ntrodução ao grego bíblico

176
Indaial – 2021 INTRODUÇÃO AO GREGO BÍBLICO Prof. Marcelo Martins 1 a Edição

Upload: others

Post on 21-Jul-2022

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ntrodução ao GreGo BíBlIco

Indaial – 2021

Introdução ao GreGo BíBlIcoProf. Marcelo Martins

1a Edição

Page 2: ntrodução ao GreGo BíBlIco

Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:

Prof. Marcelo Martins

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

M386i

Martins, Marcelo

Introdução ao grego bíblico. / Marcelo Martins. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

166 p.; il.

ISBN 978-65-5663-252-0ISBN Digital 978-65-5663-250-6

1. Grego bíblico. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 220

Page 3: ntrodução ao GreGo BíBlIco

apresentaçãoOlá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Introdução ao Gre-

go Bíblico, elaborado para iniciantes no estudo da língua grega, mais especifi-camente do grego bíblico ou do grego do Novo Testamento. O grego estudado neste material não é o clássico nem o moderno; o grego do Novo Testamento é conhecido como grego “Koiné”, que significa “comum” e indica que esse era o grego falado nas casas, nas ruas, no dia a dia dos apóstolos e das pessoas da época de Jesus. De acordo com Taylor (1960, p. 1), “o termo usado hoje em dia pelos gramáticos, para descrever este grego é Koiné, que significa ‘comum’. Isso não quer dizer que apenas o grego do Novo Testamento foi a linguagem comum do povo comum, mas, sim, o grego comum a todo o povo”.

É importante fazer essa distinção entre o grego dos escritos clássicos e os do Koiné porque Paulo não escreveu no mesmo estilo, ortografia e formas que De-móstenes ou Homero (escritores do grego clássico). No entanto, isso não represen-ta inferioridade na linguagem de Paulo, mas, sim, progresso (TAYLOR, 1990, p. 1).

Aprender a manejar a língua grega, ler e entender o Novo Testamento grego não é algo insignificante. Os cristãos creem que foi Deus quem formou as línguas, portanto, seguindo esse pensamento, Deus guiou o desenvolvimento desse idioma (grego, assim como também o hebraico e aramaico) até que ser-visse como veículo para a revelação da sua mensagem a nós, pois o Novo Tes-tamento é a mensagem de Deus para a sua Igreja. Isso não significa que o grego Koiné é uma “língua sagrada”, mas, sim, que agradou a Deus e foi usada para revelar a sua Palavra no vernáculo grego, hebraico e aramaico. Jesus falou na Galileia o mesmo grego que encontramos nos papiros do Egito e que Paulo es-creveu em Corinto e usou na sua pregação em Roma (TAYLOR, 1960, p. 1). Esses fatos são uma descoberta importantíssima dos nossos dias. São importantes por si e por derrubar outras tantas teorias sobre o grego do Novo Testamento.

Sempre há perdas em uma tradução, pois é impossível conservar, nas pala-vras traduzidas, o sentido exato do original. Por isso, conhecendo, lendo e entenden-do a língua grega do Novo Testamento podemos confiar que temos em mãos uma mensagem mais cristalina. Assim, haverá maior proteção do erro e entenderemos com maior clareza e exatidão o que os escritores no Novo Testamento registraram.

Não há promessa, aqui, de que seja fácil o aprendizado dessa língua (ou como qualquer outra língua), mas, certamente, todo esforço valerá a pena, pois, mediante o conhecimento do grego, o Novo Testamento se tornará, para você, verdadeira mina de riquezas em termos de conhecimento, portanto, são válidos todo esforço, dedicação e tempo que você utilizará para isso.

Bons estudos!

Prof. Marcelo Martins

Page 4: ntrodução ao GreGo BíBlIco

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Page 5: ntrodução ao GreGo BíBlIco
Page 6: ntrodução ao GreGo BíBlIco

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

Page 7: ntrodução ao GreGo BíBlIco

sumárIo

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ .... 1

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ ................................................................................... 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 32 ORIGEM DA LÍNGUA GREGA ...................................................................................................... 3

2.1 OS DIALETOS GREGOS ................................................................................................................ 43 O GREGO KOINÉ .............................................................................................................................. 64 ELEMENTOS VITAIS PARA O ESTUDO DO GREGO ............................................................. 7

4.1 DEDICAR TEMPO ......................................................................................................................... 74.2 TER DISCIPLINA .......................................................................................................................... 84.3 PERSEVERANÇA .......................................................................................................................... 84.4 PROPÓSITO .................................................................................................................................... 84.5 O NOVO TESTAMENTO NA LÍNGUA GREGA ..................................................................... 94.6 A GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO ........................................................... 104.7 O DICIONÁRIO (LÉXICO) ......................................................................................................... 114.8 DICIONÁRIO E GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA ............................................. 11

RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ ............................................... 191 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 192 A ORIGEM DO ALFABETO GREGO ........................................................................................... 20

2.1 A REPRESENTAÇÃO DAS VOGAIS NO ALFABETO GREGO ........................................... 223 O ALFABETO GREGO ..................................................................................................................... 234 DITONGOS, ACENTOS E PONTUAÇÃO .................................................................................. 27

4.1 DITONGOS ................................................................................................................................... 274.1.1 Iota subscrito ........................................................................................................................ 284.1.2 Aspiração .............................................................................................................................. 28

4.2 ACENTOS ..................................................................................................................................... 284.3 PONTUAÇÃO .............................................................................................................................. 29

5 GÊNERO E NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS .................................................................. 305.1 GÊNERO DAS PALAVRAS GREGAS ...................................................................................... 305.2 O NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS .................................................................................. 31

RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 34AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ ............................... 371 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 372 O ARTIGO .......................................................................................................................................... 373 O SUBSTANTIVO ............................................................................................................................ 40

3.1 OS CASOS NA LÍNGUA GREGA ............................................................................................. 413.1.1 Nominativo .......................................................................................................................... 423.1.2 Genitivo ................................................................................................................................ 423.1.3 Ablativo ................................................................................................................................ 43

Page 8: ntrodução ao GreGo BíBlIco

3.1.4 Dativo ................................................................................................................................... 433.1.5 Instrumental ........................................................................................................................ 433.1.6 Locativo ................................................................................................................................ 433.1.7 Acusativo ............................................................................................................................. 433.1.8 Vocativo ................................................................................................................................ 44

4 AS DECLINAÇÕES EM GREGO .................................................................................................. 454.1 A SEGUNDA DECLINAÇÃO..................................................................................................... 45

4.1.1 Segunda declinação – acento agudo na penúltima sílaba ............................................. 464.1.2 Segunda declinação – acento agudo na última sílaba .................................................... 47

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 50RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 53AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 58

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ ................. 59

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME .......................................................................................... 611 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 612 ADJETIVO .......................................................................................................................................... 61

2.1 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A PRIMEIRA E A SEGUNDA DECLINAÇÕES ............................................................................................................................ 632.2 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A TERCEIRA DECLINAÇÃO ................... 66

3 PRONOME .......................................................................................................................................... 673.1 PRONOME PESSOAL ................................................................................................................. 683.2 PRONOME DEMONSTRATIVO ............................................................................................... 703.3 PRONOME POSSESSIVO ............................................................................................................ 713.4 PRONOME INTERROGATIVO .................................................................................................. 72

RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 76AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 77

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO .................................................................................... 791 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 792 ADVÉRBIO ......................................................................................................................................... 79

2.1 ADVÉRBIOS GREGOS ................................................................................................................ 802.1.1 Classe de advérbios de acordo com sua terminação ...................................................... 80

2.2 O USO DO ADVÉRBIO NO GREGO ........................................................................................ 833 CONJUNÇÃO .................................................................................................................................... 84

3.1 CONJUNÇÕES GREGAS ........................................................................................................... 863.1.1 Conjunção pospositiva, causal ou ilativa: γάρ ................................................................ 873.1.2 Conjunção καί ...................................................................................................................... 873.1.3 Conjunção adversativa: ἀλλά ............................................................................................ 883.1.4 Conjunção adversativa: δἐ .................................................................................................. 883.1.5 Conjunção alternativa: ἤ ... ἤ .............................................................................................. 88

RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 91AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 92

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO ..................................................................................... 951 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 952 NUMERAL ......................................................................................................................................... 953 PREPOSIÇÃO ..................................................................................................................................... 98

3.1 PREPOSIÇÕES GREGAS ............................................................................................................ 993.1.1 Preposição: διά ................................................................................................................... 101

Page 9: ntrodução ao GreGo BíBlIco

3.1.2 Preposição: ἀνά.................................................................................................................. 1023.1.3 Preposição: μετά ................................................................................................................ 1023.1.4 Preposição: ἐπί ................................................................................................................... 1023.1.5 Preposição: εἰς .................................................................................................................... 1033.1.6 Preposição: κατά ................................................................................................................ 1033.1.7 Preposição: περί ................................................................................................................. 1033.1.8 Preposição: παρά ............................................................................................................... 1033.1.9 Preposição: πρός ................................................................................................................ 1043.1.10 Preposição: ὑπό ................................................................................................................ 104

LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 106RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 110AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 111REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 114

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ ........................ 115

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ ......................................................................................................... 1171 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1172 ANÁLISE DO VERBO .................................................................................................................. 118

2.1 MODO ......................................................................................................................................... 1182.1.1 Indicativo ............................................................................................................................ 1182.1.2 Subjuntivo .......................................................................................................................... 1192.1.3 Optativo ............................................................................................................................. 1192.1.4 Imperativo .......................................................................................................................... 119

2.2 TEMPO ......................................................................................................................................... 1202.3 VOZ .............................................................................................................................................. 1212.4 NÚMERO E PESSOA ................................................................................................................. 122

3 CONJUGAÇÕES .............................................................................................................................. 1224 TEMPO PRESENTE ........................................................................................................................ 123

4.1 PRESENTE DO INDICATIVO .................................................................................................. 1244.2 PRESENTE DO SUBJUNTIVO .................................................................................................. 1254.3 PRESENTE DO IMPERATIVO .................................................................................................. 1264.4 PRESENTE DO OPTATIVO ...................................................................................................... 127

RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 131AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 132

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO ......................................... 1351 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1352 O TEMPO IMPERFEITO ............................................................................................................... 1353 TEMPO FUTURO ........................................................................................................................... 1374 TEMPO AORISTO........................................................................................................................... 1385 O TEMPO PERFEITO ..................................................................................................................... 1426 O TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO ...................................................................... 144RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 148AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 149

TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ ..... 1511 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1512 TRADUÇÃO .................................................................................................................................... 1513 EXERCITANDO A TRADUÇÃO ................................................................................................. 152

Page 10: ntrodução ao GreGo BíBlIco

4 O USO DO LÉXIGO GREGO ANALÍTICO ............................................................................... 1545 ANÁLISE MORFOLÓGICA DE TEXTOS BÍBLICOS ............................................................ 156

5.1 EXEMPLOS DE TEXTOS BÍBLICOS E ANÁLISES MORFOLÓGICAS .............................. 156LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 159RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 161AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 162REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 165

Page 11: ntrodução ao GreGo BíBlIco

1

UNIDADE 1 —

ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer a língua grega;

• compreender a origem do grego Koiné;

• verificar alguns elementos necessários para o estudo do grego;

• familiarizar-se com o alfabeto grego;

• constatar alguns aspectos estruturais do grego Koiné;

• memorizar as primeiras palavras gregas;

• conhecer o uso do artigo e do substantivo no grego Koiné.

Page 12: ntrodução ao GreGo BíBlIco

2

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ORIGEM DO GREGO KOINÉ

TÓPICO 2 – ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

TÓPICO 3 – ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

Page 13: ntrodução ao GreGo BíBlIco

3

TÓPICO 1 — UNIDADE 1

ORIGEM DO GREGO KOINÉ

1 INTRODUÇÃO

λέγει αῦτᾠ (ὁ) Ἰησοῦς, Ἐγώ εἰμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ἡ ζωή. (Respondeu Jesus, “Eu sou o caminho a verdade e a vida”.)

O estudo de uma nova língua é sempre algo muito desafiador. Mais desa-fiador ainda é estudar uma língua antiga, pois qual motivo nos move? No nosso caso, acadêmico de Teologia, a nossa motivação tem um fundamento bem seguro: queremos conhecer melhor os textos originais das Escrituras Sagradas. De certa for-ma, o conhecimento da língua em que tais textos foram escritos assegura o acesso às fontes sem a intermediação de tradutores ou, pelo menos, possibilita o confronto da tradução com o original, permitindo que sejam sanadas possíveis dúvidas. De fato, é muito bom procurar na própria fonte aquilo que os autores bíblicos puderam escrever. Essa é a motivação principal para se estudar o grego antigo.

Tal estudo traz como acréscimo o aprofundamento no conhecimento da língua portuguesa, pois, para nós, a língua grega é uma língua muito diferente, com isso, o seu estudo nos leva a uma maior consciência dos fenômenos linguís-ticos do português. Outro fator ainda é que grande número de palavras de nossa língua é de origem grega ou é formada a partir de radicais gregos e, por essa ra-zão, seu conhecimento aperfeiçoa o domínio do léxico. Dessa maneira, é possível perceber quantas coisas boas e importantes trarão para você esse conhecimento introdutório, básico da língua grega, mais especificamente o grego Koiné.

Inicialmente, queremos incentivá-lo com as palavras do apóstolo Paulo ao jovem ministro Timóteo: “persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (A BÍ-BLIA SAGRADA, 1 Timóteo 4:13). Portanto, inicie, mas, principalmente, persista nessa caminhada, lendo, exercitando bastante e, quem sabe, posteriormente, até ensinando todo o conhecimento adquirido a outras pessoas.

2 ORIGEM DA LÍNGUA GREGA

A língua grega é falada na Grécia, no Chipre e nas comunidades da diáspora e, atualmente, é chamado de grego moderno. Contudo, a língua estudada nas universi-dades é o grego antigo, falado na Grécia entre os anos de 800 a 330 a.C. O grego antigo era composto de vários dialetos, sendo os principais o ático, o jônico, o dórico, o eólico e o árcado-cipriota (ROSA, 2015, p. 3). No período helenístico, usou-se um grego de

Page 14: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

4

comunicação universal, chamado Koiné, ou “comum”, em que foram escritos o Novo Testamento e a Septuaginta, que é a tradução grega do Velho Testamento. Alguns au-tores concordam que os principais períodos da língua grega podem ser resumidos em:

• Grego micênico: 1500 a 1100 a.C. (textos 1400 a 1200 a.C.).• Grego arcaico (incluindo Homero e Hesíodo): 800 a 600 a.C.• Grego clássico: 600 a 300 a.C.• Grego helenístico (incluindo grego do Novo Testamento): Koiné (300 a.C. a

300 d.C.).• Grego Oriental: 300 a 1600 d.C. • Grego bizantino: 300 a 1100 d.C. • Grego Medieval: 1100 a 1600 d.C. • Grego moderno: 1600 d.C. até os dias atuais.

É interessante observar que a formação do povo grego ocorreu por uma mis-tura de invasores que vieram da região norte, com alguns povos que já habitavam aquela região (hoje Grécia). Segundo Rosa (2015, p. 3), esses povos eram chamados de pelasgos e a língua que eles falavam era denominada de proto-grego. Há alguns resquícios dela no grego posterior. Desse modo, a chegada de povos provenientes da região dos Balcãs, a noroeste da Europa, chamados de indo-europeus, fez surgir o povo grego e, a partir disso, foram desenvolvidos os dialetos que formaram a língua grega. A língua falada por tais invasores foi denominada de indo-europeu e, embora seja uma língua hipotética, teria dado origem a línguas como o grego, o latim e o sânscrito, entre outras. Os linguistas chegaram ao indo-europeu por meio de estudos comparativos de diversas línguas ocidentais, tendo encontrado uma base comum para palavras e estruturas sintáticas (ROSA, 2015, p. 3).

2.1 OS DIALETOS GREGOS

De acordo com uma determinada teoria, os indo-europeus não chegaram à Grécia de uma só vez. Para os defensores dessa teoria foram ondas sucessivas de tribos que vieram do Norte, por volta de 2000 a.C., na seguinte sequência: mínios, aqueus, jônios, eólios e dórios. Cada conjunto de tribo, ao chegar, conquistava e forçava os habi-tantes nativos (os pelasgos) à emigração ou à assimilação, dando origem a agrupamen-tos populacionais que falavam uma variante diferente do grego, um “dialeto” (ROSA, 2015, p. 4). Por essa razão, a Grécia antiga transformou-se em uma verdadeira colcha de retalhos de dialetos. Entretanto, nos anos mais recentes, a importância de ondas sucessivas de tribos como explicação da diferenciação dialetal que existia em tempos históricos é minimizada e procura-se explicar essa situação pela diferenciação dialetal ocorrida já em território grego. Dessa forma, o eólico e o dórico não corresponderiam a ondas de tribos eólicas e dóricas que chegaram depois, mas a um processo de diferen-ciação a partir das formas dialetais já existentes na Grécia.

A fim de compreender um pouco mais essas variações dialetais, destaca-mos os grupos de dialetos que são encontrados historicamente:

Page 15: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ

5

• Jônico-ático – falado na Ásia, nas ilhas e na Eubeia; o ático seria o “jônico da Ática”.• Arcado-cipriota – arcádio, cipriota e panfílio. • Eólico – falado na Ásia (lésbio), tessálio e beócio.• Grupo ocidental (grego do noroeste e dórico):

O Grego do Noroeste: focídeo (Delfos), lócrio, etólio e eleu. O Dórico: lacônio, argólido, coríntio (Corinto, Siracusa), megárico, cre-

tense, ródio; dórico de Tera e cirenaico (ROSA, 2015, p. 4).

Na Grécia antiga, não havia uma língua nacional. Todos os dialetos são igual-mente importantes, do ponto de vista linguístico (ROSA, 2015, p. 5).

ATENCAO

FIGURA 1 – DIALETOS DA GRÉCIA ANTIGA

FONTE: <https://bit.ly/399IJj1>. Acesso em: 28 jan. 2020.

A partir do período Helenístico (330 a.C.), a língua grega se espalhou por grande parte do Mediterrâneo, tornando-se uma língua franca. Nesse período foi realizada a primeira tradução bíblica do Antigo Testamento: a Septuaginta (LXX).

Page 16: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

6

Septuaginta é a designação dada para a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento (escrito em hebraico), feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do século III a.C. e no início do II a.C. A palavra “septuaginta” vem de “setenta” em grego. De acordo com a tradição, essa tradução foi feita por 70 (ou 72, depen-dendo da versão da história) sábios judeus na cidade de Alexandria, no norte do Egito. Por isso, a tradução ficou conhecida como a septuaginta, ou LXX (70 em numeração romana).

NOTA

Em meados do primeiro século depois de Cristo, começaram a ser produzidos os manuscritos do Novo Testamento, compostos, em sua maioria, em grego Koiné (FILHO, 2019a, p. 12). A Septuaginta (LXX) foi muito usada pelos cristãos no primeiro século.

3 O GREGO KOINÉ

A história relata que, Alexandre, o Grande, que viveu entre 356 e 323 a.C., foi quem espalhou a língua e a cultura grega por todo o império grego. Esse proces-so ficou conhecido como “helenismo”. Nesse período, a língua e a cultura grega se expandiram por todo o Mediterrâneo como língua franca (ROSA, 2015, p. 7).

De acordo com Rosa (2015, p. 7), devido às conquistas de Alexandre, ocorreu a difusão da cultura grega por toda a bacia do Mediterrâneo, dando origem a um novo dialeto cuja função seria se tornar uma espécie de língua internacional comum (grego Koiné) a todos. Por meio desse contato do grego clássico com as demais cul-turas e línguas da época, surgiu então o grego Koiné. O “dialeto” Koiné, daquela época, pode ser comparado à língua inglesa atualmente. Segundo Filho (2019a, p. 13),

o grego koinê não apresentava tantas diferenças com relação ao grego clássico, embora tenha gerado três novas subdivisões: o koi-nê vernacular (popular), o koinê literário e o koinê bíblico. Como é possível deduzir, o koinê vernacular estava relacionado ao grego vulgar, falado no dia a dia. Já o koinê literário, como o próprio nome indica, era utilizado na composição de textos eruditos. O koinê bí-blico, por sua vez, constituía a linguagem utilizada na tradução da Septuaginta (LXX) e na composição do Novo Testamento. Era uma forma intermediária entre as duas primeiras formas mencionadas.

Page 17: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ

7

Os dois usos – Koiné e Koinê – são considerados corretos.

NOTA

Embora a base do Koiné tenha sido o ático foram eliminados os traços dia-letais (“aticismos”) muito específicos, de modo a ser uma linguagem padrão de uso universal (ROSA, 2015, p. 7). O Koiné bíblico é mais generalizado e completo entre as variantes do Koiné helenístico, podendo ser considerado, portanto, uma simpli-ficação do grego clássico (ALEXANDRE JÚNIOR, 2003, apud FILHO, 2019b, p. 13).

Comum ou Koinê: compreendido entre 330 a.E.C. até 330 da E.C. Tem iní-cio com a expansão do Império Macedônico de Alexandre Magno, que aca-bou por difundir o idioma e a cultura grega por todos os territórios por ele conquistados – sobretudo no Oriente e até mesmo em parte da Índia. Aos poucos, uma nova forma de civilização surgiu, a chamada de helenística, com predominância do idioma grego. Os grandes centros da cultura hele-nística eram as cidades de Alexandria, Pérgamo e Antioquia. Mesmo com a posterior dominação romana, o grego comum continuou a ser usado por toda a parte oriental do Império Romano como uma espécie de língua fran-ca, sendo provavelmente mais importante em sua época do que o inglês é hoje como língua universal. Cabe ainda citar que, ao contrário do que mui-tas pessoas pensam, todo o Novo Testamento foi escrito em grego comum (koinê), havendo, na atualidade, uma boa demanda pela aprendizagem dessa evolução do grego clássico para fins de exegese bíblica e outros estu-dos relacionados aos Evangelhos (CENATTI, 2014, p. 10).

4 ELEMENTOS VITAIS PARA O ESTUDO DO GREGO

Para o bom desenvolvimento no estudo da língua grega (ou o estudo de qualquer língua), é imprescindível ter uma atitude correta, além de materiais que possam auxiliar o estudante no seu processo de aprendizagem. Pensando nisso, destacaremos, na sequência, algumas atitudes que são extremamente pertinentes e necessárias, para que progredir no conhecimento e na aprendizagem da língua. Posteriormente, daremos algumas sugestões em termos de materiais.

4.1 DEDICAR TEMPO

A pessoa que pretende conhecer e se aprofundar nessa língua necessita dedicar tempo no processo. O nosso material é introdutório, mas fornecerá vários elementos para o aprendizado e o desenvolvimento de alguns conhecimentos introdutórios do grego. Todavia, o êxito na compreensão do idioma depende muito da dedicação e do empenho

Page 18: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

8

do estudante, além da continuidade dos estudos após o término da disciplina, portanto, quem pretende ter um bom domínio dessa língua deve prosseguir se dedicando e se aprimorando. Nesse ponto, é importante ressaltar que não existe “mistério” ou “segre-do” – o que existe é dedicação. É isso que fará toda a diferença, seja no aprendizado de uma língua ou em qualquer outra atividade que uma pessoa desenvolva.

4.2 TER DISCIPLINA

Um outro elemento vital nesse processo de aprendizagem da língua grega é a disciplina. Para tudo aquilo que uma pessoa, de fato, pretende alcançar, ela precisa de disciplina. Um instrumentista não aprende a tocar seu instrumento do dia para a noite; ele passa horas e dias treinando para que possa alcançar o seu objetivo com perfeição. Um atleta não chega a lugar algum se não for disciplina-do e não se dedicar aos treinamentos diariamente. Da mesma forma, uma pessoa não aprenderá uma língua sem “suar a camisa” por meio de muita disciplina. Portanto, estabelecer um horário, dia e tempo para estudar grego será funda-mental nesse processo. O planejamento é importante, mas a execução é essencial. Planeje e seja disciplinado, pois, no final, você verá que valeu a pena.

4.3 PERSEVERANÇA

Como dizia um amigo nosso, “muitas pessoas têm muita iniciativa e pouco ‘aca-bativa’”. Sabe-se que a palavra “acabativa” não existe no português, mas essa era a forma com que meu amigo brincava sobre a falta de perseverança das pessoas. Muitas pessoas têm iniciativa, mas não levam adiante seus empreendimentos pela falta de perseverança. Ao estudar uma língua, é comum se deparar com várias dificuldades e o estudante pode pensar em desistir, mas é, nesse momento, que deve entrar a perseverança, isto é, manter--se firme naquilo que se quer alcançar. Faz-se, então, necessário transpor os obstáculos, os desânimos e olhar adiante, para, desse modo, chegar ao alvo pretendido.

4.4 PROPÓSITO

Destaca-se também a importância de se ter um propósito bem claro, ao dedi-car-se no estudo do grego. Para o estudante de Teologia, já existe um propósito que está implícito: conhecer a língua original em que foi escrito o Novo Testamento. De fato, faz muita diferença quando podemos ler os textos escritos na língua original. Alguém fez a seguinte comparação sobre a diferença entre ler o texto em português e lê-lo em grego (a língua de origem do Novo Testamento): há algum tempo, a imagem dos televisores eram em preto e branco, porém, quando surgiram os televisores em cores, todas as pessoas ficaram maravilhadas com a riqueza dos detalhes e das imagens que podiam contemplar. Da mesma maneira, ler o Novo Testamento em português é como ver TV em preto e branco, e ler em grego é como ver em cores – não há, aqui, qualquer sentido de menosprezo com a língua portuguesa, mas somente é feita uma comparação quanto

Page 19: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ

9

à possibilidade de leitura de um texto no original). Por isso, vale a pena manter-se firme no propósito de estudar essa língua. Somados às atitudes, também é imprescindível ter acesso a alguns materiais (ferramentas) para auxiliar o estudante a apropriar-se dos conhecimentos. Alguns exemplos desses materiais serão vistos na sequência – ressalta--se que são exemplos, ou seja, se você já tiver acesso a materiais similares, eles poderão ser utilizados da mesma forma. Lembrando que, aqui, serão dadas algumas sugestões básicas, isto é, materiais elementares, porém existem muitos outros conteúdos mais específicos, como sobre concordâncias, léxicos, livros de análise, entre outros, que po-derão somar e ser muito úteis no processo de aprendizagem.

4.5 O NOVO TESTAMENTO NA LÍNGUA GREGA

Ter acesso a materiais em grego ajudará muito a praticar a leitura e se fa-miliarizar com o formato das letras. Ao mesmo tempo, você poderá fazer compa-rações e praticar a pronúncia das palavras. A seguir, apresentamos, como exem-plos, a capa de um Novo Testamento em grego (Figura 2) e a primeira página do livro de Mateus no grego Koiné (Figuras 3).

FIGURA 2 – O NOVO TESTAMENTO GREGO

FONTE: <https://bit.ly/3pZNKRa>. Acesso em: 28 out. 2020.

Page 20: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

10

FIGURA 3 – O EVANGELHO DE MATEUS

FONTE: O autor

4.6 A GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO

A gramática é uma ferramenta preciosa no estudo da língua grega. Ela irá auxiliá-lo em diversos aspectos do seu estudo. A Figura 4 apresenta uma das gramáticas que tem sido usada por muitos estudantes da língua grega no Brasil.

FIGURA 4 – GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO

FONTE: O autor

Page 21: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ

11

4.7 O DICIONÁRIO (LÉXICO)

O dicionário é de fundamental importância para o estudante fazer o exercício de busca e assimilação das palavras. Ele irá ajudá-lo a esclarecer dúvidas e habilitará o estudante a encontrar o que precisa, em termos de significados nas pesquisas.

FIGURA 5 – DICIONÁRIO GREGO

FONTE: <https://bit.ly/3fsFuV4>. Acesso em: 18 jan. 2020.

4.8 DICIONÁRIO E GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Nota-se que uma das grandes dificuldades que os estudantes encontram nos estudos de grego está relacionada ao fato de terem muita dificuldade nas ques-tões gramaticais do idioma. Essas dificuldades, geralmente, decorrem de não terem um bom domínio da gramática na língua portuguesa. Por isso, é necessário que o estudante de grego tenha em mãos uma boa gramática da língua portuguesa.

Page 22: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

12

FIGURA 6 – GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

FONTE: <https://bit.ly/2UZcFGt>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Conforme mencionado, hoje em dia, existem diversos tipos de materiais disponíveis para o estudante da língua grega aprofundar seus estudos. Alguns, já citados, são exemplos, mas existem diversos materiais disponíveis para aqui-sição ou, até mesmo, para leitura diretamente na internet. Além disso, há vários mecanismos na internet que podem ser muito úteis no processo de aprendizado.

Na Biblioteca Virtual da UNIASSELVI, você encontrará alguns livros sobre a lín-gua grega – não deixe de verificá-los. No YouTube, também é possível encontrar vários vídeos explicativos sobre o grego, alguns ensinando o aprendizado do grego passo a passo. Aproveite e utilize essas facilidades que estão ao seu alcance.

DICAS

O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essencial?

Para quê estudar hebraico e grego? Já temos muitas traduções, muitas delas bem-feitas. Temos programas eletrônicos que fazem as análises gramaticais dos textos – já está tudo prontinho para nós. Será que acrescenta algo eu fazer o meu próprio trabalho de tradu-ção? Será que todas as horas dedicadas ao estudo dessas línguas, de fato, contribuem para o aprofundamento do fazer teológico?

INTERESSANTE

Page 23: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ

13

Se olharmos a tendência curricular de várias instituições luteranas de formação teológica, tanto do Brasil como de outros países, poderíamos interpretá-la como respondendo não a essas per-guntas. O tempo de investimento previsto no currículo para o estudo e o uso dessas línguas é tão pouco que dá a entender que essas instituições, e, por extensão, as igrejas às quais pertencem, já não acreditam que o conhecimento das línguas bíblicas contribua para um fazer teológico mais profundo e consistente. Quando esse assunto é abordado, vários argumentos são apresentados para justificar o corte do tempo investido no ensino e no estudo das línguas bíblicas: implica um custo muito alto para pouco rendimento, pois poucos(as) obreiros(as) usam essas línguas no seu trabalho cotidiano; para aprender bem uma língua, são necessárias muitas horas de prática e es-tudo, o que implicaria um aumento na grade curricular, que, por sua vez, aumentaria o tempo de estudo e, com isso, o custo dos estudos; poucas pessoas realmente têm interesse em aprender hebraico e grego; além dos argumentos apresentados anteriormente.

Eu quero, neste artigo, apresentar alguns argumentos e exemplos que se contrapõem ao exposto, pois eu acredito que o conhecimento de, pelo menos, hebraico e grego, conti-nua sendo crucial para um fazer teológico mais profundo, mais consistente, mais autôno-mo e mais contextualizado. Como eu sou professora de hebraico, muito do que apresento de comentários, exemplos e sugestões refere-se ao estudo do hebraico, porém uma boa parte do que vale em relação ao hebraico também diz respeito ao grego.

Primeiramente, apresento argumentos baseados no nosso legado da Reforma de Martim Lutero. Ao olharmos para Lutero e as origens do luteranismo, damo-nos conta de que as descobertas teológicas centrais do pensamento de Lutero são fruto do seu estudo das línguas originais da Bíblia, especialmente do hebraico. Por exemplo, a compreensão de Lutero sobre a justiça de Deus que reveste o ser humano tem a ver com a sua descoberta do sentido causativo dos troncos hif’il e hof’al de vários verbos.

As formas causativas, isto é, as formas do Hif’il e Hof’al, do verbo em hebraico, levaram Lutero à convicção de que as Escrituras Sagradas devem ser, em muitos casos, interpretadas causativamente, isto é, como algo induzido por Deus. Para aqueles que não tiveram o prazer de aprender Hebraico, quero dar um exemplo dessa forma verbal: “eu bati” é um indicativo, “fui atingida” é a voz passiva, “permiti bater” é o causativo. Siegfried Raeder, que em três volumes cuidadosamente analisou o uso que Lutero fez da língua hebraica, de 1509 até 1521, aponta corretamente para o fato de que, com este uso [do causativo], a pré-condição formal da compreensão da Reforma sobre a justiça de Deus foi estabelecida. Sendo que as formas do causativo transferem a causa para o centro, o Deus atuante é consequentemente transferido para o ponto central da teologia (JUNGHANS, 1992, p. 11).

A Reforma fundamenta-se nas descobertas feitas por Lutero pela maneira humanista com a qual ele releu a Bíblia, isto é, usando as línguas originais para ajudar na interpretação da Bíblia e dos outros escritos. Lutero considerou o grego e o hebraico “[...] as bainhas onde está o facão do Espírito (Santo). Eles são o armário onde está esta pedra preciosa (= Evan-gelho). Eles são o vaso onde está esta bebida (= Evangelho). Elas são a despensa onde está este alimento (= Evangelho)” (WEIMARER, apud BAESKE, 1986, p. 78).

O Pastor Albérico Baeske afirma que, no entendimento de Lutero, não era possível encon-trar o Evangelho sem essas línguas.

Elas são expressão da liberdade e da encarnação de Deus. Por um lado, documentam a comparência de Deus junto à humanidade e, por outro, a sua não disponibilidade para o bel-prazer dela. Por isso Lutero chamou o grego e o hebraico de “línguas santas” – santas por causa das Escrituras Sagradas. E ligou o amor ao Evangelho e a sua presença ao amor e à preservação destas [...] (BAESKE, 1986, p. 78-79).

