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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
PDE
EUSTÉRIO LUIS VEIT
O AQUECEDOR SOLAR DE ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE USO E
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA
BARRACÃO - PR
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
PDE
O AQUECEDOR SOLAR DE ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE USO E
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA
Artigo cientifico apresentado ao PDE
(Programa de Desenvolvimento
Educacional da SEED – Secretaria de
Educação do estado do Paraná) como
requisito para elevação de nível do docente
Eustério Luis Veit, nível III, no plano de
carreira do Magistério Público do Estado
do Paraná .
Orientador: Luciano Z. P. Candiotto
Professor Adjunto da UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão-PR
Curso de Geografia
GETERR (Grupo de Estudos Territoriais)
BARRACÃO – PR
OUTUBRO, 2009
RESUMO
Em função da crise de energia, ocorrem grandes disputas no mundo.O progresso e
desenvolvimento de todos os países do mundo depende de possuir fontes de energia
disponível.A população do planeta está aumentando cada vez mais e cada dia também surgem
novas aplicabilidades para a energia.Todas as fontes de energia convencionais produzem
muita poluição, deixam resíduos, e, podem por em risco toda biosfera. A energia solar como
fonte renovável, não poluidora, com insumo gratuito e abundante no Brasil se impõe como
área de interesse nacional. Porém o seu uso ainda é limitado pelo alto custo dos painéis
solares. O objetivo deste estudo é demonstrar e divulgar as inúmeras aplicabilidades da
energia solar, promovendo debates sobre o tema e construindo um protótipo de um aquecedor
solar de água com material reciclado. Não com o fim de aquecer água para ser utilizada no
colégio, mas sim para fins de estudo, com a ajuda e apoio de alunos, equipe pedagógica e
direção. Foi montado um grupo de apoio formado por professores do colégio que participaram
do planejamento e discussão do projeto. Foram realizadas pesquisas sobre os impactos das
fontes convencionais de energia sobre o meio ambiente, e aquecimento global, bem como as
fontes alternativas de energia, juntamente com os alunos na sala de aula. Foram realizados
diversos colóquios nas diversas turmas envolvidas no projeto, e, por fim, a realização de um
seminário envolvendo toda a comunidade escolar. A ultima etapa do projeto dói a construção
de um protótipo de um aquecedor solar de água no Colégio Leonor Castellano de Barracão.A
implantação do projeto foi muito produtiva, uma vez que os alunos pesquisaram, debateram
sobre o tema, produziram textos e se envolveram, trazendo o material necessário para a
montagem/construção do experimento científico. A montagem do aquecedor solar de água
teve muita repercussão na comunidade escolar, comprovada pela grande quantidade de
pessoas que vieram observá-lo e estudá-lo, em busca de informações detalhadas, inclusive o
manual patenteado pelo Sr. José Alcino Alano, para poder construir um aquecedor em suas
residências.
Palavras-chave: fontes de energia, fontes alternativas de energia, energia solar.
1 INTRODUÇÃO
Os governantes de todos os países do mundo, especialmente os altamente
industrializados, estão muito preocupados com as fontes de energia. Esta é uma das razões
para transferirem parte das suas indústrias para os países subdesenvolvidos, aproveitando
também o fácil acesso à matérias-primas e mão-de-obra barata. Como conseqüência desse
processo, os rejeitos industriais intensificam a degradação ambiental (poluição, contaminação,
erosão, etc) nos paises pobres, e estes, acabam sendo responsabilizados por boa parte da
degradação ambiental, que muitas vezes provém de interesses dos paises mais ricos.O Brasil é
um dos países mais procurados para este fim.
Os paises desenvolvidos acabam transferindo diversas indústrias poluentes para os
paises subdesenvolvidos, Sabendo da esgotabilidade dos combustíveis fósseis e da tendência
de aquecimento global, organismos internacionais, governamentais ou não, vem conclamando
as nações ricas e pobres a descobrir, explorar e produzir energias renováveis e menos
impactantes.
Existe uma grande diferença entre os paises quanto a capacidade de produzir energia,
mas principalmente quanto ao consumo de energia. Segundo Goldenberg (2003, p 173)
“somente os EUA, com 6% da população mundial, consomem 35% da energia mundial”.
Além disso, entendemos que a capacidade de consumo tem a ver, proporcionalmente, com a
quantidade de resíduos sólidos produzidos e despejados, e que quanto mais se produz, mais se
degrada o meio ambiente.
