nutrição de orquideas amador

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NUTRIÇÃO DE ORQUÍDEAS NUTRIÇÃO DE ORQUÍDEAS “Nutrindo e regando orquídeas e a função dos nutrientes no crescimento da planta” Fontes: Resumo por M. J. Erasmus em www.ont.cp.za “The physiology of tropical orchids in relation to the industry“ C.S. Hew & J.W.H. Yong “OrchidSafari ARCHIVES” by Marilyn H. S. Light ‘What is plant nutrition’, em www.vengers.com Ricardo Cruz, mensagens para Lista de Orquídeas Tradução e compilação: Maria Cristina S. Costa Para falar de nutrição de plantas, em especial de orquídeas, há que se entender antes alguns conceitos básicos: De onde vêm a energia e a matéria para as plantas crescerem e se desenvolverem O que é fotossíntese O que é respiração celular O que é síntese proteica Nas linhas abaixo há uma explanação geral e alguns hiperlinks (palavras grifadas). Para saber detalhes, é só clicar nos hiperlinks. Se quiser uma noção mais geral, leia o texto de uma vez. Mesmo para dar detalhes, tentei não me embrenhar muito pela bioquímica, pois as complexas reações e a terminologia poderiam desanimar quem não está familiarizado. Quem quiser se aprofundar mais pode me contactar [email protected] . O crescimento das plantas requer a contribuição tanto da ENERGIA quanto da MATÉRIA MATÉRIA.

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Adubação

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Nutriao de Orqudeas

Nutrio de Orqudeas

Nutrindo e regando orqudeas e a funo dos nutrientes no crescimento da planta

Fontes: Resumo por M. J. Erasmus em www.ont.cp.za

The physiology of tropical orchids in relation to the industry C.S. Hew & J.W.H. Yong

OrchidSafari ARCHIVES by Marilyn H. S. Light

What is plant nutrition, em www.vengers.com

Ricardo Cruz, mensagens para Lista de Orqudeas

Traduo e compilao: Maria Cristina S. CostaPara falar de nutrio de plantas, em especial de orqudeas, h que se entender antes alguns conceitos bsicos:

De onde vm a energia e a matria para as plantas crescerem e se desenvolverem

O que fotossntese

O que respirao celular

O que sntese proteica

Nas linhas abaixo h uma explanao geral e alguns hiperlinks (palavras grifadas).

Para saber detalhes, s clicar nos hiperlinks. Se quiser uma noo mais geral, leia o texto de uma vez.

Mesmo para dar detalhes, tentei no me embrenhar muito pela bioqumica, pois as complexas reaes e a terminologia poderiam desanimar quem no est familiarizado. Quem quiser se aprofundar mais pode me contactar [email protected] .

O crescimento das plantas requer a contribuio tanto da energia quanto da matria.

A energia provm de:

LUZ* CALOR**A matria pode provir de vrias fontes:

GUA, que constitui aproximadamente 90% da massa da planta.

COMPOSTOS MINERAIS E QUMICOS, fornecidos pela adubao e por alguns substratos.

CARBONO, que derivado do gs Dixido de Carbono (CO2) atmosfrico.

A energia luminosa* utilizada no conhecido processo da fotossntese formao de compostos qumicos atravs da interao da luz com pequenas molculas.

O calor** leva transpirao (perda de gua pelas folhas), que resulta no movimento para cima de gua e minerais dentro da planta: quando a gua evapora das folhas, mais gua puxada das razes. Sem luz e transpirao as plantas no podem crescer.

A matria, por sua vez, suprida com:

a gua das regas ou chuvas + o CO2 do ar + a adubao e/ou os nutrientes do substrato.

Andy Easton, famoso cultivador e criador de hbridos da Nova Zelndia, d um conselho muito simples para cultivar orqudeas: Cultivar orqudeas fcil. Apenas d a elas a quantidade certa de luz, a quantidade certa de adubo, a quantidade certa de gua e temperaturas adequadas. Suas orqudeas vo crescer como mato.

Invariavelmente, vem a pergunta: Quanto de cada um desses o correto?

Mas a proposta principal deste resumo discutir a nutrio das orqudeas.

Junto com a gua, o adubo a maior fonte de elementos construtivos para a planta (alm do carbono, que vem do CO2 atravs da respirao da planta).

