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Novos Movimentos Religiosos: duas questões. ISSN 2316-1639 (online) Teologia e Espiritualidade vol. 4 • n o 08 • Curitiba • Dez/2017 • p. 7-16 7 NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS: Duas questões. New Religious Movements: two questions Edson Martins 1 RESUMO O presente artigo parte do pressuposto de que a religião é um fato social, presente desde o início da humanidade, não havendo grupo social que não possua ao menos uma forma de expressão religiosa em seu meio. Ele tem por objetivo abordar a questão da proliferação de tantos grupos de expressão religiosa, ciente do fato de que já existe um número elevadíssimo deles no Brasil. Procurar-se-á tentar responder duas questões relativas aos Novos Movimentos religiosos. A primeira está relacionada aos motivos do surgimento destes grupos, ligada à incapacidade das grandes religiões em atender as necessidades atuais das pessoas, e a segunda é mostrar um pouco quem são estes grupos, o que pensam e o que pregam. Palavras-chave: Religião, Sincretismo, Novos Movimentos Religiosos. ABSTRACT The present article starts from the assumption that religion is a social fact, present from the beginning of humanity, with no social group that does not have at least one form of religious expression in its environment. It aims to address the proliferation of so many groups of religious expression, aware of the fact that there are already a very large number of them in Brazil. It will try to answer two questions related to New Religious Movements. The first is related to the reasons for the emergence of these groups, linked to the inability of the major religions to meet people's current needs, and the second is to show a little about who these groups are, what they think and what they preach. 1 Doutor em Ciências da Religião. Mestre em Teologia e educação. Especialista em Educação a Distância. Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, e Coordenador do curso de Teologia da Faculdade Cristã de Curitiba.

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NovosMovimentosReligiosos:duasquestões.ISSN2316-1639(online)

Teologia e Espiritualidade • vol. 4 • no 08 • Curitiba • Dez/2017 • p. 7-16

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NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS: Duas questões.

New Religious Movements: two questions

Edson Martins1

RESUMO O presente artigo parte do pressuposto de que a religião é um fato social, presente desde o início da humanidade, não havendo grupo social que não possua ao menos uma forma de expressão religiosa em seu meio. Ele tem por objetivo abordar a questão da proliferação de tantos grupos de expressão religiosa, ciente do fato de que já existe um número elevadíssimo deles no Brasil. Procurar-se-á tentar responder duas questões relativas aos Novos Movimentos religiosos. A primeira está relacionada aos motivos do surgimento destes grupos, ligada à incapacidade das grandes religiões em atender as necessidades atuais das pessoas, e a segunda é mostrar um pouco quem são estes grupos, o que pensam e o que pregam. Palavras-chave: Religião, Sincretismo, Novos Movimentos Religiosos.

ABSTRACT The present article starts from the assumption that religion is a social fact, present from the beginning of humanity, with no social group that does not have at least one form of religious expression in its environment. It aims to address the proliferation of so many groups of religious expression, aware of the fact that there are already a very large number of them in Brazil. It will try to answer two questions related to New Religious Movements. The first is related to the reasons for the emergence of these groups, linked to the inability of the major religions to meet people's current needs, and the second is to show a little about who these groups are, what they think and what they preach.

1 Doutor em Ciências da Religião. Mestre em Teologia e educação. Especialista em Educação a Distância. Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, e Coordenador do curso de Teologia da Faculdade Cristã de Curitiba.

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Keywords: Religion, Syncretism, New Religious Movements. INTRODUÇÃO

A religião está presente na vida da humanidade desde os

seus primórdios. Aliás, uma dado interessante é que não há notícia de nenhum grupo social humano que não tenha algum tipo de religiosidade, como bem atesta Giddens, ao afirmar que “os registros das primeiras sociedades, cujas evidências encontramos somente em ruínas arqueológicas, deixam vestígios claros de símbolos e cerimônias religiosas”. (GIDDENS, 2005, p. 426)

Além de estar presente na história do ser humano desde sempre, as religiões não param de crescer e se multiplicar, desde a grande fragmentação do Cristianismo ocorrida com o movimento da Reforma Protestante no século XVI, até a proliferação de grupos neopentecostais dos dias atuais, que parecem seguir o seguinte padrão: o grupo cresce, os lideres brigam e um deles sai para fundar uma nova igreja.

