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  • Governo do Estado2003-2010

    EspritoNovoSanto

  • Governo do Estado2003-2010

    EspritoNovoSantoCatalogao na fonteBiblioteca Pblica do Esprito Santo

    Foto capa: Sol nascente na Regio do Capara

    M379n Martinuzzo, Jos Antonio. Novo Esprito Santo - Governo do Estado 2003-2010 /Jos Antonio Martinuzzo. Vitria : Governo do Estado do Esprito Santo, 2010. 424 p.: Il. 25 cm X 30 cm

    1. Administrao pblica Esprito Santo (Estado). 2. Histria - Esprito Santo (Estado). 3. Prestao de Contas - Esprito Santo (Estado). I. Ttulo.

    CDD 351.098152

  • Apresentao 07 Introduo 21 Cap. I Fundamentos 27 Cap. II travessia 41 Cap. III Nova Fronteira, Novos Horizontes 67 Cap. IV a Vida em oito anos 369 Pronunciamentos 389 Equipe de Governo 410 Referncias 417

    SuMRIo

  • 76 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    APRESENTAo

    Entre os anos de 2003 e 2010, os capixabas passaram a experimentar uma vida diferente. E para melhor. os sorrisos, o dia a dia, as estatsticas e o orgulho de ser capixaba comprovam essa afirmativa, que resume os oito anos de gesto dos quais prestamos contas com este relatrio.Nesse perodo, as terras capixabas se tornaram mais ricas. Entre 2003 e 2009, o

    total da riqueza produzida (Produto Interno Bruto) no Esprito Santo cresceu 31%. Nesse mesmo perodo, o PIB do Brasil cresceu 27%.

    Mesmo com a crise que tomou conta do mundo entre 2008 e 2009, estimativas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) mostram que a economia estadual ir crescer algo prximo a 10% em 2010. ou seja, a gerao de prosperidade no para, pelo menos por aqui.

    No emprego formal, o Esprito Santo apresentou crescimento acumulado de 49,8% no nvel de empregados com carteira assinada no perodo de 2002 a 2009, sendo superior taxa verificada para o Brasil (40,3%). Esse resultado coloca o Estado na primeira posio entre as unidades da Federao que mais geraram postos de tra-balho no perodo, ficando acima de Estados mais dinmicos e tradicionais como So Paulo (43,1%), Minas Gerais (42,5%), Rio de Janeiro (37,8%) e Rio Grande do Sul (32,2%).

    Nunca se abriu tantas vagas de emprego no Estado. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre outubro de 2009 e setembro de 2010, foram criados 41.720 novos postos de trabalho, um recorde para o perodo de 12 meses. A expectativa que 2010 supere 2005, ano que registrou o maior cres-cimento desde 1999, quando a pesquisa comeou a ser feita.

    o nmero de capixabas extremamente pobres e pobres foi reduzido em cen-tenas de milhares. o maior crescimento da renda obtida pelos menos favorecidos possibilitou a reduo das desigualdades. A renda dos 10% mais pobres cresceu 8% na mdia anual entre 2003 e 2009. A renda dos 10% mais ricos tambm cresceu, mas em menor intensidade (4,3%), e isso explica, em grande medida, por que a sociedade se torna cada vez menos desigual.

  • 98 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Entre 2003 e 2009, a proporo de pessoas pobres caiu de 29,4% para 15,0% dos habitantes. A porcentagem de indigentes passou de 9,1% para 3,6%. ou seja, nesse perodo, 437 mil capixabas saram da pobreza e 173 mil, da indigncia. Mais de 560 mil capixabas melhoraram de condio de vida e ascenderam classe mdia. Ainda h muito o que fazer para oferecer cidadania plena a todos os capixabas, mas o Esprito Santo avanou e muito.

    Na educao, a base da transformao do presente e da construo de um futu-ro diferente, a realidade tambm mudou. Precisa avanar muito mais, at porque esse um setor em constante evoluo, mas a histria muito diversa, em com-parao quela que se registrava na virada do milnio. o nmero de analfabetos est acima do aceitvel, mas diminuiu de 10,3% em 2003 para 8,5% em 2009. Se se considerar apenas os jovens entre 15 e 24 anos, a taxa de alfabetizao atingiu, em 2009, um nvel extraordinrio: mais de 99%. Tambm precisamos destacar a frequncia dos jovens entre 15 e 17 anos escola: o aumento foi de 77,8% em 2003 para 84,5% em 2009. Entre os jovens pobres a evoluo foi mais destacvel ainda: de 71% em 2003 para 79,2% em 2009.

    o nvel mdio de escolaridade da populao adulta do Estado (25 anos ou mais) tambm apresentou evoluo de 6,2 anos de estudo em 2003, para 7,2 anos de estudo em 2009. Considerando-se a educao, certamente, um futuro melhor j est contratado.

    Entre 2007 e 2009, o crescimento registrado na rede estadual no ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb) o dobro do resultado observado na rede privada. o ndice das escolas estaduais cresceu 21,95% e o das escolas privadas, 11,11%.

    os capixabas ganharam mais tempo de vida, cuja expectativa se ampliou em mais de trs anos (de 71,6 anos, em 2000, para 74,4 anos, em 2008). A qualidade de vida tambm deu um salto e se expandiu. Por exemplo, quase todas (99,9%) as moradias passaram a contar com energia eltrica.

    mais conforto, mais respeito ao meio ambiente e sade. Em particular, na sade, nessa rea de complexo enfrentamento e de pesadas heranas, a taxa de mortalidade infantil caiu mais ainda, de 16,3 por mil nascidos vivos em 2003 para 12,2 por mil nascidos vivos em 2009, com reduo de 25,4%.

    Transformao

    A maior realizao de um governante a transformao positiva da vida do conjunto da populao de seu Estado. Como j evidenciado, conseguimos avanar em todos os indicadores essenciais para a qualidade de vida do capixaba.

    Para chegar l, tivemos de fazer um realinhamento governamental, com os choques tico e gerencial. Recuperamos a credibilidade e a confiabilidade institu-cional. Com o fim de privilgios e o enfrentamento sistemtico da corrupo e dos tentculos do crime organizado, retomamos a capacidade de investimento que, de menos de um por cento da arrecadao, chegou a 16% nos ltimos anos, com recordes histricos: mais de R$ 3,13 bilhes de 2003 a 2009, devendo chegar a algo prximo de R$ 4,6 bilhes, considerando 2010.

    A retomada da capacidade de investimentos por parte do Governo e a estabi-lidade institucional, que trouxe de volta os investimentos privados para o Estado, acabaram levando as terras capixabas a iniciar uma nova fase de sua histria, com o terceiro ciclo de desenvolvimento econmico.

    Em todas as reas de atuao do Governo, podemos contabilizar vitrias. Evi-dentemente que no fizemos tudo, nem h como fazer isso, uma vez que a histria dinmica. Mas avanamos muito e, podemos dizer, mais at do que pensvamos ser possvel quando assumimos o Governo, com dvidas de curto prazo de R$ 1,2 bilho, o equivalente a cinco arrecadaes poca, e uma estrutura governativa totalmente esfacelada.

    S para falar de reas prioritrias para a populao, no perodo entre 2003 e 2010, o acumulado de investimentos do Governo na educao pblica estadual somar mais de R$ 7,5 bilhes. Estima-se que at o fim de 2010, o investimento apresente ampliao de 135% em relao a 2003. As aplicaes por aluno, entre 2003 e 2009, tiveram elevao na ordem de 181%. os profissionais que atuam na rede pblica de ensino participaram de cursos de capacitao, e a equipe recebeu reforos com a contratao de 2.880 novos professores aprovados em concursos pblicos. Em 2010, j foram nomeados 448 profissionais de ensino mdio e 252 professores pedagogos. Tambm foi realizado concurso para o preenchimento de 450 vagas do cargo de agente de suporte educacional.

  • 1110 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Alm disso, o Programa Bolsa Sedu financia os cursos em escolas da rede pri-vada para alunos da rede pblica estadual desde 2007. Ao todo so 11 municpios atendidos pelo programa em 12 diferentes modalidades de cursos e j so 3.500 alunos beneficiados.