Fazendo um parntese, preciso frisar que s saberemos exatamente quais e quanto dos elementos qumicos e minerais estamos dando a nossas orqudeas se estas estiverem em substrato inerte (ex.: brita) e se soubermos exatamente a composio da gua que utilizamos para dissolver o adubo. Como essas condies no so freqentes em cultivos amadores, as noes de nutrio compiladas neste resumo prestam-se como noo geral, devendo ser levado em conta que:

1- A soluo de nutrientes composta por adubo + gua tem concentraes de minerais que so a soma daqueles minerais contidos no fertilizante mais os contidos na gua utilizada para dissolv-los. Alguns de ns dispomos de gua naturalmente pobre em minerais enquanto que outros tm gua com quantidade moderada ou alta de minerais. A menos que voc saiba a qualidade de sua gua, no se pode saber com o qu exatamente est adubando suas orqudeas. Esta uma das razes pelas quais no se pode comparar cultivador A com B.

2- preciso levar em conta que a adio ou escolha exclusiva por adubo orgnico emprica.

3- Os substratos orgnicos, especialmente o xaxim, fornecem planta muitos nutrientes, tanto que alguns cultivadores optam por no adubar as plantas por nenhum meio, quando utilizam estes substratos, obtendo sucesso em muitos casos.

4- Portanto, conhecer nutrio de orqudeas importante no para seguir risca manuais e conselhos de donos da verdade, mas para diagnosticar deficincias e mudar algo no cultivo quando necessrio.

5- Nutrir no s adubar, proporcionar s orqudeas gua, luz e ventilao na quantidade correta, pois ela precisa destes para fabricar seu prprio alimento com os elementos do adubo, do ar e da gua.

Adubos qumicos so geralmente adquiridos em p ou na forma lquida. So adicionados gua na quantidade recomendada. Alguns autores acham exagerada a recomendao dos fabricantes. M. J. Erasmus, por exemplo, recomenda adubar com 80ppm de nitrognio semanalmente e no 100ppm como geralmente recomendado (da, para quem aduba quinzenalmente seriam 160ppm de N e no 200ppm).

ADUBOS

Adubos so etiquetados com a quantidade dos macro-elementos Nitrognio, Fsforo e Potssio.

O N no N-P-K a porcentagem de Nitrognio que pode ocorrer de vrias formas como nitrato, nitrognio amoniacal e uria.

P a porcentagem de Fsforo, expressa pela molcula de P2O5 mesmo quando a fonte de fsforo no P2O5.

K a porcentagem de Potssio (kalium) expressa pela molcula de K2O.

Mas esses trs no so os nicos Macronutrientes de que a orqudea necessita: os Macronutrientes (chamados assim porque a planta necessita deles em quantidades maiores) so seis:

N, P, K, clcio, magnsio, enxofre.

Dos chamados Micronutrientes as orqudeas necessitam em quantidades muito pequenas.

So eles:

1) Micronutrientes essenciais: Boro, cloro, cobre, ferro, mangans, sdio, zinco, molibdnio e nquel.

2) Micronutrientes benficos*: silcio e cobalto.

*no so essenciais, exceto para algumas orqudeas.

Lembre-se: Micronutrientes j existem na gua e tambm no meio das impurezas dos constituintes do adubo, mesmo quando no so mencionados na embalagem.

Como a funo e os sinais de deficincia dos macro e micronutrientes j foram amplamente divulgados nas listas e na literatura em geral, elaborei tabela resumida para consulta.

O adubo balanceado 20-20-20+ micronutrientes o grande campeo de recomendaes para orquidfilos amadores em artigos sobre adubao, nas doses de 1g por litro de gua quinzenalmente ou 0,5g por litro de gua semanalmente.

Mas para quem pesquisa mais a fundo existem controvrsias. A primeira a acima citada, de que 100ppm so muita coisa, poderia ser 80. Est tambm comprovado que no necessrio tanto fsforo, nem para manuteno nem para induzir florao. A importncia do magnsio tem se mostrado um consenso entre os estudiosos, chegando a se formular tabelas com as exigncias de cada gnero de orqudea com propores de N-P-K-Mg.

H tambm inconsistncia e confuso na literatura acerca das propores ideais de minerais (N,P,K etc) para fertilizar orqudeas: j foram feitos experimentos que indicaram 3-1-2. falou-se tambm em 4-1-2 e 4-1-4 (sempre imaginando N-P-K).

Recentes recomendaes, encontradas no livro de Hew e Yong de 2004 so:

NP K Mg

Para Cattleya

1,25 : 0,4 :0,75 : 0,1

Para Phalaenopsis

12 :1 :15 : 3

Concluses, mais algumas pequenas dicas e reflexes:

A regra de ouro para adubao parece ser: doses menores, freqncia maior e regularidade implacvel.Isto produz crescimento mais consistente e plantas mais saudveis (planta bem nutrida mais resistente!).

Deve-se regar ou pelo menos molhar levemente antes da adubao. Assim a planta absorve melhor os minerais.