Na lista de Novos Movimentos Religiosos, há grupos originados nas grandes religiões, há grupos de matriz oriental e de matriz indígena e africana. Pode-se observar que há nestes grupos um grande sincretismo, sendo esta uma característica comum a muitos deles.

Se existem tantos grupos religiosos no mundo atualmente, era de se esperar uma saturação, mas não é o que acontece. A cada dia surge um novo grupo, muitas vezes com propostas diferentes. Diante deste fenômeno, algumas questões fatalmente surgem em forma de perguntas e tentar responde-las é o objetivo principal deste artigo. A primeira pergunta é acerca das razões do surgimento dos Novos Movimentos religiosos e a segunda é descobrir quem são estes novos movimentos, o que pensam e o que querem.

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I. Por que surgem os Novos Movimentos Religiosos

Esta é uma pergunta difícil de ser respondida. Porém, há algumas pistas que poderão tentar fornecer as respostas pretendidas. Em primeiro lugar, todo e qualquer novo movimento religioso surge nas brechas deixadas pelas religiões existentes. O surgimento do novo é um atestado da insuficiência das respostas que as igrejas institucionalizadas estão fornecendo e que não conseguem atender às expectativas dos fiéis.

Outro dado a ser levado em conta é que nas democracias ocidentais, a relativização das mensagens religiosas, a autonomia individual em relação às opções religiosas, aliada à liberdade de culto facilita sobremaneira o surgimento de líderes espirituais com novas mensagens ou novas revelações. A tradição religiosa do indivíduo também não é mais uma verdade inquestionável. Ele se sente livre para analisar novas doutrinas e até mesmo a filiar-se a um novo grupo religioso, por mais polêmico que possa ser. A facilidade em juntar doutrinas, conceitos e costumes das várias religiões, numa intensa bricolagem é um fator atrativo para muita gente que tem dificuldade em mover-se entre doutrinas mais tradicionais, mais fechadas.

Outra característica deste tempo presente é a facilidade com que os adeptos dos Novos Movimentos Religiosos transitam de um grupo para outro, configurando o que os sociólogos da religião denominam de trânsito religioso. Isto se dá porque hoje em dia não há tanto espaço para se cobrar lealdade absoluta do fiel. Ele entra e sai a qualquer momento, podendo voltar um tempo depois. As palavras de Reginaldo Prandi são bastante pertinentes quando afirma que:

As mais díspares religiões, assim, surgem nas biografias dos adeptos como alternativas que se podem pôr de lado facilmente, que se podem abandonar a uma primeira experiência de insatisfação ou desafeto, a uma mínima decepção. São inesgotáveis as possibilidades de opção, intensa a competição entre elas, fraca a sua capacidade de dar a

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última palavra. A religião de hoje é a religião da mudança rápida, da lealdade pequena, do compromisso descartável. (PRANDI, 2000, p. 34)

Embora o número de adeptos em muitos dos Novos

Movimentos Religiosos seja pequeno, para o adepto isto não é o mais importante. Aliás, isto pode até mesmo ser usado como ponto favorável, como um fator de distinção, trazendo ao adepto o orgulho de pertencer a um grupo pequeno, mas muito "especial", "santo" e separado dos grandes grupos "desvirtuados".

Ainda que contem com adeptos de várias faixas etárias, os jovens são a maioria nos Novos Movimentos Religiosos. Isto se dá porque os jovens, na maioria das vezes estão em busca de novas experiências, não se satisfazendo com as respostas que as religiões tradicionais fornecem, até porque a rebeldia e a não aceitação do tradicional seja um traço marcante na cosmovisão de muitos jovens. Some-se a isto o fato de que muitos destes jovens não possuem um ideal para suas vidas, ideal que o grupo religioso irá propor com muito entusiasmo.