    No quesito educao, tambm podemos relatar o Programa Nossa Bolsa, que visa a oferecer aos estudantes das escolas pblicas do Estado a oportunidade de cursar o ensino superior. o Nossa Bolsa foi-se ampliando a cada ano e chega a 2010 com mais de 5 mil alunos atendidos, gerando qualificao em reas estratgicas para o Esprito Santo, alm de interesse pela cincia e incluso social.

    outra iniciativa pioneira o Programa Bolsa Sedu Idiomas, por meio do qual so disponibilizadas vagas em cursos de ingls, com 300 horas de durao. o programa atende 5.121 alunos da rede estadual, selecionados por meio de um processo que utiliza como parmetro as mdias obtidas nas disciplinas Lngua Portuguesa e Lngua Estrangeira, alm da frequncia mnima de 80% no ano anterior e teste de conhecimentos em Portugus.

    Em obras de novas construes, ampliaes e reformas, foram investidos cerca de R$ 500 milhes. Entre 2003 e 2010, sero totalizadas 345 obras de reconstruo e ampliao. No mesmo perodo, a rede estadual ganhou obras de construo de 33 novas escolas, sete das quais com previso de inaugurao para 2011 e 2012. Essas so unidades com um padro renovado, indito, com equipamentos completos.

    Na sade, desde 2003, foram implantados mais de mil leitos em toda a rede de atendimento populao. Fizemos o Hospital Central, iniciamos a ampliao do So Lucas, e um novo Drio Silva est sendo erguido, entre tantas outras aes, que incluem suporte a filantrpicos e fornecimento de medicamentos de alto custo, entre outros. A ateno primria se sustenta no fortalecimento da infraestrutura de sade, nos centros de tratamento aos toxicmanos, em prontos-atendimentos, alm de um kit completo para atuao das equipes do Programa Sade da Famlia (PSF) e uma intensa qualificao profissional.

    Com relao infraestrutura, em 2009, foi financiada a implantao de 59 novas unidades de sade, cada uma representando duas novas Equipes de Sade da Fam-lia (ESF) para as comunidades beneficiadas. Em 2010, sero mais sete unidades. Ao todo, sero 66 novas unidades de sade e 132 ESF, beneficiando diretamente cerca de 500 mil usurios em 50 municpios. Tambm foram repassados recursos para a

    construo de cinco unidades de atendimento em sade mental e em 2010 sero implantados, com recursos do Estado, 10 centros de tratamento de toxicmanos em diversos municpios. Em todo o Estado, havia apenas trs Centros de Ateno Psicossocial. Trs novos prontos-atendimentos tambm esto em construo.

    As realizaes no setor de sade dependeram fundamentalmente de recursos prprios do Governo do Estado, inclusive com investimentos na rede finlantrpica e outros servios essenciais. o que se espera para 2011 um melhor financiamento federal para a sade.

    Na rea da Justia, que, entre outros, cuida do sistema prisional, so R$ 420 milhes de recursos prprios. J foram inauguradas 18 novas unidades prisionais. A previso para o perodo 2003-2010 a criao de aproximadamente 10 mil va-gas. Vale ressaltar que passamos a desenvolver, no mbito do sistema carcerrio, programas de reinsero no mercado de trabalho, educao, capacitao e ateno sade, entre outras aes de ressocializao.

    Na segurana pblica, o investimento do Governo do Estado foi crescente nos ltimos anos. Entre 2003 e 2010, os investimentos, que incluem despesas com pesso-al, custeio e capital, subiram de R$ 488 milhes para R$ 1 bilho, destinados a obras e reformas, aquisio de viaturas, modernizao do sistema de telecomunicao, implantao de projetos, equipamentos de informtica, contratao de policiais e criao de dois Centros operacionais de Defesa Social (Ciodes), na Grande Vitria e em Cachoeiro de Itapemirim.

    Balano em nmeros: desde 2004, 2.095 novos policiais j foram incorporados, 1.021 esto em formao e foi autorizada seleo para mais mil policiais militares. ou seja, 4.116 vagas criadas para o efetivo militar. Alm disso, foram inaugurados trs novos batalhes (o 12 em Linhares, o 13 em So Mateus e o 14 em Ibatiba) e uma companhia independente em Anchieta.

    No Corpo de Bombeiros, desde 2003, foram abertas 485 novas vagas, sendo 15 para oficiais e 470 para praas. Na Polcia Civil, foram nomeados, por meio de concurso, um total de 486 profissionais, incluindo delegados, escrives, mdicos, agentes de polcia, investigadores, peritos, auxiliares de percia.

    Acerca das questes de segurana pblica e defesa social, necessria a efetiva participao do Governo Central nos processos de enfrentamento da violncia no Pas, inclundo maior controle de fronteiras, tendo em vista o combate ao trfico de

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    armas e de drogas. A rea de Justia-sistema prisional tambm demanda maior contribuio federal.

    Na rea de estradas e mobilidade, realizamos intervenes em 2.000 quilme-tros de rodovias estaduais e vamos entregar, at o final de 2010, 750 quilmetros de estradas asfaltadas nas zonas rurais, por meio do projeto Caminhos do Campo.

    Empresas pblicas decisivas para o desenvolvimento e a qualidade de vida no Estado passaram efetivamente a ter um papel de destaque. Fato comum a todas e essencial para o xito dos ltimos anos: implantao de uma gesto profissiona-lizada, tecnicamente balizada e orientada.

    A Cesan, cujas aes precisamos recomprar no incio do Governo, pois os ttu-los estavam nas mos do BNDES, foi reestruturada e tornou-se uma das melhores empresas de saneamento do Pas. Nos 52 municpios onde atua, a empresa univer-salizou o servio de abastecimento de gua tratada e est triplicando a coleta e o tratamento do esgoto. Em 2003, apenas 20% do esgoto era tratado corretamente. Ao longo da atual gesto, esse ndice j alcanou 40% e, at 2011, a meta chegar aos 60% de cobertura.

    o Banco do Estado do Esprito Santo (Banestes) dava prejuzo e, numa tentativa de manter os empregos dos funcionrios, nem sequer foi aceito como doao pelo Banco do Brasil. Hoje, o banco d lucro e reparte dividendos com os seus acionistas, sendo o maior deles o povo capixaba.

    o Banco de Desenvolvimento do Esprito Santo (Bandes) foi modernizado e criou, proporcionalmente populao, o maior programa de microcrdito do Brasil, o Nossocrdito, presente em todos os 78 municpios capixabas.

    Na rea de gesto e recursos humanos, tambm fundamental para a prestao de servios pblicos populao, investimos significativamente. Alm de pagar todos os compromissos atrasados, realizamos 46 concursos pblicos at agosto de 2010, com a nomeao de 13.506 profissionais. Somente este ano, foram nomeados 5.459 servidores e autorizados mais 11 concursos, com 1.374 vagas. Tambm fizemos a reestruturao de Planos de Cargos e Salrios de 114 categorias da administrao direta e indireta.

    Isso apenas um panorama rpido, em reas essenciais, mas, como dissemos, em todas as reas temos vitrias conquistadas, conforme se poder conferir nas pginas deste relatrio de prestao de contas.

    Razes

    So pelo menos trs fatores determinantes do processo que nos levou a conquistar tantas vitrias. Primeiramente, a equipe de trabalho, um time de primeira, que est entre as melhores cabeas pensantes e executivas deste Estado. Ao longo dos dois mandatos, montamos as melhores equipes j recrutadas para governar o Esprito Santo. um time que soube inserir a tica republicana como norte do trabalho no Governo do Estado e adotou o planejamento estratgico como ferramenta priori-tria de gesto.

    Tambm registramos o mutiro de homens e mulheres de bem que sempre esteve comigo, da eleio at hoje, dando suporte nos momentos difceis, ajudando a pensar as solues para a enorme e pesada herana que encontramos e respal-dando as aes de moralizao da gesto pblica. A unio do Esprito Santo em torno do projeto de reconstruo poltico-institucional e a confiana que me foi depositada foram e so decisivas.

    um terceiro ponto a adoo das melhores ferramentas gerenciais disposio, geralmente comuns no setor privado, que aplicamos na administrao pblica, como o planejamento estratgico e a gesto intensiva de projetos prioritrios.

    Momentos

    Nessa caminhada de travessia rumo a uma nova fronteira, houve muitos mo-mentos marcantes. Ainda em 2003, em maro, o assassinato do juiz Alexandre Martins, um jovem magistrado talentoso que enfrentava o crime organizado. Essa morte brutal veio como uma tentativa de intimidao do Governo e das foras polticas e sociais que empreendiam a reconstruo do Estado. No nos intimi-damos e caminhamos firmes.

    um outro momento marcante, mas felizmente de natureza bem diferente da primeira, foi a quitao dos pagamentos atrasados e de muitos direitos dos servidores previstos nos planos de cargos e salrios. Essa conquista, ainda no primeiro ano de governo, fez avanar o processo de normalizao da prestao de servios pblicos.