A posse de fontes de energia significa poder para um país, pois a energia é
fundamental para o progresso e o crescimento econômico. É desnecessário dizer que todos os
paises do mundo desejam se tornar desenvolvidos. Mas, se isto acontecer, pode ser, com
certeza, muito danoso ao meio ambiente, pois não existem recursos naturais disponíveis para
padrões de consumo tão altos como os dos países ricos.
Importante lembrar que além da população estar aumentando cada vez mais, cada dia,
também, surgem novas invenções e aplicabilidades para a energia. Essa situação leva,
inexoravelmente, cada vez mais, ao esgotamento de algumas fontes como a do petróleo, que
gera poluição e resíduos; e o carvão mineral e vegetal, responsável por desmatamentos e
extrações de minérios.
A maioria das fontes de energia, bem como as tecnologias são desenvolvidas
primeiramente com objetivo bélico, como por exemplo é o que os Estados Unidos fizeram ao
criar a bomba nuclear, tecnologia que mais tarde, originou as usinas nucleares, aliás o único
país do mundo que possui a tecnologia para construir bomba atômica, pois foram os únicos
que provaram que tem, e não tiveram escrúpulos para usá-la. Tanto que, O piloto do avião que
jogou a bomba, depois de velhinho declarou que não se arrependeu, e se recebesse ordens,
jogaria a bomba de novo. Então, os EUA, caso achassem conveniente, usariam novamente a
bomba atômica.
Os combustíveis de urânio, utilizadas na energia nuclear, são capazes de liberar
1.500.000 vezes mais calor que o carvão. De acordo com Hammond et al. (1975, p. 63), “a
fissão do átomo libera muitos resíduos como a radioatividade e descarregam seu calor residual
diretamente nos rios e lagos”.
A energia geotérmica é uma forma de fissão do átomo. Minerais radioativos se
decompõem no centro da terra, produzem calor, que é transportado para próximo da
superfície, onde poderá ser utilizado para produzir eletricidade. É uma energia limpa e
renovável, praticamente inesgotável. Por outro lado, poderá provocar a poluição da água,
acomodação da terra, e até problemas sísmicos. (HAMMOND et al., 1975).
O governo brasileiro, preocupado com ameaça de apagão de energia, vem investindo
em novas fontes, importando gás e energia elétrica de outros países, e prevê a ampliação da
construção de usinas hidrelétricas nos rios brasileiros. As usinas hidrelétricas correspondem à
maior fonte de eletricidade no Brasil, e apesar de ser uma fonte renovável, também gera
impactos ambientais e sociais1.
De acordo com o Balanço Energético Nacional, realizado no ano de 2006, a principal
fonte de energia elétrica no Brasil é a energia hidrelétrica, com 75,9% da produção, seguida
pela biomassa (4,2%), gás natural (4,0%), nuclear (3,0%), derivados do petróleo (2,6), carvão
(1,6%) e eólica (0,1%).
Além disso, o Brasil ainda importa 8,7% da energia. No entanto, novas descobertas de
depósitos de petróleo e gás natural devem tornar o Brasil autônomo em termos de geração de
energia. Mesmo assim, é preciso aproveitar melhor as fontes renováveis como os ventos, o
sol, a biomassa, as correntes marítimas, entre outras.
As fontes de energia convencionais “são uma ameaça a saúde humana e a qualidade de
vida, além de afetar o equilíbrio ecológico e a diversidade biológica” (Goldenberg, 2003, p.
173), tanto que tem ocasionado a morte de mais de 1,6 milhão de pessoas, causada pela
1 Diversas entidades preocupadas com estes impactos criaram o Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), que se posiciona contrário à construção de usinas hidrelétricas e sugere o uso de energias alternativas,
renováveis e não poluentes como energia solar, eólica, e biodigestores.
poluição provocada pela queima de combustíveis fósseis. Mesmo assim, os EUA, maiores
consumidores desse tipo de energia no planeta, se recusam a ratificar o Protocolo de Quioto,
que propõe a redução de emissão de gazes poluentes.
De acordo com o Escritório do Censo americano, 19/06/2008, no ano de 2012, o
planeta deverá ter em torno de sete bilhões de habitantes. Para o planeta sobreviver até lá,
deve mudar a sua matriz energética para fontes renováveis e limpas.