Deve-se regar copiosamente os vasos com gua pura, pelo menos uma vez ao ms, para lavar do substrato os sais de adubo acumulados, que so muito prejudiciais para as orqudeas.

A procedncia do adubo muito importante, isto , o fabricante deve garantir as doses e a pureza do material.

Quanto ao local da planta que mais absorve nutrientes as pesquisas ainda no so conclusivas; portanto interessante molhar as folhas e as razes com a soluo de adubo.

H evidncias de que a combinao de adubao qumica com orgnica proporciona melhor desenvolvimento de orqudeas (C. S. Hew e J. W. H. Yong em The physiology of Tropical orchids in relation to the industry). Porm h controvrsias quanto ao uso de adubo orgnico.

No se deve adubar plantas com doena comprovada ou suspeita.

Uma modesta concluso: Os carboidratos so as substncias de que a orqudea se alimenta. Para form-los ela necessita de carbono, hidrognio e oxignio, facilmente extrados da gua e do ar. Mas neste processo so necessrias enzimas, energia solar, aminocidos (formadores das protenas) etc (a que entra a adubao!). O processo todo mmuuiiito interessante. H um milagre acontecendo todo dia em cada plantinha de que voc cuida (Ed Wright). Desculpem eu me empolgar tanto mas a-do-ro biologia, e devo dizer que h um milagre em cada ser vivo (incluindo nosotros) acontecendo todo dia. As maquininhas biolgicas so infinitamente mais complexas e sofisticadas do que qualquer tecnologia desenvolvida pelo homem at hoje.

Podem perguntar: para que interferir em tal perfeio da natureza? Para que adubar orqudeas? Porque cultivamos orqudeas em condies diferentes das de seu habitat na natureza, cultivamos onde no existe cocozinho de passarinho, resduos de poeira e pura gua da chuva, apenas para ficar em alguns exemplos.

Deixo como testemunho estas fotos de meu cultivo:

1) Este nichozinho no meu quintal, com orqudeas em troncos de xaxim, que quase no adubo esto vigorosssimas e praticamente no tm pragas e doenas.

.

2) Meu cultivo em vasos, onde pelejo todo dia para acertar e algumas vezes tenho grandes decepes, apesar das muitas vitrias.

P.S. Este resumo, longe de ser completo, um convite discusso e ao aperfeioamento do conhecimento de ns todos.

Bom cultivo, belas floraes.

Maria Cristina Souza Costa, julho de 2005.

Role o mouse para voltar ao texto Para saber mais:

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Role o mouse para voltar ao texto Tabela:

ElementoFunoSinais de deficinciaSinais de excesso

Nitrognio (N)Elemento-chave p/ o crescimento, importante ingrediente p/ protenas e clorofila. DNA e RNA tambm dependem do N.Plantas atrofiadas, folhas menos verdes, at amareladas (clorose), novo broto endurece e estaciona, ou novo pseudobulbo amadurece ainda pequeno; folhas/bulbos traseiros amarelam rapidamente e depois caem; as razes tornam-se muito longas.Brotos/folhas moles e verde muito escuro, mais longas e c/ espessura reduzida; razes mais curtas.

Fsforo (P)Importante p/ a fotossntese, formao do ATP, germinao de sementes; essencial p/ a formao das flores.Bulbos/folhas verde muito escuro mesmo vc fornecendo nitrognio e luz suficientes - ou mesmo de cor prpura; crescimento e maturao dos bulbos retardado; folhas distorcidas com manchas de necrose (escuras); pode ocorrer queda prematura de botes florais ou durao menor das flores; tb demora na florao e menor nmero de flores. Morte nas pontas das razes.Acelerao demasiada da maturao dos bulbos, razes com crescimento maior.

Potssio (K)Importante na converso de aminocidos p/ protenas e carboidratos, na iniciao da florao, no fortalecimento das folhas e rizoma, mas o mais importte seu papel no balano hdrico via osmose. Tambm aumenta a resistncia da planta a pragas e doenas e s baixas temperaturas.Plantas deficientes de Potssio so mais suscetveis a fungos e conseqente podrido das razes. As folhas mais velhas podem se apresentar recurvadas ou manchadas ou com aspecto chamuscado. Depois o mesmo pode ocorrer nas folhas jovens.O excesso de potssio afeta a absoro de magnsio e clcio.

Clcio (Ca)Componente estrutural da parede celular, influi no movimento da gua dentro da planta, necessrio p/ o crescimento e diviso celular. Uma vez depositado no tecido vegetal, no se transloca ( imvel), portanto necessrio suprimento constante.Atrofia de novas brotaes, severo comprometimento das razes as novas podem morrer e as antigas escurecem. Pode afetar a florao.

