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Serviço Social da Indústria Departamento Regional da Bahia Legislação Comentada: NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis Salvador-Bahia 2008

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Serviço Social da Indústria Departamento Regional da Bahia

Legislação Comentada: NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

Salvador-Bahia

2008

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Legislação Comentada: NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

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FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Presidente Jorge Lins Freire SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA Diretor Regional José Cabral Ferreira

Superintendente Manoelito dos Santos Souza

Coordenador da Assessoria de Desenvolvimento Aroldo Valente Barbosa

Assessora de Saúde Lívia Maria Aragão de Almeida Lacerda

Gerente do Núcleo de Saúde e Segurança no Trabalho - NSST George Batista Câmara

Coordenadora de Projetos NSST Kari McMillan Campos

Consultor Técnico Giovanni Moraes

Coordenação da Revisão Técnica Maria Fernanda Torres Lins Revisão Técnica Renata Lopes de Brito Ana Cristina Fechine Revisão de Texto Arlete Castro Apoio José Arlindo Lima da Silva Júnior

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Serviço Social da Indústria Departamento Regional da Bahia

Legislação Comentada: NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

Salvador-Bahia 2008

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©2008 SESI. Departamento Regional da Bahia É autorizada a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte. Publicação em versão eletrônica disponível para download no Centro de Documentação dos Serviços Virtuais de SST do SESI no: www.fieb.org.br/sesi/sv Normalização Biblioteca Sede/ Sistema FIEB [email protected]

Ficha Catalográfica

SESI. Departamento Regional da Bahia Rua Edístio Pondé, 342 (Stiep) Salvador/BA CEP: 41770-395 Telefone: (71) 3205-1893 Fax: (71) 3205-1885 Homepage: http://www.fieb.org.br/sesi E-mail: [email protected]

363.11 S493l Serviço Social da Indústria - SESI. Departamento Regional

da Bahia.

Legislação comentada: NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis/ Serviço Social da Indústria - SESI. Departamento Regional da Bahia. _ Salvador, 2008.

16 p. 1. Saúde - legislação. 2. Segurança do trabalho -

legislação. 3. Medicina do trabalho - legislação. 4. Brasil. I. Título.

Page 6: Nr 20 comentada

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1 NR 20 - LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS 9

1.1 DOCUMENTOS COMPLEMENTARES 9

1.2 PERGUNTAS E RESPOSTAS COMENTADAS 10

1.3 COMENTÁRIOS

REFERÊNCIAS

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APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de identificar necessidades de informação sobre Segurança do

Trabalho e Saúde do Trabalhador (SST), o Serviço Social da Indústria -

Departamento Regional da Bahia (SESI-DR/BA) realizou um estudo com

empresários de pequenas e médias empresas industriais dos setores de Construção

Civil, Metal Mecânico, Alimentos e Bebidas. Neste estudo, os empresários baianos

participantes apontaram a informação em relação às exigências legais em SST

como sua maior necessidade, destacando as dificuldades enfrentadas em relação à

legislação que vão do seu acesso à interpretação da mesma.

Com vistas a facilitar o entendimento da legislação em SST, e conseqüentemente

sua aplicação em empresas industriais, o SESI-DR/BA elaborou o presente

documento que apresenta numa linguagem comentada algumas das principais

questões da Norma Regulamentadora (NR) 20 - Líquidos Combustíveis e

Inflamáveis. Além de apresentar esta norma no formato de perguntas e respostas, o

texto inclui uma lista de documentos complementares e comentários gerais em

relação a sua aplicação. Vale destacar que o presente texto é um capítulo de outra

publicação que aborda diversas NRs de forma comentada. A publicação original

pode ser localizada em www.fieb.org.br/sesi/sv.

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1 NR 20 - LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS

A NR 20, cujo título é Líquidos Combustíveis e Inflamáveis, trata das definições e

dos aspectos de segurança envolvendo as atividades com líquidos inflamáveis e

combustíveis, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e outros gases inflamáveis.

1.1 DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

• ABNT NBR 5418 - Instalações elétricas em atmosfera explosivas.

