividades”.

O pesquisador se coloca na mesma posição dos pesquisados, para

interagir com eles em todas as situações, acompanhando suas manifestações

nos diferentes momentos vividos por eles, registrando descritivamente os

elementos observados, as análises e considerações sobre as dúvidas e

questões que surgem ao longo da pesquisa (SEVERINO, 2007).

Observação é uma técnica de pesquisa, ou, “todo procedimento que

permite acesso aos fenômenos estudados. É etapa imprescindível em qualquer

tipo ou modalidade de pesquisa” (SEVERINO, 2007, p.124). A Observação

Participante “consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou

grupo” (MARCONI; LAKATOS, 2002, p.90). Nela, o pesquisador fica tão próximo

do grupo estudado que se sente um membro deste.

Segundo Marconi e Lakatos (2002), na observação participante, o

observador se coloca do mesmo lado do observado para poder ter o mesmo

ponto de vista, a mesma referência, ele tenta se colocar na mesma situação do

observado. Por vezes, pode haver dificuldades para manter o foco, por causa de

antipatias ou simpatias pessoais.

Para Marconi e Lakatos (2002), o primeiro objetivo seria a compreensão

do grupo, da importância e da seriedade do estudo, de seu objetivo, de sua

missão, mas, nem sempre isso acontece. Geralmente, são apontadas duas

formas de observação participante: Natural – o observador pertence ao grupo a

que pesquisa. Artificial – o observador integra-se a um grupo com a finalidade

de observação. No estudo em questão foram utilizadas as duas formas.

46

5.1 LOCAL DA PESQUISA E PARTICIPANTES

Este estudo envolveu duas Instituições de Educação Infantil, de duas

cidades localizadas no sul de Minas Gerais, e os participantes da pesquisa foram

crianças de 4 e 5 anos, do pré-escolar e suas respectivas professoras. Foram

observadas aproximadamente 80 (oitenta) crianças e 4 (quatro) professoras em

cada cidade.

5.2 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Para desenvolver o trabalho do Mestrado em Educação da Universidade

do Vale do Sapucaí, a partir do primeiro semestre de 2016, foi escolhida a

utilização da metodologia Observação Participante, que permite o levantamento

de dados e informações necessárias sobre o desenvolvimento do lúdico na pré-

escola.

Para chegar a essa proposta de trabalho, foi observada, inicialmente,

ainda sem método, a realidade de uma escola de educação infantil. Nela, por

vezes, ficou evidente que as crianças poderiam aprender brincando mais, no

entanto, passam a maior parte do tempo na escola usando apostilas, lápis,

borracha, objetos tradicionais no apoio à aprendizagem e realizam atividades

que, para algumas dessas crianças são cansativas e desgastantes. Uma parte

das tarefas de casa também exige habilidades que nem todos os alunos

dominam e precisariam da ajuda de adultos para realizá-las.

Após a entrega da carta de apresentação da pesquisadora e a obtenção

das permissões das direções e das secretarias de educação das duas escolas

envolvidas, foi preenchido o cadastramento do trabalho no Comitê de Ética, da

Universidade do Vale do Sapucaí.

Com a aprovação do Comitê de Ética foi iniciada a Pesquisa de Campo.

A Observação Participante nas escolas seguiu alguns critérios na tentativa de

responder inicialmente às seguintes questões:

O que observar?; Quem observar?; Por que observar?; Como observar?;

Onde observar?; Quando observar?

47

No primeiro item pretendia-se observar se as professoras das instituições

pesquisadas utilizavam o lúdico como ferramenta educativa. No segundo, os

participantes envolvidos e suas participações com o lúdico. Na terceira questão

pretendíamos obter a explicação da importância desse estudo e de seus

resultados. A quarta questão se refere à forma de observação metodológica após

aplicação da proposta. A quinta pergunta permitiu explicar como é o local

observado, suas características e rotinas relacionadas ao lúdico. A última

questão permitiu apresentar como foi aplicada a metodologia e os momentos em

que se concretizou a busca de informações e dados para este estudo.

5.2.1 Instrumento da Pesquisa

Como se tratou de uma pesquisa de Observação Participante, o material

proposto para metodologia foi elaborado após o levantamento de seis categorias

de análise: a) O uso do lúdico pelas docentes; b) Os participantes envolvidos

com o lúdico; c) Motivos que levaram à observação; d) Definição do caminho a

ser percorrido durante a observação; e) Instituições observadas; f) Momentos e

duração das observações. Após o levantamento das categorias, foram

levantadas as questões que deveriam ser respondidas nas salas de aulas, local

das observações. Para tanto, foram consideradas doze questões relacionadas

abaixo.

1- A professora faz uso de brinquedos e brincadeiras para ensinar? Como e

de que maneira?

2- A professora desenvolve formas didáticas diferenciadas com a utilização

do lúdico? De que forma?

3- As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento lógico? Descreva de que forma isso ocorre.

4- As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento motor? Explique.

5- As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento físico? Descreva.

6- As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento afetivo? Como contribuem?

48

7- A professora demonstra afetividade para com os alunos? Como?

8- Os alunos demonstram interesse por atividades que envolvem o lúdico?

Por meio de quais manifestações?

9- Em momentos em que a professora não utiliza o lúdico os alunos

demonstram mais ou menos interesse pelas aulas?

10- Por quais atividades os alunos se sentem mais motivados durante as

aulas? Descreva.

11- Quanto tempo da aula a professora realiza atividades que utilizam o

lúdico?

12- Com quais atividades lúdicas as professoras trabalham?

5.3 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS

Esta parte do trabalho refere-se às análises das observações ocorridas,

durante o período letivo das instituições de ensino infantil, locais frequentados

pela pesquisadora deste estudo, por aproximadamente três meses. Na escola

A foram feitas quatorze observações e na escola B oito, devido à maior

disponibilidade da pesquisadora em relação à escola A. No total, foram

realizadas vinte e duas observações. As observações foram desenvolvidas em

quatro salas, duas com alunos de quatro anos e duas com alunos de cinco. Em

cada dia de observação ocorreu uma alternância das turmas observadas.

Conforme Severino (2007), durante a Observação Participante o

pesquisador deve se colocar na mesma posição dos pesquisados, para interagir

com eles em todas as situações, acompanhando suas manifestações nos

diferentes momentos vividos por eles, registrando descritivamente os elementos

observados, conduta adotada durante as investigações deste estudo. Durante

as observações nas escolas, a pesquisadora se aproximou do objeto de estudo

para conhecê-lo profundamente, dialogar com os participantes e verificar o

comportamento de alunos e professores em situações de vivência lúdica.

A Observação Participante segundo Marconi e Lakatos (2002) é aquela

que permite ao pesquisador se aproximar da realidade estudada. Em alguns

momentos o método permite ao investigador se sentir um membro participante

do processo estudado.

49

6 ANÁLISES E RESULTADOS

Conforme já referido este estudo utiliza o método Pesquisa Participante.

A Pesquisa Participante “caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e

membros das situações investigadas” (GIL, 2002, p.56).

Na sequência serão apresentadas as descrições relativas às observações

realizadas nas escolas. Os dados coletados nessas observações serão

analisados à luz da teoria que fundamenta este estudo.

Quadro 1- Respostas à Questão 1: A professora faz uso de brinquedos e brincadeiras para

ensinar? Como e de que maneira?

Escola A

1- Sim, com músicas acompanhadas de gestos que lembram os dias da semana, o dia em que a aula acontece, os números até 10, as formas de cumprimentar as pessoas (Bom dia! Boa tarde!). Utilização de jogos de montar, DVDs, massinhas.

2- Sim. Através de cantos e brincadeiras com o corpo, cantigas de roda e folclóricas, músicas que ensinam cores, números, sequências.

3- Sim. Ela inicia a aula com cantos e brincadeiras que gesticulam, abaixam, levantam, pulam, desenvolvendo a socialização, a coordenação motora e a cooperação entre os alunos.

4- Sim. Ela canta para ensinar os números, as cores, o alfabeto, leva as crianças para brincarem no pátio de amarelinha e galinha do vizinho.

5- Sim. Cantos, com gestos, de cumprimentos, os dias da semana, os números, cores e conceitos, desenhos no chão com giz branco, etc.

6- Sim. No início da aula, músicas que trabalham cores, números, dias da semana, nomes de animais e os sons que produzem, etc.

7- Sim. Músicas, jogos de encaixe, massinha, desenhos, coloridos, etc.

8- Sim. Histórias, parlendas, jogos de montar, músicas, desenhos, massinha, recortes, colagem.

9- Sim. Histórias, músicas, materiais concretos, brinquedos de montar, etc.

10- Às vezes. Músicas no início da aula e jogos de montar.

11- Sim. Ela colocou o DVD da Xuxa e as crianças cantaram, contaram, dançaram, elas repetem junto com o DVD todas as falas e músicas.

12- Sim. Massinha de modelar para os alunos formarem as letrinhas que já conhecem, músicas, histórias, etc.