As folhas podem ter manchas ou margens amarelas e o broto pode se apresentar distorcido. As extremidades das folhas novas ficam amolecidas.Excesso de clcio leva a baixa absoro de magnsio.

Magnsio (Mg)tomo central da clorofila, ativa reaes da fotossntese e respirao celular, importante na formao do DNA e RNA, na ativao da converso do aminoc. em protenas.Reduo na fotossntese, pois menos clorofila produzida. Reduo na sntese protica. Portanto o crescimento da planta reduzido, h clorose das folhas antigas, amarelamento entre as veias de folhas antigas, folhas podem cair.

Enxofre(S)Componente estrutural dos aminocidos, protenas, vitaminas e enzimas. Essencial p/ produzir clorofila.A deficincia no comum. Folhas novas mais clarinhas (at clorticas) e menores e bulbos muito finos podem ser a pista.

Ferro (Fe)Importante na fotossntese e na formao de protenas, especialmente no crescimento das partes jovens da planta.Folhas novas e nervuras maiores de um verde plido e posterior amarelamento. pH muito alto (alcalino) do substrato ou da soluo de adubo impede a absoro de ferro.

Mangans (Mn)Primeiros estgios da fotossntese, ajuda na germinao.Sua deficincia restringe a formao de clorofila provocando manchas amarelas nas folhas jovens e velhas, como uma rede, pois as nervuras permanecem verdes, e num estgio mais avanado ficam brancas.

Podem aparecer pontos marrons ou pretos perto das nervuras.O excesso de Mangans reduz a absoro de Magnsio e Clcio e podem surgir pintas marrom-avermelhadas nas folhas.

Cobre (Cu)Papel importante na fotossntese e no desenv. da antera o do ovrio das flores.Folhas novas atrofiam-se e tendem a murchar e se distorcer, ficando amareladas com as pontas negras, a frente da planta vindo finalmente a morrer. Excesso de obre txico p/ a planta e pode afetar absoro de ferro.

Zinco (Zn)Sntese do hormnio do crescimento, sntese protica, crescimento do rizoma.Folhas mosqueadas com reas clorticas de padro irregular. A deficincia de zinco leva a deficincia de ferro, que causa sintomas semelhantes.

Boro (B)Importante constituinte da parede celular e membrana plasmtica de tecido em crescimento e razes.Morte de gemas em brotao.

Folhas espessas e recurvadas, frgeis.fitotxico

Molibdnio (Mo)Fase inicial da sntese protica, produo do plen.Deficincia de Mo rara porque a planta requer quantidades mnimas deste. Sintomas: manchas amarelo-claro entre as nervuras das folhas, bordas das folhas ficam enroladas e cor de cobre.

Cloro (Cl)Mantm as clulas trgidas e ajuda na formao dos aminocidosRazes murchas, curtas e grossas, clorose e bronzeamento das folhas.

Cobalto (Co)Fixao de nitrognioSinais de deficincia de Nitrognio

Sdio (Na)Envolvido no movimento da gua dentro da planta via osmose.

Silcio (Si)Componente da parede celular, sendo que as plantas com suprimento suficiente de silcio produzem folhas mais resistentes uma barreira mecnica contra insetos sugadores.

Role o mouse para voltar ao texto Adubao orgnica X qumica

No h como ser contrrio adubao orgnica, j que alguns grandes cultivadores a utilizam com sucesso inquestionvel.

Para os autores de The physiology of tropical orchids in relation to the industry as orqudeas adubadas com adubo orgnico + qumico tendem a se desenvolver melhor, mas as desvantagens* associadas adubao orgnica excedem as vantagens.

* maior incidncia de pragas e doenas, impossibilidade de saber quanto de cada elemento est se fornecendo, demora da disponibilidade dos nutrientes para a planta, j que o adubo orgnico precisa ser decomposto por microorganismos no substrato para se transformar nos elementos qumicos, que no caso dos adubos qumicos j vm prontos.

Role o mouse para voltar ao texto Quanto?

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_1184060950.docRespirao celular

A formao de molculas maiores, tais como amido, celulose, protenas, vitaminas, DNA, RNA e hormnios requer energia.

Esta fornecida pelo processo denominado RESPIRAO, que ocorre no interior das clulas das plantas, mais precisamente na mitocndria. A glicose, rica em energia, quebrada pelo oxignio principalmente em CO2 e gua, com liberao de energia. A maior parte desta energia liberada em forma de calor, o que mantm a temperatura de modo que a planta pode crescer mesmo na escurido. A energia restante utilizada para formar as grandes molculas mencionadas acima, frequentemente por meio do ATP.

enzimas

C6H12O16 + 6 O2 = 6 CO2 + 6 H2O + energia

Glicose + oxignio = dix. carbono + gua + energia