o acervo fotográfico do poeta da consciência negra oliveira silveira: memória, luta negra e...

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1 O ACERVO FOTOGRÁFICO DO POETA DA CONSCENCIA NEGRA OLIVEIRA SILVEIRA: MEMÓRIA, LUTA NEGRA E POLÍTICAS PÚBLICAS ESCOBAR, Geanine 1 ; MICHELON, Francisca 2 Universidade Federal de Pelotas; Universidade Federal de Pelotas RESUMO Busca-se aqui refletir sobre políticas públicas de ação afirmativa que trabalham na implementação de e valorização do patrimônio material e imaterial afro-brasileiro. A questão é abordada a partir do acervo pessoal de fotografias do poeta da Consciência Negra Oliveira Ferreira da Silveira. Atribui-se este conjunto iconográfico a condição de um acervo de interesse público, partindo da importância que este possa ter para a identidade e memória dos movimentos de emancipação dos negros brasileiros, especialmente os negros gaúchos. A pesquisa justifica-se pelo desejo em contribuir para o aumento da produção de trabalhos acadêmicos voltados à valorização da cultura negra no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que investe na defesa do trabalho dos acervos fotográficos por compreender a importância destes como estudos patrimoniais. Palavras-chave: Fotografia; Memória; Políticas Públicas INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto do Projeto de Pesquisa, “Sistematização do Acervo Fotográfico do Poeta da Consciência Negra Oliveira Silveira”, que tem por objetivo preservar parte de um legado iconográfico que faz parte da história e memória social da Luta Negra no Sul do país. O Projeto é idealizado por Geanine Escobar, orientado pela prof. Francisca Michelon e faz parte do Programa de Pós Graduação 1 Graduada em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis UFPel. Mestranda do curso de Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas. [email protected]. 2 Professora Associado do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas. [email protected].

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Page 1: O Acervo Fotográfico do Poeta da Consciência Negra Oliveira Silveira: Memória, Luta Negra e Políticas Públicas

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O ACERVO FOTOGRÁFICO DO POETA DA CONSCENCIA NEGRA OLIVEIRA

SILVEIRA: MEMÓRIA, LUTA NEGRA E POLÍTICAS PÚBLICAS

ESCOBAR, Geanine1; MICHELON, Francisca2

Universidade Federal de Pelotas; Universidade Federal de Pelotas

RESUMO

Busca-se aqui refletir sobre políticas públicas de ação afirmativa que trabalham na

implementação de e valorização do patrimônio material e imaterial afro-brasileiro. A

questão é abordada a partir do acervo pessoal de fotografias do poeta da

Consciência Negra Oliveira Ferreira da Silveira. Atribui-se este conjunto iconográfico

a condição de um acervo de interesse público, partindo da importância que este

possa ter para a identidade e memória dos movimentos de emancipação dos negros

brasileiros, especialmente os negros gaúchos. A pesquisa justifica-se pelo desejo

em contribuir para o aumento da produção de trabalhos acadêmicos voltados à

valorização da cultura negra no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que

investe na defesa do trabalho dos acervos fotográficos por compreender a

importância destes como estudos patrimoniais.

Palavras-chave: Fotografia; Memória; Políticas Públicas

INTRODUÇÃO

Este trabalho é fruto do Projeto de Pesquisa, “Sistematização do Acervo

Fotográfico do Poeta da Consciência Negra Oliveira Silveira”, que tem por objetivo

preservar parte de um legado iconográfico que faz parte da história e memória social

da Luta Negra no Sul do país. O Projeto é idealizado por Geanine Escobar,

orientado pela prof. Francisca Michelon e faz parte do Programa de Pós Graduação

1 Graduada em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis UFPel. Mestranda do curso de

Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas. [email protected]. 2 Professora Associado do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro do Instituto de

Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas. [email protected].

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em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas UFPel

– RS. Esta pesquisa tem sua base no Capítulo II e Capítulo IV do Estatuto da

Igualdade Racial, que prevê, respectivamente, o Direito à Educação e à Cultura e

Promoção da Igualdade Racial, onde seguem os Artigos 22 e 26:

Art. 22 – O Ministério da Educação incentivará as universidades a: I – apoiar

grupos, núcleos e centros de pesquisa nos diversos programas de pós-graduação,

que desenvolvam temáticas de interesse da população afro-brasileira.

