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O anarquismo e a educação científica que almejamos para o Brasil Bruno Camilo de Oliveira Universidade Federal Rural do Semiárido [email protected] Resumo: Essa comunicação tem o objetivo de apresentar uma crítica à chamada “educação científica” que é propagada nas instituições de ensino no Brasil, com base na exposição dos argumentos apresentados por Paul Feyerabend e a defesa do “anarquismo metodológico”, na obra Contra o método. O argumento principal é que a “educação científica”, praticada em nossas escolas, não estimula a inovação científica e, ainda, simplifica a individualidade dos estudantes, na medida em que apregoa sistemas de lei e ordem. Conforme o significado teórico das expressões "atitude pluralista" e “oportunismo”, a padronização de procedimentos e a falta de liberdade individual pressupõem estagnação, reprodução de um conteúdo já existente e negação de si. Esses pressupostos permitem a consolidação da crítica contra a ordem estabelecida pela “educação científica” propagada em nossas escolas, demonstrando porque ela é contra a “individualidade” e o “progresso”. A exposição desses argumentos será necessária para entender mos porque o “anarquismo metodológico” é mais humanitário e mais apto a estimular o “progresso” do que as alternativas que apregoam lei e ordem que caracterizam a “educação científica” no Brasil. Palavras-chave: Anarquismo metodológico; Educação científica; Progresso. 1. Objetivos As teorias científicas são consideradas como o produto fecundo de uma determinada época, o “status quo” de determinada sociedade, capazes de determinar o modo de vida e a visão de mundo das pessoas. Este artigo tem como finalidade apresentar os problemas decorrentes para a educação científica se adotarmos um procedimento uno e autoritário de regras, principalmente se levarmos em consideração o papel que as teorias científicas desempenham no estímulo à inovação e a afirmação da individualidade do cientista. 2. Problemática anunciada Os fatos, os métodos e os resultados que constituem as ciências não apresentam uma estrutura comum. Não existem elementos exclusivos da investigação, da prática e dos resultados científicos que não estejam em outros lugares, de modo a sugerir um padrão de ciência. O argumento principal é que uma ciência entendida a maneira padronizada não pode estimular à inovação científica e a afirmação da individualidade do cientista, porque as teorias de uma ciência padronizada não admitem, em grande maioria, a quebra de seus princípios e, portanto, não estimulam a inovação. Esse argumento pode ser sustentado, em primeiro lugar, a partir da análise de exemplos da história do conhecimento ocidental em que podemos dizer que houve a criatividade e inovação científica. Exemplos como as mudanças nas visões sobre o

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O anarquismo e a educação científica que almejamos para o Brasil

Bruno Camilo de Oliveira

Universidade Federal Rural do Semiárido

[email protected]

Resumo: Essa comunicação tem o objetivo de apresentar uma crítica à chamada “educação científica” que

é propagada nas instituições de ensino no Brasil, com base na exposição dos argumentos apresentados por

Paul Feyerabend e a defesa do “anarquismo metodológico”, na obra Contra o método. O argumento

principal é que a “educação científica”, praticada em nossas escolas, não estimula a inovação científica e,

ainda, simplifica a individualidade dos estudantes, na medida em que apregoa sistemas de lei e ordem.

Conforme o significado teórico das expressões "atitude pluralista" e “oportunismo”, a padronização de

procedimentos e a falta de liberdade individual pressupõem estagnação, reprodução de um conteúdo já

existente e negação de si. Esses pressupostos permitem a consolidação da crítica contra a ordem

estabelecida pela “educação científica” propagada em nossas escolas, demonstrando porque ela é contra a

“individualidade” e o “progresso”. A exposição desses argumentos será necessária para entendermos

porque o “anarquismo metodológico” é mais humanitário e mais apto a estimular o “progresso” do que as

alternativas que apregoam lei e ordem que caracterizam a “educação científica” no Brasil.

Palavras-chave: Anarquismo metodológico; Educação científica; Progresso.

1. Objetivos

As teorias científicas são consideradas como o produto fecundo de uma determinada

época, o “status quo” de determinada sociedade, capazes de determinar o modo de vida e

a visão de mundo das pessoas. Este artigo tem como finalidade apresentar os problemas

decorrentes para a educação científica se adotarmos um procedimento uno e autoritário

de regras, principalmente se levarmos em consideração o papel que as teorias científicas

desempenham no estímulo à inovação e a afirmação da individualidade do cientista.

