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Itinerários versados:

redes e identizações nas periferias de Porto Alegre

Mapping life trajectories:

Networks and identizations in the peripheries of Porto Alegre

Resumo

Este artigo propõe uma análise sucinta das produções identitárias e das redes agenciadas por moradores e ativistas das periferias, no intuito de compartilhar algumas inquietações de pesquisa, no entendimento do autor, metodologicamente pertinentes. Antes, porém, perpassará um breve histórico da formação de localidades periféricas de Porto Alegre, destacando a diferenciação desses territórios junto à manutenção de alguns aspectos das desigualdades sociais que os constituem.

Palavras-chave: Itinerários Versados; Redes; Identizações; Periferias; Porto Alegre.

Abstract:

This article offers a succinct analysis of the identity productions and the networks in which dwellers and activists of peripheral areas act, with the purpose of sharing some research concerns which are methodologically pertinent from the author’s point of view. But it first sketches a brief history of the formation of peripheral areas in Porto Alegre, hi-ghlighting the differences of these territories along with the maintenance of some aspects of the social inequalities that constitute them.

Keywords: Mapping Life Trajectories; Networks; Identizations; Peripheries; Porto Alegre.

Cadernos

IHUideias

Itinerários versados: redes e identizações nas periferias

de Porto Alegre

Leandro Rogério Pinheiro Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

ISSN 1679-0316 (impresso) • ISSN 2448-0304 (online) ano 15 • nº 260 • vol. 15 • 2017

Cadernos IHU ideias é uma publicação quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos – IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, além de artigos inéditos de pesquisadores em diversas universidades e instituições de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é a característica essencial desta publicação.

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: José Ivo Follmann, SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor: Inácio Neutzling, SJGerente administrativo: Jacinto Schneider

ihu.unisinos.br

Cadernos IHU ideiasAno XV – Nº 260 – V. 15 – 2017ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor: Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos

Conselho editorial: MS Jéferson Ferreira Rodrigues; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antônio Fag-gion; Prof. Dr. Lucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Profa. Dra. Susana Rocca.

Conselho científico: Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti, Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora em Educação; Prof. Dr. Celso Cândido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. César Sanson, UFRN, doutor em Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora em Comunicação.

Responsável técnico: MS Jéferson Ferreira Rodrigues

Imagem da capa: Pexels (Pixabay)

Revisão: Carla Bigliardi

Editoração: Gustavo Guedes Weber

Impressão: Impressos Portão

Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. – Ano 1, n. 1 (2003)- . – São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

v.

Quinzenal (durante o ano letivo).

Publicado também on-line: <http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu-ideias>.

Descrição baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); última edição consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

ISSN 1679-0316

1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.

CDU 316 1

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Bibliotecária responsável: Carla Maria Goulart de Moraes – CRB 10/1252

ISSN 1679-0316 (impresso)

Solicita-se permuta/Exchange desired.As posições expressas nos textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores.

Toda a correspondência deve ser dirigida à Comissão Editorial dos Cadernos IHU ideias:

Programa Publicações, Instituto Humanitas Unisinos – IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos

Av. Unisinos, 950, 93022-750, São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.3590 8213 – Fax: 51.3590 8467

Email: [email protected]

ITINERáRIoS VERSADoS: REDES E IDENTIzAçõES NAS PERIFERIAS

DE PoRTo ALEGRE

Leandro Rogério Pinheiro Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

o convite para tratar de redes, pertenças e modos de ser, conforme sugeria o título da conferência1, por mais próximo do que se propõem as pesquisas que tenho conduzido nas periferias de Porto Alegre, lança já de princípio a necessidade de uma contextualização dos esforços que temos realizado em campo, sumamente incursões de pesquisa qualitativa.

A aproximação aos cotidianos produzidos em localidades de perife-ria dispõe questão importante sobre a pluralidade das redes sociais, so-bre a variável intensidade das identificações e sobre as dificuldades em delimitarmos modos de ser. Essa ressalva é importante; as caracteriza-ções que possam ser apresentadas não deixam de compor uma produção discursiva que, mesmo sensível à plausibilidade das inferências que en-fatiza, não pode perder de vista o quão diverso podem ser as malhas re-lacionais que os sujeitos constituem, embora vivendo sob uma mesma delimitação topográfica.

Se nos voltamos aos bairros situados em áreas de divisa municipal, por exemplo, a densidade populacional e a regularidade dos fluxos migra-tórios pendulares comuns a regiões metropolitanas estabelecem ritmos de interação e circulação e influem na formação de territorialidades e na disposição das pertenças. Neste sentido, a alusão a vínculos comunitá-rios ou a uma identidade local unitária, muitas vezes evocados entre mo-radores de tais localidades, constitui-se desde um tipo de narrativização do lugar que, a uma só vez, indicia a aproximação ou vinculação a uma rede sócio-histórica específica e/ou aos agenciamentos operados pelos

1 Conferência “Itinerários versados: redes, pertenças e modos de ser nas periferias de Porto Alegre”, vinculada à programação do 5º Ciclo de Estudos: Metrópoles, Políticas Públicas e Tecnologias de Governo – a centralidade das periferias brasileiras (22/03 a 01/06/2017), organizado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

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sujeitos, conforme se interpõe a necessidade de singularização nos diálogos.

Ademais, em contextos de significativa diversificação social e ampla circulação informacional, tal como se constituem as cidades contemporâ-neas, os modos de identificação podem sofrer inflexões. Vale lembrar o que dizia Alberto Melucci sobre a produção de identidades:

Poder-se-ia definir identidade como a capacidade reflexiva de produ-zir consciência da ação (isto é, representação simbólica da mesma) além dos seus conteúdos específicos. A identidade transforma-se em reflexividade formal, capacidade simbólica, reconhecimento da produção de sentido no agir. (Melucci, 2001, p. 89).

Para além de uma situação supostamente estática de delimitação de atribuições, a identidade configura-se como um processo e um campo, em que se atua conforme os vetores de identificação/reconhecimento. Mencionando que talvez fosse mais adequado falarmos de “identização”, Melucci define a identidade mais como ação do que como uma situação (2001b). A apropriação de tal referente se assenta, aqui, sob a hipótese analítica de que se, de um lado, as relações sociais levam suas dinâmicas de regulação e controle ao cotidiano e à mobilização dos desejos individu-ais, de outro, as mudanças e riscos produzidos no curso da modernidade (crise ambiental, globalização, TICs, etc.) e os recursos informacionais facultados aos sujeitos neste mesmo cenário podem potencializar dinâmi-cas reflexivas em práticas e filiações. Assim, pode-se operar na elabora-ção de enunciados que disputem a definição de sentidos ou, pelo menos, experiencia-se certo autoconfronto com as ambivalências de nosso tem-po, como afirma Ulrich Beck (2012).

Seria esse, ademais, o contexto da produção identitária conduzida enfaticamente ao âmbito da individuação. Recorrendo a Danilo Martuc-celli, vivê-la-íamos na diversificação dos percursos biográficos possíveis e desde a governamentalidade capitalista, na responsabilização individu-al pelas práticas e suas consequências: ao lado (e na fronteira) do disci-plinamento, o conclamar das habilidades peculiares do indivíduo na reali-zação de um projeto para si, ao qual se associa a prescrição da necessidade de participação, autonomia, independência, autenticidade (Martuccelli, 2007). A provocação, então, é para que nos debrucemos à busca de operadores analíticos para a compreensão das formas pelas quais os indivíduos se constituem na relação com aspectos que perpas-sam a socialização na coletividade: uma relação que concerne à produ-ção de identificação, mas que, para este autor, precisa ser problematiza-da aquém e além das identidades sociais.

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Daí a inspiração para que inventariemos itinerários para, em um esforço de contextualização, compreender os diferentes desafios expe-rienciados e as redes narrados pelos sujeitos como formas de construção de seus espaços de possíveis numa malha relacional bastante densa e diferenciada, como é o caso das periferias metropolitanas. Não obstante, as diferenciações de gênero e étnicas e as condições materiais e culturais sejam marcadores importantes na delimitação dos espaços de ação de moradores de localidades periféricas, reflexividades identitárias e interpe-lações por individuação-singularização também perpassam as relações sociais em tais locus.

Ainda que os aparatos institucionais modernos se instaurem de for-ma insuficiente, quando não episódica, as apropriações daqueles que Certeau (2011) denominou certa vez como sujeitos de astúcia e táticas, indiciam escrituras urbanas e usos tecnológico-informacionais que diver-sificam os recursos de suas enunciações. Diferentes níveis de acesso a recursos materiais e culturais, filiações étnicas e/ou de gênero, vincula-ções partidárias, pertencimentos comunitários, etc. compõem um panora-ma de narrativizações identitárias e, em articulação, de mobilização e trânsito, que é difícil delimitar. Considero pertinente, assim, que tomemos as pertenças a partir de vetores de tensionamento, procurando realçar elementos desde os quais percebemos os sujeitos se situarem em uma constituição que, em geral, é relativamente aberta e múltipla.

Para seguir nessas problematizações, proponho uma análise sucinta das produções identitárias e das redes agenciadas por moradores e ati-vistas das periferias, no intuito de compartilhar algumas inquietações de pesquisa que entendo metodologicamente pertinentes. Antes, porém, tra-rei um breve histórico da formação de localidades periféricas de Porto Alegre, destacando a diferenciação desses territórios junto à manutenção de alguns aspectos das desigualdades sociais que os constituem.

Periferia? Afinal, com quem se fala?

