nucleos urbanos e industriais
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Núcleos urbanos e insdustriais na costa brasileira.TRANSCRIPT
Nucleos Urbanos e Industriais em Zonas Costeiras
A zona costeira apresenta atividades e usos que lhe são próprios. A localização
litorânea estratégica lhe confere inúmeras particularidades que a qualifica como uma
situação geográfica ímpar. Seus recursos naturais e processos condicionantes de sua
morfologia apresentam grande valor para a sociedade.
Embora dotadas de problemas característicos da produção do espaço urbano
brasileiro, as cidades litorâneas diferenciam-se por apresentar uma série de
particularidades decorrentes das vantagens locacionais proporcionadas pela interface
terra-mar (AFONSO, 2006; MORAES, 2007). Devido a esta interface terra-mar, a zona
costeira torna-se uma região estratégica do ponto de vista militar, político e comercial,
pois através da mesma pode-se ter acesso tanto à regiões localizadas no interior dos
continentes como à outros países através do oceano. Desse modo, o litoral se tornou um
setor prioritário para uma série de atividades humanas e industriais devido ao seu acesso
facilitado.
Atualmente, 60% da população mundial, que representa cerca de 3 bilhões de
pessoas, vive a menos de 50 km da linha de costa, sendo que 2/3 das cidades do mundo
com população superior a 2,5 milhões de habitantes estão situadas próximo a essa
região. Estes números representam quão intensa é a ocupação da zona costeira. (
PINCHEMEL, 2013)
No Brasil, vale lembrar que o padrão colonial de ocupação do território
configurou-se na zona costeira, assim os primeiros núcleos de povoamento foram
constituídos nestas áreas, sendo os espaços portuarios os nós entre as terras do interior e
as rotas de economia-mundo. Mais especificamente, os primeiros núcleos urbanos ao
longo do litoral datam do século XVI e estão diretamente associados à produção
açucareira. Já que o açúcar produzido era exportado para a Europa por meio de navios,
assim, a zona costeira brasileira passou a ter um importante papel no escoamento desta
produção e o processo de ocupação do litoral teve início.
Quatorze das vinte e seis regiões metropolitanas brasileiras estão localizadas na
zona costeira. Daí já se pode presumir os diversos problemas que vieram a ser
ocasionados por essa ocupação desordenada da maioria dos grandes núcleos
populacionais como a invasão de ecossistemas protegidos por lei, poluição de
mananciais que passam a ser depósito de lixo e esgoto por falta de saneamento básico e
que, inevitavelmente atingem o mar e, ainda o despejo de esgotos domésticos, e até
mesmo industriais (como o Tebar – Terminal Marítimo da Petrobrás), por meio de
emissários, no mar (só em São Paulo são sete emissários deste tipo). ( FARIA,2012)
Portanto, devido aos fatos anteriormente citados, pode-se observar na Figura 1
abaixo, como a densidade populacional é elevada em zonas costeiras.
Figura 1 – Os pontos de luz na zona costeira da América do Sul indicam a grande ocupação urbana nessa área.
Fonte: Dominguez
Nos dias atuais, a zona costeira continua atraindo investimentos industriais de
diversos tipos pelo mesmo motivo do século XVI - facilidade de escoamento da
produção. Como consequência da formação de núcleos industriais no litoral, existe um
intenso crescimento populacional nos municípios ao seu entorno, pois a demanda por
mão-de-obra atrai a população das cidades do interior. Esta, por sua vez, muitas vezes
ocupa de forma desordenada as cidades litorâneas gerando numeroso problemas e
conflitos, tais como poluição, degradação de ecossistemas e conflitos sociais.
( PINCHEMEL, 2013)
No século XX, mais prioritariamente a partir da década de 1950, ocorreu uma
mudança no ritmo de ocupação da costa em face ao padrão de acumulação e a
consolidação do padrão urbano-industrial. Foi aquele momento em que as corporações
transacionais instalaram-se no Brasil. As corporações apresentavam uma forte
dependência de abastecimento de insumos externos. Tal dependência condicionou a
localização dos sítios portuários. Instalaram-se na zona costeira diversas industrias
ligadas ao processamento mineral, beneficiamento da soja e da celulose. Vários desses
ramos surgiram em uma mesma localidade, resultando em complexos industriais como
os de Cubatão (SP), mostrado na Figura 2, e de Camaçari (BA). (VITTE, 2003)
Figura 2 – Complexo industrial em Cubatão-SP
Fonte: Mesquita, 2014
A região Sudeste é a de maior densidade demográfica e constitui o maior polo
econômico e industrial do País. Destaca-se o eixo Rio - São Paulo que, por sua
localização na zona costeira, exerce influência direta como pressão desestabilizadora
dos ecossistemas aquáticos. Associados a isso, destacam-se a urbanização
descontrolada, os portos (fontes reais e potenciais de poluição química), os terminais
petrolíferos, as atividades de cultivo aquático (incluindo a introdução de espécies
exóticas) e o aporte de águas fluviais contendo fertilizantes e defensivos agrícolas. Três
compartimentos podem ser considerados como extremamente perturbados: a baias de
Santos, a baia da Guanabara e a de Vitória. Outros se encontram em nível crescente de
impacto. Na Figura 3 abaixo, pode-se observar tais impactos no meio aquático.
Fugura 3- Poluição Marinha
Fonte: Aplysia, 2012
Assim, em termos de ocupação de território e demanda por espaço, o litoral
brasileiro pode ser definido como uma zona de usos e conflitos múltiplos, pois em sua
extensão é possível encontrar variadas formas de ocupação do solo e a manifestação das
mais diferentes atividades humanas.( PINCHEMEL, 2013)