No Brasil, o centro de pesquisa, desenvolvimento e montagem de veículos elétricos de
Itaipu, em Foz do Iguaçu - PR, em parceria com a FIAT, e participação das empresas do
sistema Eletrobrás no projeto, começou a produção em série de cinqüenta protótipos do Palio
Weekend Elétrico, com a autorização do DENATRAN no fim de 2007, que vão estar
disponíveis no mercado já no ano de 2008. (BERALDO, 2008)
Por suas características de fonte renovável não poluidora, como insumo gratuito e
abundante no Brasil, a energia solar se impõe como área de interesse nacional, sobretudo após
a crise mundial do petróleo a partir de 1970, quando a Companhia Nacional do Petróleo
passou a ter interesse em pesquisar e incentivar o uso desta fonte de energia.
A tecnologia disponível para transformar energia solar em eletricidade é a dos painéis
solares. O módulo solar fotovoltaico são células constituídas de silício monocristalino com
99,9% de pureza, revestidos com material anti-reflexivo e providos de contatos para captação
de energia elétrica. Além do módulo solar, é necessário também um controlador de carga e
uma bateria que armazena a energia elétrica gerada pelo módulo solar.
Esse tipo de tecnologia está longe de ser viável para a população devido aos altos
custos dos painéis solares e outros materiais necessários para sua implementação pela
população. Apenas um módulo regulador de carga e conversor custa em torno de R$ 3.000,00
(Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica LTDA, 2008).
Portanto, é um desafio para a humanidade pesquisar a energia solar, para tornar o
custo dos materiais utilizados mais acessível ou utilizar materiais alternativos, de baixo custo
para popularizar e viabilizar a sua utilização.
Segundo Paltz (1981) a energia solar, com suas múltiplas utilizações diretas na
geração de calor para processos térmicos à baixa temperatura (inferior a 100 ºC), é uma
alternativa viável, nas áreas industrial, agrícola e doméstica dos países de primeiro mundo.
Na visão de Braga et al. (2001, p.28/29),
Com relação ao Brasil, já se dispõe de tecnologias desenvolvidas em Centros de Pesquisa, que já estão sendo transferidas, principalmente ao meio rural, como fonte alternativa de calor no aquecimento da água para agroindústria, doméstico, aquecimento de ambientes, de estufas, de viveiros, secagem de produtos agrícolas, tratamento térmico de solos.
Para Hammond et al. (1975, p. 82), “a energia solar não só aquece a superfície
terrestre, mas, também impulsiona as chuvas, os ventos, e as correntes oceânicas, e fornece,
ainda, energia para ciclos de vida das plantas e animais através da fotossíntese”.
Em abril de 2008, o governo de Santa Catarina, em parceria com a Celesc, lançou o
“Projeto Sou Legal, To Ligado”, que vai beneficiar 35 mil famílias de baixa renda com
diversas ações de inclusão social e eficiência energética, entre as quais está prevista a
instalação de aquecedores solares.
Dentro deste contexto, o presente trabalho busca trazer a questão da energia para o
ambiente escolar, bem como estudar uma forma de implantar um sistema de aquecimento
solar de água no Colégio Estadual Profª Leonor Castellano de Barracão - PR, utilizando
material alternativo como garrafas PET e embalagens tetrapack para verificar sua eficiência e
viabilidade a custos reduzidos. Para tanto, vamos analisar com especial atenção, e nos
mínimos detalhes projeto disponibilizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos
Hídrico do Estado do Paraná, disponível no site:
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/meioambiente/solar.pdf
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Promover o debate sobre fontes de energia, especialmente, fontes de energia mais
limpas, sustentáveis e alternativas, no Colégio Estadual Profª Leonor Castellano do Município
de Barracão – PR, e, implantar um sistema de aquecimento solar com material de baixo custo
e reciclável, visando a sensibilização das pessoas sobre o assunto.
1.1.2 Objetivos específicos
- Produzir materiais didáticos relacionados à questão da energia, às energias renováveis, e
mais especificamente à energia solar;
- Fazer a montagem e instalação de um protótipo do aquecedor solar de água, que servirá
como material didático;
- Promover oficinas e debates no Colégio Estadual Profª Leonor Castellano do Município de
Barracão – PR, sobre a importância e necessidade de se produzir e implantar fontes
alternativas de energia, e sobre as técnicas de instalação do aquecedor solar de água;
- Divulgar os procedimentos de montagem de um aquecedor de água com energia solar;
- Transformar as pessoas da comunidade escolar em agentes multiplicadores, através da
participação nas diversas etapas da construção do aquecedor solar, e sensibilização em relação
à questão da energia.