13- Sim. Músicas, acompanhadas de gestos, dias da semana, dos números, do alfabeto, esquema corporal.

14- Sim. Massinha de modelar e palitos de picolé para os alunos fazerem bichinhos, letrinhas, músicas, desenhos, histórias.

Escola B

1- Sim. No início da aula eles cantam algumas músicas. Neste dia, a professora confeccionou, junto com os alunos, bonecos de meia fina cheios de areia e alpiste, cada um fez os olhos, o nariz e a boca do seu boneco e colaram. Ficaram lindos.

2- Sim. Os alunos têm aula de música uma vez por semana, em que aprendem a imitar os animais, ritmos, batem palmas, estralam os dedos, trabalhando a coordenação motora.

3- Sim. Alfabeto móvel, músicas, quebra-cabeças, histórias, desenhos coloridos.

4- Sim. Músicas, palitos de picolé coloridos, desenhos para colorirem e treinarem seus nomes, etc.

5- Sim. Brincadeiras de roda, forca, músicas, etc.

50

6- Sim. Ela coloca DVDs de clássicos da literatura (A bela e a fera) para os alunos assistirem, depois registrarem através de desenhos as partes que mais gostaram.

7- Sim. Aula de música. Com o auxílio do Livro Didático ela explorou o tema: Animais de estimação.

8- Sim. DVDs de clássicos infantis (A dama e o vagabundo) para as crianças assistirem e desenharem as partes que mais gostaram.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

É possível perceber que em todas as aulas, das escolas A e B, acontecem

atividades lúdicas que envolvem principalmente músicas com expressão

corporal, gestual, como meio de ensinar dias da semana, alfabeto, cores e

números. Segundo Moraes (2014, p. 15) “Piaget é um dos primeiros a conciliar

o uso dos brinquedos no desenvolvimento infantil. Para o autor, brinquedo é

sinônimo de infância e a criança encara-o como sua elementar ferramenta de

trabalho”.

Além dessas atividades, devem-se destacar algumas outras como: a

confecção de bonecos contendo areia e alpiste, que teria, neste caso, a

finalidade de ensinar a germinação de plantinhas para os pequenos alunos.

Outra brincadeira é o ensino por meio do uso didático de DVDs, contendo

histórias clássicas da literatura infantil e, em seguida, desenvolvimento de

desenhos feitos pelos alunos sobre a história. Dessa forma, foi possível verificar,

após observações que tanto a escola A quanto a escola B desenvolvem

atividades lúdicas durante determinado período do tempo de cada aula.

Após levantamento de palavras chave nos quadros de observação, pode-

se perceber que a escola A trabalha principalmente com a música (cuja palavra

aparece 14 vezes) com objetivo de ensinar: dias da semana (expressão que

aparece na observação três vezes), cores (quatro vezes), números (seis vezes),

letras do alfabeto (três vezes) e gesto (sete vezes). Por meio das músicas as

crianças aprendem de forma lúdica a distinguir cores, números, letras e dias da

semana, além movimentar o corpo e assim adquirir habilidades motoras.

Diferente da escola A, por meio da música a escola B irá desenvolver

apenas gestos (que aparece quatro vezes na observação). Percebeu-se que a

escola B, em oito dias de observação, em três diferentes meses, não chegou a

trabalhar com dias da semana ou números. As atividades que mais aparecem

da observação feita na escola B são: música (seis vezes), gestos, desenhos e

letras (quatro vezes cada), histórias e cores (três vezes).

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A palavra brincadeira aparece quatro vezes nas 14 observações da escola

A e duas vezes nas oito observações da escola B. Na observação da escola B

foi possível verificar que a palavra música é também a que mais se destaca

(citada seis vezes).

Quadro 2- Respostas à Questão 2: A professora desenvolve formas didáticas diferenciadas

com a utilização do lúdico? De que forma?

Escola A 1- Sim. A sala é toda decorada com cores, formas geométricas, números alfabeto,

nomes das crianças na chamadinha e outros estímulos visuais que são trabalhados diariamente com as crianças.

2- Sim A partir da leitura feita pela professora de um texto, as crianças criaram figuras usando formas geométricas. Colando estas formas em lugares pré-determinados, elas formaram a figura de uma jangada.

3- Sim. Ela conversa bastante com seus alunos, repete junto com eles, os números, o alfabeto, os deixa manipular fichas com números e cores diferentes. Depois do recreio ela os levou para o pátio para brincarem de “amarelinha”

4- Sim. Através de brincadeiras como a galinha do vizinho, ela trabalha com os alunos os números e sua sequência correta.

5- Sim. Ela conta histórias e leva as crianças para o pátio onde brincam de “galinha do vizinho”, “coelhinho sai da toca”, e cantigas de roda.

6- Sim. Ela trabalha bastante com recortes, colagens e coloridos feitos pelas crianças, expõe os trabalhinhos na parede da sala.

7- Sim. Ela conta histórias, canta músicas das vogais e alfabeto, recorda os números, as cores e as formas geométricas todos os dias.

8- Sim. Ela utiliza músicas, quebra-cabeças, livros infantis, a brinquedoteca, etc.

9- Sim. Ela leva os alunos a pensarem, pegarem os materiais, usarem os sentidos. Ela trabalha também a oralidade.

10- Sim. Músicas no início da aula.

11- Sim. Através do DVD trazido pela professora, os alunos aprendem conceitos, contagem, letras, noções de espaço, expressão corporal e outras habilidades.

12- Sim. A professora distribuiu papel verde para as crianças recortarem e colarem em uma árvore de natal, depois pediu que os alunos que quisessem contar uma história sobre o natal irem à frente da sala para contarem.

13- Sim. Ela contou a história da Branca de Neve, depois trabalhou as cores primárias (da roupa da Branca de Neve) e os números até o 7.

14- Sim. Ela canta, dança, bate palmas, desenvolvendo assim a oralidade das crianças, o esquema corporal.

Escola B 1- Sim. Seguindo as orientações do Livro Didático, ela produziu, junto e auxiliando os

alunos, bonecos com materiais trazidos de casa por eles.

2- Sim. Nas aulas de músicas são trabalhadas várias habilidades dos alunos como: entonação, concentração, ritmo, coordenação motora, etc.

3- Sim. Ela leva os alunos para o pátio e brinca com eles de cantigas de roda, peteca, de dançar,etc.

4- Sim. Para as aulas de música, os alunos levam objetos que produzem sons de casa (tampinhas de garrafa, latas de refrigerante, potes de plástico) para construírem instrumentos simples como chocalho e tambor, para acompanhar os ritmos das músicas.

5- Sim. Com o jogo da forca ela trabalha as letras do alfabeto e escrita de palavras simples, número de letras, número de vogais, de consoantes, etc.

6- Sim. Os alunos gostam muito de assistir DVD, prestam bastante atenção, desenham com capricho, recontam a história com as suas palavras.

52

7- Sim. O tema da aula era animais de estimação e a professora pediu que os alunos desenhassem na apostila o animal que mais gostavam e depois colorissem.

8- Sim. Ela colocou para os alunos assistirem o filme “Deu a louca na Branca de Neve”, depois, escreveu o nome do filme no quadro para copiarem e desenharem a cena que mais gostaram.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

De acordo com as observações realizadas, é possível se considerar que

nas duas escolas, as professoras fazem uso de diferentes recursos didáticos

para desenvolver as habilidades das crianças.

Na escola A percebeu-se que as professoras observadas utilizam mais

recursos didáticos do que na escola B. Na escola A os recursos didáticos mais

utilizados nos dias de observação foram: estímulos visuais como cores, formas

geométricas, números, alfabeto, nomes dos alunos e identificação de figuras

cujo propósito é o desenvolvimento do sentido visual da criança, por meio da

associação e reconhecimento. Também foi observada a leitura de textos que

possibilita a habilidade de concentração, a atenção, o desenvolvimento de

oralidade e de vocabulário. A professora trabalha com meios de transporte que

seria importante para identificação do tipo e reconhecimento do mesmo, mas o

transporte utilizado pela docente, na data de observação, era a jangada, um

pouco distante da realidade de alunos da região Sul de Minas.

Foi observado ainda manipulação de fichas com alfabetos, números e

cores (para aprendizagem e reconhecimento dos mesmos). Desenvolvimento de

jogos (coordenação motora grossa), Contação de histórias (desenvolvimento

cognitivo, imaginação e criatividade), utilização de músicas e brincadeiras

folclóricas (desenvolvimento cultural), uso de recortes e colagens (coordenação

motora fina), exposição de trabalhos na sala (socialização), uso de cantos sobre

alfabeto e vogais (oralidade, pronúncia), repetição de atividades como

reconhecimento dos numerais e quebra-cabeças, para o desenvolvimento de

raciocínio lógico, uso da brinquedoteca e literatura infantil (aprendizagens

diversas), uso de materiais para desenvolver os sentidos, noções de espaço

(lateralidade), expressão corporal (desenvolvimento motor).

