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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Diretoria de Projetos Especiais Projeto a Vez do Mestre Curso Marketing no Mercado Globalizado O ATENDIMENTO AO CLIENTE COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO Izabel Pereira da Silva Kocourek Orientador: Prof. Nilson Guedes de Freitas Rio de Janeiro, RJ, fevereiro\2002

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Page 1: O ATENDIMENTO AO CLIENTE COMO … PEREIRA DA SILVA KOCOUREK.… · estudo de caso do Programa Clientar da Xerox do Brasil e a conclusão. No primeiro capítulo se identificará a

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Diretoria de Projetos Especiais Projeto a Vez do Mestre

Curso Marketing no Mercado Globalizado

O ATENDIMENTO AO CLIENTE

COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO

Izabel Pereira da Silva Kocourek

Orientador: Prof. Nilson Guedes de Freitas

Rio de Janeiro, RJ, fevereiro\2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Diretoria de Projetos Especiais Projeto a Vez do Mestre

O ATENDIMENTO AO CLIENTE

COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO

Izabel Pereira da Silva Kocourek

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Marketing no Mercado Globalizado

Rio de Janeiro, RJ, fevereiro\2002

Page 3: O ATENDIMENTO AO CLIENTE COMO … PEREIRA DA SILVA KOCOUREK.… · estudo de caso do Programa Clientar da Xerox do Brasil e a conclusão. No primeiro capítulo se identificará a

Agradeço a todos que direta e

indiretamente contribuíram para execução

desta pesquisa.

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Dedico este trabalho ao meu esposo Zenari e a todos aqueles que acreditam no atendimento ao cliente como diferencial competitivo.

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SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................................ 08

1.Diferenciação, Estratégia & Competição ....................................................................... 09

1.1 Planejamento Estratégico ............................................................................................. 09

1.2 A Concorrência............................................................................................................... 10

1.3 Vantagem Competitiva .................................................................................................. 11

1.4 Estratégias Genéricas .................................................................................................... 14

1.5 Diferenciação do Produto................................................................................................ 16

1.6 Qualidade e Serviço ........................................................................................................ 19

1.7 Criação de Valor ............................................................................................................. 22

1.8 Impactos Sobre a Demanda ........................................................................................... 24

2. O Atendimento ao Cliente ................................................................................................ 26

2.1 Conceituação ................................................................................................................... 27

2.2 Um Novo Fator de Diferenciação Competitiva ............................................................ 29

2.3 A Reclamação ................................................................................................................. 32

2.4 Os Perigos do Crescimento ............................................................................................ 33

2.5 Excelência em Serviço .................................................................................................... 34

3. Políticas, Estratégias e Exemplos .................................................................................... 38

3.1 Políticas de Atendimento ao Cliente .............................................................................. 38

3.2 Estratégia de Serviços .................................................................................................... 39

3.3 O Departamento de Serviços ao Consumidor ............................................................... 41

3.4 Uma Visão Gráfica .......................................................................................................... 42

3.5 O Exemplo dos Restaurantes ......................................................................................... 43

3.6 Itaú – Uma Abordagem Direta ....................................................................................... 45

4. Programa Clientar – O Caso Xerox ................................................................................. 47

4.1 Histórico .......................................................................................................................... 48

4.2 A Ideologia do Clientar ................................................................................................... 49

4.3 O “Credo Clientar” ......................................................................................................... 49

4.4 O Clientar 2000 ............................................................................................................... 50

4.5 Suporte ............................................................................................................................. 51

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4.6 Indicadores de Satisfação ............................................................................................... 51

4.7 Reconhecimento e Recompensa ..................................................................................... 54

4.8 Treinamento ..................................................................................................................... 55

4.9 O Relacionamento Com o Cliente ................................................................................... 55

Conclusão ................................................................................................................................ 59

Bibliografia .............................................................................................................................. 62

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RESUMO

A idéia central dessa monografia é analisar o papel do atendimento ao cliente como

diferencial competitivo de uma empresa. Diferenciação competitiva é quando uma empresa,

por algum meio, se destaca das suas concorrentes conseguindo um “algo mais” que a coloque

em posição de vantagem frente às outras competidoras.

O estudo aqui presente conclui que atualmente o atendimento ao cliente é sim, uma

poderosa arma competitiva capaz de trazer lucros e fidelidade à empresa que o praticar

corretamente, sendo então uma meta obrigatória para todas as companhias, empresas e

negócios que não possuam uma clientela fixa e cativa independente do tratamento dispensado

a minoria hoje em dia, com certeza.

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INTRODUÇÃO

Atualmente, com o número de consumidores crescendo vertiginosamente, as empresas

deveriam estar satisfeitas em apenas vender seu produto. Cliente não falta. Todavia, a

quantidade de novas empresas que surgem no mercado também é assustadora se formos

comparar com apenas algumas décadas atrás (época em que boa parte das grandes empresas

de hoje surgiam no mercado). Não basta mais apenas vender seu produto para o consumidor,

pois aquela pode ter sido a primeira e última vez. Da segunda compra em diante ele pode estar

no concorrente. É preciso cativá-lo, fazer com que ele deseje voltar e continuar com a mesma

empresa. E para isso, a opinião vigente no momento é que a melhor arma são os serviços e o

atendimento que a empresa presta ao seu consumidor, antes, durante ou após a venda.

Dada a amplitude do tema proposto, essa monografia se limitará ao estudo do

Atendimento ao Cliente como uma estratégia de diferenciação competitiva, visando analisar

até que ponto o atendimento é realmente “A” arma competitiva moderna. Sendo ou não

importante ou valorizado pelas empresas atuais. E espera-se ao final desse trabalho ser capaz

de afirmar o quanto esse diferencial competitivo é mesmo válido, como ele é usado e qual sua

importância para os consumidores e as empresas.

Esta monografia se apresenta da seguinte forma: primeiro é apresentado uma base

teórica e histórica sobre o assunto, após essa introdução o Atendimento ao Cliente será visto

de mais perto, com exemplos e processos empresariais usados e, por fim, será apresentado o

estudo de caso do Programa Clientar da Xerox do Brasil e a conclusão.

No primeiro capítulo se identificará a base do que vem a ser um diferencial

competitivo e as estratégias de diferenciação, e apresenta os principais aspectos e fatores que

influenciam sua necessidade. O segundo capítulo trata do atendimento ao cliente

propriamente dito, conceituando os vários aspectos envolvidos, idéias de vários autores sobre

o tema, os erros mais comuns e as peculiaridades dos serviços ao consumidor. O terceiro

capítulo abordará de forma breve, assuntos como: políticas de atendimento, estratégias, a

função de um departamento de serviços ao consumidor, foco e chaves no atendimento ao

cliente e exemplos dos padrões de atendimento no setor alimentício e bancário. O quarto

capítulo é o estudo de caso, analisando e detalhando o Programa Clientar, o programa de

atendimento e melhoria no trato com o cliente, interno ou externo, da Xerox do Brasil. O

quinto capítulo serão as conclusões, de um ponto de vista geral e no tocante ao estudo de caso.

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1. DIFERENCIAÇÃO, ESTRATÉGIA & COMPETIÇÃO.

O atendimento ao cliente (ou serviços ao consumidor, ou uma mistura de ambos os

termos, entre tantos outros), é, do ponto de vista mais simples, uma estratégia para busca do

lucro. Pode servir a vários propósitos, mas na sua base, nada mais é do uma estratégia. Um

plano para atrair clientes. E mantê-los se possível. E lucrar com isso! Por esse motivo, para

uma melhor compreensão e análise da sua importância, é preciso ver suas “origens”, entender

como ele surgiu aos poucos, numa evolução natural.

1.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O termo estratégia tem diferente significado. Para melhor entender sua natureza,

podemos citar alguns:

Estratégia:

- Arte de planejar e explorar movimentos e condições visando alcançar ou manter posições

favoráveis sobre determinados objetivos específicos.

- Um plano, ações programadas, um curso de ações intencionais, ou um meio de se chegar a

resultados específicos.

- Uma posição ou união entre a organização e a área de produto/mercado.

- A visão, a perspectiva de uma organização.

Cada empresa que compete em um mercado possui uma estratégia competitiva, seja

ela explícita ou não. Essa estratégia tanto pode ter sida desenvolvida por meio de um processo

planejado, como pode ter evoluído aos poucos através das atividades de seus vários

departamentos.

As ênfases dadas hoje em dia ao planejamento estratégico nas empresas deixam mais

claras a busca dos benefícios que podem ser obtidos com um processo de formulação

estratégica, garantindo que, no mínimo, as políticas e ações dos departamentos sejam

coordenadas e dirigidas tendo em mente um conjunto comum de metas.

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A rápida mudança no meio ambiente das empresas, causadas pela saturação dos

mercados, descobertas tecnológicas ou o surgimento de novos concorrentes, fazem com que

antigos métodos organizacionais deixem de ser suficientes para lidar com as novas ameaças e

oportunidades. “Sem o auxílio de uma estratégia unificadora, haverá uma elevada

probabilidade de que partes diferentes da organização cheguem a respostas distintas,

contraditórias e ineficazes”. 1

Planejamento estratégico pode então ser definido como “O processo gerencial de

desenvolver e manter uma adequação razoável entre objetivos e recursos da empresa e as

mudanças de oportunidade de mercado”. 2

1.2 A CONCORRÊNCIA

A essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia

ao seu meio ambiente, enfocando principalmente a concorrência que a cerca.

A concorrência está no âmago do sucesso ou do fracasso das empresas e é ela que,

bem ou mal, acaba determinando as atividades que podem contribuir para o desempenho das

demais. A estratégia competitiva consiste na busca de uma posição favorável em um mercado,

visando que esta também se torne uma posição lucrativa e, de preferência, sustentável.

Segundo Porter3, o grau de concorrência em um mercado depende de cinco forças

competitivas básicas, vista a seguir:

1. Entrantes potenciais:

Novas empresas que entram para um mercado trazem nova capacidade, o desejo de

ganhar parcelas de mercado e, freqüentemente, recursos substanciais.

________________________________ 1 Ansoff, Igor – A Nova Estratégia Empresarial, Editora Atlas, 1990. 2 Kotler, Philip – Administração de Marketing – Análise, Planejamento e Controle, Ed. Atlas, 1985. 3 Michael E. Porter, Vantagens Competitiva, Editora Campus, 1993.

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2. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes

A rivalidade entre os concorrentes existentes assume a forma corriqueira de disputa

por posição com o uso de táticas como concorrência de preços, batalhas de publicidade,

introdução de produtos e aumento dos serviços ou garantias ao cliente.

3. Pressão dos produtos substitutos

Todas as empresas em um mercado estão competindo, em termos gerais, com

empresas que negociam produtos substitutos, ou seja, que poderiam substituir o seu ponto de

vista do consumidor.

4. Poder de Negociação dos Compradores

Os compradores competem com as empresas e indústrias forçando os preços para

baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando os concorrentes uns

contra os outros as custas da rentabilidade das empresas.

5. Poder de Negociação dos Fornecedores

Por último, os fornecedores também podem exercer poder de negociação sobre os

participantes de um mercado, ameaçando elevar preços ou reduzir a qualidade dos bens e

serviços fornecidos.

O conjunto destas forças determina o potencial de lucro final na empresa. A meta da

estratégia competitiva para uma empresa é encontrar uma posição onde a companhia possa

melhor se defender contra estas forças competitivas ou influenciá-las a seu favor.

Esta posição defensável frente à concorrência deve ser obtida no sentido de se evitar

ou reduzir ao máximo os efeitos da competição. Isto só é possível caso a empresa possua uma

vantagem competitiva que os competidores não possam alcançar ou neutralizar.

1.3 VANTAGEM COMPETITIVA

“A vantagem competitiva existe quando a empresa oferece um valor percebido maior

ao consumidor, resultando em uma preferência por seus produtos ou serviços, e que estes

sejam oferecidos a preços capazes de cobrir os custos necessários para que tenha este maior

valor”. 4

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A crescente intensidade da competição em mercados de todo o mundo acentua a

importância de se conquistar e sustentar uma vantagem competitiva. Jack Welch, Chairman

da General Eletric declarou: “Se você não tem uma vantagem competitiva, não compita”.

Basicamente uma vantagem competitiva sustentável pode ser obtida de duas maneiras:

• Oferecer benefícios na performance do produto que os outros não possam alcançar;

• Oferecer benefícios equivalentes na performance do produto, mas a preços que os

concorrentes não possam arcar.

As empresas procurando vantagens são estimuladas a desenvolver competências

distintas e gerenciá-las a fim de obter menores custos de produção e distribuição ou

diferenciação através de um valor superior para os consumidores. O retorno prometido é o

domínio da participação de mercado e lucratividade acima da média.

Afim de que estes objetivos sejam atingidos, a gerência deve entender as razões das

vantagens atuais (suas e de seus concorrentes) e as deficiências do negócio (suas e de seus

concorrentes também, para usá-las a seu favor).

Entender as necessidades e desejos dos consumidores é crítico na influência da

satisfação deles. E clientes satisfeitos criam vantagem competitiva relativamente sustentável

para a empresa.

