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O arbitramento das indenizações por danos morais: critérios e valores Pós Ph.D Desembargador FAGUNDES CUNHA Ordem dos Advogados do Brasil Seção Paraná Comissão de Responsabilidade Civil Gabriel Bitencourt Presidente José Cesar Valeixo Neto – Vice Presidente Mesa de Discussão no Debate 13 de agosto de 2013 19 horas Sala de Sessão do Conselho

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O arbitramento das indenizações por

danos morais: critérios e valores Pós Ph.D Desembargador FAGUNDES CUNHA

Ordem dos Advogados do Brasil Seção Paraná

Comissão de Responsabilidade Civil

Gabriel Bitencourt – Presidente

José Cesar Valeixo Neto – Vice Presidente

Mesa de Discussão no Debate

13 de agosto de 2013 – 19 horas

Sala de Sessão do Conselho

O ARBITRAMENTO DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS: CRITÉRIOS E VALORES

Pós-Ph.D Desembargador Fagundes Cunha

Questões Controvertidas

Conceito

Há aparente consenso que o dano moral independe de prova,1 devido à sua natureza imaterial, subsume-se àqueles casos em que o juiz, inspirado pela lógica do razoável, deve prudentemente arbitrar o valor necessário à compensação do ofendido pela conduta ilícita (CC, art. 950, parágrafo único e art. 953, parágrafo único).

Entretanto, alguns critérios objetivos devem nortear essa fixação por arbitramento, tais como:

I) a estipulação de um valor compatível com a re-provabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima;

II) as capacidades socioeconômica e financeira das partes e outras circunstâncias específicas de cada caso concreto.

1 A prova nas ações de indenização por danos morais ainda é um tema controverso. A posição majoritária na doutrina e na jurisprudência pátria é no sentido de desnecessi-dade da prova. Nesse diapasão, Rui Stoco afirma que a causação de dano moral inde-pende de prova, ou melhor, comprovada a ofensa moral o direito a indenização desta decorre, sendo dela presumido (STOCO, 2007, p.1714).

Isso significa que a obrigação de reparar é consequência da verificação do evento da-noso, sendo, portanto, dispensável a prova do prejuízo.

No mesmo sentido Sergio Cavalieri leciona que por se tratar de algo imaterial, a prova do dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios utilizados para comprovar os danos materiais. (CAVALIERI, 2009, p 86).

Este posicionamento é o adotado de forma majoritária na jurisprudência brasileira, a exemplo do seguinte julgado:

“Indenização - Dano moral - Prova - Desnecessidade. "Não há falar em prova do dano moral, mas, sim, na provado fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a condenação, sob pena de violação do art. 334 do Código de Processo Civil” (Trib. de Justiça de São Paulo 753811220098260224 SP0075381-12.2009.8.26.0224, Relator: Orlando Pistoresi, Julgamento: 18/01/12, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/01/2012).

Nesse contexto, o ponto ideal a ser alcançado é aquele em que o valor arbitrado sirva como punição da conduta ilíci-ta e cumpra o caráter pedagógico de desestimular a reincidên-cia dessa conduta, sendo que do outro lado da balança deve-se buscar apenas a compensação do dano sofrido pelo ofendi-do, pois o que passar disso caracterizar-se-á como fonte de enriquecimento sem causa.

Problemas

Como magistrado, em segunda instância, o que vis-lumbro, atuando desde 2007 na 8ª Câmara Civil, inicialmente como Juiz de Direito Substituto em Segundo Grau, é que na maioria dos processos não contem provas) a respeito da ca-pacidade financeira das partes, do sofrimento e da duração dele etc.

Não há o cuidado na instrução de juntar documentos ou arrolar testemunhas a respeito da referida capacidade.

De um lado, na reparação de dano moral por ato ilícito no trânsito de veículos, em especial colisões de veículos, as partes tem capacidade econômica, diversamente dos atrope-lamentos onde geralmente a vítima é hipossuficiente. Entre-tanto, como dito, não há prova nos autos a respeito da capa-cidade das partes, sistematicamente, é difícil de presumir.

No mais, a exemplo, nos casos de apontamento do no-me do consumidor em órgão de proteção ao crédito, quando se trata de instituição financeira como parte requerida é fácil de apurar pela imprensa a capacidade econômica.

Os instrumentos escritos (inicial, contestação, razões recursais etc.) nem sempre discorrem a respeito do período de convalescença da vítima, da intensidade do sofrimento expe-rimentado, ou ainda, a respeito do grau de reprovabilidade de acordo com as provas.