Art. 26 – apoio a iniciativas em defesa da cultura, memória e tradições

africanas e afro-brasileiras.

É inevitável que qualquer ação que trabalhe com processos ideológicos de

identificação, memória e patrimônio passe pelo pente fino da ética e da política

pública. Pensar sobre patrimônio cultural é colocar em perspectiva várias noções de

recondicionamentos, fazendo-nos pensar na reinvenção e na re-existência de alguns

conceitos. É uma busca contínua das ciências sociais e humanas a reflexão sobre a

memória e identidade dos indivíduos, através da influência dos seus acervos.

É importante lembrar que conceitos de patrimônio popular, negro e indígena

surgem apenas na década de 1970, conforme afirma Maria Cecília Fonseca (2005).

Nesse período a política elitista, instaurada no Brasil, desde 1937, começa a ser

criticada. Nesse momento, entre a segunda metade de 1970 e início de 1980, coube

a intelectuais com um novo perfil (sociólogos, administradores e biólogos) definir

novos valores e interesses, vinculados à questão do desenvolvimento do patrimônio.

Esses novos agentes institucionais se propuseram a atuar como mediadores das

culturas marginalizadas. Este foi um momento renovador, no sentido de ampliar a

noção de patrimônio ou, ao menos, deixar afirmada a boa intenção desses agentes

sociais. Isto é, construir uma representação da nação, considerando a pluralidade

que propiciasse um sentimento comum de identidade nacional, fazendo com que

essa seleção de bens de determinados valores fosse aceita por todos.

No Brasil, o processo de preservação do patrimônio cultural é expresso na

Constituição Federal e Legislação. Além de integrar diversos artigos em que fica

registrada a preocupação e responsabilidade do País em garantir a proteção dos

bens culturais de natureza material e imaterial. Na divisão que a Constituição

Brasileira utiliza para os bens culturais, os acervos fotográficos, integram os bens de

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natureza material, sendo um bem móvel com conceito de acervo histórico e

arquivístico. Em vista disso, no Artigo 23, observa-se que a Carta Política Brasileira

determina que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,

artístico e cultural [...];

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e

de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.

Portanto, o acervo fotográfico de Oliveira Silveira é um subsídio para

sobrevivência do passado, para a preservação de uma memória e da história do

negro no Rio Grande do Sul. Este artigo procura refletir sobre políticas públicas de

ação afirmativa que trabalham na implementação de e valorização do patrimônio

material e imaterial afro-brasileiro a partir do acervo pessoal de fotografias do poeta

da Consciência Negra Oliveira Ferreira da Silveira. Neste sentido entende-se a

necessidade de apresentar um breve histórico sobre a vida e obra do poeta.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA DE OLIVEIRA SILVEIRA

Oliveira Ferreira da Silveira (Fig 1) nasceu em 16 de agosto de 1941, no 6º

Subdistrito de Rosário do Sul: Touro-Passo, município situado na fronteira oeste do

estado do Rio Grande do Sul. Foi criado na Serra do Caverá. “Filho de Felisberto

Martins Silveira, branco brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira,

negra brasileira de cor preta, de pai e mãe negros gaúchos. Sobrinho de Adauto

Ferreira. Pai de Naiara, avô de Thales e Elias (Tudo gente dos Ferreira)”. SILVEIRA

(2008, p. 1). Oliveira estudou na Serra do Caverá até a 5ª série, logo foi para

Rosário se preparar para o chamado exame de admissão ao Ginásio com direito a

formatura e solenidade, pois era o maior curso da cidade. Nesta nova etapa ele teve

o apoio da família, que compreendia a importância estudo, em especial a vontade

que o poeta tinha de trilhar um caminho através do conhecimento. Suely Silveira,

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irmã de Oliveira Silveira, lembra a época do “coléginho”3 onde ela e os irmãos

estudavam:

Oliveira lia demais, sempre gostou. E de dizer poesia também ele gostava. Estudava até de madrugada. Meu pai às vezes brigava com ele: “- Ele vai “incurtar a vista!” Ele dizia assim. Mas não tinha jeito, o Oliveira não ia dormir cedo escrevendo.

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Oliveira Silveira graduou-se em Letras – Português e Francês com as

respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS.

Trabalhando na docência de português e literatura no ensino médio.