____________________________ 4 Czeriel, John – Estratégia Competitiva de Marketing, Ed. Prentice Hall, 1992.

Page 13: O ATENDIMENTO AO CLIENTE COMO … PEREIRA DA SILVA KOCOUREK.… · estudo de caso do Programa Clientar da Xerox do Brasil e a conclusão. No primeiro capítulo se identificará a

“Nenhum negócio será duradouro se a empresa não levar em conta a necessidade

de adaptar o seu produto ou serviços às transações, expectativas e necessidades de seus

clientes e de seus consumidores. Ter um bom produto ou serviço do ponto de vista

tecnológico não basta, é preciso reconhecer suas limitações, suas competências e suas

vantagens com relação à concorrência”. 5

Até alguns anos atrás, duas abordagens distintas podiam ser identificadas para a

obtenção de vantagens frente ao concorrente. Uma é enfocada no consumidor (Customer

Focused) e a outra é primariamente centrada nos competidores (Competitor Centered):

Competitor Centered:

Baseada na comparação direta do gerenciamento com alguns poucos competidores de

maior interesse. Esta abordagem é freqüentemente encontrada em indústrias e mercados

estagnados onde a ênfase é em vencer a competição. A questão chave é: como são nossas

capacidades e ofertas comparadas com os outros competidores? Estes negócios acompanham

custos de perto, rapidamente igualam as iniciativas dos concorrentes e buscam sustentar sua

vantagem na tecnologia. Os gerentes prestam grande atenção na participação de mercado e

confrontam suas vitórias e derrotas para detectar mudanças em sua posição competitiva.

Customer Focused:

Essa abordagem começa com uma análise detalhada dos benefícios ao consumidor

final e trabalha no sentido consumidor-empresa, a fim de identificar ações necessárias para

melhorar sua performance. Este direcionamento é percebido em empresas com serviços

intensivos como bancos, onde novos serviços são imitados facilmente, os custos de capital são

os mesmos e a entrada é fácil. Relativamente pouca atenção é dada às capacidades e

performance dos competidores, a ênfase é na qualidade das relações com os clientes.

Evidências de contínua satisfação dos clientes e lealdade são mais significativos do

que participação de mercado.

________________________________ 5 Cobra, Marcos – Plano Estratégico de Marketing, Editora Atlas, 1986.

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Abordagens competitivas baseadas no competidor induzem a uma preocupação com

custos e atividades controláveis, que possam ser diretamente comparadas com as mesmas

atividades dos concorrentes mais próximos. A abordagem focada no consumidor tem o

benefício de examinar as opções competitivas com base nas necessidades dos clientes e

percepção de superioridade, afinal, é ele quem compra.

1.4 ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

Apesar de ser difícil definir exatamente o que é uma vantagem competitiva dada sua

subjetividade, Porter defende que uma estratégia competitiva deve consistir de “ações

ofensivas ou defensivas para criar uma posição sustentável em uma indústria para enfrentar

com sucesso as cinco forças competitivas (citadas em 1.2), e assim, obter um retorno sobre o

investimento maior para a empresa”6. Continuando, ele afirma que as empresas, na busca de

soluções para atingir este fim, acabam por criar soluções únicas que refletem suas

circunstâncias particulares.

Todavia, em um sentido mais amplo, três estratégias genéricas podem ser

desenvolvidas a fim de se criar uma posição defensável em longo prazo e superar os

concorrentes dentro de um mercado:

1. Liderança no Custo Total:

Esta estratégia se tomou bastante comum nos anos 70 devido à popularização do

conceito de curva de experiência. Consiste em atingir a liderança no custo total de um

mercado através de um conjunto de políticas funcionais orientadas para este objetivo. A

liderança no custo exige a construção agressiva de instalações em escalas eficientes, uma

perseguição vigorosa da redução de custos pela experiência, um controle rígido dos custos e

das despesas gerais, que não sejam permitidos a formação de contas marginais dos clientes, e

a minimização dos custos em áreas como P&D, assistência, força de vendas, publicidade, etc.

____________________________ 6 Porter, Michael, Estratégia Competitiva, Editora Campus.

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Uma posição de baixo custo protege a empresa contra todas as cinco forças

competitivas, basicamente porque os concorrentes menos eficientes sofrerão antes as pressões

competitivas.

Seus riscos consistem na mudança tecnológica (que anula o investimento ou

aprendizado anteriores), aprendizado de baixo custo por outras empresas que entram na

indústria (ou por seguidores por meio de imitação ou de sua capacidade de investir em

instalações modernas), a incapacidade em ver as mudanças necessárias em seu produto em

virtude da atenção colocada no custo e a dificuldade da empresa manter o diferencial de

preços suficiente para sustentar a imagem do produto em relação ao preço dos concorrentes

ou outras formas de diferenciação.

2. Diferenciação:

Consiste em diferenciar o produto oferecido pela empresa criando algo que seja

considerado único no âmbito de todo o mercado. Os métodos para essa diferenciação podem

assumir muitas formas: projeto ou imagem de marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob

encomenda ou diversos outros aspectos. Em termos idéias, a empresa se diferenciaria sob

vários.

A diferenciação proporcional isolamento contra a rivalidade devido à lealdade dos

consumidores em relação à marca e à menor sensibilidade ao preço. Ela aumenta as margens,

o que exclui a necessidade de uma posição de baixo custo. A lealdade resultante do

consumidor e a necessidade da concorrência superar a supremacia colocam barreiras de

entrada. Com a diferenciação é possível lidar com o poder dos fornecedores e claramente

amenizar o poder dos compradores dado que lhes faltam alternativas comparáveis.

Esta estratégia apresenta os seguintes riscos: o diferencial de custos entre os

concorrentes de baixo custo e a empresa diferenciada torna-se muito grande para que a

diferenciação consiga manter a lealdade a marca, os compradores sacrificam assim algumas

das características, serviços ou imagem da empresa diferenciada em troca de grandes

economias de custo; a necessidade dos compradores em relação ao fator diferenciação

diminui e a imitação, que sempre vem em seguida, reduz a diferenciação percebida.

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3. Enfoque:

A última estratégia genérica consiste em enfocar um determinado grupo comprador,

um segmento da linha de produto ou um mercado geográfico. A estratégia visa em atender

muito bem o alvo determinado. Esta estratégia repousa na premissa de que a empresa seja

capaz de atender seu alvo estratégico estreito mais eficientemente do que os concorrentes que

estão competindo de uma forma mais ampla. Consequentemente, a empresa atinge

diferenciação por satisfazer melhor as necessidades de seu alvo particular, ou custos mais

baixos na satisfação deste alvo, ou ambos.

Os riscos inerentes a esta estratégia são: o diferencial de custos entre os concorrentes

que atuam em todo o mercado e as empresas que adotam enfoques particulares podem se

reduzir de tal modo que elimine as vantagens de custo de atender um alvo restrito ou anula o

diferencial alcançado pelo enfoque; a redução das diferenças nos produtos-serviços

pretendidos entre o alvo estratégico e o mercado como um todo; os concorrentes encontram

submercados dentro do alvo estratégico e desfocalizam a empresa com a estratégia de

enfoque.

A colocação em prática de qualquer uma destas estratégias genéricas exige, em geral,

comprometimento total e disposições organizacionais de apoio, que serão divididos se existir

mais de um alvo primário.

Todavia, essas estratégias, e suas performances, foram estudadas e observadas na

prática e notou-se que as performances de sucesso foram resultado de se ter uma vantagem

competitiva, não estritamente conseqüências das estratégias genéricas de Porter.

1.5 DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO

A diferenciação do produto pode ser originária de característica físicas e não físicas

deste, podendo ser baseada em fatores reais ou artificiais, dependendo da percepção de valor

do cliente.

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De acordo com Peter Drucker:

“é o cliente quem determina o que a

empresa é, pois é o cliente e somente ele

quem, por estar desejoso e disposto a pagar

por um bem ou serviço, transforma recursos

econômicos em riquezas, coisas em bens.

Não é de primordial importância o que a

empresa pensa que produz, principalmente

não para o futuro da empresa e para seu

bom êxito. O que é decisivo é o que o cliente

pensa que está comprando, o que ele

considera "valor" – isto é o que determina o

que uma empresa é, o que ela produz e se

ela prosperará.”7

A obtenção de uma posição diferenciada por uma empresa, permite que esta tenha

um “preço prêmio”, venda um maior volume do seu produto por um determinado preço ou

obtenha benefícios equivalentes, como uma maior lealdade do comprador.

Apesar da importância da diferenciação, suas fontes nem sempre são bem entendidas.

As empresas encaram as fontes de diferenciação em potencial de uma forma muito limitada.

Elas vêem a diferenciação em termos das práticas de marketing ou do produto físico ao invés

de considerarem que ela origina-se potencialmente em qualquer outro item valorizado pelo

consumidor. Em geral as empresas não se diferenciam muito entre si, porque buscam formas

de singularidade que os compradores não valorizam.

Qualquer produto pode ser diferenciado, até aqueles que aparentemente só se

diferencia das ofertas dos concorrentes através do preço. “Não existem produtos como

commodities, ao menos no ponto de vista competitivo eles não precisam ser. Tudo é

diferençável, e de fato, normalmente o são”. 8

____________________________ 7 Kotler, Philip – Administração de Marketing – Análise, Planejamento e Controle, Ed. Atlas, 1985. 8 Levit, Theodore – Marketing Success Throught Diferentiation.... of Anything, Harvard Business Review, 1980

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O produto que uma empresa oferece ao mercado pode variar em seu conteúdo. Ele

pode, por exemplo, consistir em um pouco mais do que o necessário para satisfazer os

benefícios prometidos. No caso de produtos físicos, o mínimo necessário pode consistir no

produto básico, na mais simples das embalagens, vendido à vista, sem as especificações do

produto, requerendo que o consumidor vá buscá-lo e sem garantia. Por outro lado, a oferta

pode ser o mesmo produto, com características extras e acondicionadas em uma embalagem

bonita e de proteção permanente, com acessórios, disponível para venda parcelada sem

pagamento inicial, contendo instruções de como utilizá-lo e qual o modelo que deve ser

adquirido. A oferta ainda poderá conter garantia contra defeitos de fabricação a da aplicação

do produto.

Claramente as duas ofertas são diferentes. Apesar de ambas poderem oferecer o

mesmo nível de benefício ao nível do produto genérico, o pacote total de benefícios que o

consumidor recebe é diferente em ambos. Ou seja, quando os conteúdos dos produtos das

empresas vendedores são dificilmente diferenciáveis, o poder de vendas muda para uma

diferenciação subjetiva, pela qual os compradores possam ser influenciados. O produto não é

só a “parte sólida” deste, o produto é a soma de todos os benefícios que o cliente recebe

quando o compra.

Levit, citado acima, sugere que estas ofertas de produtos podem ser analisadas com

referência ao produto genérico, produto esperado, produto ampliado e produto potencial.

Produto Genérico:

Consiste nos parâmetros mínimos do produto (ou serviço) necessários para se atingir

os benefícios básicos propostos. Nem todos os produtos genéricos são iguais, no entanto,

dificilmente as diferenças entre estes produtos são salientes.

Produto Esperado:

É o mínimo de tudo o que o consumidor considera como valor essencial dos

componentes para comprar a oferta. Representa as condições mínimas de compra necessárias

para que o consumidor adquira o produto. O produto genérico, em tese, somente pode ser

vendido se todas as expectativas dos consumidores forem atendidas. Diferentes modelos são

assim desenvolvidos para que estas expectativas sejam atendidas, desta forma, o caminho da

diferenciação segue ao atendimento destas expectativas.

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Produto Ampliado:

É aquele em que o vendedor tenha agregado valor a oferta acima das expectativas do

consumidor. A diferenciação não se limita a oferta que o consumidor está esperando. A

expectativa do consumidor pode ser superada em fatores que ele não tenha pensado antes.

Neste caso, o produtor estará excedendo as expectativas do consumidor. No entanto,

nem todos os compradores de todos os produtos em todas as circunstâncias podem ser

atraídos por uma expansão contínua da diferenciação. Alguns compradores podem preferir

preços baixos ao produto ampliado e alguns nem sequer poderão utilizar estes benefícios

adicionais.

Produto Potencial:

O conceito de produto potencial está relacionado a tudo o que possa ser feito para se

atrair e reter o consumidor. Suas limitações estão na imaginação e no orçamento disponível

para desenvolvê-los.

Dentro das empresas, diversas áreas (ou os investimentos nelas) podem afetar a

diferenciação do produto. Atividades de desenvolvimento de tecnologia podem resultar em

projetos de produtos com desempenho singular. As atividades de operações podem afetar

formas de diferenciação como aparência do produto, conformidade com as especificações e

confiabilidade. A logística pode aumentar a velocidade das entregas. As atividades de

marketing como não poderiam deixar de ser, têm freqüentemente um significativo impacto

sobre a diferenciação. Mesmo que o produto físico seja uma mercadoria de primeira

necessidade, quase todas as atividades numa empresa influenciam, de alguma forma, o

surgimento de algum tipo de diferenciação para ele.

1.6 QUALIDADE E SERVIÇO

Com a abertura econômica dos anos 90, a busca pela diferenciação se tornou

especialmente urgente. A explosão dos avanços tecnológicos, a grande quantidade de novos

competidores e o grande movimento rumo ao livre comércio, entre muitas outras coisas,

significam que o mercado de produtos e serviços está ficando cada vez mais ofertado.