2. Problemática anunciada

Os fatos, os métodos e os resultados que constituem as ciências não apresentam uma

estrutura comum. Não existem elementos exclusivos da investigação, da prática e dos

resultados científicos que não estejam em outros lugares, de modo a sugerir um padrão

de ciência. O argumento principal é que uma ciência entendida a maneira padronizada

não pode estimular à inovação científica e a afirmação da individualidade do cientista,

porque as teorias de uma ciência padronizada não admitem, em grande maioria, a quebra

de seus princípios e, portanto, não estimulam a inovação.

Esse argumento pode ser sustentado, em primeiro lugar, a partir da análise de

exemplos da história do conhecimento ocidental em que podemos dizer que houve a

criatividade e inovação científica. Exemplos como as mudanças nas visões sobre o

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mundo, como Ptolomeu e posteriormente Aristóteles sobre o movimento dos planetas.

Ou ainda, quando Galileu contrapõe o modelo padrão da comunidade científica do século

XVII, que condenava o uso da luneta, dentre outras razões, por acreditar que se trataria

de um instrumento do diabo. Obviamente Galileu não deu ouvido a essas regras, mas

tinha que esconder suas lunetas sempre que um padre frequentasse sua residência. Esse é

um típico exemplo que sustenta a hipótese de que uma ciência padronizada apresenta

dificuldades para a criação de novas teorias. Há ainda vários outros exemplos da história

da ciência que demonstram uma ciência em que é explicado como uma história de

mudanças, bastam para suspeitar que a ciência entendida à maneira padronizada apresenta

sérios problemas porque não estimula o conflito. A história mostra que a ciência é uma

história de conflitos.

Em segundo lugar, o que levanta a hipótese sobre o problema das tradições que

estabelecem padrões, como parece ser a ciência ocidental, é uma tese conhecida como

“anarquismo-teórico”, dentre várias outras denominações, exposta pelo austríaco Paul

Feyerabend, a tese de que o cientista anarquista é mais humanitário e mais apto a

estimular o progresso do que o cientista que sugere padrão e ordem na investigação

científica. Os fundamentos teóricos de Feyerabend sobre o papel das teorias científicas e

os problemas do padrão, naquilo que podemos chamar de crítica à visão de ciência

padronizada, demonstram os incômodos que um procedimento unificado e padronizado

de regras pode gerar, e são o que permitem defender a ideia de que o desenvolvimento

científico se torna mais estimulante quando temos uma atitude que estimule a mudança e

não a consolidação e autoritarismo.

Um dos maiores problemas sobre a visão padronizada de ciência é sobre o processo

de criatividade científica, e consequentemente, no aumento do conhecimento científico.

O problema surge em torno da questão lógica para explicar a mudança, das teorias

científicas, dos métodos e das avaliações.

3. Metodologia

Segundo a posição de David Papineau, o instrumentalismo é uma posição mais

prudente porque não se compromete com falsos dados, já que utiliza uma avaliação por

sistemas de verificação, previsão e demonstração empírica. 1 Mas esse método parece ser

1 “Há, porém, outro argumento poderoso contra o ponto de vista realista de que as teorias científicas são descrições verdadeiras de uma realidade independente. Reside na versão passada e obsoleta de tais teorias. Muitas teorias cientificas do passado, desde a astronomia ptolomaica até a teoria flogística da combustão, revelaram-se falsas. Assim, parece que deveríamos inferir, por meio de uma ‘meta-indução pessimista’, que, uma vez que as teorias científicas do passado se revelaram normalmente falsas, as do

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apenas uma forma de procedimento, dentre várias outras formas que o cientista poderia

utilizar no processo de investigação científica do mundo objetivo. Segundo Popper,

mesmo que as teorias sejam consideradas falsas, elas contêm aproximações da verdade,

o que levaria a considerarmos Popper como um racionalista. 2 Popper como Lakatos

defendem uma supremacia da razão, de uma ordem racional que garante o sucesso, mas

Feyerabend diz que “o anarquismo, ainda que talvez não seja a mais atraente filosofia

política, é, com certeza, um excelente remédio para a epistemologia e para a filosofia da

ciência”. 3 O argumento de Feyerabend, em torno da chamada tese da

“incomensurabilidade”, que é muito bem abordada no artigo “Explanation, reduction and

empiricism”, publicado no primeiro volume de Philosophical papers 4 diz o seguinte: o

cientista não escolhe uma determinada teoria apenas pela sua adequação empírica, mas

também por uma dependência histórica e cultural a que esse cientista se encontra, também

sua intuição pessoal, suas crenças metafísicas e outras preferências pessoais. 5 Isso sugere

que as teorias científicas para Feyerabend representam a possibilidade de mudança e que

as explicações científicas da mudança podem ser explicadas pela sociologia do

conhecimento. O argumento sugere também uma rejeição à chamada tese da estabilidade

ou da invariância semântica, sustentada pelos positivistas e por Popper para os termos

científicos, de que as teorias científicas apresentam uma linguagem neutra, como num

padrão de regras.