Enfim, as obtemperações se prestam muito como refle-xão no sentido de que em não realizado pelo Juiz de Direito perguntas necessárias às partes e testemunhas que esclare-çam tais questões, é necessário que o advogado de pronto, leve anotações a respeito e provoque com reperguntas os questionamentos.

Por vezes, a indenização por dano moral advém de er-ros médicos, cujo montante a ser apurado para fins de inde-nização gera certo conflito, ou seja, não se sabe, ou melhor, não resta demonstrado nos autos alguns elementos básicos que norteiem a fixação da indenização, quais sejam: o valor da consulta, quais os recursos do profissional, o seu patri-mônio, etc.

Em outros casos, o julgador depara-se com conflitos gerados por uma empresa de nome pomposo, mas com um capital pífio, sendo que uma condenação vultuosa poderá in-viabilizar a continuação de suas atividades, gerando prejuízos aos seus empregados.

Soluções

Lesões corporais e/ou morte decorrente de ato ilíci-to no trânsito de veículos

01) Juntar: a) boletim de ocorrência da polícia militar, croqui,

fotografias com os negativos, buscar referências a respeito de socorro da vítima, com as consequên-cias da omissão de socorro, o internamento em pronto socorro e o estado em que internada (constatado desde logo o sofrimento em razão das lesões sofridas);

b) prontuário médico (desde o primeiro atendimen-to), atestados médicos descrevendo quais as le-sões sofridas, qual o comprometimento para as ocupações habituais, o tempo de convalescença, o sofrimento, as intervenções cirúrgicas, as se-quelas, incapacidades e caráter permanente ou não, necessidade de fisioterapia, próteses, andar claudicante etc., (se o caso pedir, laudo comple-mentar);

c) fotografias das lesões sofridas pela vítima (uma fotografia traduz a verdade melhor do que mil pa-lavras);

d) laudos periciais (formular quesitos a respeito de cada lesão sofrida, o sofrimento, o tempo, a ex-tensão das lesões, as consequências etc.);

e) pedir dano moral e dano estético, produzindo provas de ambos, em especial, prova pericial;

f) exercer o princípio da paridade de armas reali-zando reperguntas ao depoente e às testemunhas esclarecendo todos os conceitos anteriores; qual a impressão que causa a lesão sofrida, se acompa-nhou o sofrimento da vítima, detalhadamente, se perdeu ´o namorado´, deixou de frequentar ambi-entes, o trabalho ou a escola.

02) Juntar prova da capacidade econômica da parte autora (vítima das lesões) e da parte requerida (pe-dir declaração de imposto de renda, contratos soci-ais, sites, propaganda, publicações de balanço etc.)

Apontamento do nome do consumidor em órgão de proteção ao crédito

03) Juntar: g) detalhar as condições em que ocorreu o aponta-

mento, produzindo provas, por exemplo, se furta-dos ou roubados os documentos pessoais do con-sumidor, os demais apontamentos ocorreram em condições assemelhadas, postulando a condena-ção na reparação de dano, ainda que existentes outros apontamentos no mesmo período ou se em período diverso, decorrentes da subtração dos documentos;

h) prova do apontamento; i) prova dos negócios que deixou de realizar em ra-

zão do apontamento do nome em órgão de prote-ção ao crédito;

j) em relação à prova, observar o disposto no art. 12, § 3º, inciso II, 14, § 3º, inciso I e 38, do Códi-go de Defesa do Consumidor, pois não se trata de inversão do ônus da prova mas de prova ope le-gis.2 A inversão decorre de lei.

k) A juntada de contrato com assinatura falsa do consumidor implica que a instituição financeira ou quem juntou é que terá que provar que a as-sinatura é proveniente do punho do consumidor.3

2 Não deixe de ler a respeito: http://www.slideshare.net/carlaviola/texto-inverso-do-nus-da-prova-no-cdc-ope-legis-17655347 3 o ônus da prova da autenticidade pertence ao credor embargado, a parte que produ-ziu o documento, nos termos do art. 389 , II , do CPC

l) pedir dano moral e verificar a possibilidade de pedir danos emergentes, lucros cessantes, danos materiais etc;

04) juntar prova da capacidade econômica da parte au-tora e da parte requerida (pedir declaração de im-posto de renda, contratos sociais, sites, propagan-da, publicações de balanço etc.)