- Demonstrar, na prática, uma forma de se utilizar energia solar a baixos custos, e incentivar
os alunos a implantar esse e outros métodos para conservação de energia.
- Incentivar as pessoas a construírem aquecedores solares de água em suas casas para uso e
consumo.
2. METODOLOGIA
O processo de implementação do projeto começou no durante a semana pedagógica no
mês de fevereiro de 2009, com a apresentação do mesmo, ao corpo docente, equipe
pedagógica, direção e demais funcionários do Colégio Leonor Castellano – EFM (Ensino
Fundamental e Médio) do município de Barracão-PR, quando todos foram convidados para
participar das atividades no desenvolvimento do projeto.
O primeiro passo foi organizar um grupo de apoio à implementação, que envolveu
professores e funcionários, num total de 10 participantes, além do professor PDE. Os
integrantes receberam certificação via SEED.
No início do ano, já no mês de fevereiro, o projeto foi sugerido e apresentado para os
alunos de quatro turmas, sendo de duas sétimas e duas oitavas séries, perfazendo um total de
120 alunos. No mês de março foram iniciadas as pesquisas sobre os impactos provocados pela
descoberta das diversas fontes convencionais de energia, a necessidade de rever o modelo
econômico baseado nessas fontes de energia, a necessidade de usar fontes alternativas de
energia e os benefícios da energia solar e métodos utilizados para sua aplicação, isto é,
ampliou-se os conhecimentos técnicos e acadêmicos sobre o tema. Inclusive, os diversos tipos
de aquecedor solar que já foram inventados, principais dificuldades encontradas, cuidados
especiais e específicos que precisam ser tomados. Enfim, estudar as especificidades de cada
modelo.
Ainda no mês de março também realizados o levantamento e pesquisa bibliográfica
sobre energia solar; estudo e análise técnicas sobre os temas, com atenção especial para o
manual elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do
Paraná, em parceria com o Sr. José Alano e Família.
Nos meses de abril e maio, realizou-se a preparação dos materiais didáticos em relação
ao tema da energia solar; foi apresentado um seminário sobre a questão da energia,
destacando a energia solar, o sistema de aquecimento de água, e foi solicitado aos alunos a
coleta de materiais a serem utilizados (garrafas PET, pedaços de cano, tambores de plástico,
serragem e embalagens tetrapack). Para a realização do seminário, foram convidadas todas as
pessoas da comunidade escolar. O professor fez uma explicação sobre a preocupação do
mundo com a energia, sobre a possibilidade de produzir e/ou poupar energia de maneira
simples e sustentável.
Nos meses de junho e julho foram recolhidos os materiais de reuso (garrafas PET de 2
litros, embalagens de leite tetrapack, pedaços de cano de pvc 20 mm, tambores, etc.) , parte do
material buscado nos lixões da cidade pelos
alunos (Foto 1). Também foram adquiridos
outros materiais (conexões, cola, tinta preta
fosca) que não foram coletados pelos
alunos, e que foram necessários para a
montagem do protótipo.
F
o
t
o
Foto1: lixão da cidade de onde os alunos buscaram parte
do material utilizado.
Fonte: foto do autor, 2009.
Ainda no mês de Julho foi realizada, com a participação dos alunos, a preparação do
material (recorte e pintura das embalagens tetrapack, recorte e pintura dos canos, bem como a
perfuração e recorte dos tambores, de acordo com o manual). Em seguida, foi feita a
montagem e instalação de um protótipo de aquecedor solar de água no Colégio Estadual Prof.
Leonor Castellano de Barracão, com uso de materiais de baixo custo e recicláveis. No local
onde o protótipo ficou exposto, foi divulgada a metodologia de construção do aquecedor
solar, contendo as ferramentas utilizadas, um manual impresso e um banner (Apêndice B).
No período de agosto à novembro, foram oferecidas oficinas sobre a questão da
energia e o aquecedor solar para os alunos das
quatro turmas (Foto2).
Os alunos mais diretamente envolvidos
nas oficinas foram as duas oitavas e duas
sétimas séries, com quem o professor tem aula.
O protótipo foi utilizado como material didático.
F
o
Foto 2: Professor PDE consultando o manual
junto com os alunos, para tirar dúvidas
Fonte: foto do autor, 2009.