• ABNT NBR 6493 - Emprego das cores para identificação de

tubulações.

• ABNT NBR 7505-1 - Armazenagem de líquidos inflamáveis e

combustíveis - Parte 1 - Armazenagem em tanques estacionários.

• ABNT NBR 7505-4 - Armazenagem de líquidos inflamáveis e

combustíveis - Parte 4 - Proteção contra incêndio.

• CLT - Título II - Capítulo V - Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou

Perigosas.

• Decreto no 1.797, de 25/01/96 - Acordo para Facilitação do Transporte

de Produtos Perigosos no Âmbito do Mercosul.

• Decreto no 2.998, de 23/03/99 - Apresenta nova redação ao

Regulamento para Fiscalização de Produtos Perigosos Controlados

pelo Ministério do Exército.

• Decreto no 4.097, de 23/01/02 - Altera a redação dos Arts. 7º e 19 dos

Regulamentos para os Transportes Rodoviário e Ferroviário de

Produtos Perigosos, aprovados pelos decretos no 96.044/88 e no

98.973/90.

• Decreto no 96.044, de 18/05/88 - Aprova o Regulamento para o

Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, e dá outras

providências.

• Decreto no 98.973, de 21/02/90 - Aprova o Regulamento de Transporte

Ferroviário de Produtos Perigosos, e dá outras providências.

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10

• Decreto Municipal SP no 32.329, de 23/09/92 - Regulamenta a Lei

11.228, de 25 de junho de 1992 - Código de Obras e Edificações, e dá

outras providências.

• Resolução ANTT no 420, de 12/02/04 - Aprova as Instruções

Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos

Perigosos (substitui a Portaria no 204/97 do Ministério do Trabalho).

• Resolução ANTT no 701, de 25/08/04 - Altera a Resolução no 420, de

12 de fevereiro de 2004, que aprova as Instruções Complementares ao

Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos e seu

anexo.

1.2 PERGUNTAS E RESPOSTAS COMENTADAS

1.2.1 - Quais os conceitos importantes quando se trabalha com gases e

líquidos inflamáveis e combustíveis?

Quando se trabalha com gases, líquidos e sólidos inflamáveis, é importante fixar

alguns conceitos para entender as peculiaridades, entre eles:

• Combustão: reação química de oxidação, exotérmica, favorecida por

uma energia de iniciação, quando os componentes, combustível e

oxidante (geralmente o oxigênio do ar) se encontram em concentrações

apropriadas.

• Faixa de inflamabilidade (faixa de explosividade): concentração do gás

ou vapor inflamável, em mistura com o ar, situada entre o Limite Inferior

de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE).

• Mistura pobre: mistura de gás ou vapor inflamável com o ar abaixo do

LIE.

• Mistura rica: mistura de gás ou vapor inflamável com o ar acima do LSE.

• Pressão de vapor: a pressão a uma temperatura na qual um líquido que

ocupa, parcialmente, um recipiente fechado tem interrompida a

passagem de suas moléculas para a fase de vapor. É a pressão que o

vapor exerce sobre seu líquido, de modo a não haver mais evaporação.

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• Ponto de fulgor: menor temperatura de um líquido ou sólido, na qual os

vapores misturados ao ar atmosférico, e na presença de uma fonte de

ignição, iniciam a reação de combustão.

• Ponto de combustão: é a menor temperatura, poucos graus acima do

ponto de fulgor, na qual a quantidade de vapores é suficiente para iniciar

e manter a combustão (somente para líquidos e sólidos).

• Ponto de auto-ignição: é a menor temperatura na qual os gases ou

vapores entram em combustão pela energia térmica acumulada (ondas

de calor).

• Temperatura crítica: temperatura, característica de cada gás, acima da

qual não existe fase líquida dentro do cilindro.

1.2.2 - Qual a diferença entre líquido inflamável e combustível?

A definição de líquido inflamável e a de líquido combustível dependem do aspecto

legal em questão. Sob o ponto de vista legal da periculosidade, vale somente a

definição dada pela NR 20. O ponto de fulgor (PF) é a referência principal para se

caracterizar um determinado líquido como inflamável ou combustível.