Page 24: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

14

Já que amamos tanto o Evangelho, é preciso que nós nos exercitemos duramente nas (mencionadas) línguas [...] se perdemos as (essas) lín-guas – do qual Deus nos guarde – não só perderemos o Evangelho [...]. Por conseguinte, não permanecendo as (essas) línguas, desaparecerá, no fim, também o Evangelho (WEIMARER apud BAESKE, 1986, p. 79).

Para Lutero, não é possível fazer teologia sem filologia, isto é, sem o estudo e o uso dessas línguas (e do latim). Lutero lecionava o Antigo Testamento. Ele fazia parte da primeira ge-ração daqueles eruditos que reintroduziram o grego e o hebraico em adição ao latim no labor exegético. Portanto, estudar essas línguas faz parte do nosso ser luterano. Pergunto: com a maioria das grandes instituições teológicas luteranas cortando as horas dadas para essas línguas, o que acontece com a nossa herança luterana? Lutero estava sendo muito radical? Basta o que outros poucos especialistas têm a nos dizer? E como fica o sacerdó-cio de todos os crentes nessa situação?

Há a necessidade de estudar a Bíblia nas línguas originais, pois isso nos leva de volta para as raízes da fé bíblica [...]. O uso das línguas também é importante para pastores e outros, pois capacita muitos a participarem do trabalho da exegese e da interpretação bíblica. Essa é uma tarefa que não devia ser deixada para aqueles que lecionam em seminários teo-lógicos ou estão envolvidos na pesquisa teológica. A tarefa da exegese pertence à Igreja como um todo. Mesmo estudantes sem as línguas bíbli-cas têm percebido questões no texto que são significativas, avanços na interpretação de passagens bíblicas ou a integração de conceitos gerais dependem, em grande parte, daquilo que é dado nas línguas originais (JOHNSON apud HARMAN, 1991, p. 94).

Isso foi dito por um estudioso da Igreja Reformada dos tempos atuais. É verdade que Lutero limitaria este todo dizendo que “traduzir não é a habilidade de todo homem [...]. É necessário ter um coração correto, devoto, honesto, sincero, temeroso a Deus, Cristão, capacitado, infor-mado e com vivência”. Não é necessário ser um pesquisador especialista ou doutor. É neces-sário, sim, conhecer o pensamento hebreu e grego, bem como o da língua para a qual se está traduzindo, tão bem que seja possível transpor uma expressão em hebraico para um linguajar que um cidadão brasileiro, por exemplo, possa entender. Isso, sim, entre outras qualidades, é necessário para um(a) bom(boa) tradutor(a) e um(a) bom(boa) teólogo(a). Portanto, se quiser-mos fazer jus à nossa herança luterana, deveríamos, pelo menos nas instituições de formação teológica, dar mais atenção às línguas, tanto as bíblicas como o vernáculo.

Primeiramente, para que estudantes sintam que é importante estudar essas línguas, elas devem ser exigidas no decorrer de todo o estudo da teologia. Obviamente, em aulas de exegese deve ser exigida a tradução do original como parte do trabalho. Em outras disciplinas, deve ser incentivado, encorajado e elogiado o uso das línguas nas pesquisas de termos e de conceitos. Nos trabalhos de conclusão na área de Bíblia, deve ser exigido que se comprove o conhecimento das línguas.

Em segundo lugar, a Igreja deve incentivar seus obreiros e suas obreiras a usarem as lín-guas bíblicas no seu trabalho. Como pode fazer isso? Ela pode incentivar os sínodos e as comunidades a disponibilizarem tempo para que obreiros(as) possam se reunir para trabalhar juntos os textos do mês nas línguas originais. Poderia oferecer espaços e tempo (pago) para que os(as) obreiros(as) pudessem reaprender essas línguas. Obreiros(as) que já sabem as línguas devem ser encorajados(as) e incentivados(as) a usar esse conhecimento criativamente no seu trabalho pessoal e também em momentos oportunos com grupos na comunidade, através de canto ou de outras maneiras.

FONTE: Adaptado de KRAHN, M. A. W. O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essen-cial? Estudos Teológicos, v. 46, n. 1, p. 7-21, 2006. Disponível em: https://bit.ly/39a0EGi. Acesso em: 14 jan. 2020.

Page 25: ntrodução ao GreGo BíBlIco

15

Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• As origens da língua grega remontam ao grego micênico, período de 1500 a 1100 a.C.

• O Novo Testamento e a tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego (Septuaginta) foram escritos em grego Koiné.

• Anteriormente, existiam vários dialetos gregos: jônico-ático, arcado-cipriota, eólico e do grupo ocidental (grego do noroeste e dórico).

• A Septuaginta é a designação dada para a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento, feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do século III a.C. e no II a.C.

• Por meio do contato do grego clássico com as demais culturas e línguas da época, surgiu então o grego Koiné (comum). Embora a base de Koiné tenha sido o ático, foram eliminados os traços dialetais muito específicos (“aticis-mos”), de modo a ser uma linguagem padrão de uso universal.

• Para avançar no estudo da língua grega, algumas atitudes são imprescindí-veis: dedicar tempo; ter disciplina; perseverança; e propósito.

• Os materiais elementares para o estudo do grego Koiné são: o Novo Testamento Grego, o dicionário grego-português/português-grego, uma gramática do Novo Testamento Grego e uma boa gramática da Língua Portuguesa. No entanto, exis-tem muitos outros materiais, como concordâncias, léxicos, livros de análise, entre outros, que poderão somar e ser muito úteis no processo de aprendizagem.

• É importante a Igreja incentivar seus obreiros e suas obreiras a usarem as línguas bíblicas nos seus estudos e trabalho, pois, conforme Martinho Lutero, “há a necessidade de estudar a Bíblia nas línguas originais, pois isso nos leva de volta para as raízes da fé bíblica [...]”.

Page 26: ntrodução ao GreGo BíBlIco

16

1 A tradução mais antiga do texto hebreu do Antigo Testamento (escrito em hebraico) foi feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do século III a.C. e no início do século II a.C. Como é chamada a tradução do Antigo Testamento para a versão da língua grega?

a) ( ) Vulgata.b) ( ) Septuaginta.c) ( ) Torá.d) ( ) Koiné.

2 É interessante observar que a formação do povo grego ocorreu por uma mis-tura de invasores que vieram da região norte, com alguns povos que já ha-bitavam aquela região (hoje Grécia). Da mesma forma, é importante saber alguns aspectos da origem da língua grega. Analise as sentenças a seguir:

I- Devido ao contato do grego clássico com as demais culturas e línguas da época, surgiu então o grego Koiné (“comum”). A base do Koiné foi o ático.

II- As origens da língua grega se dão na época de Alexandre, o Grande, por volta de 500 a 400 a.C.

III- Existiram vários dialetos gregos, por exemplo: jônico-ático, arcado-ciprio-ta, eólico e do grupo ocidental (grego do noroeste e dórico).

IV- O grego Koiné apresentava muitas diferenças com relação ao grego clássico.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As alternativas I e III estão corretas. b) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas. d) ( ) As alternativas II e III estão corretas.

3 O estudo de uma língua requer alguns elementos por parte do estudante, para que haja uma boa aprendizagem. Para o estudante da língua grega, existem alguns elementos que são fundamentais para o processo de apren-dizagem. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Alguns elementos fundamentais para o aprendizado da língua grega são: ter um professor de origem grega, dispor de tempo para visitar a Grécia e falar inglês.

( ) Algumas atitudes são imprescindíveis para o estudante de grego avançar no conhecimento dessa língua: dedicar tempo, ter disciplina, perseveran-ça e propósito.

AUTOATIVIDADE

Page 27: ntrodução ao GreGo BíBlIco

17

( ) Os materiais elementares para o estudo do grego Koiné são: o Novo Testa-mento Grego, o dicionário grego-português/português-grego, uma gramáti-ca do Novo Testamento Grego e uma boa gramática da Língua Portuguesa.

( ) Existem muitos materiais, como concordâncias, léxicos, livros de análise, entre outros, que poderão somar e ser muito úteis no processo de apren-dizagem da língua grega.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – V.b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) V – F – V – F.

4 Ter acesso a materiais em grego ajudará muito a praticar a leitura e se fami-liarizar com o formato das letras. Outra vantagem é que você poderá fazer comparações e praticar a pronúncia das palavras. Assinale a alternativa so-bre qual dos materiais na sequência é uma boa sugestão nesse sentido:

a) ( ) Leitura de vários livros. b) ( ) Dicionário do Novo Testamento Grego. c) ( ) Sites de internet. d) ( ) Dicionários modernos.

5 Embora a base do Grego Koiné tenha sido o ático, foram eliminados os traços dia-letais (“aticismos”) muito específicos, de modo a ser uma linguagem padrão de uso universal. Assinale a alternativa que contém o significado da palavra Koiné:

a) ( ) Erudito.b) ( ) Comum.c) ( ) Intelectual.d) ( ) Acadêmico.

Page 28: ntrodução ao GreGo BíBlIco

18

Page 29: ntrodução ao GreGo BíBlIco

19

TÓPICO 2 — UNIDADE 1

ASPECTOS ESTRUTURAIS DO

GREGO KOINÉ

1 INTRODUÇÃO

Τὰ ἑλληνικὰ γράμματα (O alfabeto grego)

As palavras são compostas de sons em combinação e, para que sejam es-critas, empregam-se símbolos que representam esses sons. Esses símbolos são chamados de “letras”. Para aprender uma determinada língua, é necessário aprender a pronunciar e escrever suas letras. No caso da língua grega, algumas correspondem (parecidas) às da língua portuguesa, mas outras são totalmente diferentes. O estudante de grego precisa aprender a maneira de formar e escrever as letras gregas, o nome de cada letra e saber a pronúncia delas.

O alfabeto grego tem 24 letras. Como em português, elas se dividem em duas classes: vogais e consoantes. Em português, as vogais são: a, e, i, o, u. As demais letras são as consoantes. No alfabeto grego, as vogais são: “α” (alfa), “ε” (épsilon), “η” (êta), “ι” (iota), “ο” (õmicron), “υ” (upsilon) e “ω” (ômega).

É importante memorizar bem o nome de cada letra e praticar a sua escrita, a tal ponto que a pessoa possa formar cada letra com facilidade e nomeá-la sem hesitar. Da mesma forma, é necessário aprender as letras em ordem, pois isso será muito útil durante o uso de um dicionário.

Conhecendo as letras gregas e sabendo como pronunciá-las, você já pode se arriscar e tentar fazer a leitura do Novo Testamento. Logicamente, não vai en-tender tudo o que estiver lendo, mas o objetivo será treinar os olhos e os ouvidos quanto às letras e aos sons do grego e suas combinações em palavras.

As palavras são formadas por unidades sonoras, compostas por uma ou mais letras, chamadas de sílabas. Seu som é unitário, ou seja, é emitido de uma só vez. Uma sílaba pode ser formada por letras que soam sozinhas ou que se asso-ciam a outras, podendo haver junção de duas ou mais letras (GUILEY, 1993, p. 8).

A língua portuguesa e a língua grega pertencem à mesma família de lín-guas. Há, portanto, semelhança na estrutura gramatical de ambas. Quem entende bem a estrutura gramatical da língua portuguesa terá mais facilidade em aprender

Page 30: ntrodução ao GreGo BíBlIco

20

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

a língua e a estrutura gramatical grega. Nas duas línguas, as ideias são expressas pela ordem e pela relação das palavras que compõem a frase. Para manejar uma língua, é necessário saber a função de cada palavra dentro da frase ou sentença.

No decorrer deste tópico serão apresentadas várias informações a respeito do alfabeto grego. Em seguida, veremos os primeiros aspectos estruturais da lín-gua grega: ditongos, acentos, pontuação, gênero e número das palavras gregas.

2 A ORIGEM DO ALFABETO GREGO

As variantes locais do alfabeto grego foram empregadas na Grécia antiga durante os períodos clássicos arcaicos e iniciais, até que foram substituídas pelo clássico alfabeto de 24 letras, que é o padrão hoje, por volta de 400 a.C. Todas as formas de alfabeto grego foram originalmente criadas com base no inventário compartilhado dos 22 símbolos do alfabeto fenício (ROSA, 2015, p. 10).

O sistema conhecido como alfabeto grego, com 24 letras, foi originalmente a variante regional das cidades jônicas da Ásia Menor. Ele foi adotado oficial-mente em Atenas em 403 d.C. e, na maior parte do mundo grego, em meados do século IV a.C. (ROSA, 2015, p. 10).

Nos primórdios da cultura grega, podem ser citadas a civilização minoica, que se desenvolveu na ilha de Creta (de 3100 a 1100 a.C.) e a civilização micênica, no Peloponeso (1600a 1100 a.C.), que desenvolveram um sistema de escrita linear, chamadas, respectivamente, Linear A e Linear B. Posteriormente, os gregos aper-feiçoaram uma forma de escrita que deu origem ao alfabeto ocidental, derivada da escrita dos fenícios. Heródoto, na obra História, V, 58, explica a origem e a denominação das letras gregas, chamadas inicialmente de phoinikeia grámmata, letras fenícias (ROSA, 2015, p. 15).

De acordo com Alexandre Júnior (2003), o alfabeto grego tem praticamen-te 30 séculos de existência, visto que foi criado por volta do século VIII a.C. Para criar seu sistema de escrita, os gregos antigos adaptaram o alfabeto consonantal fenício, acrescentando um elemento novo: as vogais. Assim, o alfabeto grego aca-bou influenciando outros sistemas de escrita que combinam consoantes e vogais como o alfabeto latino (ALEXANDRE JÚNIOR, 2003, apud FILHO, 2019b, p. 26). Na Figura 7, você pode observar uma representação da origem de diversas lín-guas (inclusive o grego), oriundas do proto-indo-europeu.

Page 31: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

21

FIGURA 7 – PROTO-INDO-EUROPEU

FONTE: <https://bit.ly/2J1DrLz>. Acesso em: 14 jan. 2020.

Page 32: ntrodução ao GreGo BíBlIco

22

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

2.1 A REPRESENTAÇÃO DAS VOGAIS NO ALFABETO GREGO

Um ponto a ser destacado é que, além de indicar a origem fenícia do al-fabeto grego, houve uma adaptação na forma das letras. A maioria das letras do alfabeto fenício foram usadas no alfabeto grego para representar sons seme-lhantes que havia no grego, mas algumas adaptações foram necessárias e a mais significativa delas foi a representação das vogais.

De acordo com Rosa (2015, p. 15), a língua fenícia possuía uma série de con-soantes guturais inexistentes na língua grega. Dessa maneira, as letras fenícias que representavam essas consoantes foram utilizadas pelos gregos para a representação das vogais e, por isso, a escrita grega é considerada o primeiro alfabeto existente.

A escrita grega é considerada o primeiro alfabeto existente (ROSA, 2015, p. 15).

NOTA

A Figura 8 mostra as adaptações que foram feitas da língua fenícia para a língua grega.

Page 33: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

23

FIGURA 8 – ADAPTAÇÕES DO FENÍCIO PARA O GREGO

FONTE: <https://bit.ly/3fwRdlm>. Acesso em: 18 jan. 2020.

No período clássico, o alfabeto grego possuía 17 consoantes e 7 vogais, to-talizando 24 letras.

NOTA

3 O ALFABETO GREGO Você sabia que a palavra utilizada na língua portuguesa alfabeto deriva das

duas primeiras letras gregas: alfa e beta. Bem interessante, não acha? No decorrer dos estudos de grego, você irá perceber que existem muitas palavras na língua portuguesa cuja raiz procede da língua grega. Há estudos nas nossas gramáticas nessa área que são denominadas de palavras com origem em radicais gregos.

Os primeiros manuscritos em grego do Novo Testamento foram feitos so-mente em letras maiúsculas; posteriormente, convencionou-se utilizar as letras minúsculas – e até hoje assim ainda o são. De acordo com Sousa ([2007?], p. 4), os

Page 34: ntrodução ao GreGo BíBlIco

24

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

primeiros manuscritos do Novo Testamento grego que foram escritos em letras maiúsculas são chamados Unciais. Modernamente, porém, convencionou-se usar as letras minúsculas nos textos que são atualmente publicados, por isso o aluno deve se preocupar inicialmente na memorização deles.

Na Figura 9, são apresentados diversos aspectos do alfabeto grego, sendo que, na coluna denominada Maiúscula, é representado o formato da letra maiúscula em grego; na coluna Minúscula, o formato da letra minúscula em grego; na coluna Nome, o nome de cada letra; na coluna Transliteração, como a letra foi transliterado; na coluna Valor latim, como é a letra no formato latino; na coluna Palavra grega, há o exemplo da palavra escrita em grego; e, na coluna Tradução, a tradução para o por-tuguês. Ao visualizar a imagem, aproveite para memorizar algumas palavras gregas.

FIGURA 9 – ASPECTOS DO ALFABETO GREGO

FONTE: <https://bit.ly/2UZe0gy>. Acesso em: 2 fev. 2020.

Page 35: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

25

Tradução e transliteraçãoA tradução e a transliteração são dois processos distintos. No processo da tradução, é fornecido o significado de determinada palavra pertencente a outra língua. Por exemplo: κόσμος (em grego) significa “mundo” em português. Já na transliteração substitui-se os caracteres de determinado alfabeto pelos de outro – por exemplo, para transliterar a pa-lavra κόσμος para o alfabeto latino, os caracteres gregos da palavra são substituídos pelos latinos. Assim, κόσμος se transforma em cosmos (FILHO, 2019b, p. 101).

NOTA

A Figura 10 apresenta as letras gregas em maiúsculo, seguidas do formato minúsculo e, embaixo, o nome de cada letra. É importante, nesse momento, praticar a escrita para se familiarizar com a língua. Então, não perca tempo, escreva e reescreva várias vezes o alfabeto grego para memorizá-lo e se acostumar com cada letra.

FIGURA 10 – ALFABETO GREGO

FONTE: <https://bit.ly/3m1Ff63>. Acesso em: 28 jan. 2020.

Para facilitar a assimilação do alfabeto grego, observe e pratique o nome e a pronúncia das letras gregas conforme mostra o Quadro 1.

Page 36: ntrodução ao GreGo BíBlIco

26

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 1 – ALFABETO GREGO

Maiúscula Nome Minúscula PronúnciaΑ Alfa α a, como na palavra “gato”Β Beta β b, como na palavra “boi”Γ Gama γ g, como na palavra “gado”∆ Delta δ d, como na palavra “dedo”Ε Épsilon ε e, como na palavra “pé”Ζ Zeta ζ z, como na palavra “zebra”Η Eta η e, como na palavra “vêΘ Teta θ th, como na palavra inglesa “thank”Ι Iota ι i, como na palavra “mim”Κ Capa κ c, como na palavra “cor”Λ Lambda λ l, como na palavra “letra”Μ Mu μ m, como na palavra “mato”Ν Nu ν n, como na palavra “nada”Ξ Xi ou Ksi ξ x, como na palavra “fixo”Ο Ómicron ο ó, como na palavra “pó”Π Pi π p, como na palavra “pai”Ρ Ró ρ r, como na palavra “rato”Σ Sigma σ,ζ s, como na palavra “sim”Τ Tau τ t, como na palavra “tudo”Υ Úpsilon υ u, como na palavra francesa “tu”Φ Fi φ f, como na palavra “faca”

Χ Qui χ c, como na palavra “eco” ou ch na palavra alemã “ich”

Ψ Psi ψ ps, como na palavra “pseudo”Ω Omega ω o, como na palavra “dono”

FONTE: O autor

Observe que a letra Sigma tem duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no início ou no meio da palavra e a segunda (ς) no final da palavra. Outra observação im-portante é que, no caso das letras Qui (χ) e Psi (ψ), não há um correspondente no alfabeto latino, mas seus sons podem ser pronunciados no português. As grafias desses sons são formadas pela junção de determinadas letras, como é possível observar nas palavras quei-jo e psiquiatra. Já no caso da letra Xi ou Ksi, seu som pode ser representado em português pela letra “x”, como na pronúncia da palavra “léxico”.

NOTA

Page 37: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

27

Para reforçar o que foi mencionado anteriormente, é importante que, nesse pro-cesso de aprendizado do alfabeto da língua grega, o estudante aprenda, primeiramente, as letras minúsculas e as escreva repetidas vezes até reconhecer todo o alfabeto inteiro.

4 DITONGOS, ACENTOS E PONTUAÇÃO

4.1 DITONGOS

Como observado anteriormente, em português, as vogais são a, e, i, o, u. As demais são consoantes. No alfabeto grego, as vogais são α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).

As vogais η e ω são chamadas de vogais longas; as demais podem ser breves ou longas.

NOTA

Assim como no português, existe também a formação dos ditongos na língua grega. Os ditongos são a fusão de dois sons vogais em um só. A pronúncia dos ditongos em grego é apresentada no Quadro 2.

Vamos praticar um pouco? Leia as palavras em grego Koiné e depois transcreva para o português conforme o exemplo a seguir:

διά - κο - νος = diáconos

• διά - βο - λος = ..........................................................• γι - νώ - σκω = ..................................................................• Πά - σχα = ............................................................................• λό - γος = ..............................................................................• πνεύ - μα = ...........................................................................• ἄν - θρω - πος = ...................................................................• προ - φή - της = .....................................................................• Χρί - στος = ...........................................................................

DICAS

Page 38: ntrodução ao GreGo BíBlIco

28

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 2 – DITONGOS E SUA PRONÚNCIA

Ditongos PronúnciaMaiúsculas MinúsculasΑΙ αι Pronuncia-se “ai”, como na palavra “pai”ΑΥ αυ Pronuncia-se “au”, como na palavra “audaz”ΕΙ ει Pronuncia-se “ei”, como na palavra “sei”

ΕΥ ευ Pronuncia-se “eu”, como na palavra “neutro”, ou como “u” em “duro”

ΟΙ οι Pronuncia-se “oi”, como na palavra “boi”ΟΥ ου Pronuncia-se “u”, como na palavra “tu”ΗΥ ηυ Pronuncia-se “eu”, como na palavra “neutro”ΥΙ υι Pronuncia-se “ui”, como na palavra “fui”

FONTE: O autor

4.1.1 Iota subscrito

Frequentemente, encontram-se as vogais α, η e ω com um pequeno iota (ι) escrito embaixo. Ele é chamado de iota subscrito e o fato de estar ligado a uma vogal a torna também em um ditongo. Entretanto, o iota não altera a pronúncia das vogais, então ᾳ, ῃ e ῳ são pronunciados como a, e, o – ou seja, como vogais simples.

Quando a letra γ (gama) vem imediatamente antes de κ, γ, χ ou ζ, ela tem um som nasal. Por exemplo, a palavra ἄγκυρα terá a pronúncia “ancura” e a pa-lavra ἄγγελος será pronunciada “anguelos”.

4.1.2 Aspiração

Toda vogal que inicia uma palavra tem uma aspiração que se coloca em cima da letra. Há duas formas de aspiração: branda (leve) e áspera (forte). A aspiração bran-da é indicada pelo sinal (’), escrito sobre a vogal inicial (no caso de ditongo, sobre a segunda vogal), e não afeta a pronúncia da palavra. Por outro lado, a aspiração áspera indicada pelo sinal (‘) e colocada sobre a vogal inicial da palavra tem o valor de “h”, como na palavra em inglês “head”. É importante lembrar que, no grego, todas as pala-vras que começam com as letras ρ (rô) e υ (upsilon) sempre levam a aspiração áspera.

4.2 ACENTOS

Em relação à acentuação de palavras gregas, alguns aspectos devem estar bem claros, como os acentos que indicam apenas a sílaba tônica (forte). De acordo com Taylor (1990, p. 6), alguns aspectos devem calar bem na mente do aluno – a seguir, destacamos os mais importantes:

Page 39: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

29

• Há três acentos: o agudo (΄), o grave (`), e o circunflexo (^) e (~). • O acento se coloca em cima da sílaba acentuada e, no caso de cair sobre um

ditongo, é sempre escrito sobre a segunda vogal do ditongo. • A posição do acento é determinada pela última sílaba:

O Se a última sílaba for longa, o acento deve cair na última ou na penúl-tima sílaba.

O Se a última sílaba for breve, o acento pode cair na antepenúltima, na penúltima ou na última, porém nunca antes da antepenúltima.

• O acento de verbos geralmente é tão distante da última sílaba quanto possí-vel; por isso, é chamado de regressivo.

• O acento de substantivos geralmente segue o acento do nominativo tanto quanto for possível.

• Os acentos agudo e grave são colocados depois da aspiração; o circunflexo em cima. • Uma palavra enclítica é aquela pronunciada como se fosse parte da palavra

anterior e não leva acento. • Uma palavra proclítica perde seu acento na palavra sucessora. • Quando letras maiúsculas são acentuadas, a aspiração e o acento são coloca-

dos antes, e não em cima da letra.

4.3 PONTUAÇÃO

A pontuação em uma língua é extremamente necessária e importante. Ela es-clarece o sentido de uma frase, tirando dúvidas e dissipando qualquer confusão. Com isso em mente, veremos, a seguir, algumas informações sobre a pontuação utilizada nos textos gregos e sua relação com a pontuação da língua portuguesa (Quadro 3):

• O ponto final e a vírgula têm igual uso em grego que na língua portuguesa. • Em grego, um ponto alto (˙) no texto pode equivaler aos sinais de dois pontos,

ponto e vírgula e, até mesmo, exclamação utilizados na língua portuguesa. • O ponto e vírgula, no grego, equivale ao ponto de interrogação da língua portuguesa.

QUADRO 3 – PONTUAÇÃO GREGA

PONTUAÇÃO PORTUGUÊS GREGOVírgula , ,Ponto . .

Ponto e vírgula ; ˙Dois pontos : ˙Exclamação ! ˙

Ponto de interrogação ? ;FONTE: O autor

Page 40: ntrodução ao GreGo BíBlIco

30

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

Outro sinal gráfico importante é o trema. Em algumas palavras, ele é usado nas vogais ϊ e ϋ para indicar que elas deverão ser lidas separadamente, pois não são considera-dos ditongos (FILHO, 2019b, p. 108).

IMPORTANTE

Há uma diferença importante entre o alfabeto grego e o alfabeto da língua portuguesa: a letra ι (iota) não leva “pingo”, sendo usada de duas formas: adscrita, ou seja, ao lado de outra letra, ou subscrita em uma vogal longa, como em α, η, ω, como vimos anteriormente. Quando usada embaixo de uma vogal longa, o iota (ι) não é pronunciada e caracteriza o caso dativo no singular, que indica que a palavra é o objeto indireto do verbo, dentro de uma cláusula ou frase. Por exemplo, ἀλή-θεια (aleteia – a verdade) e ἄνθρωπῳ (antropo – ao homem; FILHO, 2019b, p. 101).

Cenatti (2014) conta a seguinte curiosidade a respeito de pontuação, que vale a pena ler para vermos a importância de um texto bem ou mal pontuado.

Como curiosidade, gostaríamos de inteirar que os sinais de pontuação começaram a surgir no século IV da era comum. Até então, os textos eram todos escritos com letras maiúsculas e com as palavras todas jun-tas. Assim, quem lia tinha que interpretar o que estava escrito. Verifique a dificuldade lendo a frase abaixo:“IDESVOLTARÁSNÃOMORRERASNAGUERRA”Observe agora a mesma frase com a correta pontuação e separação entre as palavras:“IDES! VOLTARÁS? NÃO, MORRERÁS NA GUERRA!”.Esta frase está escrita em grego no local do Oráculo de Delfos (século VII a.E.C.), na Grécia. É um dos lugares da Antiguidade em que se faziam pro-fecias consideradas divinas. Perceba que poderíamos, com dificuldade, in-terpretar a primeira escrita em letras maiúsculas: “Ides, voltarás, não mor-rerás na guerra”. Porém, os linguistas entendem que o correto seria mesmo: “Ides! Voltarás? Não, morrerás na guerra!” (CENATTI, 2014, p. 54).

5 GÊNERO E NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS

5.1 GÊNERO DAS PALAVRAS GREGAS

Na língua grega, geralmente, os substantivos do sexo masculino são mas-culinos e os femininos são femininos. Todavia, essa não é uma regra fixa. Muitas palavras não se encaixam nessas categorias, à semelhança do que acontece em português, como sol, mar, lápis, que são masculinas, e luz, árvore e mesa, que são femininas, mesmo sem ter nada relacionado a cada sexo.

Page 41: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

31

Na língua grega, há uma terceira classificação: o gênero neutro. As pala-vras neutras não são masculinas nem femininas.

Muitas vezes, o gênero da palavra é revelado por sua terminação, mas nem sempre é assim. A única maneira segura para o acadêmico identificar o gênero de uma palavra grega é observando o artigo usado com o seu nominativo singular.

Para localizar o artigo no dicionário, é necessário verificar a palavra, que é se-guida pelo respectivo artigo – masculino, feminino ou neutro.

ATENCAO

Os artigos masculino, feminino e neutro são representados por:

• Masculino (no singular): ο. • Feminino (no singular): η. • Neutro (no singular): το.

Lembrando que essas três formas estão no chamado nominativo singular (na continuidade dos estudos, você irá aprender esses casos no grego) e são aque-les apresentados no dicionário.

Os artigos funcionam na língua grega realmente como adjetivos, portanto sofrem flexão ou declinação como os substantivos. Por exemplo, o artigo acompanha o substantivo no nominativo, o artigo acompanha o substantivo no genitivo etc., isso significa que o estudante deve sempre declinar o artigo junto com o substantivo. Por exemplo, ὁ λόγος (caso no nominativo) e τοῦ λόγου (caso no genitivo).

5.2 O NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS Assim como no português, número se refere a singular ou plural. Isso pode ser

identificado por meio das terminações. No caso do português, as terminações revelam somente se as palavras estão no singular ou no plural – como gato (singular) e gatos (plural). Entretanto, no grego, as terminações revelam o número (singular ou plural) e o caso das palavras – isto é, cada uma dessas funções é denominada de “caso”, se está no nominativo, no genitivo, no dativo etc. (como você aprenderá mais adiante).

O número do substantivo (singular ou plural) corresponde ao número do verbo com que o ele está sendo usado. Por exemplo: se o verbo estiver com a

Page 42: ntrodução ao GreGo BíBlIco

32

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

terminação no singular, o substantivo tomará a terminação no singular; se estiver com a terminação no plural, o substantivo tomará a terminação no plural.

Por que familiarização com o alfabeto grego?

Com dedicação e estudos diários, pelo menos meia hora por dia e um bom método de grego clássico, é bem provável que você irá conseguir aprendê-lo. Contudo, para o falante de língua portuguesa, que no caso utiliza o alfabeto latino, é necessário dedicar razoável atenção durante o período inicial de aprendizagem. Observamos que mesmo os bons métodos disponíveis no mercado introduzem muito rapidamente o alfabeto grego e logo passam às questões grama-ticais, tais como casos, verbos, declinação de substantivos e tempos verbais – o que acaba por desmotivar as pessoas que se propõem a estudar o grego, principalmente de forma autodidata.

Considerando que o período inicial de aprendizagem do grego é de extrema importância, faz-se necessário realizar uma familiarização ao alfabeto a ser aprendido. Ela será funda-mental para sustentar a aprendizagem futura. Nesse sentido, esta pequena obra tem por objetivo tentar suprir tal deficiência inicial do aprendizado do grego clássico.

O método de familiarização que se propõe, aqui, parte da ideia de que o estudante já sabe grego sem nunca o ter estudado. Sim, a língua portuguesa herdou uma grande quantidade de radicais gregos de forma que falamos grego sem mesmo ter consciência disso.

Nesse momento inicial, é quando as pessoas devem se encantar pela aprendizagem. O ser humano sente-se estimulado a aprender quando constata que já conhece um pouco daquilo que está sendo ensinado.

Assim, ao procurar desenvolver a familiarização do aprendente com o alfabeto grego, ten-taremos entusiasmá-lo a lançar fora os preconceitos e ideias do tipo: “grego é muito difícil”, “parece que as letras estão de cabeça para baixo”, “não sou bom para aprender idiomas”.

O ponto inicial de familiarização ao alfabeto grego sempre será o alfabeto da língua por-tuguesa. Ou seja, segue deforma geral em sentido contrário à maioria dos métodos de aprendizagem da língua grega.

A proposta de aprendizagem se dará, dessa maneira, pelos seguintes motivos:

• O aprendente não deve sentir que um idioma externo está se impondo ao seu idioma materno. Quando se parte do idioma materno para o idioma externo, a percepção é de receptividade e não de imposição. Geralmente, as pessoas têm uma “natural” pre-disposição contra aquilo que é imposto, do que vem de fora.

• O aprendente precisa ser estimulado a acreditar que já sabe parte daquilo que vai ser ensinado, pois isso pode ser útil para prender sua atenção já que ele se sentirá apto a tentar deduzir o que está sendo ensinado.

• É fácil associar uma letra do alfabeto português que se conhece a uma letra do alfa-beto grego e vice-versa.

FONTE: Adaptado de CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutó-rios para iniciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014. Disponível em: https://bit.ly/2UUccFo. Acesso em: 22 dez. 2019.

INTERESSANTE

Page 43: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

33

A seguir, há uma lista de palavras com a respectiva tradução para você memorizar. Isso é importante para a aquisição de vocabulário grego e, ao mesmo tempo, memorização de significados, bem como prática de leitura. Sugerimos que você escreva essas palavras em locais que sejam mais práticos para ter à mão, a fim de, durante o dia, relembrá-las e praticá-las.