Nas observações das aulas da escola B foram registrados os recursos

didáticos a seguir: produção de brinquedos com reciclagem (coordenação

motora fina), brincadeiras no pátio que envolvem música, jogos e dança

(desenvolvimento cultural e motor), produzem objetos que trabalham diferentes

53

tipos de sons, para desenvolvimento de ritmos e músicas (percepção auditiva,

desenvolvimento cultural). E ainda, trabalham letras do alfabeto e escrita,

números de vogais e consoantes (desenvolvimento da oralidade e da escrita).

Recontam histórias, desenvolvem desenhos de animais e outros desenhos sobre

filmes assistidos por meio de DVDs (interpretação, sequência lógica, associação

de ideias, criatividade, imaginação e coordenação motora fina).

Segundo os estudos de Teixeira e Volpini (2014) durante a infância, a

criança é única, singular, aprende a brincar e, ao brincar, pensa, analisa, constrói

conceitos e ideias, interage com o mundo em que está inserida. Cabe ao

professor de educação infantil promover momentos de interação, planejando e

organizando ambientes que favoreçam a brincadeira, estimulando a cooperação,

a colaboração e o desenvolvimento global da criança.

Quadro 3- Respostas à Questão 3: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento lógico? Descreva de que forma isso ocorre.

Escola A 1- Sim. As atividades propostas pela professora e desenvolvidas pelos alunos

trabalham a percepção visual, coordenação motora, habilidades de recortar, rasgar, colar, etc.

2- Sim. Através da atividade de colagem, a professora desenvolve conceitos como cores, formas, quantidades e a criatividade das crianças.

3- Sim. Para brincarem de amarelinha e galinha do vizinho eles precisam mentalizar os números, como fazê-los, sequência numérica.

4- Sim. Através das brincadeiras eles aprendem a sequência numérica, o alfabeto e conceitos matemáticos.

5- Sim. Ao ouvir histórias, eles desenvolvem a imaginação, e depois, a coordenação motora para desenharem as partes que mais gostaram da história.

6- Sim. Ela lê com os alunos o alfabeto, conta os meninos, as meninas, o total de alunos e treina a escrita da fichinha do dia, que os alunos copiam e ilustram.

7- Sim. Através da repetição diária das letras, números, cores, formas, os alunos mentalizam estas informações.

8- Sim. Eles aprendem pela assimilação dos conteúdos repetidos todos os dias: letra do nome, dia da semana, números, alfabeto.

9- Sim. A professora explora bastante a oralidade dos alunos e faz perguntas: qual é a letra, qual é o número, ordem alfabética, formas geométricas.

10- Sim. Eles mentalizam letras e números, os dias da semana, cores, formas.

11- Sim. Ao assistirem ao DVD, os alunos prestam bastante atenção para poderem fazer igual, cantam, dançam, contam, etc.

12- Sim. Os alunos, depois de enfeitarem a árvore de natal, criaram uma história coletiva, que foi escrita pela professora no quadro e depois lida.

13- Sim. Através das atividades sobre a história da Branca de Neve, os alunos mentalizam as cores primárias, contagem e escrita até o número 7.

14- Sim. A professora lê o alfabeto e os números todos os dias, analisa o tempo, o calendário, quantidade de alunos, tudo isso com a participação dos alunos.

Escola B 1- Sim. Eles usaram sua criatividade, cada um fez um boneco do seu jeito, de cores,

formas e tamanhos diferentes.

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2- Sim. As músicas utilizadas pela professora estimulam os alunos a imitarem sons e características de animais, a fazer de conta.

3- Sim. Eles memorizam as letras e os gestos das músicas, os números, cores, etc.

4- Sim. Na atividade eles precisam encontrar e circular letras em um texto. A professora deu também um ditado de letras, para os alunos pintarem somente as letras ditadas.

5- Sim. Através do que ouve, a criança consegue memorizar informações.

6- Sim. As crianças devem prestar atenção no filme apresentado para depois poderem desenhar a parte que mais gostaram e contarem com as suas palavras a história.

7- Sim. As crianças contaram se tinham animais de estimação, quais eram, como elas cuidavam deles, etc.

8- Sim. Após assistirem a um filme, eles devem desenhar o que mais gostaram dele, escrever seu título e seus nomes.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

Foi possível perceber que atividades e brincadeiras propostas pelas

professoras das duas escolas, podem desenvolver nos alunos o raciocínio

lógico, a capacidade de reter informações e a partir daí, construírem seu próprio

conhecimento, usando criatividade e imaginação, que para Ferreira (2001, p.

402) é “ 1. A faculdade que tem o espírito de imaginar; fantasia. 2. Faculdade de

criar mediante a combinação de ideias. ”

Segundo Andrade (2010) a educação infantil é considerada importante

para o desenvolvimento pleno da criança. Por ser socializadora, não oferece

simples conhecimentos, mas, desenvolve projetos que propiciam ensino de

qualidade e o exercício de cidadania.

A escola A desenvolveu atividades que contribuem para o

desenvolvimento lógico, o que segundo Ferreira (2001) significa raciocínio com

coerência, como o reconhecimento de cores e formas, quantidades, criatividade

das crianças, aprendizagem de sequência numérica, mentalização de números,

que segundo Kury (2001, p. 502) é “imaginação, visualização mental”. Além

disso, a escola A desenvolveu: conceitos matemáticos, que de acordo com

Ferreira (2001, p. 181) é a “formulação duma ideia por palavras”,

desenvolvimento por meio diário de cópias e ilustrações, mentalização de

informações, assimilação de nomes, dos dias da semana, números e alfabeto;

questionamento sobre letras e números e formas geométricas, utilização da

música como método para aprendizado de nomes e números, construção

coletiva de histórias, rotina diária de verificação de tempo e calendário.

A escola B também desenvolveu atividades que contribuem para o

raciocínio lógico. Entre essas, os alunos utilizaram a criatividade, a imitação de

sons e características de animais, por meio da música, a memorização e

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reconhecimento de letras, números e cores, em textos e ditados, memorização

de informações, desenhos e reconto de histórias, esse último, segundo Ferreira

(2001, p.394) é “a narração de acontecimentos, ações, fatos ou particularidades

relativos a um determinado assunto” como relato das crianças de animais de

estimação, interpretação de histórias por meio de desenhos e de escrita.

Quadro 4- Respostas à Questão 4: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento motor? Explique.

Escola A 1- Sim. As crianças desenvolvem habilidades de colorir, rasgar, colar, cortar, escrever

o nome, etc.

2- Sim. Os alunos usam lápis de cor e giz de cera para colorirem, recortam, rasgam e colam papéis.

3- Sim. A brincadeira da Amarelinha leva os alunos a desenvolverem o equilíbrio, noção de espaço, além de mentalização dos números.

4- Sim. Através da dança, da brincadeira de amarelinha, da manipulação de papel rasgado, amassado e picado.

5- Sim. Os alunos desenham, colorem, fazem recortes e colagens.

6- Sim. Eles copiam atividades do quadro, fazem desenhos, recortes, pinturas, etc.

7- Sim. Eles escrevem a letra do dia, fazem trabalhinhos sobre ela, recortam colam, sempre com a orientação da professora.

8- Sim. Eles desenham, colorem, recortam, rasgam, amassam e colam, fazem bichinhos de massinha.

9- Sim. Eles colorem, rasgam e amassam papel, trabalham com cola, desenham.

10- Sim. Eles brincam de montar brinquedos, colorem, pintam, recortam, rasgam, colam, treinam seus nomes, etc.

11- Sim. Eles treinam seus nomes, colorem folhinhas, rasgam, amassam e colam, etc.

12- Sim. As atividades de rasgar papel, colar e colorir.

13- Eles colorem, seguindo as orientações da professora quanto às cores a serem usadas, treinam a escrita dos numerais e dos nomes.

14- Sim. Eles batem palmas, os pés, desenham, colorem, pintam, fazem colagens, recortes, etc.

Escola B 1- Sim. Eles trabalham com as mãos em todas as etapas, para recortarem, colarem,

encherem os bonecos de areia, desenharem, etc.

2- Sim. Enquanto cantam os alunos batem palmas, estalam os dedos, batem os pés, etc.

3- Sim. Para cantar e dançar.

4- Sim. Em todas as atividades, em folhinhas ou no caderno, eles treinam a escrita do nome, desenham e colorem. Na aula de música eles batem palmas, batem as mãos nos joelhos, nas pernas e no peito.

5- Sim. O exercício da música faz com que a criança desenvolva a sua motricidade.

6- Sim. Eles desenvolvem a coordenação motora através do desenho, da escrita do nome, do colorido, etc.

7- Sim. Através de músicas, danças, desenhos e coloridos, etc.

8- Sim. Através da escrita do nome, de desenhos sobre o filme assistido e coloridos.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

De acordo com o que foi observado nas escolas A e B, constatou-se que

são trabalhadas diariamente habilidades motoras como desenhar, colorir,

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recortar, colar, amassar, gesticular, correr, jogar bola e muitas outras habilidades

que oferecem oportunidades de movimento.