Existem três definições distintas previstas na NR 20, Norma ABNT NBR 7505 e a

Resolução ANTT no 420/04 da Agência Nacional de Transportes Terrestres. A

aplicação de cada uma das definições vai depender do objetivo.

• Segundo a NR 20, líquidos combustíveis e inflamáveis são definidos

como:

1. Líquido inflamável: todo produto que possua ponto de fulgor inferior a

70ºC e pressão de vapor absoluta que não exceda a 2,8 kgf/cm², a

37,7ºC;

2. Líquido combustível: todo produto que possua ponto de fulgor igual ou

superior a 70ºC e inferior a 93,3ºC.

• A norma ABNT NBR 7505, por exemplo, considera como líquido

inflamável todo aquele que possuir ponto de fulgor inferior a 37,8ºC e

pressão de vapor absoluta igual ou inferior a 2,8 kgf/cm².

Page 11: Nr 20 comentada

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• O Decreto no 96.044/88 e a Resolução ANTT no 420/04, que

regulamentam o transporte de produtos perigosos, definem como líquido

inflamável toda substância com ponto de fulgor acima de 60,5ºC (teste

em vaso fechado) ou 65,5ºC (teste em vaso aberto).

1.2.3 - Quais os requisitos técnicos que devem ser atendidos para uma

estocagem de líquidos inflamáveis e combustíveis?

De acordo com a NBR 7505, as instalações projetadas e construídas devem

obedecer às boas práticas de engenharia, aos procedimentos internos e controles

de qualidade inerentes e devem estar documentadas adequadamente para viabilizar

a aprovação, vistoria e fiscalização dos órgãos competentes. Esta documentação

deve incluir, sem se limitar a estes itens:

• Projeto completo, englobando as disciplinas arquitetura/civil, segurança,

mecânica e elétrica/instrumentação;

• Anotações de responsabilidade técnica dos projetos civis, segurança,

mecânicos e elétricos, da construção e montagem eletromecânica, dos

testes e ensaios;

• Laudos dos ensaios hidrostáticos dos tanques (NBR 7821) e das linhas

(ASME B 31.1 e ASME B 31.4);

• Laudos da soldas dos tanques (tetos e costados) e das linhas;

• Laudos das soldas do fundo dos tanques (NBR 7821) e da resistência da

malha de aterramento (NBR 7824).

1.2.4 - Quais os cuidados que se deve tomar ao se projetar um sistema de

estocagem de líquidos inflamáveis e combustíveis?

Para realizar o levantamento visando à elaboração de um projeto, devem ser

coletadas as informações referentes às características físico-químicas dos produtos

armazenados, características construtivas dos tanques de armazenagem, área

disponível para posicionar os tanques.

Page 12: Nr 20 comentada

13

Após coletar as informações, devem-se identificar as distâncias mínimas

estabelecidas pela Norma, considerando as propriedades físico-químicas dos

produtos a serem estocados nos tanques. Os seguintes documentos devem estar

disponíveis:

• Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) dos

produtos que se deseja estocar no parque de tanques;

• Planta de situação onde seja possível identificar as distâncias entre os

tanques, para a área de processo, limites da fábrica, presença de

rodovias, local de passagem de pessoas, escritório, vestiários, acesso

de caminhões de carregamento ou descarregamento, trânsito de

empilhadeiras, painéis de comandos, sistema de transferência, entre

outros.

Em paralelo ao projeto do parque de tanques, deve ser feito um estudo de área

classificada (NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade) para

garantir que o posicionamento do painel de comando das bombas atenda à

classificação elétrica da área prevista na Norma ABNT NBR 5418 ou norma

internacionalmente aceita desde que atenda aos requisitos mínimos da legislação e

normas brasileiras.

1.2.5 - Quais os aspectos técnicos a serem observados ao se projetar um pátio

de tancagem para líquidos inflamáveis e combustíveis?