FIGURA 1 – Da E para D, galpão onde Oliveira estudou pela primeira vez - área rural de Rosário do Sul/RS; sua formatura no Curso de Letras/UFRGS - Porto Alegre/RS; Atuando como escritor, concedendo um autógrafo para Mario Quintana; E o poeta cultuando as tradições gaúchas em

Rosário do Sul. Fonte: Acervo pessoal de Oliveira Silveira - Projeto RS Negro – Vídeo-Documentário “Sou”. Montagem de imagens elaborada por Geanine Escobar.

No vídeo-documentário “SOU”, que aborda de forma histórica e poética a

identidade afro-gaúcha, Oliveira5 relata que não era possível recuperar tudo, o

importante era procurar conhecer ao máximo a cultura negra, trabalhando na

perspectiva de conhecer o passado, conhecer a cultura em todos os seus meandros,

porém utilizando a atuação no presente e com perspectivas de futuro. Em entrevista,

3 Termo utilizado por Suely Silveira, irmã de Oliveira Silveira, para destacar a simplicidade do espaço

onde as crianças e seus irmãos estudavam, em Touro-Passo, interior de Rosário do Sul/RS. Fonte: Entrevista feita com Suely Silveira para o Vídeio-documentário “SOU”, inverno/2010. 4 Fonte: Entrevista feita com Suely Silveira, irmã de Oliveira Silveira, para o Vídeio-documentário

“SOU”, inverno/2010. 5 Fonte: http://vimeo.com/17150152. O vídeo-documentário “SOU” é um registro histórico-poético

sobre a identidade afro-gaúcha, tendo como base a vida e obra do poeta gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009). Oliveira também é conhecido como o poeta da Consciência Negra, por ter sido um dos idealizadore da proposta de criação do 20 de novembro – Dia da Consciência Negra. A produção é de Bureau de Cinema e Artes Visuais. O vídeo integra o Kit RS Negro que é parte do Projeto RS Negro: educando para a diversidade. O Kit é disponibilizado para as escolas gaúchas, a fim de cumprir a Lei 10.639 que estipula a inclusão da história e da cultura afro-brasileira no currículo oficial da rede nacional de ensino. Acesso em 15.07.11.

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aos 64 anos de idade (em 2006) quando o poeta é indagado se sua terra natal

influenciou na sua carreira, Oliveira respondeu:

Sim. Isto se deu através da escola. No início estudava em casa, pois minha professora também morava no sítio. Mais adiante tive contato com livros e comecei a escrever. Em 1958 publiquei meu primeiro poema, num jornal de Rosário. Isto foi muito importante para o início de minha carreira. A partir dos estímulos recebidos de amigos continuei a escrever poemas regionalistas, que marcam até hoje meu estilo. Mais tarde me transferi para Rosário e fiz o ginasial, adiante mudei para Porto Alegre, onde cursei o clássico e a faculdade.

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Conforme Oswaldo de Camargo (SILVEIRA, 2009, p. 9) “Oliveira, singular

pela realização poética e pela freqüência, na sua obra, da temática afro-gaúcha”

ampliou a reflexão sobre a memória da criação literária mais preocupada com a

função social, sobretudo, a vida dos excluídos por razões de natureza étnico-racial,

em especial na região Sul do País. Oliveira lutou incansavelmente pela valorização

da cultura negra gaúcha, das histórias contadas pelos negros escravizados nas

charqueadas do sul do sul do país, pela valorização da mulher negra, preservação

das religiões de matriz africana, respeito aos orixás e a contribuição da cultura

africana no mundo. Segundo Escobar (2010, p. 72), a poesia denúncia de Oliveira

Silveira “Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão” também traz

uma reflexão sobre o dia seguinte à assinatura da Lei Áurea, pois a realidade

apresentada à comunidade negra brasileira no pós-abolição da escravatura, foi a

exclusão, a negação de suas origens e valores. Nesse sentido, Oliveira, contestava

a sociedade de maneira que o negro se tornasse o protagonista e escrevesse sobre

a sua própria história, não crendo mais no que lhe foi imposto até 1888. O poeta

propôs que os versos do Hino do Rio Grande do Sul: “Povo que não tem

virtude/acaba por ser escravo.” Fossem substituídos por: “Povo que é lança e virtude

a clava quer ver escravo.” Desta forma a população negra gaúcha se incluiria

através dos heróicos lanceiros negros.7 Popularmente conhecido como “poeta da

6 Entrevista feita com Oliveira Silveira em 23 de dezembro de 2006. Disponível em:

www.portalafro.com.br. Acesso em 15.07.11. 7 Informação retirada da apresentação “O Processo de Montagem da Exposição e Sarau Literário em

Homenagem ao Poeta da Consciência Negra, Oliveira Silveira” elaborada para 12º Fórum Estadual de Museus - Santa Maria/RS por Geanine Vargas Escobar, Augusto Britto, Matias Rempel , Letícia Moreira, Mateus Lesina em maio de 2010.

