o autor paulo bonavides analisa em seu livro constituinte e constituição

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O autor Paulo Bonavides analisa em seu livro Constituinte e C momentos mais graves, turbulentos e aflitivos da crise presid e busca fazer e colocar no centro de suas reflexões uma análi idéias do momento político em que se concretizou a t militar de 1964 á nova ordem constitucional estabelecida em 1 que contemplava a passagem do governo dos decretos le leis. Paulo Bonavides lembra o magistério constitucional Ruy o autor define como autor de considerações que eternizam pera exemplo e a grandeza da fé e revela grande consideração a Ruy tem como sentinela da Constituição, açoite das ditaduras, a estética da liberdade e a imagem do Estado de Direito, pois através dos s patrióticos, houve uma resistência da população contra historia política. Paulo Bonavides inicia o primeiro capitulo teoria da Constituição e Constituinte, na qual ele cita que d Constituinte como órgão de soberania e não como órgão pois totaliza o poder político da coletividade nacional numa Para Bonavides “A Constituinte e a Constitui ção significam passos fundamentais no processo de legitimação do poder em cadasociedade democrática”. (p. 15) “Todo o problema de uma nova Constituição será o de pôr t abismo entre a lei à realidade, entre a forma e o conteúdo, e pensa e sente e o que apenas pensam as suas elites, as quais, sempre fizeram nossasConstituições debruçando-se sobremodelos estrangeiros”. (p.16) Segundo Bonavides “Um processo constituinte legitimo não pode discrimin coletividades, pessoas e esferas de opinião, não pode política de 10 milhões de analfabetos da área rural mutilar a participação política do povo brasileiro, não pode elites nem o instrumento da espoliação dos direitos políticos, não pode tampouco se fazer sem audiência daqueles que, a míngu materiais e de cumprimento de um dever social da parte do Estrado”. (p. 17)

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O autor Paulo Bonavides analisa em seu livro Constituinte e Constituio, os momentos mais graves, turbulentos e aflitivos da crise presidencial do sistema, e busca fazer e colocar no centro de suas reflexes uma anlise judiciosa das idias do momento poltico em que se concretizou a transio da ditadura militar de 1964 nova ordem constitucional estabelecida em 1988, nova ordem que contemplava a passagem do governo dos decretos leis ao governo das leis. Paulo Bonavides lembra o magistrio constitucional Ruy Barbosa, em que o autor define como autor de consideraes que eternizam perante a nao o exemplo e a grandeza da f e revela grande considerao a Ruy Barbosa, e o tem como sentinela da Constituio, aoite das ditaduras, a esttica da liberdade e a imagem do Estado de Direito, pois atravs dos seus discursos patriticos, houve uma resistncia da populao contra a ditadura em nossa historia poltica. Paulo Bonavides inicia o primeiro capitulo do livro expondo sua teoria da Constituio e Constituinte, na qual ele cita que deve convocar-se a Constituinte como rgo de soberania e no como rgo de representao, pois totaliza o poder poltico da coletividade nacional numa ocasio histrica. Para Bonavides A Constituinte e a Constituio

significam

passos

fundamentais no processo de legitimao do poder em cada sociedade democrtica. (p. 15) Todo o problema de uma nova Constituio ser o de pr termo a esse abismo entre a lei realidade, entre a forma e o contedo, entre o que a nao pensa e sente e o que apenas pensam as suas elites, as quais, no passado, sempre fizeram nossas Constituies debruando-se sobre modelos estrangeiros. (p.16) Segundo Bonavides Um processo constituinte legitimo no pode discriminar coletividades, pessoas e esferas de opinio, no pode ignorar a vontade poltica de 10 milhes de analfabetos da rea rural do Nordeste, no pode mutilar a participao poltica do povo brasileiro, no pode ser o egosmo das elites nem o instrumento da espoliao dos direitos polticos, no pode tampouco se fazer sem audincia daqueles que, a mngua de benefcios materiais e de cumprimento de um dever social da parte do Estrado. (p. 17)

No parece duvida que a constituinte seja compromisso ou pacto e que a Constituio ser a ata desse pacto, dessa congregao soberana de vontades, mas para alcanar a constituinte com legitimidade ou para a Constituio ser legitima, no apenas pela forma, mas tambm pelo contedo. (p. 18)