Porém, esses grandes balcões de ofertas religiosas somente vêm comprovar uma grande verdade bíblica: a de que o ser humano é um ser faminto e sedento de Deus. Por causa destas necessidades ele sai em busca do que pode saciar sua fome e sede. Por isso é comum encontrar pessoas que se autodenominam de "buscadores" de Deus. Se por um lado essa busca tem levado muitos a encontrarem o Deus verdadeiro na pessoa de Jesus Cristo, Infelizmente, por outro, muitos têm sido enredados por grupos cujas ideias, doutrinas e práticas são bastante prejudiciais à saúde do ser humano em todos os seus aspectos.

II. Quem são os Novos Movimentos Religiosos

Não é tão simples classificar os Novos Movimentos

Religiosos, visto que eles surgem, crescem ou desaparecem com muita freqüência. Além disto, eles não possuem doutrinas

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definidas, excludentes. Em muitos casos é possível constatar que determinado grupo possui elementos de outros grupos, sendo difícil catalogá-los com muita rigidez. De modo geral, podemos destacar quatro grandes grupos que representam a maioria dos Novos Movimentos Religiosos, apontados por Silas Guerriero (2005, p. 37-55), que são:

a) Grupos oriundos de igrejas cristãs tradicionais

São aqueles que surgem no interior das grandes

denominações cristãs e que quase sempre saem delas carregados de críticas, seja porque na visão deles elas tenham abandonado os princípios originais de fundação ou porque receberam uma nova revelação da verdade absoluta. Inicialmente, a maioria dos grupos dissidentes não almeja separar-se da igreja a que pertence. A princípio, tentam convencer a liderança da igreja dos fundamentos de suas novas crenças. Se não houver uma assimilação por parte do grupo tradicional, a separação será inevitável. Tal separação pode se dar de modo espontâneo, com o novo grupo concluindo ser melhor seguir um caminho diferente ou através da expulsão, quando o grupo de origem não suporta as mudanças propostas e exclui de seu convívio os dissidentes.

Como representante desse grupo pode-se apresentar a Renovação Carismática Católica, que embora permaneça ligada ao catolicismo, possui uma visão destoante do pensamento da hierarquia da igreja. Doutrinariamente a RCC se aproxima muito do pentecostalismo, com a diferença de que este sempre teve uma infiltração maior entre as camadas menos favorecidas da população enquanto que aquela tem arrebanhado seus adeptos principalmente na classe média. A Renovação Carismática Católica é um movimento tolerado pela grande liderança católica, pois conseguiu a proeza de trazer uma boa parcela de católicos que estavam afastados para o convívio da igreja. Para quem só estava perdendo fiéis nos últimos anos, não é pouca coisa.

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Outro exemplo de Novo Movimento Religioso surgido do Catolicismo é o grupo liderado pelo Inri Cristo, que é um indivíduo que se proclama a reencarnação de Jesus Cristo e que recebeu uma visão de Deus para restaurar a Igreja Católica, que segundo ele, estaria corrompida e desviada da vontade divina. Sua igreja estava sediada em Curitiba, tendo-se mudado recentemente para Brasília e tem o nome oficial de Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade (SOUST). A maioria dos brasileiros conhece o líder do grupo, o Inri Cristo, devido às aparições que faz em programas televisivos de auditório. Sobre este movimento falaremos mais detalhadamente mais adiante.

Do lado evangélico, pode-se arrolar como Novos Movimentos Religiosos as diversas igrejas denominadas de "comunidades", cujos líderes, em sua maioria, iniciaram sua vivência religiosa e sua formação teológica em denominações tradicionais mas que delas saíram (ou foram forçados a saírem) e procuraram fundar suas próprias igrejas. Estas "comunidades" caracterizam-se pela informalidade dos cultos, uma ênfase substancial no uso da música contemporânea (que agrada aos mais jovens), uma administração com visão empresarial e um forte culto à personalidade de seus líderes.