As primeiras propostas sobre o problema da supremacia da razão foram apresentadas

por Kaplan, Rapoport e Anchinstein. Adotando o enfoque de Suppe à nova proposta em

presente e as do futuro serão também provavelmente falsas”. Tradução nossa (PAPINEAU in: HONDERICH, 1995, p. 810). 2 A tese sobre a verossimilhança das teorias científicas encontra-se em Popper, na compilação de textos chamada Conjecturas e refutações e basicamente sugere que uma teoria T1 aproxima-se mais da verdade em relação a outra teoria T2 se a diferença entre o conteúdo verdadeiro e o falso de T1 é menor que a diferença entre o conteúdo verdadeiro e o falso de T2. 3 O itálico é do autor. Podemos citar ainda outra passagem na mesma página: “a ciência é um empreendimento essencialmente anárquico; o anarquismo teórico é mais humanitário e mais apto a estimular o progresso do que suas alternativas que apregoam lei e ordem” (FEYERABEND, 2007, p. 31). Ou ainda: “o único princípio que não inibe o progresso é: tudo vale” (LENIN em uma citação de Contra o método, em Feyerabend (2007), p. 37). 4 Uma boa fonte de pesquisa sobre a tese da “incomensurabilidade” no pensamento de Feyerabend, bem como o significado do mesmo termo no pensamento de Kuhn, é a antologia The structure of scientific theories, organizada por Suppe e a dissertação de mestrado de Abrahão intitulada A tese da incomensurabilidade teórica em Paul Feyerabend, UFMG, 2008. 5 “Entretanto, essa liberdade [de construção de teorias] cuja experiência garante que o teórico está quase sempre restrito por condições de um caráter todo diferente. Essas condições adicionais não são nem universalmente válidas, nem objetivas. Elas estão conectadas parcialmente com a tradição na qual o cientista trabalha, com as crenças e preconceitos característicos daquela tradição; e estão conectados parcialmente com suas próprias idiossincrasias pessoais. O aparto formal disponível, e a estrutura da linguagem que ele fala, também irão influenciar fortemente a atividade do cientista. (...). Outro fator que influencia fortemente a teorização são as crenças metafísicas” (FEYERABEND, 1981a, p. 59-60)

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The structure of scientific theories podemos argumentar que as teorias passam a ser

encaradas como parte de um contexto mais amplo (Weltanschauung), de onde os termos

teóricos retiram seus significados. O conjunto de possibilidades que caracterizam o

desenvolvimento histórico se movimenta em qualquer sentido. Essa relação entre a

história e o ambiente de criatividade de determinado cientista é o que nos permite pensar

a ciência como um empreendimento social e relativista. 6 Nesse sentido, se as teorias

científicas dependem de uma Weltanschauung, significa que não é recomendável querer

que uma teoria ou um procedimento específico de pesquisa permaneça como visão de

mundo, como se existisse uma linguagem neutra na ciência.

Outro problema é que a ideia de acumulação do conhecimento deixa subentendido

que as velhas teorias não são abandonadas, mas apenas aperfeiçoadas, de modo que elas

continuam a ter certa credibilidade, embora bem melhor delimitada e mais restrita. Em

1962, Kuhn publica seu trabalho principal The structure of scientific revolutions

apresentando uma ideia bastante relevante para o problema de uma ciência cumulativista.

Segundo a tradição positivista, as ciências empíricas se desenvolvem linearmente: há uma

acumulação de conhecimento, à medida que a ciência evoluciona. Para Kuhn esse retrato

da marcha da ciência é totalmente inaceitável. A sua tese consiste em substituir esse

retrato por outro e, segundo ele, mais consentâneo com o que a história da ciência registra:

o “irracionalismo não-indutivo”. 7 Kuhn (como Toulmin) apresenta a visão de que a

ciência opera no seio de uma “mundivisão” – uma Weltanschauung que esboça a maneira

de ver os fatos e estabelece o critério de aceitabilidade das teorias. Contudo, se é

pressuposto que há a chamada “ciência normal”, que evolui em comunidades que adotam

uma particular matriz reguladora, é pressuposto que tais matrizes condicionam o

estudioso, dando-lhe uma imagem do que seria a boa ciência praticada pela comunidade

em questão. Esse seria o problema de incomensurabilidade entre Feyerabend e Kuhn.