A título de curiosidade, alguns casos julgados pelo STJ:

Ministro segue método bifásico e fixa dano moral por morte em 500 salários mínimos4

O Superior Tribunal de Justiça determinou pagamento de 500 salários mínimos, o equivalente a R$ 272,5 mil, como compensação por danos morais à família de uma mulher morta em atropelamento. O aci-dente aconteceu no município de Serra (ES). A decisão da Terceira Turma, unânime, adotou os critérios para arbitramento de valor pro-postos pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator do caso.

De acordo com o processo, o motorista estaria dirigindo em velo-cidade incompatível com a via. Ele teria atravessado a barreira eletrôni-ca a 66 km/h, velocidade acima da permitida para o local, de 40 km/h, e teria deixado de prestar socorro à vítima após o atropelamento. Ela

4 http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=101710

tinha 43 anos e deixou o esposo e quatro filhos, sendo um deles judici-almente interditado.

Em primeira instância, o pedido de reparação por danos materi-ais e morais, feito pela família da vítima, foi julgado improcedente por falta de provas de que o acidente tivesse acontecido exclusivamente por conta do motorista. A família recorreu ao Tribunal de Justiça do Espíri-to Santo, que determinou indenização por danos morais de R$ 10 mil.

Ao analisar recurso apresentado pela família ao STJ, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino observou a diferença entre o valor determi-nado pelo tribunal estadual e o valor que tem sido considerado razoável pela Corte. Ele destacou que o estabelecimento de critérios objetivos para o arbitramento do valor da reparação por danos extrapatrimoniais é “um dos problemas mais delicados da prática forense na atualidade”.

Paulo de Tarso Sanseverino fundamentou seu voto no método bi-fásico, que analisa dois critérios principais: o bem jurídico lesado e as circunstâncias relatadas no processo. Em conformidade com a média dos valores estabelecidos em precedentes semelhantes, considerando a morte da vítima após o atropelamento, o relator fixou a base da indeni-zação em 400 salários mínimos. Posteriormente, ele acrescentou 100 salários mínimos ao valor definitivo, considerando as particularidades do caso em julgamento.

Ponto de equilíbrio

O ministro explicou que o objetivo do método bifásico é estabele-cer um ponto de equilíbrio entre o interesse jurídico lesado e as peculia-ridades do caso, de forma que o arbitramento seja equitativo. Segundo ele, o método é o mais adequado para a quantificação da compensação por danos morais em casos de morte. “Esse método bifásico é o que me-lhor atende às exigências de um arbitramento equitativo da indenização por danos extrapatrimoniais”, afirmou.

Pelo método bifásico, fixa-se inicialmente o valor básico da inde-nização, levando em conta a jurisprudência sobre casos de lesão ao mesmo interesse jurídico. Assim, explicou o ministro, assegura-se “uma razoável igualdade de tratamento para casos semelhantes”. Em seguida, o julgador chega à indenização definitiva ajustando o valor básico para mais ou para menos, conforme as circunstâncias específicas do caso.

O ministro destacou precedentes jurisprudenciais em que foi usado o método bifásico. Em um dos julgamentos citados, foi entendido que cabe ao STJ revisar o arbitramento quando o valor fixado nos tri-bunais estaduais destoa dos estipulados em outras decisões recentes da Corte, sendo observadas as peculiaridades dos processos.

Na opinião do relator, “cada caso apresenta particularidades próprias e variáveis importantes, como a gravidade do fato em si, a cul-pabilidade do autor do dano, a intensidade do sofrimento das vítimas por ricochete [dano moral reflexo ou indireto], o número de autores e a situa-ção sócio-econômica do responsável”. Para ele, esses elementos devem ser considerados na definição do valor da indenização.

Sobre a valorização do bem ou interesse jurídico lesado, ele afirmou que “é um critério importante, mas deve-se ter cuidado para que não conduza a um engessamento excessivo das indenizações por prejuí-zos extrapatrimoniais, caracterizando um indesejado tarifamento judicial com rigidez semelhante ao tarifamento legal”.

Razoabilidade

Paulo de Tarso Sanseverino lembrou os estudos para elaboração de sua tese de doutorado na Faculdade de Direito da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul, ocasião em que pesquisou a jurisprudência do STJ sobre indenização por danos extrapatrimoniais envolvendo mor-te. Foram examinados mais de 150 processos julgados pela Corte Espe-cial ao longo de dez anos.