• Θεός = Deus.• λόγος = palavra, verbo.• ἀγάπη = amor.• αδελφός = irmão.• λαός = povo.• ἱερόν = templo.• υἱός = filho.• δοῦλος = servo, escravo.• διδάσκω = eu ensino.• βαπτίζω = eu batizo, mergulho.

DICAS

Page 44: ntrodução ao GreGo BíBlIco

34

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• No período clássico, o alfabeto grego possuía 17 consoantes e 7 vogais; ao todo, 24 letras.

• Como em português, as letras do alfabeto grego se dividem em duas classes: vogais e consoantes. No alfabeto grego, as vogais são: α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).

• A língua portuguesa e a língua grega pertencem à mesma família de línguas. Há, portanto, semelhança em suas estruturas gramaticais. Quem entende bem a estrutura gramatical da língua portuguesa terá mais facilidade em aprender a língua e a estrutura gramatical grega.

• Cada uma das letras do alfabeto grego, tanto no formato maiúsculo como minús-culo, e ainda a transliteração das letras para o português e os sons de cada uma.

• Iota subscrito: vogais α, η e ω com um pequeno ι escrito embaixo da letra, o qual é chamado de iota subscrito.

• A letra sigma apresenta duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no começo ou no meio das palavras e a segunda (ς) no final das palavras.

• A formação dos ditongos e como são empregados os acentos e a pontuação na língua grega.

• Geralmente, os substantivos do sexo masculino são masculinos e os do femi-nino são femininos. Há também uma terceira classificação – o gênero neutro. As palavras neutras não são masculinas nem femininas.

• • Assim como na língua portuguesa, número se refere a singular ou plural. En-

tretanto, as terminações revelam tanto o número (singular ou plural) quanto o caso das palavras – isto é, se está no nominativo, no genitivo, no dativo etc.

• A familiarização da língua portuguesa com a grega, pelo fato de a língua portuguesa ter muitos radicais de origem grega, o que pode facilitar o apren-dizado do idioma.

Page 45: ntrodução ao GreGo BíBlIco

35

1 O primeiro passo para a aprendizagem da Língua Grega (como também em qualquer outra língua) é conhecer e se familiarizar com o alfabeto grego. Escre-va o alfabeto grego em letras maiúsculas e minúsculas. Aproveite para fixar a grafia de cada letra e pronunciar os respectivos sons de cada uma delas.

a) Letras maiúsculas: b) Letras minúsculas:

2 Cada alfabeto possui uma determinada quantidade de letras, que normal-mente são distribuídas em consoantes e vogais. Assinale a alternativa que contém quantas letras compõem o alfabeto grego:

a) ( ) 24 letras – 17 consoantes e 7 vogais. b) ( ) 23 letras – 17 consoantes e 6 vogais. c) ( ) 26 letras – 19 consoantes e 7 vogais. d) ( ) 27 letras – 20 consoantes e 7 vogais.

3 Como em português, as letras do alfabeto grego se dividem em duas clas-ses: vogais e consoantes. Conhecer e assimilar cada uma é importante em vários aspectos, como na utilização do dicionário. Com relação às vogais do alfabeto grego, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron) e ω (ômega).b) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), β ( beta) e ω (ômega).c) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).d) ( ) α (alfa), ε (épsilon), ι (iota), ο (õmicron) e ω (ômega).

4 No estudo das letras do alfabeto grego, assim como em todas as línguas, encon-tramos determinadas peculiaridades. Entretanto, são essas peculiaridades que, muitas vezes, confundem e trazem dificuldades para alguns estudantes. Com relação às letras do alfabeto grego, analise as sentenças a seguir:

I- O iota subscrito: vogais α, η e ω com um pequeno ι embaixo da letra são chama-dos de iota subscrito. É muito comum encontrá-lo nas palavras em grego.

II- A letra sigma apresenta duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no começo ou no meio das palavras e a segunda (ς) no final das palavras.

III- A letra sigma apresenta três formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no começo; a segunda (ς) no final das palavras; e a terceira (ζ) no meio da frase.

IV- A letra π, quando usada entre duas vogais, muda seu formato, dessa for-ma, perde o sentido da sua pronúncia.

AUTOATIVIDADE

Page 46: ntrodução ao GreGo BíBlIco

36

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. b) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas. c) ( ) As alternativas I e II estão corretas. d) ( ) As alternativas III e IV estão corretas.

5 O conhecimento dos diversos aspectos gramaticais, ortográficos e funcio-nais de uma língua é primordial para a assimilação mais aprofundada do seu uso e funcionamento. Portanto, determinados aspectos do grego Koiné serão extremamente relevantes para aqueles que avançarão nos seus estu-dos. Sobre o exposto, leia as sentenças a seguir e classifique V para as sen-tenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Geralmente, os substantivos do sexo masculino são masculinos e os do feminino são femininos. Há também uma terceira classificação – o gênero neutro. As palavras neutras não são masculinas nem femininas.

( ) Assim como na língua portuguesa, na língua grega, número se refere a singular ou plural. Entretanto, as terminações revelam tanto o número (singular ou plural) quanto o caso das palavras – isto é, se está no nomi-nativo, no genitivo, no dativo etc.

( ) Não existem ditongos na língua grega, diferentemente da língua portu-guesa, que faz muito uso deles.

( ) Existe uma familiarização da língua portuguesa com a grega, pelo fato de a língua portuguesa ter muitos radicais de origem grega, o que pode facilitar o aprendizado do idioma.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V.b) ( ) V – F – V – V.c) ( ) F – V – V – F.d) ( ) F – F – V – V.

Page 47: ntrodução ao GreGo BíBlIco

37

TÓPICO 3 — UNIDADE 1

ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS

NO GREGO KOINÉ

1 INTRODUÇÃO

ἐγὼ τὸ Ἄλφα καὶ τὸ Ὤ, ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος, ἡ ἀρχὴ καὶ τὸ τέλος. Eu (sou) o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap. 22:13)

Agora que você já se familiarizou com o alfabeto e com algumas palavras em grego, bem como com a sua pronúncia, veremos, a seguir, o artigo e o seu fun-cionamento na língua grega. Em seguida, descreveremos o substantivo na língua grega. Ao final deste tópico, observaremos o funcionamento das declinações.

Novamente, recorda-se, nesse momento, que é necessário manter o foco e a dedicação nos estudos. Esta disciplina é diferente das demais, no sentido de exigir um esforço diário e constante para obter, pelo menos, as noções básicas do grego Koiné. São essas ações diárias e práticas que farão diferença no seu aprendizado.

2 O ARTIGO Na língua grega, o uso do artigo adquire uma função muito peculiar, dife-

rente de outras línguas (GUILEY, 1993, p. 22). Tão variado é seu uso que se torna difícil descobrir regras para definir sua função. Basicamente, o artigo serve para definir ou identificar. É qual dedo apontando numa direção.

Na língua portuguesa, conforme Cegalla (2010, p. 153), “artigo é uma pa-lavra que antepomos aos substantivos para dar aos seres um sentido determi-nado ou indeterminado”. Como sabemos, em português, os artigos podem ser definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas).

No grego, há apenas um tipo de artigo, o definido. A falta do artigo é suprida pelo emprego do número um. O fato de não haver regras fixas sobre o uso do artigo não deve levar à conclusão de que a sua presença ou ausência não tem importância. Quando uma pessoa grega usa o artigo, ela tem um motivo e, quando deixa de usá-lo, também o tem. O motivo está em sua mente, e não em regras gramaticais (GUILEY, 1993, p. 25).

De modo geral, a presença do artigo com o substantivo expressa identidade ou distinção, enquanto a ausência do artigo expressa a qualidade do substantivo. Segundo Guiley (1993, p. 22), no estudo do Novo Testamento, o acadêmico deve prestar atenção ao uso do artigo até criar uma sensibilidade nessa parte importante da língua grega.

Page 48: ntrodução ao GreGo BíBlIco

38

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

O uso do artigo grego não corresponde ao que é empregado em portu-guês. O aluno descobrirá que, no Novo Testamento, há muitas passagens em que o artigo é usado e, na tradução para o português, ele foi omitido, pois, se fosse incluído, não faria bom senso (GUILEY, 1993, p. 23).

Em relação ao uso do artigo na língua grega, um guia geral, que pode ser útil, é ter em mente que sua presença identifica ou distingue uma coisa ou uma pessoa das demais, enquanto sua ausência faz sobressair a qualidade do substantivo.

Também podemos dizer que, com o uso do artigo, o substantivo é definido e, quando não utilizado, pode ser definido ou indefinido.

NOTA

“Robertson declara que ‘o desenvolvimento do artigo grego é um dos fa-tos mais interessantes na língua humana’. Era primitivo pronome demonstrativo (ver At. 17:28) e sempre reteve um pouco de sua antiga força demonstrativa – aponta, designa, separa e distingue” (TAYLOR, 1990, p. 194).

Nesse sentido, Taylor (1990) destaca que:

Embora não nos pareça, o grego sempre teve ideia definida quando usava o artigo, e a conformidade das nossas versões do N. T. com o original é essencial; e a falta da tradução do artigo, ou a tradução na versão do artigo que não existia no grego, é a fraqueza mais notável de quase todas as versões nas línguas modernas. O latim não tinha artigo definido. Por isso as traduções da Vulgata, ou as por esta versão influenciadas, são defeituosas na tradução do artigo grego. É essencial esforçarmo-nos para alcançar o ponto de vista grego. Nunca devemos falar de “omissão do artigo”. O grego não omitiu o que é diferente no nosso idioma, mas escreveu segundo a sua própria índole. Se não há artigo, é porque não lhe era natural usá-lo (TAYLOR, 1990, p. 195).

No Quadro 4, é possível observar os artigos gregos masculinos no singu-lar e no plural (terminados em ο) e suas declinações.

Page 49: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

39

QUADRO 4 – ARTIGOS MASCULINOS

Caso Singular PluralNominativo ὁ οἱ

Genitivo τοῦ τῶν Ablativo τοῦ τῶνDativo τᾡ τοῖς

Instrumental τᾡ τοῖςLocativo τᾡ τοῖς

Acusativo τόν τοῦς Vocativo − −

FONTE: O autor

No Quadro 5, são apresentados os artigos femininos no singular e no plu-ral (terminados em η) e suas declinações.

QUADRO 5 – ARTIGOS FEMININOS

Caso Singular PluralNominativo ἡ αἱ

Genitivo τῆς τῶνAblativo τῆς τῶνDativo τᾑ ταῖς

Instrumental τᾑ ταῖςLocativo τᾑ ταῖς

Acusativo τήν τάς Vocativo − −

FONTE: O autor

No Quadro 6, podemos ver os artigos neutros no singular e no plural (ter-minado em το) e suas declinações.

Page 50: ntrodução ao GreGo BíBlIco

40

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 6 – ARTIGOS NEUTROS

Caso Singular PluralNominativo τό τά

Genitivo τοῦ τῶνAblativo τοῦ τῶνDativo τᾡ τοῖς

Instrumental τᾡ τοῖςLocativo τᾡ τοῖς

Acusativo τό τά Vocativo − −

FONTE: O autor

No dicionário, a artigo aparece logo após a palavra. O caso do artigo sempre corresponde ao caso do substantivo. Por exemplo: θεός, ὁ.

NOTA

3 O SUBSTANTIVO Substantivo é a palavra pela qual nomeamos os seres em geral, bem como

ideias e coisas concretas e abstratas. Por exemplo, na frase: “a pessoa que crê em Jesus Cristo tem a salvação eterna”, as palavras pessoa, Jesus Cristo e salvação são substantivos, pois são os nomes que damos a coisas ou pessoas.

De acordo com Cegalla (2010, p. 128), os substantivos são palavras que designam seres. Eles podem ser divididos em: comuns, próprios, concretos, abs-tratos, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos.

Cada substantivo tem uma função específica na frase, conforme sua rela-ção com outras palavras da frase. Como vimos, no idioma grego, cada uma des-sas funções é denominada de “caso”. Os casos na língua grega são:

• Nominativo.• Genitivo. • Ablativo. • Dativo. • Instrumental. • Locativo.

Page 51: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

41

• Acusativo. • Vocativo.

A forma da palavra normalmente varia conforme o caso em que ela se en-contra. Chama-se “declinação” ou “flexão” a mudança que as palavras sofrem em relação aos casos vistos. Destaca-se que, na língua grega, todos os substantivos, pronomes, adjetivos e particípios estão sujeitos às declinações ou flexões.

Diferentemente do grego, na língua portuguesa, embora os substantivos te-nham funções nas frases e orações, não os denominamos como “casos”. Também, em nossa língua, a forma da palavra não varia conforme a sua função. Às vezes, a função requer uma preposição junto ao substantivo, mas a sua forma continua igual.

Como na língua grega a palavra se modifica de acordo com a sua função, em uma frase, precisamos observar duas partes em cada palavra:

• A parte que não sofre alteração, que é chamada de “radical”. • A parte que varia e revela o caso da palavra, que é chamada de “terminação”.

3.1 OS CASOS NA LÍNGUA GREGA

Diferentemente da língua portuguesa, que segue uma determinada sequência na estrutura de uma sentença ou frase (sujeito + verbo + predicado), isso não acontece no grego. Observe a seguinte frase: “O menino pegou o gato”.

• Sujeito: “o menino”.• Verbo: “pegou”.• Objeto direto: “o gato”.

Se fizermos uma inversão, isto é, “o gato pegou menino”, teremos uma mudança nas funções das palavras, consequentemente, também alteramos o sen-tido do texto e, em muitos casos, a frase pode até nem fazer sentido.

Essa é a diferença em relação à língua grega. No grego, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. Isso porque as palavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os objetos diretos e indiretos do verbo (FILHO, 2019b, p. 121).

Page 52: ntrodução ao GreGo BíBlIco

42

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As palavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os objetos diretos e indiretos do verbo.

NOTA

Graças aos casos da língua grega, esse idioma é um dos mais precisos que existem, pois eles fornecem a informação da classe gramatical das palavras na ora-ção. É como se fosse feita a análise sintática no próprio ato da escrita – ao olhar para uma frase grega, de imediato, percebe-se a função de cada palavra, o que propor-ciona vantagem singular ao estudo dessa língua (FERNANDES, 2020, p. 22).

Portanto, é preciso distinguir qual é o sujeito e quais são os objetos, direto ou indireto, por meio dos chamados “casos da língua grega”. Vamos estudar cada um deles em seguida.

No grego, os casos estão presentes em várias categorias de palavras, como substantivos, adjetivos e até alguns modos verbais que são transformados em substantivos. Eles irão determinar, por exemplo, a função do substantivo em determinada frase ou ora-ção: sujeito, objeto direto, objeto indireto, posse e invocação ou chamamento. São muitas as suas funções, mas essas são as mais básicas.

NOTA

3.1.1 Nominativo O caso está no nominativo quando o sujeito do verbo está fazendo ou

recebendo a ação. No exemplo, “A mulher limpou o armário”, o substantivo “mu-lher” é o sujeito do verbo, apontando quem fez a ação do verbo “limpou”. Então, na língua grega, o caso estará no nominativo.

3.1.2 Genitivo

É o caso que indica posse, isto é, algo ou alguma coisa pertence a alguém ou a algo. Como exemplo, podemos citar a frase: “O vento levou o lenço da menina”.

Page 53: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

43

Na língua grega, “menina” estará no caso genitivo, pois o lenço pertence àquela menina, ou seja, é de propriedade da menina.

3.1.3 Ablativo

É o caso que indica “origem” ou “fonte” e, por isso, responde à pergunta: “de onde?”. Observe o seguinte exemplo em português: “o jovem tirou o livro da estante”. Na língua grega, a palavra “estante” estará no ablativo, pois indica a “origem” ou “fonte” de onde o livro foi tirado.

3.1.4 Dativo

É o caso que indica o interesse pessoal, aproximando-se, mais ou menos, ao objeto indireto da língua portuguesa, que faz uso das preposições “a” e “para” nessas ocorrências. A ideia é de destinação: “a quem”, “para quem” ou “ao que” se dirige a ação do verbo. Veja um exemplo: “Escrevi ao amigo”. A palavra “amigo”, nesse caso, estará no dativo, pois revela quem tem interesse pessoal na ação do verbo.

3.1.5 Instrumental

Indica com o que a ação do verbo foi feita, daí o termo instrumental. Note o exemplo no português: “o marceneiro pregou o prego com o martelo”. Aqui, fica bem fácil compreender que a palavra “martelo” se refere ao instrumento usado para fazer a ação do verbo. Assim, na língua grega, esse é um caso instrumental.

3.1.6 Locativo

Indica onde a ação do verbo foi feita, relacionada à ideia de local. Por exemplo, na frase: “O príncipe se assenta no trono para julgar”, a palavra “trono”, na língua grega, estará no locativo, pois responde à pergunta “onde?”

3.1.7 Acusativo

Apresenta semelhança com o objeto direto na língua portuguesa. No exemplo: “A menina feriu a mão com a faca”, note que a ação do verbo “feriu” atingiu a mão, ou seja, esta recebeu diretamente a ação do verbo. Dessa forma, em grego, estará no caso acusativo.

Page 54: ntrodução ao GreGo BíBlIco

44

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

3.1.8 Vocativo

Por ser bem específico, é mais fácil de identificar, assim como na língua portuguesa. Refere-se a um chamamento ou invocação. No exemplo: “És indes-culpável quando julgas, ó homem”, a expressão “ó homem” é um exemplo do uso do vocativo também na língua grega. Entretanto, quando estudamos o Novo Testamento, não encontramos muitos casos de vocativos.

Pode-se observar um resumo com os detalhes de cada um desses casos da língua grega no Quadro 7.

QUADRO 7 – OS CASOS NA LÍNGUA GREGA

Caso Funções Exemplo em português

Exemplo em grego

Nominativo Sujeito do verbo, predicati-vo do sujeito O homem ὁ ἄνθρωπος

Genitivo Posse, pertencimento Do homem τοῦ ἀνθρώπου

Ablativo Origem, fonte – “de onde?” Do homem τοῦ ἀνθρώπου

Dativo Objeto indireto – para quem, a quem, interesse pessoal

Para o, ou ao homem τᾡ ἀνθρώπῳ

Instrumental Instrumento, ideia do meio – “com quê?”

Com o, ou pelo homem τᾡ ἀνθρώπῳ

Locativo Ideia de lugar e tempo, concreto – “onde?”

No, ou ao homem τᾡ ἀνθρώπῳ

Acusativo Objeto direto, recebe a ação do verbo O homem τὸν ἄνθρωπον

Vocativo Chamamento, invocação Ó homem ἄνθρωπε

FONTE: O autor

Observe o exemplo e a análise das palavras em grego “ὁ ἄνθρωπος ἄγει τὸν υἱόν τᾡ ἱερῳ”, que significam “O homem leva o filho ao templo”.

Page 55: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

45

QUADRO 8 – ANÁLISE DE CASOS EM GREGO

Palavra em grego

Classe gramatical em português Caso em grego Função

ὁ ἄνθρωπος Artigo + substantivo Caso nominativo

Trata-se do sujeito da frase

τὸν υἱόν Artigo + substantivo Caso acusativo Trata-se do objeto da frase

τᾡ ἱερῳ Artigo + substantivo Caso dativo Trata-se do objeto indireto da frase

ἄγει Verbo, terceira pes-soa – Presente do indicativo,

no singularFONTE: O autor

4 AS DECLINAÇÕES EM GREGO

Há no grego três sistemas de declinação de substantivos (Quadro 9).

QUADRO 9 – DECLINAÇÃO DE SUBSTANTIVOS

Declinação TemaPrimeira declinação Tem o tema em “α”, alfaSegunda declinação Tem o tema em “ο”, ómicronTerceira declinação Tem o tema em consoante

FONTE: O autor

4.1 A SEGUNDA DECLINAÇÃO

Embora iniciar pela segunda declinação, em vez da primeira, possa parecer estranho, a segunda apresenta menos variações que as outras, sendo comumente en-sinada em primeiro lugar. Suas variações são causadas principalmente pelo acento.

Quase todas as palavras na língua grega, quando escritas, são acentuadas. O acento é colocado sobre a sílaba tônica. Entretanto, é importante destacar que, somente uma das últimas três sílabas pode receber acento. Nesse sentido há três formas de acento:

• O acento grave, conforme já mencionado, apresenta o formato de “`”. Esta forma pode aparecer somente sobre a última sílaba ou sobre monossílabos tônicos e apenas quando a palavra que leva esse acento for seguida por outra.

• O acento circunflexo pode ter formato de acento circunflexo ou til (~). No caso do acento circunflexo, ele pode ser usado somente sobre a última ou pe-núltima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou um ditongo longo.

Page 56: ntrodução ao GreGo BíBlIco

46

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

Lembre-se de que as vogais longas são η e ω. Em alguns momentos, outras vogais podem ser consideradas longas.

• O acento agudo (´) pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas.

Nos substantivos, o acento pode permanecer sobre a mesma sílaba acentuada no nominativo singular. É essa a forma que você, acadêmico, encontrará no dicionário. Por isso, é necessário aprender a observar a posição do acento no nominativo singular.

Veremos, a seguir, alguns exemplos das declinações em artigos, observan-do como elas ocorrem na prática.

4.1.1 Segunda declinação – acento agudo na penúltima sílaba

Declinação de um substantivo da segunda declinação que tem acento agudo sobre a penúltima sílaba.

QUADRO 10 – DECLINAÇÃO DE ACENTO AGUDO NA PENÚLTIMA SÍLABA

Caso Singular Tradução Plural Tradução

Nominativo ὁ λόγος a palavra οἱ λόγοι as palavras

Genitivo τοῦ λόγου de palavra τῶν λόγων de palavras

Ablativo τοῦ λόγου de palavra τῶν λόγων de palavras

Dativo τᾡ λόγῳ a ou para palavra τοῖς λόγοις a ou para

palavras

Instrumental τᾡ λόγῳ com ou por palavra τοῖς λόγοις com ou por

palavras

Locativo τᾡ λόγῳ em ou a uma palavra τοῖς λόγοις em ou a

palavrasAcusativo τὸν λόγον uma palavra τοῦς λόγους palavras

Vocativo λόγε ó palavra λόγοι ó palavras

FONTE: O autor

Observe, no Quadro 10, que o acento no nominativo está sobre a penúlti-ma sílaba e na forma aguda. O acento fica sobre a mesma sílaba pela declinação, mudando somente quando obrigado. Na declinação da palavra “λόγος”, não há motivo para o acento se deslocar, de modo que ele permanece sobre a penúltima sílaba em toda a declinação.

Page 57: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

47

O acento do artigo nos casos do genitivo, do ablativo, do dativo, do ins-trumental e do locativo, tanto no singular como no plural, é o circunflexo, por es-tar sobre vogais longas ou ditongos longos. Já o acusativo singular e plural toma a forma grave do acento. Os artigos nominativos singular e plural não têm acento, mas levam a aspiração forte.

Quase todos os substantivos cujo nominativo singular terminam em “ος” são masculinos, sendo todos da 2ª declinação. A declinação da palavra “λόγος” é um exemplo de todos os substantivos da 2ª declinação que têm o acento agudo sobre a penúltima sílaba no nominativo singular. É muito importante exercitar isto para gravar bem cada um dos casos.

4.1.2 Segunda declinação – acento agudo na última sílaba

Declinação de um substantivo da segunda declinação com o acento agudo sobre a última sílaba (ἀδελφός).

A partir do exemplo que foi dado sobre a segunda declinação, faça o mesmo com a palavra:

ὁ κόσμος (o mundo)

DICAS

Caso Singular Tradução Plural Tradução

Nominativo ὁ κόσμος

Genitivo

Ablativo

Dativo

Instrumental

Locativo

Acusativo

Vocativo

FONTE: O autor

Page 58: ntrodução ao GreGo BíBlIco

48

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 11 – DECLINAÇÃO DE ACENTO AGUDO NA PENÚLTIMA SÍLABA

Caso Singular Tradução Plural Tradução

Nominativo ὁ ἀδελφός o irmão ὁι ἀδελφοί os irmãosGenitivo τοῦ ἀδελφοῦ do irmão τῶν ἀδελφῶν dos irmãosAblativo τοῦ ἀδελφοῦ do irmão τῶν ἀδελφῶν dos irmãos

Dativo τᾡ ἀδελφᾡ a ou para o irmão τοῖς ἀδελφοῖς a ou para

irmãos

Instrumental τᾡ ἀδελφᾡ com ou por irmão τοῖς ἀδελφοῖς com ou por

irmãos

Locativo τᾡ ἀδελφᾡ em ou a um irmão τοῖς ἀδελφοῖς em ou a

irmãosAcusativo τὸν ἀδελφόν um irmão τοῦς ἀδελφοῦς uns irmãos

Vocativo ἀδελφέ ó irmão ἀδελφοί ó irmãos

FONTE: O autor

Observe que o artigo é o mesmo. O artigo masculino sempre permanece o mesmo para todas as palavras masculinas, independentemente de sua declinação. As formas da flexão dos substantivos de segunda declinação são sempre as mesmas. A única diferença entre a declinação de ο λόγος e ὁ ἀδελφός é a posição do acento.

A regra sobre o acento é: quando a última sílaba for acentuada e essa vogal for breve, o acento será agudo. Ele se torna grave quando diante de ou-tra palavra. Quando a última sílaba é uma vogal longa ou um ditongo longo, o acento sobre ela é circunflexo. Essa modificação de acento é a única diferença na declinação dessas duas classes de palavras da segunda declinação.

A partir do exemplo que foi dado sobre a segunda declinação, faça o mesmo com a seguinte palavra:

ὁ θεός (o Deus)

DICAS

Caso Singular Tradução Plural Tradução Nominativo ὁ θεός

GenitivoAblativo

Page 59: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

49

FONTE: O autor

O gênero da palavra é indicado pelo artigo, por isso é importante o estu-dante decorar a flexão do artigo. No Quadro 12, é possível comparar o artigo dos três gêneros (masculino, feminino e neutro).

QUADRO 12 – DECLINAÇÃO DO ARTIGO

SINGULAR MASCULINO FEMININO NEUTRONominativo ὁ ἡ τό

Genitivo/ablativo τοῦ τῆς τοῦDativo/instrumental/

locativo τᾡ τᾑ τᾡ

Acusativo τόν τήν τό

PLURAL

Nominativo οἱ αἱ τάGenitivo/ablativo τῶν τῶν τῶν

Dativo/instrumental/locativo τοῖς ταῖς τοῖς

Acusativo τοῦς τάς τά

FONTE: Guiley (1993, p. 58)

Na próxima unidade, serão abordadas as outras declinações e serão vistos exemplos de como acontecem e são declinados.

Dativo Instrumental

Locativo Acusativo Vocativo

Page 60: ntrodução ao GreGo BíBlIco

50

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

LEITURA COMPLEMENTAR

Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental

Rosa Rossi

O estudo de uma língua diferente da própria é um instrumento fundamental na ativação de processos de comunicação de todos os tipos. O conhecimento de uma língua estrangeira permite ampliar a própria dimensão cultural através da leitura de textos na língua originária, a compreensão de emissões radiofônicas e televisivas de outros países, a possibilidade de se comunicar com outras pessoas de forma escrita.

Esse processo elimina gradualmente a necessidade de definir “estrangeira” uma língua, permitindo, ao mesmo tempo, dilatar as coordenadas espaciais de quem se aplicou ao seu estudo.

Esse tipo de dimensão se oferece aos que enfrentam o estudo de uma língua para a ativação de todas as habilidades linguísticas com vistas à aprendizagem completa. Mas, às vezes, a aprendizagem pode ser restrita à ativação de uma habilidade: é o caso dos cursos instrumentais. O objetivo de tais cursos é dirigido, geralmente, à aquisição da capacidade de leitura de um texto, juntamente com a capacidade de acompanhar, por exemplo, uma conferência sobre um assunto específico.

O estudo instrumental revela-se proveitoso em todas as circunstâncias em que um estudante ou um profissional precisam pôr-se em contato com textos e manuais em uma língua diferente da própria, mas básicos para sua atividade de estudo ou trabalho, quando não há traduções devido à especificidade do assunto e ao inevitável vínculo entre tradução/publicação/mercado [...].

Alguns exemplos podem evidenciar a importância histórico-cultural de um curso instrumental de língua grega:

História gr. Ιστσρία; radical i.e. nid (cf. port. ver, it. vedere, fr. voire etc.). O sen-tido originário do termo é “descrição, pesquisa” e remonta ao século IV a.C., quando, devido às mudanças sociais e econômicas relativas à estabilização da polis e ao tráfico comercial na área mediterrânea, di-fundiu-se entre os gregos o costume de descrever lugares e povos. Nos séculos seguintes, o termo assumiu o sentido que manteve no tempo, com respeito à produção histórico-literária de Heródoto, Tucídides etc.

Page 61: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ

51

Política Trata-se de um substantivo derivado diretamente do adjetivo grego substantivado τὰ πολιτικά: ο θυε χονχερνε polis. Esse termo indi-ca no grego clássico o conjunto de território e habitantes e não tem um termo equivalente nas línguas modernas, em que o conceito de cidade se desenvolveu de forma diferente. Por isso os termos das línguas modernas indicativos de cidade derivaram do latim (civitas, civitatis; uibs, uibis) enquanto do grego permaneceu o termo política em uma acepção mais limitada e técnica, às vezes acompanhada de depreciativos, devido às diferenças entre sociedades.

Meteorologia gr. Μετεωρολογία (τά μετέωρα): espaços, corpos, fenômenos celestes) - estudo dos espaços, corpos, fenômenos celestes. A pre-sença deste composto no dicionário grego revela a passagem, na cultura grega, do mítico receio por tudo o que era desconhecido e, por isso, relacionado com a presença divina, para a observação racional dos fenômenos naturais. O termo logos, no sentido de estudo, desenvolve o papel de sufixo em muitos termos de for-mação análoga, tanto antiga como recente.

Física O substantivo é derivado do adjetivo grego (φυσικός, ἡ, ον) (perten-cente à natureza) relacionado com o substantivo (φυσις, εως) = natu-reza. O termo português para indicar o mesmo conceito derivou do latim (patura, ae). O termo grego, entretanto, permaneceu, além do caso analisado, em função de prefixo/sufixo nos termos específicos da lin-guagem médica e biológica, que se formaram ao longo do tempo, com relação ao desenvolvimento dos conhecimentos nessas áreas.

Cinema gr. κίνεμα, ατος = movimento (κίνηω = mover). O substantivo foi adotado nos meados do século passado para indicar a novi-dade representada pela projeção de imagens "em movimento".

Pediatria O substantivo é formado por dois termos gregos (παῖς, παιδός = criança; ιατρός, οῦ = médico). Esse, assim como muitos outros ter-mos da linguagem médica, é formado com base em uma ou mais palavras gregas. As formações mais frequentes baseiam-se na união de um termo que indica uma parte do corpo humano (καρδία, ας: coração; ῆπαρ, ήπατος: fígado etc.) com um prefixo/sufixo.

Eco Alguns termos gregos estão presentes nas línguas modernas apenas em função de prefixos ou sufixos. É o caso do termo grego que indica casa (οῖκος, ου): já no dicionário grego encontra-se a palavra οἰκο-νομία para indicar tudo o que se relaciona à administração da casa e às normas que regulam sua vida (νόμος = norma, lei). Ao longo do tempo, a acepção da palavra ampliou-se até designar uma disciplina autônoma. O sentido de οῖκος, neste, bem como em outros compos-tos, não é mais o de casa mas o sentido, translato, de habitat.

Os exemplos mostram que o aspecto mais importante da presença grega nas línguas modernas é representado pelo léxico, cuja análise evidencia a eti-mologia das palavras e sua origem indo-europeia, bem como a história do valor

Page 62: ntrodução ao GreGo BíBlIco

52

UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ

semântico e da modificação ocorrida ao longo do tempo juntamente com as mo-dalidades de assimilação nas línguas modernas.

FONTE: Adaptado de ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental. Alfa, São Paulo, v. 39, p. 211-220, 1995. Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 12 fev. 2020.

Leia, memorize e pratique as seguintes palavras:• θάνατος = morte.• ἔργον = trabalho.• κύριος = senhor.• ἄνθρωπος = homem.• φωνή = voz.• ζωή = vida.• ψυχή = alma.• ἁμαρτία = pecado.• καρδία = coração.• σοφία = sabedoria.

IMPORTANTE

Page 63: ntrodução ao GreGo BíBlIco

53

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A presença do artigo na língua grega identifica ou distingue uma coisa ou uma pessoa das demais, enquanto a ausência do artigo sobressai a qualidade do substantivo. Também podemos dizer que, ao fazer uso do artigo, o subs-tantivo é definido e, quando não utilizado, pode ser definido ou indefinido.

• Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As pa-lavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os objetos diretos e indiretos do verbo.

• No grego, os casos estão presentes em várias categorias de palavras, como subs-tantivos, adjetivos e até em alguns modos verbais que são transformados em substantivos. Eles irão determinar, por exemplo, a função do substantivo em de-terminada frase ou oração: sujeito, objeto direto, objeto indireto, posse e invoca-ção ou chamamento. São muitas as suas funções, mas essas são as mais básicas.

• Os casos da língua grega são: nominativo, genitivo, ablativo, dativo, instru-mental, locativo, acusativo, vocativo.

• O acento grave tem formato “`”. Esta forma pode aparecer somente sobre a última sílaba ou sobre monossílabos tônicos, e somente quando a palavra que leva este acento for seguida por outra.