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Consciência Negra”, ativista do Movimento Negro, idealizador do “20 de Novembro8”

como Dia Nacional da Consciência Negra e idealizador do Movimento Clubista,

faleceu no Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro de 2009, vitimado pelo câncer.9

MEMÓRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

Oliveira “era militante negro radical e ao mesmo tempo doce... doce..., fala

mansa e de atitudes fortes”10. Em uma entrevista concedida a Geanine Escobar, (16

de agosto de 2012), sua única filha Naiara Silveira, relata que seu pai “nunca teve a

intenção de ser „o militante‟, „o herói‟ ou „o exemplo‟ pra alguém, ela afirma que o

poeta estava em busca da sua própria identidade, do querer se conhecer. A

preocupação dele era de registrar a história do negro e resgatar a história do negro

através do que se tem, da sua própria história, a história pessoal de cada negro,

além de manter esses registros e ter isso documentado”. Neste sentido,

compreender o papel de Oliveira e o seu acervo fotográfico como patrimônio cultural

material afro-brasileiro, recordando11 a vida e obra desse poeta, é ativar a memória

de alto nível sobre o legado ideológico deixado por Oliveira. Conforme Candau

(2012, p. 23) essa memória é essencialmente de recordação ou reconhecimento que

pode pertencer a uma memória enciclopédica (saberes, crenças, sensações,

sentimentos etc.). Trabalhar com a memória de alto nível através da fotografia de

Oliveira pode beneficiar descobertas que irão expandir a memória sobre a cultura

negra e ao mesmo tempo estender o esquecimento sobre algumas identidades

negras que não serão evocadas, seja deliberadamente ou involuntariamente. Neste

8 No Brasil, diversas casas legislativas estaduais e municipais tem reconhecido o valor simbólico e

histórico da data, fazendo valer através de proposições legislativas, o dia 20 de novembro como data símbolo alusivo à consciência negra no Brasil. Importa observar nos textos das leis, a riqueza política e cultural deste símbolo que ultrapassa os muros da história oficial, se revelando como uma das grandes datas nacionais no Brasil, lembrando o líder maior da luta pela libertação dos negros escravizados em nosso País, Zumbi dos Palmares. O projeto de lei 6.097 de 2002, de autoria do nobre Deputado Wilson Santos, declara o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, feriado nacional. SANTOS, 2003, p. 1. 9 ESCOBAR, 2009, p. 61.

10 ESCOBAR, 2010, p. 4.

11 Conforme Cláudia Cerqueira do Rosário em O Lugar Mítico da Memória (2002, p. 1): Recordar no

contexto mítico, significa resgatar um momento originário e torná-lo eterno em contraposição à nossa experiência ordinária do tempo como algo que passa, que escoa e que se perde. A recordação como resgate do tempo, confere desta forma imortalidade aquilo que ordinariamente estaria perdido de modo irrecuperável sem esta re-atualização.

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sentido, Candau12 destaca na introdução de Antropologia de La memória (2002):

“Sem memória, o sujeito se perde, vive unicamente o momento, perde suas

capacidades conceituais e cognitivas. Seu mundo fica em pedaços e sua identidade

desvanece”. Desta forma a fotografia, além de ser utilizada como fonte histórica,

uma comprovação de um fragmento da realidade vivida por negros gaúchos, a

fotografia torna-se responsável pela identidade positiva de um aspecto determinado

da luta negra, da afirmação da cultura negra.