Conforme a Norma ABNT NBR 7505, as distâncias de segurança a serem

consideradas para elaborar o projeto são aquelas compreendidas entre o costado

dos tanques. As seguintes distâncias devem ser consideradas:

• Posição entre o costado dos tanques;

• Parede externa mais próxima e altura do dique;

• Parte externa mais próxima do equipamento fixo ou circulação de

pessoas;

• Limite da propriedade e rodovias;

Page 13: Nr 20 comentada

14

• Tamanho da base interna do dique.

Vale ressaltar que, além das distâncias entre os tanques, deve ser calculado o

volume útil do dique, que, segundo a Norma, deve ser capaz de conter todo o

volume do tanque nele contido.

1.2.6 - Quais as distâncias de segurança que devem ser adotadas ao se

projetar uma área de armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis?

A NBR 7505 determina que a distância mínima é de 1/6 da soma dos diâmetros dos

dois tanques adjacentes limitado a, no mínimo, um metro sem, no entanto, fazer

referência se os líquidos são iguais ou diferentes. Nesta questão, existe a diferença

entre a NR 20 que fala que a distância entre dois tanques de líquidos diferentes é de

6 metros, neste caso vale a NR 20 que é mais restritiva.

A NBR 7505 também não apresenta citação se a construção de uma parede à prova

de fogo/explosão pode eliminar as distâncias de segurança. Entretanto devem ser

consultadas normas internas da companhia, desde que fundamentadas em normas

internacionais reconhecidas e que não estejam em desacordo com as normas

brasileiras.

1.2.7 - Como podem ser identificados tanques de produtos perigosos?

É obrigatório identificar qualquer tanque contendo produto perigoso colocando o

nome do produto existente. Em complemento, os tanques podem ser sinalizados

através de cores que permitem identificar os riscos dos produtos contidos. A

identificação pelo nome e cores contribui para que a equipe de emergência

identifique rapidamente os riscos do produto armazenado.

Uma forma adicional de sinalização por cores pode ser feita através do Diamante de

Hommel, previsto na Norma NFPA 704. Vale ressaltar que este tipo de identificação

não é obrigatório pela legislação brasileira, tampouco pode ser utilizado nos tanques

rodoviários e ferroviários.

Page 14: Nr 20 comentada

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1.2.8 - Quais os riscos envolvendo manuseio de produtos perigosos

inflamáveis?

O risco mais significativo diz respeito à possibilidade de vazamento na presença de

fontes de ignição. As fontes de ignição podem ser as mais variadas possíveis e

podem gerar temperaturas suficientes para iniciar o processo de combustão da

maioria das substâncias inflamáveis conhecidas:

• Eletricidade estática: Como exemplo de cargas acumuladas nos

materiais, citamos a energia necessária para dar início ao processo de

decomposição do acetileno puro (1 atm e 21ºC), na ordem de 100 J.

Esta energia decai rapidamente com o aumento da pressão, pois

misturas de acetileno com o ar são muito sensíveis exigindo apenas 2 x

10 - 5 J. Para se ter uma idéia de valor, a energia gerada pelo atrito do

sapato no carpete é de 3 x 10 - 2 J (ver NR 10);

• Faíscas: O impacto de uma ferramenta contra uma superfície sólida

pode gerar uma alta temperatura, em função do atrito, capaz de ionizar

os átomos presentes nas moléculas do ar, permitindo que a luz se torne

visível. Normalmente chamada de faísca, esta temperatura gerada é

estimada em torno de 700ºC;

• Brasa de cigarro: Pode alcançar temperaturas em torno de 1.000ºC;

• Compressão adiabática: Toda vez que um gás ou vapor é comprimido

em um sistema fechado, ocorre um aquecimento natural. Quando esta

compressão acontece de forma muita rápida, (dependendo da diferença

entre a pressão inicial (P0) e final (P1), e o calor não sendo trocado

devidamente entre os sistemas envolvidos, ocorre o que chamamos

tecnicamente de compressão adiabática. Esta compressão pode gerar

picos de temperatura que podem chegar, dependendo da substância

envolvida, a mais de 1.000ºC. Isto pode acontecer, por exemplo, quando

o oxigênio puro é comprimido, rapidamente passando, de 1 atm para 200

atm, em uma tubulação ou outro sistema sem a presença de um

regulador de pressão;

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• Chama direta: É a fonte de energia mais fácil de ser identificada.