O ministro analisou os processos em que houve apreciação des-sa matéria a partir de 1997, quando o Tribunal passou a ter um contro-le mais efetivo sobre o valor das indenizações por danos extrapatrimo-niais na tentativa de fixar valores que atendessem às exigências do princípio da razoabilidade.

Em outro caso mencionado pelo relator, ficou entendido que, “considerando que a quantia indenizatória arbitrada a título de danos morais guarda proporcionalidade com a gravidade da ofensa, o grau de culpa e o porte sócio-econômico do causador do dano, não deve o valor ser alterado ao argumento de que é excessivo”.

Na opinião do ministro, “os valores situados em posições extre-mas apresentam peculiaridades próprias, não podendo ser considerados como aquilo que os ministros entendem ser razoável para indenização de prejuízos extrapatrimoniais derivados de dano-morte”. Para ele, esses valores se referem a “casos especiais, em que o arbitramento equitativo justifica a fixação da indenização em montante diferenciado”.

A jurisprudência atual tem se posicionado:

AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO DE REPETIÇÃO De INDÉBI-TO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - decisão mo-nocrática que negou provimento ao agravo. Insurgência da ca-sa bancária.

1. Discussão sobre o valor fixado pelo Tribunal "a quo" a títu-lo de indenização decorrente de má prestação de serviço. Importância que não se revela exorbitante. Inviabilidade de re-exame das conclusões lançadas no aresto hostilizado, por im-portar ingresso em questões de fato, o que é vedado pelo óbice da súmula n. 7 do STJ. O quantum, a título de danos morais, equivalente a até 50 (cinquenta) salários mínimos, tem sido o parâmetro adotado para a hipótese de ressarcimento de da-no moral em diversas situações assemelhadas.

2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 310.356/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/06/2013, DJe 17/06/2013)5

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PROCE-DIMENTO CIRÚRGICO. RECUSA DA COBERTURA. INDENI-ZAÇÃO. CABIMENTO. DANO MORAL IN RE IPSA. REVOLVI-MENTO DE PROVAS. DESNECESSIDADE. INDENIZAÇÃO FI-XADA EM VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO REGIMENTAL DES-PROVIDO.

1. A responsabilidade da operadora de planos de saúde pelos danos reclamados pela ora agravada encontra-se expressa-mente delineada no v. aresto recorrido, sendo, portanto, des-necessário o revolvimento do material fático-probatório dos autos.

2. É possível a condenação por danos morais quando há negativa de cobertura securitária às vésperas da realização de cirurgia urgente, uma vez que não há necessidade de comprovação do sofrimento ou do abalo psicológico numa si-tuação como essa, sendo presumida a sua ocorrência, confi-gurando o chamado dano moral in re ipsa. Precedentes.

3. Na fixação de indenização por danos morais, são levadas em consideração as peculiaridades da causa. Nessas circuns-tâncias, considerando a gravidade do ato, o potencial econô-mico da ofensora, o caráter punitivo-compensatório da indeni-zação e os parâmetros adotados em casos semelhantes, não se mostra desarrazoada ou desproporcional a fixação do quan-tum indenizatório em R$ 10.000,00 (dez mil reais).6

4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1243202/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 16/05/2013, DJe 24/06/2013)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO A COFRE DE BANCO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO. INVIA-BILIDADE. RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO QUANTUM.

SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA.

5 https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=28197384&sReg=201200215582&sData=20130604&sTipo=51&formato=PDF

6 É necessária uma reflexão a respeito das várias cirurgias possíveis e do sofrimento mais intenso em algumas delas diante da recusa, inclusive em relação ao risco de vida do consumidor.

1. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos au-tos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7/STJ.

2. Somente em hipóteses excepcionais, quando irrisório ou exorbitante o valor da indenização, a jurisprudência desta Corte permite o afastamento do referido óbice para possibilitar a revisão. No caso, o valor arbitrado pelo Tribunal de origem não se distancia dos parâmetros da razoabilidade e da propor-cionalidade. (indenização fixada em R$ 30.000,00)

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 966.460/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 20/05/2013)7

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTA-DO. POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. ACIDENTE EM SERVIÇO. PARAPLEGIA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MO-RAIS. VALORES ÍNFIMOS. LUCROS CESSANTES NÃO RE-CONHECIDOS.

INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ. HONORÁRIOS ADVOCA-TÍCIOS FIXADOS NOS TERMOS DA SENTENÇA.