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Neste contexto, nessa “arena”, estratégias do tipo “eu também” estão fadadas ao

fracasso.

“Os consumidores de amanhã, serão mais

exigentes e agressivos do que os de hoje. Eles

irão demandar mais, mais rápido, melhor e

mais barato e eles vão esperar isto com

bases nos seus próprios conceitos. Se os

consumidores não puderem encontrar suas

demandas com você, eles irão encontrar em

algum outro lugar, porque eles vão obter

um número cada vez maior de opções. Os

consumidores estão sendo bombardeados

por todos os lados com opções e seduções

que eles nunca imaginaram há apenas

alguns anos atrás”. 9

A essência de uma estratégia competitiva sustentável gira em tomo de uma empresa

ter habilidade para continuamente se diferenciar no mercado, isso já foi falado. A questão

agora é: como a empresa em questão se difere das outras organizações? O que a faz única no

mercado? De que modo especial ela acrescenta valor para o consumidor que ninguém mais

faz? E o que ela está fazendo para garantir que isso continue assim?

A condição necessária para que uma estratégia de diferenciação seja viável é a de que

exista uma ligação dos consumidores com atributos não ligados a preço, no entanto, esta não é

uma condição suficiente. Uma empresa deve ser capaz de construir e sustentar diferenciações

que possam ser notadas pelos consumidores na oferta do produto como imagem de marca,

embalagem, serviços pré e pró-venda, etc.

____________________________ 9 Harari, Oren – The Secret Competitive Advantage Management Review, Janeiro/1994

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Inovações, por exemplo, podem produzir um produto que seja percebido pelos

consumidores como sendo superior às ofertas dos concorrentes. Mas assim que o mercado

amadurecer, os concorrentes também estarão seguindo as mesmas especificações, uma vez

que são as preferências dos consumidores.

Uma estratégia de diferenciação baseada na superioridade do produto depende,

assim, da habilidade da empresa em manter estas diferenças contra a imitação da

concorrência.

Em função da dificuldade de se garantir uma diferenciação sustentável através da

inovação de produtos, outras bases de diferenciação devem ser encontradas. Duas têm

recebido ultimamente uma atenção especial na conquista de clientes: Qualidade e Serviço.

Quando o ciclo de vida do produto começa, os consumidores não têm condições para

comparar a performance atual do produto com uma performance padrão (não há padrão).

Entretanto, quando uma indústria ou mercado amadurece, os consumidores se tornam

conscientes do “histórico da performance” de cada produto, através de suas próprias

experiências, pelo que ouviram falar, por instituições de proteção aos consumidores, através

de boca-à-boca ou através dos próprios produtores. E, se a qualidade é entendida como

relação entre a performance atual com a “performance padrão”, variações de qualidade terão

um impacto bem maior quando o mercado estiver amadurecido.

Como já foi dito, o custo que um consumidor incorre em adquirir um produto ou

serviço não inclui simplesmente o preço de compra do produto, mas também inclui a

inconveniência, a incerteza e desgostos potenciais associados ao processo de compra. Se o

custo atual do preço do produto é relativamente baixo comparado com estes outros custos,

uma estratégia viável reside na diferenciação baseada também em serviço.

A diferenciação baseada na qualidade, confiabilidade e serviços são mais duráveis

porque normalmente é mais difícil de ser sustentada. Um simples ato de imitação pode

eliminar a vantagem que um design inovador propício a uma empresa (vide estilo translúcido

de alguns modelos de micro da Apple, atualmente imitados a níveis assustadores), mas

qualidade e serviço podem ser sustentados apenas através de uma atenção integral de toda a

organização.

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A viabilidade de uma estratégia de diferenciação depende de um grande número de

variáveis. Quando uma classe de produtos é nova, a melhor maneira de se distinguir no

mercado pode ser o design superior. Mas quando o mercado amadurece a capacidade de

sustentar essa diferenciação cai, não só porque a imitação já se torna mais comum, como

porque a familiaridade dos consumidores com o produto aumenta, e a diferenciação baseada

em serviços, confiabilidade e qualidades superiores se toma preferível.

1.7 CRIAÇÃO DE VALOR

Afim de que uma simples diferença resulte em uma real diferenciação, é necessário

que ela seja de valor para o consumidor. O produto ou serviço de uma empresa é um insumo

adquirido para a cadeia de valores de um comprador. No entanto, o que vem a ser valioso para

qualquer tipo de comprador depende de como um produto e a empresa que o fornece afetam a

cadeia do comprador.

Uma empresa cria valor para um comprador, que justifique um preço maior, um

maior volume de vendas de seu produto ou uma maior lealdade do comprador, através de dois

mecanismos:

- reduzindo o custo para o comprador;

- elevando o desempenho do produto.

Qualquer coisa que uma empresa possa fazer para reduzir o custo total do comprador

na utilização de um produto ou outros custos, representa uma base potencial para a

diferenciação. Ações que reduzam o custo de particularidades que comprador valorize, que

representem uma parcela significativa de seu custo, constituem as oportunidades mais

importantes.

Existem, com freqüência, inúmeras formas de se diminuir o custo do comprador.

Uma empresa pode reduzir o custo, por exemplo:

- reduzindo o custo de entrega, instalação e financiamentos;

- reduzindo o índice necessário de consumo do produto (com cuidado, claro);

- reduzindo o custo direto de utilização do produto como mão de obra, combustível,

manutenção e espaço necessário;

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- reduzindo o custo indireto de utilização do produto ou o impacto do produto sobre

outras atividades de valor;

- reduzindo o custo em outras atividades de valor sem ligação com o produto físico;

- reduzir o risco de falha do produto.

Para elevar a satisfação do comprador é preciso que se compreenda qual o

desempenho desejável sob seu ponto de vista. Como elevar a satisfação de compradores

industriais, comerciais e institucionais depende daquilo que cria diferenciação junto a eles, as

necessidades dos compradores precisam ser compreendidas. Uma empresa pode elevar o

desempenho de seu produto frente aos clientes até se o produto ajudá-los a atingir suas metas

não econômicas como status, imagem ou prestígio.

A aplicação destes fundamentos a um mercado particular resulta na identificação dos

critérios de compra. Estes critérios podem ser divididos em dois tipos:

Critério de Uso:

São critérios de compra originados do modo como um fornecedor/empresa afeta o

valor real para o comprador por meio de uma redução dos custos deste ou de uma elevação de

seu desempenho. Os critérios de uso poderiam incluir fatores como qualidade do produto,

características do produto, tempo de entrega e assistência técnica.

Critério de Sinalização:

Nesse caso, seriam critérios mais subjetivos, como publicidade, atratividade das

instalações, reputação da empresa e status obtido com o produto.

Os critérios de uso são medidas específicas daquilo que cria valor para o comprador.

Os critérios de sinalização são medidas de como os compradores percebem a presença do

valor. Enquanto os primeiros costumam estar mais orientados para produto, para a logística

externa e para as atividades de serviço de um fornecedor, os segundos em geral provêm de

marketing.

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1.8 IMPACTOS SOBRE A DEMANDA

O efeito imediato da diferenciação será o aumento dos custos de produção unitários,

entretanto estes custos caem com o incremento do volume, logo, o efeito em longo prazo

muito provavelmente será a redução destes. “Os investimentos despendidos para aumentar a

diferenciação do produto tem dois efeitos sobre a demanda. O primeiro é criar uma fidelidade

de marca, decrescendo a elasticidade de preços da demanda sobre os produtos da empresa. O

segundo é aumentar o apelo de um produto habilitando a empresa a capturar uma maior

participação de mercado a um dado nível de preço, incrementando o volume de vendas”. 11

O impacto da diferenciação sobre a demanda depende de três fatores principais:

1. A habilidade da empresa em diferenciar seu produto:

Todo produto pode ser visto como um conjunto de diferentes características ou

atributos. Um número maior de atributos dá maior liberdade para que surja a diferenciação.

Produtos relativamente homogêneos, como produtos químicos, têm poucos atributos e

oferecem poucas alternativas para a diferenciação. Produtos mais complexos, como motores

de carro, contém muitos atributos e oferecem maiores possibilidades.

Entretanto, não existe uma relação linear direta entre número de atributos e

oportunidades para a diferenciação. Mesmo um produto homogêneo pode ser diferenciado se

tiver utilizações diferentes e se eles são vendidos para diferentes grupos.

2. A natureza competitiva do meio ambiente:

A natureza competitiva modera a relação entre os gastos com diferenciação e a

demanda. Existem dois fatores críticos e significantes: a estrutura do mercado e o estágio de

evolução do mercado do produto.

_____________________ 11 Hill, Charles W. – “Diferentiation x Low Cost or Diferentiation and Low Cost”- Academy of Management Review, 1988.

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A estrutura do mercado é um fator determinante da competição. As outras coisas

permanecendo iguais, os mercados tendem a ser caracterizado por uma substancial

competição não baseada em preço. A maior razão para isto é o temor de uma “guerra de

preços”. Entretanto apesar dos esforços para a diferenciação parecerem ser maiores nesses

casos, isto não quer dizer que a diferenciação tenha um maior impacto na quantidade de

demanda nos mercados. Em mercados com poucos concorrentes estabelecidos o inverso pode

acontecer. Dado a ausência de uma competição de preços significativa, a diferenciação pode

ser necessária apenas para manter o corrente nível de demanda. Os esforços de diferenciação

dos maiores competidores podem anular os esforços dos outros competidores, desta forma, a

diferenciação desses competidores menores não incrementará a participação de mercado o

suficiente para que os investimentos com diferenciação sejam compensados.

Em contraste, em mercados fragmentados, a diferenciação pode ter um impacto

substancial na quantidade de demanda, habilitando a empresa a compensar os esforços

destinados à diferenciação. Nesse caso, a ausência de grandes competidores pode significar

que os esforços com a diferenciação não sejam anulados e sim recompensados.

O estágio de evolução do mercado é importante, pois ele abrange o “ciclo de vida do

produto”. O conceito de ciclo de vida do produto sugere que as forças competitivas sejam

mais fracas em mercados emergentes ou em crescimento do que em mercados maduros ou em

declínio, onde o crescimento é lento ou negativo. Por esta razão, em mercados em

crescimento, diferenciações bem sucedidas tendem a ter um impacto positivo no volume. Em

contrapartida, em mercados com crescimento lento ou negativo, a expansão de uma empresa

deverá ocorrer através da perda de mercado de alguma outra empresa. Isto torna a expansão

mais difícil e atenua a habilidade das empresas incrementarem seus volumes.

3. Comprometimento dos consumidores com produtos da concorrência:

O custo de mudança de produtos e a fidelidade de marca do consumidor são os outros

fatores que determinam a intensidade de como a diferenciação pode ser utilizada para

incrementar a demanda.

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Se o custo de mudança do consumidor de um produto de uma empresa for alto, o

impacto que a diferenciação tem na demanda vai ser atenuado. O custo de mudança tende a

ser maior quando os usuários tiverem moldado suas operações com os produtos da

concorrência e teriam de arcar em custos de organização ou adaptação para mudar seu

produto, exemplo claro sobre isso seria a mudança do sistema operacional de computadores

de uma empresa, seria necessário à alteração, compra e novo treinamento para cada programa

que seria substituído por conseqüência – que seriam quase todos.

Em adição, se o produto é percebido como algo relativamente trivial, de baixo custo

de mudança, a lealdade à marca tenderá a ser menor. A lealdade do consumidor para com o

produto final dependerá principalmente do estágio da evolução do mercado. Os esforços para

a diferenciação aumentam em um mercado, pois a lealdade do consumidor para com o

produto da empresa rival será maior neste estágio.

Assim sendo, a diferenciação baseada nas capacidades específicas de cada empresa

seria a ideal, pois é mais difícil de ser copiada e criaria a base de uma vantagem competitiva

sustentável quando todos os recursos significativos da administração de custos tiverem se

exaurido. Dentre outros, é por esse motivo que esta monografia visa analisar o diferencial

trazido pelo atendimento ao cliente, pois, apesar de existirem atitudes e regras já consagradas

sobre o assunto, é incomum que duas empresas apresentem o mesmo tratamento aos seus

consumidores. Se algo pode, na atual conjuntura do mercado, realmente beneficiar ou

prejudicar uma empresa, esse algo muito provavelmente é o atendimento a seus clientes.

2. O ATENDIMENTO AO CLIENTE

Em 1995, o segmento que mais crescia na economia norte americana era o setor de

serviços. Mais de 60% das pessoas empregadas trabalhavam em serviços; e essa porcentagem

foi estimada para chegar a 90% no ano atual. Talvez a estimativa estivesse superestimada,

mas se não chega a isso, pode-se dizer, mesmo sem pesquisas, que a porcentagem se

aproximou mais do que se estagnou.

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E se é assim lá fora, é de se esperar que cedo ou tarde seja assim em todos os lugares.

De onde se chega a outra conclusão: se cedo ou tarde será assim, quer dizer que todos, de uma

forma ou de outra, irão trabalhar com serviços. Isso tornará a percepção dessas pessoas quanto

ao assunto ainda mais apurada e exigente. O cliente deixou de ser o mero comprador para ser

aquele que dita as regras.

Theodore Levitt, guru de marketing da Universidade de Harvard, observa que “uma

empresa deveria abordar o relacionamento com o cliente como se fosse vitalício."