Para Feyerabend, o caráter do desenvolvimento histórico e científico é o que sustenta a

6 O significado mais geral atribui especial referência à “mundivisão” (Weltanschauung), a doutrina segundo a qual as teorias nascem em um terreno já cultivado, dentro de uma particular Weltanschauung. Essa doutrina foi analisada, nos últimos anos, por autores como Thomas S. Kuhn e Feyerabend e, com certos matizes especiais, por S. Toulmin e N. R. Hanson. Ainda podemos encontrar significativas contribuições de Kaplan, Rapoport e Achinstein. Ao lado delas desenvolveram-se comentários favoráveis nos últimos anos, e isto levou, naturalmente, a ideias inovadoras. Adotando o enfoque de Suppe e Hegenberg (1976), o termo realça a inexistência de um denominador comum para as diversas teorias, as quais passam a ser encaradas em um contexto mais amplo (Weltanschauung), como por exemplo a conjectura histórica e cultural de determinada época, de onde os termos teóricos retiram seus significados, o que torna a ciência em grande parte um empreendimento não-racional (relativista). 7 “Revoluções científicas são [...] episódios não cumulativos, de desenvolvimento, em que um paradigma se vê substituído, completa ou parcialmente, por paradigma novo, incompatível com o anterior (KUHN, 1998, p. 125).

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hipótese de que a ciência não apresenta uma linguagem neutra, de modo a sugerir um

padrão científico.

Podemos encontrar em Mill, no livro intitulado On liberty, uma ideia pertinente para

a nossa hipótese inicial. Trata-se da defesa da liberdade e do pluralismo de opiniões

bastante consideradas por Mill (e Feyerabend) na atitude do homem em afirmar a si e ao

mundo. 8 Essa defesa sugere um modelo de pluralismo ligado a uma atitude humanista: o

fato de que a epistemologia deve ser desenvolvida dentro de um quadro geral do ser

humano. Isso significa, basicamente, o seguinte: a participação bem-sucedida por parte

dos cientistas na história do conhecimento só será possível se o cientista for um

revolucionário “oportunista”. 9 Essa mesma função atribuída a uma forma de

procedimento científico pode ser encontrada em Lenin quando ele apresenta a definição

de anarquismo proposta por Marx e Engels como “a forma revolucionária e passageira do

Estado, necessária ao proletariado”. 10

4. Considerações finais

Isso nos leva a pensar que “os cientistas não são melhores que ninguém nesses

assuntos, eles apenas conhecem mais detalhes”. 11 Quer dizer que o senso comum pode

participar das discussões científicas sem perturbar os ditos “caminhos mais coerentes do

sucesso”, porque não existem tais caminhos? Assim, o discurso de Lenin em O estado e

a revolução é sugestivo para querermos uma ciência anarquista, não porque pressupõe

um modelo que a ciência deva seguir, para que desta maneira haja efetivamente uma

8 “Caso uma opinião constituísse um bem pessoal sem qualquer valor exceto para quem a tem, e se ser impedido de usufruir desse bem constituísse apenas um dano privado, faria alguma diferença se o dano estava a ser infligido apenas sobre algumas pessoas, ou sobre muitas. Mas o mal particular em silenciar a expressão de uma opinião é o de que constitui um roubo à humanidade; à posteridade, bem como à geração atual; àqueles que discordam da opinião, mais ainda do que àqueles que a sustentam. Se a opinião estiver certa, ficarão privados da oportunidade de trocar erro por verdade; se estiver errada, perdem uma impressão mais clara e viva da verdade, produzida pela sua confrontação com o erro – o que constitui um benefício quase igualmente grande” (MILL, 2001, pp. 18-19). 9 O “oportunista”, como descreve Feyerabend em Science in a free society, é o cientista que afirma o seu momento histórico, na medida em que não rejeita essa ou aquela regra por simples aceitação de um padrão estabelecido pela comunidade, padrão que combate todas as formas de regras que não estejam condizentes com o modelo amplamente aceito, mas aproveita sua capacidade em ser autônomo e livre na utilização de qualquer regra que quiser e que lhe for acessível. 10 (LENNIN, 1983, p. 75). Podemos citar também: “duas conclusões práticas muito importantes decorem [desse caráter do processo histórico]”, escreve Lenin em uma citação em Contra o método, “primeiro, que a fim de cumprir sua tarefa, a classe revolucionária [isto é, a classe daqueles que desejam mudar quer uma parte da sociedade como um todo] tem de ser capaz de dominar, sem exceção, todas as formas ou aspectos da atividade social [tem de ser capaz de entender, e aplicar, não apenas uma metodologia particular, mas qualquer metodologia e qualquer variação dela que se possa imaginar] [...]; segundo, tem de estar preparada para passar de uma à outra de maneira mais rápida e mais inesperada (LENNIN. Em: FEYERABEND, 2007, p. 32-33). 11(FEYERABEND, 2007, p. 21).