Percebeu-se que a escola A oferece atividades que possibilitam às

crianças o desenvolvimento de suas habilidades motoras, entre essas atividades

observou-se exercícios de colorir, rasgar, colar, cortar, escrita do nome, dança,

noção de espaço, noção de equilíbrio, cópia de atividades no quadro, escrita de

letras, trabalho com massinha, escrita de numerais, movimento de bater palmas

e pés. No entanto, foi possível notar que muitas dessas atividades são repetidas

todos os dias, o que, em parte contribui para o desenvolvimento motor, mas a

alternância ou variação de atividades poderia motivar mais os alunos.

A escola B trabalhou com atividades que envolvem movimento com as

mãos como recortar, colar, encher recipientes com areia, desenhar, bater

palmas, estalar os dedos, bater os pés, cantar e dançar. Além disso,

desenvolveram em folhas de caderno a escrita de nomes, o desenho, o colorido

e colagem. A música pode propiciar o desenvolvimento da motricidade, por meio

de movimentos que as crianças faziam com mãos e pés.

Segundo Feltrin et al. (2013), o desenvolvimento motor é contínuo e

acontece principalmente nos primeiros anos de vida. A prática da educação física

na educação infantil é um instrumento eficaz para a ampliação da coordenação

motora, das relações afetivas e cognitivas das crianças.

Sendo assim, o trabalho deve ser focado na aplicação de atividades que

explorem o movimento considerando as fases e estágios de desenvolvimento

das crianças. É por meio do desenvolvimento motor que a criança adquire outras

habilidades importantes para a vida. De acordo com Pagni (2010) o

desenvolvimento do indivíduo, como processo natural, passa por diferentes

fases que envolvem os aspectos cognitivos, físicos e sociais em uma formação

para a autonomia ao longo da vida.

Essas atividades vêm responder o atendimento à Lei 9394/96 na qual

consta que a educação infantil é uma etapa da educação básica que deve ter

como intuito o desenvolvimento integral da criança em complemento à ação da

família e da comunidade, sob a responsabilidade dos municípios.

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Quadro 5- Respostas à Questão 5: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o desenvolvimento físico? Descreva.

Escola A 1- Sim. A professora leva os alunos para o pátio da escola para brincarem de cantigas

de roda (Não atire o pau no gato; Ciranda, cirandinha, Se eu fosse um peixinho). Na grama, brincam de bola e pega-pega, de pular num pé só, nos dois, de lado, de costas.

2- Sim. No início da aula, a professora leva os alunos para o parquinho para brincarem de balançar, na caixa de areia e pular corda.

3- Sim. Ao brincarem de amarelinha, de bola, de correr no pátio eles fortalecem sua musculatura, aprendem a controlar seus movimentos.

4- Sim. A professora leva os alunos para o pátio para brincarem de brincadeiras de roda, peteca, bola, morto-vivo e estátua.

5- Sim. Enquanto dançam, brincam de balançar e de bola e de correr na grama.

6- Sim. Através de brincadeiras de roda, a galinha do vizinho, pato-pato-ganso.

7- Sim. A professora vai com os alunos para a área externa da escola e os deixa brincar de pega-pega, corrida, amarelinha, etc.

8- Sim. Em atividades extraclasse como galinha do vizinho e cantigas de roda.

9- Sim. Em momentos que são levados para o pátio da escola para brincarem de bola, pular, correr e para o parquinho.

10- Sim. A professora brinca com eles de “estátua”, “morto-vivo”, peteca e bola.

11- Sim. Enquanto cantam eles exercitam os braços, pernas, mãos. Enquanto jogam bola e brincam de pega-pega.

12- Não.

13- Sim. Em atividades extraclasse em que eles brincam de pular, dançar, correr, abaixar e levantar.

14- Sim. Nos momentos em que são levados para a areia ou para o gramado e brincam de pega-pega, de pular corda, de jogar bola.

Escola B

1- Não.

2- Sim. Através das danças e gestos que acompanham as músicas.

3- Não.

4- Sim. Através das brincadeiras de roda.

5- Não.

6- Sim. Enquanto cantam eles dançam, rodam, batem palmas, etc.

7- Não.

8- Não.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

Nas observações realizadas nas escolas foi possível considerar que na

escola A são mais frequentes atividades físicas, através de jogos e brincadeiras.

Na escola B esse recurso é menos utilizado.

Segundo Saleh (2014) é importante que a criança pratique atividades

físicas pelo menos três vezes por semana. Além de evitar o sedentarismo e

obesidade infantil, as atividades oferecem muitos outros benefícios como:

expressar sentimentos, trabalhar alongamento, flexibilidade, postura,

fortalecimento muscular, consciência corporal, equilíbrio, bons reflexos e

coordenação motora.

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O jogo com bola desenvolve a lateralidade, noção espacial, velocidade de

reação, e agilidade, entre outros ganhos. A natação trabalha todos os grupos

musculares na mesma proporção e aumenta a capacidade pulmonar (SALEH,

2014). De acordo com a autora, as atividades físicas são imprescindíveis ao

desenvolvimento integral da criança.

Na escola A, foram desenvolvidas atividades físicas como brincadeiras de

roda, bola, pega-pega, pular num pé só, com dois pés, de lado e de costas. Na

mesma instituição as professoras levam os alunos no parquinho da escola para

que esses possam brincar de balanço, na caixa de areia e pular corda. Durante

as observações foi possível perceber que na escola A os alunos correm no pátio

e aprendem a controlar os movimentos. Outras brincadeiras que contribuem para

desenvolvimento físico e acontecem nessa escola são: peteca, morto-vivo,

estátua, corridas em geral, galinha do vizinho, pato-pato ganso.

Pode-se perceber que na escola B são menos utilizadas atividades de

desenvolvimento físico para as crianças. Foram identificadas atividades físicas

em apenas três dias de observação: danças e gestos que acompanham as

músicas, brincadeiras de roda, movimentos com mãos e pés. Nessa escola, as

crianças permanecem mais tempo dentro das salas de aula, com atividades

direcionadas pelas professoras, com o uso de livros didáticos que orientam o

trabalho docente.

Quadro 6- Respostas à Questão 6: As atividades que envolvem os alunos contribuem para o

desenvolvimento afetivo? Como contribuem?

Escola A 1- Sim. Enquanto brincam e fazem atividades em sala eles se ajudam, conversam entre

si, trocam ideias.

2- Sim. Enquanto realizam as atividades, eles se interagem, colaboram uns com os outros e trocam experiências.

3- Sim. Enquanto brincam, eles aprendem a se respeitar, colaboram uns com os outros na hora de realizar as tarefas.

4- Sim. Para realizar as atividades e na hora de brincar, eles se ajudam, cooperam uns com os outros.

5- Sim. Brincando juntos eles aprendem a se respeitar, se ajudar, se aceitar, se tratam com respeito.

6- Sim. Para realizarem as atividades eles cooperam entre si, os que terminam primeiro vão ajudando os que ainda não terminaram.

7- Sim. Eles colaboram uns com os outros, valorizam as atitudes dos colegas.

8- Sim. Eles brincam e fazem suas atividades sempre juntos, cada um tem algum coleguinha com quem tem mais afinidade.

9- Sim. Enquanto fazem as atividades e brincam eles desenvolvem o altruísmo, colaboram entre si.

10- Sim. Os alunos são tratados com carinho e respeito e se tratam igualmente.

59

11- Sim. Enquanto realizam as tarefas eles se ajudam, na hora de brincar eles cuidam uns dos outros, conversam bastante entre si, desenvolvendo assim a amizade e o carinho com os colegas.

12- Sim. Enquanto brincam eles se interagem e na hora de fazerem as atividades eles se ajudam.

13- Sim. Os alunos gostam de brincar com os coleguinhas, trocam os brinquedos na hora do recreio, assim, eles aprendem a aceitar e valorizar o jeito de ser de cada um.

14- Sim. Todos os alunos se tratam bem, eles conversam, riem, fazem as atividades em duplas, um ajudando o outro.

Escola B

1- Sim. Os alunos emprestam seus materiais, se ajudam na hora de fazerem as atividades e brincam todos juntos.

2- Sim. Eles se dão as mãos para dançar, brincam sempre juntos e nas horas em que precisam fazer as atividades, os que terminam primeiro vão ajudar os que ainda não terminaram.

3- Sim. Durante as brincadeiras e músicas eles se interagem.

4- Sim. Os alunos são tratados e tratam de forma afetiva e carinhosa.

5- Sim. Durante as aulas os alunos se ajudam, trocam favores, um desenha para o outro o que ele não consegue, trocam ideias e na hora de brincar eles ficam sempre juntos, não excluem ninguém, todos são tratados igualmente.

6- Sim. Os alunos desenvolvem a afetividade enquanto brincam, emprestam seus materiais, ajudam os colegas a fazerem as atividades.

