o aprendiz de feiticeiro - mário quintana

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Se estivesse vivo, o poeta modernista Mario Quintana completaria neste sábado 105 anos. Nascido em 30 de julho de 1906 em Alegrete, no Rio Grande do Sul, quando jovem trabalhou no jornal O Estado do Rio Grande. Nessa época, Mario Quintana já escrevia poesias. Fez parte da Revolução de 30, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Depois voltou para Porto Alegre e trabalhou como tradutor da Editora Globo, dirigido por Érico Veríssimo. Mais tarde, o poeta trabalhou no jornal Correio do Povo, onde ficou até 1985. Mario Quintana escrevia com simplicidade e uma dose de humor sutil. Utilizava a linguagem coloquial e cotidiana. Em 1940, publicou seu primeiro livro – A rua dos cata-ventos. Em seguida lançou Canções, Sapato florido, Espelho mágico e O aprendiz de feiticeiro. Mais tarde, foram publicados Poesias – uma compilação de seus primeiros livros – e Antologia Poética. Outros livros do autor são: Pé de pilão, Apontamentos da história sobrenatural, A vaca e o hipogrifo, Esconderijos do tempo, Nova antologia poética, Batalhão das letras, Sapo amarelo, Baú de espantos, 80 anos de poesia, Porta giratória e Velório sem defunto. Modernismo O modernismo, no qual Mario Quintana se inseriu, foi um movimento nas artes e nas letras brasileiras para romper com as tradições acadêmicas. O objetivo era atualizar as artes e as letras no Brasil quanto ao que havia de vanguardismo na Europa e encontrar uma linguagem nacional. Na Europa, estava havendo uma revolução estética. Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho e Graça Aranha, que mais tarde fariam parte da Semana de Arte Moderna, estiveram no velho continente e lá conheceram os movimentos vanguardistas. Voltaram convencidos de que o Brasil precisava de uma revolução estética. O marco inicial do modernismo foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro para divulgar a arte moderna. A Semana foi

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Page 1: O Aprendiz de Feiticeiro - Mário Quintana

Se estivesse vivo, o poeta modernista Mario Quintana completaria neste sábado 105 anos. Nascido em 30 de julho de 1906 em Alegrete, no Rio Grande do Sul, quando jovem trabalhou no jornal O Estado do Rio Grande. Nessa época, Mario Quintana já escrevia poesias.

Fez parte da Revolução de 30, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Depois voltou para Porto Alegre e trabalhou como tradutor da Editora Globo, dirigido por Érico Veríssimo. Mais tarde, o poeta trabalhou no jornal Correio do Povo, onde ficou até 1985.

Mario Quintana escrevia com simplicidade e uma dose de humor sutil. Utilizava a linguagem coloquial e cotidiana.  Em 1940, publicou seu primeiro livro – A rua dos cata-ventos. Em seguida lançou Canções, Sapato florido, Espelho mágico e O aprendiz de feiticeiro. Mais tarde, foram publicados Poesias – uma compilação de seus primeiros livros – e Antologia Poética.

Outros livros do autor são: Pé de pilão, Apontamentos da história sobrenatural, A vaca e o hipogrifo, Esconderijos do tempo, Nova antologia poética, Batalhão das letras, Sapo amarelo, Baú de espantos, 80 anos de poesia, Porta giratória e Velório sem defunto.

Modernismo

O modernismo, no qual Mario Quintana se inseriu, foi um movimento nas artes e nas letras brasileiras para romper com as tradições acadêmicas. O objetivo era atualizar as artes e as letras no Brasil quanto ao que havia de vanguardismo na Europa e encontrar uma linguagem nacional.

Na Europa, estava havendo uma revolução estética. Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho e Graça Aranha, que mais tarde fariam parte da Semana de Arte Moderna, estiveram no velho continente e lá conheceram os movimentos vanguardistas. Voltaram convencidos de que o Brasil precisava de uma revolução estética.

O marco inicial do modernismo foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro para divulgar a arte moderna. A Semana foi organizada por Oswald de Andrade e Mário de Andrade, trazendo para o Brasil tendências que já haviam aparecido na Europa no final do séc. XIX. Tratava-se da modernização da arte brasileira. Os modernistas iam contra o parnasianismo, um tipo de poesia formal em alta na época. Para eles, os avanços científicos e tecnológicos do país exigiam um novo posicionamento literário, que abordasse temas contemporâneos e dinâmicos.

Primeira fase do Modernismo

A primeira fase do Modernismo foi de 1922 a 1930.

Page 2: O Aprendiz de Feiticeiro - Mário Quintana

Segunda fase do Modernismo

A segunda fase do Modernismo, que foi de 1930 a 1945 e à qual Mario Quintana pertenceu, tem uma literatura menos desafiadora das regras, mas é tão amante da liberdade quanto a primeira fase modernista. Entre suas características estão a manutenção das conquistas da primeira fase, o retorno ao passado, o questionamento do “eu” e a consciência da sua fragilidade, o aprofundamento das relações do “eu” com o mundo, a retomada da análise psicológica, o regionalismo crítico, o romance social nordestino, o equilíbrio formal e temático e o romance de denúncia política e social. Há destaque para a prosa de ficção. O romance se destaca como análise crítica da realidade.

Na prosa, surge o interesse por temas nacionais, com uma linguagem mais brasileira. Os romances se voltam para o regionalismo, principalmente o nordestino, onde havia problemas como a seca, a migração e a miséria. O romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista também surgiram durante o movimento.

Nesta segunda fase, ocorre o amadurecimento da poesia. Há o questionamento da existência humana e do sentimento de “estar no mundo”. Os autores também abordam as inquietações sociais, religiosas, filosóficas e amorosas.

Além de Mario Quintana, destacaram-se na poesia do modernismo literário brasileiro desta segunda fase Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima e Murilo Mendes. Na prosa, são reconhecidos Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.