• O acento circunflexo tem formato em acento circunflexo ou til (~). No caso do acento circunflexo, ele pode ser colocado somente sobre a última ou penúl-tima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou for um ditongo longo. Lembre-se de que as vogais longas são η e ω. Em alguns momentos, outras vogais podem ser consideradas longas.

• O acento agudo pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas.

• O gênero da palavra é indicado pelo artigo, por isso é importante o estudante de grego decorar a flexão do artigo.

Page 64: ntrodução ao GreGo BíBlIco

54

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

• No grego, há três sistemas de declinação de substantivos, chamados de pri-meira declinação, que tem o tema em α (alfa); de segunda declinação, que tem o tema em ο (ómicron); e de terceira declinação, que tem o tema em consoante.

Page 65: ntrodução ao GreGo BíBlIco

55

1 Preencha as colunas de acordo com os artigos correspondentes:

AUTOATIVIDADE

Singular Masculino Feminino Neutro Nominativo ὁ τόGenitivo/Ablativo τῆς Dativo/instrumental/locativo Acusativo τήν τόPlural Masculino Feminino Neutro Nominativo αἱ Genitivo/Ablativo τῶν τῶνDativo/instrumental/locativo ταῖς

Acusativo τοῦς τά

FONTE: O autor

2 Quase todas as palavras na língua grega, quando escritas, são acentuadas. O acento é colocado sobre a sílaba tônica. Entretanto, é importante destacar que, somente uma das últimas três sílabas pode receber acento.

I- O acento grave, conforme já mencionado, apresenta o formato de “`”. Esta forma pode aparecer somente sobre a última sílaba ou sobre monossílabos tônicos e apenas quando a palavra que leva esse acento for seguida por outra.

II- O acento analítico (¨), como o próprio nome indica, tem a função de mol-dar aquela palavra de uma forma mais analisada, por isso seu uso não é tão recorrente.

III- O acento circunflexo pode ter formato de acento circunflexo ou til (~). No caso do acento circunflexo, ele pode ser usado somente sobre a última ou penúltima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou um ditongo longo.

IV- O acento agudo (´) pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas. Ele é bastante recorrente e seu uso é fácil de ser percebido.

Segundo o exposto, leia as sentenças e depois assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas. b) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas. c) ( ) As alternativas I e III estão corretas. d) ( ) As alternativas II e III estão corretas.

Page 66: ntrodução ao GreGo BíBlIco

56

3 Cada substantivo tem uma função específica na frase, conforme sua relação com outras palavras da frase. Como vimos, no idioma grego, cada uma des-sas funções é denominada de “caso”. Assinale a alternativa que indica quais são esses casos da língua grega:

a) ( ) Nominativo; genitivo; ablativo; dativo; instrumental; locativo; acusativo e vocativo.

b) ( ) Artigo; substantivo; verbo; advérbio; instrumental; locativo; acusativo e vocativo.

c) ( ) Artigo; substantivo; verbo; advérbio; pronome; conjunção e interjeição. d) ( ) Nominativo; genitivo; ablativo; dativo; pronome; conjunção e interjeição.

4 O artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para dar aos seres um sentido determinado ou indeterminado. Como sabemos, em português, os artigos podem ser definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas). Com relação ao uso do artigo na língua grega, analise as sentenças a seguir:

I- A presença do artigo na língua grega identifica ou distingue uma coisa ou uma pessoa das demais, enquanto a ausência do artigo sobressai a quali-dade do substantivo.

II- No grego, há apenas um tipo de artigo, o definido. A falta do artigo é su-prida pelo emprego do número um.

III- Ao fazer uso do artigo, o substantivo é definido e, quando não utilizado, pode ser definido ou indefinido.

IV- O fato de não haver regras fixas sobre o uso do artigo deve levar à conclu-são de que a sua presença ou ausência não tem importância.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. b) ( ) As alternativas II e IV estão corretas.c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas. d) ( ) As alternativas I e IV estão corretas.

5 Os substantivos são palavras que designam seres. Eles podem ser divididos em: comuns, próprios, concretos, abstratos, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos. Com relação aos substantivos na língua grega, classi-fique em V para verdadeiro e F para falso:

( ) Nos substantivos, o acento pode permanecer sobre a mesma sílaba acen-tuada no nominativo singular. É essa a forma que você, acadêmico, en-contrará no dicionário.

( ) No grego, há três sistemas de declinação de substantivos, chamados de pri-meira declinação, que tem o tema em α (alfa); de segunda declinação, que tem o tema em ο (ómicron); e de terceira declinação, que tem o tema em consoante.

Page 67: ntrodução ao GreGo BíBlIco

57

( ) Assim como no grego, na língua portuguesa, embora os substantivos te-nham funções nas frases e orações, eles são denominados como casos.

( ) Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As palavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os ob-jetos diretos e indiretos do verbo.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V – V – V – F.b) ( ) V – F – V – F.c) ( ) F – V – F – V.d) ( ) V – V – F – V.

Page 68: ntrodução ao GreGo BíBlIco

58

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. São Paulo: Editora Hagnos, 2002.

CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Com-panhia Editora Nacional, 2010.

CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.

FILHO, J. G. Grego instrumental aplicado ao novo testamento. Curitiba: Inter-saberes, 2019a.

FILHO, J. G. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.

GUILEY, P. C. Apostila do grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Ma-ranata, 1993.

TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento grego. São Paulo: Editora Batis-ta Regular, 1991.

TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento grego. 9. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990.

THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and atu-dentes. German Bible Society, 1988.

ROSA, E. B. KHAIRETE. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua. Araraquara: FCL/ UNESP, 2015.

ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental. Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.

SOUSA, L. Gramática de grego Koiné. [2007?]. Disponível em: http://bit.ly/3md-0C4s. Acesso em: 5 fev. 2020.

Page 69: ntrodução ao GreGo BíBlIco

59

UNIDADE 2 —

ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender algumas classes gramaticais do grego;

• conhecer o uso do adjetivo e do pronome no grego;

• inteirar-se das conjunções e dos advérbios na língua grega;

• familiarizar-se com as preposições e os numerais no grego;

• memorizar palavras gregas.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ADJETIVO E PRONOME

TÓPICO 2 – ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

TÓPICO 3 – NUMERAL E PREPOSIÇÃO

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

Page 70: ntrodução ao GreGo BíBlIco

60

Page 71: ntrodução ao GreGo BíBlIco

61

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Nesta unidade, vamos estudar as classes gramaticais do grego Koiné. O intuito é observar, inicialmente, a parte elementar de cada uma das classes, a fim de propor-cionar condições de desenvolver e aprofundar os conhecimentos de cada uma delas.

Assim, serão abordadas duas classes gramaticais do grego neste primei-ro tópico: os adjetivos e os pronomes. Embora não sejam apresentados todos os casos da língua grega, o propósito é trazer algo mais introdutório, mas que, ao mesmo tempo, possa propiciar os primeiros passos no aprendizado da língua.

Com relação aos adjetivos, inicialmente, será apresentado o conceito de adjetivo e algumas de suas aplicações. Em seguida, estudaremos como os adjeti-vos declinam conforme a primeira, segunda e terceira declinações.

Por fim, veremos os pronomes na língua grega, destacando os pronomes pessoal, demonstrativo, possessivo e interrogativo.

É muito importante observar e exercitar a escrita das palavras em grego. Também é necessário estar atento às acentuações, pois, em alguns casos, elas são parecidas, mas, com um olhar mais atento, é possível perceber a diferença.

TÓPICO 1 —

ADJETIVO E PRONOME

λέγει αῦτῷ (ὁ) Ἰησοῦς, Ἐγώ εἰμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ἡ ζωή.“Respondeu Jesus, ‘Eu sou o caminho a verdade e a vida’” (João 14.6).

2 ADJETIVO Normalmente, o adjetivo é compreendido como a palavra que indica qua-

lidade, estado, aspecto etc. de seres ou ideias nomeados pelo substantivo. Cegalla (2010, p. 154) diz que “adjetivos são palavras que expressam as qualidades ou carac-terísticas dos seres”. Para Cunha e Cintra (1985, p. 238), “o adjetivo é essencialmente um modificador do substantivo”. O adjetivo é uma palavra variável que caracteriza o substantivo (ou pronome), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.

O substantivo e o adjetivo têm uma relação muito próxima. Em algumas ocasiões, a mesma palavra pode ser substantivo ou adjetivo, dependendo da fra-se. Como exemplos, podemos citar as seguintes frases:

Page 72: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

62

• Um pobre sábio. • Um sábio pobre.

Se analisarmos essas frases, perceberemos que, na primeira, “pobre” é substantivo e “sábio”, adjetivo; na segunda, ocorre o inverso. Sobre esse aspecto:

ao contrário do que se dá com os verbos, as classes tradicionalmente denominadas “substantivo” e “adjetivo” têm limites muito pouco cla-ros. É fácil distinguir formalmente um substantivo de um verbo, ou um adjetivo de um verbo; mas a separação entre substantivos e adjeti-vos é tão pouco marcada que há razões para duvidar da existência de duas classes distintas [...] um traço (de segunda ordem) que nos pode servir para caracterizar os substantivos é a possibilidade de ocorrer na função de núcleo de um Sintagma Nominal (PERINI, 2000, p. 22).

Cegalla (2010, p. 155) destaca que, quanto à formação, o adjetivo pode ser:

• Primitivo: o que não deriva de outra palavra (bom, forte, feliz etc.).• Derivado: o que deriva de substantivos ou verbos (famoso, carnavalesco, amado etc.).• Simples: o que é formado de um só elemento (brasileiro, escuro etc.).• Composto: o que é formado de mais de um elemento (luso-brasileiro, casta-

nho-escuro etc.).

O adjetivo se flexiona e, por isso, varia em gênero (uniformes e biformes), número (singular e plural) e grau. No estudo dos adjetivos, também encontramos:

• Os chamados adjetivos pátrios – que designam nacionalidade, ou lugar de origem de alguém ou alguma coisa.

• Os adjetivos eruditos – que significam “relativo”, “próprio de”, “semelhante a” etc. • As locuções adjetivas – expressão que equivale a um adjetivo, por exemplo,

“da noite” no sentido de “noturno(a)”.

Para Cunha e Cintra (1985, p. 238), “o adjetivo é essencialmente um modifi-cador do substantivo”. É uma palavra variável que caracteriza o substantivo (ou pronome), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.

NOTA

Conforme Cegalla (2010, p. 154), “na frase, adjetivos exercem as funções sintáticas de predicativo e adjunto adnominal”.

Page 73: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

63

Em relação à língua grega, o adjetivo concorda em gênero, número e caso com o substantivo. Os adjetivos em grego são declinados da mesma forma que os substantivos. Veja o exemplo: “ἐγώ εἰμι ὁ ποιμὴν ὁ καλός...” – em português: “Eu sou o bom pastor...” (João 10:14).

Assim como o substantivo, o adjetivo também declina. No grego Koiné, temos três classes de declinação: primeira, segunda e terceira declinações. De acordo com Taylor (1990, p. 41), “a maioria dos adjetivos da declinação vogal (pri-meira e segunda) tem três terminações: -ος (masc.), -η ou -α (fem.) e -ον (neut.). Os adjetivos se declinam em gênero, número e caso”.

2.1 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A PRIMEIRA E A SEGUNDA DECLINAÇÕES

Para facilitar a compreensão, antes de mostrar exemplos das declinações em gre-go, destacamos alguns aspectos importantes para o entendimento do adjetivo grego.

No dicionário de grego, é possível encontrar adjetivos da seguinte forma:

• Καλός, -ή, -όν = bonito, bom, útil, sem defeito. • σοφός, -ή, -όν = perito, sábio, erudito.

As formas encontradas no dicionário estão no nominativo singular.

DICAS

Analisando a forma apresentada no dicionário, deve-se ressaltar que a palavra inteira (antes da vírgula) é a forma masculina (isto é, no masculino, a escrita correta é apenas καλός), sendo apresentada, na sequência, entre vírgulas, a terminação da forma feminina (isto é, a grafia correta da palavra na forma fe-minina é καλή); por fim, o último elemento apresentado no dicionário se refere à terminação do caso neutro da palavra, cuja grafia é καλόν.

Contudo, sempre existem exceções. Os adjetivos que têm a letra “ρ” ou uma vogal (frequentemente “ι”) imediatamente antes da terminação “ο” do nominativo masculino, apresentam terminação com “α” no nominativo feminino. Todos os outros adjetivos terminam em “η”, em vez de “α”. Por exemplo: μικρός – μικρά – μικρόν.

Page 74: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

64

O adjetivo feminino declina-se conforme a 1ª declinação; o masculino e o neutro conforme a 2ª declinação.

NOTA

Os Quadros 1 a 3 apresentam as formas masculina, feminina e neutra de declinação do adjetivo αγαθός (bom).

QUADRO 1 – FORMAS NO MASCULINO DO ADJETIVO BOM

Caso Singular PluralNominativo αγαθός αγαθοί

Genitivo αγαθοῦ αγαθῶν Ablativo αγαθοῦ αγαθῶν Dativo αγαθᾡ αγαθοῖς

Instrumental αγαθᾡ αγαθοῖς Locativo αγαθᾡ αγαθοῖς

Acusativo αγαθόν αγαθούςVocativo αγαθέ αγαθοί

FONTE: O autor

QUADRO 2 – FORMAS NO FEMININO DO ADJETIVO BOM

Caso Singular PluralNominativo αγαθή αγαθαί

Genitivo αγαθῆς αγαθῶν Ablativo αγαθῆς αγαθῶν Dativo αγαθᾑ αγαθαῖς

Instrumental αγαθᾑ αγαθαῖς Locativo αγαθᾑ αγαθαῖς

Acusativo αγαθήν αγαθάςVocativo αγαθή αγαθαί

FONTE: O autor

Page 75: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

65

QUADRO 3 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO BOM

FONTE: O autor

Caso Singular PluralNominativo αγαθόν αγαθά

Genitivo αγαθοῦ αγαθῶν Ablativo αγαθοῦ αγαθῶν Dativo αγαθᾡ αγαθοῖς

Instrumental αγαθᾡ αγαθοῖς Locativo αγαθᾡ αγαθοῖς

Acusativo Αγαθόν αγαθάVocativo αγαθόν Αγαθά

Outro exemplo parecido, mas com diferença de terminação no feminino, pode ser visto na declinação do adjetivo μικρός (pequeno), conforme apresenta-do nos Quadros 4 a 6.

QUADRO 4 – FORMAS NO MASCULINO DO ADJETIVO PEQUENO

Caso Singular PluralNominativo μικρός μικροί

Genitivo μικροῦ μικρῶν Ablativo μικροῦ μικρῶν Dativo μικρᾡ μικροῖς

Instrumental μικρᾡ μικροῖς Locativo μικρᾡ μικροῖς

Acusativo μικρόν μικρούςVocativo μικρέ μικροί

FONTE: O autor

QUADRO 5 – FORMAS NO FEMININO DO ADJETIVO PEQUENO

Caso Singular PluralNominativo μικρά μικραί

Genitivo μικρᾶς μικρῶν Ablativo μικρᾶς μικρῶν Dativo μικρᾷ μικραῖς

Instrumental μικρᾷ μικραῖς Locativo μικρᾷ μικραῖς

Acusativo μικράν μικράςVocativo μικρά μικραί

FONTE: O autor

Page 76: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

66

QUADRO 6 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO PEQUENO

Caso Singular PluralNominativo μικρόν μικρά

Genitivo μικροῦ μικρῶν Ablativo μικροῦ μικρῶν Dativo μικρᾡ μικροῖς

Instrumental μικρᾡ μικροῖς Locativo μικρᾡ μικροῖς

Acusativo μικρόν μικράVocativo μικρόν μικρά

FONTE: O autor

2.2 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A TERCEIRA DECLINAÇÃO

No dicionário, os adjetivos da terceira declinação aparecerão da seguinte forma: ἀληθής, -ές = verdadeiro, confiável, sincero.

Nessa classe de adjetivos, o masculino e o feminino usam a mesma forma. Nos Quadros 7 e 8, podemos observar como é feita a declinação do adjetivo ἀληθής, -ές.

QUADRO 7 – FORMAS NO MASCULINO E NO FEMININO DO ADJETIVO VERDADEIRO

Caso Singular PluralNominativo ἀληθής ἀληθεῖς

Genitivo ἀληθοῦς (-έος) ἀληθῶνAblativo ἀληθοῦς (-έος) ἀληθῶνDativo ἀληθεῖ ἀληθέσι

Instrumental ἀληθεῖ ἀληθέσιLocativo ἀληθεῖ ἀληθέσι

Acusativo ἀληθῆ (-έα) ἀληθεῖς (-έας )Vocativo − −

FONTE: O autor

Page 77: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

67

QUADRO 8 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO VERDADEIRO

Caso Singular PluralNominativo ἀληθές ἀληθῆ (-έα)

Genitivo ἀληθοῦς ἀληθῶνAblativo ἀληθοῦς ἀληθῶνDativo ἀληθεῖ ἀληθέσι

Instrumental ἀληθεῖ ἀληθέσιLocativo ἀληθεῖ ἀληθέσι

Acusativo ἀληθές ἀληθῆVocativo

FONTE: O autor

Além dos adjetivos dessas classes, há alguns que não seguem exatamente essas formas, apresentando grandes irregularidades.

NOTA

A seguir, vemos alguns exemplos do uso dos adjetivos empregados em frases:

• “οἱ μαθηταὶ οἱ ἀγαπητοὶ” – “Os discípulos amados”.• “τὸν καλὸν λόγον” – “A bela palavra”. • “τὸ τέκνον τὸ ἀγαπητὀν” – “O filho amado”. • “ὡς καλὸς ἐστιν ὁ κύριος” – “Como é bom/belo o senhor”. • “ὁ ἀγαθός δοῦλος” – “O bom servo”.

3 PRONOME

Primeiramente, é importante esclarecer o que são pronomes. De acordo com Taylor (1990, p. 47), “pronome é toda palavra que substitui o nome, indican-do-lhe a pessoa gramatical”. Conforme Cegalla (2010, p. 170), “pronomes são pa-lavras que representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso”. Por fim, na definição de Guiley (1993, p. 68), “pronomes são palavras que substituem os substantivos na sentença, evitando a necessidade de repeti-los”.

Para exemplificar, na frase: “eu levo o cachorro e o guio” = “eu levo o ca-chorro e guio o cachorro” – o pronome “o” substitui a palavra cachorro. Assim,

Page 78: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

68

ao substituir algo na frase, o pronome evita que ocorra a sua repetição. Nesse caso, o nome substituído pelo pronome é chamado de “antecedente”. Então, no exemplo citado, cachorro é o antecedente de “o”.

Conforme Cegalla (2010, p. 170), “pronomes são palavras que representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso”.

ATENCAO

Na língua portuguesa, há seis espécies ou classes de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Na língua grega encontramos três classes a mais: os intensivos, os reflexivos e os recípro-cos. Não abordaremos todos eles, porém serão destacados os mais utilizados.

É muito importante lembrar que o pronome sempre concorda com seu antecedente em gênero e número.

3.1 PRONOME PESSOAL

Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e represen-tam pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).

Os Quadros 9 a 12 apresentam a declinação dos pronomes da primeira pessoa no singular (ἐγώ – eu) e no plural (ἡμεῖς – nós) e da segunda pessoa no singular (σύ – tu) e no plural (ὑμεῖς – vós).

QUADRO 9 – PRONOME PESSOAL EU

Caso Singular TraduçãoNominativo ἐγώ eu

Genitivo ἐμοῦ (μου) de mim, meuAblativo ἐμοῦ (μου) de mim, meuDativo ἐμοί (μοι) a mim

Instrumental ἐμοί (μοι) a mimLocativo ἐμοί (μοι) a mim

Acusativo ἐμέ (με) meVocativo − −

FONTE: O autor

Page 79: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

69

QUADRO 10 – PRONOME PESSOAL NÓS

Caso Singular TraduçãoNominativo ἡμεῖς nós

Genitivo ἡμῶν de mim, meuAblativo ἡμῶν de mim, meuDativo ἡμῖν a nós

Instrumental ἡμῖν a nósLocativo ἡμῖν a nós

Acusativo ἡμᾶς NosVocativo − −

QUADRO 11 – PRONOME PESSOAL TU

Caso Singular TraduçãoNominativo σύ tu

Genitivo σοῦ (σου) de ti, teuAblativo σοῦ (σου) de ti, teuDativo σοί (σοι) a ti

Instrumental σοί (σοι) a tiLocativo σοί (σοι) a ti

Acusativo σέ (σε) teVocativo σύ ó tu

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 12 – PRONOME PESSOAL VÓS

Caso Singular TraduçãoNominativo ὑμεῖς vós

Genitivo ὑμῶν de vós, vossoAblativo ὑμῶν de vós, vossoDativo ὑμῖν a vós

Instrumental ὑμῖν a vósLocativo ὑμῖν a vós

Acusativo ὑμᾶς vosVocativo ὑμεῖς ó vós

FONTE: O autor

É importante ressaltar que, conforme afirma Guiley (1993, p. 44), “[...] não há pronome pessoal da terceira pessoa. Usa-se o pronome intensivo αὐτός; ou, às vezes emprega-se o artigo como se fosse pronome”.

Page 80: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

70

Conforme Guiley (1993, p. 44), “propriamente, não há pronome pessoal da ter-ceira pessoa. Usa-se o pronome intensivo αὐτός; ou, às vezes emprega-se o artigo como se fosse pronome”.

ATENCAO

3.2 PRONOME DEMONSTRATIVO

“Pronomes demonstrativos são os que indicam o lugar, a posição ou a identidade dos seres, relativamente às pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 173). São usados para chamar atenção, com ênfase para uma pessoa ou um objeto. Como exemplos de pronomes demonstrativos, podemos citar: este, esse, aquele, mesmo, mesma, tal, tais, semelhantes, próprio, isto, isso, o, a, os, as etc.

No grego Koiné, há dois pronomes que se destacam entre os demonstrativos:

• οὗτος: é usado para chamar atenção à pessoa ou ao objeto perto da pessoa que fala. Corresponde à palavra “este(a)” em português (Quadros 13 e 14);

• ἐκεῖνος: é usado para chamar atenção à pessoa ou ao objeto relativamente distante da pessoa que fala. Corresponde à palavra “aquele”.

QUADRO 13 – DECLINAÇÃO DO PRONOME DEMONSTRATIVO ESTE(A) NO SINGULAR

Caso Masculino Feminino NeutroNominativo οὗτος αὗτη τοῦτο

Genitivo τούτου ταύτης τούτουAblativo τούτου ταύτης τούτουDativo τούτῳ ταύτῃ τούτῳ

Instrumental τούτῳ ταύτῃ τούτῳLocativo τούτῳ ταύτῃ τούτῳ

Acusativo τοῦτον ταύτην τοῦτοFONTE: O autor

Page 81: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

71

QUADRO 14 – DECLINAÇÃO DO PRONOME DEMONSTRATIVO ESTE(A) NO PLURAL

Caso Masculino Feminino NeutroNominativo οὗτοι αὗται ταῦτα

Genitivo τούτων ταύτων τούτωνAblativo τούτων ταύτων τούτωνDativo τούτοις ταύταις τούτοις

Instrumental τούτοις ταύταις τούτοιςLocativo τούτοις ταύταις τούτοις

Acusativo τούτους ταύτας ταῦταFONTE: O autor

A declinação de οὗτος é igual à de ἐκεῖνος, com exceção do acento. Em-prega-se a 1ª declinação para o feminino e a 2ª para o masculino e o neutro.

3.3 PRONOME POSSESSIVO

Pronomes possessivos são aqueles que indicam posse às pessoas do discurso. Alguns exemplos na língua portuguesa são: meu, minha, teu, tua, seu sua, nosso, nossa, vosso e vossa. No grego Koiné, existem quatro pronomes possessivos: ἐμός (meu, minha – Quadros 15 e 16), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος (vosso, vossa), que são declinados nos três gêneros e na primeira e segunda decli-nações. Como visto anteriormente, o grego Koiné não tem pronome possessivo de terceira pessoa, por isso, usa-se o pronome αὐτός no genitivo para suprir essa “falta”.

No grego Koiné, encontramos quatro pronomes possessivos: ἐμός (meu, mi-nha), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος (vosso, vossa).

ATENCAO

Page 82: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

72

QUADRO 15 – DECLINAÇÃO DO PRONOME MEU/MINHA NO SINGULAR

Caso Masculino Feminino NeutroNominativo ἐμός ἐμέ ἐμόν

Genitivo ἐμοῦ ἐμῆς ἐμοῦAblativo ἐμοῦ ἐμῇς ἐμοῦDativo ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷ

Instrumental ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷLocativo ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷ

Acusativo ἐμόν ἐμήν ἐμόνFONTE: O autor

QUADRO 16 – DECLINAÇÃO DO PRONOME MEU/MINHA NO PLURAL

Caso Masculino Feminino Neutro Nominativo ἐμοί ἐμαί ἐμά

Genitivo ἐμῶν ἐμῶν ἐμῶνAblativo ἐμῶν ἐμῶν ἐμῶνDativo ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖς

Instrumental ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖςLocativo ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖς

Acusativo ἐμούς ἐμάς ἐμάFONTE: O autor

Dessa maneira, a declinação de σός, σή e σόν (isto é, teu, tua) segue o mesmo sistema da declinação de ἐμός.

Como exemplo do emprego de pronome possessivo em uma frase, segue um trecho do Novo Testamento: “ἡ κρίσις ἡ ἐμὴ δικαία ἐστιν” – em português: “O meu juízo é justo” (João 5.30).

3.4 PRONOME INTERROGATIVO

Na língua portuguesa, os pronomes interrogativos são usados para a for-mulação de perguntas diretas ou indiretas. São exemplos: que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς (masculino e feminino) e τί (neutro), sendo declinados conforme a terceira decli-nação. Assim, tanto o masculino como o feminino usam as mesmas formas (τίς).

De acordo com Guiley (1993, p. 74), “em algumas situações, esse pronome pode corresponder ao relativo e, em outras, tem a força de um advérbio”.

Page 83: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

73

No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς e τί, declinados conforme a terceira declinação. O masculino e o feminino usam as mesmas formas (τίς).

ATENCAO

QUADRO 17 – DECLINAÇÃO DOS PRONOMES INTERROGATIVOS NO SINGULAR

Caso Masc./Fem. NeutroNominativo τίς τί

Genitivo τίνος τίνοςAblativo τίνος τίνοςDativo τίνι τίνι

Instrumental τίνι τίνιLocativo τίνι τίνι

Acusativo τίνα τίFONTE: O autor

QUADRO 18 – DECLINAÇÃO DOS PRONOMES INTERROGATIVOS NO PLURAL

Caso Masc./Fem. NeutroNominativo τίνες τίνα

Genitivo τίνων τίνωνAblativo τίνων τίνωνDativo τίσι τίσι

Instrumental τίσι τίσιLocativo τίσι τίσι

Acusativo τίνας τίναFONTE: O autor

Para auxiliar na memorização do vocabulário, a seguir, reforçamos alguns adjetivos vistos neste tópico: • Καλός= bom, bonito.• Αγαθός = bom.• Κακός= mau, perverso.

NOTA

Page 84: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

74

• Μικρός = pequeno.• Αἰώνιος = eterno.• Ἀληθεῖς = verdadeiro.• Νεκρός = morto.• Πιστός = fiel.• Γλῶσσα = língua. • Δόξα = glória.

O uso do adjetivo na posição atributiva ou predicativa

Os adjetivos se referem aos substantivos, em duas maneiras: (1) atributiva, ou (2) predicativa.

• Na frase: ὁ πιστὸς δοῦλος (o servo fiel), πιστὸς (fiel) é adjetivo atributivo, qualifica o substantivo δοῦλος (servo), para descrever sem asseverar.

• Na frase: ὁ δοῦλος πιστὸς (o servo [é] fiel), o adjetivo predicativo πιστὸς (fiel) assevera a fidelidade do substantivo δοῦλος (servo).

É importante compreender essa distinção entre os adjetivos atributivos e predicativos, no grego: que o predicativo adiciona uma afirmação e o atributivo é uma descrição aderente. Veja os seguintes exemplos da posição do adjetivo:

1. A posição atributiva do adjetivo:• ὁ πιστὸς δοῦλος – o servo fiel. • ὁ δοῦλος ὁ πιστὸςo – servo fiel.

Nota-se que o adjetivo segue imediatamente depois do artigo. Existe ainda outra ordem possí-vel da posição atributiva, embora não seja muito usada no Novo Testamento: δοῦλος ὁ πιστὸς.

2. A posição predicativa do adjetivo: • ὁ δοῦλος πιστὸς – o servo (é) fiel.• πιστὸς ὁ δοῦλος – o servo (é) fiel.

Nota-se que o adjetivo não vem imediatamente depois do artigo, mas precede o artigo ou segue o substantivo. Quando não há artigo na frase, o contexto tem que decidir se o adjetivo é atributivo ou predicativo; por exemplo, πιστὸς δοῦλος pode ser ou atributivo (um servo fiel) ou predicativo (um servo é fiel).No Novo Testamento, ὃλος (inteiro) nunca toma a posição atributiva. Deve-se formar o hábito de escrever o acento, quando se escreve a palavra grega, como nós escrevemos os pontos nos is. É um erro esperar até depois de se escrever a sentença toda para acentuarmos as palavras que a compõem. Note que quando ε, ι ou ρ precedem a vogal final da raiz do adjetivo, o feminino termina em -α no nominativo singular. Já no nom. gen. e abl. plural do feminino, o acento segue o masculino. Alguns adjetivos têm apenas duas terminações, sendo idênticas as formas masculinas e femininas. Por exemplo: ἄδικος, -ον (injusto – especialmente adjetivos compostos). Frases preposicionais ou mesmo advérbios frequentemente se usam na preposição atri-butiva, como adjetivos. Por exemplo, οἱ ἑν τᾡ πλοίω ἀπόςτολοι (os apóstolos no bote), podendo o substantivo estar subentendido, τὰ ἐν τοῖς οὐπαρνοῖς (as coisas no céu).

IMPORTANTE

Page 85: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME

75

O adjetivo é usado muitas vezes, em qualquer gênero, como um substantivo, geralmente, com o artigo, mas, às vezes, sem ele. Por exemplo: οἱ δίκαιοι (os justos), τᾑ Τρίτᾑ (ao ter-ceiro dia), ἑτέρα (outra [mulher]), ὁ πονηρός (o Maligno), τὰ ἀγαθά (as coisas boas). O infinitivo (geralmente ativo) é empregado com adjetivos, de um modo complemen-tar, e com substantivos e verbos, especialmente quando essas palavras significam poder, capacidade, utilidade e adaptação. Por exemplo: δυνατὸς σώζειν (poderoso para salvar), δύναμαι ἀκούειν (posso ouvir), ἐξουσία ἀποστέλλειν (autoridade para enviar). FONTE: Adaptado de TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990. p. 42-45.

Page 86: ntrodução ao GreGo BíBlIco

76

Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Adjetivos são palavras que expressam as qualidades ou características dos seres.

• O adjetivo é uma palavra variável que caracteriza o substantivo (ou prono-me), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.

• Quanto à formação, o adjetivo pode ser: primitivo, derivado, simples ou composto.

• De acordo com Taylor (1990, p. 41), “a maioria dos adjetivos da declinação vogal (primeira e segunda) tem três terminações: -ος (masc.), -η ou -α (fem.) e -ον (neut.). Os adjetivos se declinam em gênero, número e caso”.

• Os pronomes “são palavras que representam os nomes dos seres ou os deter-minam, indicando a pessoa do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).

• Na língua portuguesa, há seis espécies ou classes de pronomes: pessoais, pos-sessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Na língua gre-ga, encontramos três classes a mais: os intensivos, os reflexivos e os recíprocos.

• Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e representam pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).

• O pronome demonstrativo é usado para chamar atenção, com ênfase para uma pessoa ou um objeto. São exemplos de pronomes demonstrativos na lín-gua portuguesa: este, esse, aquele, mesmo, mesma, tal, tais, semelhantes, pró-prio, isto, isso, o, a, os, as etc.

• Pronomes possessivos são aqueles que indicam posse às pessoas do discurso, podendo-se citar alguns exemplos na língua portuguesa: meu, minha, teu, tua, seu sua, nosso, nossa, vosso e vossa.

• No grego Koiné, encontramos quatro pronomes possessivos: ἐμός (meu, mi-nha), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος (vosso, vossa).

• Exemplos de pronomes interrogativos são: que, quem, qual, quais, quanto, quan-ta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς e τί.

Page 87: ntrodução ao GreGo BíBlIco

77

1 No grego Koiné, a maioria das terminações dos adjetivos são -ος (masc.), -η ou -α (fem.) e -ον (neut.). Preencha o quadro, a seguir, empregando cor-retamente a declinação da palavra κακός, conforme as formas masculina e feminina no singular e no plural.

AUTOATIVIDADE

Caso DECLINAÇÃO NO

MASCULINODECLINAÇÃO NO

FEMININOSingular Plural Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Ablativo

Dativo

Instrumental

Locativo

Acusativo

Vocativo

FONTE: O autor

2 Analisando a disposição das palavras no dicionário grego, percebemos que a primeira forma é a masculina, seguida pelas terminações na forma femi-nina e, por fim, neutra. Pratique a escrita das palavras, a seguir, em grego:

a) Língua.

b) Bom.

c) Morto.

d) Deus.

e) Palavra.

f) Discípulos.

g) Amado.

Page 88: ntrodução ao GreGo BíBlIco

78

h) Fiel.

i) Servo.

j) Justos.