Estes estudaram com mais detalhes as fontes de energia com ênfase na energia solar.
O protótipo também foi apresentado na Escola de Educação Básica Dr. Theodureto Carlos de
Faria Souto, e Escola de Educação Básica Irineu Bornhausen, no município de Dionísio
Cerqueira – Santa Catarina, e também nos dias 19 a 23 de outubro no Fera Com Ciência no
município de Capanema - PR.
Os alunos do Colégio foram parceiros deste projeto, tanto na recolha do material
reciclável, como na elaboração do projeto e construção do protótipo. O Colégio através da
APM (Associação de Pais e Mestres) participou com o fornecimento do restante do material.
Todas as atividades realizadas em função desta pesquisa foram documentadas através
de fotos e documentos. Esses documentos/registros podem servir como material didático e
também de divulgação do projeto (Fotos 3,4 e 5; apêndice A).
Foto 3: detalhe das conexões, um dos poucos materi- ais que foi necessário comprar, e o espaçamento entre as garrafas, determinado pelo cano, com 8 cm de
comprimento. Fonte: foto do autor, 2009.
Foto 4: detalhe da boca da garrafa, amarrada com
borracha de câmara de ar para firmar a garafa e para
impedir a fuga de calor.
Fonte: foto do autor, 2009.
Foto 5: dois tambores que funcionam como caixa de
água, separados por serragem, que funciona como iso-
lante térimico.
Fonte: foto do autor, 2009.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A participação do grupo de apoio, composto por professores e pedagogos, foi
fundamental no desenvolvimento do projeto. O grupo de apoio acompanhou, sugeriu,
questionou, discutiu, analisou, revisou, o manual, as pesquisas bibliográficas, o material
necessário, recolhido e comprado, trazendo mais segurança e entusiasmo aos alunos durante a
implementação do experimento científico.
Por mais que os meios de comunicação apresentem cada vez mais reportagens
mostrando agressões ao meio ambiente, catástrofes meteorológicas e o quanto isso atinge as
pessoas, a sociedade e a economia, os alunos não percebiam que o problema ambiental é algo
próximo da vida cotidiana deles. Através das discussões e pesquisas promovidas pela
implementação do projeto, os alunos aprofundaram os conhecimentos sobre o tema e
perceberam o quanto todos nós podemos participar. Podemos tanto criar e produzir as
agressões ao meio ambiente quanto construir uma sociedade menos poluidora, e a
implementação do aquecedor solar demonstrou, na prática, como todos nós podemos interferir
na substituição das energias convencionais por energias alternativas, minimizando o efeito
desastroso da ação do homem sobre o meio ambiente.
ONGs e ambientalistas estão ganhando cada vez mais espaço nos meios de
comunicação e nos meios políticos, trazendo a público os problemas ambientais provocados
pelo atual modelo político e econômico baseado em fontes convencionais de energia. O uso
das fontes convencionais de energia provocam o aumento do efeito estufa do planeta terra,
culminando com o aquecimento global, que traz como consequência a potencialização dos
fenômenos meteorológicos, que provocam, por sua vez, grandes catástrofes. Faz-se necessário
e urgente a discussão do modelo político e econômico mundial que tem como mola mestra
estas fontes de energia.
Tendo em vista o exposto, a implantação do projeto foi muito produtiva, uma vez que
os alunos pesquisaram, debateram sobre o tema, produziram textos e se envolveram, trazendo
o material necessário para a montagem/construção do experimento científico além de
participar da elaboração do experimento (Foto 6).
Foto 6:Grupo de alunos sob orientação do professor PDE,
preparando material para montar o aquecedor solar de água.
Fonte: foto do autor, 2009.
A implementação do projeto também motivou os alunos a participarem de outras
atividades relacionadas com o tema, com por exemplo, a participação das turmas no “ Desafio
Mudanças Climáticas (ANEXO A)”.
A possibilidade de montar um aquecedor solar de água com material reciclado e
poucos recursos chamou a atenção e teve muita repercussão na comunidade escolar,
comprovada pela grande quantidade de pessoas que vieram observá-lo e estudá-lo, em busca
de informações detalhadas, inclusive o manual patenteado pelo Sr. José Alcino Alano, para
poder construir um aquecedor em
suas residências. Cabe resaltar que o
professor PDE recebeu inúmeros
convites para apresentar este
protótipo (Foto 7) em outros locais,
escolas e eventos, demonstrando que
a iniciativa atingiu e até superou os
objetivos propostos inicialmente.