1. O STJ vem permitindo a redução ou a majoração do valor da indenização quando ele se mostra inequivocamente irrisó-rio ou exorbitante, como na hipótese, em que fixado em quan-tia ínfima frente à extensão do dano experimentado pelo recor-rente. Valor majorado de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

2. O reconhecimento da existência de lucros cessantes não admitidos pela Corte de origem demandaria reexame do con-junto fático-probatório dos autos, providência vedada pela súmula 07/STJ.

3. Honorários advocatícios fixados nos termos da sentença.

4. Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 1306650/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUN-DA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 17/05/2013)8

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https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=28283634&sReg=201100367451&sData=20130624&sTipo=51&formato=PDF

8

https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=28283634&sReg=201100367451&sData=20130624&sTipo=51&formato=PDF

PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CI-VIL DO ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. DANO MORAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. EXORBITÂNCIA NÃO CONFI-GURADA. REVISÃO. SÚMULA 7/STF. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. EVENTO DANOSO.

1. O Tribunal a quo considerou o dano moral decorrente do evento que ocasionou a perda do pai e esposo das ora agrava-das, o caráter punitivo da medida, a condição social e econô-mica das vítimas, a repercussão do dano e entendeu que o va-lor fixado na sentença a título de reparação atende a imperati-vos de legalidade, justiça e razoabilidade.

2. Se o valor dos danos morais se ajusta aos parâmetros de razoabilidade e de proporcionalidade, como no caso dos autos, a alteração do entendimento adotado pelo Tribunal de origem, a fim de acolher a pretensão dos agravantes de afastar ou re-duzir a condenação por danos morais, torna-se tarefa inviável de ser realizada na via do recurso especial, por força do óbice da Súmula 7/STJ. (indenização que foi arbitrada em R$ 30.000,00)

3. O acórdão recorrido concluiu que deveria ser mantido o percentual de 10% fixado sobre o valor da condenação a título de honorários advocatícios, visto não se revelar irrisório ou excessivo.

4. A orientação desta Corte é de que a verba honorária é pas-sível de modificação na instância especial tão somente quando se mostrar irrisória ou exorbitante. Incidência também da Súmula 7/STJ.

5. Na ação indenizatória por danos morais, em caso de res-ponsabilidade extracontratual, o termo inicial para incidência dos juros de mora é a data do evento danoso, nos termos da Súmula 54/STJ. Precedentes.

6. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 178.255/SE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/04/2013, DJe 24/04/2013)9

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. RESPON-SABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. SER-VIÇO DE TELEFONIA. CORTE DO SERVIÇO. INDENIZAÇÃO FIXADA CONFORME PARÂMETROS ADOTADOS NESTA

9 https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=28218601&sReg=201102340069&sData=20130517&sTipo=51&formato=PDF

CORTE. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IN-VIABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. SÚMULA Nº 83/STJ. IN-CIDÊNCIA.

1. A reforma do julgado demandaria interpretação de matéria fático-probatória, procedimento vedado na estreita via do re-curso especial, a teor da Súmula nº 7/STJ.

2. A perfeita harmonia entre o acórdão recorrido e a jurispru-dência dominante desta Corte impõe a aplicação, à hipótese, do enunciado nº 83 da Súmula do Superior Tribunal de Justi-ça.

3. Agravo regimental não provido. (indenização por dano mo-ral fixada em R$ 30.000,00)

(AgRg no REsp 873.083/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/04/2013, DJe 16/04/2013)10

CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENI-ZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR ATO DE PREPOSTO (ART. 932, III, CC). TEORIA DA APARÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

PRECEDENTES.

1. Nos termos em que descrita no acórdão recorrido a dinâmi-ca dos fatos, tem-se que o autor do evento danoso atuou na qualidade de vigia do local e, ainda que em gozo de licença médica e desobedecendo os procedimentos da ré, praticou o ato negligente na proteção do estabelecimento. (indenização

2. Nos termos da jurisprudência do STJ, o empregador res-ponde objetivamente pelos atos ilícitos de seus empregados e prepostos praticados no exercício do trabalho que lhes compe-tir, ou em razão dele (arts. 932, III, e 933 do Código Civil). Precedentes.