3 Para o aprendizado de uma língua, é fundamental que o estudante conheça as classes gramaticais e compreenda o uso de cada uma delas. Duas classes de muita importância no funcionamento da língua são os adjetivos e os pronomes. Analise as sentenças a seguir relacionadas ao uso dos adjetivos e dos pronomes gregos:

I- Os pronomes são palavras que expressam as qualidades ou as caracterís-ticas dos seres.

II- Exemplos de pronomes interrogativos são: que, quem, qual, quais, quan-to, quanta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς e τί.

III- O adjetivo é uma palavra variável, que caracteriza o substantivo (ou pro-nome), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.

IV- Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e represen-tam pessoas do discurso”.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. b) ( ) Somente a alternativa IV está correta. c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas. d) ( ) As alternativas I e III estão corretas.

4 De acordo com a grafia correta na língua grega, analise as palavras a seguir e sua respectiva tradução, classificando V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Κακός = mau, perverso.( ) Αἰώνιος = eterno.( ) Ἀληθεῖς = mentira.( ) Νεκρός = morto. ( ) Δόξα = porta.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V – F.b) ( ) F – F – V – V – V. c) ( ) V – V – V – V – F.d) ( ) F – V – F – V – V.

Page 89: ntrodução ao GreGo BíBlIco

79

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, estudaremos especificamente dois aspectos gramaticais: ad-vérbios e conjunções.

Inicialmente, vamos abordar os advérbios, recordando a classe de palavras na língua portuguesa, sua definição e, na sequência, suas classes para, depois, che-garmos ao uso dos advérbios no grego Koiné. Com relação aos advérbios na língua grega, destacaremos alguns aspectos e exemplos da formação dos advérbios e suas declinações, bem como exemplos do seu uso, especialmente no Novo Testamento.

Em um segundo momento, trataremos especificamente das conjunções. Se-guindo o mesmo padrão adotado ao longo deste livro didático, primeiramente, va-mos conceituar o que é conjunção na língua portuguesa e relembrar a diferença entre conjunções coordenativas e subordinativas. Depois, focaremos nas conjunções na lín-gua grega (com ênfase no grego Koiné), destacando alguns exemplos mais utilizados no Novo Testamento e observando o seu significado e um pouco do seu uso.

TÓPICO 2 —

ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

“οἱ δὲ εἶπαν, πἰστευσον ἐπὶ τὸν κύριον Ἰησοῦν καἰ σωθήσῃ σὺ καὶ ὁ οἶκός σου”. “E eles disseram: Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa” (Atos 16:31).

2 ADVÉRBIO O advérbio é, fundamentalmente, um modificador do verbo (CUNHA;

CINTRA, 1985, p. 529). De acordo com Guiley (1993, p. 75), trata-se de uma pa-lavra indeclinável, empregada para modificar um verbo, um adjetivo ou outro advérbio. Muitos dos advérbios são formados de adjetivos.

Para Cegalla (2010, p. 243), advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. A maioria dos advérbios modificam o verbo, ao qual acrescentam uma circunstância, e apenas os de intensidade podem modificar também adjetivos e advérbios. Tanto Cegalla (2010) como outros gramá-ticos apontam que há várias classes de advérbios na língua portuguesa, como:

• Advérbios de afirmação: sim, certamente, realmente etc. • Advérbios de dúvida: talvez, porventura, provavelmente etc. • Advérbios de intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, completa-

mente, bem, mal, demais, nada etc.

Page 90: ntrodução ao GreGo BíBlIco

80

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

• Advérbios de lugar: abaixo, acima, aqui, ali, dentro, fora, perto, longe etc. • Advérbios de modo: assim, depressa, calmamente (quase todos os advérbios

terminados em mente) etc. • Advérbios de negação: não, tampouco. • Advérbios de tempo: hoje, amanhã, agora, já, sempre, nunca, jamais, logo,

simultaneamente, imediatamente etc.

Há, também, os chamados advérbios interrogativos. As palavras que normal-mente se referem a interrogações diretas e indiretas vinculadas às circunstâncias de tempo, lugar, causa e modo. São palavras como: quando? Como? Por quê? Onde?

Outra observação importante é que, em geral, os advérbios que terminam em “mente” derivam-se de adjetivos. Por exemplo: feroz (adjetivo) e ferozmente (advérbio).

Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do pró-prio advérbio. A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acrescentam uma circuns-tância. Só os advérbios de intensidade podem modificar também adjetivos e advérbios.

NOTA

2.1 ADVÉRBIOS GREGOS

Na língua grega, a identificação dos advérbios é feita por meio das suas terminações. Geralmente, os advérbios que terminam em:

• “ως”: são de modo; • “οτε”: são advérbios de tempo; • “ου”: são advérbios de lugar; • “ακις”: são chamados de “advérbios de frequência”, ou seja, respondem à

pergunta “quantas vezes?”.

A seguir, iremos explorar algumas dessas terminações nos respectivos advérbios.

2.1.1 Classe de advérbios de acordo com sua terminação

Nos quadros a seguir, observaremos atentamente a parte final de cada palavra em grego.

Page 91: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

81

QUADRO 19 – ADVÉRBIOS TERMINADOS EM “Ω”

GREGO TRADUÇÃO

ἄνω em cima

κάτω em baixo

ἔξω fora

ἔσω dentro

ὀπίσω atrás

μηδέπω ainda não

FONTE: O autor

QUADRO 20 – CLASSE DE ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΟΤΕ”

GREGO TRADUÇÃO

πότε quando?

τότε então

ποτέ em algum lugar

ὅτε quando

ὁπότε quando

πάντότε sempre

FONTE: O autor

QUADRO 21 – CLASSE DE ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΟΥ”

GREGO TRADUÇÃO

ποῦ onde?

ὅπου onde

ὁμου junto, juntamente

οὐ não

FONTE: O autor

Page 92: ntrodução ao GreGo BíBlIco

82

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 22 – ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΘΕΝ”

GREGO TRADUÇÃO

ἄνωθεν de cima, outra vez

ἔξωθεν de fora

ἔσωθεν de dentro

ἔθεν daqui

FONTE: O autor

Assim como na língua portuguesa, no grego, o acréscimo de determina-dos sufixos também transforma um adjetivo em advérbio. Para transformar um adjetivo em advérbio, substitui-se a terminação “ῶν” do genitivo plural masculi-no por “ως”. Alguns exemplos podem ser vistos no Quadro 23.

QUADRO 23 – TRANFORMAÇÃO DE ADJETIVOS EM ADVÉRBIOS

ADJETIVO TRADUÇÃOGENITIVO

PLURAL MASCULINO

ADVÉRBIO TRADUÇÃO

ἁγνός puro ἁγνῶν ἁγνῶς puramente

ἀνάξιος indigno ἀνάξίων ἀνάξίως indignamente

καλός bom καλῶν καλῶς bem

ταχύς rápido ταχέων ταχέως rapidamente

FONTE: Guiley (1993, p. 62)

Assim como na língua portuguesa, também no grego o acréscimo de determi-nados sufixos transforma um adjetivo em advérbio.

ATENCAO

Há muitos advérbios que não apresentam nenhuma característica espe-cial. Entre eles, destacamos alguns mais importantes no Quadro 24.

Page 93: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

83

QUADRO 24 – ADVÉRBIOS QUE NÃO APRESENTAM CARACTERÍSTICA ESPECIAL

GREGO PORTUGUÊSἅμα junto, ao mesmo tempoἀμέν em verdade (amém)ἄπαξ de uma só vezἄρτι agora, imediatamente

αὔριου amanhãδεῦρο vem cáἐγγύς pertoεἶτα depois, em seguidaἐκεῖ ali

ἐπαύριον amanhãἔπειτα depois

ἔτι aindaἐχθές ontemἤδη agora, jáλίαν muito

μᾶλλον mais (maior)μή nãoνῦν agora

οὐκέτι não maisὀψέ tarde

πάλιν outra vezναί simὧδε aqui

ταχύ depressaσήμερον hojeσφόδρα extremamenteσχεδόν quaseπλήν somente

Πρῶτον primeiroFONTE: O autor

2.2 O USO DO ADVÉRBIO NO GREGO Os advérbios têm diversas funções, não estando restritos ao seu uso mais

comum, que é modificar o sentido verbo; eles também podem ser usados para modificar o sentido do adjetivo e, ainda, modificar o sentido de outro advérbio.

Vamos ver alguns exemplos a seguir:

Page 94: ntrodução ao GreGo BíBlIco

84

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do verbo, como: O “καλῶς επροφήτευσεν Ἠσαϊας περὶ ὑμῶν” – em português: “bem

profetizou Isaías acerca de vós” (Mar. 7:6). O “τότε Ἡρώδης [...] ἐθυμώθη λίαν” – em português: “Então Herodes [...]

irritou-se muito” (Mt. 2:16).

• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do adjetivo:O “ἦν γὰρ πλούσιος σφόδρα” – em português: “porque era muito rico”

(Luc. 18:23).O “εἰς ὄρος ὑψηλόν λίαν” – em português: “a um monte muito alto” (Mt. 4:8).

• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do advérbio:O “καὶ λίαν πρωί” – em português: “de manhã cedo” (Mar. 16:2).

O advérbio tem diversas funções. Eles não estão restritos no seu uso mais comum que é modificar o sentido verbo. Também podem ser usados para modificar o sentido do adjetivo, e ainda modificar o sentido de outro advérbio.

IMPORTANTE

Determinados advérbios servem como prefixos, modificando o sentido da palavra. Note alguns exemplos:

• Aqueles que significam “bom” ou “bem”: “ευ”.O “εὐγενής”: bem-nascido, de uma família boa. O “εὐλογία”: louvor, elogia, eloquência.

• Aqueles que expressam dificuldade: “δυσ”.O “δυσνόητος”: difícil de entender.

• Aqueles que negam a ideia daquela palavra: “ἀν” e “ἀ” (de “ἀνευ”). O “ἀνάξιος”: não digno (indigno).O “ἄγαμος”: não casado (solteiro).

3 CONJUNÇÃO A conjunção, no sentido gramatical, é uma palavra invariável que liga ora-

ções ou palavras da mesma oração (CEGALLA, 2010, p. 266). Segundo Taylor (1986, p. 334), conjunções são palavras que ligam sentenças, cláusulas, frases e palavras. De

Page 95: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

85

acordo com Cunha e Cintra (1985, p. 565), “são os vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração”.

Desse modo, as conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função têm o nome de coordenativas e as que ligam duas orações – determinando ou completando o sentido da outra – são chamadas de subordinativas.

As conjunções coordenativas podem ser:

• Aditivas – transmitem a ideia de adição: e, mas, ainda, bem como, nem etc. • Adversativas – transmitem a ideia de contraste, oposição: mas, contudo, po-

rém, no entanto, entretanto, não obstante etc. • Alternativas – transmitem a ideia de alternância: ou... ou, ora... ora, já... já,

quer... quer etc. • Conclusivas – transmitem a ideia de conclusão: logo, portanto, pois, por isso etc.• Explicativas – transmitem a ideia de explicação, um motivo: porque, por-

quanto, pois (antes do verbo).

Exemplos de orações coordenativas:

• O tempo e o vento não aguardam ninguém (conjunção “e”). • Ouça primeiro e fale depois (conjunção “e”). • Apetece cantar, mas ninguém canta (conjunção “mas”). • Estudar ou trabalhar (conjunção “ou”). • Dormi aqui, pois quero lhe mostrar o meu sítio (conjunção “pois”).

As conjunções subordinativas podem ser:

• Causais (porque, pois, como etc.). • Comparativas (assim como, como, tal e qual etc.).• Concessivas (embora, mesmo que, nem que etc.). • Condicionais (se, a menos que, caso etc.). • Conformativas (conforme, segundo etc.). • Consecutivas (que, de sorte que, de maneira que etc.).• Finais (para que, a fim de que etc.). • Proporcionais (quanto mais, à medida que etc.). • Temporais (quando, enquanto, agora que etc.). • Integrantes (que, se etc.).

Exemplos de orações subordinativas:

• Pediram-me que definisse o time naquele momento (conjunção “que”). • Não saberei nunca se foi ele, embora tenha quase certeza (conjunção “embora). • Gérson encantou-se com minha irmã, desde que a conheceu (conjunção “des-

de que”).

Page 96: ntrodução ao GreGo BíBlIco

86

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

De acordo com Cunha e Cintra (1985, p. 565), “conjunções são os vocábulos grama-ticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração”.

ATENCAO

3.1 CONJUNÇÕES GREGAS

Compreender a significação e o uso de uma conjunção em um contexto é im-portante para a interpretação de muitas frases e orações (GUILEY, 1993, p. 67). Como é possível observar, a mesma conjunção pode se encaixar em mais de uma função. Tendo em vista que a mesma conjunção tem várias possibilidades de classificação, para a língua grega, serão apresentadas algumas das conjunções mais utilizadas e o seu uso. Assim, destacaremos qual é a conjunção e seu uso no grego Koiné.

Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase com algumas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν. Em alguns casos, no processo de tradução para o português, essas conjunções passam a ser a primeira palavra na frase traduzida.

Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase com algu-mas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν.

ATENCAO

No Quadro 25, pode ser visto um resumo das principais conjunções gregas.

QUADRO 25 – PRINCIPAIS CONJUNÇÕES GREGAS

TERMO GREGO TRADUÇÃOκαὶ eτὲ e

ἀλλά mas (apenas contraste)μέν...δὲ mas (contraste entre duas ações paralelas)

δὲ mas, eγὰρ pois, porque

Page 97: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

87

ἄρα pois, porqueοὖν portanto

ἤ ouὡς como

καθὼς comoεἰ se

ὅτε quandoὅταν quandoὅτι que, porque

οὐδὲ nemκαὶ...καὶ tanto... como

οὐ μόνον... ἀλλά καὶ não somente... mas tambémοἰ μέν... οἰ δὲ alguns... outros

ὁ δὲ mas eleἡ δὲ mas elaοἱ δὲ mas elesαἱ δὲ mas elasἕως até

FONTE: Godoi Filho (2019a, p. 58-59)

A seguir, serão destacadas algumas conjunções e seus significados, além da maneira como aparecem no Novo Testamento.

3.1.1 Conjunção pospositiva, causal ou ilativa: γάρ

Conjunção pospositiva, causal ou ilativa – como: pois, porque, ora, de fato, aliás. Seu uso é sempre pospositivo (posto depois). Essa conjunção, no gre-go, pode expressar explicação, razão, confirmação ou base.

Exemplo bíblico de seu uso: “αὐτὸς γὰρ σώσει τὸν λαὸν αὐτοῦ ἀπὸ τῶν ἁμαρτιῶν αὐτῶν” – em português: “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt. 1:21).

3.1.2 Conjunção καί

É a partícula que mais aparece no Novo Testamento e tem vários sentidos em contextos diferentes – são representados por: e, também, outrossim; mesmo, até, ora, sim, de fato –, como no sentido aditivo (também), no enfático (de fato, mesmo, outrossim, sim) ou no aproximativo.

Page 98: ntrodução ao GreGo BíBlIco

88

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

Segundo Taylor (1991, p. 106), uma das maiores faltas nas versões da língua portuguesa é a frequente omissão de traduzir καί, por falta de imaginação histórica, para perceber e verter no vernáculo sua evidente força variada e riquíssima no original.

Exemplo bíblico de seu uso: “καὶ γὰρ ἐγὼ ἄνθπωπός εἰμι ὑπὸ ἐξουςίαν” – em português: “e eu também sou homem sob autoridade”.

3.1.3 Conjunção adversativa: ἀλλά

Conjunção adversativa: mas, porém, entretanto, contudo, ante, ainda mais, pelo contrário. É uma adversativa forte. É quase sempre usada como con-junção adversativa, ainda que também tenha outros usos. Em alguns casos, essa conjunção, em certas sentenças, parece não ir além de “sim” no seu significado.

Exemplo bíblico do seu uso: “[...] ἀλλά ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ πονηροῦ” – em português: “[...] mas livrai-nos do mal” (Mt. 6:13).

3.1.4 Conjunção adversativa: δἐ

Conjunção adversativa, às vezes, aproximativa: mas, também, ora, e. Essa conjunção é considerada francamente adversativa, embora também seja vista como aproximativa. Ainda pode ser considerada pospositiva. Quando inicia um novo assunto, pode ser traduzida por “ora”.

Exemplo bíblico de seu uso: “Τοῦ δὲ Ἰησοῦ Χριστοῦ ἡ γένεσις οὕτως ἦν” – em português: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim” (Mat. 1:18).

3.1.5 Conjunção alternativa: ἤ ... ἤ

Conjunção alternativa: ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer. Essas conjunções exprimem alternância, possibilidade ou alternativa para a situação. Normalmente, são de fácil identificação e compreensão.

Exemplo bíblico do seu uso: “Ὤστε ὅς ἂν ἐσθίῃ τὸν ἄρτον ἢ πίνῃ τὸ ποτήριον τοῦ κυρίου ἀναξίως” – em português: “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente” (1 Cor. 11:27).

Page 99: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO

89

É importante para ampliar seu vocabulário em grego e, ao mesmo tempo, memorizar os significados e praticar a leitura. Sugerimos que escreva as palavras, a seguir, em locais que sejam mais práticos para se ter à mão, para que, durante o dia, possa rever, relembrar e praticar.

DICAS

σήμερον hoje

μή não

ἔξω fora

πάντότε sempre

ταχέως rapidamente

γὰρ pois, porque

ἀλλά mas, porém, entretanto

ἁγνός puro

ὄρος monte

οἶκός casa

FONTE: O autor

Preposições

A preposição é uma palavra indeclinável que tem a função de reforçar ou esclarecer a ideia do caso. Originalmente era advérbio, mas, à medida que se relacionou com o substanti-vo, tornou-se uma classe distinta do advérbio. Entretanto, seu antigo uso como advérbio ainda permanece, uma vez que se encontram preposições em composição com verbos, fortalecendo ou modificando o sentido. Em composição com o verbo, a preposição pode:

1. Ter um sentido de localização. Exemplos: “βάλλω” (Eu jogo); “ἐκβάλλω” (Eu jogo fora). 2. Intensificar o sentido da ação do verbo. Exemplos: “ἐσθίω” (Eu como); “κατεσθίω” (Eu devoro). 3. Modificar completamente o sentido do verbo. Exemplos: “γινώσκω” (Eu conheço);

“ἀναγινώσκω” (Eu leio).

IMPORTANTE

Page 100: ntrodução ao GreGo BíBlIco

90

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

Pode haver mais de uma preposição em composição com o verbo. Exemplo: “συναντιλαμβάνεται” – “(O Espírito) ajuda” (Rom. 8:26). Nem todas as preposições unem-se a verbos. Há sessenta preposições usadas no Novo Testamento. Delas, dezoito aparecem com prefixos em combinação com verbos: uma é “ἀμφί” (de ambos os lados), usada unicamente em composição. Comumente, as preposições são classificadas conforme o número de casos com que funcio-nam. A maior parte funciona com apenas um caso, algumas com dois casos e poucas com três. Na tradução das preposições, não devemos nos limitar a uma só ideia. É possível que, ori-ginalmente, cada preposição tenha tido apenas um só sentido. Contudo, com a evolução do uso das preposições, as palavras começaram a representar outras ideias e o resultado, às vezes, torna difícil determinar, com precisão, qual a ideia original da preposição. O que é mais importante é o sentido, ou os sentidos que resultam do seu uso com o caso ou os casos, nas frases. Com certas preposições, será impossível apresentar todas as variações de tradução. Ao traduzir, o aluno terá de usar bom senso, para que a sua tradução faça sentido.

FONTE: Adaptado de GUILEY, P. C. Apostila do Grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Maranata, 1993. p. 89.

Page 101: ntrodução ao GreGo BíBlIco

91

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acres-centa uma circunstância. Só os advérbios de intensidade podem modificar também adjetivos e advérbios.

• Assim como na língua portuguesa, no grego, o acréscimo de determinados sufixos transforma um adjetivo em advérbio. Para transformar um adjetivo em advérbio, substitui-se a terminação “ῶν” do genitivo plural masculino por “ως”.

• Os advérbios têm várias classes: advérbios de afirmação, de dúvida, de inten-sidade, de lugar, de negação e de tempo.

• Os advérbios têm diversas funções, não estando restritos ao seu uso mais co-mum, que é modificar o sentido verbo. Também podem ser usados para mo-dificar o sentido do adjetivo e, ainda, modificar o sentido de outro advérbio.

• Segundo Taylor (1986, p. 334), conjunções são palavras que ligam sentenças, cláusulas, frases e palavras.

• As conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função têm o nome de coordenativas, e aquelas que ligam duas orações, uma das quais determina ou completa o sentido da outra são chamadas subordinativas.

• Conjunções “são os vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração” (CUNHA; CINTRA, 1985, p. 565).

• Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase com algumas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν.

Page 102: ntrodução ao GreGo BíBlIco

92

1 Na prática de aprendizagem de uma nova língua, é importante para ampliar o seu vocabulário. Traduza as palavras gregas, a seguir, para o português:

AUTOATIVIDADE

GREGO PORTUGUÊSταχύἤδηλίανὀψέμή

μᾶλλον οὐκέτιπλήν ἐχθές

ναίὧδε

πάλιννῦν

FONTE: O autor

2 As conjunções desempenham uma função muito fundamental na cons-trução das frases, pois fazem a sua conexão e dão sequência ao raciocínio construído dentro de um texto. Sobre as conjunções, relacione as colunas associando os itens gregos ao seu significado:

I- καί ( ) pois, porque, aliás.II- ἀλλά ( ) quando.III- γάρ ( ) mas, porém, entretanto.IV- οὖν ( ) e, também, outrossim.V- ὅτε ( ) portanto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – III – II – V – IV.b) ( ) IV – III – I – III – V.c) ( ) V – I – IV – II – III.d) ( ) III – V – II – I – IV.

Page 103: ntrodução ao GreGo BíBlIco

93

3 Para ampliar o seu vocabulário, escreva as seguintes palavras em grego:

a) Puro

b) Monte

c) Pão

d) Senhor

e) Jesus Cristo

f) Mas

g) Rapidamente

h) Homem

i) Autoridade

j) Mal

Page 104: ntrodução ao GreGo BíBlIco

94

Page 105: ntrodução ao GreGo BíBlIco

95

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Seguindo o propósito de conhecer os aspectos gramaticais da língua gre-ga de maneira introdutória, neste tópico, veremos dois aspectos gramaticais: numeral e preposição.

Com relação aos numerais em grego, serão destacados os dez primeiros números, tanto cardinais como ordinais, a fim de observarmos as semelhanças e diferenças de alguns números, especialmente com a pronúncia e a formação das nossas palavras em língua portuguesa. Também veremos os números que mais aparecem no Novo Testamento.

Também estudaremos as preposições mais usadas na língua grega, especial-mente aquelas que aparecem no Novo Testamento, tendo em vista o objetivo de nos aproximarmos do grego Koiné. As preposições serão apresentadas, primeiramente recordando o seu uso na língua na portuguesa e, em seguida, na língua grega. As-sim, veremos certas preposições mais recorrentes utilizadas no Novo Testamento, mostrando o formato que procura apresentar a preposição, com seus significados e alguns exemplos do seu uso extraídos do Novo Testamento.

Entretanto, inicialmente, abordaremos os numerais e um pouco do seu uso na língua grega (mais especificamente o grego Koiné, conforme tem sido a ênfase do nosso material).

TÓPICO 3 —

NUMERAL E PREPOSIÇÃO

“ἐγὼ τὸ Ἄλφα καὶ τὸ Ὤ, ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος, ἡ ἀρχὴ καὶ τὸ τέλος”. “Eu (sou) o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Apoc. 22:13).

2 NUMERAL Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo

ou fração (CEGALLA, 2010, p. 167). Os numerais são conhecidos como cardinais, ordinais, multiplicativos ou fracionários. Os numerais cardinais na língua portu-guesa são: um, dois, três, quatro, cinco, e assim por diante. Os numerais ordinais são: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, e assim sucessivamente. Os nu-merais multiplicativos são descritos como: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo etc. Já os fracionários são: meio ou metade, terço, quarto, quinto etc.

Com relação grego, conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais podem ser usados como substantivos, adjetivos ou advérbios [...]. Essa classe gra-

Page 106: ntrodução ao GreGo BíBlIco

96

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

matical é subdividida em duas categorias: cardinais (indicação de quantidade) e ordinais (indicação de ordem)”. Os números cardinais são indeclináveis, com exceção de 1 a 4 e depois de 200 em diante. Quando declinados, eles concordam com os substantivos que os acompanham. Nos Quadros 26 e 27, serão apresenta-dos os números cardinais e ordinais de um a dez.

Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo ou fração (CEGALLA, 2010, p. 167).

IMPORTANTE

QUADRO 26 – NUMERAIS CARDINAIS

GREGO PORTUGUÊSεἷς umδύο dois

τρεῖς trêsτέσσαρες quatro

πέντε cincoἕξ seis

ἑπτά seteὀκτώ oitoἐννέα noveδέκα dez

FONTE: O autor

QUADRO 27 – NUMERAIS ORDINAIS

GREGO PORTUGUÊSπρῶτος primeiro

δεύτερος segundoτρίτος terceiro

τέταρτος quartoπέμπτος quinto

ἕκτος sexto

Page 107: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

97

FONTE: O autor

Veja o exemplo do uso de um numeral no Novo Testamento em um versículo:

“... em verdade vos digo que um de vós me trairá” (Mt. 26:21).“... Ἀμὴν λέγω ὑμῖν ὅτι εἷς ἐξ ἑμῶν παραδώσει με”.

Agora, veremos no Quadro 28 os exemplos de numerais que aparecem no Novo Testamento e a quantidade de ocorrências.

QUADRO 28 – NUMERAIS USADOS NO NOVO TESTAMENTO

Numeral Tradução Número de ocorrências

εἷς um 344δεύτερος dois 135

τρεῖς três 68

τέσσαρες quatro 41πέντε cinco 38

ἕξ seis 13ἑπτά sete 88ὀκτώ oito 8

δέκα dez 25δώδεκα doze 75εἴκοσι vinte 11

τριάκοντα trinta 11τεσσαράκοντα quarenta 22

ὲχατόν cem 17

FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 64)

ἕβδομος sétimoὄγδοος oitavoἔνατος nono

δέκατος décimo

Page 108: ntrodução ao GreGo BíBlIco

98

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 29 – EXEMPLOS DE PREPOSIÇÕES

Antecedente Preposição ConsequenteVou a Roma.

Chegaram a tempo.Todos saíram de casa.

Chorava com dor.

Estive com Pedro.Concordo com você.

FONTE: O autor

Entre as preposições, estão as chamadas essenciais, também conhecidas como preposições simples: a, ante, após, até, com contra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

São alguns exemplos do uso de preposições as seguintes sentenças:

• Olhava para o monte. • O garfo caiu sob a mesa. • A luta contra o inimigo. • Pulava de alegria. • Esperamos por ele.

3 PREPOSIÇÃO

Outro tema importante, tanto na língua portuguesa como no grego, é a pre-posição. Preposição é uma palavra invariável que liga um termo dependente a um termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos (CEGALLA, 2010, p. 250). Para Cunha e Cintra (1985, p. 542), “chamam-se preposições as palavras invariáveis que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente)”. O Quadro 29 mostra exemplos para melhor compreensão do uso das preposições.

Com relação grego, conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais podem ser usados como substantivos, adjetivos ou advérbios [...] Essa classe gramatical é subdividida em duas categorias: cardinais (indicação de quantidade) e ordinais (indicação de ordem)”.

ATENCAO

Page 109: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

99

São chamadas de preposições essenciais ou preposições simples: a, ante, após, até, com contra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

ATENCAO

São chamadas de preposições acidentais: segundo, conforme, afora, exceto, fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante, visto, como etc.

ATENCAO

Por fim, as locuções prepositivas são expressões com a função das preposi-ções. Como são muitas, podemos citar apenas alguns exemplos: apesar de, abaixo de, a fim de, além de, em frente de, em lugar de, ao lado de, diante de, por entre, perto de, a despeito de, a favor de, até a, sob pena de, através de, não obstante etc.

Existem também as preposições acidentais. São elas: segundo, conforme, afora, exceto, fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante, visto, como etc. Elas funcionam como preposições em determinados momentos.

Alguns exemplos do seu uso são: • Ela dormiu durante a palestra. • José se vestia conforme a moda e a época. • Eles tiveram como recompensa o troféu.

3.1 PREPOSIÇÕES GREGAS

Depois de recordarmos as preposições da língua portuguesa, vamos es-tudar algumas preposições na língua grega, a qual adota o uso de todos os casos do português, exceto o nominativo. Cada preposição pode adotar de um a três casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52). Os Quadros 30 a 32 exemplificam o uso das preposições com os devidos casos.

Page 110: ntrodução ao GreGo BíBlIco

100

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

QUADRO 30 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM APENAS UM CASO

Preposição TraduçãoAcusativo

είς a, para (para dentro de)

πρὸς a, para (em direção a)ἀνὰ para cima

Genitivoἐκ de (de dentro de)

ἀπὸ de (da direção de)ἄχριἄχρις

até (tempo ou lugar)Obs.: antecedem lugar

ἔως até (tempo ou lugar)ἔμπροσθεν diante de, perante, na presença de

ἐνώπιον diante de, peranteἔνεκα por causa, por que, por amor aἔξω fora de

ἔξωθεν fora deὀπίσω depois de, atrás de (tempo ou lugar)πέραν além de, para além de

πρὸ antes de (tempo ou lugar)χωρὶς sem, à parte

Dativoἐν em

σὺν comFONTE: Godoi Filho (2019b, p. 52-54)

Na língua grega, as preposições adotam todos os casos, exceto o nominativo. Cada preposição pode adotar de um a três casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52).

NOTA

Page 111: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

101

QUADRO 31 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM DOIS CASOS

Preposição Significado (acusativo) Significado (genitivo)

διὰ por causa de por (tempo ou lugar) através deκατὰ conforme contraμετὰ depois de com, entreπερὶ sobre, cerca de sobreὑπερ acima de em prol deὑπὸ sob por

FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 54)

QUADRO 32 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM TRÊS CASOS

Preposição Sentido geral Significado (acusativo)

Significado (genitivo)

Significado (dativo)

ἐπί sobre sobre, contra, para

em, sobre, na presença de, nos dias de

Sobre, a, em

παρὰ ao lado depara o ladode, ao ladode, contra

de, ao lado de ao lado de

FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 55)

A seguir, vamos relacionar o uso de algumas preposições, seus significados e como elas aparecem no Novo Testamento.

3.1.1 Preposição: διά

Significado: por, durante, mediante, depois de, por causa de, a favor de, portanto, por esta razão. Essa preposição aparece no Novo Testamento em torno de 600 vezes. Quando usada com os casos no genitivo e no acusativo, tem o sentido de “por”, “em”, “durante”, “através”. A seguir, vemos alguns exemplos desses casos:

• “Ἐισέλθατε διὰ τῆς στενῆς πύλης” – em português: “Entrai pela porta es-treita” (Mat. 7:13).

• “...καὶ διὰ τριῶν ἡμερῶν οἰκοδομῆσαι” – em português: “e reedificá-lo em três dias (durante três dias)” (Mat. 26:61).

Quando usada com o caso no acusativo o sentido mais usado é “por causa de”. Exemplo:

• “καὶ ἔσεσθε μισούμενοι ὑπὸ πάντων διὰ τὸ ὀνομά μου” – em português: “E sereis aborrecidos por todos por (por causa de) amor do meu nome” (Mar. 13:13).

Page 112: ntrodução ao GreGo BíBlIco

102

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

3.1.2 Preposição: ἀνά

Significado: para cima, no meio de, de volta, de novo, outra vez. Aparece poucas vezes sozinha no Novo Testamento, geralmente é empregada de maneira composta. Usada com o caso acusativo e, normalmente, no sentido distributivo. Também pode funcionar como advérbio ou preposição. Veja um exemplo:

• “ἦλθεν αὐτοῦ ὁ ἐχθρὸς καὶ ἐπέσπειρεν ξιξάνια ἀνά μέσον” – em portu-guês: “Veio o seu inimigo e semeou joio no meio” (Mat. 13:25).

3.1.3 Preposição: μετά Significado: com, para com, contra, depois de, além de. Essa preposição

aparece mais de 400 vezes no Novo Testamento. É usada com o genitivo e o acu-sativo. Quando em composição com uma palavra, apresenta a ideia de associa-ção, de chamar ou, ainda, transformar. Vamos observar como é usada:

• “ἦν μετὰ τῶν θηρίων” – em português: “estava com as feras” (Marc. 1:13). • “μετὰ δυνάμεως καὶ δόξης πολλῆς” – em português: “com poder e muita

glória” (Mat. 24:30). • “μετὰ δὲ τὸ δεύτερον καταπέτασμα” – em português: “além da segunda

cortina” (Hb 9:3).

3.1.4 Preposição: ἐπί

Significado: sobre, em, perante, para com, ao longo de, por causa de, entre outros. Essa preposição é usada no Novo Testamento mais de 800 vezes. Quando usada com o genitivo, indica parcial superimposição; com o acusativo, movimen-to que tem como alvo superimposição; e, quando usada com o locativo, superim-posição. Observe alguns exemplos:

• “καθάπερ Μωΰσῆς ἐτίθει κάλυμμα ἐπὶ τὸ πρόσωπον” – em português: “como Moisés, que punha um véu sobre a sua face” (2 Cor. 3:13).