7- Sim. Os alunos são tratados com carinho e retribuem o tratamento, sendo amigos uns dos outros e respeitando sua professora.

8- Sim. Enquanto brincam ou fazem as atividades eles desenvolvem atitudes de respeito e amizade para com seus colegas e sua professora.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

De acordo com as observações realizadas é possível se considerar que

as atividades lúdicas contribuem para o desenvolvimento afetivo dos alunos, que

colaboram uns com os outros, trabalham com parceria e amizade. Eles gostam

de estar juntos, de trocar ideias e se ajudar. Kolling (2011, p. 155) afirma que:

Criar um ambiente educativo ainda mais estimulante trará, com certeza, grandes resultados na aprendizagem e deixará marcas profundas de gratidão e de afetividade no educando e no professor, os quais farão toda diferença na formação integral dos seres humanos, tornando-os adultos bem-sucedidos.

Os alunos da escola A demonstraram durante as observações as

seguintes manifestações afetivas: ajuda mútua, conversa entre colegas, troca de

ideias, interações, colaborações, troca de experiências, respeito, espírito de

coletividade, respeito à diversidade, demonstração de afinidades, carinho,

cuidados, troca de brinquedos, se divertem uns com os outros.

Na escola B os alunos também emprestam seus materiais e se ajudam na

hora de fazerem suas atividades, brincam juntos, interagem, se tratam de forma

60

afetiva e carinhosa, trocam ideias, não excluem, retribuem o tratamento entre

amigos, respeito à professora.

Essas atitudes, observadas em ambas as escolas, demonstram que os

alunos valorizam os colegas, gostam de estar juntos, de brincar, de fazer as

atividades em grupo, assim, eles criam um laço de amizade, carinho, que se

estende para além dos limites da escola, que são importantes para o

desenvolvimento de sua personalidade e vida futura.

Quadro 7- Respostas à Questão 7: A professora demonstra afetividade para com os alunos?

Como?

Escola A 1- Sim. A professora tem paciência, carinho e instrui os alunos sobre como fazer as

atividades.

2- Sim. A professora trata seus alunos com carinho, dedicação, fala baixo, abraça cada um deles.

3- Sim. Ela trata seus alunos com respeito, os orienta para brincarem sem se machucar, ela se preocupa com cada um deles.

4- Sim. Ela trata os alunos com carinho e paciência, os auxilia na realização das atividades.

5- Sim. Ela os abraça, beija, elogia, conversa bastante sobre os valores que devemos conhecer como: amizade, respeito, honestidade, etc.

6- Sim. Ela trata com alunos com respeito, carinho. Conversa muito com eles com palavras afetuosas, os abraça e beija.

7- Sim. Ela cuida dos seus alunos com dedicação, se preocupa não só com o desenvolvimento escolar, mas, também o emocional.

8- Sim. A professora demonstra paciência e carinho com seus alunos, os orienta para fazerem suas atividades, os elogia, abraça e beija.

9- Sim. Ela os trata com carinho, sempre os instrui sobre como devem agir na escola, em casa, ela se importa com a formação integral das crianças.

10- Sim. Ela fala baixo, com carinho e paciência, orienta os alunos para fazerem suas atividades.

11- Sim. Ela trata os alunos com atenção e respeito, fala baixo e pausadamente com eles.

12- Sim. Ela os trata com carinho e atenção. Canta baixinho, conta histórias, sempre com o intuito de ensinar valores.

13- Sim. Ela os trata com respeito e carinho, elogia, abraça, beija, os incentiva na realização de suas tarefas.

14- Sim. A professora demonstra dedicação a todos os seus alunos, conversa muito com eles sobre o é certo ou errado, bom ou ruim.

Escola B 1- Sim. Ela os trata com carinho e atenção.

2- Sim. Ela fala sempre baixo, tem paciência e cuidado com os alunos.

3- Sim. Ela demonstra carinho e paciência com os alunos.

4- Sim. A professora fala com carinho com os alunos, é paciente, os auxilia em tudo o que precisam.

5- Sim. Ela fala e canta baixinho com os alunos, com paciência e carinho.

6- Sim. Ela compreende cada aluno, tem paciência e carinho com todos.

7- Sim. A professora demonstra carinho com os alunos, no final da aula ela distribui brinquedos e permite que brinquem dentro da sala.

8- Sim. Ela dá atenção aos alunos, conversa, deixa que eles se expressem, ri, os abraça e beija.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

61

As observações realizadas nas escolas A e B nos permitiram perceber

que as professoras demonstram carinho e atenção com seus alunos. As aulas

são ministradas com respeito às crianças, elas são elogiadas todo momento,

incentivadas a fazerem as atividades com capricho. Peranzoni, Zanetti e

Neubauer (2013) afirmam que o educador precisa valorizar as atividades feitas

pelas crianças, elogiando-as. Brincar junto com as crianças as estimula em suas

evoluções, aquisição de conhecimentos e na interação com outras crianças.

As professoras da escola A demonstraram ter paciência, carinho e

dedicação com seus alunos. Elas usavam um tom de voz baixo para se dirigirem

às crianças e também auxiliavam seus alunos na realização de tarefas. Elas

abraçavam, beijavam, elogiavam, conversavam sobre valores sociais como:

amizade, respeito e honestidade, demonstravam afeto pelas crianças. As

professoras cuidavam de seus alunos e se preocupavam com o desenvolvimento

escolar e emocional das crianças. As professoras demonstraram se importar

com a formação integral das crianças. Segundo Ribeiro (2010) a afetividade

contribui para a aprendizagem cognitiva dos alunos.

A depender da perspectiva, há diversos significados para o termo afetividade, como, por exemplo: atitudes e valores, comportamento moral e ético, desenvolvimento pessoal e social, motivação, interesse e atribuição, ternura, inter-relação, empatia, constituição da subjetividade, sentimentos e emoções (RIBEIRO, 2010, p.403).

Sobre as professoras da escola B também foi possível observar

manifestações de carinho e atenção para com os alunos. Elas usavam tom de

voz baixo e paciente, para se relacionarem com as crianças. Demonstravam

cuidados e auxiliavam os alunos em trabalhos, não excluíam ninguém. Sempre

que as professoras conversavam com os alunos demonstravam alegria.

Quadro 8- Respostas à Questão 8: Os alunos mostram interesse por atividades que envolvem

o lúdico? Por meio de quais manifestações?

Escola A 1- Sim. Eles gostam de ouvir histórias, cantar, dançar, ver livros e contar as histórias com

as suas próprias palavras, desenhar.

2- Sim. Eles ficam bastante animados quando as atividades que terão envolvem brinquedos e brincadeiras.

3- Sim. Eles se animam bastante quando chega a hora de brincar no pátio e no final da aula quando brincam de estátua e morto-vivo.

4- Sim. Eles gostam de cantar, dançar, recortar, colar, desenhar, colorir e outras atividades em que podem manifestar-se livremente.

5- Sim. Eles gostam de cantar, dançar, brincar de massinha, de brincadeiras de roda, etc.

62

6- Sim. Eles ficam bem animados quando podem brincar, especialmente fora da sala, onde a professora brinca com eles de coelhinho sai da toca, galinha do vizinho, etc.

7- Sim. Eles ficam mais motivados, mais felizes quando as atividades envolvem brincadeiras, jogos, músicas, desenhos.

8- Sim. Eles gostam de cantar e dançar, de brincar de pega-pega, de corrida e pular num pé só na grama.

9- Sim. Eles pedem para cantar as músicas que eles gostam mais e participam com entusiasmo, fazendo os movimentos das músicas e batendo palmas.

10- Sim. Eles gostam muito de cantar, dançar, assistir DVDs, desenhar e colorir, etc.

11- Sim. Eles ficam entusiasmados quando podem brincar, eles aprendem brincando.

12- Sim. Eles ficam muito empolgados, e estão sempre prontos para a brincadeira.

13- Sim. Quando é anunciado que eles vão sair da sala para aprenderem uma nova brincadeira eles ficam muito animados, se divertem enquanto aprendem e ao brincar.

14- Sim. Eles gostam de cantar, dançar, ouvir histórias, desenhar e colorir, manipular massinha e brinquedos.

Escola B 1- Sim. Eles gostam de assistir o DVD, das aulas de música, interagem bastante durante

as brincadeiras.

2- Sim. Eles se mostram bastante entusiasmo enquanto cantam, gesticulam, desenham e brincam com jogos de montar.

3- Sim. Eles se divertem enquanto assistem ao DVD e gostam de desenhar, de brincar com palitos e de massinha.

4- Sim. Eles ficam entusiasmados quando é proposta alguma brincadeira pela professora, conversam entre si, escolhem seus parceiros para brincar.

5- Sim. Eles adoram as aulas de música em que cantam e dançam. Sabem várias músicas de cor. Gostam de assistir DVDs, de ouvir histórias, de desenhar.