2.1 CONCEITUAÇÃO

“Atendimento ao cliente significa todos os aspectos, atitudes e informações que

ampliem a capacidade do cliente de compreender o valor potencial de um produto ou serviço

essencial”. 12

O atendimento ao cliente é uma forma de proporcionar tantas satisfações quantas

forem possíveis pela posse de um bem ou serviço adquirido.

“Satisfação do cliente é o grau de felicidade experimentada por ele. Ela é produzida

por toda uma organização – por todos os departamentos em todas as funções e todas as

pessoas. Entre os clientes se incluem compradores externos de bens e serviços da organização,

fornecedores, a comunidade local, funcionários, gerentes, supervisores e até acionistas”. 13

O atendimento ao cliente é, sobretudo uma forma de ampliar um produto vendido (“o

produto ampliado”, veste anteriormente). O serviço de atendimento se inicia na venda, para

identificar a real necessidade do cliente e para orientá-lo na compra do produto mais indicado.

O serviço prossegue durante a entrega e a instalação do produto e continua durante todo o

prazo de garantia do fabricante. A preocupação em satisfazer o cliente, em tese, não deveria

terminar até que o produto se acabasse ou o consumidor morresse – o que ocorresse por

último.

________________________________ 12 Levit, Theodore – Marketing Success Throught Diferentiation.... of Anything, Harvard Business Review, 1980 13 Detzel, Denis; Desatnick, Robert – Gerenciar Bem é Manter o Cliente, Ed. Pioneira, 1995.

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Um serviço é profundamente diferente de um produto físico. O serviço é um

resultado psicológico e fundamentalmente pessoal, ao passo que o produto físico é geralmente

impessoal quanto ao seu impacto sobre o cliente.

Todas as vezes que o consumidor entra em contato com a companhia, pessoalmente,

via correio ou via telefone, a resposta da empresa, o atendimento que ela prestará é um

serviço.

Algumas peculiaridades distinguem um produto de um serviço. As principais

características dos serviços são descritas a seguir:

Intangibilidade:

Os serviços são intangíveis, eles não podem ser vistos, sentidos, provados, ouvidos

ou cheirados antes de serem comprados. A intangibilidade significa que o serviço não pode

ser demonstrado antes da venda, você deve persuadir os consumidores de que você pode fazer

alguma coisa de que eles necessitem e que você pode fazer isto bem feito. Os consumidores

normalmente não sabem o que eles estão adquirindo até que eles o adquiram, e apenas neste

momento eles se tomarão conscientes do que barganharam;

Inseparabilidade:

Os serviços são produzidos e consumidos ao mesmo tempo, isto não é verdadeiro em

relação aos bens físicos, que são manufaturados, estocados, mais tarde vendidos e ainda mais

tarde consumidos. Se uma empresa presta um serviço ela é parte do serviço. Se o cliente

também está presente, a interação fornecedor-cliente será de importante influência no

resultado final;

Variabilidade:

Os serviços são altamente variáveis, à medida que dependem de quem os executa; de

quando e onde são executados e de quem os recebe;

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Perecibilidade:

Serviços não podem ser estocados, conseqüentemente, se o consumidor recebe um

serviço incompleto em uma semana, o dano não pode ser remediado na semana seguinte

quando o serviço for completado.

O serviço pode ser um meio pelo qual as empresas sustentam a vantagem competitiva

através da estratégia de diferenciação de Porter. A qualidade do serviço é particularmente

importante quando se busca a diferenciação através de esforços mercado ao invés das

inovações de produto.

2.2 UM NOVO FATOR DE DIFERENCIAÇÃO COMPETITIVA

As empresas, por mera tradição, têm se apoiado no velho esquema do mix de

marketing dos “4ps” – produto (tecnologia), preço (custo), promoção (venda) e praça (canais

de distribuição) – para a criação de estratégias. No entanto, elas estão percebendo que estas

abordagens tradicionais podem não ser muito eficientes para se obter uma vantagem

competitiva sobre os concorrentes. “A maioria dos mercados estão cheios de produtos com

essencialmente os mesmos benefícios, mesmo nos mercados com as maiores mudanças

tecnológicas, onde as empresas tendem a ser quase que totalmente dependentes de tecnologia

para colocá-las à frente da concorrência, a maioria dos produtos são baseados nos mesmos

microprocessadores, mesmos sistemas operacionais e assim por diante”. 14

Tornou-se incrivelmente difícil, se não impossível em algumas áreas, obter-se

produtos significativamente diferentes e superiores. Similarmente, a diferença de custo

(preço) entre os líderes de mercado não existe ou não é significativa. E quando alguma

empresa assume uma vantagem de custo sobre os concorrentes, inadvertidamente começa

uma “guerra de preços” com conseqüência desastrosa para todos, como já mencionado.

____________________________ 14 Singh, M. P. – Service as a Marketing Strategy – Industrial Marketing Management, 1990 nº 19

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E os elementos de promoção e distribuição, apesar de sua significância estratégica,

podem não ser efetivos para que os líderes de mercado melhorem suas posições. “Na

realidade, os elementos tradicionais de diferenciação competitiva estão caindo. Os mercados

estão superlotados. Os competidores imitam inovações de produtos rapidamente, as

propriedades de técnicas de industrialização são rapidamente difundidas pela indústria”. 15

Investimentos contínuos em tecnologia deverão ser efetuados, mas estes serão

necessários apenas para que os líderes de mercado mantenham sua liderança, em geral não

levarão à obtenção real de vantagens competitivas sobre os concorrentes.

Vejam o que falam autores e estudiosos sobre a decadência das vantagens

competitivas tradicionais e a ascensão do serviço ao consumidor:

Willian Guilles, consultor inglês de planejamento e estratégia de marketing, sugere

que “um dia, todos teremos a mesma tecnologia, plagiando-nos uns aos outros, então haverá

apenas uma pequena diferença entre a tecnologia e o sistema de entregas do concorrente. Em

termos de competição, voltaremos a linha de largada. O resultado é que a tecnologia

representa um investimento maciço apenas para ficar no jogo participar dele.”

“O grau de competência alcançado nas transformações de matérias primas em

produtos manufaturados e a competitividade baseada em sofisticadas tecnologias passaram a

ser variáveis de liderança transitória, insuficientes para garantir a satisfação dos clientes a

médio e longo prazo”. 16

Willian Davidow e Bro Uttal, colocam que “A guerra nos negócios voltou-se para um

novo campo de batalha. Na década de 1960, marketing era o lema para se conseguir vantagens

sobre a concorrência. Na década de 1970, produção tornou-se a palavra chave e a década de

1980 qualidade. Hoje a competição chegou a um novo campo de batalha – o serviço ao

cliente”. 17

____________________________ 15 Coyne, Kevin – Beyond Fads – Meanningfull Strategies for the World, 1989 16 Zulzke, Maria Lúcia – Abrindo a Empresa para o Consumidor – A Importância de um Canal de Atendimento, Qualitymark, 1991. 17 Davidow, Willian; Uttal, Bro – Serviço Total ao Cliente – A Arma Decisiva, Ed, Campus, 1991.

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“A transição de uma economia baseada na produção para uma economia baseada no

serviço é uma das tendências mais importantes do mundo empresarial moderno. A década de

90 foi com certeza à era da diferenciação de produtos com base em serviços cada vez mais

personalizados, de acordo com os diferentes tipos de consumo”. 18

“O serviço ao cliente é uma arma potente contra a concorrência em qualquer setor.

Os que conseguem fornecer um bom serviço ao cliente parecem dominar o setor em que

atuam, tanto em termos de crescimento de vendas quanto da rentabilidade da empresa, os que

demoram a perceber isto, acabam ficando para trás”. 19

A área de serviços não é apenas uma ferramenta para melhorar o posicionamento

estratégico de uma empresa, é também parte de uma época em que se respeitam mais os

direitos e desejos dos consumidores, é uma forma de obter mais lucro, reconhecimento frente

ao mercado e de garantir o cliente.

O serviço é muito importante do que se possa imaginar. Consumidores estão muito

mais propensos a trocar o vendedor em função de problemas nos serviços do que em função

de preços ou da qualidade do produto; esta é importante para recrutar o consumidor, mas a

qualidade dos serviços é fundamental para mantê-lo.

Manter o cliente sem se esforçar não parecia assim tão difícil antigamente. A maioria

dos consumidores é afetado pela condição humana comum da “inércia”, eles não querem

realmente mudar seus costumes. Preferem ficar com o que já é familiar tanto tempo quanto

possível. Mas existe um limite, quando o nível de satisfação cai o suficiente ou quando for

oferecida uma alternativa superior, os clientes simplesmente irão mudar de fornecedor.

Simples assim.

A ferramenta que a empresa deve “incentivar” e que pode solucionar essa situação na

maioria dos casos é uma velha conhecida de todos: a reclamação.

____________________________ 18 Boihagian, Carlos – O Atendimento ao Consumidor – Uma Abordagem Prática, EAESP, 1995.

19 Davidow, Willian; Uttal, Bro – Serviço Total ao Cliente – A Arma Decisiva, Ed, Campus, 1991.

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2.3 A RECLAMAÇÃO

Pesquisas demonstram que entre os clientes que não reclamam, 65 a 90% não

voltarão mais a comprar da mesma marca. E as empresas nunca ficarão sabendo que perderam

o cliente.

Segundo Theodore Levitt: “Um dos sinais mais seguros de que o relacionamento com

os clientes está ruim ou em declínio é a ausência de queixas. Ninguém jamais está tão

satisfeito assim, especialmente por um período de tempo prolongado. O cliente ou não está

sendo sincero ou não está sendo procurando”.

Reclamações são oportunidades para retificar o problema junto ao consumidor. As

empresas que respondam a essas oportunidades são recompensadas pela lealdade à marca.

De acordo com John Goodman, Presidente da TARP (technical Assistance Research

Programs), os consumidores que reclamam podem se tornar clientes leais. Dependendo do

valor monetário do seu problema, apenas de 9% a 37% dos consumidores infelizes que não

reclamaram fariam negócios com a mesma empresa uma segunda vez, mas de 50 a 80% dos

consumidores que reclamaram e tiveram seus problemas totalmente resolvidos dizem que

voltariam a fazer negócios com a empresa novamente.

Poucas empresas possuem uma organizada e coerente estratégia para manter o cliente

satisfeito ou para tentar salvar uma relação com um cliente insatisfeito. A maioria das

empresas acha mais fácil competir por novos clientes.

No curto prazo, estão sendo investidos vastos recursos para seduzir os consumidores,

mas é uma negligência não se preocupar com a satisfação e garantia dos clientes. “Em

mercados competitivos é muito mais econômico resolver um problema de um consumidor do

que perdê-lo e ter que investir para atrair um novo cliente. Se as empresas facilitarem a

comunicação, derem chances de expressão aos consumidores e desburocratizarem o

atendimento, estarão preservando seu mercado”. 20

________________________________ 16 Zulzke, Maria Lúcia – Abrindo a Empresa para o Consumidor – A Importância de um Canal de Atendimento, Qualitymark, 1991.

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Como é desejável que um cliente insatisfeito volte ao estado de satisfação com a

instituição depois que ocorrer uma falha do serviço ou do produto, é necessário se fazer um

esforço extra para consertar o que saiu errado. O desgaste de imagem de marca, decorrente de

clientes insatisfeitos, pode representar um ônus muito maior para a organização.

De acordo com Christopher W. L. Hart, “um cliente insatisfeito fala a

aproximadamente onze pessoas de sua frustração com determinada loja e a apenas seis

quando ficou satisfeito. Por estas e outras razões é preferível que o cliente seja sempre bem

atendido para, no mínimo, não sentir frustrações e não irradiá-las”. 21

Esse fato não pode ser ignorado, pois clientes normalmente dão mais importância a

informações negativas do que a positivas ao comprar um produto ou serviço. Estatísticas

semelhantes demonstram que os comentários negativos diminuem o volume de vendas duas

vezes mais do que os comentários positivos as elevam. A única atitude que uma empresa pode

tomar para gerar comentários positivos é tornar os clientes satisfeitos.

O serviço ao cliente, portanto, é uma forma de proteger a imagem da empresa. As

empresas dispostas a prestar um atendimento diferenciado ao cliente lucram com isso.

Aquelas sem vontade ou incapazes de atingir este padrão não prosperam nem crescem e,

talvez, nem mesmo sobrevivam.

2.4 OS PERIGOS DO CRESCIMENTO

Pesquisadores do Strategic Planning Institute, nos EUA, compararam os lucros de

empresas classificadas como prestadoras de atendimento diferenciado por seus clientes com o

resultado de empresas classificadas abaixo da média. Eles concluíram que empresas com altos

índices de satisfação pelos serviços de atendimento também se distinguem em aspectos

ligados aos lucros.22

___________________________ 21 Rangel, Alexandre; Cobra, Marcos – Serviço ao Cliente – Uma Estratégia Competitiva. 22 Zemke, Ron; Schaaf, Dick – A Nova Estratégia de Marketing – Atendimento ao Cliente, Ed. Harbra, 1991.

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Grande parte do problema de serviços das que estão abaixo da média, se deve ao

hábito das grandes das corporações com o lado mercadológico dos negócios. Se os clientes

fossem valorizados, como a maior das empresas declara que são, um número maior de

empresas teria um vice-presidente de serviços aos clientes ao lado dos vice-presidentes de

vendas e marketing, e dar-se-ia aos clientes a mesma atenção que o marketing dá aos anúncios

e comerciais, que estão por todos os lados.