• “ὂν καταστήσει ὁ κύριος ἐπί τῆς θεραπείας αὐτοῦ” – em português: “o qual o senhor estabelecerá sobre os seus domésticos” (Luc.12:42).

• “ἐπὶ τῷ ῥήματί σου χαλάσω τὰ δίκτυα” – em português: “sobre a tua (em virtude da) palavra lançarei as redes” (Luc. 5:5).

Page 113: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

103

3.1.5 Preposição: εἰς

Significado: em, dentro, entre, para, para dentro, para o meio de, entre outros. De acordo com Taylor (1990), “[o contrário de ἐκ], derivada de ἐν, que veio afinal assu-mir, em tempos modernos, todas as funções da preposição mais velha, é usada 2000 ve-zes no Novo Testamento, e sempre com o acusativo”. Se há qualquer distinção entre εἰς e ἐν, reside na ideia de movimento que aparece muitas vezes com “εἰς”, enquanto “ἐν” apresenta a ideia de posição fixa. Veja os exemplos de seu uso no Novo Testamento:

• “ἀπὸ τῆς ἀπλότητος τῆς εἰς τὸν Χριστόν” – em português: “da simplicidade que há em Cristo” (2 Cor. 11:31).

• “ἀνέβη εἰς τὸ ὄρος” – em português: “subiu ao monte” (Mt. 5.1). • “... εἰσελθόντος δὲ αὐτοῦ εἰς καφαρναούμ” – em português: “e, entrando

Jesus em Cafarnaum” (Mt. 8:5). • “δύναμις γὰρ θεοῦ ἐστὶν εἰς σωτηρίαν” – em português: “é poder de Deus

para salvação” (Rom. 1:16).

3.1.6 Preposição: κατά

Significado: para baixo, embaixo, sobre, para baixo, por, contra etc. Essa palavra é usada mais de 400 vezes no Novo Testamento, com o genitivo, acusativo e ablativo. Quando utilizada com um verbo, fortalece a ação do verbo. Por exemplo:

• “καὶ ὥρμησεν ἡ ἀνέλη κατὰ τοῦ κρημνοῦ” – em português: “e a manada se precipitou por um despenhadeiro” (Mar. 5:13).

3.1.7 Preposição: περί

Significado: ao redor, em todos os lados, ao redor de, acerca de, concer-nente a etc. Essa preposição é encontrada mais de 300 vezes no Novo Testamento. Sua ideia principal é “ao redor de”. Entretanto, quando o sentido não está relacio-nado ao locativo, traz a ideia de “concernente a”, “a respeito de”, “em referência”. Pode ser usada com o genitivo e o locativo. Por exemplo:

• “καὶ ξώνην δερματίνην περί τὴν ὀσφὺν αὐτοῦ” – em português: “e com um cinto de couro em redor de seus lombos” (Mar. 1:6).

3.1.8 Preposição: παρά

Significado: ao lado de, da parte de, por, perto de, junto de, com, diante de, na presença de, para o lado de, entre outros. Essa preposição encontra-se em torno de 200 vezes no Novo Testamento. Apresenta função com os três casos: ablativo,

Page 114: ntrodução ao GreGo BíBlIco

104

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

3.1.9 Preposição: πρός

Significado: perto, face a face, junto a, com, por, em direção a, contra etc. Essa preposição aparece mais de 700 vezes no Novo Testamento. Mais comumen-te usada com o locativo e o acusativo, e um único caso no ablativo. Tem a ideia fundamental de “perto”. Podemos citar como exemplos:

• “καὶ ὁ λὀγος ἦν πρὸς τὸν θεόν” – em português: “e a palavra estava face a face com Deus” (Jo. 1:1).

• “σκλνρὸν σοι πρὸς κέντρα λακτίξειν” – em português: “Duro é para ti recal-citrar contra os aguilhões” (At. 9:5).

3.1.10 Preposição: ὑπό Significado: debaixo de, sob, por meio de, por etc. Essa preposição é vista mais

de 200 vezes no Novo Testamento. O seu uso é realizado nos casos acusativo e ablativo. Com outras palavras, seu sentido comumente é “embaixo de”. Por exemplo: “πάντας ὑφ’ ἁμαρτίαν εἶναι” – em português: “todos estão debaixo do pecado” (Rom. 3:9).

acusativo e dativo. Conforme Taylor (1990, p. 275), παρά e πρός são preposições de ideias etimológicas gêmeas, παρά significando “ao lado de” e πρός em justaposi-ção “face a face” (ἀντι, face a face em oposição e substituição). É muito comum em palavras compostas no grego, sendo uma das mais conhecidas e citadas παράκλη-τος (termo que se refere ao Espírito Santo, Consolador, Advogado).

Vamos ver alguns exemplos do seu uso no Novo Testamento:

• “καὶ ἰδοὺ δύο τυφλοὶ καθήμενοι παρὰ τὴν ὁδὀν” – em português: “E eis que dois cegos, assentados junto do caminho” (Mat. 20:30).

• “ὅτι παρ’ ὑμῖν μένει” – em português: “porque (ele) habita convosco” (João 14:17).

Page 115: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

105

Pratique seu vocabulário e memorize a grafia e a tradução das seguintes pa-lavras gregas:

DICAS

GREGO PORTUGUÊS

εἰς em, dentro

ἡμέρα dia

πρόσωπον rosto, face

ἐπί sobre, perante

μετά com, além de

δύναμις poder

ὄρος monte

σωτηρία salvação

ὁδός caminho

Κατά para baixo, por

FONTE: O autor

Page 116: ntrodução ao GreGo BíBlIco

106

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

LEITURA COMPLEMENTAR

Estrutura e Formação das Palavras

Maria Helena de Moura Neves

Quanto à estrutura, apenas um termo da NGB está na gramática incipien-te grega: tema, transliterado do grego (thêma, “o que é colocado”, “o que é depo-sitado”; na gramática, “forma primária”).

Quanto à formação, acontece que a etimologia grega não se reduziu a um siste-ma o processo de formação de palavras. AD chega a uma diferença entre radical e ter-minação, mas não tem um termo técnico para raiz ou radical. Ele sabe que as alterações não são caprichosas e desligadas, mas – pode-se verificar – não há, entre os gregos, uma preocupação de análise mórfica; pelo contrário, o movimento é o inverso.

Ainda nesse campo, também não se encontra, na gramática grega, uma apresentação que contemple os processos em si: derivação, composição ou hi-bridismo, relacionados na NGB. Por outro lado, semelhantemente ao que ocorre nesse documento, as indicações de subclassificações do tipo de primitivo ou deri-vado se fazem lá, dentro do estudo das diversas classes de palavras.

Exatamente por isso, a flexão das palavras, vista no geral (a consideração de palavras variáveis e palavras invariáveis), constitui uma verdadeira chave de entrada para a consideração dos termos e de sua subclassificação, na gramática grega incipiente. Se a filosofia se fixou nessa questão mais para verificar a existência de declinação (de ptôsis, “caso”), que tinha grande importância na organização da proposição lógica, já nos estoicos se levantam quadros de flexão como paradigmas, e, paralelamente, levantam-se os desvios e irregularidades que o uso determinou. Os gramáticos gregos fixam-se fortemente na flexão de cada classe (distinguindo categorias “com” ou “sem” flexões), e apresentam um feixe das categorias gramaticais aplicáveis às diversas partes do discurso da língua grega, com isso, organizando as formas em um sistema de flexão que fornece um padrão. Entretanto, quando a referência à flexão aparece nas definições das diversas classes, em geral, o que está em questão é, mesmo, a flexão casual; por exemplo, verifica-se que, no advérbio, a definição registra explicitamente o termo ákliton que significa “sem flexões”, “invariável”, “não ligado à indicação de casos”.

Classificação das palavras (e flexão)

Nesse amplo compartimento, pode-se dizer que uma teoria das partes do dis-curso chegou a ser bastante completa e claramente construída na gramática grega. As denominações das classes vêm, no geral, por tradução latina, embora nem sempre haja correspondência exata de conceito ou de sua aplicação. É o que se pode dizer, muito es-pecialmente, da denominação portuguesa para substantivo (hypárktikos, “que subsiste por si”, ligado a hýparxis, “existência”; latim: substantivus), termo que, na gramática gre-

Page 117: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

107

ga, não designa classe de palavras. O termo grego que nomeia a classe correspondente a substantivo é ónoma, “nome”, mas, de certo modo, a aplicação do termo é semelhante. Para Platão, os nomes buscam imitar a essência das coisas (mímesis), e, em DT, o trata-mento da categoria nome recorre a ousía (“aquilo que é”, a “essência”), enquanto AD fala em poiótes, “qualidade”. Descartados os compromissos filosóficos, fica o substanti-vo (comum) como o nome que dá uma descrição daquilo que é nomeado.

No caso do termo artigo (em Aristóteles, estoicos e gramáticos, árthron, “articu-lação”; latim: articulus, “articulação”), que é um elemento gramatical de que a língua la-tina não dispunha, vê-se que, no português, o conceito se altera e a aplicação se restrin-ge. Em DT – portanto, já na gramática alexandrina –, e também em AD, entre os artigos ficava não somente o artigo propriamente dito, referido como “(artigo) que se coloca antes” (árthron protaktikón), mas também o pronome relativo, referido como “(artigo) que se coloca depois” (árthron hypotaktikón). É o que mostro no estudo dos pronomes.

Contudo, na grande maioria dos casos de denominação das classes de palavras, diferentemente do que ocorre com o termo artigo, a denominação se mantém (por tradução latina), e o conceito, ou a abrangência, é alterado.

No caso do adjetivo (em DT: epítheton, “que é acrescentado”, “que faz atribuição”; latim: adiectivum), há grande diferença na partição de campo dos diversos estudiosos. Em primeiro lugar, não se tratava de uma classe à parte, conforme demonstra o próprio modo de denominação encontrado, no qual epítheton vem como adjunto nominal: ónoma epítheton, nome adjetivo. Além disso, nem sempre os epítheta se incluíram entre os nomes. Inicialmente, pela possibilidade de os elementos, assim denominados, funcionarem como predicado, eles se incluíam entre os verbos (entre os rhémata, em Platão e Aristóteles), depois passaram a ser classificados como nomes. DT os incluiu entre as vinte e quatro espécies (eíde) nocionais dos nomes, e AD também os incluiu entre os vinte tipos de nomes que distinguiu.

No caso do numeral (arithmetikón; latim: numerale), do mesmo modo, não se postulava uma classe à parte. DT e AD o colocaram entre as diferentes sub-classes nocionais dos nomes, dando exemplos apenas de cardinais, que seriam os numerais por excelência. O (nome) ordinal (em DT e em AD: taktikón, “referente ao alinhamento”; latim: ordinale) é outra das subclasses.

No caso do pronome (em DT e em AD: antonymía, denominação que traz o prefixo anti, “no lugar de”; latim: pronomen, com o prefixo pro-, correspondente ao grego -anti), o campo recoberto era bem diferente do que hoje se entende na organi-zação da gramática. O manual de DT inclui entre os pronomes apenas aqueles que ele subclassifica como primitivos e derivados, que são, respectivamente, os pessoais (prósopoi) e os que chamamos possessivos, os quais, porém, não recebem essa de-nominação, mas são chamados bipessoais (diprósopoi) porque encerram a ideia de possuidor e de possuído. AD faz essa mesma classificação, mas alarga o domínio dos pronomes, não chegando a abrigar os nossos pronomes relativos, que deixa entre os “artigos antepostos”. Ele põe como subclasses dos nomes as outras palavras que hoje

Page 118: ntrodução ao GreGo BíBlIco

108

UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ

se consideram pronomes. Em DT, o termo relativo (anaphorikón, “de relação”, “relati-vo”; latim: relativum) era usado para designar uma subclasse dos nomes.

No caso da preposição (em DT e em AD: próthesis, “palavra que se coloca antes, em composição ou em construção”; latim: praepositio), a classe incluía os prefixos, e o significado do termo grego explica esse fato.

No caso da conjunção (desde Aristóteles: sýndesmos; “união”, “vínculo”; latim: coniunctio), inicialmente, ficam abrangidas coisas muito diferentes (conjun-ções, preposições, pronomes). Com os estoicos, já não se incluem os pronomes, mas tudo o que é indeclinável, com a definição feita pela função: ligar as outras partes do discurso. Esse é também o caráter acentuado em DT, que ainda insiste no valor de tal elemento na ordenação do pensamento. AD também faz indicação da “ordem” (táxis), mas põe a seu lado a “força” (dýnamis), o que poderia querer lembrar, já na definição, a subordinação ao lado da coordenação.

No caso do advérbio (nos estoicos, em DT e em AD: epírrhema, “ao lado do/sobre o verbo”; latim: adverbium), a denominação traz o mesmo prefixo epí (“sobre”) que está em epítheton, “adjetivo”. Ou seja, o termo epírrhema é um cor-respondente do termo epítheton, no sentido de que epítheton está para “nome” assim como epírrhema está para “verbo”. AD diz claramente que o advérbio é uma espécie de adjetivo do verbo e deve vir após a preposição, que se liga ao nome.

Resta observar o caso do termo verbo (nos filósofos e nos gramáticos: rhêma, “o que se diz”, “predicado”; latim: verbum). Essa denominação grega e a denominação portuguesa para verbo fazem conceituação análoga, mas não idêntica, já que a denomi-nação de uma função (então vista a partir da lógica), como a de “predicado”, representa um deslizamento de domínio, se tomada para denominar uma classe gramatical.

Saindo das denominações daquelas que, hoje, se consideram “classes de palavras”, vamos a outras denominações, seja para subclassificação (principalmente na classe dos nomes, onómata), seja para flexão (principalmente na classe dos verbos, rhémata). Verifica-se que, na denominação das subclassificações, bem como na das flexões, há uma maioria de traduções (geralmente latinas), cerca de trinta e cinco, nas quais, em geral, se mantém (em um sentido amplo) o conceito (muitas vezes mudando a aplicação do termo) e se altera a forma. A gramática grega incipiente não só classificou minuciosamente as partes do discurso como também desenvolveu bastante o estudo das flexões, uma característica da gramática emergente que deve ser destacada:

Quando examina as indicações de gênero, número, caso, tempo, modo, voz e pessoa (tà parepómena, “os acessórios”), aí, então, é que a gramática se move entre os fatos que poderíamos considerar mais especificamente gramati-cais. Os filósofos naturalmente notaram esses fatos e teorizaram sobre eles, vinculando-os, sempre, porém, a um sistema filosófico. Notaram o geral, e apenas ocasionalmente, vendo aquilo que era evidente no exercício da lin-guagem, e sem um interesse específico. Os gramáticos, por sua vez, tinham de ter sua atenção despertada em particular para esses fatos, porque neles especialmente o criticismo encontrava as discrepâncias de uso em relação à linguagem dos poetas, e ainda porque eles facilmente se poderiam organizar

Page 119: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO

109

em uma codificação empírica. Necessariamente essas indicações implicam entidades morfológicas, ou, mais ainda, morfossintáticas, e, assim, elas são as considerações formais por excelência no exame linguístico. Sua consideração leva forçosamente a uma caracterização e sistematização de formas. Assim, foi esse exame que mais diretamente instituiu paradigmas, o ponto básico da organização gramatical, nos moldes em que ela surgiu. Como nos outros aspectos, porém, o que a gramática pôs em um quadro prático, concreto e manipulável se apoiou na pesquisa espontânea e ocasional que estava dispo-nível no material da filosofia (NEVES, 2005, p. 133-134).

Entretanto, às flexões, o estudioso só pode chegar pelas subclassificações, e é o que aqui se faz. Os comentários se iniciam pelos termos introduzidos por tradução ou por transliteração das denominações gregas. A denominação por ter-mos novos será vista mais adiante, uma discriminação que se justifica pelo fato de que o foco, neste estudo, é exatamente o modo, ou seja, o tipo de denominação.

A primeira indicação refere-se às duas espécies principais de nomes em DT: o (nome) primitivo (protótypon, “que é o primeiro”; latim: primitivum) e o (nome) deri-vado (parágogon, termo relacionado com o verbo parágo, “conduzir para outro lado”, “derivar”; latim: derivatum), sendo os nomes derivados subclassificados, depois, em sete subespécies. Do mesmo modo, em DT também os pronomes podem ser pri-mitivos (que são os pessoais) e derivados (que são os possessivos), denominações e conceituações que não são mantidas em nossa gramática. Cabe observar que, em princípio, a derivação não teria de ser considerada classe por classe, mas, sim, no geral das formas da língua, independentemente de sua categorização no sistema. Na verdade, a indicação, que também a NGB faz, de uma subclassificação em primitivo e derivado, separadamente, para as diversas classes, perde a oportunidade de consi-derar a formação das palavras como um processo independente de sua classificação.

FONTE: Adaptado de NEVES, M. H. de M. O legado grego na terminologia gramatical brasileira. Alfa, rev. lingüíst. (São José Rio Preto), v. 55, n. 2, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2Je4u6k. Acesso em: 10 nov. 2020.

Page 120: ntrodução ao GreGo BíBlIco

110

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

• São chamadas de preposições essenciais ou preposições simples: a, ante, após, até, com contra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

• São chamadas de preposições acidentais: segundo, conforme, afora, exceto, fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante, visto, como etc.

• Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo ou fração. Os numerais são conhecidos como cardinais, ordinais, multiplicativos ou fracionários.

• Conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais podem ser usados como subs-tantivos, adjetivos ou advérbios [...]. Essa classe gramatical é subdividida em duas categorias: cardinais (indicação de quantidade) e ordinais (indicação de ordem)”.

• Para Cunha e Cintra (1985, p. 542), “chamam-se preposições as palavras invari-áveis que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente).

• Na língua grega, as preposições adotam todos os casos, menos o nominativo. Cada preposição pode adotar de um a três casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52).

• Os numerais mais usados no Novo Testamento são: εἷς (um); δεύτερος (dois); τρεῖς (três); ἑπτά (dez); e δώδεκα (doze).

• Algumas das preposições que mais aparecem no Novo Testamento são: διά, ὑπό, πρός, παρά, εἰς, περί, ἐπί, μετά, κατά, ἀνά.

Page 121: ntrodução ao GreGo BíBlIco

111

1 Na prática de aprendizagem de uma nova língua, é importante para am-pliar o seu vocabulário. Traduza as palavras do grego para o português:

AUTOATIVIDADE

GREGO PORTUGUÊSσωτηρίαν

ἀπλότητοςἀνάἑπτάἕκτος

πέμπτος τέσσαρεςἕβδομος

ἄχριπερὶ

FONTE: O autor

2 O estudo dos numerais e das preposições também envolve a classe gramatical das palavras gregas. As preposições demandam muito mais conteúdo, porém é de extrema importância conhecer os numerais. Com relação a essas duas classes gramaticais, associe os itens em português com as respectivas palavras em grego:

I- Conforme. ( ) μετάII- Dois. ( ) δέκα.III- Dez. ( ) ἀνά.IV- Com, para com. ( ) κατά.V- Para cima, no meio de. ( ) δεύτερος.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – I – IV – III – II.b) ( ) II – IV – I – III – V.c) ( ) IV – III – V – I – II.d) ( ) III – V – II – I – IV.

3 Para ampliar o seu vocabulário, escreva as seguintes palavras em grego:

a) Décimo

b) Um

Page 122: ntrodução ao GreGo BíBlIco

112

c) Dentro

d) Seis

e) Quarto

f) Salvação

g) Sobre

h) Sete

i) Terceiro

j) Caminho

4 Depois de conhecer um pouco mais a respeito de numerais e preposições gregos, agora você já consegue diferenciá-los e identificar certas características próprias de cada um. A respeito dessas duas classes gramaticais, analise as sentenças a seguir:

I- São exemplos de numerais cardinais em grego: τρίτος e πρῶτος.II- Preposições essenciais ou preposições simples: a, ante, após, até, com con-

tra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.III- A preposição é uma palavra indeclinável que tem a função de reforçar ou

esclarecer a ideia do caso.IV- Alguns exemplos dos numerais ordinais na língua grega são: δέκατος e

πέμπτος.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. b) ( ) Somente a alternativa IV está correta. c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.d) ( ) As alternativas I e III estão corretas.

5 O processo de memorização das palavras gregas contribui grandemente para o aprendizado, pois, além de aumentar o vocabulário do estudante, torna as pala-vras cada vez mais familiares para ele. Como você já está memorizando algumas palavras na língua grega, analise as palavras em grego e a tradução atribuída, a seguir, classificando V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) δύναμις = poder. ( ) εἰς= para baixo, fora.( ) ὁδός= caminho.( ) ἐννέα = oitavo.( ) ἕκτος = sexto.

Page 123: ntrodução ao GreGo BíBlIco

113

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – F – V.b) ( ) F – F – V – V – V. c) ( ) V – V – V – V – F. d) ( ) F – V – F – V – V.

Page 124: ntrodução ao GreGo BíBlIco

114

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. São Paulo: Editora Hagnos, 2002.

CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.

FERNANDES, M. Gramática de grego Koinê. Disponível em: https://bit.ly/3md-0C4s. Acesso em: 5 fev. de 2020.

CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Com-panhia Editora Nacional, 2010.

CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira S. A., 1985. GODOI FILHO, J. Grego instrumental aplicado ao Novo Testamento. Curitiba: Intersaberes, 2019a.

GODOI FILHO, J. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.

GUILEY, P. C. Apostila do grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Ma-ranata, 1993.

PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Editora Áti-ca, 2000.

ROSA, E. B. Khairete. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua. Ara-raquara: FCL/ UNESP, 2015.

ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental. Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.

TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: JUERP – Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1990.

TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. São Paulo: Editora Ba-tista Regular, 1991.

THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and stu-dents. German Bible Society, 1988.

Page 125: ntrodução ao GreGo BíBlIco

115

UNIDADE 3 —

ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• analisar o verbo e seus componentes;

• compreender os verbos do grego Koiné;

• conhecer alguns tempos verbais no grego Koiné;

• destacar alguns aspectos do processo de tradução;

• memorizar e traduzir palavras gregas.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

TÓPICO 2 – O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

TÓPICO 3 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

Page 126: ntrodução ao GreGo BíBlIco

116

Page 127: ntrodução ao GreGo BíBlIco

117

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Nesta unidade, vamos iniciar o estudo sobre os verbos no grego Koiné. Na de-finição de Cegalla (2010, p. 182), o verbo é “uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno”, e “palavra indispensável na organização do período”. Conforme Taylor (1990, p. 8), “o verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pes-soa”. De acordo com Godoi Filho (2019b, p. 80), “os verbos compõem a classe grama-tical que indica as ações expressas em uma sentença e o tempo em que elas ocorrem”.

Neste tópico, trabalharemos dois aspectos referentes ao verbo: análise do verbo e de alguns aspectos importantes para a sua compreensão, especialmente na língua grega; e o uso do tempo presente nos verbos em grego. Estudaremos alguns aspectos apresentando exemplos de conjugação no tempo presente dos modos na língua grega.

Novamente, é importante reforçar que, como se trata de uma introdução aos estudos do grego Koiné, não serão apresentados, de forma exaustiva, todos os aspectos do verbo, pois isso demandaria muito mais espaço para conteúdo nesse primeiro momento. Assim, serão destacados alguns aspectos mais elementares, que servirão de base para estudos posteriores nessa área.

TÓPICO 1 —

ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO

PRESENTE NO GREGO KOINÉ

Ἐγώ εἰμι ὁ ποιμὴν ὁ καλός. ὁ ποιμὴν ὁ καλός τὴν φυχὴν αὐτοῦ τίθησιν ὑπὲρ τῶν προβάτων. “Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11).

Para Cegalla (2010, p. 182), “verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno” e “palavra indispensável na organização do período”. Conforme Taylor (1990, p. 8), “o verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa”. De acordo com Godoi Filho (2019b, p. 80), “os verbos compõem a classe gramatical que indica as ações expressas em uma sentença e o tempo em que elas ocorrem”.

UNI

Page 128: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

118

2 ANÁLISE DO VERBO

Assim como na língua portuguesa, encontramos os seguintes elementos que fazem parte da estrutura dos verbos no grego Koiné: modo; tempo; voz; pes-soa; e número. No processo de análise de qualquer verbo do Novo Testamento, é muito importante compreendermos o funcionamento de cada um desses ele-mentos, além da necessidade de conhecer a forma como o verbo se apresenta no dicionário. Vamos observar, de forma sucinta, cada um desses elementos.

2.1 MODO

De acordo com Taylor (1990, p. 8), “o modo indica a maneira de afirmação, como é feita”. Cegalla (2010, p. 183) mostra que os verbos indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar: indicativo, imperativo e subjuntivo. Além desses modos, existem as formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio.

Para Guiley (1993, p. 7), “o modo do verbo indica a atitude mental da pes-soa que fala (ou escreve), com referência à realidade da ação do verbo”.

Há, no grego, quatro modos verbais, os quais serão explanados a seguir.

2.1.1 Indicativo

Indicativo é o modo que serve para declarar positivamente um fato certo, positivo. A intenção do interlocutor é declarar a realidade de um fato, conforme atesta Guiley (1993, p. 7): “a pessoa que fala estas palavras está declarando um fato como real. Ao modo não importa se a declaração é verdadeira ou falsa. Im-porta somente a declaração do fato”.

Os tempos encontrados no modo indicativo são seis no total: presente, imperfeito, futuro, aoristo, perfeito e mais-que-perfeito.

São elementos que fazem parte da estrutura dos verbos: modo; tempo; voz; pessoa; e número.

DICAS

Page 129: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

119

2.1.2 Subjuntivo

O modo subjuntivo expressa um fato possível, duvidoso ou hipotético. É o modo da “probabilidade”, que não diz que a ação do verbo seja um fato agora, mas que poderá se tornar um fato sobre certas condições prováveis. No grego, há três tempos verbais no subjuntivo: presente, aoristo e perfeito.

2.1.3 Optativo

É um modo que, embora não temos na língua portuguesa, aparece na lín-gua grega. É o modo da probabilidade remota, ou seja, na mente da pessoa que fala, há pouca possibilidade de que a ação do verbo se realize, somente se fortes contingências forem superadas. De acordo com Guiley (1993, p. 8), é usado para expressar desejos cuja realização é duvidosa por causa de dificuldades no cami-nho. Esse modo é indicado pelo uso de palavras como “oxalá” e “tomara que” em português. Cabe também destacar que o seu uso no Novo Testamento é muito raro, aparece poucas vezes: segundo Guiley (1993, p. 8), é visto apenas 67 vezes e somente nos tempos presente e aoristo.

O modo optativo expressa um desejo na oração principal de determinado período – no português, é traduzido pelo pretérito imperfeito do subjuntivo ou futuro pre-térito. Por exemplo: “eu poderia”. Durante o período Helenístico, esse modo verbal foi gra-dualmente substituído pelo subjuntivo (SOARES, 2011; GODOI FILHO, 2019b, p. 134).

NOTA

2.1.4 Imperativo

Exprime ordem ou pedido, proibição ou, até mesmo, conselho. É consi-derado o mais fraco dos modos, no sentido de que expressa apenas a vontade da pessoa, isto é, somente que tal é o desejo ou o intento do interlocutor. É muito usado em súplicas, proibições e ordens. No caso do modo no imperativo, há so-mente dois tempos verbais: presente e aoristo.

Além desses quatro modos verbais (indicativo, subjuntivo, optativo e im-perativo), há duas formas nominais na língua grega: o infinitivo e o particípio.

Page 130: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

120

Há quatro modos verbais no grego: indicativo; subjuntivo; optativo; e imperativo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.

DICAS

2.2 TEMPO

O tempo do verbo em grego é o aspecto mais importante. Conforme Taylor (1990, p. 8), “o tempo expressa o estado ou qualidade de ação do verbo”. No estudo do grego, é fundamental identificar o tempo e compreender o seu significado, bem como fazer a interpretação correta. Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da ação: se está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).

Há duas ideias básicas na aplicação do tempo no verbo em grego: a pri-meira responde à pergunta “quando?”; e a segunda refere-se ao tipo de ação e responde à pergunta “como?”.

O autor Guiley (1993) destaca que na língua grega no uso do verbo o que é chamado de “Aktionsart” (palavra alemã que significa “tipo de ação”). Há três tipos de aktionsart no verbo:

• Linear – identifica ação em progresso, ação continuada, habitual, repetida, cos-tumeira. Tempos: presente, imperfeito e, às vezes, futuro apresentam ação linear.

• Pontilear – identifica ação como um ponto. Não diz nada com referência à continuidade; somente que houve a ação. O tempo aoristo e, às vezes, o futu-ro, apresentam ação pontilear.

• O aktionsart dos tempos perfeito e mais-que-perfeito une as duas ideias e apre-senta ação feita no passado com resultados que permanecem até o presente. É importante distinguir entre tempo e aktionsart. No modo indicativo, as duas ideias estão presentes nos verbos, enquanto, nos outros modos do verbo, há somente aktionsart.

De acordo com Taylor (1990, p. 13), “somente no modo indicativo é que os tempos indicam tempo. A principal ideia dos tempos gregos é a ‘qualidade de ação’, o estado da ação do verbo”. Os tempos do verbo são divididos em duas classes:

• Perfeito, presente e futuro: são chamados de tempos primários. • Imperfeito, aoristo e mais-que-perfeito: são chamados de tempos secundários

ou tempos “históricos” – que trata do passado.

Para Godoi Filho (2019b):

Page 131: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

121

O grego apresenta três aspectos verbais: o durativo, o pontilear e o resultante. O aspecto durativo se refere a uma ação que está aconte-cendo. O aspecto pontilear expressa uma ação sem que se se determine a maneira como é realizada ou a duração do processo verbal. No caso de uma ação concebida no passado, trata-se de uma ação já concluída. O aspecto resultante, por sua vez, corresponde a uma ação realizada no passado, mas que ainda persiste no presente, exprimindo, pois, o resultado de uma ação verbal (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).

Cabe destacar também que nem todos os tempos verbais estão presentes na língua grega. Godoi Filho (2019b, p. 135) apresenta informações sobre essas diferenças:

• Modo indicativo: presente, futuro, aoristos 1 e 2, perfeito, pretéritos imper-feito e mais-que-perfeito.

• Modo subjuntivo: presente, aoristos 1 e 2 e perfeito. • Modo imperativo: presente e aoristos 1 e 2. • Modo optativo: presente, aoristos 1 e 2, futuro e pretérito perfeito.

Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da ação: se está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).

UNI

2.3 VOZ

Para Taylor (1990, p. 8), “a voz do verbo diz como a ação do mesmo se relacio-na com o sujeito”. Na língua portuguesa, conforme Cegalla (2010, p. 184), “os verbos se classificam em: 1. Ativos; 2. Passivos; 3. Reflexivos”. São conhecidos também como voz ativa, voz passiva e voz reflexiva dos verbos. Godoi Filho destaca que:

Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e média. A voz média é usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em ομαι). Por exemplo: ἔρχομαι, em português ficaria “vou”, “venho”. São verbos que utilizam a voz média, mas que mantêm o mesmo sen-tido da voz ativa. Em síntese, no português, a voz média sempre será traduzida como voz ativa (GODOI FILHO, 2019b, p. 135).

Assim, a voz média representa o sujeito agindo com referência a si mes-mo, diretamente sobre si (média direta): λούω (eu lavo); λούομαι (eu me lavo); agindo para si ou com vantagem para si, de qualquer maneira: ἀγοράζω (eu com-pro); ἀγοράζομαι (eu compro para mim; TAYLOR, 1993, p. 22).

Page 132: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

122

2.4 NÚMERO E PESSOA O número e a pessoa na flexão do verbo se referem a: primeira, segunda e

terceira pessoa do singular (eu, tu, ele/a) e do plural (nós, vós, eles/as). Segundo Taylor (1990, p. 8), “as terminações pessoas indicam os diferentes sujeitos, como eu, tu, ele, ou ela, nós, vós, eles ou elas. Estas terminações pessoais são restos de antigos pronomes e são inseparáveis do verbo”. Da mesma forma que na língua portuguesa, as terminações em grego mostram quem faz a ação.

Dessa maneira, ao nos referirmos ao número, estamos indicando a flexão dos verbos em singular ou plural. Por outro lado, quando se fala em pessoa, a referência é sobre 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular (eu, tu, ele/a) e do plural (nós, vós, eles/as).

3 CONJUGAÇÕES

As línguas portuguesa e grega têm semelhança na estrutura gramatical, ain-da que, em algumas situações, apresentem suas diferenças e suas especificidades. Algumas semelhanças são as mesmas classes de palavras, como substantivos, adjeti-vos, verbos etc., que têm as mesmas funções nas frases. Em relação aos verbos e suas conjugações, as semelhanças também são evidentes, porém, com algumas diferenças.

Na língua portuguesa, há três classes de verbos. Cada conjugação se ca-racteriza por uma vogal temática.

• Primeira conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “ar”; por exemplo: cant -ar.

• Segunda conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “er”; por exemplo: faz -er.

• Terceira conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “ir”; por exem-plo: part -ir.

Na língua grega, há somente duas classes de verbos, estando divididas em:

• Verbos que terminam em “ω” (ômega) – esta classe é chamada de “ômega”, pelo fato de a forma do verbo, na primeira pessoa do singular no presente do indicativo ativo, terminar com a letra ômega. A maioria dos verbos em grego pertence a essa classe.

• Verbos que terminam em “μ/ι” (mu/iota) – esta classe é chamada de “mu/iota”, pelo fato de a forma do verbo, na primeira pessoa do singular no pre-sente do indicativo ativo, terminar com mu/iota.