IDENTIDADE E MEMÓRIA: O ACERVO FOTOGRÁFICO DA DÉCADA DE 1970

Conforme o autor Albuquerque (2006), as décadas de 1960 e 1970 foram

momentos de grandes transformações culturais, políticas e comportamentais em

várias partes do mundo. No Brasil viviam-se os dias tensos e repressivos da ditadura

militar, que fechou o Congresso Nacional, cassou os direitos políticos de

parlamentares, baniu partidos políticos, proibiu organizações operárias, camponesas

e estudantis, prendeu, torturou e eliminou militantes de esquerda. A repressão

chegaria aos negros e seus aliados. A questão racial não encontrava lugar nas

organizações de esquerda, por isso, jovens negros gaúchos passaram a se reunir no

centro da cidade de Porto Alegre para conversar sobre variados assuntos, incluindo

a situação do negro na sociedade brasileira. Nesse processo, surgiu o Movimento

Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, que depois passou a se intitular

apenas Movimento Negro Unificado (MNU), o qual Oliveira Silveira fazia parte,

contestava a idéia de que se vivia uma democracia racial brasileira, idéia que os

militares adotaram na década de 1970.13 Grupo Palmares como um catalisador das

demandas que pertenciam a toda comunidade negra porto-alegrense.

Campos (2010) afirma que as ações do Palmares estruturam-se a partir da

proposta de substituir o 13 de Maio pelo 20 de Novembro, como principal dia de

12

Candau em Antropologia de La memória (2002, p. 3 a 17) - Propõe a idéia de Antropologia da Memória, motivada pelo mnemotropismo da atualidade e fala dessa análise em duas dimensões: o recordar e o esquecer (amnésia). Essa ideia está na busca de analisar as formas diferentes como as diversas culturas representam ou manipulam a memória. A memória é parte da biologia humana, é parte da natureza e o uso que o homem faz dessa faculdade. A memória evoluiu com o passar do tempo. O autor também explicita que a memória é plástica, flexível, flutuante e está dotada de ubiqüidade, de uma grande capacidade adaptativa e variável de um individuo a outro. 13

ALBUQUERQUE, 2006, p. 281.

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comemoração e protesto para os negros brasileiros.Dessa forma obtem-se a

releitura da história, segundo o Grupo Palmares, como à tomada de consciência

negra e da condição social dos negros no Brasil. Conseqüentemente, segundo

Campos (2010 p. 232) foi a retomada a trajetória de resistência, abandonada por

ação da ideologia assimilativa, guardada no discurso da existência de uma

democracia racial. Oliveira Silveira registrou uma crítica referente à data Treze de

Maio:

Nós vimos logo que o 13 de maio teve consequências práticas. Não havia medidas efetivas voltadas à comunidade negra. Foi uma liberdade que apareceu apenas na lei e nada de concreto ocorreu depois. Ao mesmo tempo, era uma data oficial, que o oficialismo governamental queria que fosse comemorada, celebrada, com homenagens à princesa Isabel. Ao passo que Palmares significava uma liberdade conquistada na luta, que durou um século inteiro, e, por isso era plena de significado. Os homens e mulheres quilombolas fizeram um trabalho de resistência, de afirmação da dignidade humana sem precedentes, de luta pela defesa da liberdade. Então, não havia dúvidas de que aquela era a principal passagem da história do negro no Brasil.

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A busca da consolidação de uma identidade negra discutida veementemente

pelo Grupo Palmares, em plena ditadura, segundo Oliveira, não fazia com que o

grupo se reconhecesse como subversivo. Fato que podemos observar no

depoimento Juarez Ribeiro:

Creio que a ditadura militar não levou em consideração a ação dos Movimentos Sociais Negros como risco à ditadura militar. O alvo dos militares estava mais voltado à repressão de organizações partidárias, movimentos de guerrilha, movimentos estudantis, organizações de classe e igrejas católicas e protestantes, etc. Podemos perceber alguns casos de negros e negras que nesse período foram exilados ou perseguidos internamente, em virtude de suas ligações aos setores anteriormente citados. (RIBEIRO, 2011).

Simbolicamente, estes jovens negros, propunham romper com a idéia de

liberdade concedida por uma concepção de liberdade conquistada, tendo em

Palmares e em Zumbi seu referente. Já no ano de 1971, foi realizada uma

homenagem a Luiz Gama, em 21 de agosto, e o 1º Ato Evocativo ao 20 de

Novembro no Clube Náutico Marcílio Dias (Fig. 2).

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Oliveira Silveira por Oliveira Silveira da Ferreira, em www.oliveirasilveira.blogspot.com, acesso em 15.07.2010.

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FIGURA 2- Da E para D, duas reportagens da década de 1970 sobre o Grupo Palmares; a terceira imagem trata-se do 1º Ato Evocativo ao 20 de novembro realizado em 1971 pelo Grupo Palmares, em Porto Alegre no Clube Náutico Marcílio Dias. Fonte: Acervo pessoal de Oliveira Silveira - Projeto RS

Negro – Vídeo-Documentário “Sou”. Montagem de imagens elaborada por Geanine Escobar.