Foto 7: aula do professor PDE, utilizando o banner e
o aquecedor solar de água como material didático.
Fonte: foto do autor, 2009.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A equipe de educadores da SEED estado do Paraná, quando criou este modelo de
programa PDE, pensou em fazer dos professores do estado, pesquisadores. Para os
professores serem pesquisadores precisam disponibilizar tempo para esta atividade. Ficar um
ano liberado pelas escolas para voltar a frequentar as universidades foi decisivo. Foi possível
fazer leituras, elaborar projetos, fazer pesquisas e finalmente implementações nas escolas,
demonstrando o quanto que a teoria fica próxima da prática.
A disciplina de Geografia estuda todas as maravilhas e recursos naturais do planeta e
a forma como estão sendo utilizados, por quem e para que são explorados, e mostra a ação
desastrosa do homem no meio em que vive.
O atual modelo político e econômico que regulamenta a forma como o homem age
sobre a natureza, está condenado porque compromete a vida no planeta. Modelos alternativos
estão sendo propostos e analisados, inclusive fontes alternativas de energia. Uma delas é a
energia solar.
A energia solar é viável, eficiente e não poluente, mas é pouco utilizada pela pequena
divulgação.Os colégios e as escolas, especialmente a disciplina de geografia tem o
compromisso de contribuir em defesa do meio ambiente, divulgando fontes de alternativas de
energia como a energia solar, e interferir no modo de pensar e agir dos alunos e da sociedade
de modo geral.
A implementação do projeto PDE propiciou ao professor a oportunidade de
demonstrar através de suas pesquisas, leituras, estudos e elaboração de projetos, e
implementação na escola, que qualquer cidadão tem possibilidade de contribuir de forma
efetiva e ativa na construção da sociedade, da economia e de um planeta sustentável.
REFERÊNCIAS
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
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Celesc Distribuição lança programa de eficiência energética para famílias catarinenses.
2008. Disponível em
<http://cel63.celesc.com.br/portal/home/index.php?option=com_content&task=view&id=75&
Itemid=1>. Acesso em: 24 Maio 2008.
ESCRITORIO DO CENSO AMERICANO, População mundial passará de 7 bilhões em
2012, 2008. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/06/19/população
mundial passara de 7 bilhões em 2012 1376547.html
GOLDEMBERG, José, Energia, Meio Ambiente&Desenvolvimento. Edusp-Editora da
USP. São Paulo, 2001, 2 edição.
GOLDENBERG, José in TRIGUEIRO, A (coord.). Meio Ambiente no Século 21: 21
Especialistas falam da Questão Ambiental nas suas Áreas de Conhecimento. Rio de Janeiro:
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HAMMOND, Allen L. METZ, William D. e MAUGK, Thomas H. Zahar editores, 1975, Rio
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MIRANDA, Evaristo Eduardo de. Pouco Sustentáveis. Revista carta capital. Editora
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Orçamento encomendado junto a empresa Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica
LTDA. Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica LTDA. 2008.
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MENNOPAR. Manual de Aquecedor Solar de Água. 2006.Disponível em
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/meioambiente/solar.pdf
APÊNDICES
APÊNDICE A – FOTO DO PROTÓTIPO DO AQUECEDOR SOLAR DE ÁGUA
Fonte: foto do autor, 2009.
APÊNDICE B - RÉPLICA DO BANNER
ANEXOS
ANEXO A – TEXTOS DOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DO DESAFIO
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
“MUDANÇAS CLIMÁTICAS”
Diariamente, cada vez mais, os noticiários, os professores e entidades comentam sobre
os fenômenos meteorológicos, aquecimento global e mudanças climáticas.
Já se sabe que não é a primeira vez que há mudanças climáticas na terra. Porém, eram
provocadas pela própria natureza. Mas agora as mudanças estão sendo provocadas pelo
homem.
As mudanças acontecem quando há uma alteração no efeito estufa da terra.
E, um dos gazes que provoca o efeito estufa é o gás carbônico. O gás carbônico existe em
grande quantidade no planeta, mas, preso nas arvores das florestas e no interior da terra em
forma de carvão e petróleo.