6- Sim. Eles gostam de brincar e aprendem coisas novas através das brincadeiras. Quando a professora propõe uma atividade diferenciada, todos ficam atentos às suas orientações.

7- Sim. Eles gostam dos momentos de cantos, de dançar, desenhar, jogos de montar.

8- Sim. Os alunos demonstram bastante entusiasmo quando lhes é proposta alguma atividade que em que podem brincar, criar, desenhar, expressar o modo como enxergam o mundo.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

De acordo com o que foi observado nas escolas A e B, todos os alunos

apreciam os momentos lúdicos, atividades em que interagem com seus colegas,

riem, ficam felizes e descontraídos. Na escola A, as crianças ficam animadas

quando são propostas brincadeiras na área externa da sala, demonstram

motivação e entusiasmo quando podem se expressar livremente, falar, cantar e

se empolgam quando é anunciado algo inovador. Na escola B, o entusiasmo

também faz parte das manifestações dos alunos que ficam mais atentos às aulas

quando ocorrem brincadeiras.

Os estudos de Lira e Rubio (2014) apontam que há uma estreita relação

entre a criança e o brincar. A brincadeira desenvolve aspectos sociais, cognitivos

e afetivos, agrega e transmite valores de geração a geração. As brincadeiras são

importantes instrumentos do processo didático-pedagógico, por estimularem o

63

conhecimento da criança de si mesma e do mundo. Cabe ao educador oferecer

oportunidades de brincadeiras e jogos que proporcionem a promoção e evolução

de seus alunos.

Quadro 9- Respostas à Questão 9: Em momentos em que a professora não utiliza o lúdico, os

alunos demonstram mais ou menos interesse pelas aulas?

Escola A 1- Eles ficam menos motivados quando não existe nenhum tipo de trabalho lúdico na

aula.

2- Menos. Eles não têm muito interesse se não é usado nenhum material ou artifício lúdico.

3- Eles demonstram menos entusiasmo e menos interesse pela a aula.

4- Menos. Eles se cansam mais rapidamente, não se interessam em terminar o que começaram, se distraem.

5- Menos. Eles conversam entre si, não dão muita atenção à professora.

6- Menos. Eles ficam mais desatentos, demonstram cansaço.

7- Menos. Eles ficam desestimulados, desanimados e se cansam rapidamente.

8- Menos. Eles dispersam sua atenção, conversam bastante.

9- Menos. Eles prestam menos atenção no que a professora diz, se distraem facilmente.

10- Menos. Sem o uso do lúdico, eles se distraem facilmente, não se concentram nas aulas.

11- Menos. Eles prestam menos atenção ao que a professora fala e faz.

12- Menos. Quando as atividades não envolvem nenhum tipo de brincadeira os alunos se interessam menos.

13- Menos. Eles demonstram cansaço, desânimo, não têm entusiasmo para realizar tarefas que não remetem ao lúdico.

14- Menos. Eles se sentem menos motivados para realizar essas atividades.

Escola B

1- Menos. Eles se cansam facilmente e logo perdem o interesse em fazer as atividades.

2- Menos. Eles ficam mais desatentos, quietos, não se interessam pela aula.

3- Menos. Eles gostam mais quando podem brincar, se soltar, interagir com os colegas.

4- Menos. Com o uso do lúdico os alunos se interessam mais pelo que é dito pela professora, interagem entre si.

5- Menos. Eles gostam de brincar, quando o lúdico não é utilizado na aula, eles se interessam menos.

6- Menos. Quando eles só copiam, sem nenhum tipo de atividade lúdica, se cansam mais facilmente e ficam mais desatentos.

7- Menos. Eles não prestam tanta atenção ao que é exposto pela professora, se distraem facilmente.

8- Menos. Eles demonstram menos entusiasmo, menos interesse pela aula.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

De acordo com o que foi observado nas aulas das escolas A e B quando

não é utilizado nenhum artifício lúdico os alunos demonstram menos interesse,

se cansam, se distraem com qualquer barulho. Por meio de jogos e brincadeiras,

a aprendizagem é significativa, pois faz parte da vivência real dos alunos. Se a

professora trabalha somente o ensino formal, direcionado por projetos

64

pedagógicos e livros didáticos, as crianças tendem a ficar desmotivadas,

enfadadas.

A educação formal é uma educação institucionalizada, ocorre em espaços sistematizados, suas atividades são assistidas pelo ato pedagógico e preocupa-se com a aquisição e construção do conhecimento que atendam as demandas da contemporaneidade, nas diferentes disciplinas escolares. (ALMEIDA; OLIVEIRA, 2014, p. 04).

Segundo Ribas et al. (2013) brincar na sala de aula constitui-se uma

atividade relevante para o desenvolvimento infantil. Por meio da brincadeira, a

criança exterioriza seus sentimentos, sua visão de mundo, fatos marcantes que

possam estar acontecendo em sua vida.

A educação não formal ocorre fora dos espaços escolares, sendo, portanto no próprio local de interação do indivíduo, sofre as mesmas influências do mundo contemporâneo como as outras formas de educação, mas, pouco assistida pelo ato pedagógico e desenvolve uma ampla variedade de atividades para atender interesses específicos de determinados grupos. (ALMEIDA; OLIVEIRA, 2014, p. 04).

A utilização da brincadeira como proposta metodológica no ensino infantil

pode ser desenvolvida em espaços formais e não formais da educação, pois a

proposta educacional que envolve a atividade de aprender brincando não

depende do tipo de ensino, mas, sim da aplicação e aproveitamento de técnicas

como elemento motivador da aprendizagem.

Quadro 10- Respostas à Questão 10: Por quais atividades os alunos se sentem mais

motivados durante as aulas?

Escola A

1- Por atividades em que eles são os agentes, como cantar, dançar, pular corda, pega-pega, galinha do vizinho, pato-pato-ganso, etc.

2- Recortar e rasgar papel, fazer bolinhas de papel crepom e colar, brinquedos de encaixe e de montar.

3- Por atividades em que podem movimentar o corpo, cantar, brincadeiras na grama, no pátio, no parquinho.

4- Por atividades que envolvem sons, movimentos, como as músicas no início da aula, brincadeiras na grama, no parquinho, na caixa de areia.

5- Por músicas em que dançam e fazem gestos, brincadeiras de estátua e morto-vivo, escrever no piso do pátio com giz branco.

6- Cantar e dançar, massinha, jogos de montar.

7- Cantar e dançar, jogos de montar, brincadeiras de estátua e morto-vivo, brincadeiras de roda, etc.

8- Cantar e dançar, ouvir histórias, desenhar, colorir, brincar no parquinho, de amarelinha, de bola, etc.

9- Músicas, jogar bola, ouvir e desenhar histórias, jogos de montar.

10- Ouvir histórias e desenhar a parte de que mais gostaram, brincar no parquinho, na caixa de areia, cantar e dançar, etc.

11- Brinquedos de montar e de encaixar, músicas, ouvir histórias, desenhar, colorir.

65

12- Cantar, dançar, imitar animais, contar histórias, recortar e colar papel, colorir.

13- Assistir DVDs, desenhar, colorir, cantar, dançar, brincadeiras de amarelinha e de roda no pátio.

14- Cantar, dançar, bater palmas, jogos de encaixe, ouvir histórias, desenhar e colorir, brincadeiras de estátua, morto-vivo, etc.

Escola B

1- Aulas de música, desenhar e colorir, construção de um brinquedo sugerido no livro didático.

2- Assistir DVDs e posteriormente, desenhar e colorir as partes que mais gostaram, aulas de música, brinquedos de encaixe e bexigas.

3- Aulas de música, brincadeiras de roda, ouvir histórias, desenhar, colorir, etc.

4- Assistir DVDs, desenhar, colorir, ouvir histórias, jogos de encaixe, brinquedos que trazem de casa.

5- Brincadeiras de roda, músicas, ouvir histórias, recortes, colagens, etc.

6- Ouvir histórias, desenhar, colorir, cantar, dançar, montar figuras com palitos de picolé coloridos, etc.

7- Músicas, danças, brinquedos de montar, desenhos, coloridos, recortes, colagens.

8- Desenhos, coloridos, cantos, danças, ouvir histórias, assistir a DVDs, etc.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

Observando o dia a dia das duas escolas envolvidas na pesquisa, pode-

se notar que os alunos, das duas instituições, apresentam-se mais motivados

em momentos de brincadeiras e jogos que lhes são proporcionados. Na escola

A, pode-se notar que são mais exploradas atividades que desenvolvem os

movimentos do corpo como jogos e brincadeiras ao ar livre, e que essas

atividades contribuem para o amadurecimento do convívio social da criança. Na

escola B, os meios de ensino mais utilizados são os tradicionais como desenhos,

coloridos e escritas.

De acordo com Lira e Rubio (2014) os jogos e brinquedos podem ser

utilizados como recursos pedagógicos que visem o desenvolvimento global da

criança. O ideal seria que as escolas de educação infantil tivessem espaços

destinados à brincadeira livre, onde a criança possa desenvolver sua

criatividade, e à brincadeira dirigida, onde a criança tem uma meta a alcançar,

estabelecida e mediada pelo professor.