Algumas chamas oxicombustíveis, por exemplo, podem atingir

temperaturas variando de 1.800ºC (hidrogênio ou GLP com oxigênio) a

3.100ºC (acetileno / oxigênio).

Vale ressaltar que, em todos os casos citados acima, as temperaturas geradas são

muito maiores que a temperatura de auto-ignição da maioria das substâncias

inflamáveis existentes, como, por exemplo: graxas comuns (500ºC), gasolina

(400ºC), metanol (385ºC), etanol (380ºC) e querosene (210ºC).

1.2.9 - Quais os cuidados a serem tomados com as embalagens para

transporte fracionado de líquidos inflamáveis?

Líquidos inflamáveis e combustíveis devem ser acondicionados em embalagens que

sejam construídas conforme técnicas oficiais vigentes, ou seja, construídas e

fechadas de forma a evitar que, por falta de estanqueidade, venham a permitir

qualquer vazamento provocado por variações de temperatura, umidade ou pressão

(resultantes de variações climáticas ou geográficas), em condições normais de

transporte.

A parte externa das embalagens não deve estar contaminada com qualquer

quantidade de produtos perigosos, sejam elas novas ou reutilizadas. Numa

embalagem reutilizada, devem ser tomadas todas as medidas necessárias para

prevenir contaminação.

As partes da embalagem que entram em contato direto com os produtos não devem

ser afetadas por ação química, ou outras ações daqueles produtos (se necessário,

as embalagens devem ser providas de revestimento ou tratamento interno

adequado), nem incorporar componentes que possam reagir com o conteúdo,

formando com este combinações nocivas ou perigosas, ou enfraquecendo

significativamente a embalagem.

Exceto quando haja prescrição específica em contrário, os líquidos não devem

encher completamente uma embalagem à temperatura de 55ºC, para prevenir

vazamento ou deformação permanente da embalagem, em decorrência de uma

Page 16: Nr 20 comentada

17

expansão do líquido, provocada por temperaturas que podem ser observadas

durante o transporte.

Embalagens internas devem ser acondicionadas e calçadas de forma a prevenir

quebra, puncionamento ou vazamento dentro da embalagem externa, em condições

normais de transporte. Além disso, embalagens frágeis (cerâmica, porcelana, vidro,

alguns plásticos etc.) devem ser calçadas, nas embalagens externas, com materiais

que absorvam os choques.

1.2.10 - Quais os aspectos de qualidade a serem seguidos com relação às

embalagens para carregamento fracionado de produtos perigosos?

Toda embalagem nova ou recondicionada deve ser devidamente ensaiada,

conforme Regulamentos Técnicos do INMETRO.

1.2.11 - O que é o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo)?

O GLP é conhecido como “gás de cozinha”, devido à sua principal aplicação

doméstica, estimada em torno de 90% da demanda brasileira.

A especificação do gás deve atender aos requisitos da Agência Nacional de Petróleo

(ANP), conforme Norma CNP-02/Rev.3/75 e Resolução CNP no 02/75 que

estabelece os seguintes tipos de GLP:

• Propano Comercial: Mistura de hidrocarbonetos contendo

predominantemente propano e/ou propeno. É indicado para sistemas

que necessitem de alta volatilidade e composição/pressão de vapor

estáveis;

• Butano Comercial: Mistura de hidrocarbonetos contendo

predominantemente butanos e/ou butenos. É indicado para sistemas de

combustão com pré-vaporizadores e que necessitem de

composição/pressão de vapor estáveis;

• Misturas Propano/Butano: Mistura de hidrocarbonetos com percentuais

variáveis de propano/propeno e butanos/butenos. Este é o produto

Page 17: Nr 20 comentada

18

conhecido por GLP ou gás de cozinha. É recomendado para o uso

residencial. Pode ser utilizado em sistemas de combustão industrial que

não necessitem de composição do produto estável;

• Propano Especial: Mistura de hidrocarbonetos contendo, no mínimo,

90% de propano e, no máximo, 5% de propeno por volume. Este é o

produto recomendado para aplicações cujo teor de olefinas é fator

limitante.