Ocorre que vendas e marketing excessivamente agressivos acabam ultrapassando a

capacidade de uma organização para prover em tempo os serviços requeridos. Outro erro que

muitas empresas de serviços cometem quando as coisas vão bem é de acrescentar novos

clientes e serviços a ponto de, em sua ânsia para crescer, elas assumem mais clientes novos do

que podem atender de forma adequada e negligenciam os antigos clientes, perdendo uma boa

parcela para a concorrência.

E se custa cerca de cinco vezes mais conseguir um novo cliente do que manter um

antigo – e cliente antigos também são mais propensos a gastar mais – não há vantagem nessa

atitude.

Parece lógico que se uma organização estiver disposta a gastar 100 milhões em

propaganda ou promoções, ela estaria igualmente inclinada a despender um quinto desse valor

para manter os clientes existentes. Baseado nisso, considere o seguinte e analise a vantagem

da lealdade dos clientes: a indústria automotiva americana acredita que um cliente leal

representa uma receita vitalícia média de $140.000. Assim, por que brigar por causa de uma

conta de reparos de $80, ou de uma peça de reposição de $40 se há risco de perder o cliente?

Não há por que criar caso a respeito de um pequeno item que este reclame. As empresas que

acreditam na superioridade dos serviços fazem as coisas de forma correta; elas querem que os

clientes fiquem satisfeitos – e voltem.

2.5 EXCELÊNCIA EM SERVIÇO

O serviço ao consumidor é de suma importância na determinação da percepção do

comprador sobre a qualidade do produto. Dos fatores que afetam a “saúde” da empresa em

longo prazo, é o mais significativo. Conquistar uma liderança de qualidade não é apenas uma

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função dos atributos do produto, mas também uma função da excelência dos serviços frente

aos consumidores.

O serviço pode ser um fator chave de sucesso ou, ao contrário, um fator crítico de

fracasso estratégico. Somente as empresas que prestam bons serviços poderão se beneficiar

desse esforço, capitalizando uma imagem positiva para seus produtos e para a organização

como um todo.

O consumidor exigente não quer receber apenas um bom atendimento e as empresas

já estão alertas que serem competitivas não basta apenas um “bom” serviço, é preciso ter “o

melhor” serviço. Surge daí a preocupação com a eficácia e excelência do atendimento.

A excelência do atendimento ao consumidor pode ser definida como: “Um nível de

qualidade de serviço que, comparado ao de seus concorrentes, seja suficientemente elevado,

do ponto de vista de seus clientes, para lhe permitir cobrar um preço mais alto pelo serviço

oferecido, conquistar uma participação de mercado acima do que seria considerado natural e

obter uma margem de lucro maior do que a de seus concorrentes.”23

Os consumidores são os únicos juizes de um serviço de qualidade. Eles avaliam o

serviço através da comparação do que recebem (percepção) com o serviço que esperam

(expectativa). Uma empresa somente pode alcançar uma forte reputação de qualidade em

serviço quando ela constantemente atende às expectativas dos consumidores.

Expectativas são formadas por uma série de variáveis incontroláveis. A definição da

expectativa de um consumidor é tão diversa como sua educação, valores e experiências. A

mesma propaganda que chama atenção de uma pessoa, pode significar para outra que o

anunciante está prometendo mais do que seja possível, ou pode mesmo causar a repulsa pelo

produto.

__________________________ 23 Albrecht, Karl – Revolução nos Serviços – Como as Empresas Podem Revolucionar a Maneira de Tratar os seus Clientes, Ed. Pioneira,

1992.

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Geralmente as expectativas dos consumidores são moldadas pelo tratamento dado

pela empresa, que precisa entender e, em alguns casos, moldar as expectativas pré-compra,

influenciar sua avaliação pós-compra e assegurar-se de que o processo de atendimento seja

não apenas sem complicações e fácil, mas, quando possível, agradável.

Ainda que algumas táticas possam ajudar a trazer as expectativas dos consumidores

para dentro dos limites da estratégia do serviço, o trabalho é basicamente o mesmo de se

posicionar uma companhia ou um produto no mercado. O posicionamento do serviço envolve

quatro fatores: o segmento alvo, as expectativas deste segmento, a estratégia para exceder

estas expectativas e o posicionamento dos competidores.

Bons prestadores de serviço informam os consumidores sobre o que esperar e então

excedem a promessa. Nem todos os consumidores querem ou merecem altos níveis de

serviços, mas eles têm o direito do que lhes foi prometido, explícita ou implicitamente.

“Os clientes estão constantemente medindo

o serviço real ou o serviço percebido, de

acordo com a imagem que você está

projetando e as promessas que está fazendo.

Eles também falam de suas experiências

com outros clientes potenciais e criam suas

expectativas e preconceitos. Se o serviço ao

cliente realmente o diferencia da

concorrência, você precisa falar sobre isso

com os clientes. Mas se você não conseguir

corresponder à sua própria propaganda,

não será bem tratado no mercado. Se você

não conseguir satisfazer às expectativas que

você criou deliberadamente no cliente, terá

sido o autor de seu próprio fracasso”. 24

Ao contrário das estratégias de preços, promoção, design do produto ou distribuição, a

excelência em atendimento ao cliente é um opção com a qual muitos tomadores de decisões

de empresas industriais têm pouca familiaridade.

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Muitas empresas viam o serviço ao consumidor como simplesmente sendo um mal

necessário que aumentava o custo na efetuação do negócio. No entanto, os fatores que levam

ao sucesso estão mudando. Philip Kotler, conhecido escritor de marketing, acredita que “a

excelência no serviço será a maior plataforma competitiva nos anos 90”.

Se a empresa deixar de oferecer as melhores condições de atendimento a seus

clientes, certamente estará vulnerável a uma oportuna ação da concorrência. A melhoria

contínua na qualidade de atendimento é um fator de competitividade essencial para a empresa

enfrentar a disputa direta com seus serviços e produtos.

“As organizações que triunfaram em

oferecer um serviço superior ao cliente,

derrotam seus concorrentes investindo mais

esforço e dinheiro no serviço e de forma

mais inteligente. "Mimam" os clientes, não

por altruísmo, mas única e exclusivamente

por egoísmo. Ao fazer com que os clientes

esperem sempre um serviço melhor, e ao

exceder estas expectativas, tornam-os cada

vez mais leais e, da mesma forma, fazem

com que os concorrentes menos capazes

fiquem cada vez piores e percam cada vez

mais mercado.”25

No próximo capítulo, serão abordadas, mesmo que apenas de forma rápida e

ilustrativa, diversas estratégias e exemplos de empresas vencedoras na arte do bem atender o

cliente, demonstrando assim a preocupação que esse assunto vem causando no atual mundo

empresarial.

___________________ 24 Walker, Denis – O Cliente em Primeiro Lugar, Makron Books, Editora, 1991.

25 Davidow, Willian; Uttal, Bro – Serviço Total ao Cliente – A Arma Decisiva, Ed, Campus, 1991.

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3. POLÍTICAS, ESTRATÉGIAS E EXEMPLOS

Como vimos, os clientes estão ficando cada vez mais conscientes do valor do serviço.

Ficam cada vez mais frustrados e mais dispostos a mudar de fornecedor. Prova disso é que a

fidelidade do consumidor a muitas marcas vem diminuindo há anos devido à má qualidade

dos serviços oferecidos.

Sendo assim, muitas empresas investem maciçamente na melhoria de seus processos

e atitudes frente ao cliente. Esse capítulo fará uma breve mostra de alguns exemplos de

estratégias e políticas utilizadas por diversas empresas.

3.1 POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

“Apesar das políticas de atendimento ao cliente/consumidor variarem muito de

empresa para empresa e apresentarem diferente abordagens de acordo com seu ramo de

negócios, aquelas que se dispõe a criar políticas de satisfação do consumidor acabam por

refletir sobre os seguintes aspectos básicos”.26

1. Definição e Consenso da Direção a Respeito de uma Estratégia

A estratégia de satisfação do cliente/consumidor não se delega a escalões

intermediários. É uma decisão pensada e repensada na cúpula da empresa, analisando fatores

e estabelecendo um processo racional, maduro e, preferencialmente, irreversível.

2. Formular Políticas Coerentes com a Estratégia

3. Comunicação e Coerência:

É preciso haver não só a divulgação interna na empresa quanto às políticas e atitudes

esperadas, como o comprometimento de que a própria empresa ou a diretoria não irão tomar

atitudes contrárias ao definido.

____________________ 26 Zulzke, Maria Lúcia – Abrindo a Empresa para o Consumidor – A Importância de um Canal de Atendimento, Qualitymark, 1991.

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4. Predisposição para Mudanças, Predisposição para Rever Paradigmas

Na implantação de uma nova política muitas rotinas e crenças precisam ser

repensadas. Focos de resistência e saudosismo sempre estarão presentes, mas precisam ser

eliminados para que a implantação da nova estratégia não se estagne.

5. Revisão da Pirâmide Hierárquica e da Estrutura Administrativa

Rigidez hierárquica e estratégica de satisfação do cliente são mutuamente excludentes.

É imprescindível que os funcionários da linha de frente tenham autoridade e apoio para dar

consistência à estratégia e ao que se espera deles.

6. Investimentos

3.2 ESTRATÉGIA DE SERVIÇOS

A definição da estratégia de serviços é o passo mais importante que uma companhia

deve dar caso se proponha a prestar bons serviços. As orientações básicas que uma empresa

deve seguir para a efetivação de um serviço com excelência são: 27

1. Definir a Função do Serviço

Os gerentes falham em definir apropriadamente o serviço e transmitir o papel do

serviço aos funcionários. E se os funcionários estão inseguros em como prestar um serviço, se

eles acham que sabem como estão fazendo errado ou se eles acreditam que o gerente não se

importa realmente, eles não serão capazes de prestar um serviço com excelência.

2. Buscar Talentos e Usá-los

Definir a função de serviço é um passo importante, mas isso não irá levar a

companhia muito longe. Os serviços são performances e na maioria dos casos as pessoas é

que são responsáveis por esta performance, mas a performance do serviço, sob o ponto de

vista dos consumidores, é responsabilidade da empresa. Ou seja, a empresa precisa ter um

quadro de pessoal com atitudes, habilidades e flexibilidade para realizar suas funções, ou

ficará “manchada”.

________________________________ 27 Berry, Leonard; Zeitheml, Valarie – Five Imperatives for Improving Service Quality

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3. Enfatizar Times de Trabalho

O trabalho com serviço freqüentemente é frustrante e desmoralizante. Os

consumidores podem ser rudes e insensíveis e o número de consumidores a serem atendidos

pode ser física e psicologicamente desgastante.

Uma saída é motivar e sustentar a disposição para o serviço em times. Uma

comunicação interativa dos trabalhadores que colaboram, se supera e cresce junto e crescem

juntos é um poderoso antídoto contra um serviço chato.

4. Ter Credibilidade

Quebrar a promessa do serviço, é o modo isolado mais importante para que a

companhia perca o seu consumidor. Quando uma companhia é descuidada na performance do

seu serviço, quando ela comete erros ou quando ela não faz o que disse que iria fazer, o

consumidor perde a confiança nela e em sua capacidade de fazer o que prometeu.

5. Ser Grande na Solução de Problemas

Quando um consumidor tem problemas na experiência com um serviço, sua

confiança fica abalada, mas provavelmente não destruída (desdde que o problema não esteja

se repetindo), então, após a ocorr6encia de um problema com um serviço, a resposta da

empresa se toma crucial. Uma empresa pode fazer com que as coisas fiquem melhores para o

consumidor ou muito pior.

Três possibilidades surgem quando o consumidor experimenta um problema:

• consumidor reclama e fica satisfeito com a resposta da companhia.

• consumidor reclama e não fica satisfeito com a resposta da companhia

• consumidor não reclama com a companhia e continua insatisfeito.

Entre estas alternativas, a primeira é boa e as duas outras são muito ruins. Uma

companhia que não responda efetivamente à reclamação dos clientes está, na verdade,

falhando novamente com este.

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3.3 O DEPARTAMENTO DE SERVIÇOS AO CONSUMIDOR

Ao se adaptar à nova realidade e exigências do mercado quanto ao atendimento ao

consumidor, a maioria das grandes empresas precisarão dar um primeiro passo, e este

geralmente são o “Departamento de Serviços ao Consumidor”.

“As empresas, ao optarem pela criação de um determinado tipo de Serviços ao

Consumidor (DSC), pelos profissionais que irão dirigi-los e pelo posicionamento hierárquico

na estrutura organizacional, estão definindo a essência e potencialidade do programa a ser

desenvolvido”. 28

Com a necessidade de adaptar-se ao cliente, no entanto, cada empresa responderá de

uma forma, adequando o DSC com sua identidade, cultura e objetivos. Suas funções serão

determinadas pela estratégia, táticas, responsabilidade e autoridades do DSC. Mas mesmo

quando este tem uma função estratégica, as atividades rotineiras de suporte como informar,

orientar e atender reclamações acabam sendo aprimoradas.

O desenvolvimento de um Departamento de Serviços ao Consumidor é um passo

importante, pois apresenta características não compatíveis com a cultura de empresas

burocráticas, logo, implementá-lo, é seguir na boa direção de eliminar essa característica.