As atividades que os alunos das duas escolas mais apreciam são: cantar

e dançar, acompanhando com gestos as músicas que sempre têm um objetivo

educativo; atividades ao ar livre, como as brincadeiras na grama, no pátio, no

parquinho e na caixa de areia, brincadeiras de pular corda, pega-pega, galinha

do vizinho, pato-pato-ganso, recortar, colar e amassar papel, brinquedos de

encaixe e de montar, estátua e morto-vivo; escrita com giz, massinha,

brincadeiras de roda, ouvir e recontar histórias, desenhar, colorir, imitar animais;

66

jogar bola, peteca, construir brinquedos com materiais reciclados, bexigas e

trabalhos manuais com palitos de picolé.

Quadro 11- Respostas à Questão 11: Quanto tempo da aula a professora realiza atividades

que utilizam o lúdico?

Escola A 1- A professora utiliza em média 1 hora do tempo da aula com jogos e brincadeiras.

2- São utilizados de 40 minutos a 1 hora da aula com o lúdico.

3- A professora utiliza aproximadamente 1 hora e 30 minutos com o uso do lúdico.

4- São realizadas atividades lúdicas durante aproximadamente 1 hora.

5- De 30 a 40 minutos da aula são utilizados com a realização de atividades lúdicas.

6- A professora realiza atividades lúdicas durante aproximadamente 30 minutos da aula.

7- Em média 1 hora de atividades lúdicas são realizadas pela professora em uma aula.

8- A professora utiliza cerca de 30 minutos por dia em atividades lúdicas.

9- Aproximadamente 30 minutos da aula são reservados a atividades lúdicas.

10- A professora realiza atividades lúdicas com seus alunos de 30 a 40 minutos da aula.

11- Em média 1 hora por aula é utilizada para realização de atividades lúdicas.

12- Durante aproximadamente 1 hora de aula são trabalhadas atividades lúdicas.

13- A professora utiliza recursos lúdicos nas aulas durante cerca de 1 hora.

14- Em média 1 hora do tempo da aula é utilizado para trabalhar com recursos lúdicos.

Escola B

1- Aproximadamente 1 hora do tempo de aula é utilizado para a realização de atividades lúdicas.

2- A professora utiliza aproximadamente 1 hora de aula para trabalhar com atividades lúdicas.

3- Durante a aula são utilizados aproximadamente 30 minutos para realização de atividades que envolvem o lúdico.

4- São realizadas atividades lúdicas durante um período de aproximadamente 1 hora da aula.

5- A professora realiza trabalhos envolvendo o lúdico de 30 a 40 minutos da aula.

6- Num período de 40 minutos a 1 hora da aula são realizadas atividades lúdicas.

7- Durante aproximadamente 1 hora da aula são trabalhados conteúdos que envolvem o lúdico.

8- A professora utiliza de 40 minutos a 1 hora de aula para realizar atividades lúdicas.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

Durante as observações realizadas nas escolas A e B, pode-se constatar

que o tempo dedicado às atividades lúdicas não é bem definido, podendo variar

de um dia para o outro e de professora para professora. Portanto, pode-se

entender que o tempo é indeterminado. São utilizados, em média, de 30 minutos

a uma hora das aulas com atividades lúdicas variadas, de acordo com o

planejamento e os objetivos diários propostos pelas professoras.

67

Segundo Kolling (2011) as crianças devem aprender com a utilização de

atividades lúdicas. O tempo na escola deve ser organizado de forma que o

educando possa estabelecer relações entre os conhecimentos trazidos de casa

com novas aprendizagens, entre elas, a convivência em grupo.

Quadro 12- Respostas à Questão 12: Com quais atividades lúdicas as professoras trabalham?

Escola A 1- Contação de histórias, músicas, DVDs, desenhos, brincadeiras de roda, folclóricas e

outras.

2- Músicas, brinquedos de encaixe, contação de histórias, DVDs, estátua, morto-vivo, etc.

3- Morto-vivo, estátua, galinha do vizinho, amarelinha, brincadeiras na grama, etc.

4- Músicas, danças, amarelinha, cantigas de roda, contação de histórias, galinha do vizinho, etc.

5- Músicas, DVDs, desenhos, estátua, jogos de montar, brincadeiras de roda, brincadeiras na grama e no parquinho, etc.

6- Músicas, contação de histórias, massinha, DVDs, jogos de montar, brincadeiras de roda, etc.

7- Músicas, DVDs, bola, jogos de encaixe, massinha, recortes, colagens, etc.

8- Contação de histórias, jogos de montar, brincadeiras na grama e no parquinho, bola, massinha, etc.

9- Jogo da forca, jogos de montar, bola, peteca, DVDs, contação de histórias, etc.

10- Músicas, DVDs, jogos de montar, bola, contação de histórias, desenhos, etc.

11- Desenhos, recortes, colagens, músicas, jogos de encaixe, corrida na grama, etc.

12- Cantos, danças, massinha, jogos de montar, bola, contação de histórias, desenhos, etc.

13- Canto, dança, DVDs, desenhos, massinha, bola, peteca, etc.

14- Músicas, amarelinha, DVDs, desenhos, jogos de montar, brincadeiras na grama, etc.

Escola B

1- Música, palitos de picolé coloridos, desenhos, construção de brinquedos de sucatas.

2- Música.

3- Música, quebra-cabeça, alfabeto móvel, jogos de encaixe e outros.

4- DVDs, recortes, música, dança, colagens, contação de histórias e outros.

5- Jogos de encaixe, bingo de letras, brincadeiras de roda, música e outros.

6- Música, desenhos e coloridos, recortes, colagens, DVDs.

7- Música, desenhos e coloridos, massinha, recortes, colagem, bingo de números.

8- DVDs, desenhos, coloridos, música, dança, contação de histórias, jogos de encaixe.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2017)

Durante as observações das aulas nas escolas A e B, foi possível

perceber que as professoras trabalham com várias atividades lúdicas com seus

alunos. Entre as mais utilizadas estão a música, a contação de histórias,

desenhos e coloridos, brincadeiras de roda, massinha, recortes, colagens, bingo

de números, bingo de letras, DVDs, brincadeiras com bola, amarelinha, jogos de

encaixe, quebra-cabeça, brincadeira da forca, estátua, morto-vivo, galinha do

68

vizinho e corrida na grama. Essas atividades promovem o desenvolvimento

físico-motor dos alunos, o raciocínio, o emocional.

Segundo o RCNEI (1988, p. 22): “Compreender, conhecer e reconhecer

o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da

educação infantil e de seus profissionais”. Cada criança tem um jeito de ser e

cada uma é única. É preciso que elas tenham oportunidades de desenvolvimento

para que possam crescer e serem capazes de exercer a cidadania.

O professor de educação infantil deve ter formação ética e consciência

sócio- histórica de sua tarefa, o que envolve constante reflexão acerca de sua

própria prática pedagógica. Desse profissional exige-se investimento emocional,

conhecimento pedagógico e compromisso com o desenvolvimento de seus

alunos. O professor de crianças pequenas é uma parte importante de um

triângulo: professor-criança-mãe, e necessita se autoavaliar constantemente, ter

uma boa formação teórica e uma relação de confiança com a criança, assim, ele

poderá construir, junto com ela, novas habilidades e conhecimentos (OLIVEIRA,

2011).

Durante a realização das observações, não foi registrada utilização de

recursos tecnológicos em nenhuma das escolas. O material das aulas trabalhado

pelas professoras, na maior parte das vezes, é impresso, o que já se constitui no

método tradicional de ensino. Uma das escolas possui uma sala com vários

computadores, mas estes não são usados, pois não há profissional capacitado

para essa função. Desta forma, percebe-se um distanciamento enorme das

práticas pedagógicas mais atuais no ensino infantil dessas escolas, que não

utilizam nem mesmo recursos tecnológicos como computador, tablet ou celular.

Percebe-se a importância da formação continuada de professores, no

sentido de capacitá-los para acompanhar as mudanças tecnológicas e culturais

em desenvolvimento. As análises a respeito das observações realizadas por

essa pesquisa mostraram que os professores ignoram os processos

tecnológicos atuais que envolvem o lúdico e possibilitam trabalhar com a criança

no sentido de educar e desenvolver habilidades essenciais para a vida. A

gravidade dessa situação é que as crianças observadas por essa pesquisa

situam-se à margem das possibilidades de uma educação que oferece recursos

tecnológicos que mudaram a cultura dos homens nos últimos anos.

69

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste estudo foi investigar e interpretar sobre a

importância do brincar no desenvolvimento integral da criança no ensino infantil.