  • 1514 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Com o passar do tempo, os momentos marcantes se multiplicaram. A partir da re-tomada de nossa capacidade de investimento, cada realizao tornou-se uma emoo, se pensarmos de onde viemos. A cada obra inaugurada, a cada xito de uma poltica pblica e a cada superao de um desafio, nem que seja em parte, sempre houve uma emoo. Essa emoo bate forte porque conseguimos avanar a partir de uma realidade extremamente desafiante. Fomos alm do que imaginvamos no incio.

    Vale destacar que, a cada escola inaugurada, cada programa aberto para ga-rantir educao melhor, somaram-se momentos de absoluta e especial emoo. Isso porque a educao o nosso melhor investimento para o presente, mas prin-cipalmente para o futuro. herana eterna, com usufruto constante, com ganhos individuais e coletivos. A educao o melhor instrumento para construirmos o reino da igualdade nas terras capixabas, alis, em qualquer lugar.

    Futuro

    Nesses ltimos anos, avanamos muito, alcanamos importantes conquistas, mas temos conscincia dos desafios que temos pela frente. A nica certeza que, na caminhada de travessia e num percurso de muitas conquistas, encontramos o rumo. Nossa tarefa no permitir retrocessos e garantir a permanncia na direo certa.

    Reiteramos que o Estado tem grandes desafios de infraestrutura. Precisamos de um novo aeroporto. H um gargalo porturio a ser resolvido. Tambm mais que urgente solucionar a ampliao das BRs 101 e 262. Todas questes que demandam uma maior presena do Governo Central.

    preciso fazer um rigoroso estudo de planejamento de uso e ocupao de regies que ganharam dinamismo com o incio da terceira fase de desenvolvimento econmico, a partir de 2003. Regies de Linhares, Aracruz, ubu Anchieta, Presidente Kennedy, entre outras, tm de ter ateno especial. No se pode repetir os mesmos erros cometidos na segunda etapa do crescimento econmico estadual, com a implantao dos grandes projetos na Grande Vitria, com srias consequncias que at hoje pautam a vida capixaba.

    Sobre o futuro, o petrleo e gs so temas centrais. Esses setores configuram negcios extraordinrios, ainda mais com as descobertas e produo na camada

    do pr-sal. No entanto, h de se considerar que esta uma fonte finita de riqueza. A tarefa inserir o Esprito Santo em toda a cadeia produtiva desse negcio e distribuir os ganhos para toda a populao. Ao mesmo tempo, preciso fortalecer os setores tradicionais da economia e atrair novos segmentos, promovendo a diversificao produtiva, de modo a garantir um desenvolvimento sustentado que se mantenha no ps-petrleo e gs. nessa direo que temos trabalhado.

    Como dissemos, o negcio do petrleo e gs uma oportunidade para o Brasil e o Esprito Santo, mas de igual forma um desafio. Temos a terefa de comparti-lhar a riqueza do petrleo entre todos os cidados de uma mesma coletividade, respeitando-se as peculiaridades de produtores e no produtores. Nesse sentido, estamos caminhando com aes inovadoras no Esprito Santo.

    A questo que se colocou foi: como distribuir riquezas entre municpios produ-tores e no produtores, de forma a alcanar, com justia, os 3,5 milhes de capixa-bas? Mais: como fazer isso sem alimentar rivalidades e ao mesmo tempo partilhar um bem que comum, mas cuja fonte est restrita a poucas cidades que arcam com riscos e demandas bem especficas? Ao contrrio da situao esdrxula que esto querendo estabelecer no Pas, o Esprito Santo vem seguindo uma linha de vanguarda, com aes em vrias frentes.

    Nessa direo, criamos o Fundo para Reduo das Desigualdades Regionais (Lei n 8.308/2006), que transfere aos municpios 30% da arrecadao estadual proveniente da compensao financeira dos royalties. Esses recursos so aplicados em preserva-o ambiental, educao, sade, assistncia social, transporte, segurana, gerao de emprego e renda, entre tantos outros benefcios para a sociedade capixaba.

    A transferncia destinada queles municpios que recebem menos de 2% de royalties e at 10% de participao no bolo do ICMS, diminuindo a concentrao de renda nas regies metropolitana e de extrao de petrleo e gs, portanto, descen-tralizando o desenvolvimento. Foi o primeiro projeto desse tipo aprovado no Pas.

    os recursos dos royalties tambm alcanam todo o Estado por meio do Fundo Estadual de Recursos Hdricos (Fundgua), criado pela Lei 8.960/2008, e atravs da regulamentao do Pagamento por Servios Ambientais (Lei 8.995/2008). Por esse mecanismo, garantimos compensao financeira a proprietrios rurais que conservarem reas verdes prximas s nascentes, visando preservao da gua em todo o territrio capixaba.

  • 1716 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Falando nesse assunto, destacamos que a Secretaria de Estado do Meio Ambien-te e Recursos Hdricos (Seama) passou por um completo redesenho, com vistas a modernizar seus procedimentos, tornando os servios mais geis e transparentes. Alm disso, foi feito concurso pblico e instituram-se polticas pblicas em todas as reas essenciais para a recuperao e a preservao dos recursos naturais no Estado, tendo em vista o desenvolvimento com sustentabilidade.

    Destacamos ainda a aplicao sustentvel e compartilhada dos royalties por meio da Poltica Pblica de Formao e Capacitao Profissional. Estamos am-pliando a nossa capacidade de formao de capital humano, principalmente da juventude, com a compra de vagas em instituies particulares de ensino tcnico, escolas de lnguas e faculdades, sempre de acordo com as demandas dos arranjos produtivos capixabas. Cinco mil jovens oriundos da rede pblica so bolsistas ma-triculados em cursos superiores, com seleo pela nota do Enem. Tambm estamos investindo na formao de mestres e doutores.

    No custa repetir: investimento em instruo e qualificao, aliado ao fortaleci-mento e diversificao de nossa economia, decisivo para democratizar o acesso s oportunidades e para a distribuio da prosperidade entre ns.

    No entanto, importante ressaltar que os recursos por compensaes da produ-o de petrleo e gs ainda so uma promessa quanto dinamizao da economia e melhoria das condies de vida nas terras capixabas.

    Todo o processo de retomada dos investimentos pblicos a partir de 2003 no Esprito Santo foi sustentado pela reconquista da estabilidade poltico-institucional e pelo combate sistemtico e recorrente corrupo e sonegao, principalmente, relativa ao ICMS.

    Com moralizao governamental, o Estado reconquistou a credibilidade e voltou a atrair investimentos privados para expanso de atividades ou incio de operaes, estabelecendo a dinamizao da base econmica instalada.

    Em verdade, o negcio do petrleo e gs, incluindo o pr-sal, inaugura um novo ciclo de nossa economia, mas ainda se coloca como uma potencialidade uma extraordinria oportunidade, mas ainda assim apenas uma potencialidade.

    Nesse sentido que o Esprito Santo, no vislumbre de novas perspectivas de desenvolvimento socioeconmico, no pode cruzar, e nem tem cruzado, os braos diante de nenhuma ilegalidade e injustia.

    At porque, ao longo de sua trajetria de quase cinco sculos, pode-se dizer que essa uma oportunidade histrica de virada econmica de um Estado que, at o scu-lo XIX, fora relegado ao ostracismo oficial, com srias consequncias para o seu povo.

    Como venho sempre registrando, a questo do petrleo e gs se apresenta como uma grande oportunidade e ao mesmo tempo um enorme desafio, e requer do Brasil um srio debate acerca do que o Pas far com esse patrimnio.

    A fora do Brasil est, como sempre esteve, na unio dos Estados, no respeito ao Pacto Federativo. A oportunidade do petrleo e gs no pode se transformar num fator de risco de desagregao e disputa insana entre os entes federados.

    Esse debate precisa ser travado com racionalidade, distante da politicagem, do casusmo e do oportunismo. Alm disso, preciso considerar que o planeta vive um momento desafiante, enfrentando o aquecimento global e as mudanas climticas, e j caminha na alocao de recursos para a viabilizao de fontes de energias alternativas, renovveis e limpas.

    Enfim, considerando questes nacionais e globais, preciso ter viso de futuro, clareza do Pas que queremos legar s prximas geraes. o desafio fazer de uma riqueza natural, de um bem mineral, mais um instrumento para a construo da emancipao de homens e mulheres, para o fortalecimento do Brasil como um pas justo, igualitrio e sustentvel.