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atividade genuinamente científica, mas porque esses discursos incentivam a mente do

cientista à prática científica, a ser ágil, criadora e livre, capaz de inventar e inovar modos

de pesquisa científica e novas teorias? É nesse sentido que Mach escreve em seu

Erkenntnis und irrtum que não se pode ensinar a pesquisa, mas que cada regra deve ser

tomada no mínimo como sugestiva na investigação de novas regras. 12 A única maneira

de não desejar o pluralismo de teorias seria apontando os motivos pelos quais os cientistas

não deveriam desejar várias regras. A ciência não pode rejeitar o pluralismo de regras

porque há boas razões para acreditar que a atitude pluralista é um grande de estímulo à

inovação científica e a afirmação da individualidade do cientista.

O termo “educação científica” aparece em Against method e tem um significado

pejorativo, isto é, não se trata da educação no sentido ideal e progressista, de afirmação

da individualidade do cientista e de estímulo a inovação, mas da educação que anula as

possibilidades para haver progresso nesse sentido. Feyerabend diz: “ora, é evidentemente

possível simplificar o meio que um cientista trabalha pela simplificação de seus atores

principais” (2007, p.33). Isso quer dizer que quando não há liberdade para que o cientista

seja um “oportunista”, a sua individualidade é negada em prol de uma ideologia instituída,

o que resulta na falta de estímulo à mudança e na simples reprodução de explicações e

métodos já existentes e aceitos como únicos e mais corretos. Uma “educação científica”

entendida a essa maneira irá produzir cientistas apegados a um modelo padrão, o que

resultará na simplificação do “caráter do processo histórico” e da própria ciência.

Consequentemente, uma “educação científica” dessa maneira promove certa lavagem

cerebral na mente do estudante e torna a história da ciência mais tediosa, mais monótona,

mais material e mais condizente com o tratamento por meio de regras estritas e imutáveis.

Ora, a “educação científica” no Brasil, tal como é propagada pelas instituições públicas,

tem exatamente esse objetivo. Simplifica a ciência pela simplificação de seus atores

principais.

Isso pode ser demonstrado a partir das definições sobre os campos de pesquisa, as

quais são separadas do restante da história e recebem uma “lógica” própria, por exemplo,

o campo da física, é separada do campo da metafísica e do campo da teologia, e assim

12 “Diz-se com frequência que não se pode ensinar a pesquisa. Isso é inteiramente correto, em certo sentido. Os esquemas da lógica formal e da lógica indutiva pouco adiantam, pois as situações intelectuais nunca são exatamente as mesmas. Mas os exemplos de grandes cientistas são muito sugestivos” (MACH, Erkenntnis und irrtum, Neudruck, Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstad, 1980, p. 200. Em: FEYERABEND, 2007, p. 32). Para mais informações sobre a filosofia de Mach ver o ensaio Farewell to reason, bem como o v.2, capítulos 5 e 6, do livro Philosophical pappers, ambos escritos por Feyerabend.

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por diante. A instituição de sistemas de regras, de processos de seleção e de avaliações de

caráter punitivo possibilitam o treinamento completo capaz de determinar a postura

daqueles que trabalham em determinado campo, incentivando ações mais uniformes e

negando a complexidade do “caráter do processo histórico”. As interpretações de fatos

surgem cruas e se mantém a margem de outros campos. Tal treinamento completo inibe

intuições e particularidades subjetivas na interpretação dos fatos, de maneira que o

estímulo ao conflito seja totalmente nulo. Por exemplo, a religião de uma pessoa, ou suas

convicções metafísicas, ou sua opinião pessoal sobre o mundo, ou suas idiossincrasias,

como sua intuição, ou seu senso de humor, ficam do lado de fora da sala de aula e não

podem ter a menor ligação com sua atividade científica. Sua imaginação, sua criatividade,

sua individualidade nesses aspectos é restringida, e até sua linguagem deixa de ser sua

própria. Isso se reflete na natureza dos “fatos” científicos, “experienciados como

independentes de opinião, crença e formação cultural” (cf. Feyerabend 2007, p.34).