A conjugação segue o mesmo formato da conjugação dos verbos em por-tuguês. Há formas singulares e plurais: há formas para 1ª, 2ª e 3ª pessoas. Com pequenas alterações nas formas, indica-se o tempo da ação do verbo, ou seja, se é

Page 133: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

123

presente, passado ou futuro. Dessa maneira, também indica se a ação do verbo é um fato, uma possibilidade, um desejo ou uma ordem.

O Quadro 1 exemplifica a conjugação do verbo falar na língua grega. Para observarmos como se forma o verbo, temos o radical, a vogal temática e a termi-nação pessoal. Você notará a semelhança no formato com a língua portuguesa.

QUADRO 1 – ESTRUTURA DO VERBO NO GREGO

PESSOA CONJUGAÇÃO NO GREGO RADICAL VOGAL

TEMÁTICATERM.

PESSOA TRADUÇÃO

Singular

1ª pessoa λέγω λεγ ω ω Falo

2ª pessoa λέγεις λεγ ε ις Falas

3ª pessoa λέγει λεγ ε ι Fala

Plural

1ª pessoa λέγομεν λεγ ο μεν Falamos

2ª pessoa λέγετε λεγ ε τε Falais

3ª pessoa λέγουσι λεγ ο υσι Falam

FONTE: O autor

4 TEMPO PRESENTE O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresenta

ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Apenas no modo indicativo há o sentido de tempo que responde à pergunta “quando?” (GUILEY, 1993, p. 18).

A seguir, veremos exemplos das conjugações na língua grega. É importante observar e praticar as conjugações para assimilar o formato, as pessoas do verbo e as terminações. Vamos apresentar as conjugações na voz ativa e também na voz média e passiva. Empregam-se as formas ativas quando é o sujeito que faz a ação do verbo. As formas passivas são empregadas quando o sujeito recebe a ação do verbo.

Page 134: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

124

O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresenta ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Apenas no modo indicativo há o sentido de tempo que responde à pergunta “quando?” (GUILEY, 1993, p. 18).

NOTA

4.1 PRESENTE DO INDICATIVO

Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω (eu jogo).

QUADRO 2 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλω Eu jogo2ª βάλλεις Tu jogas3ª βάλλει Ele joga

Plural1ª βάλλομεν Nós jogamos

2ª βάλλετε Vós jogais3ª βάλλουσι Eles jogam

FONTE: O autor

Conjugação do verbo jogar na voz média – βάλλω.

QUADRO 3 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλομαι Jogo para mim2ª βάλλῃ Jogas para ti3ª βάλλεται Joga para si

Plural1ª βαλλόμεθα Jogamos para nós

2ª βάλλεσθε Jogais para vós3ª βάλλονται Jogam para eles

FONTE: O autor

Page 135: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

125

Conjugação do verbo jogar na voz passiva – βάλλω.

QUADRO 4 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλομαι Eu sou jogado2ª βάλλῃ Tu és jogado3ª βάλλεται Ele é jogado

Plural1ª βαλλόμεθα Nós somos jogados2ª βάλλεσθε Vós sois jogados3ª βάλλονται Eles são jogados

FONTE: O autor

4.2 PRESENTE DO SUBJUNTIVO

A diferença entre as formas do indicativo e do subjuntivo reside apenas na vogal temática. A vogal temática usada no indicativo é ε/ο; a vogal temática usada no subjuntivo é η/ω.

Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.

QUADRO 5 – PRESENTE DO SUBJUNTIVO NA VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλω que eu jogue2ª βάλλῃς que tu jogues3ª βάλλῃ que ele jogue

Plural1ª βάλλωμεν que nós joguemos2ª βάλλητε que vós jogais3ª βάλλωσι que eles joguem

FONTE: O autor

Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.

Page 136: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

126

QUADRO 6 – PRESENTE DO SUBJUNTIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλωμαι seja jogado2ª βάλλῃ sejas jogado3ª Βάλληται seja jogado

Plural1ª βάλλώμεθα sejamos jogados2ª βάλλησθε sejais jogados3ª βάλλωνται sejam jogados

FONTE: O autor

4.3 PRESENTE DO IMPERATIVO

O modo imperativo expressa a vontade ou desejo da pessoa que fala. Na língua grega, não há formas para a 1ª pessoa, tanto no singular como no plural no imperativo.

Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.

QUADRO 7 – PRESENTE DO IMPERATIVO NA VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª – –2ª βάλλε joga (tu)3ª βάλλέτω jogue (você)

Plural1ª – –2ª βάλλετε jogai (vós)3ª βάλλέτωσαν joguem (vocês)

FONTE: O autor

Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.

Page 137: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

127

FONTE: O autor

QUADRO 8 – PRESENTE DO IMPERATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª – –2ª βάλλου sê tu jogado3ª βαλλέσθω que ele seja jogado

Plural1ª – –2ª βάλλεσθε sede vós jogados3ª βαλλέσθωσαν que eles sejam jogados

4.4 PRESENTE DO OPTATIVO

O uso do modo optativo no Novo Testamento grego é muito limitado – como já mencionamos que não existe este modo na língua portuguesa. Conforme Godoi Filho (2019b, p. 95), “aos poucos, durante o Período Helenístico esse modo sofreu um processo de simplificação e foi sendo substituído pelo subjuntivo [...]. No Novo Testamento, esse modo aparece apenas 68 vezes no presente e no aoristo”.

Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.

QUADRO 9 – PRESENTE DO OPTATIVO NA VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βάλλοιμι jogaria2ª βάλλοις jogarias3ª βάλλοι jogaria

Plural1ª βάλλοιμεν soltaríamos2ª βάλλοιτε soltaríeis3ª βάλλοιεν soltariam

FONTE: O autor

Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.

Page 138: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

128

QUADRO 10 – PRESENTE DO OPTATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA

FONTE: O autor

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª βαλλοίμην jogaria para mim2ª βάλλοιο jogarias para ti3ª βάλλοιτο jogaria para si

Plural1ª βαλλοίμεθα jogaríamos para nós2ª βάλλοισθε jogaríeis para vós3ª βάλλοιντο jogariam para eles

Pratique a memorização de vocabulário com alguns exemplos a seguir:

• βάλλω = eu jogo.• πέμπω = eu envio.• σωζώ = eu salvo.• κηρύσσω = eu prego, eu proclamo.• κρίνω = eu julgo. • βαπτίζω = eu batizo. • μένω = eu fico. • λέγω = eu digo/falo.• ἐσθίω = eu como. • κράζω = eu grito.

DICAS

O legado grego na terminologia gramatical brasileira

A última classe, com referência a subclassificações e/ou flexões, é o verbo (rhêma). É especialmente nessa classe que a existência de flexões constitui peça determinante da conceituação. AD insiste no fato de que, no caso do verbo, é uma mesma palavra que, alterando-se, adapta-se aos tempos, às pessoas e a todas as ideias que lhe são acessórias, enquanto o advérbio, que também pode indicar tempo, não o faz por mudança de forma. Desse modo, o que está em questão não é puramente o fato de a palavra fazer todas essas indicações, mas, sim, o fato de ser próprio dela essa alteração da forma para expressar as diferenças: especificamente, as diferenças de tempo e as diferenças entre atividade ou passividade (voz).

INTERESSANTE

Page 139: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ

129

Há, pois, grande número de termos designadores de subespecificações de formas verbais. O primeiro termo a comentar é conjugação (em DT e em AD: syzygía” união sob o mes-mo jugo”; latim: coniugatio). Por outro lado, esse termo designador de sistematização e exercitação metalinguística não era do interesse dos filósofos.

As lições gregas especificam o tempo verbal (chrónos; latim: tempus) considerando-o na sua ligação temporal com a elocução (exatamente a categoria linguística “tempo”), mas também incluem no exame das flexões verbais da língua grega muitas indicações que correspondem ao que denominamos, nos estudos linguísticos, como aspecto verbal. Já Aristóteles tratou do tem-po nos verbos observando distinções na forma verbal em correspondência com distinções na relação temporal com a elocução. Quanto aos estoicos, a sua preocupação peculiar de definir as relações de causalidade e os modos de conclusão lhes proporcionou motivo para definir mui-to especialmente essas relações, e, por aí, levou à distinção quádrupla em dois tempos verbais considerados “determinados” (presente e passado), com dois valores aspectuais em cada um (durativo e completado). DT altera a classificação dos estoicos especialmente quanto à separa-ção operada entre presente (que fica sem distinções aspectuais) e passado (que tem indicados quatro valores aspectuais), e quanto à inclusão do futuro. De AD, há a dizer que existem informa-ções fragmentadas de sua doutrina sobre os tempos. A recolha geral da correspondência das denominações dos três tempos verbais de nossa NGB pode ser resumida como a seguir. Veri-fica-se uma correspondência com o quadro da gramática grega, tanto nos tempos como nas denominações: presente (em Aristóteles: he páronta; nos estoicos e em DT: enestós, particípio presente de enístemi, “estabelecer-se em”, “tomar consistência”; latim: praesens); pretérito (nos estoicos: paroichoménos, “que passou”, particípio presente de paroíchomai, “ser passado”, “ter transcorrido”; em DT: paralelytós, “que passou”, particípio presente de parérchomai, “passar além”, “transcorrer”; latim: praeteritum); futuro (nos estoicos e em DT: méllon, “que está por vir”, particípio presente de méllo, “estar a ponto de”, “estar para”; latim: futurum).

Também no caso do modo verbal (em DT e em AD: énklisis, “inclinação”; em AD, também diáthesis (tês psykhês), “disposição” (da alma); latim: modus), os filósofos não trabalharam com o conceito gramatical da categoria, prendendo-se ao valor lógico ou retórico das frases. Os gramáticos, por sua vez, assentaram-se nas formas gramaticais, e não nos tipos de frases, para a indicação dos modos. Nesse campo, nossa Nomenclatura gramatical abriga correspondência (exata ou não) com denominação grega nos casos do imperativo (prostaktiké, ligado ao verbo prostásso, “comandar”; latim: imperativus) e do subjuntivo (em DT e em AD: hypotaktiké, “posto sob”, “que serve para limitar”; ligado ao verbo hypotásso, “subordinar”, “sujeitar uma coisa à outra”; latim: subiunctivus). Outra correspondência que fica evidente é a do termo particípio, que, entretanto, como mostrei, não se colocava entre os modos do verbo, mas constituía uma das oito classes gramaticais em DT e em AD (metoché, “participação”, ligado ao verbo metéxo: “participar de”; latim: participium).

Quanto à voz verbal os estoicos fazem uma tripartição, que reflete o sistema grego de três vozes, mas que não tem base propriamente gramatical, dirigindo-se mais às predicações do que aos verbos. Os gramáticos, por sua vez, partem das alterações das formas verbais na expressão da voz, prendendo-se ao conceito de “disposição” (em DT e em AD: diáthesis; latim: vox), a qual é ativa (energetiké) ou passiva (pathetiké), desaparecendo o conceito de “neutro”, para a categoria voz. As três vozes da língua grega se classificam, assim, em ativa (enérgeia, “força de ação”; latim: activa), passiva (páthos, “aquilo que se experimenta”; latim: passiva) e média (mesótes, “o que está no meio”, inexistente na língua latina), com correspondência absoluta dos dois primeiros termos com aqueles que nomeiam as duas vozes da língua portuguesa.

Ainda nesta seção dedicada às classes de palavras, suas subclassificações e flexões, chega-se a um compartimento de termos da nossa NGB que devem ser destacados como diferentes, tanto na forma como no conceito, das designações dadas pelas primeiras gramáticas gregas.

Page 140: ntrodução ao GreGo BíBlIco

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

130

Novamente, parte-se da classe do nome (ónoma), tão ampla e diversificada nas propostas originárias. Destacam-se os termos próprio (em DT e em AD: kýrion, “aplicado a uma pessoa”; latim: proprium) e comum (em DT e em AD: prosegorikón, “que serve para chamar ou saudar”, “que nomeia”, “apelativo”; latim: “commune”); prosegoría, “nome apelativo”. Em grego, chama-se, pois, “apelativo” ao nome que verdadeiramente nomeia, ao nome “por natureza”, já que o nome próprio se institui necessariamente “por convenção”, posição que bem lembra a querela filosófica entre analogia e anomalia, e que não está refletida exatamente nos termos portugueses (e latinos).

Na classe dos pronomes, merece novo comentário o termo possessivo (já no latim: possessivum), com que denominamos aqueles que os gramáticos gregos denominavam parágogoi, “derivados” (termo ligado a forma), ou diprósopoi, “bipessoais” (termo ligado a função), denominações que não carregam a noção de “posse” e que são muito bem aplicadas.

Outros casos de denominações diferentes em relação ao grego estão no campo dos modos verbais, outro setor de grande ligação com o pensamento filosófico, nos estudos gregos. Não corresponde à designação grega (e é fiel à denominação latina) o termo indicativo (em DT e em AD: horistiké, “que serve para delimitar”, “definitório”; ligado a horismós, “definição”; latim: indicativus). Um pouco diferente é o caso do termo infinitivo, de base latina, mas não exatamente correspondente à tradução latina do grego (em DT e em AD: aparemphatikós/aparémphatos” indefinido (quanto a pessoa, número e modo)”; ligado ao verbo paremphaíno, “fazer ver”, “pôr em evidência”, “reproduzir (uma imagem)”; latim: infinitus), considerado um dos cinco modos verbais pela maioria dos gramáticos gregos.

Quanto à denominação dos tempos verbais, em vários casos, mudam os nomes e também a aplicação do conceito. Lembre-se, especialmente, que termos com imperfeito, perfeito e mais--que-perfeito, que hoje se indicam como denominações de “tempos”, aparecem com denominação e também conceituação ligada mais a aspecto, na gramática grega, que mostra uma sensível compreensão das duas categorias, uma distinção metodológica que é facilitada pelo modo de expressão flexional dos verbos gregos: imperfeito (em DT e em AD: paratátikós, “que continua incompleto”; latim: imperfectum); perfeito (em DT e em AD: parakeímenos, “colocado lado a lado”, daí, “que está presente”; latim: perfectum); mais-que-perfeito (em DT e em AD: hypersyntélikos, “completado no passado”; latim: plus quam perfectum). Dos três, o termo grego correspondente a “imperfeito” é o que está mais próximo da conceituação do tempo verbal assim denominado em português.

Entre os termos relativos às vozes verbais, merece menção a aplicação do termo reflexi-vo (em DT e em AD: antipeponthóta, “inverso”, “recíproco”, ligado ao verbo antipáscho, “sofrer em troca”, “experimentar igualmente”), hoje destacado da noção de reciprocidade.

Finalmente, chega-se à consideração de termos totalmente novos, que, no geral, correspon-dem a seções ou a entidades da gramática que, como já observei, não mereceram interesse na gramática emergente, ou ainda não poderiam ter sido tratadas, no ponto de evolução do pensamento gramatical em que se instituiu a gramática no Ocidente. São, por exem-plo, denominações desse elenco, na NGB (apresentadas pela ordem): morfologia; (nome) concreto, abstrato; coordenativa, coordenação; subordinativa, subordinação; (numeral) multiplicativo, fracionário; sintaxe, e todos os termos ligado a esse componente da gra-mática, exceto sujeito e predicado, que são termos traduzidos: sujeito (hypokeímenon); predicado (rhêma).

FONTE: NEVES, M. H. de M. O legado grego na terminologia gramatical brasileira. Alfa, rev. lin-guíst. v. 55, n. 2, São Paulo, 2011. Disponível em: https://bit.ly/377y5rQ. Acesso em: 25 jun. 2020.

Page 141: ntrodução ao GreGo BíBlIco

131

Neste tópico, você aprendeu que:

• “Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno” e é “pa-lavra indispensável na organização do período” (CEGALLA, 2010, p. 182). “O verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa” (TAYLOR, 1990, p. 8).

• Assim como na língua portuguesa, encontramos os seguintes elementos que fazem parte da estrutura dos verbos no grego Koiné: modo; tempo; voz; pes-soa; e número.

• Há quatro modos verbais no grego: indicativo, subjuntivo, optativo e impera-tivo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.

• Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da ação: se está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).

• Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e média. A voz média é usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em ομαι).

• Na língua grega, há somente duas classes de verbos: os verbos que terminam em “ω” (ômega); os verbos que terminam em “μ/ι” (mu/iota).

• O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresen-ta ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Somente no modo indicativo há o sentido de tempo, no sentido de responder à pergunta “quan-do?” (GUILEY, 1993, p. 18).

• A diferença entre as formas do indicativo e do subjuntivo reside apenas na vogal temática. A vogal temática usada no indicativo é ε/ο; a vogal temática usada no subjuntivo é η/ω.

• O uso do modo optativo no Novo Testamento grego é muito limitado. Não existe esse modo na língua portuguesa. No Novo Testamento, ele aparece apenas 68 vezes no presente e no aoristo.

RESUMO DO TÓPICO 1

Page 142: ntrodução ao GreGo BíBlIco

132

1 Conforme tem sido observado, o verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno, sendo indispensável na organização do período. Diante do exposto, preencha os quadros, a seguir, empregando corretamen-te a conjugação do verbo λέγω (falar) no presente do indicativo na voz ativa e, em seguida, na voz média e passiva:

AUTOATIVIDADE

PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ ATIVAPESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO

Singular 1ª λέγω 2ª 3ª Plural1ª 2ª3ª

FONTE: O autor

PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVAPESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO

Singular 1ª λέγομαι 2ª 3ª Plural1ª 2ª3ª

FONTE: O autor

2 O processo de construção de frases é o segundo passo para o desenvolvi-mento da construção do texto em uma determinada língua. Por isso, essa prática é tão necessária e importante. Escreva as seguintes frases em grego:

a) Eu jogo.

b) Eu grito.

Page 143: ntrodução ao GreGo BíBlIco

133

c) Eu batizo.

d) Eu como.

e) Eu julgo.

f) Eu salvo.

g) Eu envio.

h) Eu proclamo.

i) Eu fico.

j) Eu digo.

3 Conhecer os verbos, sua estrutura, como são formados e conjugados possi-bilita ao estudante da língua um avanço bem grande nos estudos. Analise as sentenças a seguir relacionadas aos verbos em grego:

I- Há quatro modos verbais no grego: indicativo, subjuntivo, optativo e im-perativo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.

II- O verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa. III- No grego Koiné, encontramos os seguintes elementos que fazem parte da

estrutura dos verbos: modo; tempo; voz; pessoa; e número.IV- Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva. A voz

média é usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em ομαι).

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.

4 Analise as palavras a seguir e as respectivas traduções, assinalando V para verdadeiro e F para falso:

( ) βάλλει = ele joga( ) λέγω = eu digo/falo( ) σωζώ = eu salvo ( ) βάλλε = joga (tu)( ) κρίνω = eu envio

Page 144: ntrodução ao GreGo BíBlIco

134

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) F – V – F – V – F.b) ( ) F – V – V – V – V. c) ( ) V – V – V – V – F. d) ( ) F – V – F – V – V.

Page 145: ntrodução ao GreGo BíBlIco

135

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, serão abordados alguns tempos do verbo, exceto o tempo presente, já foi visto anteriormente. Veremos também os verbos do grego nos tempos: imperfeito, futuro, aoristo e perfeito.

É importante lembrar que apresentaremos a parte básica desses tempos e suas conjugações, no sentido de poder proporcionar um primeiro contato com os tempos e a assimilação dessas informações para estudos futuros. Há uma gama muito maior e mais ampla de conteúdo, principalmente na temática dos verbos na língua grega, que demanda um estudo específico e mais amplo para abordar todos os seus aspectos.

Inicialmente, trabalharemos o tempo imperfeito, seguido do tempo futuro e do aoristo (que se trata de uma novidade, pois não temos esse tempo verbal na língua por-tuguesa), e, por fim, o tempo perfeito. Depois realizaremos uma síntese sobre o signifi-cado de cada um desses tempos e do seu uso no grego, apresentando alguns exemplos de conjugações, a fim de que você, acadêmico, possa assimilar a forma de cada um.

Para o aprendizado de uma língua como o grego Koiné, a prática de exer-cícios e atividades é fundamental para conhecer cada uma das terminações ou os elementos prefixais, ou, ainda, a raiz de cada verbo. Por isso, recomendamos que o estudante, depois de conhecer uma conjugação, faça o mesmo com outros verbos nos mesmos tempos verbais, para facilitar o seu aprendizado.

TÓPICO 2 —

O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO,

AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-

-PERFEITO DO GREGO

“Δεῦτε πρός με πάντες οἱ κοπιῶντες καὶ πεφορτισμένοι, κἀγὼ ἀναπαύσω ὑμᾶς”. “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt. 11:28).

2 O TEMPO IMPERFEITO O tempo imperfeito, ou pretérito imperfeito, refere-se a um fato que acon-

teceu no passado – nesse sentido, corresponde ao emprego realizado no portu-guês. O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progres-siva, continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo imperfeito no verbo grego existe somente no modo indicativo.

Page 146: ntrodução ao GreGo BíBlIco

136

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Assim, os tempos que expressam o passado no modo indicativo são chama-dos de “tempos históricos”. A ideia de tempo passado está somente no modo indi-cativo dos verbos no imperfeito, aoristo e mais-que-perfeito. O que marca o sinal do tempo no imperfeito é o acréscimo da letra “ε” no início da palavra, que aparece antes do radical do verbo. Isso ocorre por se tratar de uma vogal que sempre levará uma aspiração – seguindo a regra das palavras gregas que começam por vogal, isto é, toda palavra grega que começa com uma vogal leva o sinal de aspiração.

O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progressiva, continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo imperfeito no ver-bo grego existe somente no modo indicativo.

IMPORTANTE

Desse modo, o exemplo do verbo “λέγω” (falo, digo), a seguir, mostra como é feita a conjugação do imperfeito do indicativo nas vozes ativa, média e passiva (Quadros 11 e 12).

QUADRO 11 – TEMPO IMPERFEITO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἔλεγον Eu falava2ª ἔλεγες Tu falavas3ª ἔλεγε Ele falava

Plural1ª ἐλέγομεν Nós falávamos2ª ἐλέγετε Vós faláveis3ª ἔλεγον Eles falavam

FONTE: O autor

QUADRO 12 – TEMPO IMPERFEITO DO INDICATIVO – VOZES MÉDIA E PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλέγομην Eu era falado2ª ἐλέγου Tu eras falado3ª ἐλέγετο Ele era falado

Page 147: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

137

FONTE: O autor

3 TEMPO FUTURO

Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo têm as formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo encontrada, por exemplo, no Novo Testamento. Assim, apresentaremos somente a forma do indicativo.

A diferença que marca o presente e o futuro, tanto na voz média como na voz ativa, é que o futuro tem a letra “σ”, a qual aparece entre o radical e a vogal temática. É possível notar que há uma diferença entre a voz média e a voz pas-siva, por isso faremos a conjugação das três vozes. Os Quadros 13 a 15 mostram, como exemplo, a conjugação do verbo “λύω” (solto).

Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo têm as formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo encontrada, por exemplo, no Novo Testamento.

NOTA

Plural1ª ἐλέγόμεθα Nós éramos falados2ª ἐλέγεσθε Vós éreis falados3ª ἐλέγοντο Eles eram falados

QUADRO 13 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λύσω Eu soltarei2ª λύσεις Tu soltarás3ª λύσει Ele soltará

Plural1ª λύσομεν Nós soltaremos2ª λύσετε Vós soltareis3ª λύσουσι(ν) Eles soltarão

FONTE: O autor

Page 148: ntrodução ao GreGo BíBlIco

138

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

QUADRO 14 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λύσομαι Soltarei para mim2ª λύσῃ Soltarás para ti3ª λύσεται Soltará para si

Plural1ª λυσόμεθα Soltaremos para nós2ª λύσεσθε Soltareis para vós3ª λύσονται Soltarão para eles

FONTE: O autor

QUADRO 15 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λυθήσομαι Serei solto2ª λύθησῃ Serás solto3ª λυθήσεται Será solto

Plural1ª λυθησόμεθα Seremos soltos2ª Λυθήσεσθε Sereis soltos3ª λυθήσονται Serão soltos

FONTE: O autor

4 TEMPO AORISTO Não encontrado na língua portuguesa, o tempo aoristo é peculiar do

grego, pois nenhuma outra língua tem uma forma de “tempo” que pode ser comparada. Daí a dificuldade de compreensão e assimilação por parte de muitas pessoas. Entretanto, por ser uma forma específica do grego, e considerada por muitos estudiosos a sua mais importante forma verbal, precisamos de foco para buscar um entendimento do seu uso e fazer uma boa tradução.

O tempo aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo signi-fica “sem limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem que ele tenha terminado, mas simplesmente que há ou houve a ação. Em outras palavras, não existe uma relação de tempo com o propósito de mostrar o “quan-do”. Conforme Guiley (1993, p. 26), “somente no modo Indicativo tem o Aoristo o sentido de tempo, e mesmo ali esse aspecto é secundário, e, como Imperfeito, indicado pelo 'aumento' (ε) prefixado ao radical do verbo”.

Page 149: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

139

Para diferenciar essa ação do aoristo de outros tempos verbais é utilizada a palavra “pontiliar”. De acordo com Taylor,

Já notamos que a ideia fundamental dos tempos é qualidade de ação, e não tempo, no sentido cronológico. O tempo presente expressa ação linear ou durativa. O tempo aoristo expressa ação na sua forma mais simples – in-definida; não distingue entre ação completa e ação incompleta; apenas considera a ação do verbo como um ponto, e é por isto chamada de pon-tilear, ἔχω, eu tenho, estou possuindo; ἔσχον, eu obtive, adquiri, ganhei posse de. Esta qualidade de ação (pontilear) é isenta da ideia de tempo. Porém, tempo insere no aoristo do indicativo em virtude do aumento, que indica tempo passado. Portanto, o aoristo do indicativo indica ação pontilear em tempo passado, e o imperfeito do indicativo indica ação durativa, também em tempo passado (TAYLOR, 1990, p. 64-65).

O tempo aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo significa “sem limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem que ele tenha terminado, mas simplesmente que há ou houve a ação.

UNI

Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfei-to e do aoristo está relacionada com o fato de que o primeiro apresenta uma ação durativa ou linear no passado, enquanto o segundo mostra uma ação pontilear.

Nesse tempo verbal, existem duas formas: primeiro aoristo e segundo aoris-to – ressalta-se que não são necessariamente dois tempos diferentes, mas, sim, duas formas do mesmo tempo. Em geral, o verbo que usa o primeiro aoristo não usa o segundo. Entretanto, alguns podem usar as duas formas. Isso não altera o sentido, somente o formato. Para resumir esse tema, vamos tratar apenas dos aspectos do uso do primeiro aoristo, que apresenta o infixo “σ” entre o radical do verbo e a vogal temática, de forma parecida com o tempo futuro, porém com o prefixo “α” como vogal temática, diferentemente do futuro cujas vogais temáticas são “ε/ο”.

Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfeito e do aoristo está relacionada com o fato de que o imperfeito apresenta uma ação durativa ou linear no passado, enquanto o aoristo mostra uma ação pontilear.

NOTA

Page 150: ntrodução ao GreGo BíBlIco

140

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

QUADRO 16 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἔλυσα Soltei2ª ἔλυσας Soltaste3ª ἔλυσε Soltou

Plural1ª ἐλύσαμεν Soltamos2ª ἐλύσατε Soltastes3ª ἔλυσαν Soltaram

FONTE: O autor

QUADRO 17 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλυσάμην Soltei para mim2ª ἐλύσω Soltaste para ti3ª ἐλύσατο Soltou para si

Plural1ª ἐλύσαμεθα Soltamos para nós2ª ἐλύσασθε Soltastes para vós3ª ἐλύσαντο Soltaram para eles

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 18 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλύθην Fui solto2ª ἐλύθης Foste solto3ª ἐλύθη Foi solto

Plural1ª ἐλύθημεν Fomos soltos2ª ἐλύθητε Fostes soltos3ª ἐλύθησαν Foram soltos

Como exemplos do uso do aoristo no modo indicativo, podemos observar o verbo λύω (solto) nos Quadros 16 a 18.

Page 151: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

141

FONTE: O autor

QUADRO 19 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λύσω Solte2ª λύσῃς Soltes3ª λύσῃ Solte

Plural1ª λύσωμεν Soltemos2ª λύσητε Solteis3ª λύσωσι Soltem

QUADRO 20 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λύσωμαι Solte para mim2ª λύσῃ Soltes para ti3ª λύσηται Solte para si

Plural1ª λυσώμεθα Soltemos para nós2ª λύσησθε Solteis para vós3ª λύσωνται Soltem para eles

FONTE: O autor

QUADRO 21 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª Λύθῶ Seja solto2ª λύθῇς Sejas solto3ª λύθῇ Seja solto

Plural1ª λυθῶμεν Sejamos soltos2ª λύθῆτε Sejais soltos3ª λύθῶσι Sejam soltos

FONTE: O autor

Já o mesmo verbo (λύω – solto) nas formas do tempo aoristo no modo subjuntivo pode ser visto nos Quadros 19 a 21.

Page 152: ntrodução ao GreGo BíBlIco

142

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na língua portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz tudo o que o perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, emprega-se o tempo pretérito perfeito português para fazer a tradução do grego.

IMPORTANTE

Vale a pena conhecer o funcionamento desses verbos que foram empre-gados no texto bíblico, pois eles não foram utilizados por acaso, mas com um propósito; entretanto, só veremos isso se conhecermos melhor a língua grega.

Para exemplificar, vamos observar alguns exemplos de conjugação do verbo λὐω (soltar) no modo indicativo do tempo perfeito (Quadros 22 e 23).

5 O TEMPO PERFEITO

O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na lín-gua portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz tudo o que o perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, emprega--se o tempo pretérito perfeito português para fazer a tradução do grego.

É importante ressaltar, novamente, que, no grego, o “como” da ação do verbo é mais importante do que o “quando”. Conforme Guiley (1993), o perfeito destaca que a ação do verbo está completa e que seu resultado permanece. Há duas formas do tempo perfeito: o primeiro perfeito e o segundo perfeito. Assim como no caso do aoristo, não são dois tempos diferentes, mas duas formas do mesmo tempo. Há uma semelhança entre a estrutura do perfeito e do aoristo, pois os ambos empregam prefixos e infixos, porém de forma diferente.

O perfeito usa o prefixo “λε”, que é chamado de “reduplicação”. Essa reduplicação é um dos sinais do perfeito e aparece tanto no modo subjuntivo como no indicativo. No entanto, somente os verbos que começam por consoante formam o perfeito com reduplicação. Assim, os verbos que começam por vogal não podem fazer reduplicação.

O tempo perfeito, na língua grega, mostra que a ação de um verbo está plenamente completa e que o seu resultado permanece. Especialmente quando usado no modo indicativo, essa ideia fica muito clara, ou seja, uma ação que foi feita no passado está completa e seu resultado permanece. Guiley (1993) cita o seguinte exemplo para ilustrar o tempo perfeito: o tempo usado para dizer que Jesus Cristo ressuscitou na passagem de 1 Cor. 15:3 está no perfeito do indicativo. A ideia presente no texto é que Cristo ressuscitou em um determinado momento do passado, e o resultado da sua ressurreição permanece até hoje, isto é, Ele vive.

Page 153: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

143

QUADRO 22 – TEMPO PERFEITO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λέλυκα (tenho) soltado2ª λέλυκας (tens) soltado3ª λέλυκε (tem) soltado

Plural1ª λελύκαμεν (temos) soltado2ª λελύκατε (tendes) soltado3ª λελύκασι (têm) soltado

FONTE: O autor

QUADRO 23 – TEMPO PERFEITO – VOZ MÉDIA E PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λέλυμαι tenho sido solto2ª λέλυσαι tens sido solto3ª λέλυται tem sido solto

Plural1ª λελύμεθα temos sido soltos2ª λέλυσθε tendes sido soltos3ª λέλυνται têm sido soltos

FONTE: O autor

A seguir, veremos a conjugação do mesmo verbo (λὐω – soltar) no modo subjuntivo do tempo perfeito (Quadros 24 e 25).

QUADRO 24 – TEMPO PERFEITO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λελύκω Tenha soltado2ª λελύκῃς Tenhas soltado 3ª Λελύκῃ Tenha soltado

Plural1ª λελύκωμεν Tenhamos soltado2ª λελύκητε Tenhais soltado 3ª λελύκωσι Tenham soltado

FONTE: O autor

Page 154: ntrodução ao GreGo BíBlIco

144

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

QUADRO 25 – TEMPO PERFEITO – VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª λέλυμένος Esteja solto2ª λέλυμένος Estejas solto3ª λέλυμένος Esteja solto

Plural1ª λελυμένοι Estejamos soltos2ª λελυμένοι Estejais soltos3ª λελυμένοι Estejam soltos

FONTE: O autor

6 O TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO

Esse tempo existe somente no modo indicativo. Diferentemente do perfei-to, suas formas diferem em alguns aspectos, como:

• tem o aumento do “ε” como prefixo ao radical reduplicado do verbo; • o ditongo “ει” é usado como vogal temática na voz ativa, em vez da vogal “α”; • no caso do médio e passivo, não há “ει”.

As terminações pessoais ligam-se diretamente ao radical do verbo. Contu-do, conservam-se o aumento do prefixo e a reduplicação.

Como exemplo, vamos conferir a conjugação do verbo “λύω” (soltar) no modo indicativo na voz ativa do tempo pretérito mais-que-perfeito (Quadro 26).