    Legado Casa arrumada

    At 2002, conforme salientamos, o Esprito Santo vivia uma situao de calami-tosa peculiaridade: a assuno do crime organizado sobre o governo, a corrupo endmica e o desmonte vergonhoso da mquina pblica. o nosso trabalho foi pautado pela arrumao da casa e, com isso, pela retomada dos investimentos pblicos, principalmente na rea social, em especial na educao, que a base de um futuro melhor. Tambm implantamos um novo modelo de desenvolvimento econmico, socialmente inclusivo, ambientalmente sustentvel e geograficamente desconcentrado. os resultados foram sumariamente ditos aqui e podem ser con-feridos, com um pouco mais de detalhamento, neste livro.

    prxima administrao, deixamos uma casa arrumada, um oramento de apro-

  • 1918 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    ximadamente R$ 12,7 bilhes, equilbrio financeiro-oramentrio, polticas pblicas efetivas e legitimadas pela sociedade, alm de uma base poltica slida. Bem dife-rente do que encontramos: um Estado endividado, desorganizado e desacreditado.

    Para se ter uma ideia da transformao, em 2003 o oramento global do Estado foi de R$ 4,2 bilhes, sendo R$ 2,3 bilhes de recursos de caixa (esse o dinheiro que se tem realmente para trabalhar, j que no global entram as transferncias e valores j engessados).

    Este ano o oramento global est orado em R$ 11,6 bilhes, sendo R$ 5,9 bilhes de recursos de caixa. De 2003 para 2010 quase triplicou o oramento. Para 2011, a previso de que o oramento fique em 6,5% maior que o deste ano.

    Estamos deixando R$ 1,2 bilho para investimentos em 2011. H em andamento vrias obras de porte que vo mudar os padres de atendimento em suas reas. Refiro--me ao Estdio Estadual Kleber Andrade, aos novos hospitais Drio Silva e So Lucas, e ao Cais das Artes (teatro, museu e praa), alm das 67 escolas estaduais em reforma ou reconstruo, das 66 unidades de sade, dos trs pronto-atendimentos, dos 10 Centros de Preveno e Tratamento dos Toxicmanos (CPTT), dos 50 Centros de Referncia de Assistncia Social, unidades prisionais, entre outras obras em construo.

    Ao todo, so mais de 200 obras em execuo que estaro prontas para inaugu-rao ao longo de 2011, entre realizaes diretas do Governo do Estado e convnios com municpios.

    Tambm estamos deixando uma carteira de projetos de engenharia contem-plando todas as reas do desenvolvimento socioeconmico do Estado, em benefcio de todos os capixabas.

    Temos clareza de que governar uma corrida de revezamento. Com base no que construmos, os projetos e obras iniciados sero concludos. H recursos e condies para isso. Alm do mais, num movimento indito em nosso Estado, logo aps a promulgao dos resultados das eleies deste ano, passamos ao processo de transio, com despachos peridicos com o governador eleito, para discutir as questes que afetam o dia a dia da populao.

    um bilho e duzentos milhes de reais abrindo e encerrando o perodo de Governo, nmeros iguais, situaes completamente diferentes. Encontramos uma dvida de R$ 1,2 bilho, mas vamos deixar mais de R$ 1,2 bilho para investimentos no prximo ano, conforme salientamos.

    o montante que representava dvidas sufocantes, de contas vencidas e no pagas, hoje significa legado, patrimnio para garantir dias cada vez melhores. Sempre trabalhamos com o olhar que transcende o nosso perodo de Governo. Essa a base da conduta republicana e democrtica, e que norteia a nossa trajetria de homem pblico.

    Nesse sentido, o nosso legado inclui uma cultura de profissionalizao do servio pblico e seriedade da administrao; o Planejamento Estratgico Esprito Santo 2025; a valorizao da poltica como instrumento de civilizao e emancipao; um exemplo de representao poltica de mos limpas; uma ao que cultivou princpios republicanos e democrticos, consciente de que o governo no pertence aos governantes; uma gesto que priorizou valores como a solidariedade e a com-paixo, frente ao individualismo crescente, alm do destaque ao papel da famlia na construo de uma sociedade melhor, entre outros.

    Nos ltimos oito anos, a vida mudou no presente e novas perspectivas foram abertas para o futuro nas terras capixabas. No rumo que encontramos a partir de 2003, temos a segurana de avanar na construo de um Esprito Santo cada vez mais prspero, com oferta de oportunidade a todos, a partir de um modelo de desenvolvimento socialmente inclusivo, geograficamente desconcentrado e ambientalmente responsvel. ou seja, um Estado com igualdade de oportuni-dade e sustentvel.

    Como sempre tenho dito: Esprito Santo! Quem te viu, quem te v, quem te ver!

    paulo HartungGovernador do Estado do Esprito Santo

  • 2120 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    INTRoDuo

    Este um livro de balano, de prestao de contas e, por isso, necessaria-mente, com o olhar voltado para os dias que se passaram sob determinada liderana poltico-administrativa. Trata-se de um retrospecto atualizado da ao do Executivo Estadual capixaba entre os anos de 2003 e 2010.No entanto, o convite, pelo real significado das conquistas e enfrentamentos

    aqui narrados, para que se leia este texto tendo em vista o futuro. Pois nada mais pertinente do que afirmar que os ltimos oito anos de Governo, alm de transformar o presente, fundamentaram uma nova possibilidade de futuro nas terras capixabas.

    Com as vitrias e realizaes, um novo horizonte passou a ser vislumbrado por todos os moradores do Esprito Santo. um renovado alicerce poltico-governamental e tambm econmico foi construdo em mutiro pelos homens e mulheres de bem deste Estado, garantindo tempos novos no dia a dia da populao e sustentando projetos e sonhos de um Estado cada vez mais justo e igualitrio, com sustentabi-lidade e oportunidade para todos.

    Essa histria de transformao do presente e renovao das perspectivas capi-xabas o que se encontrar nas prximas pginas, como registro republicano de devidas prestaes de contas.

    A partir de 2003, os capixabas iniciaram uma caminhada de travessia, num percurso pleno de desafios, mas igualmente eivado de conquistas, configurando um tempo de superao, em que tambm se abriram novas perspectivas para o futuro capixaba.

    Nessa direo, o primeiro captulo fala dos fundamentos da ao poltico-admi-nistrativa. Na segunda seo, h uma breve sntese dos desafios encontrados e da travessia que se fez para que se comeasse uma nova histria em todos os setores de ao governamental, relato que compe o terceiro captulo.

    Na quarta parte, h um resumo dos indicadores socioeconmicos que bem tra-duzem a renovao do cotidiano capixaba, marcado por transformaes do modo de viver e por melhorias na qualidade de vida nos ltimos anos.

  • 22 N o v o E S p r i t o S a N t o

    Na parte final, esto reunidos os principais pronunciamentos do excelentssimo senhor governador do Estado no ano de 2010, tendo em vista que os anteriores j foram publicados na prestao de contas elaborada em 2009. So falas e posiciona-mentos do Governo acerca de questes centrais vida capixaba.

    Esta publicao concentra, atualiza e amplia a srie de prestaes de contas que o Executivo Estadual empreendeu ao longo do perodo de 2003-2010. Como se disse, um ato republicano de quem deve prestar contas aos cidados que elegem dirigentes e mantm mquinas governativas com o propsito de conquistar uma vida melhor.

    Muito se fez nessa direo e ainda h muito por se fazer, em funo da densidade dos desafios encontrados em 2003 e do dinamismo da contemporaneidade, para alm do fato de a histria no estar jamais concluda.

    Mas este relatrio traz uma clara evidncia de que os cidados capixabas no ape-nas passaram a viver um novo presente como tambm ganharam um novo horizonte.

    Para marcar a conquista de novas perspectivas, inclui-se neste livro uma srie de fotografias panormicas do Estado, de norte a sul, simbolizando a ampliao dos horizontes nas terras capixabas. Doze dessas fotos so destacveis, distribu-das aleatoriamente ao longo do livro, num convite interao, contemplao e, fundamentalmente, inspirao para a luta cotidiana por dias sempre melhores. Afinal, nos ltimos anos, conquistamos um presente renovado e um futuro de novos horizontes.

    Boa leitura!