________________________________ 28 Zulzke, Maria Lúcia – Abrindo a Empresa para o Consumidor – A Importância de um Canal de Atendimento, Qualitymark, 1991.

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3.4 UMA VISÃO GRÁFICA

3.4.1 O Foco

Muito do que foi falado até o momento sobre as atitudes que uma empresa deve

tomar pode ser simplificado com uma rápida aplicação da Matriz BCG.

Estrutura de Foco29

Você faz

bem

AVALIE

Descubra outros clientes que

Apreciem sua capacidade ou pare.

SIGA

Faça o possível para aumentar sua

vantagem competitiva

Você não

Faz bem

PARE

Você não sabe fazer e o cliente

não quer. Então não faça!

APRENDA

Faça parcerias, terceirize,

treine... mas tente participar.

O cliente não

Valoriza

O cliente

valoriza

Claro que tudo tem limite e uma análise tem que ser feita antes de se levar ao pé da

letra a matriz acima, ou seja, uma metalúrgica não precisa se preocupar com o fato de não

estar vendendo biquínis no verão, mas ela pode perceber que se o cliente, por exemplo,

preferem pintura eletrostática e a empresa não a oferece, talvez seja hora de investir em novos

equipamentos e treinamento de pessoal.

__________________________ 29 Whiteley, Richard; Hessan Diane – Crescimento Orientado para o Cliente – Cinco Estratégias Comprovadas para Criar Vantagem

Competitiva, Editora Campus, 1996.

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3.4.2 As cinco Chaves Superioridade em Serviços

Outros pontos mencionados são as atitudes para se atingir uma qualidade em

serviços. Em “Gerenciar Bem é Manter o Cliente” (Ed. Pioneira) conclui-se que são cinco os

segredos para a superioridade em serviços, sendo que cada um deles contribui para o seguinte,

contribui individualmente e contribui como parte do todo.

Modelo de Qualidade em Serviços:

Cinco Chaves para a Superioridade em Serviços30

3.5 O EXEMPLO DOS RETAURANTES

Um bom exemplo das mudanças que a preocupação com o atendimento já causou foi

feito em 1987, quando a Society for American Consumers, em conjunto com a Society for

American Cuisine, realizou o “Ano do Garçom”. A idéia surgiu do fato que a abertura de

restaurantes superou o apetite dos clientes. Viu-se então que era preciso mais do que um bom

local e comida gostosa para que o cliente voltasse. Naquele ano o alvo foi o garçom, pois

como disse Patrick O’Donnel31: “a atividade de servir mesas não tem sido respeitada, ela não

atrai as pessoas de quem necessitamos para prestar atendimento de qualidade. Precisamos

elevar o seu status nos Estados Unidos antes de podermos ter grandes restaurantes como os da

Europa”. 32

A Taco bell (um dos restaurantes da PepsiCo – assim como o Pizza Hut) adotou há

alguns anos a ênfase em atrair pessoas orientadas para o atendimento, a ponto de algumas

mexidas internas terem sido feitas que permitissem o aumento dos orçamentos destinados ao

treinamento em atendimento.

_________________________________ 30 Detzel, Denis; Desatnick, Robert – Gerenciar Bem é Manter o Cliente, Ed. Pioneira, 1995. 31 Chefe e proprietário do ‘Inn at Little Washington", em Washington, Virgínia e um dos precursores da idéia de eliminar a gorjeta em

favorecimento dos 10% fixos. 32 Zemke, Ron; Schaaf, Dick – A Nova Estratégia de Marketing – Atendimento ao Cliente, Ed. Harbra, 1991.

Manter o entusiasmo pelo cliente

Medir desempenho emrelação a marcosde referência

Estabelecer padrões dedesempenho emserviço

Criar umfoco nocliente

Aumento de Vendas e

Participação de Mercado

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De acordo com um estudo da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia, até o

segmento de cantinas familiares se uniu à corrida para refinamento de suas abordagens de

atendimento. No setor de lanchonetes e fast-foods a concorrência provoca o constante exame,

pela própria gerência local, dos padrões de atendimento (nesse caso principalmente a

velocidade do atendimento e entrega do pedido).

Localmente podemos citar o Habib’s, pois sua tática também não deixa de ser

baseada no atendimento ao cliente. A empresa tem por hábito instalar seus pontos de venda

em cidades ou bairros populosos, mas com classes sociais menos favorecidas (no Rio

podemos mencionar Belford Roxo, Nova Iguaçú e Cascadura, entre outros), onde a

concorrência local não tem o “cacife” para prestar atendimento semelhante. A idéia é também

encontrar bons pontos comerciais de dimensões consideráveis (acima de 1500m2), pois assim

as lojas, na maioria das vezes, tornam-se os points do público jovem local e um ponto de

referência na localidade.

3.5.1 O atendimento Adequado

Uma coisa que as pesquisas sobre alimentação fora de casa deixam muito clara é que

os consumidores têm expectativas específicas para determinadas maneiras de comer fora. As

expectativas de uma lanchonete são bem diferentes daquelas de um restaurante familiar, e

muito diferentes da idéia de se comer num restaurante quatro estrelas.

Basicamente, pode-se dizer que as diferenças são as seguintes:

Lanchonetes – apesar de ser um sentido amplo para uma gama de diferentes locais, a

idéia de se comer nesses locais, de acordo com um estudo recente, é basicamente a de pedir-

comer-e-sair, dessa forma a velocidade e conveniência estão entre as maiores expectativas dos

clientes, seguidos pelo preço e variedade da comida.

Bares e pequenos restaurantes - a análise desse setor é ainda mais complicada que a

anterior (a variedade de estilos é ainda maior), mas mesmo com a grande diversidade de

estabelecimentos – como, por exemplo, locais tradicionais como a Adega do Valentim,

alternativos como Delírio Tropical, ou os “Galetos” (onde a variedade de comida é bem

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reduzida e se come em balcões) – o que se procura principalmente é a qualidade da comida,

acompanhada da atenção pessoal, limpeza e o ambiente.

Comida de luxo – nesse caso, o que mais se espera é a assim chamada “comida fina”

e o status que o local proporciona. O valor não afeta muito, mesmo por que não se espera que

esses locais tenham preço “em conta”. São feitos para quem está disposto, e geralmente até

quer, pagar caro pela comida. Apesar de ser um mercado de crescimento lento (isso quando

não está em queda), tem seu espaço garantido.

Como se observa acima, o atendimento ao cliente não pode ser visto como uma única

coisa, como um conjunto exato e restrito de regras. Um restaurante de luxo não pode

recepcionar seus clientes apontando e informando “Tem lugar subindo a escada” e em

contrapartida uma lanchonete ou restaurante familiar não pode exigir que seus fregueses

estejam de paletó.

Terminando o exemplo sobre restaurantes, veja o que diz Nancy Ross Ryan, editora

de “Restaurants & Institutions”, revista americana especializada no tema, sobre a situação

atual: “você encontra atendimentos melhores porque a competição é mais acirrada. Há mais

lugares do que nunca para se comer. Para qualquer lugar que você olhe as empresas estão

enfatizando o treinamento a fim de ajudar a melhora do atendimento como vantagem

competitiva”.

3.6 ITAÚ – UMA ABORDAGEM DIRETA

Será dado agora um exemplo mais “prático”, demonstrando assim que o atendimento

ao cliente não é apenas um assunto a ser discutido na roda de executivos, mas que pode e deve

ser posto em prática em diferentes níveis de trato direto ao cliente.

As tabelas e listas a seguir são compilações de algumas partes do livro “Satisfação ao

Cliente: A Outra Parte do seu Trabalho”, de Dru Scott (Qualitymark Editora), distribuído aos

funcionários do Itaú durante o período de treinamento e para consulta.

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Técnicas para manter o foco no problema

Em vez de pensar: Diga:

“Ele está me acusando de cometer um erro”. “Como posso resolver essa situação?”.

“Ele não pode falar comigo desse jeito”. “Poderia, por favor, me dizer o que precisa ser

feito?”.

“Você não é perfeito”.

Você também comete erros.”“.

“Não queremos prestar esse tipo de serviço. O que

podemos fazer para corrigir esta situação?”.

Trate cada pessoa como um cliente – 5 Barreiras a Evitar:

1. “Ele não é um cliente, é apenas alguém com quem trabalho”. 2. “Mas você não conhece as pessoas com quem trabalho”. 3. “Eu não tenho tempo”. 4. “Mas esse método nem sempre funciona” 5. “Por que eu deveria? Sou eu o cliente”. Nunca pense: “Eu presto um bom serviço. Os clientes é que não apreciam”. Lembre-se: “O atendimento ao cliente é definido pelo fornecedor, mas a satisfação do cliente deve ser sempre definida pelo cliente”. Sete passos para a solução de problemas com clientes: PASSO um: Manifeste respeito. (Ex: “O que você está dizendo é importante”.).

PASSO dois: Escute para entender. (“Conte-me o que aconteceu”.).

PASSO três: Descubra as expectativas. (“Quer me dizer o que acha que precisa ser feito”.).

PASSO quatro: Repita os detalhes específicos, demonstre atenção. (“Deixe-me ver se entendi

o que você precisa...”).

PASSO cinco: Descreva em linhas gerais a solução ou as alternativas. (“Vou fazer o

seguinte...” ou “Existem várias opções...”).

PASSO seis: Comece agir a proceda à execução completa. (“Seu reembolso foi solicitado, irei

conferir para que seu cheque saia na sexta”.).

PASSO sete: Verifique duas vezes para garantir a satisfação. (“Vou sondar para ter certeza

que seu cheque chegou”.).

Conseguindo o que você quer:

Use um tom de voz caloroso e cooperativo. Para diminuir a irritação

Dê a razão primeiro. Para poupar tempo

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Use “Vou...” (desde que não seja “Vou tentar...”) Para obter confiança.

Use “Será que o senhor/a senhora/ você...” · Para amenizar a frustração.

Use “O senhor/a senhora/você” pode...”·· Para dizer “não” com cortezia.

De qualquer modo, telefone. Para reduzir a tensão

Diga especificamente o que você fez ou fará. Para mostrae interesse sincero.

Exercícios para desenvolver a capacidade de atendimento:

EM VEZ DE: DIGA: “Estamos ocupados e vou levar pelo menos meia hora”. para lhe conseguir essa informação.”“.

“Vou entrar em contato com os responsáveis e voltarei a conversar com o senhor antes das 16 horas”.

“Tentarei transferir sua chamada para a Manutenção. O assunto não é comigo”.

“Vou transferir sua chamada para a Manutenção. Eles podem responder sua pergunta”.

“O senhor se enganou”. “Será que o senhor poderia conferir de novo este número para mim”.

“Porque o senhor não nos telefonou quando soube a respeito das alterações”.

“Será que o senhor poderia nos telefonar logo que souber de alguma alteração? Esse prazo de antecedência é muito importante para nós”.

“Não sei nada sobre isso. Não é minha função. O senhor vai ter de conferir com o departamento financeiro”.

“O senhor pode conseguir essa informação com o departamento financeiro”.

“O senhor tem de encomendar esse artigo em unidades de 10. Não podemos fornecer-lhe um item avulso”.

“O senhor pode encomendar esse artigo em unidades de 10”.

“O senhor não pode nos dar a informação pelo telefone. Só poderemos liberar quando tivermos o pedido por escrito”.

“O senhor poderá ter o documento liberado assim que recebermos a informação por escrito”.

“O senhor tem de usar um dos nossos postos de serviços. Isso vai baixar os seus custos”.

“Para manter os seus custos baixos, o senhor gostaria de usar nossos postos de serviços? ”

“Não posso saber se um ajuste final foi emitido sem ter o número do seu serviço”.

“Para que eu possa conferir se seu ajuste final foi emitido, será que o senhor poderia me dar o número do seu serviço? ”

“Por que você não consegue processar o pedido em tempo? Não posso telefonar para o cliente com uma resposta até que você me dê essa informação”.

“O cliente está ansioso para obter essa informação. Será que você pode me dar essa resposta? ”

4. PROGRAMA CLIENTAR – O CASO XEROX

Como seria de se esperar, as mudanças nos consumidores não aconteceram de

repente. Sentindo o mercado, a Xerox Corporation em 1984 iniciou uma “Estratégia de

Qualidade Total”. Que mudou sua maneira de conduzir seus negócios. Seguindo a mesma

linha, em 1987 foi criado, dessa vez na Xerox do Brasil, o Programa Clientar, visando

preparar a empresa e seus empregados para melhor tratar e ajudar o cliente.

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4.1 HISTÓRICO

Em 1959 a Xerox lançou a primeira copiadora do mundo a usar papel comum. O

sucesso foi estrondoso e criou um novo setor na indústria. Mas pelos anos seguintes a Xerox

ainda estava protegida por suas patentes do processo de cópia e como a demanda por

copiadoras era enorme a empresa acabou por perder de vista o cliente – qualquer problema ou

deficiência produtiva se resolvia com um aumento de preços, e os clientes pagavam.

Os concorrentes foram sendo ignorados até que houve o “ataque” nos anos 70:

japoneses no segmento mais barato do mercado (vendendo por quase metade do preço), IBM

em médio porte e a Kodak pelo alto segmento. Em 1980 a participação de mercado estava

abaixo de 50%. De 1981 a 1983 a receita parou de crescer.