1.1 Algumas palavras sobre a produção social dos territórios

‘Periferia’ se tornou um desses termos de uso comum hoje em dia; quando se fala nela, em geral e sem que seja necessário discuti-lo obriga-toriamente, parece que comungamos certo entendimento, e poderíamos evocar, aqui, imagens de contextos com moradias semiacabadas, em condição precarizada pela existência insuficiente de equipamentos e ser-viços públicos; casas pequenas situadas junto a ruas estreitas, sem pré-via planificação, algumas vezes em regiões fisicamente distantes dos

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centros urbanos. Aqueles lugares onde nem sempre estivemos, mas que tentamos nominar e distinguir no horizonte da urbe.

Se há, de uma parte, a construção de sentidos desde essa noção e a produção de discursivos com vistas a designar tais espaços sociais (e, por certo, também disputamos sua enunciação de alguma maneira), resi-de aí certa potência, a de um ponto de partida para conhecermos algumas realidades e os sujeitos que as constituem cotidianamente; para um ten-sionamento do próprio nome e do que carrega. Ao tomarmos os bairros onde são constatados os maiores índices de vulnerabilidade social e vio-lência em Porto Alegre, há grandes contingentes populacionais, algumas vezes superiores às populações de muitas cidades gaúchas. Este já é um aspecto a interpor-nos perguntas pela densidade e pela diversidade que configura as relações em tais territórios.

A formação desses núcleos tem antecedentes em políticas de plani-ficação e higienização da cidade no início do século XX, que removiam as populações mais empobrecidas, residentes em cortiços, para as bordas do centro. Sua constituição ganha vulto conforme as políticas de governo e o crescimento industrial influem nos fluxos migratórios campo-cidade2, sobretudo a partir da década de 1940, sendo o êxodo rural entre os anos 1960 e 1970 o fator mais expressivo do crescimento de localidades peri-féricas (como em outras capitais brasileiras).

A formação dessas localidades, gestadas entre as ações do capital imobiliário, do poder público e das populações empobrecidas que as ha-bitavam/habitam, guarda relação com a lógica de apropriação do espaço e distribuição de riqueza na sociedade (Moura, 1996). Compondo a urba-nização das metrópoles, este cenário foi, aliás, disparador de pesquisas e análises que, a partir dos anos 1960 sobretudo, problematizavam as con-dições de marginalização populacional associado ao crescimento das metrópoles no Brasil e na América Latina.

A noção de “marginalidade” se referia a populações que passavam a residir em localidades constituídas à margem do corpo urbano tradicional, na maioria dos casos, em condições infraestruturais inferiores aos pa-drões estabelecidos para a região urbana central. Maolino (2005) comen-ta, neste sentido, que se opunham duas grandes vertentes teóricas: uma visão dualista, que concebia o segmento marginal como parte passível de integração aos setores desenvolvidos, mediante adoções de políticas pú-

2 Aqui, poderíamos citar a formação das chamadas “vilas de malocas”, referência pejorativa a áreas de moradias precarizadas existentes entre os anos 1950 e 1960 em Porto Alegre (Sommer, 2011). Estas serão alvo de ações de remoção efetivadas pelo poder público e, no final dos anos 1960, praticamente deixarão de existir nas imediações do centro histórico da cidade.

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blicas; e outra que se erigia na análise das condições de integração peri-férica de trabalhadores à produção capitalista, compreendendo-a como parte da configuração do modo de produção. Embora esta classificação não resuma as nuances das análises referidas à marginalização, cuja ca-racterização não caberia nesta sucinta análise, ela nos sinaliza para as preocupações que circundavam os contextos em discussão aqui. E, vale lembrar, é neste cenário que a noção de “periferia” ganha expressão tam-bém, como uma das maneiras de designar contingentes de trabalhadores marginalizados no acesso a recursos sociais da cidade.

De outra parte, cabe assinalar que os anos 1970 e início dos 1980 foi período de forte mobilização de moradores por melhorias das condições de infraestrutura nesses bairros. Não raro, as organizações criadas nes-ses contextos, sejam elas políticas ou recreativas, reúnem atividades di-versas, conforme as demandas comunitárias, o desejo dos gestores/fun-dadores e as necessidades de manutenção financeira. No curso das lutas impetradas, associações de moradores, escolas de samba, clubes de fu-tebol concorrem para criação de narrativas identitárias associadas à no-ção de “comunidade”, ora para destacar laços de reciprocidade entre vizi-nhos, ora para unificar e distinguir aquelas localidades desde uma história de conquistas que cria marcadores cronotópicos, sinalizando para um “antes” e um “depois”, “ausências” e “conquistas” (Lindón, 2016).

Em relação à enunciação da “comunidade”, é importante termos em conta, como assinala Bauman (2003), que não falamos do sentido estrito da vivência de entendimento comum e/ou de referencialidades normati-vas tácitas e totalizantes; seria mais prudente considerar a produção de identidades frente ao tensionamento do que se entendia e almejava como relações de convívio necessárias, a evocar a comunidade como origem ou condição3. A existência de memórias em comum, de laços de recipro-cidade ou mesmo de condições semirrurais em alguns dos recantos em que foram desenvolvidas as localidades de periferia podem inspirar tal compreensão (sobretudo se consideramos a experiência cultural de mo-radores advindos por êxodo rural). Porém, quando a experiência periféri-ca se erige de forma massiva, dá-se na interdependência com o “centro” produzido sócio-historicamente, dadas especialmente nos fluxos de tra-balho e nas disputas por melhores condições de vida nos marcos de uma vida urbana e de suas promessas de modernização.

Voltando à categoria “periferia”, esta terá, contudo, seus usos acadê-micos secundarizados nos anos 1990. A polarização de que ela era tributá-

3 Bauman (2003) refere ainda que a busca contemporânea da ‘comunidade’ se associa mais claramente a um desejo de segurança em tempos incertos, instáveis, violentos.

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ria, a relação “centro-periferia”, corporificada fisicamente em áreas urbanas diferenciadas e distantes, fora reconfigurada na medida em que as cidades passaram a comportar múltiplas centralidades, por conta da criação de nú-cleos habitacionais diversos, sendo que as formas de segregação socioes-paciais se dispersavam em diferentes territórios (Santos, 2009).

É preciso considerar tanto o crescimento e alastramento da urbe quanto a implantação de condomínios de classe média em bairros afasta-dos das áreas centrais antigas (e os equipamentos públicos e serviços co-merciais que os acompanham), onde dividem espaço com segmentos po-pulacionais vulnerabilizados. Noutras situações, centralidades gestadas na diversificação das comunidades nominadas como periféricas, por conta da conquista de recursos públicos de maneira desigual e fragmentária. o trân-sito por Porto Alegre é ilustrativo neste sentido, a nos mostrar cenários cuja conformação e cujo crescimento dispõem lado a lado localidades bastante desiguais em quase todas as regiões. Se observarmos o mapa da cidade, podemos verificar que os bairros mais empobrecidos estão em diferentes partes, em convívio com populações mais abastadas. Em alguns casos, é possível visualizar que tais localidades são contíguas, estendendo-se de áreas de divisa a de morros, atravessando o município.

Em relação à topografia do município, enfim, temos por periféricas regiões constituídas conforme o alastramento e densificação metropolita-na, sendo sua disposição geográfica cambiante à medida que sua popu-lação era/é deslocada para regiões mais distantes e/ou com infraestrutura urbana frágil ou inexistente, segundo atuavam/atuam os fluxos em busca de trabalho, as pressões do mercado imobiliário, os movimentos de se-gregação entre moradores4 e as intervenções do poder público.

1.2 A esboçar um panorama no presente: vulnerabilidade social, diversi-dade e multilocalização

Conforme os parâmetros adotados, podemos encontrar semelhan-ças entre as situações das diferentes localidades chamadas ‘periféricas’. A periferização inclui a fragilização dos capitais econômicos e culturais de segmentos populacionais numericamente expressivos, seja porque os aloca em relações exploratórias e de insuficiência no acesso a equipa-mentos públicos e recursos socialmente produzidos, seja porque deslegi-tima ou “invisibiliza” os esforços e saberes produzidos por grupos identi-tários lá situados. os históricos de remoção (mais ou menos deliberada) de populações empobrecidas, com destaque ao contingente negro, as migrações por necessidades laborais ou pressões do mercado imobiliário,

4 Rosa (2014) destaca registros de reclamações e pedidos de despejo de moradores na Colônia Africana que ganhavam conotações racializadas em detrimento de famílias negras.

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a afluência desigual a tecnologias sociais e serviços básicos de qualidade são parte desse processo; e as discriminações atualizadas por diferencia-ções socioespaciais, étnicas e, é bom frisar, de gênero também compõem o cenário de precarizações.

Seguindo descritores dos censos do IBGE, tomemos quatro bairros considerados periféricos em Porto Alegre: Bom Jesus, Lomba do Pinhei-ro, Mario Quintana e Restinga. Todos têm histórico de crescimento popu-lacional expressivo nos anos 1960-70 por conta de fluxos migratórios re-sultantes de êxodo rural ou de deslocamentos de moradores entre regiões do município. Considerando séries estatísticas publicadas pelo observa-tório da Cidade de Porto Alegre (oBSERVAPoA, 2015) com base nos censos populacionais, uma análise comparativa evidencia que estas loca-lidades estavam entre as mais vulnerabilizadas do município (sem ponde-rar, aqui, as diferenciações internas aos bairros). os índices educacionais (analfabetismo, anos de estudo dos responsáveis por domicílio, abando-no escolar, IDEB) demonstram acessos fragilizados à instituição escolar, com destaque ao abandono do ensino médio, que chega a ser o dobro ou quase o triplo do índice municipal (10,5% para Porto Alegre e 29,6% no bairro Lomba do Pinheiro). os dados para número de “domicílios pobres” são os indicadores que sinalizavam de maneira mais aguda as desigual-dades de ordem material (9,8% para a cidade e 31,1% para o bairro Mario Quintana, por exemplo). Agregue-se a isso a constatação de que o aces-so a recursos sociais (destacadamente, ao trabalho e à renda) é precari-zado se observamos os números para a população autodeclarada negra e, nesta, para as mulheres (Marcondes, 2013), sendo que, nos bairros mais empobrecidos, a população negra é expressivamente maior5. Nes-tes territórios, os índices de violência também realçam precarizações his-tóricas: é onde se observam mais homicídios por armas de fogo (o indica-dor de ‘homicídio juvenil negro’ é de 58% em Porto Alegre, enquanto chegava a 72,7% na Restinga, por exemplo).