  • Convento da Penha Vila VelhaF o T o : D AV I D P R o T T I

  • FuNDAMENToS Cap. I

  • 2928 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    1 A democracia um valor fundamental para a garantia da pessoa humana e o exerccio da cidadania. Da democracia no se abre mo em hiptese alguma;

    2 O poder poltico se disputa pelo voto universal, e os projetos polticos se implementam pelo convencimento e no pela imposio;

    7O acesso Justia deve ser facilitado e garantido a todos, individual e coletivamente;

    8O crescimento econmico deve promover a superao das desigualdades, criando melhores condies de emprego e renda;

    3A democracia representativa deve ser fortalecida e aprimorada, com o estmulo aos movimentos da sociedade civil organizada a participarem da conduo da coisa pblica;

    4A corrupo, a criminalidade e a impunidade devem ser incansavelmente combatidas por todos os agentes pblicos, alados a essa condio pelo voto ou pela carreira profissional;

    9O desenvolvimento econmico deve compatibilizar-se com o meio ambiente, nos parmetros da sustentabilidade;

    10O econmico deve subordinar-se ao social, contribuindo para superar desigualdades da ordem vigente. As leis de mercado no so um valor absoluto, devendo coadunar-se e harmonizar-se, sob a direo do Governo, com o interesse geral da sociedade;

    5A misria deve ser erradicada e as injustias sociais, combatidas e eliminadas;

    6A todos devem ser dadas oportunidades iguais de crescimento individual e de exerccio pleno da cidadania;

    11As instituies pblicas devem aperfeioar-se e regenerar-se em busca da eficcia e da credibilidade, rompendo com as prticas clientelistas e paternalistas, e eliminando a corrupo de suas estruturas; e

    12A transparncia e a austeridade poltico-administrativa constituem as bases de trabalho da administrao pblica.

    Cap. I Fundamentos Valores republicanos e orientaes e preceitos claros a fundamentar todas as

    polticas pblicas governamentais, formuladas e implementadas a partir da me-todologia do planejamento estratgico. Eis a sntese dos fundamentos da gesto 2003-2010 do Estado do Esprito Santo um tempo marcado pela inaugurao de uma nova era da histria capixaba.

    1.1 Valores Desde janeiro de 2003, o Governo do Estado do Esprito Santo orientou-se por um

    conjunto de valores e por uma ao poltico-administrativa focados na primazia do interesse coletivo e na construo de uma realidade com democratizao do acesso s oportunidades de crescimento individual e coletivo.

    A ao poltica devotou-se, estritamente nos marcos da democracia e da tica republicana, a constituir um Esprito Santo com prosperidade sustentvel, com-partilhada por todos os capixabas. Nesse sentido, apresentam-se, abaixo, os valores que nortearam a ao poltica da gesto 2003-2010:

    1.2 Oportunidade com sustentabilidade Esprito Santo, Estado sustentvel com oportunidade para todos. Esse foi o norte

    da caminhada, objetivo da ao e obra do mutiro que se mobilizou para construir um novo tempo em solo esprito-santense a partir de 2003.

    Mas o que se entende por oportunidade e sustentabilidade? Qualidade do que oportuno. Momento propcio. ocasio favorvel. Assim, em linhas gerais, des-crevem os dicionrios o que significa a palavra oportunidade. o campo da poltica soma a essas acepes o sentido da chance histrica de conquista da autonomia e da realizao cidad de indivduos, comunidades e povos.

    As palavras do ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln acerca do que deve ser um governo so exatas para classificar o sentido poltico do termo oportu-nidade. Disse Lincoln que o objetivo essencial do governo elevar a condio dos homens [...] para permitir um comeo a todos e uma chance justa na corrida da vida.

    o poeta Mario Quintana, vinculando o conceito de democracia com o de reino da igualdade, poetizou: Democracia? dar, a todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um.

    No Esprito Santo, a luta, estabelecida com vigor em 2003, obteve importantes vitrias em frentes fundamentais constituio de uma realidade de igualdade de oportunidade. A ao poltico-administrativa esteve comprometida e trabalhou para a conquista de um Estado com prosperidade compartilhada.

  • 3130 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Em geral, sustentabilidade definida pelos dicionrios como caracterstica ou condio do que sustentvel, que pode ser sustentado; passvel de sustentao. De forma bastante efetiva, o debate contemporneo tem vinculado sustentabilidade a questes ambientais. Discute-se muito hoje se o modo de produo capitalista tem condies de se manter ou mesmo de garantir a existncia humana, em funo da sua voracidade e do desrespeito natureza.

    A caminhada at aqui mostra que urgente repensar o paradigma hegemnico de produo de riqueza, tendo em vista os limites do ambiente em que vivemos. Mas a sustentabilidade tem de ser observada tambm a partir da perspectiva das relaes sociopolticas, culturais e econmicas.

    Preservar e respeitar o meio ambiente fundamental, vital e determinante para a existncia humana, mas necessrio que se institua uma sociabilidade que respeite os homens, segundo o paradigma da igualdade, liberdade e fraternidade. Sem tal comprometimento, parece invivel qualquer modelo de civilizao.

    Nenhum modelo de desenvolvimento prospera sem incluso social, respeito ao prximo, e compartilhamento das conquistas histricas relativas qualidade de vida e cidadania.

    A sustentabilidade , antes de tudo, humana um conceito de civilizao, fun-dado no equilbrio e no respeito ao semelhante e vida que ele encerra e da qual ele depende, no caso, o meio ambiente.

    Mais ainda: nos tempos da sociedade do conhecimento, articulada planeta-riamente em rede, no se pode pensar em desenvolvimento a longo prazo sem investimento em educao e produo de tecnologia e saber. Da produo de com-modities constituio do universo digital, tudo passa pela pesquisa, formao e atualizao profissional.

    E exatamente pela via da educao que a sustentabilidade se encontra com a democratizao das oportunidades no processo de construo de uma realidade melhor para todos. A educao o caminho para elevar a condio dos homens [...], para permitir um comeo a todos e uma chance justa na corrida da vida, conforme considerou Lincoln. A educao fundamento do desenvolvimento sustentado na era do conhecimento. Sem falar no processo de conscientizao ambiental, poltica e cidad.

    A partir dos valores poltico-administrativos e dos fundamentos da democrati-zao do acesso s oportunidades e da sustentabilidade, e em funo das demandas e desafios capixabas, o Governo do Estado definiu um mapa de caminhada. Confira a seguir os parmetros para a construo de um Esprito Santo sustentvel, com oportunidades para todos.

    Prioridade educao o Governo priorizou o investimento na formao cidad e na capacitao pro-fissional da juventude, para que as novas e as futuras geraes tenham acesso s oportunidades do mundo contemporneo. A educao se qualificou e se ampliou, fornecendo o instrumental bsico para a emancipao o saber cidado e o co-nhecimento tcnico. uma sociedade sustentvel tem seu fundamento essencial na educao de qualidade, focada na cidadania e na inovao.

    Combate pobreza o Governo articulou-se para superar as causas da pobreza no Estado, por meio da incluso socioeconmica produtiva. A ao buscou transformar estruturalmente a re-alidade, de modo que todos tenham acesso a condies de constituir uma vida digna.

    Promoo da qualidade de vida A qualidade de vida tambm um fator que interfere na conquista de um qua-dro de oportunidades para todos. o bem-estar individual e coletivo pr-condio de xito na luta por uma existncia saudvel e empreendedora. Nesse sentido, o Governo investiu na melhoria e na ampliao da ao pblica em segurana/defesa social, sade, infraestrutura urbana e rural, saneamento, estradas, cultura, esportes, meio ambiente, entre outros.

    Desenvolvimento econmico responsvel oportunidades sustentveis e efetivas s so conquistadas por meio de um de-senvolvimento responsvel. Por isso, o Governo promoveu, incentivou e fomentou atividades produtivas em todo o Estado, a partir do modelo de crescimento com incluso social, desconcentrao geogrfica, incremento de logstica, valorizao das vocaes locais e sustentabilidade ambiental.

    Parceria governosociedade Parceiros de caminhada, atores de uma mesma histria, Governo e sociedade caminham juntos, em mutiro, para a construo do novo Esprito Santo. uma realidade de pleno acesso s oportunidades uma conquista coletiva.

    Alm de um Governo honesto, organizado, realizador e mobilizador, necessrio que se tenha uma sociedade civil ativa, com cidados, comunidades, organizaes, empresas, entre outros, politicamente atuantes em favor da prosperidade de todos.