Constituía-se, desta maneira, o Grupo Palmares, cuja proposta inicial seria

rever a história do Brasil em busca de novos referenciais negros. Entende-se esses

novos rumos para as comunidades negras do Rio Grande do Sul, como dispositivos

utilizados para a auto afirmação de negros e negras perante a sua auto-estima e

auto-imagem, pois tratava-se de não reverenciar mais a Princesa Isabel, mas sim

Zumbi dos Palmares, que foi símbolo de resistência e luta quilombola15 perante a

exploração escravagista. Quando é indagado sobre o que é Consciência Negra na

sua opinião, o poeta explica “[...] para nós do Movimento Negro, nós negros a

Consciência Negra significa a busca de um conhecimento a respeito de nós

mesmos. Eu gosto dessa diversidade étnica que nós temos no Brasil e mais

especificamente aqui no Rio Grande do Sul”.16

Na linha das “retóricas holistas”17 de Candau (2012, p. 29-30), Oliveira segue

seu pensamento pelo caminho da essencialidade das “implicações ontológicas”18.

15

Conforme Rafael Sanzio Araújo dos Anjos (pesquisa) e André Cypriano (fotografia) em Quilombolas. Tradições e Cultura da Resistência – Prefácio (2006): Quilombo são repúblicas de homens livres formadas pelos negros escravizados que se livraram do cativeiro mais atroz e partiam para vida nova. Calcula-se que no Brasil, existam hoje cerca de 2842 comunidades quilombolas, ou seja, remanescentes dos quilombos. 16

Fonte: http://www.pucrs.br/edipucrs/. Vídeo-documentário “Sou”. Produção Bureau de Cinema e Artes Visuais. O vídeo integra o Kit RS Negro que é parte do Projeto RS Negro: educando para a diversidade. 17

Conforme Joel Candau em Memória e Identidade; tradução Maria Letícia Ferreira (2012, p. 29): O autor entende por retóricas holistas o emprego de termos, expressões, figuras que visam designer conjuntos supostamente estáveis, duráveis e homogêneos, conjuntos que são conceituados como outra coisa que a simples soma das partes e tidos como agregadores de elementos considarados, por natureza ou convenção, como isomorfos. É designado assim um reagrupamento de indivíduos (a comunidade) ou elementos reais ou imaginários (identidade étnica). É a Retórica holística que constrói e sustenta a memória coletiva, e nesse caso, é a mesma que sustenta a memória coletiva da comunidade negra sul-riograndense.

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No momento em que a sua busca pela metamemória, que é basicamente a

construção explícita da identidade e representação que cada indivíduo faz de sua

própria memória está diretamente ligado com a sua intensa investigação sobre a

cultura negra gaúcha, principalmente. É possível compreender esse processo

identitário pela fala de Amaro Silveira19, irmão do poeta, que relata que embora

Oliveira tivesse muito carinho com seu pai, o poeta procurou saber mais sobre a

parte negra da família. Até esse momento se conseguiu pautar questões sobre a

influência da criação e origem de Oliveira sobre a sua carreira de escritor e sobre a

literatura negra como motivador da identidade e auto-afirmação, especialmente dos

negros gaúchos. Nesse sentido, Hall (1999) coloca que a identidade é definida

historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades que não são

unificadas ao redor de um “eu” coerente:

Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia.

A partir do pensamento de Hall (1999) pode-se contextualizar essa releitura

da história, protagonizada por Oliveira Silveira, como a busca pelo pensamento

político-literário dos negros gaúchos. Tendo em vista que o trabalho em torno da

identidade é realmente algo formado ao longo do tempo. No entanto, existe sempre

algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre

incompleta, está sempre “em processo”, sempre “sendo formada”. Por este motivo

Oliveira Silveira, juntamente com o Movimento Negro Unificado e o Grupo Palmares

estudavam continuamente identidades positivas para os negros brasileiros.

18

Ontologia refere-se a parte da filosofia que estuda o conhecimento ser, questões metafísicas e a existência. 19

Entrevista feita com Amaro Silveira, irmão de Oliveira Silveira, para o Vídeio-documentário “SOU”. Inverno/ 2010. Fonte: Disponível em: http://vimeo.com/17150152.