Pode-se citar ainda o fenômeno do surgimento de igrejas segmentadas, destinadas a públicos específicos, como a igreja que adotou o nome de Movimento Espiritual Livre (MEL) de Curitiba, e que procura arrebanhar os homossexuais, ou a Igreja Zadoque, que dirige-se aos roqueiros, punks e darks.

b) Grupos sincréticos

Estes grupos se caracterizam por uma insatisfação com as grandes religiões instituídas e buscam alternativas para expressarem sua fé. Embora possa até mesmo ser um agir inconsciente, eles se apropriam de elementos constantes em várias religiões, misturando-os e apresentando um novo significado.

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Como exemplo deste grupo podemos citar o Santo Daime2, que teve suas origens nas cerimônias conduzidas pelos sacerdotes indígenas, os pagés, onde se tomava um chá feito de diversas plantas da floresta amazônica. Este chá provocava visões adivinhatórias e curativas, visto que o bebedor entrava em êxtase e acreditava estar em contato com o divino. Quanto os seringueiros empobrecidos com o fim do ciclo da borracha tomam conhecimento dos efeitos do chá, começam a erguer comunidades de até 5.000 pessoas em torno de uma "religiosidade mestiça", onde eles julgam encontrar sentido para as suas vidas e solução para os seus muitos problemas.

Nestas comunidades, a valorização da natureza e a interação com ela é muito grande, visto que os caboclos dependem quase que exclusivamente dos alimentos que a floresta fornece para a sobrevivência do grupo. A consciência ecológica é parte essencial da vida no grupo e a floresta é de certa maneira, divinizada.

Com a divulgação dos efeitos do chá e das ideias religiosas que o cercam, feita através dos grandes meios de comunicação, houve o despertar do interesse principalmente dos jovens da classe média culta, que uniu os princípios indígenas com a doutrina espírita da reencarnação, criando um novo movimento chamado de "União Vegetal". (HIGUET, 2001, p. 141)

Dentro deste grupo, podemos arrolar ainda a Legião da Boa Vontade, fundada por Alziro Zarur e hoje dirigida por José de Paiva Neto e a Ordem Espiritualista Cristã (Vale do Amanhecer, que fica nos arredores da cidade de Brasília), religião fundada por uma mulher conhecida como Tia Neiva.

2 Segundo Etienne Higuet, o grupo tem esse nome derivado do fato de os nativos pedirem o chá alucinógeno em forma de prece: "Dai-me o chá, dai-me luz, dai-me amor, dai-me força, dai-me saúde". (HIGUET, 2001, p. 140.)

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c) Grupos orientais São formados por religiões trazidas ao Brasil pelos

imigrantes. Dentre elas destacam-se Igreja Messiânica Mundial, a Seicho-No-Ie, a Soka Gakkai e uma das mais polêmicas, a Igreja da Unificação Mundial, liderada pelo reverendo Moon.

d) Grupos esotéricos ou da Nova Era

A partir de 1960 um novo e abrangente movimento

religioso denominado de Nova Era começou a ocupar a cena mundial. De acordo com os propagadores dos ensinos desse movimento (baseados na Astrologia clássica), a cada dois mil anos o sol ocupa um signo, uma casa do Zodíaco. No ano 2000 o sol deixaria o signo de Peixes e se fixaria na de Aquário. Como o Cristianismo estava identificado com Peixes, foi a religião dominante durante todo esse tempo. Porém, com a mudança para Aquário, muitas transformações viriam em todas as esferas da vida humana. Segundo seus defensores, o Cristianismo diminuiria seu poder e novas formas religiosas entrariam em cena. Infelizmente, tais previsões pelo menos em parte estão se cumprindo.