3. Recurso especial provido. (indenização por dano moral mantida em R$ 100.000,00).

(REsp 1365339/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe 16/04/2013)11

10

https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=27010348&sReg=200601774235&sData=20130416&sTipo=51&formato=PDF

11 https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=27010348&sReg=200601774235&sData=20130416&sTipo=51&formato=PDF

AGRAVOS REGIMENTAIS EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO PAI E MARIDO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EM-PRESA CONTRATANTE DE EMPREITEIRA. CULPA CONCOR-RENTE RECONHECIDA PELO TRIBUNAL ESTADUAL. REVI-SÃO. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE SÚMULA 7/STJ. DANOS MORAIS. VALOR EXCESSIVO. REVISÃO. POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO A CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE.

1. "No contrato de empreitada, o empreitante somente respon-de solidariamente, com base no direito comum, pela indeniza-ção de acidente sofrido por trabalhador a soldo do empreiteiro, nos casos em que seja também responsável pela segurança da obra, ou se contratou empreiteiro inidôneo ou insolvente". (REsp 4.954/MG, Rel.

Ministro Athos Carneiro, Quarta Turma, julgado em 13/11/1990, DJ 10/12/1990, p. 14810) 2. Na espécie, o Tri-bunal a quo, na análise soberana das provas, entendeu ter a recorrente a responsabilidade solidária para a reparação do dano, ante a conduta desenvolvida na hipótese sob exame. Dessa forma, têm-se que a lide foi resolvida em decorrência do exame das circunstâncias fático-probatórias, e assim, um eventual acolhimento da pretensão da recorrente, de modo a afastar a sua responsabilidade e reconhecer a culpa exclusiva da empreiteira, pressupõe, necessariamente, o reexame dos fatos e provas da lide, atividade vedada nesta instância espe-cial em virtude do óbice contido na Súmula 7/STJ.

3. O arbitramento do valor da reparação tiver sido realizado com a necessária moderação e razoabilidade, observando-se a proporcionalidade ao grau de culpa, ao nível sócio-econômico do autor e, ainda, ao porte econômico dos réus, bem como a realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, este STJ tem por coerente a prestação jurisdicional fornecida (RESP 259.816/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixei-ra, DJ de 27/11/2000). Entretanto, naqueles casos em que o valor fixado como reparação a título de danos morais revela-se irrisório ou excessivo, de forma a não atender os critérios que balizam o seu arbitramento, a saber, assegurar ao lesado a justa reparação pelos danos sofridos, sem, no entanto, incor-rer em seu enriquecimento sem causa, esta Corte Superior de Justiça tem revisado o arbitramento daquele quantum.

4. Na hipótese dos autos, o Tribunal a quo, acolhendo a pre-tensão dos autores, fixou, a título de danos morais, o valor correspondente à quantidade de meses até que a vítima com-pletasse 65 anos de idade multiplicado pelo seu último salário mensal, o que resultou, ao final, em quantia que se revela ex-cessiva à luz da jurisprudência deste Tribunal Superior. Ade-mais, observa-se que o parâmetro adotado na origem mais os-tenta contornos de reparação material (pensionamento), do

que o de indenizar a dor e o sofrimento dos familiares pela perda do ente falecido. Redução do valor para R$ 255.000,00 (duzentos e cinquenta e cinco mil reais). Juros de mora e correção monetária, sobre este valor, nos termos da Súmula 54/STJ e Súmula 362/STJ.

5. Agravos regimentais não providos.

(AgRg no Ag 1157895/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALO-MÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 22/03/2013)12

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECI-AL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIM-PLENTES. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VALOR ARBITRADO. RAZOABILIDADE. PRECEDENTES DO STJ.

1. A fixação da indenização por danos morais baseia-se nas peculiaridades da causa, e somente comporta revisão por este Tribunal quando irrisória ou exorbitante, o que não ocorreu na hipótese dos autos, em que o valor foi fixado em R$ 10.900,00 (dez mil e novecentos reais). Precedentes.

2. O agravante não trouxe nenhum argumento capaz de modi-ficar a conclusão do julgado, o qual se mantém por seus pró-prios fundamentos.

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 203.562/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 26/02/2013)13

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECI-AL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ATRASO DE VÔO. PERNOITE DE PESSOA IDOSA NO AEROPORTO.

DANO CONFIGURADO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DO VALOR ARBITRADO.

INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

1. A conclusão a que chegou o Tribunal de origem, acerca do valor da indenização por dano moral, decorreu de convicção

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formada em face dos elementos fáticos existentes nos autos. Alterar esta conclusão demandaria reexame de provas, o que atrai a incidência da Súmula 7/STJ. Ademais, o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais) fixados a título de reparação mo-ral em virtude de uma pessoa idosa pernoitar no aeroporto, em razão do atraso do vôo, não se distancia dos parâmetros desta Corte.

2. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 68.966/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SA-LOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 14/02/2013)14

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECI-AL. DANO MORAL. LESÕES CORPORAIS CAUSADAS DEN-TRO DO ESTABELECIMENTO RÉU. VALOR QUE ATENDE ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, O PRINCÍPIO DO RAZOÁVEL E OS PARÂMETROS DO SUPERIOR TRIBU-NAL DE JUSTIÇA. DECISÃO MANTIDA.

1. A revisão de indenização por danos morais só é possível em recurso especial quando o valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou ínfimo, de modo a afrontar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

2. No presente caso, não há motivos para rever a decisão ora agravada, de modo que deve ser mantido o valor da indeniza-ção, fixado pelas instâncias ordinárias em R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

3. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.

(AgRg no AREsp 200.858/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SA-LOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 01/10/2012)15

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECI-AL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. VALOR. FIXADO COM RAZOABI-LIDADE. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO.

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https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=24764951&sReg=201201415809&sData=20121001&sTipo=91&formato=PDF

1. A revisão de indenização por danos morais só é possível em recurso especial quando o valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou ínfimo, de modo a afrontar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

2. O valor equivalente a até 50 (cinqüenta) salários míni-mos tem sido o parâmetro adotado por esta Corte para a hipó-tese de ressarcimento de dano moral advindo de inscrição in-devida do nome em órgão de restrição ao crédito. Dessa forma, verificando que o valor fixado pelo Tribunal de origem está em harmonia com esse entendimento, não prospera a irresigna-ção que pretende a sua redução.

3. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.

(AgRg no AREsp 114.676/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SA-LOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/09/2012, DJe 24/09/2012)16

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBAR-GOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AQUISIÇÃO DE GARRAFA DE REFRIGERANTE CONTENDO UM INSETO EM SEU INTERIOR. DANOS MORAIS. AUMEN-TO DA INDENIZAÇÃO. INVIABILIDADE. RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO QUANTUM.

1. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos au-tos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7/STJ.

2. Contudo, em hipóteses excepcionais, quando manifesta-mente evidenciado ser irrisório ou exorbitante o arbitramento da indenização, a jurisprudência desta Corte permite o afas-tamento do referido óbice, para possibilitar a revisão.

3. No caso concreto, a indenização, fixada pelo juízo singular a título de danos morais, em virtude da aquisição de uma garra-fa de refrigerante contendo um inseto em seu interior, foi mantida pelo Tribunal de origem em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que destoa dos parâmetros adotados por esta Corte em casos análogos: AREsp n. 163.764/PE, Relator Mi-nistro SIDNEI BENETI, DJe 8/5/2012, Ag n. 1.341.105/RJ, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe 14/11/2011, Ag n. 1.351.362/RJ, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe 3/10/2011, e AREsp n. 22.674/PB, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, DJe 5/8/2011.

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4. Nesse contexto, a fim de adequar o presente caso à juris-prudência desta Corte, impõe-se a redução da indenização à quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

5. Agravo regimental desprovido.

(AgRg nos EDcl no AgRg no Ag 1427144/SC, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 24/08/2012)17

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. IN-DENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MORTE DO PAI DAS AU-TORAS. VALOR ARBITRADO PELA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. REVISÃO. PRECEDENTES DO STJ.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite, excepcionalmente, em sede especial, o reexame do valor fixado a título de danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Hipó-tese em que a verba indenizatória, consideradas as circuns-tâncias de fato da causa, foi estabelecida pela instância ordi-nária em desconformidade com os princípios da proporciona-lidade e razoabilidade. Revisão do valor indenizatório e estipu-lação de quantia condizente com os parâmetros desta Corte. (indenização fixada em R$ 100.000,00)

2. Agravos regimentais a que se nega provimento.

(AgRg no Ag 1378016/MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 22/08/2012)18

RECURSOS ESPECIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. PUBLI-CAÇÃO DE ARTIGO OFENSIVO À HONRA DE MAGISTRADO EM JORNAL DE CIRCULAÇÃO NACIONAL. RECURSO ADE-SIVO DO AUTOR. AUSÊNCIA DE GUIA DE RECOLHIMENTO DA UNIÃO - GRU. NÃO CONHECIMENTO. RECURSO ESPE-CIAL DAS RÉS. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA. DANOS MORAIS. EXISTÊNCIA. DANOS MORAIS FIXADOS DENTRO DOS PARÂMETROS DESTA CORTE. JUROS MORA-TÓRIOS. SÚMULA Nº 54/STJ. APLICAÇÃO.