Com a evolução da sociedade humana, especialmente a partir da invenção do motor,
aumentou muito a exploração dos recursos naturais, inclusive, a destruição das florestas e o
uso de combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo, liberando para a atmosfera o gás
carbônico. E, já foi estatisticamente comprovado que, quanto mais gás carbônico na atmosfera
maior é a temperatura da terra. Por isso, a humanidade precisa, com urgência, repensar a sua
matriz energética e preservar, de forma eficiente, as florestas.
O Brasil, com o uso de álcool e do biodiesel como combustível, já deu um passo
importante na redução da emissão de gás carbônico na atmosfera, mas, ainda está permitindo
a destruição desenfreada das florestas.
As autoridades políticas e ambientais da cidade se preocupam com a preservação das
florestas, distribuindo mudas de árvore para as crianças da escola e fazendo o plantio
simbólico de uma mudinha. Isso é muito bonito, mas não ajuda muito.
Para manter as florestas, bastava que fosse cumprida a lei. O Código Florestal em
vigor, que foi criado em 1965, prevê que todo proprietário de terras deve respeitar as
nascentes e a mata ciliar, de no mínimo 30 metros da cada margem. E isso não está
acontecendo. Pelo menos na nossa região a falta de orientação, ou a impunidade aliada à
ganância e a ambição fazem com que os agricultores explorem as suas terras, com lavouras ou
pastagens, até o barranco do rio.
Da mesma forma, existe a Reserva Legal de cada propriedade rural, que varia
conforme a região, Segundo o professor de geografia do colégio, a reserva legal da Amazônia
é de 80% e de 20% nas demais regiões.
Muito mais importante do que distribuir mudinhas de arvores para as crianças das
escolas da cidade, as autoridades devem trabalhar com os proprietários de terras, para que
estes cumpram a lei.
Uma das atitudes mais adequadas parece ser a do ASSINTRAF – Associação
Institucional da Agricultura Familiar do município de Barracão. De acordo com o seu
presidente, que fez palestra no Colégio, a entidade contratou um técnico que faz a proteção
das fontes nas propriedades dos seus associados e os orienta e ajuda na reconstituição e
preservação da mata ciliar.
Se todos os proprietários de terra respeitassem a mata ciliar e a reserva legal, prevista
na lei, ninguém precisaria fazer campanhas para não cortar arvores, manteria biodiversidade e
reduziria a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
Autora: Anna Micaela Veit – 8ª Série
“O aquecimento global e a minha região – como fazer a diferença?
O planeta terra está envolto numa atmosfera formada por diversas camadas de gazes,
como ozônio, gás carbônico, oxigênio, hidrogênio, metano e outros, que o protegem, fazem o
efeito estufa e permitem que haja vida no mesmo.
Qualquer modificação na composição da atmosfera provoca mudanças e reações na
terra, especialmente nos fenômenos meteorológicos, e, consequentemente, na biodiversidade.
Nos últimos anos, com a descoberta e invenção de novas tecnologias e novos
produtos, fúteis ou não, a humanidade avança cada vez com mais voracidade em cima dos
recursos naturais, produzindo, também, cada vez mais lixo.
O lixo produz muita poluição: além da poluição visual, como se vê na foto acima, ele
polui os rios e a atmosfera com o gás metano que libera com a sua decomposição.
No nosso Colégio, o professor de geografia demonstrou na pratica uma maneira de
reaproveitar o lixo, montando e construindo um aquecedor solar de água, foto abaixo,
utilizando garrafas PET de dois litros, embalagens tetrapak de um litro de leite e tambor para
armazenar a água.
O destino do lixo deveria ser a reciclagem. Na nossa cidade, a prefeitura faz a recolha
e o deposita num local onde é enterrado. A recolha seletiva acontece de forma informal
através de pessoas desempregadas, os catadores, que o classificam, prensam, fardam e
vendem, por um valor vil, para empresários intermediários que o encaminham para a
reutilização.
Numa vez que o prefeito visitou o nosso Colégio o professor de geografia sugeriu que
os catadores de lixo deveriam ser mais valorizados pela prefeitura. Isso poderia acontecer
dando-lhes melhores condições de trabalho, registrando-os, fornecendo-lhes meios de
transporte do material mais eficientes, eliminando o intermediário agregando valor ao lixo
separado/classificado e fardado e liberando galpões como local funcional para trabalhar.
Parece que a solução para diminuir o impacto do lixo no mundo, é a recolha seletiva
do lixo para fins de reciclagem e reutilização. E, ela parece viável pela sugestão do professor.
Autora: Júlia Teixeira de Moura – 8ª Série