1.2.12 - Quais as características do GLP?

O GLP é composto por gases incolores (propano e butano) e tem odor característico

devido à presença da mercaptana. De uma forma geral, o GLP é considerado um

asfixiante simples, embora o butano puro tenha um Limites de Tolerância (LT) de

470 ppm e grau de insalubridade médio.

1.2.13 - Qual a diferença entre GLP e GNV?

Nunca confundir o GLP com GNV (Gás Natural Veicular). A confusão entre GLP e

GNV tem ocasionado diversos acidentes.

O GLP é um gás liquefeito armazenado em cilindros de baixa pressão (5 a 8 atm),

enquanto o GNV é um gás permanente à base de metano comprimido apenas em

fase gasosa a pressões elevadas, em torno de 200 a 220 atm.

Devido a essas diferenças, os cilindros de GLP não são capazes de suportar o

enchimento de GNV em altas pressões, o que fatalmente resultará na explosão do

cilindro de GLP com possibilidade real de lesão grave ou morte.

1.2.14 - A NR 20 se aplica apenas ao GLP?

Não. Aplica-se também a outros gases inflamáveis nos aspectos técnicos

pertinentes. Para fins de caracterização de atividades ou operações perigosas

conforme a NR 16 - Atividades e Operações Perigosas, devem ser considerados

apenas os gases e líquidos inflamáveis.

Page 18: Nr 20 comentada

19

1.2.15 - Quais são os cuidados a serem tomados na armazenagem de cilindros

de gás?

O armazenamento de gases comprimidos deve ser feito em local separado dos

demais. Os gases inflamáveis (acetileno e GLP) devem ser separados dos outros

gases por uma distância mínima de 6 metros com placas de sinalização do tipo:

“Proibido Fumar”, “Cilindros Cheios” e “Cilindros Vazios”.

O local de estocagem de gases comprimidos não deverá conter produtos inflamáveis

líquidos, como gasolina e álcool, e não pode estar em subsolo e depressões sujeitas

a inundações.

Preferencialmente, as áreas de armazenagem devem ser protegidas do sol e

intempéries localizadas em áreas ventiladas.

Todos os cilindros devem ser armazenados e transportados com capacete de

proteção da válvula e fixados com corrente ou outro dispositivo que impeça seu

tombamento.

1.2.16 - Qual é a legislação complementar que deva ser consultada pelas

empresas que trabalham com atividades de armazenagem, manuseio de gases

e líquidos inflamáveis e combustíveis?

Para as empresas que trabalham com qualquer atividade envolvendo gases e

líquidos inflamáveis e combustíveis, deverão ser consultados os seguintes

documentos:

• Decreto no 96.044, de 18/05/88 - Aprova o Regulamento para o

Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos.

• Resolução ANTT no 420, de 12/02/04 - Aprova as Instruções

Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos

Perigosos em substituição à Portaria no 204/97 do Ministério do

Trabalho.

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20

1.3 COMENTÁRIOS

• Líquidos inflamáveis e combustíveis devem ser acondicionados em

embalagens de boa qualidade, construídas e fechadas de forma a evitar que,

por falta de estanqueidade, venham a permitir qualquer vazamento provocado

por variações de temperatura, umidade ou pressão (resultantes de variações

climáticas ou geográficas), em condições normais de transporte.

• A parte externa das embalagens não deve estar contaminada com qualquer

quantidade de produtos perigosos, sejam elas novas ou reutilizadas. Numa

embalagem reutilizada, devem ser tomadas todas as medidas necessárias

para prevenir contaminação.

• As partes da embalagem que entram em contato direto com os produtos não

devem ser afetadas por ação química, ou outras ações daqueles produtos (se

necessário, as embalagens devem ser providas de revestimento ou

tratamento interno adequado), nem incorporar componentes que possa reagir

com o conteúdo, formando com este combinações nocivas ou perigosas, ou

enfraquecendo significativamente a embalagem.