Paulo

Bonavides

cita

algumas

solues

para

a

remoo

da

crise

constitucionalista A soluo para o problema institucional finalmente a convocao de uma assembleia constituinte que ocupar todo o espao poltico para o exerccio do poder constituinte originrio. (p. 20) O exerccio eficaz do poder constituinte para elaborar uma Constituio aberta e pluralista comea com o povo como fora de opinio [...] passa pelo grande canal da Assembleia Nacional constituinte e, finalmente, completando o ciclo da legitimidade fundamental, termina com o referendum constituinte do povo soberano. (p. 23) O autor inicia o tpico seguinte, explicando o problema da legitimidade O problema da legitimidade basicamente um problema de consenso: pelo menos em se tratando de estabelecer uma ordem democrtica e pluralista, onde o consenso aparece como categoria central, o eixo de toda normatividade, o liame da juridicidade com a facticidade, o trao de unio do constitucional com o real. (p. 24) A Constituio do Estado social deve ser basicamente o cdigo do consenso e do pluralismo e no a bblia de uma ideologia ou o programa de planejamento de um sistema centralizador que estatize ou tenda a estatizar todos os poderes decisrios da Sociedade. (p. 29) No quarto tpico o autor define a evoluo constitucional do Brasil A evoluo constitucional do Brasil principia, em verdade, antes da formao do Estado e da Nao. Principia com um mineiro que esteve presente Revoluo Pernambucana de 1817 e elaborou um projeto provisrio de bases

constitucionais que no foi em rigor uma Constituio, mas uma lei orgnica precursora, de 28 artigos, aonde certas conquistas do pensamento liberal j vinham consignadas. (p. 37)

Sobre a ordem econmica e social nas Constituies do Estado social, Bonavides diz que A ordem social e econmica fez primeiro sua estreia ideolgica nos grandes debates da filosofia poltica do sculo XIX (p. 47), e acrescenta que O Estado social hoje a nica alternativa flexvel que a democracia ocidental, a nosso ver, ainda possui; a aspirao mxima dos juristas da liberdade perante a opo negativa e fatal de uma sociedade repressiva e totalitria. (p. 49) A Ordem econmica e social durante a primeira fase de aceitao positiva do principio do Estado social nas Constituies do sculo XX corresponde em grande parte a uma pauta meramente programtica, que ainda se poderia examinar traando o perfil constitucional dos avanos e mudanas que houve a esse respeito em relao ao Brasil e suas instituies fundamentais. (p. 51) Toda ordem econmica e social das Constituies contemporneas revela, todavia, de modo confessado ou implcito, como j se tem sobejamente observado, um celta grau de adeso ao principio da estatalidade social. Mas nldo de acordo com os limites postos interveno do Estado na sobredita ordem. (p. 51) A teoria do Estado social se acha direta e imediatamente vinculada nas Constituies de nosso tempo ao capitulo da Ordem Econmica e Social e, portanto, extenso e verticalidade dos preceitos que se relacionam com esta ordem, fazendo-a ora mais apartada, ora mais convizinha dos interesses sociais incorporados realidade constitucional e as condutas respectivas pertinentes a grupos e indivduos. (p. 52) o Estado social que subvenciona e incentiva a empresa privada da mesma forma que institui o salrio desemprego e, se necessrio, aquele que enfrenta, como Estado empresarial ou entreposto regulador, as crises de abastecimento,

combatendo por essa via manobras altistas e especulativas, com a finalidade de conter ou reprimir os ndices disparados da presso inflacionria. (p.54)

No sexto tpico Paulo Bonavides fala sobre o Congresso e a Constituinte, exemplificando o momento atual do Pas O atual quadro constituinte que o Pais vive o mais singular e complexo de toda historia constitucional [...] o poder constituinte emerge dentro da esfera do sistema representativo vigente, sombra de uma Constituio que no foi derrogada e que serve ainda de instrumento convocatrio desse poder (p. 57) Com efeito, houve j uma revoluo nos fatos e no campo de opinio, mediante a qual se ps abaixo a ordem autoritria, cuja continuidade ameaava reduzir-nos a um povo de sditos vassalos. No precisava pois de haver a derrubada formal do passado. Deste, vantajosamente j nos desfizemos, sem o golpe de Estado, sob o decreto-lei, sem o derramamento de sangue. A convocao da Constituinte legtima- o que no foi, porm, legtimo na dimenso propugnada foi o ato convocatrio, o contedo constituinte da Emenda encaminhada pela mensagem do Executivo ao Congresso Nacional. (p. 57) que Sem o referendum constituinte no h

O

autor

acrescenta

verdadeiramente Constituinte livre e soberana, pois um povo no pode alienar sua vontade suprema numa representao exposta e vulnervel s mais poderoso e subjugantes presses daquelas focas capazes de concretizar o suborno eleitoral, se no reprimirmos o abuso do poder econmico sobre as urnas da Constituinte. (p. 58)