Aludindo segregações socioespaciais e discriminação étnica, as fi-guras abaixo podem ser ilustrativas de certa territorialização das perife-rias em Porto Alegre atualmente. Destaca-se a aproximação entre áreas

5 Vale registrar, são citados como territórios negros antigos: Areal da Baronesa, Ilhota (am-bos no que hoje conhecemos como bairro Cidade Baixa), Colônia Africana (atuais bairros Rio Branco, Bom Fim e Mont’Serrat) e Três Figueiras. E, na atualidade: Comunidade Luiz Guaranha (Quilombo do Areal); Quilombo da Família Silva (remanescentes da Colônia Afri-cana – no bairro Três Figueiras); Quilombo da Família Fidélix (antes Ilhota); Quilombo dos Alpes (bairro Cascata). Dados censitários indicam habitação especialmente em: Bom Jesus (40,68%), Mário Quintana (38,62%), Restinga (38,50%), Cel. Aparício Borges (35,68%), Cascata (34,75%), Santa Tereza (34,42%), São José (33,5%), Lomba do Pinheiro (32,9%), Jardim Carvalho (31,32%), Serraria (30,62%) e Farrapos (30,6%).

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de aglomerados subnormais e os locais de concentração de população autodeclarada negra. observada junto aos índices citados acima, dese-nha-se a confluência de diferentes aspectos de desigualdade:

Figura 1 – Contraste entre as distribuições de aglomerados subnormais e habi-tantes autodeclarados negros em Porto Alegre.

Fonte: Mapas observaPoa, conforme Censo IBGE 2010.

No entanto, se marcadores econômicos, culturais, étnicos e de gê-nero são importantes para interpretarmos as periferias; se é possível per-ceber marcas comuns de uma história de inclusões precarizadas, como já aludido antes, a disposição geográfica de cada localidade apresenta rela-ções diferentes com o centro político municipal e com outros bairros, con-forme a proximidade, as circunstâncias de conurbação e os fluxos migra-tórios pendulares existentes no município e na região metropolitana. Ademais, as experiências dos citadinos de tais territórios se constituem desde diferenciações socioespaciais internas variadas e demonstram or-ganização política e cultural distinta, conforme se estabelece estratifica-ção das regiões nominadas como periféricas.

Chegando ao cotidiano, podemos observar territorialidades distin-tas em cada localidade. Em expressões como “lá em cima” ou “lá embai-xo”, por exemplo, pode-se indiciar mais que uma divisão topográfica, distinguem-se níveis socioeconômicos em uma malha relacional. Em depoimentos empáticos e solidários em relação aos mais empobreci-dos, moradores indiciam diferenciações entre as pessoas residentes no mesmo bairro.

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A diversidade também se expressa nas formas de experienciar a identificação com aqueles lugares. Há aqueles que transitam entre o bair-ro e o centro histórico, enquanto outros pouco saem de suas localidades; alguns criaram redes de circulação e sociabilidade entre diferentes territó-rios (na cidade, na região metropolitana, no país) e fazem da condição periférica uma pertença comum e mote de seus enunciados; e há quem perceba desigualdades, mas não interprete seu lugar e seu cotidiano des-de a noção de “periferia”, lembrando-nos de que esta é também construc-to relacionalmente produzido.

o cotidiano por “lá” desenha, além disso, um quadro de práticas distintas a constituir as experiências dos sujeitos. Conforme ocupam os dias entre suas atividades e suas sociabilidades, configuram espaços de relação que fazem da urbe um lugar singularizado para vivências e pertenças variadas; espaços de ação que atravessam contextos, articu-lam periferias ao “não periférico”, e, embora se realizem em um mesmo território vicinal, nem sempre proporcionam encontros entre os morado-res do que nós, observadores, podemos denominar uma mesma “comu-nidade”. Tais realidades demandam-nos o reconhecimento de sua con-dição diversa e caleidoscópica e uma abordagem topológica das relações que as constituem.

Para “ir à periferia”, enfim, seria recomendável reconhecermos que, ao adentrarmos territórios socialmente vulnerabilizados, que não raro são estigmatizados como localidades homogêneas, encontrare-mos condições de vida distintas e modos diversos de concretização do cotidiano. Desta forma, os parâmetros que possamos adotar na com-paração do acesso histórico a recursos que produzimos socialmente são apenas o ponto de partida de uma contextualização relacional, para, então, refletirmos sobre as práticas e reflexividades que são construídas naqueles cenários.

Se desejamos manter o constructo para designar contextos de con-fluência de múltiplas desigualdades sociais, penso ser mais adequado falarmos de “periferias”, acentuando sua pluralidade e as movimentações que produzem na habitação e ocupação da urbe.

Nesse sentido, deve-se ter em conta que a noção de “periferia” (as-sim como seus correlatos, “quebrada”, “vila”, “favela”, etc.) foi retomada no momento em que vivia sua secundarização como categoria acadêmi-ca, mediante a apropriação por moradores nas metrópoles como um es-paço-tempo de produção social de alternativas reflexivas e estéticas de “fronteira”. As expressões artísticas de contextos vulnerabilizados a partir dos anos 1980, e especialmente nos 1990, com destaque às frentes de ação do Funk e do Hip Hop, contribuíram para a formação de signos de

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identificação neste sentido, com apelo especialmente entre os jovens na “conversão do estigma em emblema”, como afirma Rossana Reguillo (2012). Tal dinâmica realoca as tensões “centro-periferia”, narrativizando-as em mídias informacionais e em performances e/ou visibilizando-as em diferentes lugares e espaços de ação, quando as esquinas do centro his-tórico são apropriadas por dançarinos de breaking6, por exemplo, ou quando observamos as lutas de movimentos por moradia representadas nas ocupações urbanas.

Redes, identizações e individuação: os contrastes de um coorte etário

Gostaria, agora, de prosseguir na análise dos elementos que narra-va no final do item anterior, trazendo inferências da imersão no cotidiano de moradores de ‘periferias’. Para fins da argumentação em curso aqui, darei ênfase ao contraste de itinerários biográficos desde um coorte etá-rio7, propondo para esta ocasião o reconhecimento de alguns vetores analíticos que podem contribuir a diálogos atentos à compreensão das experiências do periférico.

Dentre outros possíveis, trabalharei com quatro eixos de tensiona-mento das produções identitárias nos contextos em tela, de modo a narrar brevemente parte da pluralidade que constitui as bases relacionais desde as quais os sujeitos produzem a si e seus espaços de ação. Proponho como artifício interpretativo o uso de categorias duais, por vezes binárias, que, alçadas ao conjunto, provoquem-nos a pensar a composição em tes-situra de possibilidades diversas e abertas. Serão elas: territorialidades-redes; pertenças-identizações; astúcias-reflexividades; e individuação-singularização. Passemos à primeira.

Territorialidades-redes

Há conjuntos de acontecimentos ou condições narrados por meus interlocutores em campo que podem nos ajudar a distinguir experiências diferentes dos territórios que habitam, remontando às características das redes que integram/constroem. Se nos debruçamos nos itinerários narra-

6 Cabe lembrar, em articulação, que antecederam as práticas juvenis as escrituras operadas por grupos negros na cidade de Porto Alegre, quando ocupavam espaços do centro históri-co para atividades lúdicas e sociabilizantes (Bittencourt, 1995).

7 o contraste resulta de interlocuções com grupos de jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 55 anos) e idosos (56 a 75 anos), realçando nesta narrativa as diferenças entre os extremos. Esta divisão cronológica e reconhecidamente arbitrária procura adotar parâmetros social-mente estabelecidos com o fito de criar um esquema analítico-narrativo cuja plausibilidade precisa ser tensionada regularmente. os diálogos em análise incluíram entrevistas narrati-vas, rodas de conversa, produção conjunta de ensaios fotográficos e vídeos e observação de rotinas em campo, entre 2011 e 2016.

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dos por pessoas idosas, os percursos incluem vivências de migração campo-cidade em muitos casos. A busca de melhor lugar para viver, indo da conquista de uma residência à disputa por recursos infraestruturais para o bairro em algumas situações, é parte das territorialidades.

Para o caso de pessoas negras, destacadamente as mulheres, a escolha pela migração podia incluir deixar atrás situações de trabalho se-miescravo experienciadas no interior do estado desde a infância, em afa-zeres do cuidado e da domesticidade8. Não raro, os relatos traziam práti-cas astuciosas, seja para se lograr a chegada à capital, seja para, uma vez em Porto Alegre, encontrar labuta conforme os saberes desenvolvi-dos na trajetória. o trânsito realizado se apoiava em relações familiares na maioria das vezes e a moradia inicial na cidade também.

As possibilidades de trabalho, as alternativas de sociabilidade e a circulação pela cidade daí resultantes delimitavam territórios de circula-ção. As redes, entendidas aqui como arranjos relacionais relativamente estáveis, eram suporte às movimentações na urbe. As narrativizações no âmbito da pertença étnica negra podem ser ilustrativas neste sentido. os depoimentos de meus interlocutores sinalizam para circuitos específicos de partilha, festividades e musicalidade que atravessavam as localidades. Aí estavam os bailes, os carnavais, os piqueniques, as conversas com vizinhos, os clubes e associações, os esportes (sobretudo futebol e bocha).