Portanto, a “educação científica” no Brasil é mantida por uma tradição que permanece

coesa por regras rigorosas e, até certo ponto, que também é bem-sucedida. Pois, mesmo

numa “educação científica” dessa maneira é possível haver inovação, mas o estímulo,

com certeza, é totalmente nulo. Não devemos apoiar tal tradição, mas excluir tudo o que

é condizente com suas regras. Nem devemos ceder direitos exclusivos para negociar o

conhecimento, de modo que qualquer resultado obtido por outros meios seja

imediatamente rejeitado. Os estudantes são estimulados a permanecerem invariáveis no

modelo padronizado. Além de que, uma “educação científica”, tal como praticada no

Brasil, não pode estar conciliada com uma atitude “humanista”.

Em geral, em determinadas circunstâncias, a escola infanto-juvenil e pública do Brasil

é um exemplo de que o ensino perde o seu aspecto estimulante e torna-se um obstáculo

ao “progresso”. O que parece um resultado da razão – o domínio de uma língua, a

percepção de um mundo ricamente articulado, a capacidade lógica – é na verdade o efeito

de uma doutrinação, em parte, por um sistema coeso de punição e premiação e, em parte,

por um processo de “desenvolvimento” material e econômico que age com a força de uma

lei natural. E quando parece que há efetivamente um aprendizado genuíno, isso se deve

com mais frequência à sua repetição física, como quem decora linhas e linhas para não

ser punido ou receber uma promoção, do que a seu conteúdo semântico.

Assim, devemos admitir a possibilidade de um desenvolvimento não-argumentativo

do conhecimento nas escolas públicas brasileiras, tanto nas crianças, nos adultos, quanto

nas partes teóricas de instituições como a ciência, a religião, a política, as forças armadas

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e assim por diante, as quais são ocupadas por pessoas advindas desse modelo de educação.

Certamente é possível para uma criança adquirir a menor instigação e novos modos de

comportamento no ambiente escolar, mas essa postura é, na maioria das vezes, mais uma

tentativa de adaptação ao padrão e aos prêmios prometidos do que um comportamento

sincero. Não seria nada estranho esperar dos adultos ações catastróficas no ambiente

social, como guerras, corrupção, estagnação cultural, precarização da ciência e outras

ações, com os padrões de argumentação causando uma espécie de surto comportamental.

Da mesma forma como um bem treinado animal de estimação obedecerá a seu dono,

mesmo que o animal esteja em um estado profundo de confusão e mesmo que a

necessidade natural o incline a adotar novos padrões de comportamento, da mesma forma

o racionalista bem treinado não hesitará em obedecer a imagem mental de seu mestre,

apegando-se aos padrões de argumentação que aprendeu, por maior que seja o estado de

confusão em que se encontre e, não obstante

Será inteiramente incapaz de compreender que aquilo que considera ser a “voz da

razão” não passa de um efeito causal subsequente do treinamento que recebeu. Ele estará

completamente impossibilitado de descobrir que o apelo à razão, ao qual tão prontamente

sucumbe, não passa de manobra política [As aspas são do autor] (Feyerabend 2007, p.40).

Assim, torna-se bastante óbvio compreender como interesses, forças, propaganda e

técnicas de lavagem cerebral acabam contribuindo para uma espécie de “simplificação”

da expressão institucional de ciência no Brasil. Tal processo não deve ser guiado e

definido por um programa dessa espécie, mas guiado por uma disposição livre e natural,

uma “paixão” pela existência (cf. Kierkegaard, 1979) porque “[...] a verdade só existe

para o Isolado quando é ele próprio que, agindo, a produz” (Kierkegaard, 1972, p.189).

Significa que quando tentamos descrever e compreender de maneira geral processos dessa

espécie, somos, é óbvio, forçados a apelar às formas de expressão que não os consideram

como tal e “as quais precisam ser distorcidas, mal-empregadas e moldadas em novos

padrões a fim de se adequarem a situações imprevistas (sem um mau uso constante da

linguagem não pode haver descoberta ou ‘progresso’ algum)” [Os parênteses e as aspas

são do autor] (Feyerabend 2007, p.41-42). Uma versão interessante sobre a

preponderância de formas de entendimento pode ser encontrada em Marcuse, ele diz o

seguinte: “além disso, uma vez que as categorias tradicionais são o evangelho do

pensamento cotidiano (inclusive do pensamento científico ordinário) e da prática

cotidiana..., apresenta, com efeito, regras e formas de pensamento falso e de ação

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incorreta – isto é, falso e incorreta do ponto de vista do senso comum” [Tradução nossa.