Os objetivos específicos foram estudar obras referentes ao lúdico como atividade

colaboradora na formação infantil e contribuir com reflexões e discussões acerca

do brincar na prática pedagógica de educadores que atuam no ensino infantil

Após uma revisão bibliográfica e a realização da pesquisa de Observação

Participante, foi possível considerar que o uso do lúdico é de fundamental

importância para o desenvolvimento integral da criança e para a aprendizagem

escolar, por oferecer oportunidades de movimentos, raciocino e interação, de

construção do conhecimento pela própria criança, com a contribuição da

professora.

Desde a antiguidade já existia a brincadeira e Grécia Antiga acreditava-

se que jogos contribuíam para o desenvolvimento físico. Posteriormente, já na

Idade Moderna, inicia-se uma forma de direcionar a brincadeira para a educação,

percebendo-se o valor dela para o desenvolvimento infantil. Alguns autores do

referencial teórico apontam a ligação entre as diversas manifestações culturais

possíveis que são permitidas à criança vivenciar, por meio de brincadeiras ou de

objetos culturais, atividades do dia-a-dia como cozinhar.

Santos (2013) lembra que o brincar proporciona uma forma da criança

experimentar, relacionar, imaginar, expressar, compreender, confrontar e, enfim

se transformar, como dizia Paulo Freire que a educação deve ter um papel

transformador. Por isso, a escola deve se preocupar com os momentos lúdicos

da criança visando conquistas como autonomia, conscientização e espírito

questionador dos educandos.

Foi possível perceber que os objetos que compõem a aprendizagem por

meio das brincadeiras estão mudando. Além dos objetos conhecidos como bola,

boneca, corda, carrinho, bolinha de gude e outros. Alguns recursos hoje são

encontrados na Internet, a exemplo dos objetos de aprendizagem, como

ferramentas que auxiliam o ensino.

A criança, que na antiguidade não era reconhecida como um ser humano,

no decorrer da história passa a ser reconhecida e conquista direitos legais, que

lhe garante mais respeito e educação. Essa conquista é valorizada à medida que

70

a criança passa a ser considerada parte importante da primeira etapa da vida

dos homens, a infância. Com o reconhecimento dessa fase a criança passa a ter

direito à saúde, à educação e ao bem-estar.

Após diversos estudos sobre a infância percebeu-se que agregar a

brincadeira na educação infantil seria uma forma de desenvolver a

aprendizagem das crianças de maneira mais próxima à sua realidade cultural.

Pode-se observar que estudos recentes mostram e confirmam a

importância da aprendizagem significativa para as crianças por meio das

brincadeiras. Segundo estudiosos essa prática permite interação, estimula a

competitividade, a cooperação, a vivência de realidades por meio das histórias,

desenvolvimento físico, desenvolvimento de valores, desenvolvimento social,

afetivo e a criatividade que permitem à criança adquirir habilidades e

competências.

De acordo com a pesquisa realizada, neste estudo, pode-se constatar

que as professoras utilizam, diariamente, atividades lúdicas e estas são

trabalhadas como formas didáticas de ensino. As professoras demonstram

afetividade para com seus alunos e estes correspondem a esse tratamento,

sendo carinhosos com a professora e os colegas, proporcionando-se assim o

desenvolvimento afetivo das crianças.

Pôde-se notar também que as crianças se interessam muito mais pelas

aulas quando há o envolvimento do lúdico, do que quando ele é inexistente. As

professoras usam em média de trinta minutos a uma hora do horário de aula com

atividades de brincadeira e as crianças se sentem motivadas a participarem

desses momentos.

As atividades mais trabalhadas pelas professoras e apreciadas pelas

crianças são: cantar, dançar, pular corda, pega-pega, galinha do vizinho, pato-

pato-ganso; recortar, rasgar, amassar e colar papel, jogos de encaixe e de

montar, brincadeiras na grama, no pátio e no parquinho; estátua, morto-vivo,

escrita com giz, massinha, brincadeiras de roda, ouvir e recontar histórias,

desenhar, colorir, jogar bola, imitar animais e assistir DVDs.

Em relação à problematização levantada no início deste trabalho, fica

evidenciado, tanto pelas observações realizadas nas escolas como por autores

que fundamentam este estudo, que a brincadeira é ferramenta essencial ao

trabalho docente. Sobre as implicações que o brincar traz para a criança, outra

71

inquietação da pesquisa, em diversos momentos da parte teórica deste estudo

e durante as análises confirma-se que o lúdico proporciona o desenvolvimento

físico, emocional e cognitivo na infância.

Dessa maneira, os objetivos do estudo foram atingidos, pois a

pesquisadora teve o cuidado de dialogar com autores que discutem

potencialmente a importância do brincar para o desenvolvimento integral da

criança, contribuindo assim para reflexões e discussões sobre o brincar na

prática pedagógica de educadores do ensino infantil.

72

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ANEXO A

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu, Patrícia Maristela de Freitas Leal, discente do Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí, juntamente com a professora Drª Vânia dos Santos Mesquita, da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), Pouso Alegre, MG, estamos realizando uma pesquisa intitulada: “ O Brincar na Educação Infantil e o Desenvolvimento Integral da Criança”, com o objetivo principal apresentar uma reflexão sobre a importância do brincar no desenvolvimento integral da criança, no ensino infantil. E com os objetivos secundários de: a) desenvolver análise de obras sobre o brincar como atividade colaboradora da formação das potencialidades infantis; b) elucidar sobre a importância do brincar na escola; c) contribuir com a retomada do brincar no ensino e na prática pedagógica de educadores que atuam no ensino infantil.

A pesquisa será desenvolvida por meio da metodologia Observação Participante que permitirá o levantamento de dados e informações necessárias sobre o uso e desenvolvimento do lúdico na educação, na pré-escola.

Este estudo irá envolver duas escolas e os sujeitos a serem observados da pesquisa serão crianças de 4 e 5 anos, do pré-escolar e seus respectivos professores. Uma das escolas se localiza na cidade de Careaçu e a outra pertence ao município de Pouso Alegre. Estima-se que o número de crianças a serem observadas em Careaçu seja de 80 (oitenta) e em Pouso Alegre pretende-se atingir este mesmo número. O total de professores a serem observados deverá ser 8 (oito).

A observação se dará por meio de uma ficha, que deverá ser efetivada após o levantamento inicial das características das turmas e períodos de observação que a pesquisa pretende cobrir.

A Pesquisa Participante, segundo Severino (2007, p. 120), “é aquela em que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos sujeitos pesquisados, participando de forma sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa”.

Após a entrega da carta de apresentação da pesquisadora e da permissão da direção das escolas para que a pesquisa seja iniciada, será preenchido o cadastramento do projeto no Comitê de Ética, antes do início da Pesquisa de Campo.

Outro passo, após aprovação do Comitê de Ética da UNIVÁS, será dar início à Observação Participante nas escolas. Para a observação serão determinados os critérios, na tentativa de responder às seguintes questões:

O que observar?; Quem observar?; Por que observar?; Como observar?; Onde observar; Quando observar?

No primeiro item pretende-se observar se as professoras das instituições pesquisadas utilizam o lúdico como ferramenta educativa. Na segunda, os sujeitos envolvidos e suas participações com o lúdico. A terceira questão, é a explicação da importância desse estudo e de seus resultados. A quarta pergunta refere-se à forma de observação metodológica após aplicação da proposta. A quinta pergunta permitirá explicar como é o local observado após a pesquisa, suas características e rotinas relacionadas ao lúdico. A última questão deve ser capaz de apresentar quando foi aplicada a metodologia e os momentos em que se concretizou a busca de informações e dados para este estudo.

Para a realização desta pesquisa, a escola, o (a) diretor, o (a) professor e os (a)alunos não serão identificados (a) pelo seu nome. Será mantido o anonimato, assim, como o sigilo das informações obtidas e será respeitada a sua privacidade e a livre decisão de querer ou não participar do estudo, podendo-se retirar dele em qualquer momento, bastando para isso expressar a sua vontade.

A realização deste estudo não lhe(s) trará (ão) consequências físicas ou psicológicas. Em caso de dúvidas e se quiser ser melhor informado(a) poderá entrar em

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contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde “Dr. José Antônio Garcia Coutinho”, que é o órgão que irá controlar a pesquisa do ponto de vista ético. O CEP funciona de segunda a sexta feira e o seu telefone é (35) 3449 2199, Pouso Alegre, MG.

O(a) senhor(a) concorda em participar deste estudo? Em caso afirmativo, deverá ler a “Declaração”, que segue abaixo, assinando-a no local próprio.

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins que fomos informados(a) sobre esta pesquisa, estou ciente dos seus objetivos e relevância, assim como me foram retirados todas as dúvidas.

Mediante isto, concordo livremente em participar dela, fornecendo as informações necessárias. Estou também ciente que, se quiser e em qualquer momento, poderei retirar o meu consentimento deste estudo.

Para tanto, lavro minha assinatura em duas vias deste documento, ficando uma delas comigo e a outra com o pesquisador (a).

Pouso Alegre, ___, ______________2016

Participante: ______________________________________

Assinatura:________________________________________

Pesquisador (a):_____________________________________

Assinatura:________________________________________