De outra forma, o segmento de jovens narra sumamente percursos urbanos metropolitanos, muitas vezes permanecendo em um mesmo bairro ou, então, mudando-se para outra localidade de condição socioe-conômica semelhante na cidade. A territorialidade se erige desde circuitos mais diversos, estendidos pela cidade e a região metropolitana e, em al-guns casos, pelo país, em que pese ainda os limites estabelecidos pelas condições financeiras.

os arranjos relacionais podem ganhar a virtualidade de contatos por redes sociais e, conforme a inserção em práticas culturais, levar mesmo ao trânsito frequente desde conexões em diferentes localidades periféri-cas. Neste caso, ainda que evoquem signos de seu próprio bairro ou re-gião, estes estão situados em narrativizações de uma condição identitária comum, como que em territórios glocais.

Além disso, a territorialização de espaços urbanos, na forma de es-crituras pelo convívio, a sociabilidade e intervenções artísticas, ou, então, nas ocupações urbanas (além e em articulação à contundência de suas

8 É importante assinalar que se trata de situação de semiescravidão de crianças e/ou jovens nos anos 1950 ou 1960, mais de 70 anos após a abolição. Situação perversa e lastimável de discriminação que incide nos níveis de desigualdade social vividos em nosso estado.

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bandeiras) se constitui também como estratégia de enunciação da pre-sença e das reivindicações; de afirmação de diferenças e mobilização estética pela convocação ao convívio (com quem costumeiramente não habita certos espaços).

Pertenças-identizações

Em certa confluência com o que observava no tópico anterior, as pertenças podem ser contrastadas segundo os espaços relacionais e a maneira como se produzem identificações. Entre aqueles moradores que participaram da organização de pautas políticas em aglomerados periféricos nos anos 1970, a narrativização da ‘comunidade’ que men-cionava antes se faz presente de forma bastante abrangente. Isso não significa que ela não ocorra entre adultos ou jovens. Com estes, confor-me se pode depreender em minhas pesquisas até o momento, ela se apresenta de maneira mais dispersa, conforme a socialização familiar na localidade e as atividades com quais se envolve o sujeito (como edu-cador social, por exemplo)9.

É importante ressaltar que o senso de comunidade se mantém por ser também parte de um tipo de capital simbólico, na forma como o define Bourdieu (2000). A atuação que se associa ao ideal comunitário traz a si certo quantum de poder no locus, mediante a conversão de certa concor-dância acerca do que se deve preservar e respeitar em condições e mo-mentos determinados. Assim, parece-se ser o caso de ativistas e educa-dores sociais que logram transitar entre áreas dominadas por diferentes grupos de tráfico de drogas, quando os responsáveis pelo domínio territo-rial os reconhecem como vizinhos ou preletores10.

As narrativas de pessoas idosas são também aquelas que trazem com mais evidência os apelos por laços de reciprocidade e os exemplos de exercício de dom e contradom. Há a expectativa deles com familiares e vizinhos, em congruência com que assinala Fonseca (2004) acerca das dinâmicas familiares. Ali, ademais, estão as citações de relações pessoalizadas no curso das disputas políticas (como o ser supostamen-

9 E convém realçar que essa condição expressa justamente o que se deseja configurar inter-pretativamente com os vetores analíticos pensados em tessitura, de modo que se sinalizem para eixos de tensionamento identitário e de individuação de apropriação múltipla e variável nas malhas relacionais e segundo as condições etárias.

10 Convém mencionar, neste sentido, que o capital simbólico de ativistas e educadores sociais vem sendo sistematicamente tensionado pelas disputas do tráfico de drogas, que, conforme as alianças estabelecidas entre grupos locais e externos em determinadas regiões, podem ignorar os laços de confiança e reciprocidade até então construídos.

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te “amigo íntimo” de figura pública e de prestígio) e nas buscas por re-cursos para a comunidade.

Essa configuração relacional que se constitui e/ou prima por vínculos com entes próximos (ou gestada na busca de aproximação), ainda que estenda a grupos jovens, está tensionada em alguns aspectos. A recipro-cidade é estendida mais enfaticamente aos amigos, com quem afirmam também a composição de “famílias’’, indicando a intensidade do elo ainda que o laço de amizade tenda a ser descrito sem a compulsoriedade de atribuições do âmbito familiar e, portanto, se estabeleça desde vincula-ções mais flexíveis.

A pertença, tomada por afiliação forte e nem sempre refletida, con-corre com identificações narrativizadas que podem mesmo tomar a iden-tidade como pauta entre adultos e jovens. Por diferentes formas – vesti-mentas, tatuagens, modos de gesticular, textos, perfis em redes sociais –, os sujeitos comunicam escolhas e vinculações diversas, em relação às quais, algumas vezes, elaboram amplas explicações.

As práticas culturais, para fruição ou mesmo produção, ganham lugar especial entre os jovens. o hábito de escutar música regular-mente, o gosto por momentos de sociabilidade enquanto atuam em atividades artísticas, esportivas ou na conversação sobre seus consu-mos e a ênfase interativa da apropriação de tecnologias de informação sinalizam para a valorização mais intensiva de experiências estéticas, construídas em dinâmicas relacionais de reconhecimento das individu-alidades entre pares.

De alguma forma, mais que ser assimilado à identidade de um grupo ou lugar determinado, implica-se em coletivos que constituam sentidos11.

Astúcias-reflexividades

o astucioso é aquele que, dada a insuficiência estampada entre o prometido-legitimado e o instituído em seu cotidiano, cria formas de agir para “captura em voo” (Certeau, 2011), o que não altera a precariedade estrutural que vive, mas resolve o dilema existencial imediato. É, então, um sujeito propenso a certo distanciamento da norma, ainda que não exercite um questionamento radical da mesma: digamos, uma pessoa

11 Em publicação anterior (Pinheiro, 2015), procurei analisar a produção de dançarinos de bre-aking de grupo que conhecera no bairro Restinga, em Porto Alegre, indicando como seus trei-nos em espaços públicos compunham dinâmicas em que a qualidade da aprendizagem da dança se estabelecia não só pela mimetização, mas pela singularização de estilos. Esse pro-cesso estava fortemente ligado ao reconhecimento dos pares e a pertença grupal se construía em articulação e tensionamento com a valorização de percursos e atuações individuais.

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desconfiada do sistema e seus representantes, se estes não estão no seu círculo de identificação-reciprocidade. Em alguns casos, isso contri-bui para identificação fugidia com o que lhe chega, operando uma apro-priação específica de práticas e enunciados que lhe são oportunizados, ao dispô-los consciente ou intuitivamente entre os arranjos de seu espa-ço de possíveis.

Aí reside, assim, certa reflexividade para a prática. Como disposição, a astúcia pode ser evocada em situações diferentes conforme demanda a necessidade e a ausência de poder, podendo não operar em muitas ou-tras. Contemplando os diálogos que tenho produzido em campo, há, no entanto, outras formas de reflexividade que se erigem em associação ou a parte das táticas. Essas se orientam a uma autorreferencialidade na interação, que ministra informações no confronto com adversidades e/ou no ímpeto de diferenciação. Tomemos duas citações como exemplos12:

E aí, então, um dia, eu morava ainda nos fundos da casa da minha irmã, né? E o Gilvan disse pra mim “Eva, tão invadindo a associa-ção”. Eu digo, ele disse assim “Vamos invadir também?”. Eu digo “Não, não vamos invadir nada”, eu digo “Vamos esperar”. Daí eu dis-se assim: “não, Gilvan, vamos colocar na mão de Deus. Eu vou orar. Se até o amanhecer, aquele outro lado tiver vazio, é uma resposta de Deus que é para nós”. E aí, dito e feito. Eu orei, coloquei na mão de Deus, no outro dia, ele olhou e disse assim: “Eva, o outro lado tá vazio!”, eu digo “Então, a gente vai se mudar pra lá!”.

Aí, eu tava limpando com a mangueira, lavando tudo. Nisso, che-gou o presidente da associação, que era o Beto. Ele chegou e disse “Quem é que ta aí?”. Eu digo “Sou eu, Beto”. Ele disse: “ah, Eva, graças a Deus, esse lugar aqui era guardado pra senhora.” (Rose, 56 anos, evangélica – Mar/2015)

Pra se inventar o passo, tu faz uma pesquisa. Tu pesquisa vários ví-deos de outros dançarinos pra ver a forma como eles estão fazendo aquele passo. Daí, tu tenta errar aquele passo. Depois que eu fiz ele errado, eu vou tentar fazer ele errado o tempo todo, entendeu?, pra eu criar uma identidade e as pessoas ver que eu não estou errando. Não é um erro porque eu não sei fazer, mas sim um erro porque eu quero fazer daquela forma, pra ti ter reconhecimento, entendeu? (Ju-linho, 29 anos, bboy – Jan/2014)

No primeiro caso, Rose nos apresenta uma prática astuciosa, mas a concebe elaborando uma justificação moral e, além disso, citando a anu-ência de um vizinho. Assim, a tática que contorna uma suposta regra, a

12 os nomes atribuídos são fictícios.

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uma só vez, é avalizada por códigos associados ao plano transcendente (e partilhada entre entes próximos) e publicada em entrevista. Não se trata somente de uma tática discreta compartilhada entre parceiros na “captura em voo”. Consolidada a conquista, ela é alçada como signo de diferenciação na trajetória.

Já no segundo exemplo, Julinho explica sua prática associando cla-ramente à formação de uma identidade-diferença. A própria atividade nar-rada é concebida desde a diferenciação, que a vinculação preferencial à prática artística lhe oportuniza. De toda forma, o que desejo assinalar aqui é que, seja na forma de apropriações individualizadas de referentes sim-bólicos, seja na forma de singularização de práticas, indiciam-se produ-ções de cunho reflexivo no cotidiano de contextos de periferias.