Os parênteses são do autor] (1941, p.130).

Um exemplo do incentivo e até, em certos casos, da obrigatoriedade desse aspecto da

“educação científica” no Brasil é a maneira como atuam os órgãos de fomento à pesquisa

científica e os eventos acadêmicos brasileiros, como os programas de pós-graduação, os

resumos submetidos a eventos científicos, os periódicos especializados, a CAPES e o

CNPQ, dentre outros, os quais determinam suas regras para publicação e

desenvolvimento de teses e ideias. Uma carta aberta, assinada por dezenas de cientistas

procedentes de várias partes do mundo, publicada pela revista New Scientist, no dia 22 de

maio de 2004, foi dirigida à comunidade científica internacional para clamar exatamente

a necessidade de que os projetos científicos formulem e testem modelos alternativos e,

até mesmo, contrários ao chamado “modelo padrão”. 13 A carta reivindica que os projetos

considerados como “alternativos” sejam produzidos pelos cientistas e que sejam

financeiramente apoiados pelos órgãos de fomento à pesquisa. A tendência, segundo eles

preconceituosa, presente nos editores que decidem a publicação, ou não, dos artigos,

mostraria, nesses casos, uma grande má vontade para com ideias e propostas teóricas e

experimentais contrárias ao modelo padrão. A mesma reivindicação da carta aberta pode

ser aplicada à maneira como os órgãos de fomento à pesquisa no Brasil tratam ideias

originais, não estimulando a produção independente e original, mas sempre se dispondo

a patrocinar ou publicar pesquisas que tratem de temas relacionados a temas famosos,

mais reconhecidos e, na grande maioria, já resolvidos por outros autores.

Ora, conforme concluímos anteriormente, procedimentos considerados “não-

científicos” não devem ser desconsiderados por argumentos ditos científicos, porque não

existem os melhores argumentos ou os melhores caminhos em ciência. Quando alguém

diz que “o procedimento utilizado nesta pesquisa não é científico e, portanto, não

podemos confiar nesses resultados e muito menos patrocinar essa pesquisa por isso”

implica dizer que a ciência é bem-sucedida porque utiliza procedimentos uniformes e

padronizados. Ao contrário, “o senso comum” deve participar das discussões científicas

sem perturbar os ditos “caminhos mais coerentes do sucesso”, porque não existem tais

caminhos.

Por exemplo, durante um longo tempo a tecnologia chinesa não teve nenhuma

fundamentação cientifico-ocidental e, no entanto, apresentava-se mais adiantada do que

13 URL: <https://www.newscientist.com/issue/2448%20/>. Acesso em: 14/09/2015.

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a tecnologia ocidental em vários aspectos. De fato, hoje a tecnologia ocidental impera em

todo o planeta, porém cabe ressaltar que a razão disso não foi uma circunspeção de sua

“racionalidade superior”, mas o uso de poder por parte das nações que impuseram seus

modos de vida em nações colonizadas, além da preponderância do armamento: a ciência

ocidental é quem detém as patentes dos mais competentes aparelhos de destruição. É

verdade que a ciência ocidental ajudou países que estavam em crise social e que a

medicina ocidental ajudou a extirpar parasitas e doenças infecciosas no planeta, mas não

significa que a ciência ocidental é a única tradição que tem coisas boas a oferecer e que

as outras formas de investigação, de outras tradições, não tenham valor algum para a

própria ciência ocidental. A ciência ocidental é apenas uma ciência dentre tantas outras

que possam existir e quando a ciência ocidental proclama para si mais do que isso, ela

deixa de ser um instrumento de investigação e torna-se um instrumento de poder.

Assim, os principais motivos que justificam a crítica a “educação científica” no Brasil

são epistemológicos e sociais. Isso porque no mundo todo o significado da expressão

“progresso do conhecimento e da civilização” – como é comumente chamado o processo

político de forçar os costumes ocidentais às mentes em todo o mundo – destrói qualquer

tentativa livre de significar o mundo e, conforme demonstrado anteriormente, a ciência

entendida à essa maneira não estimula a inovação científica e a afirmação da

individualidade do cientista.

