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Zelãene dos Santos
SEGURANÇA NO TRABALHO E MEIO AMBIENTE
NR-17- ERGONOMIA
O termo ergonomia é derivado das palavras ergon(trabalho) e nomos(regras).
Resumidamente, pode-se dizer que a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas
e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.
No projeto do trabalho e nas situações cotidianas, a ergonomia focaliza o homem. As condições de
insegurança, insalubridade, desconforto e eficiência são eliminadas quando adequadas às capacidades e
limitações físicas e psicológicas.
A ergonomia estuda vários aspectos: postura e os movimentos corporais (sentado, em pé,
empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima,
agentes químicos), informações (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), controles,
relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos
interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis,
confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana.
A ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas científicas, como a antropometria,
biomecânica, fisiologia, pscicologia, toxiologia, engenharia mecânica, desenho industrial, eletrônica,
informática e gerência industrial. Ela amealhou, selecionou e integrou os conhecimentos relevantes dessas
áreas. Desenvolveu métodos e técnicas específicas para aplicar esses conhecimentos na melhoria do
trabalho e das condições de vida.
A ergonomia difere de outras áreas de conhecimento pelo seu caráter interdisciplinar e pala sua
natureza aplicada. O caráter interdisciplinar significa que a ergonomia se apóia em diversas áreas do
conhecimento humano. O caráter aplicado configura-se na adaptação do posto de trabalho e do ambiente
às características e necessidades do trabalho.
O Ministério do trabalho e Previdência Social instituiu a portaria nº 3.751 em 23/11/90 que baixou
a Norma Regulamentadora – NR-17, que trata especificamente da ergonomia. “Esta norma visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características fisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente.”
Com esta norma começa a despertar o interesse pela ergonomia no meio empresarial brasileiro.
O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da ergonomia, favorece não só
as mudanças organizacionais, como também alavanca mudanças no conceito de produtividade, este sendo
visto a partir da qualidade de vida no trabalho, observando, dentre outros parâmetros: a participação do
trabalhador, a liberdade para a criação e a valorização do saber fazer, isto é, do conhecimento tácito.
Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras:
-Quanto à abrangência: Ergonomia de Posto de Trabalho: Abordagem micro ergonômica;
Ergonomia e sistema de produção: abordagem macro ergonômica.
- Quanto à contribuição: Ergonomia de Concepção: é a aplicação de normas e especificações ergonômicas em projetos de
ferramentas e postos de trabalho, antes de sua implantação;
Ergonomia de Correção: é a modificações de situações de trabalho já existentes. Portanto, o estudo
ergonômico só é feito após a implantação do posto de trabalho;
Ergonomia de Arranjo Físico: è a melhoria de seqüências e fluxos de produção, através da
mudança de leiaute das plantas industriais (por exemplo: mudança de um leiaute por processo para um
leiaute por produto);
-Quanto à interdisciplinaridade: Engenharia: é o projeto e a produção ergonomicamente corretos, garantindo a segurança, a saúde e
a eficácia do ser humano no trabalho;
Design: é a aplicação das normas e especificações ergonômicas no projeto e design de produtos;
Psicologia: recrutamento, treinamento e motivação pessoal;
Medicina e Enfermagem do Trabalho: é a prevenção de acidentes e de doenças do trabalho;
Administração: gestão de recursos humanos, projetos e mudanças organizacionais.
Os diferentes tipos de ergonomia Na aplicação prática, várias tem sido as designações dadas a ergonomia. Sem procurar estabelecer
uma tipologia ergonômica, apresentaremos a seguir uma categorização definida a partir das diferentes
designações encontradas na literatura:
Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações ergonômicas no estágio inicial do
projeto de postos de trabalho;
Ergonomia Industrial: é a correção ergonômica de situações de trabalho industrial já implantado;
Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto, a partir das normas e
especificações ergonômicas, definidas preliminarmente;
Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica, baseada na análise ergonômica dos
diversos postos de trabalho;
Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada em condições controladas de
laboratório. Alguns autores, como MONTMOLLIN, afirmam que não se trata verdadeiramente de uma
pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em situação real de trabalho.
Ergonomia de Campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em situação real, utilizando-se como
metodologia à análise ergonômica do trabalho.
Dicas:... Informações gerais:... Bases da Ergonomia Biomecânica: As leis físicas da mecânica são aplicadas ao corpo humano. Assim, podem-se estimar tensões que
ocorrem nos músculos e articulações, durante uma postura ou um movimento. Os princípios mais
importantes da biomecânica para ergonomia são descritos a seguir:
- As articulações devem ocupar uma posição neutra (esticar o mínimo possível);
- Conservar pesos próximos ao corpo;
- Evitar curvar-se para frente;
- Evitar inclinar a cabeça;
- Evitar torções do tronco;
- Evitar movimentos bruscos que produzem picos de tensão;
- Alteras posturas e movimentos;
- Restringir a duração do esforço muscular contínuo;
- Prevenir a exaustão muscular;
- Pausas curtas e freqüentes são melhores.
Fisiologia: A fisiologia pode estimar a demanda energética do coração e dos pulmões, exigida por um esforço
muscular. O gasto energético no trabalho é limitado: A maioria da população pode executar tarefas por um
longo tempo, sem sentir esgotamento energético, desde que não exceda 250 W (3,575 kcal/min). Essa
cifra (a energia consumida por uma pessoa por unidade de tempo) inclui a quantidade de
aproximadamente 80 W, chamado metabolismo basal, que o corpo necessita para manter suas funções
vitais, e o restante é aplicado no trabalho. O organismo, mesmo em repouso, consome a energia
correspondente ao metabolismo basal. Exemplo de atividades leves: digitação, montagens de pequenas,
trabalhos domésticos, operação de máquinas leves, andar a passos normais. Tarefas pesadas exigem
períodos de descanso: Se a taxa de energia gasta excede a 250W, torna-se necessário à introdução de um
período de descanso para recuperação. O descanso pode ser uma interrupção da tarefa ou substituição por
uma tarefa mais leve. O nível de atividade deve ser reduzido para que a taxa de energia média durante
toda jornada não exceda 250W.
Exemplos de Atividades consideradas pesadas:
ATIVIDADE POTÊNCIA ENERGÊTICO Andar a 4 km/h com peso de 30 kgf 600W
Levantar peso de 1 kgf 1vez/s 600W
Correr a 10 km/h 670W
Pedalar a 20 km/h 670W
Subir escada de 30 degraus, 1 km/h 970W
Antropometria: Ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano. Os princípios
antropométricos que interessam à ergonomia são apresentados a seguir:
- Diferenças individuais do corpo;
- Uso de tabelas antropométricas adequadas (para a população brasileira)
Mais informações:
http://www.simucad.dep.ufscar.br/dn_manualnr17.pdf
Telecurso 2000 - Mecânica