Articulando o tópico anterior, diria que, pela intrusão de elementos informacionais (no uso da internet ou da TV, por exemplo), e/ou pela pre-sença de dinâmicas de socialização que convocam os sujeitos conceber práticas e expectativas de forma autorreferida (talvez mais visibilizados nos casos de igrejas evangélicas neopentecostais, no Hip Hop em produ-ções do Funk)13, dinâmicas reflexivas operam um tensionamento das per-tenças, de modo que a produção identitária se faz identização e se con-substancia no âmbito da individuação.

Individuação-singularização

Neste último tópico, procurarei narrar as condições de individuação nas periferias em que tenho feito incursões, destacando três das arenas de produção social que constituem o cotidiano de meus interlocutores. Neste arranjo, indico inflexões que tenho sistematizado acerca da cons-trução social dos indivíduos-sujeitos. No mais, associando este eixo aos pontos acima, conduzo a escrita também ao alinhavo de minhas conside-rações finais.

13 Poderia reforçar o argumento em questão desde percepções relativas à expressão de reli-giosidade nos contextos em tela. Para além de admitir a existência das já conhecidas prá-ticas sincréticas, creio necessário traçar algumas considerações. Junto a casos de vincu-lação religiosa institucional intensas (como as neopentecostais muitas vezes), as periferias comportam também a expressão de certo distanciamento dos aparatos institucionais reli-giosos. Por reclamações em relação a exigências doutrinárias ou litúrgicas, pela indicação de contradições nas práticas de sacerdotes, veiculam a preferência pela manutenção da fé sem frequência a cultos, afirmam crença numa transcendência unitária, individualizando-a ao mesmo tempo que essa tomada de posição é base de partilha com outras pessoas (filiadas religiosamente ou não). Também neste caso podemos identificar a presença de reflexividade, de um autoconfronto com o instituído, possível porque seus representantes são considerados passíveis de crítica e relativização.

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Inicio, então, pelas dinâmicas familiares. As narrativas que me che-gam trazem desafios experienciais de diferentes tipos14. Assinalaria, ini-cialmente, aqueles relacionados à criação e formação dos filhos, desta-cando-se menções das pessoas nos papéis de responsáveis sobre a maneira de fazê-la e a necessidade de oportunizar condições distintas da sua própria quando criança. Nos depoimentos, “cuidar dos filhos” signifi-cava oferecer especialmente melhores condições materiais e de acesso à educação, para que estes seguissem caminhos de mobilidade mais exito-sos. Creio que os posicionamentos identificados guardam relação com o quadro de redução do número de filhos e, sobretudo, com as inflexões relativas ao lugar da criança no núcleo familiar (Vieira, 2012), ampliando potencialmente a dedicação a cada novo integrante e valorizando-o como sujeito de escolhas.

Mas o que se dispõe como discurso comum sofre nuances quando observamos uma vez mais as diferentes trajetórias por um coorte etário. A vivência da infância e da juventude para os idosos foi perpassada por trabalho e responsabilização precoce (para os parâmetros legais atuais), ao passo que com os demais esta característica se atenuava. Entre os mais jovens, a exigência (inclusive moral) de dedicação ao trabalho se mostrava presente, mas era postergada até o início da juventude muitaz vezes, quando se conjugava com escolarização ou preponderava sobre esta15. E os jovens na condição de responsáveis por filhos, embora apre-sentassem em comum, de um lado, a expectativa de possibilitar mobilida-de e, de outro, a demanda para que os filhos assumissem responsabilida-des e se imbuíssem da busca por independência, sinalizavam que os

14 Martuccelli (2017) sugere que nos atenhamos aos desafios narrados pelos sujeitos de pes-quisa, tomando-os como parte de provas sociais pelas quais as pessoas se constituem ‘indivíduos’ na integração às condições macrossociais e históricas. Assim, temos um tipo de operador analítico para interpretações contextualizadas sobre as inflexões na produção social de individualidades (assumindo, aqui, nossa vinculação à modernidade e/ou sua he-rança). E, então, cabe distinguir a noção de ‘individuação’. Mais além de refletirmos sobre as formas de socialização que levam à formação de seres individualizados, mediante a ação de instituições e/ou na conformação de procedimentos disciplinadores, a individuação reconhece a produção social de indivíduos outorgando a estes a participação no processo. Significa considerar os movimentos gestados pelos sujeitos no curso de seus itinerários e em articulação a desafios estruturais em contextos que tendem a demandar escolhas e participações em sociedades altamente diferenciadas.

15 Lembramos, aqui, dados do IBGE (2015) já bastante divulgados sobre a redução das taxas de natalidade no Brasil (por exemplo, em 1960 era de 6,3%, em 1990, 2,9%, e em 2010, 1,9%), assim como a tendência a que as mulheres tenham filhos mais tarde. Em geral, as análises associam estes fenômenos à propagação de métodos contraceptivos e o ingresso feminino no mercado de trabalho, especialmente a partir dos anos 1960. outro dado que merece ser considerado é a ampliação do acesso à escolarização pública, mais marcadamente a partir dos anos 1990, o que colaboraria para uma diminuição do tempo dedicado ao trabalho.

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tensionamentos entre estas tomadas de posição se alteravam rumo a uma ampliação dos recursos disponilizados, notadamente no investimen-to em anos de estudos.

Ao mesmo tempo que as relações com parentes eram o contexto da responsabilização por tarefas quando ainda eram crianças ou jo-vens, estas conformavam também redes de reciprocidade que podiam se estender aos vizinhos, sendo a salva-guarda quando da necessida-de de recurso, acolhida e pouso para migrações inclusive. A qualidade de tais relações variava sobremaneira e podia interferir nas possibili-dades de obtenção de trabalho ou na gestação de referências simbóli-cas que acompanhassem meus interlocutores em seus itinerários e na relação consigo.

outra ambiência importante na configuração de desafios narrados co-mo pertinentes aos itinerários biográficos é a relação com o mundo do traba-lho. A situação de vulnerabilidade das pessoas que residem em periferias dispõe esta arena como espaço crucial de buscas. A conquista de vínculos mais estáveis (“com carteira assinada”, por exemplo) é signo disto, ao mes-mo tempo que o trânsito, as oscilações e a astúcia parecem compor percur-sos em que os sujeitos precisam desenhar trilhas e laços para a subsistência. Em muitos casos, trata-se de trabalhar a partir do que aprendera no espaço doméstico (e as disposições de gênero são marcantes para as mulheres) ou com colegas em atividades informais e/ou precárias. Importante frisar que nem sempre parece haver demonstração de pertença aos ambientes de tra-balho; havia históricos de relações pessoalizadas (patrão-empregado) entre os mais velhos, mas o que se sobressaía era a necessidade de se ter como indivíduo capaz de subsistência para si e os seus. A independência aqui não representava uma conquista individual simplesmente, e podia estar associa-da a buscas que incluiam o apoio a parentes e amigos.

Apesar da condição comum de trajetórias de informalidade e de buscas por vínculos formais, há uma mudança a ser assinalada. Em que pese as obliterações da precariedade de condições materiais, as incursões em cam-po indiciam maior resistência dos jovens a permanecerem longamente em atividades que considerassem exploratórias ou que não dialogassem com seus desejos de realização. Consonante com o que indicam as pesquisas sobre as juventudes contemporâneas (Dayrell, 2007; Bajoit, 1997), o trabalho associava-se mais à realização pessoal e/ou à vivência da condição juvenil do que a uma referência de pertença coletiva ou, diria ainda, um signo moral a que se atribuiria suposta “dignidade” de conduta.

Passando, por fim, à escola, entramos em um espaço de tensiona-mentos. Na mesma medida em que se apresenta como uma aposta rele-vante e, muitas vezes, como o horizonte para as expectativas de mudan-

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ça, os itinerários apresentam experiências de escolarização truncada. Então, para idosos e adultos representava uma possibilidade após venci-das algumas das urgências da vida (moradia, trabalho, filhos, etc.), algo a ser resgatado para ampliar as possibilidades de circulação pela cidade e no trabalho. Ademais, se a instituição ocupava importância relativa (con-forme o espaço de possíveis dos sujeitos), parecia ter resguardado seu poder simbólico, e as regras que impunha às relações, à avaliação e ao reconhecimento eram respeitadas.

Entre os mais jovens, de outra parte, se vemos uma ampliação do acesso à escolarização16, temos também tomadas de posição que pare-cem acentuar buscas diferentes daquelas estabelecidas convencional-mente para as relações professor-aluno. A escola pode ser apropriada desde diferentes motivações: representar segurança em territórios vio-lentos, ser a arena para sociabilidades entre colegas, ou, então, no de-sencontro de interesses, um lugar para posturas voltadas mais explicita-mente à certificação que a instituição pode ofertar. Então, os depoimentos sobre o espaço escolar não remetem necessariamente ao lugar de acesso impossibilitado pelas adversidades e em relação ao qual se ten-taria uma adaptação (como com idosos e adultos), mas a um locus de inquietação e de reclames por implicação e reconhecimento.

Então, com as juventudes, para além da reconhecida articulação com as expectativas de efetivas melhorias das condições de trabalho e mobilidade (zago, 2012), as possibilidades representadas pelo espaço escolar podem ser consideradas rumo a uma ampliação do leque de articulações. E devo acrescentar, neste sentido, que, organizando-se desde buscas pedagógicas de atendimento às individualidades e quan-do oferece alternativas para que os alunos fruam o tempo e a sociabili-dade (mesmo que seja para integrá-las ao padrão de funcionamento), a escola tem contribuído com alternativas que extrapolam o domínio de conteúdos curriculares e podem criar bases para escolhas e protagonis-mo significativos, com repercussões aos itinerários biográficos que nem sempre imagina17.