Paulo Bonavides ainda apresenta no presente capitulo o seguinte problema, Mas o problema da composio da Constituinte ainda mais se agrava, do ponto de vista da legitimidade, se examinarmos o papel que nela podero desempenhar os 23 senadores eleitos em 1982. Se ela participarem, no tero ttulo legtimo para faz-lo e, se deixarem de participar, somente podero ser removidos por um ato de cassao branca do mandato que exercem. (P. 59)

O Autor dispe sobre o poder militar na crise do Estado Constitucional O Primeiro Reinado foi nossa primeira ditadura militar encabeada por quem, alis, no vestia uniforme. Do golpe de Estado contra o Colgio Constituinte de 1823 Abdicao transcorreu uma poca de hegemonia militar a que D. Pedro presidiu, da mesma maneira como Vargas, decorrido mais de um sculo, presidiria a outra ditadura de igual teor compressivo. Ambas formalmente amparadas em Cartas outorgadas, mas ambas regendo a Nao sombra das baionetas, com todo o poder civil em estado de stio ou recesso; ali, com as Comisses Militares, que atemorizavam a Sociedade; aqui, com a sombra do Estado, trazendo para as instituies a escurido do absolutismo. O Estado Novo, tanto quanto o Primeiro Reinado, teve por base de seu poder os quartis e no a vontade civil da sociedade. (p. 60) Bonavides acrescenta que A funo intervencionista do poder militar quase, sempre corta, mas no desata o n das dificuldades institucionais. Ela tanto se revela conservadora como reformista e at mesmo revolucionria. (p. 63) O poder militar traz, porm consigo, em algumas formas de sociedade, grave doena, s vezes de todo incurvel. A impossibilidade de cura decorre de um fator que intensifica a dependncia e a escala de sujeio econmica externa e interna de tais sociedades: o militarismo. (p. 63) Sobre Constituinte e Democracia o autor A Constituinte da Sociedade fez-se titular, pois, de um poder constituinte material e j se acha convocada pelo Pas todo. Em cada circulo de ideias e de interesses a opinio pblica debate a futura Constituio. Ela tem por recinto a nao inteira. O fato, indito em nossa histria constitucional, demonstra em primeiro lugar a latitude da participao popular no processo constituinte. (p. 79) O poder constituinte material j fez sua estreia fundando a Nova Republica. Vamos aguardar que venha breve o poder constituinte formal [...] O povo que ontem foi sdito hoje cidado. Viva, pois, a Nova Repblica e viva o futuro da democracia brasileira (p. 81)

No nono tpico o autor Paulo Bonavides fala sobre Constituio e normatividade As possibilidades de institucionalizar no Pas um efetivo poder democrtico dependem, sobretudo da correspondncia da Constituio com a realidade. A crise constitucional do sculo XX nos serve de lio, ensinandonos com mais evidncia do que nunca, a existncia de duas Constituies e dois poderes constituintes: uma Constituio e uma constituinte de aspecto formal e jurdico co, ao lado de outra Constituio e poder constituinte, de natureza basicamente material, sociolgica e permanente. (p. 81) Toda Constituio tem duas dimenses: uma jurdica, outra poltica. Mas autores como Lassalle e Jellinek, exprimindo a fadiga e a exausto do formalismo positivista, bem como a ineficcia da Constituio escrita perante o ttico e o real, levaram seu ressentimento critico a uma extremidade oposta, ao levantarem a tese de que na origem e na essncia as questes constitucionais eram e continuam sendo questes de poder e no questes jurdicas, com todas as consequncias que deste entendimento errneo advm para o Direito Constitucional, tido no mais por cincia do dever-ser e do normativo (sollen), mas unicamente do ser, da realidade, do existencial (sein). (p. 83) Bonavides fala sobre o poder Constituinte O poder constituinte

essencialmente um poder de natureza poltica e filosfica, vinculado ao conceito de legitimidade imperante numa determinada poca. (p. 87) O autor comenta sobre a necessidade de uma Constituio Todo sistema poltico quando funciona normalmente pressupe uma ordem de valores sobre a qual repousam as instituies. Em se tratando de um sistema democrtico do modelo que cultivamos no ocidente, essa ordem representada pela Constituio, cujos princpios guiam a vida pblica e garantem a liberdade dos cidados. (p. 91) Sobre a Constituio e a legitimidade o autor fala O preconceito poltico dos mais soezes e daninhos obstculos normatividade institucional dos Estados. Conduz no raro governos e sistemas runa unicamente por se aferrarem a posies inabdicveis, contra a razo e a evidncia dos acontecimentos e das

necessidades. A histria fala eloquente a esse respeito, com testemunhos nada desprezveis. Tem-se dito muitas vezes que urna pequena reforma evita uma grande revoluo. O tino do estadista est em saber determinar a hora da mudana, chegando com o remdio certo na ocasio precisa. (p. 93)