Pelo contrário, a “educação científica” deve promover a ideia de ciência livre, o que

não significa a total falta de regras na ciência, mas o estímulo à liberdade na prática

científica de acordo com o “pluralismo teórico”. Uma ciência que não se desenvolve de

maneira surpreendente e imprevista, de maneira livre, que não evita a aceitação de regras

que sugerem um padrão sem levar em consideração as condições sempre específicas de

determinado momento histórico representa apenas estímulo à estagnação.

Da mesma maneira, uma sociedade sem liberdade não estimula a inovação e a

afirmação da individualidade das pessoas. Há muitos cientistas que agem de acordo com

isso. Hoje, cada vez mais vemos médicos, antropólogos, filósofos e ambientalistas aptos

a adaptar seus procedimentos aos padrões que, supõe-se, devam aconselhar. O cientista é

conduzido a uma rejeição de si em defesa de uma ideologia de cunho político.

Aliás, se levarmos em consideração o fato de que o trabalho científico afeta o público

(de fato muitas decisões científicas afetam a vida pública), o público até teria obrigação

de participar do desenvolvimento das pesquisas, já que é a parte interessada. E tal

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participação é a melhor educação científica que o público pode ter – a democratização

total da ciência não é uma negação para a ciência. Apenas é um conflito para a “filosofia

extremamente dogmática”, aquela que volta e meia quer ser denominada apenas de

“empirismo”, ou de “positivismo lógico”, ou ainda “racionalismo”, dentre outras

denominações distintas que pretendem apenas uma imagem congelada da ciência capaz

de instruir as pessoas não familiarizadas com a prática científica a serem fervorosos fiéis.

Até mesmo antes do surgimento da chamada “ciência ocidental” as pessoas sobreviviam

porque conheciam suas circunvizinhanças – o meio em que uma pessoa vive é

fundamental para a criação de teorias. Assim, em uma tribo indígena, por exemplo, temos

exemplos de subsistência em terras consideradas estéril, somente porque esses estavam

familiarizados com as espécies de plantas nativas, umas apenas comestíveis e outras com

propriedades narcóticas, estimulantes ou medicinais. Desse modo, o conhecimento que

preserva o estilo de vida nômade de algumas tribos foi alcançado e conservado de maneira

não científica (aqui ciência no sentido moderno e ocidental).

Podemos concluir que, atualmente, a “educação científica” no Brasil tem o objetivo

de controlar e, por meio de um treinamento completo, condicionar os estudantes a

realizarem ações mais uniformes (dentro dos padrões) o que não estimula o “progresso”,

mas a reprodução de padrões. Não é difícil notarmos que as velhas tradições estão sendo

estimuladas e revividas pelas pessoas que tentam, outra vez, adaptar sua vida madura às

ideias de seus ancestrais. Além disso, uma educação desse tipo congela grandes porções

do processo histórico quando não estimula a liberdade e a afirmação da individualidade

do estudante na prática científica. Isso se reflete na compreensão dos fatos científicos,

experienciados como independentes de opinião pessoal, crença e formação cultural.

Assim, demonstramos que o significado de ciência não pode ser explicado de maneira

simples e racional, como é comumente defendido pela tradição, isto é, que o

conhecimento científico é essencialmente cumulativo. É preciso uma explicação histórica

do significado dos conceitos científicos, abarcando a conjectura cultural, conjunturas

sociais e políticas, assim como acidentes individuais e idiossincrasias pessoais, que

representam argumentos a favor da influência de uma Weltanschauung na elaboração e

interpretação das teorias científicas, que faz da ciência um empreendimento

essencialmente não-racional (relativista). Assim, procedimentos considerados “não-

científicos” não devem ser desconsiderados por argumentos ditos científicos, já que pode

haver várias espécies distintas de ciência, pois cientistas são pessoas procedentes de

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diversos lugares, épocas e diferentes realidades sociais e culturais, cada um terá, portanto,

uma Weltanschauung diferente e própria de abordar o mundo.

Ademais, é evidentemente possível simplificar o meio que um cientista trabalha pela

simplificação de seus atores principais. Isso quer dizer que quando não há liberdade para

que o cientista seja um “oportunista”, a sua individualidade é negada em prol de uma

ideologia instituída, o que resulta na falta de estímulo à mudança e na reprodução de

explicações e métodos já existentes e aceitos como únicos e mais corretos. Por isso que

uma “educação científica”, tal como existe nas escolas públicas do Brasil, irá produzir

cientistas apegados a um modelo padrão, o que resultará na simplificação do “caráter do

processo histórico” e da própria ciência.

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