Resolveu-se então não só reformular as estratégias de lançamentos de produtos, como

também foi criar o “Sistema de Gestão da Satisfação de Clientes”. Em 1983, 25 diretores da

Xerox de todo o mundo definiram uma nova Política de Qualidade:

“A Xerox é uma companhia de qualidade. Qualidade é o princípio básico de negócio

para a Xerox. Qualidade significa suprir os nossos clientes externos e internos com produtos e

serviços inovadores que satisfaçam inteiramente seus requerimentos. – Melhoria de

qualidade é tarefa de todos na Xerox.”

Em 1987, o então presidente Paul Allaire fez um anúncio oficial: “Estou mudando as

prioridades corporativas da Xerox Corporation. Entrando em vigor imediatamente, a ordem é

a seguinte; nº 1: satisfação dos clientes; nº 2: retorno sobre ativos; nº 3: participação no

mercado”. Coincidência ou não, no mesmo ano surge no Brasil o Programa Clientar.

O clientar (termo criado para designar o foco no cliente), que todo ano sofre

acréscimos, foi criado por um grupo multifuncional como uma “ferramenta educativa e de

incentivo à postura dos empregados para conquistar, encantar e manter os clientes”.

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Em 1993 o Clientar ganhou uma novidade: o Anjo da Guarda do Cliente. Oriundo

de um projeto de qualidade, a imagem de um anjinho bebê foi agregada ao Clientar como um

elemento enriquecedor e é hoje, na prática, seu símbolo, sendo encontrado em toda

documentação relativa ao programa e até em proteções de tela. De acordo com o Clientar, ser

anjo da guarda do cliente é “atendê-lo de um modo todo especial. É zelar por ele. É ouvir suas

queixas e reclamações e até fazer milagres para deixá-lo plenamente satisfeito”.

4.2 A IDEOLOGIA DO CLIENTAR

“O Clientar é o enfoque estratégico no cliente, que permitirá a Xerox prosperar um

mercado cada vez mais globalizado e competitivo. O Clientar está calcado no princípio de que

os clientes deslocaram-se para o topo da hierarquia das organizações e de que os tratamentos

eficazes das reclamações são as melhores oportunidades para mostrar o que realmente

podemos fazer pelos nossos clientes”.(Site Clientar)

O programa Clientar, criado para “desenvolver uma cultura dentro da Empresa

voltada para o cliente externo” e como um instrumento de conscientização e estimulo, tem

como objetivo principal à conquista da fidelidade dos clientes. Em todos os manuais, páginas

da intranet e cursos internos, sempre foca que o cliente deve ser posto em primeiro lugar, não

importando se a forma de contato é direto, via telefone, carta ou e-mail (há regras de definidas

nos manuais Clientar para contrato em todas as formas).

4.3 O “CREDO CLIENTAR”

“Clientar é verbo intransitivo, derivado de cliente. Conjuga-se em todos os tempos,

em qualquer dependência da Xerox. Consiste no máximo empenho para atender os

requerimentos do cliente e obter sua plena satisfação. É o mesmo que se dedicar ao extremo e

atender bem a pessoa mais importante para a Xerox – o cliente”.(Documento Clientar 2000)

Para aprimorar sua relação com cliente, a Xerox do Brasil definiu alguns princípios a

serem adotados no dia-a-dia por todos seus funcionários (há cartazes com eles, e o anjinho,

em quase todos os setores). São 10, que formam o “Cerdo Clientar”:

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1. O cliente é nosso principal acionista; é ele quem paga o nosso salário. 2. O cliente é nosso consultor; suas reclamações ou questionamentos são oportunidades de

aprendizado.

3. O bom atendimento não garante a fidelidade e lealdade do cliente, mas o mau atendimento aproxima o cliente da concorrência.

4. Todo compromisso assumido com o cliente tem que ser cumprido. É preciso honrar os

acordos feitos sem medir sacrifícios.

5. Os requerimentos feitos pelos clientes não podem ficar sem respostas. Seja por carta, fax, telefone, e-mail ou pessoalmente.

6. Tratamento cortês é o primeiro passo para sermos bem sucedidos em nosso

relacionamento com os clientes.

7. A honestidade é o principal princípio para um relacionamento duradouro com o cliente. Reconhecer falhas e pedir desculpas são importantes para reconquistar sua confiança.

8. Paciência e dedicação no atendimento ao cliente são a chave do sucesso em nosso

relacionamento.

9. Rapidez e eficiência são fatores de fidelização de clientes. A qualidade e o tempo da solução ao problema apresentado pelo cliente impacta diretamente na reputação do profissional e da Empresa.

10. Trabalho em equipe é o nosso trunfo para solucionar problemas com rapidez e

eficiência. Quando o ambiente interno é cortês e amigo, o trabalho fica mais agradável e os clientes mais satisfeitos.

4.4 O CLIENTAR 2000

No ano de 2000 (ainda não houve uma atualização formal para 2001), o programa

sofreu várias reformulações, entre as principais podem ser citadas:

• Foram definidos os dez valores básicos que norteiam o relacionamento com os clientes (o

Credo Clientar visto acima). • Deu foco total na administração do Registro de Reclamação, colocando-o principal

instrumento da fidelidade dos clientes.

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• Atribuiu ao corpo gerencial e diretivo a principal responsabilidade de “conduzir a força de trabalho a uma cultura de excelência no relacionamento com os clientes”.

• Divulgou e integrou ao Clientar os indicadores se satisfação de clientes, que são as

pesquisas de satisfação, mercado e informação do SAC. • Disponibilizou para a força de trabalho informações sobre toda a estrutura disponível,

para conquistar e manter os clientes: filiais, call centers e estrutura de suporte. • Estabeleceu um canal direto de comunicação com a força de trabalho para capturar

sugestões e críticas relativas ao relacionamento com o cliente. • Remodelou as formas de reconhecimento e recompensa, como estímulo às atitudes a

serem copiadas e deu maior foco na divulgação dos destaques e dos destacados.

4.5 SUPORTE

Para tentar atender os clientes com presteza e eficiência, a Xerox criou uma estrutura

completa, composta por um sistema de teleatendimento, diversas filiais e revendas e uma área

especial de suporte. Atualmente ela estuda o uso de notebooks tanto pelos vendedores como

pelos técnicos, para agilizar qualquer processo de compra, pedido de peças ou consultas de

qualquer tipo que possam ser necessárias em campo.

Outra estratégia tomada foi à parceria criada com a ECT (Empresa de Correios e

Telégrafos) para as solicitações técnicas não resolvidas por telefone. A partir de mais de 750

agências dos Correios o cliente pode enviar seu equipamento via Sedex, acondicionado em

embalagens adequadas, tendo garantido seu retorno rápido e seguro.

4.6 INDICADORES DE SATISFAÇÃO

“Estar atentos aos feedbacks de nossos clientes e conhecer a dinâmica do mercado

onde atuamos é importantíssimo, não só para acompanhar o nível de satisfação e retenção,

mas, principalmente, para tomar decisões e corrigir rumos”.(Programa Clientar)

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Atualmente a Xerox há vários sistemas de pesquisas, que coletam a opinião dos

clientes sobre os produtos e serviços da Xerox e, através do SAC (Sistema de Atendimento a

Clientes - um programa de uso interno), os resultados podem ser consultados e avaliados.

4.6.1 O Sistema de Atendimento a Cliente (SAC)

O SAC - Sistema de Atendimento a Cliente - é a ferramenta para gerenciamento de

relações com os clientes, é o sistema que captura e armazena todos os dados necessários ao

relacionamento dos clientes com a Xerox e vice-versa.

Cada insatisfação, solicitação e sugestão geram um Registro de Reclamação (RR).

O sistema permite às filiais, CAC (Centrais de Atendimento ao Cliente) e demais

unidades de suporte, a monitoração do fluxo interno dos RR até a solução final. O registro

correto permite que sejam feitas análises constantes para identificar as principais

causas da reclamação e traçar planos de melhorias, buscando subir o nível de satisfação dos

clientes.

4.6.2 O CSMS (Customer Satisfaction Measurement Survey)

O CSMS é o sistema de pesquisa de satisfação de clientes por produto (enviada

através de mala direta anualmente), que mede aspectos como satisfação com a qualidade do

equipamento; assistência técnica; suporte administrativo; atendimento a consultas; suporte de

vendas e material de consumo, entre outros.

Da forma como a pesquisa é feita, é possível avaliar a performance por modelo em

cada região (são 4: Região Rio – abrangendo RJ, ES, MG e BH; Região São Paulo; Região

Sul e Região Centro-Norte - abrangendo o restante do país) e por filial. O índice de satisfação

geral com a Xerox, na última pesquisa (2000), foi de 84% contra 92% em 1998. Um dos

motivos para tal é outra constatação da mesma pesquisa (que reafirma muito do que já foi dito

nessa monografia): a qualidade do equipamento, que sempre foi a variável mais impactante na

satisfação dos clientes, passou a ser segunda colocada, enquanto comunicação ou satisfação

com consultas passou a ser variável de maior peso (era a terceira nos anos anteriores).

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4.6.3 CBS (Customer Benchmark Survey)

A CBS é uma pesquisa realizada anualmente sob a coordenação da Gerência de

Pesquisa de Mercado e que tem como objetivo avaliar o nível de satisfação de clientes e não

clientes, comparando a Xerox com a concorrência. Realizado sempre por uma empresa

contratada e especializada em pesquisas, o levantamento é feito por telefone, através do

sistema CATI de entrevistas, ou seja, utiliza-se o telefone e o computador, não havendo

manuseio de papel. Isso garante agilidade e maior precisão das informações detectadas pelos

entrevistadores.

Diferencia-se da CSMS pelo tamanho da amostra, por ser conduzida por telefone e

por não identificar que a Xerox é a contratante do serviço. O único, porém é que a pesquisa

apresenta os resultados em nível global, por segmento, uma vez que o tamanho da amostra

não permite identificar a performance das regiões e filiais. Essa pesquisa é realizada durante

os meses de fevereiro e março, logo há uma em curso agora cujos resultados serão

apresentados em abril.

4.6.4 MDM (Market Dynamic Measurement)

A MDM tem o objetivo de avaliar anualmente a dinâmica do mercado da Xerox

brasileira. Essa pesquisa é feita da mesma forma que a anterior, é conduzida pela mesma

gerência e realizada por uma empresa externa, pelo sistema CATI, sem identificar a Xerox

como solicitante. Além de medir a quantidade de máquinas instaladas, avalia também a

imagem da marca, confiabilidade, como comprou, motivo da compra e porque a opção por

aquela marca.

Os resultados são computados segundo ambientes de mercado - office, small office,

home/home office, print for pay e centros de produção, e dentro destes, são cobertos os

produtos: impressoras, multifuncionais, faxes e copiadoras. Essa pesquisa é feita durante os

meses de março e abril.

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4.7 RECONHECIMENTO E RECOMPENSA

Como mencionado num dos itens do “Credo”, o programa também visa que

empregados e contratados sigam o exemplo daqueles que de alguma forma se destacaram no

trato ao cliente. O reconhecimento e recompensa, dentro do Clientar, tem o objetivo de

“estimular a atitude, agradecer e divulgar o esforço adicional que os empregados, contratados,

estagiários, menores e prestadores de serviço desenvolveram em prol da satisfação dos

clientes”.

Há dois tipos “Destaques Clientar”, o Interno e o Externo. O Interno visa

recompensar, imediatamente após o fato, aqueles que se destacarem por sua dedicação

diferenciada à satisfação dos clientes internos, ou seja, alguém, mesmo um estagiário, que se

dedique em seu setor, favorecendo, ajudando ou facilitando o trabalho de outros acima do

esperado pode recompensado.

O destaque Externo é dado pelo mesmo princípio, mas no tocante aos clientes

externos, um técnico que se dedicou mais do que o esperado para pôr uma máquina

funcionando ou um vendedor que ajudou o cliente a resolver problemas de cobrança são

exemplos do que poderiam ser o diferencial nesse caso.

Os valores dos prêmios são decididos pelo gerente do destacado, o habitual é entre

R$50 e R$150, dependendo do caso. Trimestralmente, semestralmente e anualmente há a

escolha dos Destaques Clientar Bronze, Prata e Ouro, respectivamente, onde os prêmios são

maiores. E há a premiação anual “President’s Club”, onde o que se ganha é uma viagem

internacional. Em todos os casos também é dado ao Destaque Clientar um pequeno broche

com logotipo do programa, que pode ser usado pelo premiado sempre que desejar

(geralmente são colocados no crachá, assim ficam sempre a mostra, os que foram premiados

mais de uma vez não se incomodam de usar 2 ou 3 ao mesmo tempo ).

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4.8 TREINAMENTO

Buscando a padronização no atendimento telefônico e uma melhor interação e

aproximação com os clientes, desenvolveram na Xerox o programa de treinamento

“Excelência no Teleatendimento”, para os CAC, CNSC (Centros Nacionais de Suporte a

Clientes), Telesupplies (suprimentos), Televendas, Hot Line e GSSA (gerência de Suporte de

Softwares e Aplicativos).