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AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Oliveira atuou constantemente no Movimento Negro através da militância

política, vivenciou e registrou momentos decisivos de emancipação política das

comunidades negras, possuindo um acervo fotográfico pessoal carregado de

memória negra gaúcha. Ao longo de quase 50 anos o poeta proporcionou condições

para questionamentos profundos da realidade do Negro no Brasil e no Mundo.

Segundo Rosário (2002), lembrar o acervo de Oliveira é buscar uma memória que

ligue o presente ao passado, mostrar ao ser que existe como se constituiu e no que

se fundamenta para vir a ser. Mostra-nos identidade e diferença, nos aponta a

repetição, permite que nos admiremos diante do novo. Pois não se diz que é "novo"

aquilo diante do qual procuramos referências na memória e não encontramos?

Portanto, Oliveira Silveira é um subsídio para o encontro de novas formas de

preservação de uma memória, de sobrevivência do passado da história do negro no

Rio Grande do Sul.

Quando se trata de administração de ações governamentais de salvaguarda

voltadas para as comunidades negras no Brasil, cita-se a Fundação Cultural

Palmares, que é o fruto do movimento negro brasileiro. Criada em 1988, a Fundação

Cultural Palmares é uma instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura que

tem a finalidade de promover e preservar a cultura afro-brasileira. Preocupada com a

igualdade racial e com a valorização das manifestações de matriz africana, a

Palmares formula e implanta políticas públicas que potencializam a participação da

população negra brasileira nos processos de desenvolvimento do País.20 Foi o

primeiro órgão federal criado para promover a preservação, a proteção e a

disseminação da cultura negra. A Fundação Cultural Palmares afirmava a mais de

vinte anos o compromisso de concepção de ações em prol da cultura negra,

inclusive tendo criado uma Biblioteca, que em homenagem ao Poeta da Consciência

Negra em 16 de dezembro de 2011, a “Bilbioteca Oliveira Silveira”21.

A UNESCO é a instituição mais importante quando se trata de políticas

internacionais, pois promove a identificação, a proteção e a preservação do

20

Fonte: <http://www.palmares.gov.br/quem-e-quem>. Acesso em 15/07/2012. 21

Fonte: <http://www.palmares.gov.br/2011/12/inaugurada-a-biblioteca-da-fcp-em-homenagem-a-oliveira-silveira>. Acesso em 26.07.2012.

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patrimônio cultural e natural de todo o mundo. Porém, existem diversas ações

nacionais e internacionais que devem ser consideradas. Órgãos que incumbem com

o Artigo 23 e que são politicamente responsáveis pela proteção dos bens culturais

materiais e imateriais de interesse público. Sobre o movimento político mundial, que

propõe a preservação do Patrimônio Cultural, é possível afirmar que este se liga

diretamente a preservação das identidades, essa é também uma das funções do

Estado e um dever de toda sociedade.

Com base nesse conjunto de políticas públicas adotadas com o objetivo de

promover a ascensão de grupos socialmente minoritários, como as comunidades

negras, entende-se essa pesquisa como parte da implementação dessas políticas,

pois é uma ação afirmativa. E seguindo o pensamento de Ricoeur (2007), esta

pesquisa vem cobrar a justa memória e inclusão da comunidade negra na história do

país de forma digna. Pensa-se no dever que a pesquisa acadêmica possuí em

divulgar possibilidades de aprofundamento na história dos negros brasileiros e o

comprometimento com a lembrança através de uma fonte iconográfica, tendo em

vista não mais o esquecimento.

CONCLUSÃO

É possível observar que hoje, no Brasil se vive (parte) da idealização do

ontem, do Grupo Palmares, e vive o sonho de antigos líderes como Oliveira Silveira

que, através de sua pesquisa, procurou mudar a realidade histórica vivida pelos

negros brasileiros, deixando um legado fotográfico que volta o nosso o olhar para o

negro como o escritor, lutador, pesquisador, intelectual, consciente da sua

identidade. Conforme, ressalta Zila Bernard22:

“Oliveira Silveira tinha o intuito de despertar, em especial, nas comunidades negras do Rio Grande do Sul, um desejo de sentir-se inseridas na cultura negra. Além de expressar por meio da sua poesia afro, uma posição de identidade que trazia a afirmação de querer e ser gaúcho. Ele faz essa dupla afirmação identitária através da sua poesia: como negro e como gaúcho.”