  • 3332 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    As estratgias de desenvolvimento para o alcance desse novo ciclo histrico so:

    1 Desenvolvimento humano capixaba segundo padres internacionais de excelncia;

    2 Erradicao da pobreza e a reduo das desigualdades para ampla incluso social;

    3 Reduo drstica e definitiva da violncia e da criminalidade no Esprito Santo;

    4 Promoo de um desenvolvimento equilibrado entre a Regio Metropolitana, o interior e o litoral;

    5 Desenvolvimento de uma rede de cidades;6 Recuperao e conservao dos recursos naturais;7 Diversificao econmica, com agregao

    de valor produo e adensamento das cadeias produtivas;

    8 Alcance de nveis crescentes de eficincia, integrao e acessibilidade do sistema logstico;

    9 Desenvolvimento da mobilizao e da participao poltica da sociedade civil e dos cidados (capital social), assim como a devoo absoluta tica republicana por parte das instituies pblicas;

    10 Fortalecimento da identidade capixaba e da imagem do Estado; e

    11 Estabelecimento de alianas estratgicas regionais para aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento integrado de interesse do Estado.

    o Governo sozinho no d conta de tudo. Cada um tem um papel imprescin-dvel a cumprir. o avano , historicamente, uma construo coletiva, como bem demonstra a constituio do novo Esprito Santo.

    As boas e necessrias prticas cidads no so exclusividade das instituies pblicas. Elas florescem no mbito da sociedade civil, produzindo condutas e resultados que se somam ao do Governo e suas instituies, ajudando a constituir uma realidade melhor. Foi assim que se caminhou no Esprito Santo a partir de 2003.

    Cultivo de ideias e valores Em tempos de profundas transformaes nos modos de vida, muitas vezes por

    meio de quebra de contratos sociais conquistados nos ltimos sculos, luz da razo e da luta poltica, preciso ressaltar a importncia dos fundamentos da vida civilizada em coletividade.

    Trabalho, conhecimento, mrito, democracia, igualdade, liberdade, fraternidade, comunidade, respeito diversidade, entre outros, so alguns dos valores e funda-mentos que norteiam a relao entre Governo e sociedade, seja na realizao de obras e projetos, seja em aes de comunicao.

    A construo de uma realidade melhor tambm passa pelos valores que o povo cultiva e privilegia. E isso tambm tem a ver com as instituies pblicas, com a tica poltico-administrativa que orienta as aes governamentais e sua relao com a sociedade civil.

    1.3 Planejamento Estratgico A partir de janeiro de 2003, o Governo do Estado do Esprito Santo passou

    a trabalhar com o objetivo de constituir uma realidade de prosperidade com-partilhada, fundada na democratizao do acesso s oportunidades de cresci-mento individual e coletivo. E atuou para que esta nova histria capixaba de desenvolvesse em bases sustentveis, ou seja, para que tivesse fundamentos slidos e robustos.

    o planejamento estratgico foi o instrumento utilizado na implementao dessa poltica. Cumprindo o que fora decidido no Governo de transio, j em maro de 2003, secretrios, gerentes, assessores, entre outros, se reuniam para traar o plano de desenvolvimento para o perodo inicial de administrao 2003/2006.

    Tendo avanado no processo de normalizao da oferta de servios e obras pblicas e tambm no realinha-mento governamental, o Governo pde ampliar seu planejamento estratgico, desenhando um plano que aprofunda a interface entre todo o conjunto de for-as produtivas e poltico-administrati-vas capixabas.

    1.3.1 ES 2025

    Trata-se do Esprito Santo 2025, escrito pelo Governo e pela sociedade, em 2006, com vistas a orientar a ao poltico-go-vernamental no Esprito Santo. o Plano de Desenvolvimento Esprito Santo 2025 , essencialmente, uma agenda para a construo de uma duradoura realidade de prosperidade nas terras capixabas. Duradoura porque fundada na demo-cratizao das oportunidades de cresci-mento individual e coletivo e, tambm, porque constituda a partir do prioritrio investimento em educao e do respeito ao meio ambiente, entre outros.

    o Esprito Santo 2025 estabelece a consolidao e o avano do modelo de desenvolvimento que, a partir de 2003, deu incio a uma nova histria capixa-ba. o cumprimento das prescries de ordem poltico-institucional e socioe-conmica do Esprito Santo 2025 pode levar o Estado a alcanar, em menos de 20 anos, padres de desenvolvimento socioeconmico prximos aos dos pa-ses com as melhores condies de vida na atualidade.

    33N o v o E S p r i t o S a N t o

  • 3534 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    A meta , at 2025, erradicar a pobreza e diminuir a desigualdade em 26%, se-gundo o ndice de Gini, alcanando indicadores semelhantes aos registrados pelos pases do primeiro mundo atualmente.

    A educao o grande caminho para se chegar l. J esto sendo feitos inves-timentos na pr-escola, na universalizao do ensino bsico e na expanso dos ensinos mdio, superior e tcnico-profissional, potencializando o sistema educa-cional capixaba.

    Com isso, em 2025, o Esprito Santo apresentar uma escolaridade de 12 anos da populao de 25 anos ou mais. Escolaridade equivalente da Finlndia ou da mdia dos pases desenvolvidos nos dias de hoje.

    o Esprito Santo ser um dos Estados mais igualitrios do Pas. Dos 15 milhes de brasileiros que, infelizmente, ainda estariam em condio de pobreza, nenhum ser residente das terras capixabas.

    os ndices de criminalidade tambm sero controlados e estaro entre os melhores do Brasil. o capixaba viver em um clima de paz, num espao geogrfico em que o de-senvolvimento socioeconmico, interiorizado, alcana todos os municpios do Estado, articulados numa rede de cidades que cresce de maneira ordenada e bem planejada.

    Nessa direo, o plano preconiza a promoo de uma eficaz e massiva atrao de investimentos produtivos, sempre dentro do objetivo maior de capacitar todos os capixabas a usufruir das oportunidades geradas pelo negcio do petrleo e gs e pelo desenvolvimento do complexo siderrgico e do agronegcio, dentre outros.

    Como resultado, a economia estadual aumentar sua insero competitiva no mercado nacional e internacional, ancorada em uma agricultura de valor agregado; em um setor tercirio avanado; e em um conjunto de arranjos produtivos locais e grandes empreendimentos competitivos em escala planetria. o PIB per capita dos capixabas em 2025 dever alcanar uS$ 18.500, prximo ao da Coreia do Sul dos dias de hoje.

    o Esprito Santo ser o 5 Estado mais competitivo da Federao, crescendo 6% ao ano. os investimentos so atrados, sobretudo, pelo capital humano de elevada qualidade e pela excelncia de seu sistema de transportes e servios logsticos, com alto grau de mobilidade, acessibilidade e conectividade. o Estado ter uma economia, incluindo a Grande Vitria e o interior, de elevado valor agregado, di-versificada e integrada economia global.

    Registre-se que o meio ambiente parte essencial deste novo modelo de desen-volvimento. Em 2025, 16% do territrio do Esprito Santo j estar em fase de recupe-rao da vegetao nativa. o Estado ser referncia sul-americana em biotecnologia.

    uma outra linha fundamental de ao o incentivo participao e mobilizao social e a profissionalizao do servio pblico e sua reconstruo em bases moder-nas, para evitar a instrumentalizao do Estado por interesses particulares e crimino-sos e, acima de tudo, para prestar servios e oferecer obras de qualidade populao.

    Dessa forma, em 2025, o Esprito Santo ter uma administrao pblica de alto desempenho, cumprindo seu objetivo maior que servir ao cidado e sociedade, com obras e servios pblicos essenciais, assim como uma ao determinante em favor da emancipao coletiva.

    Visando a garantir as condies de qualidade de vida e de desenvolvimento socioeconmico no territrio capixaba, o que inclui ateno ao entorno geogr-fico, o Governo do Estado j estar celebrando parcerias durveis com os Estados vizinhos. Entram nessa agenda, dentre outros, a expanso do sistema logstico e o desenvolvimento de territrios limtrofes que concentravam pobreza e ausncia de oportunidades.

    A partir da ampla conscientizao de que a poltica uma das principais ferra-mentas para se construir a justia social e garantir a liberdade e a igualdade, e que isso passa por aes educacionais e tambm pelo exemplo da melhoria da ao dos homens e das instituies pblicas, o Esprito Santo viver uma realidade de destacada mobilizao social e cidad.

    A sociedade capixaba, j com uma identidade fortalecida, orgulhosa da reali-dade construda e consciente de seu patrimnio cultural e suas riquezas econmi-cas, ter alcanado nveis elevados de participao na formulao, implantao e acompanhamento de polticas pblicas em prol do bem comum.

    1.3.2 Projetos prioritrios

    De acordo com os fundamentos e parmetros acima descritos, e a partir do Plano de Desenvolvimento Esprito Santo 2025, o Governo do Estado elaborou as Diretrizes Estratgicas 2007-2010, destacando-se uma carteira de projetos estruturantes.