16 As análises de Camarano (2006), Ibase (2010) e de Peregrino (2016) são elucidativos. Há uma redução das taxas de analfabetismo e uma ampliação dos anos de estudo se compa-ramos jovens e adultos. Contudo, devemos assinalar que há ainda um percentual reduzido de conclusão do ensino médio e/ou chegada ao ensino superior e desigualdade de acesso à educação conforme a condição econômica e étnica.

17 Refiro-me, por exemplo, a situações em que o espaço escolar oportuniza a fruição de atividades artístico-culturais e, neste ínterim, torna-se arena de partilha, protagonismo e reconhecimento entre pares que pode influenciar escolhas individuais e vetores de busca para os itinerários. Com vários jovens com quem interagi na cena Hip Hop, a escola foi o espaço de contato com a “cultura” e, então, para produção de sentidos e para busca de uma carreira.

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Eis que as três arenas de produção social abordadas e as inflexões que busquei assinalar desenham um quadro em que, sem alterar signifi-cativamente as condições materiais de existência, instauram-se iniciati-vas e interpelações de singularização nos processos de individuação em periferias urbanas. As dinâmicas familiares, a relação com o mundo do trabalho e a forma de habitar a escola dão sinais de que, por um lado, seguem convocações aos indivíduos para que agenciem tarefas, condi-ções e recursos em suas existências. Por outro, associam-se a esta for-ma de individuação abordagens e atuações que valoram o individualmen-te diferenciado nas interações (com filhos, educandos, jovens, etc.).

***As narrativas da individuação ganhavam forma, enfim, na expres-

são das adversidades superadas; explicitavam a produção de si desde a necessidade de atuar para fazer valer sua existência (certo “fazer por si”), quando a astúcia se fazia disposição necessária. Com isso, aproxi-mo-me dos argumentos de Martuccelli (2016), quando afirma que o “in-dividualismo latino-americano” não se erige na ficção de um contrato social entre indivíduos preconcebidos, produzido por organizações e programas institucionais, como nos países do “Norte”; constituir-se-ia desde práticas e habilidades de pessoas que, para se integrarem à so-ciedade, precisam atuar e garantir a subsistência sobretudo com as re-des que consigam construir.

Segundo Martuccelli, isso se explica, em parte, pela forma como o poder se instaura em nossos países. Algo que não se estabelece tal como no “Norte”; algo que se indica, mas não se efetiva totalmente; co-mo a lei que não se cumpre sempre, que varia nas circunstâncias, com uso da violência se necessário. De tal forma que esse indivíduo que precisa atuar (frente ao incerto do não funcional das instituições, ou do arbitrário do poder), precisa do outro, de seus laços próximos de recipro-cidade para sobreviver.

De outra parte, as inferências trazidas nos diferentes tópicos nos le-vam à conformação de dinâmicas reflexivas e práticas de narrativização que integram as territorialidades, as astúcias e as produções identitárias. As pertenças e as redes tendem a ser dispostas como palcos de ação e de construção de enunciados sobre si, sobre os grupos de vinculação, sobre os contextos.

A situação juvenil que ora descrevi parece mais propícia à experiên-cia de dinâmicas estético-reflexivas e narracionais, as quais parecem in-tegrar as condições de individuação. Como aventado antes, entre os jo-vens é perceptível que as práticas artístico-culturais e os usos de

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tecnologias de informação e comunicação são mais intensivos, especial-mente para sociabilidade e interatividade18. A integração a diversas redes sociais na internet, por exemplo, faz dessa uma arena para narrativização cotidiana e, consonante, para identização e busca de reconhecimento.

Contudo, se a singularização se converte em tendência nas formas da individuação, ela não parece ocorrer sem a necessidade da resposta do outro. Talvez esteja aí o espaço possível para se erigir o comum. Vale tomá-lo como provocação se desejamos integrar as periferias com inten-cionalidades educativas. os projetos que venhamos a propor precisam reconhecer que nossas iniciativas serão integradas aos espaços de pos-síveis que o sistema de interpretação e apropriação de nossos interlocu-tores produzem em seus cotidianos. E as práticas mobilizatórias deveriam ter em conta que a expressão das individualidades-singularidades é de-manda e fundamento cotidiano das ações coletivas.

18 Para efeito de ilustração, registro de narrativa de MC de Funk sobre situação vivenciada junto a uma de suas fãs. Contou-me ele que tinha sido convidado a prestigiar uma festa de 15 anos de uma menina em localidade diferente da sua, que o conhecia pelos clipes postados na internet. Como não pôde ir, enviou um vídeo à debutante, dando-lhe os para-béns. Eis que a mãe da menina a filmou assistindo, emocionada, o vídeo do MC e enviou e remeteu-lhe em agradecimento mensagem com a gravação. Assim, ter-se-ia composto um momento em que o MC assistia ao vídeo de uma pessoa assistindo a outro vídeo, no caso, com ele próprio em cena. Há que registrar a dinâmica, a uma só vez, estético-reflexiva e interativo-individuada deste exemplo, numa busca de partilhas cotidianas supostamente únicas e, em decorrência, orientadas ao reconhecimento de ambição singularizada.

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CADERNOS IHU IDEIAS

N. 01 A teoria da justiça de John Rawls – José NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ-

ções teóricas – Edla Eggert O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São

Leopoldo – Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo – Sonia Montaño

N. 04 Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – Luiz Gilberto Kronbauer

N. 05 O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do No-

vo – Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Suza-

na KilppN. 08 Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Márcia

Lopes DuarteN. 09 Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as

barreiras à entrada – Valério Cruz BrittosN. 10 Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir

de um jogo – Édison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz – Márcia TiburiN. 12 A domesticação do exótico – Paula CaleffiN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de

fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Edla EggertN. 14 Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática políti-

ca no RS – Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denúncia – Stela

Nazareth MeneghelN. 16 Mudanças de significado da tatuagem contemporânea –

Débora Krischke LeitãoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história

e trivialidade – Mário MaestriN. 18 Um itinenário do pensamento de Edgar Morin – Maria da

Conceição de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Helga Irace-

ma Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre técnica e humanismo – Oswaldo Giacóia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a intervenção socie-

tária – Lucilda SelliN. 22 Física Quântica: da sua pré-história à discussão sobre o

seu conteúdo essencial – Paulo Henrique DionísioN. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a pers-

pectiva de sua crítica a um solipsismo prático – Valério Rohden

N. 24 Imagens da exclusão no cinema nacional – Miriam Rossini

N. 25 A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da informação – Nísia Martins do Rosário

N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – Rosa Maria Serra Bavaresco

N. 27 O modo de objetivação jornalística – Beatriz Alcaraz Marocco

N. 28 A cidade afetada pela cultura digital – Paulo Edison Belo Reyes

N. 29 Prevalência de violência de gênero perpetrada por com-panheiro: Estudo em um serviço de atenção primária à saúde – Porto Alegre, RS – José Fernando Dresch Kronbauer

N. 30 Getúlio, romance ou biografia? – Juremir Machado da Silva

N. 31 A crise e o êxodo da sociedade salarial – André Gorz

N. 32 À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay – Seus dilemas e possibilidades – André Sidnei Musskopf

N. 33 O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas con-siderações – Marcelo Pizarro Noronha

N. 34 O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e seus impactos – Marco Aurélio Santana

N. 35 Adam Smith: filósofo e economista – Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Araújo dos Santos

N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro: uma análise antropo-lógica – Airton Luiz Jungblut

N. 37 As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes – Fernando Ferrari Filho

N. 38 Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial – Luiz Mott

N. 39 Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo – Gentil Corazza

N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina – Adriana BragaN. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx – Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação

após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” – Leonardo Monteiro Monasterio

N. 43 Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etno-gráfica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leist-ner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N. 44 Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo – Gérard Donnadieu

N. 45 A realidade quântica como base da visão de Teilhard de Chardin e uma nova concepção da evolução biológica – Lothar Schäfer

N. 46 “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sepé Tiaraju – Ceres Karam Brum

N. 47 O desenvolvimento econômico na visão de Joseph Schumpeter – Achyles Barcelos da Costa

N. 48 Religião e elo social. O caso do cristianismo – Gérard Donnadieu

N. 49 Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do uni-verso – Geraldo Monteiro Sigaud

N. 50 Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Evilázio Teixeira

N. 51 Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N. 52 Ética e emoções morais – Thomas Kesselring Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? –

Adriano Naves de BritoN. 53 Computação Quântica. Desafios para o Século XXI –

Fernando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento

na Europa e no Brasil – An VranckxN. 55 Terra habitável: o grande desafio para a humanidade –

Gilberto DupasN. 56 O decrescimento como condição de uma sociedade

convivial – Serge LatoucheN. 57 A natureza da natureza: auto-organização e caos –

Günter KüppersN. 58 Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável:

limites e possibilidades – Hazel HendersonN. 59 Globalização – mas como? – Karen GloyN. 60 A emergência da nova subjetividade operária: a sociabi-

lidade invertida – Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetória de Ficção de Erico

Veríssimo – Regina Zilberman

N. 62 Três episódios de descoberta científica: da caricatura empirista a uma outra história – Fernando Lang da Sil-veira e Luiz O. Q. Peduzzi

N. 63 Negações e Silenciamentos no discurso acerca da Ju-ventude – Cátia Andressa da Silva

N. 64 Getúlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado No-vo – Artur Cesar Isaia

N. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-nista tropical – Léa Freitas Perez

N. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexões sobre a cura e a não cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-1675) – Eliane Cristina Deckmann Fleck

N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pe-reira dos Santos na obra de Guimarães Rosa – João Guilherme Barone

N. 68 Contingência nas ciências físicas – Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton – Ney LemkeN. 70 Física Moderna e o paradoxo de Zenon – Fernando

HaasN. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joa-

quim Pedro de Andrade – Miriam de Souza RossiniN. 72 Da religião e de juventude: modulações e articulações –