O processo foi coordenado pela Gerência de Satisfação de Clientes, junto com a Área

de Educação Corporativa, que por sua vez buscou o conhecimento necessário em uma

empresa especializada no treinamento de call-centers. A implantação do treinamento já foi

concluída, tendo instruído mais de 600 pessoas da área de teleatendimento.

Durante o último mês de agosto, como parte do programa Clientar 2000, a Diretoria

de Qualidade, Processos e Satisfação de Clientes em parceria com a área de Recursos

Humanos, também coordenou o programa de treinamento “Atendimento aos Clientes

Internos, Externos e Parceiros de Negócio Através do Telefone”, nesse caso tendo como

público os menores-estagiários e telefonistas da Matriz e Região Rio. O objetivo também foi à

capacitação para um atendimento adequado e padronizado aos clientes internos e externos. No

Rio já foram treinados cerca de 80 nesse programa.

4.9 O RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

“Compreensão é palavra de ordem no trato com o Cliente. Saber perceber suas

necessidades, entender sua preocupação e acalmar seu ânimo é conquistar sua confiança”.

Como seria de se esperar, a filosofia de atendimento ao cliente do programa Clientar

não permanece apenas em conceitos e cartazes com frases de efeito ou brochinhos. Muitas

instruções diretas são também previstas pelo Programa Clientar (em muitos aspectos são

semelhantes as já vista no exemplo sobre o Itaú). Abaixo serão vistas algumas das instruções

dadas aos funcionários em treinamento e em sites da intranet sobre como melhor tratar o

cliente (abaixo seguem apenas as mais genéricas, há detalhamentos até sobre como responder

e-mails ou faxes - essas não serão reproduzidas aqui).

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1. O QUE O CLIENTE QUER

• Ser levado a sério - o cliente não deseja respostas negativas ou evasivas. Ele deseja que

você seja profissional e de confiança, e que responda seriamente ao problema dele.

• Ser tratado com respeito - a pessoa irritada não quer condescendência ou arrogância. O

que ela quer é que você a trate com respeito, bem como ao seu problema, mesmo quando

o cliente é responsável pela falha e está tentando responsabilizar a organização.

• Que seja tomada uma ação imediata - ele não quer você examinando o seu problema

no próximo mês, na próxima semana, ou mesmo no final da tarde. Ele quer que você faça

alguma coisa agora. Demonstre que você esta ativamente envolvido, independente do

quanto esteja.

• Que ele seja compensado/restituído - ele quer que alguém pague pelos danos causados

e, talvez, pela inconveniência ou pelo incômodo. Ele quer ser compensado por algum

prejuízo que tenha sofrido quando a falha é do fornecedor. Assegure ao cliente que uma

ação corretiva tomada, mesmo que não seja o responsável pela área, e depois relate o

problema aos responsáveis para que o erro seja evitado no futuro.

• Tirar a limpo o problema, para que nunca mais aconteça - às vezes o cliente só quer

que algum tipo de ação seja tomado para que ninguém mais tenha um problema como

esse. Assegure que você relatará o problema à pessoa que pode dar conta dele e agradeça

ao cliente pela oportunidade que nos deu rever o processo ou procedimento.

• Ser ouvido - o que o cliente irritado quer, em primeiro lugar, é ser ouvidos. É difícil

ouvir atenciosamente em uma situação de conflito, especialmente se você não tiver

desenvolvido hábitos efetivos de ouvir.

2. ACALMANDO O CLIENTE:

Por mais que ouvir o cliente seja imprescindível, qualquer a seja a natureza da

reclamação, é preciso também sua postura de profissional preocupado e atencioso. Abaixo

estão algumas dicas para ajudar a dissipar a tensão do cliente:

• Ouça sem irrupção - o desabafo dissipa a zanga. E quando o cliente percebe que não há

resistência ou oposição, por si só tende a minimizar a sua situação.

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• Permanecia mentalmente no controle - lembre-se de que o cliente esta atacando a

situação e não a você. Você não é a organização, nem a situação. O cliente está apenas

desabafando.

• Ofereça ajuda - na primeira pausa, diga ao cliente seu nome e que você esta ali para

ajuda-lo. Posicione-se como advogado do cliente para que ele seja atendido

satisfatoriamente.

• Chame o cliente pelo nome - na primeira pausa também, pergunte o nome do cliente e

use-o liberadamente durante a conversação. Repetir o nome do cliente o manterá focado

no presente e na busca da solução.

3. ASSUMINDO A RECLAMAÇÃO:

Ao se deparar com uma solicitação ou reclamação, independente de sua área de

atuação, você deve assumir a postura de “Anjo da Guarda do Cliente”, responsabilizando-se

de imediato pelo encaminhamento adequado do problema, monitoração da solução,

comunicação ao cliente e verificação de sua satisfação.

É comum o cliente, por falta de informação, por já haver tentado o contato

inutilmente, ou até mesmo porque não recebeu retorno ou não aceitou a solução, ligar para

outras áreas da Empresa que não sejam os call centers.

Ao recepcionar um contato com um cliente, deve-se imediatamente:

• Assumir a postura de representante da Xerox e • Assumir a propriedade da reclamação ou solicitação que cliente tem para fazer.

Como você faz isso? Na prática, assumir essa postura é muito simples: basta colocar-

se no lugar do cliente e imaginar-se sendo empurrado de um lugar para outro, de um telefone

para outro, de uma pessoa para outra, sem chegar a alguém que possa resolver sua consulta.

Operacionalmente é mais simples ainda, além de seguir as reclamações acima, basta

observar alguns passos:

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1. Faça algumas perguntas e anotações para encaminhar a reclamação com o maior número

possível de detalhes, para áreas ou pessoas responsáveis pela solução.

2. Assegure ao cliente que você encaminhará e acompanhará pessoalmente problema.

3. Mantenha com você o numero de RR (Registro de Reclamação) e monitore a solução para

que o prazo de 24 horas o cliente seja contatado.

4. Faça a ponte entre o cliente e a área de reclamação. Encante e cliente ligando e

verificando se o problema foi adequadamente solucionado ou encaminhado.

Falhas mais freqüentes:

1. Ansiedade em resolver o problema de imediato e/ou se livrar dele, encaminhando-o para

outras áreas, sem antes avaliar a gravidade do problema.

2. Focar mais no tempo do que na qualidade da solução. A pressa em concluir o RR, sem a

devida solução, principalmente se o prazo de cinco dias se expirou, tem sido uma dos

principais agravantes da insatisfação de alguns de nossos clientes.

3. Focar no problema apenas parcialmente. Apresentar soluções somente para parte do

problema, não cobrindo a insatisfação total.

4. Utilizar o RR para comunicação interna, esquecendo que o cliente aguarda uma solução

rápida, ou ainda para troca de apelos emocionais entre as áreas.

5. Concluir o RR com intenção de resolver logo o problema, sem a solução ter efetivamente

se concretizado. Ex: Cliente será visitado. Contrato será enviado.

6. Abrir novo RR, em vez de reabrir o anterior que não foi devidamente solucionado.

7. Abrir o RR com motivo e causa incorretos e/ou usar descrições vagas que não traduzam

adequadamente o que acontece.

O Clientar é em sumo, um reflexo do que disse Joseph C. Wilson, Presidente da

Xerox de 1946 a 1966: “É o cliente e somente o cliente quem irá determinar, em última

análise, se vencemos ou fracassamos como empresa. Servir ao cliente e atribuição de todos os

empregados da Xerox”.

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CONCLUSÃO

As pesquisas envolvidas na realização desse trabalho claro deixaram claro que o

atendimento ao cliente não é apenas um atendimento educado ou uma central de dúvidas por

telefone, são uma série de atividades que as empresas usam para ganhar ou manter

consumidores. Estas Atividades podem ser efetuadas antes, durante ou após a transação

(sendo a melhor hipótese que se efetuem os três).

Novas leis, órgãos de defesa e a maior concorrência de mercado tornaram boa parte

dos consumidores mais conscientes de seus direitos, mais exigentes com qualidade dos

produtos e serviços. Os serviços ao consumidor tornaram-se inseparáveis dos produtos que os

geram - e serviços inadequados reduzem o valor destes

A baixa qualidade de serviços afeta a imagem das empresas atualmente mais do que

em qualquer outra época (e provavelmente menos do que nos anos por vir). Somado a isso,

avanços tecnológicos dificultaram a diferenciação física, de preço e de utilidade, quase tudo

pode ser copiado com facilidade e até com a mesma qualidade. Mas apesar das evidências,

da obtenção de performance superior pelas qualidades nos serviços, muitas empresas ainda

não se ajustaram para essa nova exigência do mercado - e estas estão entre as que mais têm

perdido sua participação atualmente.

Empresas com maior proximidade com o mercado consumidor gradativamente

incrementam sua participação, tendo clientes mais fiéis e assim obtendo um maior retorno

sobre capital investido a médio e longo prazo.

A abertura de um meio de comunicação é uma atitude que todas as empresas

deveriam pensar seriamente em implementar (ou mesmo de uma central de atendimento, a

partir de um certo tamanho); isso permite que a empresa conheça melhor seu cliente,

possibilitando alterar ou desenvolver novos produtos e serviços que atendam melhor as suas

expectativas.

Também é recomendável que esse conhecimento seja acompanhado por algum tipo

de sistema de informações, permitindo a empresa monitorar o nível de satisfação e conhecer

as necessidades dos seus consumidores, podendo acompanhar sazonalidades, preferências,

táticas que dão certo e etc. com muito mais precisão.

Além de ser uma grande oportunidade, o consumidor pode também ser a maior

ameaça: a propaganda negativa gerada por um consumidor mal atendido pode afetar

definitivamente a imagem de mercado de uma empresa, anulando todos os esforços desta para

a sedução dos consumidores.

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Os consumidores aceitam falhas da empresa, mas não concebem a falha de

atenção as suas solicitações.

Esse movimento, essa maior exigência dos consumidores, por mais que tenha

começado primeiro nos Estados Unidos e países europeus, não é algo apenas externo.

Conforme dados levantados pelo PROCON (Programa de Proteção ao Consumidor), os

consumidores nacionais estão cada vez mais conscientes e atuantes na defesa de seus direitos

- e grande parte das reclamações registradas não são sobre produtos defeituosos, e sim dos

serviços e atendimento posteriores à compra do mesmo. Um típico cliente não reclama ao

Procon que comprou uma TV que não funciona, reclama do fato da empresa demorar trocar

ou não a trocar, isso não é um bem físico, é um serviço não prestado pela empresa, um

atendimento ineficaz.

A adequação das empresas as novas exigências e necessidades dos consumidores são

de fundamental importância para sua sobrevivência, mesmo que para isso seja necessária uma

completa reestruturação interna, tanto de funções e cargos, como de política e filosofia

empresarial. A grande fidelidade de usuário de muitas empresas pode ser creditada à

qualidade de seus serviços. As empresas que não conseguirem se adaptar a esta nova realidade

inevitavelmente estarão fadadas ao fracasso.

Sobre a empresa estudada, a fidelidade mencionada acima também pôde ser

observada, pois apesar de ter perdido muitos clientes para a concorrência nos últimos anos,

esse fato deve-se principalmente a preço, estratégia inadequadas e, às vezes, até mesmo à

qualidade do produto, mas os que mantêm fiel a Xerox brasileira assim o fazem

principalmente pelo suporte e o atendimento oferecido.

A presidente da Xerox Corporation reforçou que esta está é a hora da Xerox

recuperar (mais uma vez) o foco no cliente, que representa “a essência da companhia” da qual

se afastaram. Pouco a pouco, assim, reconquistando o que foi perdido. Ela afirma esperar para

2003 uma posição de liderança em vários dos mercados onde a Xerox atua.

Apesar deste trabalho ter se limitado a Xerox do Brasil, e não ter empreendido

pesquisas quanto às outras filiais pelo mundo, aparentemente as palavras da presidente da

empresa de que a filial nacional ainda é a “Jóia da Coroa” e ainda possui “posição de

liderança em termos de transição, inovação e grande reputação no mercado” não são

desmerecidas uma vez que a Xerox do Brasil ganhou por dois anos consecutivos o Prêmio

Destaque Procon, concedido as empresas pela qualidade, ética e respeito ao consumidor e 4

vezes foi considerada destaque pela Xerox Corporation no tocante a satisfação dos clientes.

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Dentro da Xerox do Brasil todos têm consciência da importância do cliente e da sua

satisfação, pois, na pior hipótese, é como eles dizem: é ele quem paga os salários. Os

empregados da companhia também sabem que um cliente insatisfeito pode ser o começo de

um grande problema para empresa, pois junto com ele outros podem sair - indo para a

concorrência. precisa para evitar a fuga de futuros outros 9.

Após tudo que foi visto, acredito que a Xerox do Brasil, continuando o processo atual

e não regredindo nos planos de qualidade em serviços que ainda pretende por em prática, está

no caminho certo para voltar a crescer e conquistar o mercado que um dia já possuiu.

Ronald Reagan uma vez disse ao finalizar um discurso: “Se não nós, quem? Se não

agora, quando?”. Transpondo essas palavras para o atendimento ao cliente, as respostas são

simples: a concorrência e quando for tarde demais. As empresas que não querem ficar para

trás precisam desde já começar a notar (na verdade, já deviam tê-lo feito a tempo) a força que

os clientes possuem atualmente. E não há nada que se possa fazer, senão investir em melhoria

de serviços e na excelência no atendimento ao cliente.

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