Ainda que seja considerada um movimento, a Nova Era não possui uma organização central que responda por todos os seu ramos e grupos. Ela é tremendamente multifacetada, sem hierarquia estruturada e nem uma única voz de comando. Possui sim, muitas vozes nas mais diferentes áreas da nossa sociedade, como a arte, a cultura, a religião e a política, dentre outras. São muitas as fontes dos princípios que regem a Nova Era. Vão desde os elementos místicos da tradição judaico-cristã, dos elementos das religiões orientais até os ocultismos, esoterismos e tradições das mais diferentes procedências. Mesmo fazendo uso de elementos tão antigos, os defensores deste movimento procuram transmitir uma imagem de modernidade, descartando uma noção de História que está sujeita à ação tanto divina quanto humana

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para aderir a uma noção de história cíclica, sujeita aos carmas e ao fatalismo. (FILHO, 2003, p. 191)

Hoje é possível notar uma grande aproximação que há entre os defensores da Nova Era e os defensores da ecologia, que se fortaleceram em sua luta contra a degradação da natureza com a espiritualização da mesma, feita pela Nova Era.

Estes grupos caracterizam-se pelo relativismo no tocante à salvação, pois advogam que existem várias maneiras de se achegar à iluminação completa e que todas elas são válidas. Há uma grande ênfase no emocional, em uma religiosidade que se expressa através dos sentimentos, intuições e meditações místicas que venham proporcionar um sentimento de paz espiritual. É uma religiosidade que apela muito para o subjetivo. Muitos destes grupos disponibilizam espaços para práticas esotéricas que visam o desenvolvimento pessoal e a felicidade do cliente/adepto.

São muitos os grupos que se encaixam nesta categoria. Muitos deles procuram passar uma ideia de que não se constituem em uma religião, por não possuírem doutrinas definidas. Por causa disto, muitos fiéis de outras religiões acabam frequentando cultos esotéricos sem terem consciência da abrangência do que ali é ensinado.

Como representantes deste grupo pode-se arrolar a Fraternidade Rosacruz, a Igreja da Cientologia, a Sociedade Brasileira da Eubiose e a Sociedade Teosófica do Brasil.

Considerações Finais

Ao final deste artigo é possível concluir que a religião é um

fato presente na vida do ser humano desde o inicio da história. Ela é um fator de coesão social, produtora de cultura e tanto pode ser benéfico ou nociva, dependendo de quem a manipula.

É possível ainda, constatar que apesar de existirem expressões religiosas dos mais variados matizes, as religiões não saturaram o mercado, havendo espaço para o surgimento de grupos e mais grupos, com propostas e objetivos ora semelhantes,

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ora distintos uns dos outros. É um movimento que parece não ter fim

Este fenômeno é causado principalmente pelas mudanças sociais e pela incapacidade das grandes religiões darem respostas rápidas às demandas das pessoas. Essa inadequação das grandes religiões abre brechas para o surgimento de grupos pequenos, com propostas bem específicas.

Dentre estes novos grupos, há aqueles que surgiram a partir de dissidências de grupos já existentes, há aqueles de matriz oriental, de matriz indígena e aqueles que praticam um visível sincretismo, fato normal quando se fala em novos movimentos religiosos

O que se conclui, portanto, é que o surgimento dos Novos Movimentos Religiosos é fruto do espirito do nosso tempo: muita oferta para atendimento das necessidades, que estão ficando cada dia mais particulares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FILHO, José Bittencourt. Matriz religiosa brasileira. Petrópolis: Vozes, 2003. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. GUERRIERO, Silas. Intolerância e relativismo: o dinamismo das novas religiões no Brasil. In: Estudos de Religião 29. São Bernardo do Campo: UMESP, dez. 2005. HIGUET, Etienne A. Misticismo e sincretismo na espiritualidade ecológica brasileira. In: Estudos de Religião 20. São Bernardo do Campo: UMESP, jun. 2001. PRANDI, Reginaldo. Religião, biografia e conversão: escolhas e mudanças. In: Revista Tempo e Presença. Rio de Janeiro: Editora Koinonia, ano 22, n. 310, mar./abr. 2000.