    Em funo dessa caminhada, o Governo do Estado criou um Escritrio de Ge-renciamento de Projetos, no incio de 2007, que, mais tarde, em abril de 2008, se transformou em Secretaria de Estado de Gerenciamento de Projetos (Segep).

    A Segep faz o gerenciamento intensivo dos programas estruturantes do Gover-no do Estado do Esprito Santo por meio de um Escritrio de Projetos, que trabalha com um programa denominado Pr-Gesto. Nesse grupo de projetos prioritrios, o Governo investiu cerca de 70% dos recursos previstos para os anos de 2007 at 2010, com recursos da ordem de R$ 4,1 bilhes.

    o Governo definiu uma carteira inicial de 20 projetos estruturantes. Atualmen-te, o portflio contempla 28 projetos, em diversas reas: sade, educao, cincia e tecnologia, cultura, esporte, segurana pblica e justia, meio ambiente, infraes-trutura, saneamento e transportes, gesto, agricultura e outras.

  • 3736 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    EDUCAO Ampliao do Acesso

    Educao Profissional Qualidade no Ensino Mdio Leia Esprito Santo Ler, Escrever e Contar Na Real, Gravidez na

    Adolescncia no Legal Mais Tempo na Escola Ampliao e Modernizao

    da Rede Escolar

    SADE Ampliao e Modernizao

    da Rede Hospitalar Expanso e Fortalecimento da

    Ateno Primria Sade no Esprito Santo

    TRANSPORTES Mobilidade urbana Vias,

    Corredores Exclusivos Mobilidade urbana Terminais Mobilidade urbana Aquavirio Mobilidade urbana Corredores

    Exclusivos

    DER-ES Ampliao da Malha Rodoviria Recuperao da Malha

    Rodoviria Estadual

    SANEAMENTO Esprito Santo Sem Lixo

    CESAN guas Limpas

    CINCIA E TECNOLOGIA Ampliao do Nossa Bolsa

    SEGURANA Modernizao Tecnolgica e da

    Gesto da Defesa Social Preveno Violncia

    JUSTIA Ampliao e Modernizao do

    Sistema Prisional

    GESTO Implantao da Central Faa Fcil

    - unidade em Cariacica Valorizao do Servidor

    e Profissionalizao da Administrao Pblica

    MEIO AMBIENTE Produtores de gua

    CULTURA Cais das Artes

    ESPORTES E LAZER Estdio Estadual Kleber Andrade

    AGRICULTURA Caminhos do Campo

    MEIO AMBIENTE Programa Capixaba de Mudanas

    Climticas

    Projetos Estruturantes do Governo do Estado (2007 a 2010)*

    * Esto associados a esses programas cerca de 400 projetos

    Para o controle efetivo de todas as aes vinculadas aos projetos, foi desenvol-vido um software, denominado Sistema de Gerenciamento Estratgico de Projetos do Governo do Esprito Santo (SigES).

    Para cada um dos projetos da carteira, foram escolhidos gerentes para lider-los. So os gerentes os responsveis diretos pelo acompanhamento fsico e financeiro dos projetos, alm de alimentarem de informaes o sistema SigES.

    Todos os projetos foram estruturados no sistema contemplando metas, cronogra-ma, escopo, pblico-alvo, dentre outras variveis. o gerente do projeto informa, em tempo real, o andamento do projeto, suas restries/riscos e aciona o Escritrio de Projetos, por meio dos gestores de projetos, para o apoio que se fizer necessrio, ob-jetivando assim um monitoramento intensivo, eficaz e uma comunicao integrada.

    Atualmente est em curso ou j foi concluda a transferncia da metodologia de gerenciamento de projetos adotado pelo Governo do Estado do Esprito Santo em vrias instituies, interna e externamente ao Executivo capixaba.

    So exemplos: as secretarias de Estado de Economia e Planejamento, de Gesto e Recursos Humanos, da Educao, da Fazenda, da Sade, alm do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN); do Banco do Estado do Esprito Santo (Banestes); e do Banco de Desenvolvimento do Estado do Esprito Santo (Bandes).

    Destaca-se ainda a transferncia dessa metodologia para as prefeituras de Aracruz, Conceio da Barra, Cachoeiro de Itapemirim, Guau, Presidente Kennedy, Serra e Vila Velha. Tambm, recentemente o Governo do uruguai, atravs de uma parceria bilateral, adotou naquele pas o sistema de gerenciamento intensivo de projetos do Governo do Estado do Esprito Santo.

    Resultados A partir da carteira de projetos prioritrios, o Governo do Estado vem conse-

    guindo resultados que esto transformando o dia a dia dos capixabas, de norte a sul. Confira algumas conquistas.

    > Entre 2003 e 2010 foram criadas cerca de 10 mil novas vagas no sistema prisional capixaba.

    > o Hospital Central, antigo So Jos, j em funcionamento, conta com um novo modelo de gesto. o hospital gerenciado por uma organizao Social (oS).

    > 50 trechos de rodovias estaduais concludos e entregues pelo DER-ES po-pulao, totalizando 634 km.

    > 14 novas intervenes virias metropolitanas implantadas. > 04 novos terminais do sistema Transcol construdos (Itaparica, Vila Velha;

    Jacarape, Serra; Jardim Amrica, Cariacica; e So Torquato, Vila Velha) e ampliao do Terminal de Laranjeiras (Serra).

  • 3938 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    > No projeto Nossa Bolsa, cerca de 6 mil estudantes carentes da rede pblica foram beneficiados com bolsa coberta pelo Governo do Estado, em ensino superior da rede privada.

    > Foram assinados convnios com os municpios para a construo de 10 Cen-tros de Tratamento ao Toxicmano.

    > Foram entregues 59 unidades Bsicas de Sade nas diversas regies do Estado. > Cerca de 100 escolas de ensino fundamental e mdio construdas, reformadas

    ou ampliadas. > Em 2010, foram abertas 17 mil oportunidades de capacitao profissional.

    At hoje 45 mil matrculas j foram realizadas. > No projeto Mais Tempo na Escola, 556 escolas estaduais funcionam com

    jornada escolar ampliada. > 100% das escolas pblicas estaduais de ensino mdio conscientizadas acerca

    da problemtica da gravidez na adolescncia (Na Real, Gravidez na Adoles-cncia no Legal).

    Andamento Para os anos de 2010 e 2011, a Secretaria de Estado de Gerenciamento de Projetos

    (Segep) prev uma srie de novas conquistas de relevncia para a populao capixaba, alcanando todas as reas de ateno prioritria da administrao. Confira algumas.

    > Vitria ser a primeira capital do Brasil com 100% do esgoto tratado (Projeto guas Limpas).

    > 60% do esgoto tratado em todo o Estado. > Construo, reforma ou ampliao de 50 escolas do ensino fundamental e mdio. > 100% das crianas das 1 e 2 sries do ensino fundamental das escolas p-

    blicas estaduais alfabetizadas (Ler, Escrever e Contar). > Quatro mil bolsas de estudo concedidas para alunos da rede pblica estadual

    em faculdades particulares (Nossa Bolsa). > Novo Hospital Drio Silva construdo e equipado, com 371 leitos. > 3.555 profissionais capacitados em ateno primria sade. > Cerca de 70 unidades de Sade da Famlia construdas e 03 Prontos-atendi-

    mentos entregues populao. > 70% da populao estadual coberta pela estratgia Sade da Famlia. > 07 intervenes virias metropolitanas. > Ampliao dos terminais de Vila Velha e Itacib, em Cariacica, e incio da

    construo do Novo Terminal Carapina, na Serra. > 4.120 novas vagas em presdios. > 936 km de estradas construdas e recuperadas.

    o Esprito Santo vem alcanando vitrias inditas em todos os setores da vida capixaba, assim como novas conquistas esto em vias de se estabelecer. Projetos estruturantes bem gerenciados buscam garantir realizaes que levem a impor-tantes melhorias na qualidade de vida de todos os cidados.

    Programa R$ 1 bilho A Secretaria de Estado de Gerenciamento de Projetos (Segep) tambm monitora

    todas as intervenes do Programa Capixaba de Investimentos Pblicos e Empregos, que superou o recorde histrico de R$ 1 bilho em investimentos, em 2010.

    os investimentos do Programa geraram, somente em 2010, mais de 24 mil em-pregos, beneficiando todos os 78 municpios capixabas. So quatro grandes eixos de ao: primeiro, de desenvolvimento social e humano, com 235 obras nas reas de educao, segurana pblica, sade, esporte e cultura. o segundo, de mobilidade ur-bana e projetos metropolitanos, resultou em 39 obras. o terceiro, saneamento, meio ambiente e habitao, com mais 85 obras, incluindo estao de tratamento de gua e esgoto, projetos ambientais e casas populares. o quarto eixo desenvolvimento regional, transportes e agricultura , totalizou outras 217 obras. ou seja, so 576 obras, totalizando aproximadamente R$ 2,5 bilhes investidos nos perodos de 2009/2010.