• Toda embalagem nova ou recondicionada, exceto as internas de embalagens

combinadas, deve adequar-se a um projeto-tipo devidamente ensaiado

conforme Regulamentos Técnicos do INMETRO.

• Exceto quando haja prescrição específica em contrário, os líquidos não

devem encher completamente uma embalagem à temperatura de 55ºC, para

prevenir vazamento ou deformação permanente da embalagem, em

decorrência de uma expansão do líquido, provocada por temperaturas que

podem ser observadas durante o transporte.

• Embalagens internas devem ser acondicionadas e calçadas de forma a

prevenir quebra, puncionamento ou vazamento dentro da embalagem

externa, em condições normais de transporte. Além disso, embalagens

frágeis (cerâmica, porcelana, vidro, alguns plásticos etc.) devem ser calçadas,

nas embalagens externas, com materiais que absorvam os choques.

• Qualquer vazamento do conteúdo não deve prejudicar significativamente as

propriedades do material de acolchoamento, nem a embalagem externa.

Page 20: Nr 20 comentada

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Produtos incompatíveis entre si não podem ser acondicionados em uma

mesma embalagem externa.

• Embalagens contendo substâncias umedecidas ou diluídas devem ser

fechadas de forma que o teor de líquido (água, solvente ou dessensibilizante)

não caia, durante o transporte, abaixo dos limites prescritos.

• Quando houver possibilidade de desenvolvimento de uma pressão interna

significativa devido à liberação de gás do conteúdo (provocada por aumento

de temperatura ou outra causa), a embalagem pode ser equipada com um

respiro, desde que o gás desprendido não seja perigoso, levando-se em

conta sua toxicidade, inflamabilidade, quantidade liberada etc.

• O respiro deve ser projetado de forma que, quando a embalagem estiver na

posição em que deve ser transportada, sejam evitados vazamentos ou

penetração de substâncias estranhas, em condições normais de transporte.

• Antes do seu enchimento e expedição, toda embalagem deve ser

inspecionada para se verificar se ela está isenta de corrosão, contaminação

ou outro dano. Qualquer embalagem que apresente sinais de diminuição de

sua resistência, em comparação com o projeto-tipo aprovado, deve ser

descartada ou recondicionada de modo que seja capaz de suportar os

ensaios prescritos.

Page 21: Nr 20 comentada

22

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Resolução nº 420, de 12 de fevereiro de 2004. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 maio 2004. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/resolucoes/00500/resolucao420_2004.htm>. Acesso em: 19 set. 2007.

______. Resolução nº 701, de 25 de agosto de 2004. Altera a Resolução nº 420, de 12 de fevereiro de 2004, que aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos e seu anexo. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 agosto 2004. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/resolucoes/00800/resolucao701_2004.htm>. Acesso em: 19 set. 2007.

AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. Liquid transportation systems for hydrocarbons, liquid petroleum gas, anhydrous B31.4-2002 ammonia, and alcohols. New York, 2003. 85 p.

______. Power piping: ASME B31.1-2004. New York, 2004. 292 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 2007. Disponível em: <http://www.abntnet.com.br>. Acesso em: 12 set. 2007.

______. NBR 5418: instalações elétricas em atmosferas explosivas. Rio de Janeiro, 1995. 13 p.

______. NBR 6493: emprego das cores para identificação de tubulações. Rio de Janeiro, 1994. 5 p.

______. NBR 7505: armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis: parte 1: armazenagem em tanques estacionários. Rio de Janeiro, 2006. 16 p.

______. NBR 7505-1: armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis: parte 1: armazenagem em tanques estacionários. Rio de Janeiro, 2000. 8 p.

______.NBR 7505-4: armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis: parte 4: proteção contra incêndio. Rio de Janeiro, 2000. 4 p.

Page 22: Nr 20 comentada

23

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7821: tanques soldados para armazenamento de petróleo e derivados. Rio de Janeiro, 1993. 118 p.

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