QUADRO 26 – TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ ATIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλελύκειν Soltara2ª ἐλελύκεις Soltaras3ª ἐλελύκει Soltara

Plural1ª ἐλελύκειμεν Soltáramos2ª ἐλελύκειτε Soltáreis3ª ἐλελύκεισαν Soltaram

FONTE: O autor

A seguir, veremos o exemplo do mesmo verbo (“λύω” – soltar) no modo indicativo na voz média-passiva.

Page 155: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

145

QUADRO 27 –TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ MÉDIA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλελύμην Soltara para mim2ª ἐλέλυσο Soltaras para ti3ª ἐλέλυτο Soltara para si

Plural1ª ἐλελύμεθα Soltáramos para nós2ª ἐλέλυσθε Soltáreis para vós3ª ἐλέλυντο Soltaram para eles

FONTE: O autor

QUADRO 28 – TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ PASSIVA

PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃOSingular

1ª ἐλελύμην Tivera sido solto2ª ἐλέλυσο Tiveras sido solto3ª ἐλέλυτο Tivera sido solto

Plural1ª ἐλελύμεθα Tivéramos sido soltos2ª ἐλέλυσθε Tivéreis sido soltos3ª ἐλέλυντο Tiveram sido soltos

FONTE: O autor

Amplie o seu vocabulário e estude a conjugação dos seguintes verbos:

• δοκέω = eu penso.• ναός = templo, santuário.• μετανοέω = eu me arrependo.• σωτηρία = salvação.• ὁμολογέω = eu confesso, concordo com. • φιλέω = eu amo, gosto.• ὁραω = eu vejo.• μακάριος = feliz, bem aventurado. • φωνέω = eu chamo, falo alto.• ἐπιθυμία = desejo.

ESTUDOS FUTUROS

Page 156: ntrodução ao GreGo BíBlIco

146

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Como se forma o verbo

Assim como no português, o verbo grego é composto, entre outros, por uma raiz e uma terminação de acordo com a pessoa e o número (singular ou plural).

A raiz é a parte do verbo que transmite o significado básico, a essência da palavra. A raiz normalmente não muda (embora isso possa e vá acontecer, é menos comum), o que muda, em geral, é a terminação do verbo, assim como no português. Veja o exemplo (em português) do verbo falar (inf.) no tempo presente, modo indicativo (o modo indicativo expressa um fato, uma certeza):

• Eu falo.• Tu falas.• Ele/Ela fala.• Nós falamos.• Vós falais.• Eles/Elas falam.

No caso desse verbo, “fal” é a raiz e tudo que aparece depois são as terminações pessoais. Como saber a raiz de um verbo?

Uma das maneiras de se saber a raiz de um verbo é, caso ele seja regular, vermos sua finali-zação no infinitivo. Falar está no infinitivo. A terminação é em “ar”. Assim, para praticamente todos os verbos regulares terminados em “ar”, basta retirar a parte final do verbo (“ar”), e acrescentar a terminação de acordo com a pessoa e o número. No tempo presente, as terminações que substituem o “ar” são:

• 1ª pessoa do singular: eu → “o”;• 2ª pessoa do singular: tu → “as”;• 3ª pessoa do singular: ele/ela → “a”;• 1ª pessoa do plural: nós → “amos”;• 2ª pessoa do plural: vós → “ais”;• 3ª pessoa do plural: eles/elas → “am”.

Em grego, ocorre algo muito semelhante.

O tempo presente, em grego, denota uma ação contínua, incompleta. Por exemplo, o verbo λέγω significa “eu estou falando”, e não “eu falo”. Essa é uma particularidade muito interessante do grego. Você até pode traduzir o tempo presente em grego pelo mesmo presente do portu-guês. Na maioria das vezes, não causará problemas de alteração do sentido do texto como um todo. No entanto, uma tradução para o presente trará uma perda de essência e, algumas vezes, de significado. O melhor é traduzir usando o presente contínuo ou o nosso gerúndio.

No dicionário em português, encontramos o significado de um verbo através do verbo no infinitivo. Suponhamos que eu não saiba o significado do verbo “falamos”. Eu não vou achar “falamos” no dicionário, porque ele é a conjugação de um verbo; eu preciso procurar pelo infinitivo de “falamos”, que é “falar”. Embora, em grego, o verbo também tenha seu infinitivo, um verbo grego sempre será encontrado no dicionário através da conjugação da primeira pessoa do singular.

Quais são as terminações pessoais em grego para o tempo presente do indicativo (que expressa uma certeza, um fato) no caso ativo?

INTERESSANTE

Page 157: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO

147

• 1ª pessoa do singular: λέγω → eu estou falando (observação: é assim que a palavra estará no dicionário);

• 2ª pessoa do singular: λέγεις → tu estás falando;• 3ª pessoa do singular: λέγει → ele/ela está falando;• 1ª pessoa do plural: λέγομεν → nós estamos falando;• 2ª pessoa do plural: λέγετε → vós estais falando;• 3ª pessoa do plural: λέγουσι (ν) → eles/elas estão falando;• infinitivo: λέγειν (falar).

Percebeu que a raiz do verbo não mudou? Sempre ficou “λέγ”. Após a raiz, acrescentamos a terminação pessoal para o presente do modo indicativo no caso ativo. Isso funcionará para a grande maioria dos verbos gregos na mesma situação.

O que você precisa decorar? Para o presente do indicativo no caso ativo, ou seja, o presente da língua portuguesa (com gerúndio), basta decorar essas terminações:

• ω – o;• εις – eis;• ει – ei;• ομεν – omen;• ετε – ete;• ουσι (ν) – usi(n).

FONTE: ZIMMERMANN, W. Grego Koiné – Lição 3: Verbos (introdução e tempo presente). WillBlog. 2020. Disponível em: https://bit.ly/392vyyC. Acesso em: 15 jul. 2020.

Page 158: ntrodução ao GreGo BíBlIco

148

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progressiva, continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo im-perfeito existe somente no modo indicativo na língua grega.

• Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo têm as formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo encontrada, por exemplo, no Novo Testamento.

• O aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo significa “sem limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem que tenha terminado, mas, simplesmente, que há ou houve a ação.

• Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfeito e do aoristo está relacionada ao fato de que o imperfeito apresenta uma ação du-rativa ou linear no passado, enquanto o aoristo apresenta uma ação pontilear.

• O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na língua portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz tudo o que o perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, empre-ga-se o tempo pretérito perfeito do português para fazer a tradução do grego.

• O tempo mais-que-perfeito difere do tempo perfeito, em: apresenta o aumen-to do “ε” como prefixo ao radical reduplicado do verbo; o ditongo “ει” é usa-do como vogal temática na voz ativa, em vez da vogal “α”; no caso do médio e do passivo, não há “ει”; as terminações pessoais ligam-se diretamente ao radical do verbo.

Page 159: ntrodução ao GreGo BíBlIco

149

1 Conforme tem sido observado, o verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno, e palavra indispensável na organização do perí-odo. Diante do exposto, preencha os quadros, a seguir, empregando corre-tamente a conjugação do verbo ἀκούω (ouvir) no aoristo do indicativo na voz ativa, na voz média e na voz passiva, respectivamente:

AUTOATIVIDADE

AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ ATIVAPESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO

Singular1ª ἔκουσα οuvi2ª3ª

Plural1ª2ª3ª

FONTE: O autor

AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIAPESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO

Singular1ª ἠκουσάμην οuvi para mim2ª3ª

Plural1ª2ª3ª

FONTE: O autor

AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ PASSIVAPESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO

Singular1ª ἠκούσθην Fui ouvido2ª3ª

Page 160: ntrodução ao GreGo BíBlIco

150

Plural1ª2ª3ª

FONTE: O autor

2 Os tempos verbais são fundamentais na construção e na estruturação de uma frase. Por isso, conhecer e saber identificar esses tempos contribui mui-to para entender textos de outra língua e fazer a correta tradução. Pensando especialmente na língua grega, analise as sentenças a seguir:

I- A palavra “aoristo” significa “sem limites”. O aoristo é um tempo verbal muito usado na língua grega.

II- O tempo perfeito, assim como o aoristo, é expressado da mesma forma na língua portuguesa.

III- O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progres-siva, continuada ou repetida.

IV- Somente os modos indicativo e optativo têm as formas do futuro na lín-gua grega.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.

3 Analise cada palavra e sua tradução, e assinale V para verdadeiro e F para falso:

( ) ὁραω = eu vejo.( ) ἐπιθυμία = salvação.( ) μετανοέω = eu me arrependo.( ) λύω = eu solto. ( ) ὁμολογέω = eu percebo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – F – V – F. b) ( ) V – F – V – V – F.c) ( ) V – V – V – V – F.d) ( ) F – V – F – V – V.

Page 161: ntrodução ao GreGo BíBlIco

151

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Depois de termos percorrido um bom caminho nos estudos introdutórios da língua grega (Koiné) – especialmente a sua parte estrutural –, chegamos ao término desta unidade e do livro. Conforme já anunciado desde o princípio dos nossos estudos, trata-se de uma introdução aos conhecimentos do idioma. Entre-tanto, é a partir da introdução que novos conhecimentos e aprendizados podem ser feitos. Portanto, esses componentes elementares da língua grega já abordados servirão de alicerce para futuras construções.

Ressalta-se, nesse momento, a importância de visitar constantemente esses elementos básicos, pois é justamente com a prática de leitura, estudo e memoriza-ção de cada componente que vamos ter condições de prosseguir a aprendizagem de novos temas. Diferentemente de uma língua que está em uso e que a pessoa pode praticar de diversas formas, para facilitar a assimilação por parte do estu-dante, o grego Koiné não tem essas vantagens – por isso a importância de visitar e revisitar constantemente o material (e outros mais) para um bom aprendizado.

Neste último tópico da nossa unidade e do livro, o enfoque será a tradu-ção. Inicialmente, vamos ver um pouco sobre o conceito de tradução. Em seguida, serão mostradas algumas traduções simples de termos (alguns até para nos adap-tarmos com o processo), depois, a importância do léxico analítico no processo de tradução do estudante e, por fim, alguns exemplos de versículos traduzidos e a análise morfológica das palavras.

TÓPICO 3 —

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA

TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ

...καὶ ἰδου ἐγὼ μεθ’ ὑμῶν εἰμι πάσας τὰς ἡμέρας ἕως τῆς συντελείας τοῦ αἰῶνος. “...e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mat. 28:20).

2 TRADUÇÃO A tradução de uma língua para outra é sempre um processo que exige bas-

tante conhecimento, cuidado e atenção. Anteriormente, o vocábulo latino traducere significava levar e conduzir, mas, desmembrando a palavra, deveria ser: ducere (con-duzir) mais tra (além). Hoje em dia, o sentido é muito mais abrangente e carrega di-versos significados, como explicar, revelar, manifestar, explanar etc. O sentido pres-supõe o ato de transferir, de passar algo de um lado para o outro. Para Paz (2012, p. 9):

Page 162: ntrodução ao GreGo BíBlIco

152

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Aprender a falar é aprender a traduzir: quando uma criança pergunta à sua mãe o significado desta ou daquela palavra, o que realmente pede é que traduza para a sua linguagem a palavra desconhecida. A tradução dentro de uma língua não é, nesse sentido, essencialmente diferente da tradução entre duas línguas, e a história de todos os po-vos repete a experiência infantil.

Nesse momento, o propósito será exemplificar como é feito o processo de tradução, para que você, acadêmico, possa vislumbrar algumas dicas.

Ao definirem “tradução”, os dicionários escamoteiam prudentemente o aspecto e limitam-se a dizer que traduzir é passar para outra língua. A comparação mais óbvia é fornecida pela etimologia: em latim, tra-ducere é levar alguém pela mão para o outro lado, para outro lugar. O sujeito do verbo é o tradutor, o objeto direto, o autor do original a quem o tradutor introduz em um ambiente novo [...]. Mas a imagem pode ser entendida também de outra maneira, considerando-se que é ao leitor que o tradutor pega pela mão para levá-lo para outro meio linguístico que não o seu (RONAI, 1976, p. 3-4).

Godoi Filho (2019b) apresenta algumas sugestões importantes para o tra-balho de tradução específica do grego para o português. Tomaremos por base suas orientações:

• Não faça tradução definitiva do texto grego antes de analisar todas as pala-vras em grego.

• Traduza o texto respeitando suas cláusulas, que são delimitadas por vírgulas, pontos, dois-pontos, conjunções etc.

• A princípio, faça uma tradução literal, mesmo que ela não faça muito sentido em português.

O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir, mas, desmembrando a palavra, deveria ser: ducere (conduzir) mais tra (além). Hoje em dia, o sentido é muito mais abrangente e carrega diversos significados, como explicar, revelar, manifestar, explanar etc.

NOTA

3 EXERCITANDO A TRADUÇÃO No exercício da tradução, iniciaremos com a prática de ler e interpretar

termos e expressões em grego. Veremos alguns exemplos para a familiarização com esse processo.

Page 163: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ

153

Nos Quadros 29 a 32, vamos observar as diferenças de tradução de al-gumas palavras, como substantivos no plural e no singular; pronomes e verbos; conjugação do verbo juntamente com o pronome etc.

QUADRO 29 – EXEMPLOS DE ARTIGO E SUBSTANTIVO NO SINGULAR E NO PLURAL

Palavras gregas Traduçãoἡ διδᾶσκαλος a professoraὁ διδάσκαλος o professor

ὁ μαθητής o alunoἡ μαθητρία a alunaοἱ μαθηταί os alunos

αἱ μαθητρίαι as alunas

FONTE: O autor

QUADRO 30 – EXEMPLOS DE PRONOMES E VERBOS

Palavras gregas Traduçãoἐγὼ εἰμί eu sou (ou estou)

σὺ εῖ tu és/você éἡμεῖς ἐσμεν nós somosὑμεῖς ἑστε vós sois/vocês são (estão)

αὐτός ἐστιν ele éαὐτοί εἰσιν eles sãoαὐτό ἐστιν isso éαὐτή ἐστιν elas sãoαὐταί εἰσιν essas coisas são (estão)

FONTE: O autor

QUADRO 31 – EXEMPLOS DE CONJUGAÇÃO DO VERBO JUNTAMENTE COM O PRONOME

Palavras gregas Traduçãoἐγὼ μανθάνω eu aprendo (eu estou aprendendo)σὺ μανθάνεις tu aprendes

αὐτός μανθάνει ele aprendeαὐτή μανθάνει ela aprendeαὐτό μανθάνει “isso” aprende

ἠμεῖς μανθάνομεν nós aprendemosὑμεις μανθάνετε vós aprendeis

Page 164: ntrodução ao GreGo BíBlIco

154

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

QUADRO 32 – EXEMPLOS DE TRADUÇÃO DE FRASES COM PRONOME, VERBO E SUBSTANTIVO

Palavras gregas Traduçãoἐγὼ διδάσκαλος εἰμί eu sou professorἡμεῖς μαθηταί ἐσμεν nós somos alunosαὐτή μαθητρίαι ἐστιν elas são alunasὑμεῖς διδάσκετε ἑστε vós estais ensinando/

vocês estão ensinando

FONTE: O autor

No Quadro 33, veremos outros exemplos de frases traduzidas.

QUADRO 33 – EXEMPLOS DE TRADUÇÃO DE FRASES EM CONTEXTOS DISTINTOS

Palavras gregas Traduçãoκαλόν σοί ἀστιν εἰσελθεῖν εἰς

ζωήνÉ bom para ti entrares na vida

σύ λέγεις ὅτι βασιλεύς εἰμι Tu dizes que sou reiἐγίνωσκε τί ἐστιν ἐν ἀνθρώπῳ Sabia o que está no homem

τί με λέγεις ἀγαθόν Por que me chamas bom?ἄνθρωπός τις εἶχεν δύο υἱούς Um certo homem tinha dois filhosΤὰ ῥήματα ἃ ἐγὼ εἶπον ὑμῖν πνεῦμά ἐστιν καὶ ζωή ἐστιν

As palavras que eu vos disse são espírito e são vida

Οὐκέτι εἰμὶ ἄξιος κληθῆναι υἱός σου

Já não sou digno de ser chamado um filho teu

FONTE: O autor

4 O USO DO LÉXIGO GREGO ANALÍTICO Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário

analítico, pois ele apresenta o significado das palavras e os casos em que elas estão. Por exemplo, para um verbo, o dicionário mostrará em que modo, tempo, voz e pessoa está esse verbo, o que facilita muito para a compreensão da palavra e, principalmente, o entendimento exato do seu funcionamento dentro da frase.

ἀυτοί μανθάνουσιν eles aprendemἀυταί μανθάνουσιν elas aprendemἀυτά μανθάνουσιν “essas coisas” aprendem

FONTE: O autor

Page 165: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ

155

FIGURA 1 – LÉXICO GREGO ANALÍTICO

FONTE: <https://bit.ly/3pQqlAK>. Acesso em: 15 set. 2020.

QUADRO 34 – EXEMPLO DE TEXTO NO LÉXICO ANALÍTICO (MAT. 1:1)

Βίβλος γενέσςως Ἰησοῦς Χριστοῦ ὑιοῦ Δαυὶδ ὑιοῦ Ἀβραάμ

N-NF-S N-GF-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S

Tradução: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”

FONTE: O autor

As siglas que aparecem embaixo das palavras gregas, apresentadas no exemplo do Quadro 34, são abreviações da morfologia de cada palavra – por exemplo, se é singular ou plural etc.

Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico) analítico, o qual apresenta o significado das palavras e os casos em que elas estão.

DICAS

Como exemplo de uma análise morfológica (Quadro 35), vamos utilizar a frase: “Οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον” (“Porque [assim] Deus amou o mundo”).

Normalmente, o texto bíblico, nesses dicionários léxicos (Figura 1), tem embaixo algumas siglas, que são simplificações, que apontam exatamente o que é aquela palavra e sua função (Quadro 34).

Page 166: ntrodução ao GreGo BíBlIco

156

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

QUADRO 35 – EXEMPLO E ANÁLISE MORFOLÓGICA DE FRASE

Palavra grega Análise morfológica Tradução

Οὕτως adjetivo, advérbio Porque γὰρ conjunção subordinativa assim

ἠγάπησεν verbo, indicativo, aoristo, ativo – terceira pessoa, singular Amou

ὁ artigo definido, nominativo, masculino, singular oθεὸς substantivo, nominativo, masculino, singular Deusτὸν artigo definido, acusativo, masculino, singular o

Κόσμον substantivo, acusativo, masculino, singular mundo

FONTE: O autor

5 ANÁLISE MORFOLÓGICA DE TEXTOS BÍBLICOS A seguir, serão apresentados alguns textos bíblicos (versículos) e sua aná-

lise morfológica, seguida da respectiva tradução do texto.

5.1 EXEMPLOS DE TEXTOS BÍBLICOS E ANÁLISES MORFOLÓGICAS

O Quadro 36 apresenta a análise morfológica da frase retirada de João (3:35): “ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν, καὶ πάντα δέδωκεν έν τῇ χειρὶ αὐτοῡ” (“O pai ama o filho e todas as coisas deu na/à mão dele”).

QUADRO 36 – ANÁLISE MORFOLÓGICA DA FRASE DE JOÃO (3:35)

Palavra grega Análise morfológica Traduçãoὁ Artigo, masculino, singular, nominativo o

πατήρ Substantivo, masculino, singular, nominativo paiἀγαπᾷ Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicativo ama

τὸν Artigo, masculino, singular, acusativo oυἱόν Substantivo, masculino, singular, acusativo filhoκαὶ Conjunção e

πάντα Adjetivo masculino, singular, acusativo, ou adjetivo neutro, plural, nominativo,

singular

todas as coisas

δέδωκεν Verbo, 3ª pessoa, singular, perfeito, indica-tivo, ativo

deu/entregou

Page 167: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ

157

έν Preposição, usada no caso dativo emτῇ Artigo, feminino, singular, dativo à

χειρὶ Substantivo, feminino, singular, dativo mãoαὐτοῡ Pronome pessoal, masculino, singular,

genitivodele

FONTE: O autor

O Quadro 37 apresenta a análise morfológica da frase retirada de João (14:6): “λέγει αὑτῷ [ὁ] Ἰησοῦς, Εγώ είμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ζωή: οὑδεὶς ἔρχεται πρὸς τὸν πατέρα εἰ μὴ δι’ ἐμοῦ” (“Disse a ele Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem (vem por si) para o pai se não através de mim”).

QUADRO 37 – ANÁLISE MORFOLÓGICA DA FRASE DE JOÃO (14:6)

Palavra grega Análise Traduçãoλέγει Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicati-

vo, ativodisse

αὑτῷ Pronome pessoal, masculino, 3ª pessoa, sin-gular, dativo

a ele

ὁ Artigo, masculino, singular, nominativo oἸησοῦς Substantivo, masculino, singular, nominativo Jesus

Εγώ Pronome pessoa, 1ª pessoa, singular, nominativo eu είμι Verbo, 1ª pessoa, singular, presente, indicativo,

ativosou

ἡ Artigo, feminino, singular, nominativo aὁδὸς Substantivo, feminino, singular, nominativo caminhoκαὶ Conjunção e

ἀλήθεια Substantivo, singular, feminino, nominativo verdadeζωή Substantivo, singular, feminino, nominativo vida

οὑδεὶς Adjetivo, masculino, singular, nominativo ninguémἔρχεται Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicativo,

médiovem

πρὸς Preposição, acusativo a, paraτὸν Artigo, masculino, singular, nominativo o

πατέρα Substantivo, masculino, singular, acusativo paiεἰ Conjunção seμὴ Advérbio de negação nãoδι’ Preposição, genitivo por, através de

ἐμοῦ Pronome, 1ª pessoa, singular, genitivo de mim

FONTE: O autor

Page 168: ntrodução ao GreGo BíBlIco

158

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Memorize as seguintes palavras gregas e seus significados:

• μανθάνω: eu aprendo.• διδάσκαλος: professor.• τὰ ῥήματα: as palavras.• ὁ μαθητής: o aluno.• πατήρ: pai.• χειρός: mão• ὁδὸς: caminho.• οὑδεὶς: ninguém.• ἠγάπησεν: amou.• οὕτως: assim.

DICAS

Page 169: ntrodução ao GreGo BíBlIco

TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ

159

LEITURA COMPLEMENTAR

Como se descobre o significado das palavras?

Roy B. Zuck

Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a etimologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.

Etimologia diz respeito à origem e à evolução das palavras. Os alvos da etimolo-gia são: recuperar o sentido elementar da palavra em questão e descobrir como evoluiu.

Às vezes, os elementos de uma palavra composta ajudam a revelar seu significado. Pode-se ver isso no caso da palavra “hipopótamo”, que deriva da de duas palavras gregas: hippos – “cavalo” – e potamos – “rio”. Logo, esse animal é uma espécie de cavalo de rio. A palavra grega ekklesia, que é normalmente tradu-zida como “igreja”, vem de ek (“para fora”) e kalein (“chamar ou convocar”). Por isso, no Novo Testamento, passou a significar aqueles que eram chamados a sair do grupo dos ímpios para integrar um conjunto de crentes. O sentido de original de ekklesia era o de uma congregação de cidadãos gregos convocados por um apregoador público para tratarem de assuntos comunitários.

O termo grego makrothymia, cuja tradução é “paciência” ou “longanimidade”, é formado por makros – “longo” – e thymia – “sentimento”. Na combinação dessas duas palavras, o “s” caiu e o significado é o de um sentimento de longa duração, ou seja, controlar os próprios sentimentos por muito tempo. “Paciência” é uma boa tradução.

No século XVIII, Johann Ernesti (1707-1781) advertiu contra o uso da eti-mologia como método confiável. Ele escreveu o seguinte:

O emprego oscilante das palavras, que ocorre em todos os idiomas, dá mar-gem a alterações frequentes de sentido. São poucas as palavras em qualquer língua que sempre conservam [seu] significado elementar. Portanto, o intér-prete precisa tomar muito cuidado para não incorrer numa exegese etimo-lógica precipitada, que normalmente engana muito (ERNESTI, 1837, p. 50).

Pode acontecer de uma palavra que sofreu uma evolução assumir um sen-tido totalmente diferente do original. A derivação a partir do radical de uma pala-vra quase nunca serve para se chegar ao seu sentido, pois os significados mudam. Por exemplo, o sentido etimológico de entusiasmo é o de “estar possuído por um deus”. Evidentemente, o sentido, hoje, é bem diferente do original, formado pe-los elementos em e deus. A palavra “adeus” deriva de “Deus o acompanhe!”, mas poucos têm esse sentido em mente quando dizem “adeus” para alguém.

O verbo comprar origina-se do latim comparare, mas os sentidos de “comprar” e “comparar”, hoje, são obviamente muito diferentes. Só é possível entender a cono-

Page 170: ntrodução ao GreGo BíBlIco

160

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

tação atual porque o bom comprador compara os produtos antes de adquiri-los. “Tra-tante”, no falar de antigamente, não passava de “pessoa que trata de negócios”, mas o caráter desonesto de alguns negociantes (“tratadores”) ocasionou a degeneração sentido. “Libertino” não passava de “filho de escravo liberto”. “Caderno”, do latim quaternum, já não designa a folha de papel dobrada em quatro; nem “secretário”, o “confidente”, “depositário de segredos”. “Pedagogo” está longe de ser o antigo “escravo que conduzia crianças à escola”. Diante de frases como “Da imbecilidade de sua natureza não desconfiava, porque conhecia suas forças”, “o povo italiano é um povo hipócrita” e “sinto muito nojo pelo mal que lhe sucedeu”, certamente ficaríamos estupefatos, não soubéssemos se tratasse de frases arcaicas, impraticáveis na lingua-gem moderna. Imbecilidade nada mais designava do que a “fraqueza”, sentido latino, etimológico; hipócrita, em sua etimologia, é “aquele que é ator por natureza, dado a exibições espetaculares”, e nojo, transposto para os dias atuais, daria “pesar” ou até “luto”. Os significados dessas palavras mudaram bastante com o passar do tempo.

O significado original do termo grego eirene era paz, antônimo de guerra; depois, veio a significar paz interior ou tranquilidade; depois, bem-estar e, no Novo Testamento, é comumente empregado em referência a um bom relaciona-mento com Deus. É evidente, então, que “a etimologia da palavra não diz respeito a seu significado, mas à sua história”.

Às vezes, uma palavra adquire sentido completamente diferente daquele dos elementos que a compõem. A palavra santelmo (“chama azul que, nas tempestades, principalmente aparece no topo dos mastros dos navios, por causa da eletricidade”) tem significado diferente do original: “Santo Elmo” (santo invocado nessas ocasiões), em que “Elmo” entra em lugar de “Ermo”, alteração de “Erasmo”. Quando uma pes-soa veste um pulôver, é bem provável que não associe o nome do agasalho com o ato de puxar ou mover alguma coisa sobre outra. Contudo, no original inglês pull over, que deu origem ao termo, o sentido literal é esse. “Fidalgo” pouco tem que ver com “filho d’algo”, e “embora” só vagamente lembra “em boa hora”.

Na Bíblia, uma palavra não deve ser explicada à luz de sua etimologia em nossa língua, o que equivaleria a colocar nas Escrituras o que ali não se encontra. Por exemplo, a palavra bíblica santo não deriva de saudável. Em termos etimológi-cos, as palavras hebraica e grega para “santo” não significam saúde espiritual. Da mesma foram, o termo grego dynamis (“força”) também não significa dinamite. Afirmar que Paulo estava pensando em dinamite, quando escreveu em Romanos 1.16: “pois não me envergonho do evangelho, porque é a dinamite de Deus para a salvação de todo aquele que crê...”, é fazer uma “etimologia reversa”. “Dinami-te” não se enquadra bem com o que Paulo quis dizer, pois “a dinamite explode e arrasa as coisas, fende rochas, abre buracos, destrói o que está a seu redor”. Con-tudo, o sentido de dynamis é o de força espiritual dinâmica, ativa, viva.

ZUCK, B. R. A Interpretação Bíblica – meios de descobrir a verdade da Bíblia. São Paulo: Socie-dade Religiosa Edições Vida Nova, 1991. p. 114-119.

Page 171: ntrodução ao GreGo BíBlIco

161

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

• O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir, mas, desmembrando a palavra, deveria ser: ducere (conduzir) e tra (além). Hoje em dia, o sentido é muito mais abrangente e carrega diversos significados, como explicar, reve-lar, manifestar, explanar etc.

• Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico) analítico, que apresenta o significado das palavras e os casos em que elas estão.

• Godoi Filho (2019b) apresenta algumas sugestões importantes para realizar o trabalho de tradução específica do grego para o português: não fazer nenhu-ma tradução definitiva do texto grego antes de analisar todas as palavras em grego; traduzir o texto respeitando suas cláusulas, que são delimitadas por vírgulas, pontos, dois-pontos, conjunções etc.; a princípio, fazer uma tradu-ção literal, mesmo que não faça muito sentido em português.

• Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a eti-

mologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.

• Traduzir textos bíblicos exige bastante atenção, conhecimento, cuidado, apli-cação correta do conhecimento morfológico da língua, entre outros fatores que também são fundamentais.

Page 172: ntrodução ao GreGo BíBlIco

162

1 O aprendizado de toda língua é feito passo a passo. Diversos fatores são im-portantes para alcançar o domínio completo da língua. Um deles é a tradu-ção. Para isso, é necessário ler os textos e procurar compreender as palavras e as frases que são apresentadas. Sendo assim, traduza os seguintes termos do grego para o português:

a) αὐτή μαθητρίαι ἐστιν

b) ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν

c) Ἰησοῦς Χριστοῦ ὑιοῦ Δαυὶδ

d) ἐγίνωσκε τί ἐστιν ἐν ἀνθρώπῳ

e) ἀυτοί μανθάνουσιν

f) ἡμεῖς μαθηταί ἐσμεν

2 Fazer a tradução de uma língua (no nosso caso, do grego para o português) é um exercício primordial para a assimilação tanto das palavras como da estrutura das frases no texto. Nesse sentido, analise as frases em grego e relacione com suas respectivas traduções:

I- ἀυτοί μανθάνουσιν ( ) Eu sou o caminho.II- Εγώ είμι ἡ ὁδὸς ( ) Eles aprendem.III- ἐγὼ διδάσκαλος εἰμί ( ) A verdade e vida.IV- ἡ ἀλήθεια καὶ ζωή ( ) O pai ama o filho.V- ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν ( ) Eu sou professor.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – III – II – IV – V.b) ( ) II – I – IV– V – III.c) ( ) I – IV – II – V – III.d) ( ) III – II – I – IV – V.

3 Escreva as seguintes palavras em grego:

a) Jesus Cristo.

b) Filho.

c) Não.

AUTOATIVIDADE

Page 173: ntrodução ao GreGo BíBlIco

163

d) O aluno.

e) Pai.

f) Amou o mundo.

g) Ninguém.

h) Entregou/deu.

i) Vida.

j) Caminho.

4 Sem dúvida, o processo de traduzir um texto de uma língua para outra exige bastante conhecimento de ambas as línguas. O desafio é maior ainda quando estamos diante de uma língua que não está mais em uso. Sobre o processo de tradução da língua grega, leia e analise as sentenças a seguir:

I- O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir. Hoje em dia, o sentido é muito mais abrangente e carrega diversos significados, como explicar, revelar, manifestar, explanar etc.

II- Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico) analítico, que apresenta o significado das palavras e os casos que elas estão.

III- Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a etimologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.

IV- O processo de tradução é algo simples, não exige muito conhecimento, principalmente porque, hoje em dia, as facilidades da internet ajudam na sua realização.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.

5 Como vimos, é importante memorizar algumas palavras na língua grega. Assim, analise cada palavra e sua tradução, e assinale V para verdadeiro e F para falso:

( ) χειρός = mão. ( ) ὑιοῦ = pai. ( ) τὰ ῥήματα = as palavras. ( ) πρὸς = a, para.

Page 174: ntrodução ao GreGo BíBlIco

164

UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ

Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) V – F – V – V. b) ( ) F – F – V – V. c) ( ) V – V – V – V. d) ( ) F – V – F – V.

Page 175: ntrodução ao GreGo BíBlIco

165

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed. Rev. São Paulo: Editora Hagnos, 2002.

CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Com-panhia Editora Nacional, 2010.

CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.

CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. FERNANDES, M. Gramática de Grego Koinê. Disponível em: http://bit.ly/3md-0C4s. Acesso em: 5 fev. 2020.

GINGRICH, F. W. Léxico no Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: So-ciedade Religiosa Edições Vida Nova, 1983.

GODOI FILHO, J. Grego instrumental aplicado ao Novo Testamento. Curitiba: Intersaberes, 2019a.

GODOI FILHO, J. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.

GUILEY, P. C. Apostila do Grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Maranata, 1993.

MOLTON, H. K. Léxico grego analítico. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007.

PAZ, O. Traducción: literatura y literalidad. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2012.

PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.

RIENECKER, F.; ROGERS, C. Chave linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Edições Vida Nova, 1985.

RÓNAI, P. A tradução vivida. Rio de Janeiro: Educom, 1976.

ROSA, E. B. Khairete. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua. Ara-raquara: FCL/ UNESP, 2015.

Page 176: ntrodução ao GreGo BíBlIco

166

ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental. Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.

SAYÃO, L. A. T. (Trad.). Novo Testamento trilíngue. São Paulo: Vida Nova, 1998.

TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990.

TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1986.

THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and stu-dents. German Bible Society, 1988.

ZUCK, B. R. A interpretação bíblica – meios de descobrir a verdade da Bíblia. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1991.