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Núcleo de Estágio
Auto da Barca do InfernoGil Vicente Espelho de Portugal de 500
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A cena representa a margem de um rio – o rio do outro mundo – com duas barcas preparadas para partir: uma delas, conduzida por um anjo, leva ao Paraíso; a outra, conduzida por um diabo, leva ao Inferno. Um grupo de personagens vai chegando à praia - são abordadas pelo diabo, voltam-se para o anjo, e acabam por entrar na barca do inferno.
Auto da Barca do InfernoGil Vicente
Actividade: Recolher informações da audição da cena do Fidalgo, quanto a:
1. Caracterização do Fidalgo:(directa e indirecta).
2. Argumentos de defesa do Fidalgo.
3. Argumentos de acusação: - do Diabo - do Anjo
(Falas das personagens, recursos expressivos, tom de voz…)
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
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Auto da Barca do Inferno O Fidalgo
Gil Vicente
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
Caracterização e simbologia de personagens: o
Fidalgo
• Pertence à nobreza
Referência ao pai de Don Anrique
- Denúncia social, porque também o pai do Fidalgo já tinha entrado na Barca do Inferno, isto é, toda a classe nobre tinha o mesmo modo de vida.
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
Caracterização e simbologia de personagens: o Fidalgo
• Momentos psicológicos da personagem:
- Ao princípio o Fidalgo está sereno e seguro de que irá para o Paraíso – recorre à ironia.
- Dirige-se à barca do Anjo, arrogante, algumas vezes irritado.
- Seguidamente mostra-se arrependido e desanimado, por ter confiado nos seus privilégios.
- No fim dirige-se ao Diabo, mais humilde, mesmo conformado com a sentença, pedindo-lhe, no entanto, que o deixe regressar à Terra para ir ter com a amante – reconhece a sua ingenuidade.
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
Caracterização e simbologia de personagens: o Fidalgo Expressões do texto
Sereno, seguro – recorre à ironia.“Pera lá vai a senhora?”
Arrogante, irritado e autoritário.
“Que me leixês embarcar…”
“Pera senhor de tal marca
não há aqui mais cortesia?”
“Lavai-me desta ribeira!”Arrependido e desanimado.“…confiei em meu estado e não vi que me perdia.”
Humilde, conformado.“Entremos, pois que assi
é.”
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
A defesa do Fidalgo – os argumentos
• de Defesa:
- A Barca do Inferno é desagradável;“Parece-me isso cortiço…”
- Tem alguém na Terra a rezar por ele;“Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi:”
-Não esperava a morte;-“…pois parti tão sem aviso…” - É nobre e importante.“Sou fidalgo de solar…”“…que entr’a minha senhoria…”
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente
Acusações
- Ter levado uma vida de prazeres;“E tu viveste a teu prazer…”“Do que vós vos contentastes.”
- Ter sido tirano para com o povo;“Não se embarca tirania…”
- Ser muito vaidoso e materialista;“…e todo o vosso senhorio.”“…com fumosa senhoria,…”
- Desprezar o povo;“…cuidando na tirania…”“…desprezastes os pequenos,…”
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A Extracção da Pedra da Loucura
Um louco é submetido a uma intervenção cirúrgica para lhe ser extraída do cérebro “a pedra da loucura”. O médico que o opera tem, não cabeça, um funil, representação da loucura.
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O Parvo Joane considera a barca do Diabo como sendo a Nave dos Loucos (a naviarra nossa…Dos tolos). É uma alusão transparente à Nave dos Loucos que constitui o tema (…) do célebre quadro de António Bosch, com o esmo título. O Parvo da peça de Gil Vicente é não só um desses “pobres de espírito” a quem cabe o reino dos céus, como um desses loucos do “mundo às avessas”.
Paul Teyssier, Gil Vicente – O Autor e a Obra
A Nau dos Loucos
Hieronymus van Aken, cujo pseudónimo é Hieronymus Bosch, e também conhecido como Jeroen BoschJeroen Bosch, (cf. 1450 — Agosto de 1516), foi um pintor e gravador holandês dos séculos XV e XVI.
Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilização de figuras simbólicas complexas, originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no seu tempo.
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente A Alcoviteira
A crise de valores morais
A continuação da existência da alcoviteira, muito embora punida pela justiça, testemunha aquela persistência naquele modo de vida e na requisição dos seus préstimos. Intermediária, podemos dizer que esta figura joga com a oferta e a procura do mercado da imoralidade. É por isso um barómetro da própria degradação moral da sociedade. Gil Vicente leva-a a um julgamento moral, mas, automaticamente, condena aqueles que do seu mister se utilizam e que para isso lhe pagam. *
“Alcoviteira: Se fosse ò fogo infernal lá iria todo o mundo!”
• A Alcoviteira representa os elementos do povo e da baixa-burguesia, que se dedicavam a encaminhar as raparigas e mulheres casadas para a prostituição.• Representa uma particular actividade profissional, proibida por lei.
* Cf. CRUZ, Maria Leonor Garcia, Gil Vicente e a Sociedade Portuguesa de Quinhentos.
A alcoviteira (1656), Johannes Vermeer
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Auto da Barca do InfernoGil Vicente A Alcoviteira
Brízida Vaz 1. Apresenta-se com voz elogiosa e usa uma linguagem popular. Começa por recusar a entrada na Barca do Inferno e acusa-se a si própria, dizendo tudo o que traz consigo.
2. É a personagem que mais bagagem traz - maior número de elementos cénicos - representando todos os pecados que fez ao longo da sua vida.
3. Defende-se dizendo que tinha sido muito martirizada, que tinha convertido muitas raparigas, que as tinha encaminhado e, até, que as tinha vendido aos padres da Sé, argumentando que, se tinha servido a Igreja, deveria ir para o Paraíso.
4. É uma personagem-tipo e faz o mesmo percurso em cena que o Fidalgo, o Onzeneiro e o Frade – Barca do Inferno – Barca do Paraíso – embarque na Barca do Inferno. O Anjo não lhe dá atenção.
Auto da Barca do InfernoGil Vicente A Alcoviteira
Brízida Vaz(A inversão do discurso oficial da
Igreja.)
“E eu som apostolada,angelada e martelada,e fiz cousas mui divinas.
Santa Ursula non converteotantas cachopas como eu:todas salvas pelo meu, que nenhua se perdeo!E prove Àquele do CéoQue todas acharam dono.”
Auto da Barca do InfernoGil Vicente
O Frade chega ao cais com uma moça,
com a qual violou o seu voto de castidade. A Alcoviteira O Frade
“Diabo: Essa dama, é ela vossa? Frade: Por minha la tenho eu,
e sempre a tive de meu.”(…)
“Frade: Como? Por ser namorado e um folgar com uma mulher se há um frade perder com tanto salmo rezado.”
A Alcoviteira julga-se com direito ao Paraíso por ter ajudado o Clero.
“Alcoviteira: Eu sô aquela preciosa que dava as moças a molhos, a que criava as meninas pera os Cónegos da Sé…”