Léa Freitas PerezN. 73 Tradição e ruptura na obra de Guimarães Rosa – Eduar-

do F. CoutinhoN. 74 Raça, nação e classe na historiografia de Moysés Vellinho

– Mário MaestriN. 75 A Geologia Arqueológica na Unisinos – Carlos Henrique

NowatzkiN. 76 Campesinato negro no período pós-abolição: repensan-

do Coronelismo, enxada e voto – Ana Maria Lugão RiosN. 77 Progresso: como mito ou ideologia – Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulação à Violência da

Moeda – Octavio A. C. ConceiçãoN. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul –

Moacyr FloresN. 80 Do pré-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e

seu território – Arno Alvarez KernN. 81 Entre Canções e versos: alguns caminhos para a leitura

e a produção de poemas na sala de aula – Gláucia de Souza

N. 82 Trabalhadores e política nos anos 1950: a ideia de “sindicalismo populista” em questão – Marco Aurélio Santana

N. 83 Dimensões normativas da Bioética – Alfredo Culleton e Vicente de Paulo Barretto

N. 84 A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza – Attico Chassot

N. 85 Demanda por empresas responsáveis e Ética Concor-rencial: desafios e uma proposta para a gestão da ação organizada do varejo – Patrícia Almeida Ashley

N. 86 Autonomia na pós-modernidade: um delírio? – Mario Fleig

N. 87 Gauchismo, tradição e Tradicionalismo – Maria Eunice Maciel

N. 88 A ética e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz – Marcelo Perine

N. 89 Limites, possibilidades e contradições da formação hu-mana na Universidade – Laurício Neumann

N. 90 Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida – Maria Cristina Bohn Martins

N. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo – Franklin Leopoldo e Silva

N. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comuni-dade de catadores: um estudo na perspectiva da Etno-matemática – Daiane Martins Bocasanta

N. 93 A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no campo religioso brasileiro – Carlos Alberto Steil

N. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próximos anos – Cesar Sanson

N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecno-ciência – Peter A. Schulz

N. 96 Vianna Moog como intérprete do Brasil – Enildo de Mou-ra Carvalho

N. 97 A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Ma-rinês Andrea Kunz

N. 98 Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – Susana María Rocca Larrosa

N. 99 Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – Vanessa Andrade Pereira

N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant – Valerio RohdenN. 101 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria

Monetária: parte 1 – Roberto Camps MoraesN. 102 Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a par-

tir da sociologia da ciência – Adriano PremebidaN. 103 ECODI – A criação de espaços de convivência digital

virtual no contexto dos processos de ensino e aprendi-zagem em metaverso – Eliane Schlemmer

N. 104 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 2 – Roberto Camps Moraes

N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico sobre o núcleo de mulheres gremistas – Marcelo Pizarro Noronha

N. 106 Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educa-cionais contemporâneos – Paula Corrêa Henning

N. 107 Da civilização do segredo à civilização da exibição: a família na vitrine – Maria Isabel Barros Bellini

N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidário, terno e democrático? – Telmo Adams

N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular – Celso Candido de Azambuja

N. 110 Formação e trabalho em narrativas – Leandro R. Pinheiro

N. 111 Autonomia e submissão: o sentido histórico da adminis-tração – Yeda Crusius no Rio Grande do Sul – Mário Maestri

N. 112 A comunicação paulina e as práticas publicitárias: São Paulo e o contexto da publicidade e propaganda – Denis Gerson Simões

N. 113 Isto não é uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra – Esp. Yentl Delanhesi

N. 114 SBT: jogo, televisão e imaginário de azar brasileiro – So-nia Montaño

N. 115 Educação cooperativa solidária: perspectivas e limites – Carlos Daniel Baioto

N. 116 Humanizar o humano – Roberto Carlos FáveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a ciência, religião –

Róber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo

DascalN. 119 A espiritualidade como fator de proteção na adolescên-

cia – Luciana F. Marques e Débora D. Dell’AglioN. 120 A dimensão coletiva da liderança – Patrícia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos éticos e teológicos –

Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito à diferenciação – José

Rogério LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de

marcos regulatórios – Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violência – Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino – Solange Binotto FaganN. 126 Câmara Cascudo: um historiador católico – Bruna Rafaela

de LimaN. 127 O que o câncer faz com as pessoas? Reflexos na litera-

tura universal: Leo Tolstoi – Thomas Mann – Alexander Soljenítsin – Philip Roth – Karl-Josef Kuschel

N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental à identidade genética – Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Rodrigues Petterle

N. 129 Aplicações de caos e complexidade em ciências da vida – Ivan Amaral Guerrini

N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentável – Paulo Roberto Martins

N. 131 A philía como critério de inteligibilidade da mediação comunitária – Rosa Maria Zaia Borges Abrão

N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho – Mar-lene Teixeira e Éderson de Oliveira Cabral

N. 133 A busca pela segurança jurídica na jurisdição e no processo sob a ótica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann – Leonardo Grison

N. 134 Motores Biomoleculares – Ney Lemke e Luciano Hennemann

N. 135 As redes e a construção de espaços sociais na digitali-zação – Ana Maria Oliveira Rosa

N. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriações teóricas para o estudo das religiões afro-brasileiras – Rodrigo Marques Leistner

N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psíquico: sobre como as pessoas reconstroem suas vidas – Breno Augusto Souto Maior Fontes

N. 138 As sociedades indígenas e a economia do dom: O caso dos guaranis – Maria Cristina Bohn Martins

N. 139 Nanotecnologia e a criação de novos espaços e novas identidades – Marise Borba da Silva

N. 140 Platão e os Guarani – Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mídia brasileira – Diego Airoso da

MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriações e Aprendizagens de

Crianças na Recepção da Revista Recreio – Greyce Vargas

N. 143 Derrida e o pensamento da desconstrução: o redimen-sionamento do sujeito – Paulo Cesar Duque-Estrada

N. 144 Inclusão e Biopolítica – Maura Corcini Lopes, Kamila Lockmann, Morgana Domênica Hattge e Viviane Klaus

N. 145 Os povos indígenas e a política de saúde mental no Bra-sil: composição simétrica de saberes para a construção do presente – Bianca Sordi Stock

N. 146 Reflexões estruturais sobre o mecanismo de REDD – Ca-mila Moreno

N. 147 O animal como próximo: por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais – Caetano Sordi

N. 148 Avaliação econômica de impactos ambientais: o caso do aterro sanitário em Canoas-RS – Fernanda Schutz

N. 149 Cidadania, autonomia e renda básica – Josué Pereira da Silva

N. 150 Imagética e formações religiosas contemporâneas: en-tre a performance e a ética – José Rogério Lopes

N. 151 As reformas político-econômicas pombalinas para a Amazônia: e a expulsão dos jesuítas do Grão-Pará e Maranhão – Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N. 152 Entre a Revolução Mexicana e o Movimento de Chia-pas: a tese da hegemonia burguesa no México ou “por que voltar ao México 100 anos depois” – Claudia Wasserman

N. 153 Globalização e o pensamento econômico franciscano: Orientação do pensamento econômico franciscano e Caritas in Veritate – Stefano Zamagni

N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experiência de inclu-são digital indígena na aldeia kaiowá e guarani Te’ýikue no município de Caarapó-MS – Neimar Machado de Sousa, Antonio Brand e José Francisco Sarmento

N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro após a crise eco-nômica – Stefano Zamagni

N. 156 Intermitências no cotidiano: a clínica como resistência inventiva – Mário Francis Petry Londero e Simone Mai-nieri Paulon

N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento – Stefano Zamagni

N. 158 “Passemos para a outra margem”: da homofobia ao respeito à diversidade – Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N. 159 A ética católica e o espírito do capitalismo – Stefano Zamagni

N. 160 O Slow Food e novos princípios para o mercado – Eri-berto Nascente Silveira

N. 161 O pensamento ético de Henri Bergson: sobre As duas fontes da moral e da religião – André Brayner de Farias

N. 162 O modus operandi das políticas econômicas keynesia-nas – Fernando Ferrari Filho e Fábio Henrique Bittes Terra

N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediações e legitima-ções culturais de mestres populares paulistas – André Luiz da Silva

N. 164 Será o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? – Serge Latouche

N. 165 Agostos! A “Crise da Legalidade”: vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre – Carla Simone Rodeghero

N. 166 Convivialidade e decrescimento – Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantação extensiva de eucalipto nas

culturas tradicionais: Estudo de caso de São Luis do Paraitinga – Marcelo Henrique Santos Toledo

N. 168 O decrescimento e o sagrado – Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetário – Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionaliza-

ção do ser: um convite ao abolicionismo – Marco Anto-nio de Abreu Scapini

N. 171 Sub specie aeternitatis – O uso do conceito de tempo como estratégia pedagógica de religação dos saberes – Gerson Egas Severo

N. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tec-nologias digitais – Bruno Pucci

N. 173 Técnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influência do poder pastoral – João Roberto Barros II

N. 174 Da mônada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas – Marcelo Fabri

N. 175 Um caminho de educação para a paz segundo Hobbes – Lucas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N. 176 Da magnitude e ambivalência à necessária humani-zação da tecnociência segundo Hans Jonas – Jelson Roberto de Oliveira

N. 177 Um caminho de educação para a paz segundo Locke – Odair Camati e Paulo César Nodari

N. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es como la serpiente; solo pica a los descalzos – Lenio Luiz Streck

N. 179 Um caminho de educação para a paz segundo Rousseau – Mateus Boldori e Paulo César Nodari

N. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil: entre o reconhecimento e a concretização – Afonso Ma-ria das Chagas

N. 181 Apátridas e refugiados: direitos humanos a partir da éti-ca da alteridade – Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N. 182 Censo 2010 e religiões:reflexões a partir do novo mapa religioso brasileiro – José Rogério Lopes

N. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil – Stefano ZamagniN. 184 Para um discurso jurídico-penal libertário: a pena como

dispositivo político (ou o direito penal como “discurso-li-mite”) – Augusto Jobim do Amaral

N. 185 A identidade e a missão de uma universidade católica na atualidade – Stefano Zamagni

N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento solidário aos refugiados – Joseane Mariéle Schuck Pinto

N. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino, pesquisa e extensão na educação superior brasileira e sua contribuição para um projeto de sociedade susten-tável no Brasil – Marcelo F. de Aquino

N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no cam-po da prevenção – Luis David Castiel

N. 189 Produções tecnológicas e biomédicas e seus efeitos produtivos e prescritivos nas práticas sociais e de gêne-ro – Marlene Tamanini

N. 190 Ciência e justiça: Considerações em torno da apropria-ção da tecnologia de DNA pelo direito – Claudia Fonseca

N. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras – Bruno Lima Rocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves, Giuseppe Cocco, Luiz Werneck Vianna e Rudá Ricci

N. 192 A ciência em ação de Bruno Latour – Leticia de Luna Freire

N. 193 Laboratórios e Extrações: quando um problema técnico se torna uma questão sociotécnica – Rodrigo Ciconet Dornelles

N. 194 A pessoa na era da biopolítica: autonomia, corpo e sub-jetividade – Heloisa Helena Barboza

N. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histórica – Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N. 196 A colaboração de Jesuítas, Leigos e Leigas nas Univer-sidades confiadas à Companhia de Jesus: o diálogo en-tre humanismo evangélico e humanismo tecnocientífico – Adolfo Nicolás

N. 197 Brasil: verso e reverso constitucional – Fábio Konder Comparato

N. 198 Sem-religião no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-chuva – Jorge Claudio Ribeiro

N. 199 Uma ideia de educação segundo Kant: uma possível contribuição para o século XXI – Felipe Bragagnolo e Paulo César Nodari

N. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana: a experiência da ocupação Raízes da Praia – Natalia Martinuzzi Castilho

N. 201 Desafios éticos, filosóficos e políticos da biologia sintéti-ca – Jordi Maiso

N. 202 Fim da Política, do Estado e da cidadania? – Roberto Romano

N. 203 Constituição Federal e Direitos Sociais: avanços e recuos da cidadania – Maria da Glória Gohn

N. 204 As origens históricas do racionalismo, segundo Feyera-bend – Miguel Ângelo Flach

N. 205 Compreensão histórica do regime empresarial-militar brasileiro – Fábio Konder Comparato

N. 206 Sociedade tecnológica e a defesa do sujeito: Technological society and the defense of the individual – Karla Saraiva

N. 207 Territórios da Paz: Territórios Produtivos? – Giuseppe Cocco

N. 208 Justiça de Transição como Reconhecimento: limites e possibilidades do processo brasileiro – Roberta Cami-neiro Baggio

N. 209 As possibilidades da Revolução em Ellul – Jorge Barrientos-Parra

N. 210 A grande política em Nietzsche e a política que vem em Agamben – Márcia Rosane Junges

N. 211 Foucault e a Universidade: Entre o governo dos outros e o governo de si mesmo – Sandra Caponi

N. 212 Verdade e História: arqueologia de uma relação – José D’Assunção Barros

N. 213 A Relevante Herança Social do Pe. Amstad SJ – José Odelso Schneider

N. 214 Sobre o dispositivo. Foucault, Agamben, Deleuze – San-dro Chignola

N. 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-ção – Alejandro Rosillo Martínez

N. 216 A realidade complexa da tecnologia – Alberto CupaniN. 217 A Arte da Ciência e a Ciência da Arte: Uma abordagem

a partir de Paul Feyerabend – Hans Georg FlickingerN. 218 O ser humano na idade da técnica – Humberto GalimbertiN. 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicações Éticas: Um Paralelo com Alasdair MacIntyre – Halina Macedo Leal

N. 220 O Marquês de Pombal e a Invenção do Brasil – José Eduardo Franco

N. 221 Neurofuturos para sociedades de controle – Timothy LenoirN. 222 O poder judiciário no Brasil – Fábio Konder ComparatoN. 223 Os marcos e as ferramentas éticas das tecnologias de

gestão – Jesús Conill SanchoN. 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul

do Brasil (1842-1867) – Luiz Fernando Medeiros RodriguesN. 225 O grande desafio dos indígenas nos países andinos:

seus direitos sobre os recursos naturais – Xavier AlbóN. 226 Justiça e perdão – Xabier Etxeberria MauleonN. 227 Paraguai: primeira vigilância massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operação Condor) – Martín Almada

N. 228 A vida, o trabalho, a linguagem. Biopolítica e biocapita-lismo – Sandro Chignola

N. 229 Um olhar biopolítico sobre a bioética – Anna Quintanas Feixas

N. 230 Biopoder e a constituição étnico-racial das populações: Racialismo, eugenia e a gestão biopolítica da mestiça-gem no Brasil – Gustavo da Silva Kern

N. 231 Bioética e biopolítica na perspectiva hermenêutica: uma ética do cuidado da vida – Jesús Conill Sancho

N. 232 Migrantes por necessidade: o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul – Dirceu Benincá e Vânia Aguiar Pinheiro

N. 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho: desafios à saúde e segurança – Elsa Cristine Bevian

N. 234 O capital no século XXI e sua aplicabilidade à realidade brasileira – Róber Iturriet Avila & João Batista Santos Conceição

N. 235 Biopolítica, raça e nação no Brasil (1870-1945) – Mozart Linhares da Silva

N. 236 Economias Biopolíticas da Dívida – Michael A. PetersN. 237 Paul Feyerabend e Contra o Método: Quarenta Anos do

Início de uma Provocação – Halina Macedo LealN. 238 O trabalho nos frigoríficos: escravidão local e global? –

Leandro Inácio WalterN. 239 Brasil: A dialética da dissimulação – Fábio Konder

ComparatoN. 240 O irrepresentável – Homero SantiagoN. 241 O poder pastoral, as artes de governo e o estado moder-

no – Castor Bartolomé RuizN. 242 Uma crise de sentido, ou seja, de direção – Stefano ZamagniN. 243 Diagnóstico Socioterritorial entre o chão e a gestão –

Dirce KogaN. 244 A função-educador na perspectiva da biopolítica e da

governamentalidade neoliberal – Alexandre Filordi de Carvalho

N. 245 Esquecer o neoliberalismo: aceleracionismo como ter-ceiro espírito do capitalismo – Moysés da Fontoura Pinto Neto

N. 246 O conceito de subsunção do trabalho ao capital: rumo à subsunção da vida no capitalismo biocognitivo – Andrea Fumagalli

N. 247 Educação, indivíduo e biopolítica: A crise do governa-mento – Dora Lilia Marín-Díaz

N. 248 Reinvenção do espaço público e político: o individualis-mo atual e a possibilidade de uma democracia – Rober-to Romano

N. 249 Jesuítas em campo: a Companhia de Jesus e a questão agrária no tempo do CLACIAS (1966-1980) – Iraneidson Santos Costa

N. 250 A Liberdade Vigiada: Sobre Privacidade, Anonimato e Vigilantismo com a Internet – Pedro Antonio Dourado de Rezende

N. 251 Políticas Públicas, Capitalismo Contemporâneo e os horizontes de uma Democracia Estrangeira – Francini Lube Guizardi

N. 252 A Justiça, Verdade e Memória: Comissão Estadual da Verdade – Carlos Frederico Guazzelli

N. 253 Reflexões sobre os espaços urbanos contemporâneos: quais as nossas cidades? – Vinícius Nicastro HoneskoN. 254 Ubuntu como ética africana, humanista e inclusiva –

Jean-Bosco Kakozi KashindiN. 255 Mobilização e ocupações dos espaços físicos e virtu-

ais: possibilidades e limites da reinvenção da política nas metrópoles – Marcelo Castañeda

N. 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tra-dicionais: O caso de uma comunidade indígena na fronteira da Amazônia Brasileira – Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muñoz

N. 257 Cerrado. O laboratório antropológico ameaçado pela desterritorialização – Altair Sales Barbosa

N. 258 O impensado como potência e a desativação das má-quinas de poder – Rodrigo Karmy Bolton

N. 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical? – Moysés Pinto Neto

Leandro Rogério Pinheiro. Doutorado em Educação (2008) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Mestrado em Administração (2002) pela Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul – UFGRS. Graduado em Ciências Sociais (1999) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Realizou estágio pós-doutoral (2011) na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Atualmente é professor adjunto na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Mantem participação em pesquisas e projetos de extensão atentos às relações e práticas de moradores e ativistas

de contextos de elevada vulnerabilidade social. Tem experiência nas áreas de “socio-logia da educação” e “educação em periferias urbanas”, abordando principalmente as temáticas: identidades, narrativas, movimentos sociais e periferias.

Algumas publicações do autor

PINHEIRO, Leandro Rogério. Itinerários versados: questões, sintonias e narrativas do cotidiano. Jundiaí/SP: Paco Editorial, 2016.

_____. Identidades em narrativa: práticas e reflexividades na periferia. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

_____. Imagens da periferia: narrativas de um itinerário. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2014. _____. (Org.); FISCHER, N. (Org.). Educação ambiental (seção temática) - Revista Edu-cação e Realidade. Porto Alegre: UFRGS, 2009.

Outras contribuições

PINHEIRO, Leandro Rogério. As periferias de Porto Alegre: Suas pertenças, redes e astúcias. Bases para compreender seus saberes e dinâmicas éticas. Entrevista especial publicada por IHU On-Line, em 17/08/2016. Disponível em: https://goo.gl/f6PYGJ. Entre-vista realizada por com Patricia Fachin.

_____. Formação e trabalho em narrativas. Caderno IHU Ideias, n.110, 2008. Disponível em: https://goo.gl/Baw7sh.