22

Entrevista feita com Zila Bernard, pesquisadora em Literatura, para o Vídeo-documentário “SOU”. Inverno/ 2010. Fonte: Disponível em: http://vimeo.com/17150152.

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Foi pensando na afirmação dessa identidade que Oliveira registrou e

escreveu sobre tantos momentos de luta e que em conseqüência de suas ações

ficou conhecido popularmente como o poeta da Consciência Negra. Oliveira foi um

dos idealizadores da proposta de criação do 20 de novembro – Dia da Consciência

Negra. Neste sentido, ter acesso ao seu acervo iconográfico é também trabalhar

com outra perspectiva o Art. 79-B da Lei 10.639, pois o mesmo afirma que o

calendário escolar de todas as escolas brasileiras deve incluir o dia 20 de novembro

como „Dia Nacional da Consciência Negra‟.

É importante lembrar que os primeiros resultados definitivos, divulgados em

novembro de 2010, pelo Censo, apontaram uma população brasileira formada por

190.732.694 pessoas e o percentual de pessoas que se declararam pretas no

passou de 6,2% para 7,6% em uma década. O aumento foi maior entre as que se

declararam pardas, de 38,5% para 43,1% no mesmo período. Em 2010,

aproximadamente 91 milhões de pessoas se classificaram como brancas, 15

milhões como pretas, 82 milhões como pardas, 2 milhões como amarelas e 817 mil

como indígenas. 23 Estes números, frutos de estudos e pesquisas realizadas há

décadas pelo IBGE, comprovam que o Brasil é a segunda maior nação negra do

mundo fora do Continente africano.

Esse percentual que aponta o aumento da auto-declaração de pretos e

pardos, é um dos resultados mais expressivos das ações afirmativas, pois em

síntese, a ação afirmativa tem como objetivo combater as desigualdades sociais

resultantes de processos de discriminação negativa, dirigida a setores vulneráveis e

desprivilegiados da sociedade.24

Sendo assim, estima-se que esta pesquisa vislumbre outras possibilidades de

aprofundamento e olhares fotográficos, políticos e patrimoniais. Conforme Francisca

Michelon e Francine Tavares (2008, p. 20) “o lugar da memória é, pois, o lugar da

imortalidade”. Com base nesta frase, pode-se dizer que em 2009, em nossa

memória, nasceu o mais novo ancestral, o poeta digno de um cunho de lanceiro

negro. “Gosto de preto em gente, vermelho em coisas...”, assim dizia Oliveira. Aqui

cumpriu sua missão. Valeu a luta! Escobar (2009).

23

Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm. Acessado em 09.08.2012. 24

Fonte: http://www.palmares.gov.br/observatorio-afro-latino/. Acessado em 25.07.2012.

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REFERÊNCIAS

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história de resistência. Capítulo 14. In: SILVA, Gilberto Ferreira da; SANTOS, José

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produção do conhecimento. 2ª Edição. Revisada e Ampliada. Porto Alegre, 2010.

CANDAU, Joël. Memória e Identidade. Tradução Maria Letícia Ferreira. São Paulo:

Contexto, 2012.

ESCOBAR, Giane Vargas - Clubes sociais negros: lugares de memória,

resistência negra, patrimônio e potencial / por Giane Vargas Escobar. Santa

Maria, RS maio de 2010.

FERREIRA MICHELON, Francisca; SILVEIRA TAVARES, Francine. (organizadoras).

Fotografia e Memória. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2008.

HALBWACHS, Maurice (1877-1945). A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. 3ª ed. Rio de Janeiro:

DP&A, 1999.

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Geanine Escobar. Santa Maria, 2011.

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2007. SILVEIRA, Oliveira. Poemas: Antologia. Oliveira Ferreira da Silveira 1941 –

2009. Seleção e Prefácio de Oswaldo de Camargo. Porto Alegre: Edição dos Vinte,

2009.

SOUZA, Forentina; LIMA, Maria Nazaré. Literatura afro-brasileira._Salvador:

Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. p. 13

a 26.

SANTOS, Deputado Wilson; MACHADO, Deputado Gilmar. Comissão de Educação

e Cultura. (Apenso o PL 1442, de 2003). Projeto Lei nº 6.097, de 2002. Declaração

do Feriado Nacional; dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Sala

das Sessões, MG, 2003.