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1. Recurso especial adesivo do autor. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser essencial à comprovação do preparo a juntada da guia de recolhimento da União (GRU), juntamente com o comprovante de pagamento, no ato da in-terposição do especial, sob pena de deserção.

2. Recurso especial das rés. Os embargos de declaração, ainda que para fins de prequestionamento, são cabíveis somente quando há, na decisão impugnada, omissão, contradição ou obscuridade, bem como para corrigir a ocorrência de erro ma-terial (RESP nº 1.062.994/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/8/2010, e AgRgRESP nº 1.206.761/MG, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJe 16/5/2011), hipóteses que não se verificam na espécie.

3. Matéria jornalística que imputou a magistrado prevaricação e exercício do cargo de forma ilegal e tendenciosa, atingindo-lhe a honra, como reconhecido pelas instâncias ordinárias.

4. Na linha dos precedentes do Tribunal Superior de Justiça, restando evidentes os requisitos ensejadores ao ressarcimento por ilícito civil, a indenização por danos morais é medida que se impõe.

5. A indenização por danos morais fixada em R$ 100.000,00 (cem mil reais) não destoa de precedentes desta Corte em casos análogos.

6. O termo inicial dos juros de mora é a data do evento dano-so, por se tratar, no caso, de responsabilidade extracontratu-al, nos termos da Súmula nº 54/STJ.

7. Recurso especial adesivo não conhecido e não provido o re-curso especial das rés.

(REsp 1308885/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 11/12/2012)19

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AJUIZAMENTO DE EXECUTIVO FISCAL EM FACE DO EX-PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. DA-NOS MORAIS. FIXAÇÃO NOS LIMITES DO PEDIDO. JUROS MORATÓRIOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 54 DO STJ.

1. Tratando de inscrição indevida em bancos de dados de-sabonadores, o STJ entende ser possível a fixação de in-denização por danos morais em até 50 (cinquenta) salários

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mínimos. Mutatis mutandis, tal entendimento deve ser apli-cado no caso dos autos, em que houve execução fiscal decor-rente de inscrição indevida na dívida ativa.

2. No caso, a situação se mostra significativamente grave, porquanto o autor, além dos constrangimentos ordinários de-correntes da inscrição do seu nome na dívida ativa, sofreu execução fiscal posteriormente extinta por ilegitimidade passi-va, com bens penhorados para a segurança do juízo.

3. Em havendo pedido certo de condenação em danos morais, o magistrado, ao julgar a causa, deve se limitar ao que foi re-querido (atendendo ao princípio da congruência), sob pena de julgamento ultra petita. Precedentes.

4. Na hipótese, em não se tratando de responsabilidade civil contratual - porquanto não se pretende o cumprimento de ne-nhuma obrigação contratualmente estabelecida -, mas de obrigação decorrente de condenação por ato ilícito puro, deve incidir a Súmula n.º 54/STJ, no que concerne aos juros mora-tórios.

5. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AgRg no Ag 1389717/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 14/02/2013)20

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PEDAÇO DE METAL NO INTERIOR DE LINGÜIÇA PRODUZIDA PELA RÉ - PRODUTO MASTIGADO PELO AUTOR PRODUZINDO FE-RIMENTOS EM SUA BOCA - DANOS MORAIS - FIXAÇÃO - RAZOABILIDADE - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.

1.- A intervenção do STJ, Corte de caráter nacional, destinada a firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o país e não para a revisão de questões de interesse individual, no caso de questionamento do valor fixado para o dano moral, somente é admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de origem, cumprindo o duplo grau de jurisdição, se mostre tera-tólogico, por irrisório ou abusivo.

2.- No caso concreto, os recorridos adquiriram produto da re-corrente (linguiça tipo toscana) e, durante o seu consumo, en-contraram um pedaço de metal em seu interior, causando fe-rimentos em suas bocas.

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O valor da indenização por danos morais não se mostra abusivo, pois fixado em 50 (cinquenta) salários mínimos.

3.- Agravo Regimental improvido.

(AgRg no AREsp 107.948/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 27/06/2012)21

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