    At se chegar a essas transformaes de nvel conceitual, administrativo e ge-rencial, com resultados sumariamente descritos a partir da ao da Segep, muito teve de ser superado.

    A herana de anos e anos de desgoverno era pesada e demandou um esforo conjunto de todas as pessoas de bem do Estado, seja no seu dia a dia, seja em sua ao profissional e cidad, nas organizaes pblicas, privadas, associativas e no governamentais s quais estavam ligadas. Confira, a seguir, um pouco dessa caminhada de travessia, efetivamente iniciada em 2003, para que se chegasse a uma nova fronteira histrica.

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    TRAVESSIA Cap. II

  • 4342 N o v o E S p r i t o S a N t oN o v o E S p r i t o S a N t o

    Cap. II Travessia o caminho se faz com a caminhada. Nossos passos definem nossos caminhos.

    A histria passa ao largo do determinismo. o que se pode fazer so escolhas, tendo em vista horizontes sonhados, desejados, buscados.

    Em janeiro de 2003, os passos capixabas estavam prestes a abrir uma fronteira nova, a empreender uma caminhada de travessia, rumo a um novo tempo deseja-do, sonhado, buscado, em funo da opresso que o desgoverno impunha ao povo esprito-santense.

    Envolvidos numa trama em que se misturavam crime organizado, corrupo e instrumentalizao da mquina pblica, o capixaba atravessou o milnio tendo de administrar o presente com toda a sorte de dificuldades.

    A deciso de mudana foi sacramentada nas urnas de 2002 e uma nova histria comeou. A trajetria foi desafiante. Grande clamor dos cidados de bem na virada do milnio, a constituio de um Governo estadual a servio do povo capixaba foi a primeira misso da administrao 2003-2010.

    E governar para todos os capixabas significava enfrentar desafios gigantescos. A misso era monumental. E, pelo tamanho da herana, ainda continua oferecendo grandes desafios. Mas as vitrias foram muitas conquistas que permitem ao Esta-do avanar sem parar rumo consolidao de um novo tempo em terras capixabas.

    Em 31 de dezembro de 2002, os restos a pagar, ou seja, dvidas com servidores, fornecedores, prestadores de servios, entre outros, chegavam a R$ 1,2 bilho. Em 2005, todo esse passivo foi zerado.

    o caixa estadual foi recebido com minguados R$ 400 milhes em 2003, valor ainda menos significativo diante de uma dvida bilionria, como se viu s com os servidores os atrasos somavam mais de R$ 370 milhes. Em absoluto contraste com o que se recebeu, para 2011, o oramento global previsto de cerca de R$ 12,7 bilhes.

    o Estado tambm estava inadimplente com o contrato de renegociao da d-vida com a unio, que fazia a reteno do Fundo de Participao do Esprito Santo. Hoje, o Estado citado Pas afora como exemplo de equilbrio nas contas pblicas. o Esprito Santo saiu da posio de um dos piores Estados da Federao no quesito das contas pblicas para a dianteira do ranking do Tesouro Nacional.

    Eliminaram-se privilgios fiscais e administrativos; iniciou-se um combate sis-temtico e severo sonegao, corrupo e ao crime organizado; e investiu-se na modernizao da mquina pblica, com realizao de vrios concursos, introduo do planejamento estratgico, incluindo instrumentos de acompanhamento da sua aplicao e reduo de gastos, entre outros.

    Enfim, com os choques tico e de gesto, fez-se um realinhamento governamen-tal, recuperando-se a capacidade de investimento do Estado para realizar obras e

    prestar servios essenciais. Resultado: o Esprito Santo saiu de menos de 1% de inves-timentos com recursos prprios em 2003 para o patamar de 16% nesses ltimos anos.

    Com a ampliao da arrecadao, os servios foram normalizados e abriram--se frentes de obras em todos os municpios capixabas. Esse trabalho tem levado melhorias a todos os 3,5 milhes de capixabas.

    A efetivao de uma nova realidade poltico-institucional a partir de 2003 tambm dinamizou a economia estadual, inaugurando o terceiro ciclo de desen-volvimento capixaba, aps a predominncia da agricultura e da primeira fase da industrializao voltada para o comrcio exterior.

    o atual movimento se estabelece pela ampliao do comrcio exterior, pela dinamizao dos arranjos produtivos locais, pela emergncia do negcio ligado ao petrleo e gs.

    o avano ocorre com novos investimentos dos empreendimentos j instala-dos e tambm pela atrao de novos negcios, em nvel nacional e internacional. Nesse sentido, o Estado alcanou os melhores ndices de atrao e incremento de investimentos privados no Brasil nos ltimos anos.

    Deve-se ressaltar que este terceiro ciclo econmico se estabelece a partir de um novo modelo de desenvolvimento, socialmente inclusivo, ambientalmente responsvel e geograficamente desconcentrado.

    Como se pode notar, no ano de 2003, o Esprito Santo iniciou uma caminhada de travessia, do descontrole administrativo para uma nova fronteira histrica, marcada pela estabilidade poltico-administrativa, pela normalizao, ampliao e qualificao dos servios pblicos e pela inaugurao de uma nova era econmica.

    Esse foi um tempo de superao, de arrumar a casa e estabelecer as bases de um novo futuro. Mas foi tambm um tempo de muitas conquistas, at certo ponto inesperadas em funo da gravidade do quadro encontrado h oito anos. Foi, es-sencialmente, um tempo em que os capixabas, com a casa arrumada, ganharam novos horizontes a guiar seu trabalho e sua confiana.

    os passos dados em mutiro distanciaram definitivamente o Estado daquele passado de humilhao e vergonha. o Governo do Esprito Santo voltou a trabalhar para o povo do Esprito Santo. E, hoje, vivem-se dias de uma nova histria capixaba.

    um tempo em que o Governo passou a governar para o povo e que, com credibi-lidade poltica e honestidade, foi capaz de fomentar e articular o desenvolvimento econmico para o benefcio de toda a sociedade, com incluso e justia social e respeito ao meio ambiente.

    At o ano de 2002, o Esprito Santo perdeu muito tempo em funo da corrupo, do desgoverno e do crime organizado. A partir de 2003, um mutiro entre poderes e instituies pblicas, sociedade civil, partidos polticos, homens e mulheres de bem deste Estado comeou a escrever uma nova histria.

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    Desde ento, so muitas as vitrias. Mas a mudana no um passe de mgica, nem mesmo uma conquista inabalvel. preciso avanar muito ainda. Tambm necessrio que se esteja vigilante para que no se percam as vitrias alcanadas. o processo de depurao e mudanas poltico-institucionais e de melhoria das condies socioeconmicas demanda ao constante e vigilncia permanente.

    A caminhada de travessia, iniciada em 2003, segue em nova fronteira histrica. Novos passos vo desenhar o caminho do futuro esprito-santense, at porque o tempo no para, e a histria um livro eternamente inconcluso.

    A seguir, um artigo produzido pela diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Ana Paula Vescovi, que expe com rigor cientfico e honestidade re-publicana o quadro desses anos recentes, com suas muitas conquistas, seus desafios, alm, claro, de ser uma bssola para os passos seguintes da caminhada capixaba.

    O Esprito Santo em Perspectiva1Ana Paula Vescovi2

    o progresso observado no Esprito Santo durante os ltimos dois perodos de governo notrio e contundente. o Estado saiu da 8 para a 4 posio na econo-mia nacional, entre os Estados da Federao com maior renda per capita. Reduziu metade a incidncia de pobreza, como consequncia do aumento da renda domiciliar per capita e de reduo da desigualdade. Em 2010, mais da metade dos capixabas j estava inserida na classe mdia, compondo um mercado consumidor ativo, com aces-so a crdito, bens de consumo durveis e, mais importante, com acesso ao mercado de trabalho em franca expanso3.

    Em particular, o movimento dos ltimos oito anos acelerou a convergncia da renda estadual para os patamares dos Estados mais desenvolvidos do Pas, e contribuiu para compensar o desenvolvimento tardio do Esprito Santo desde o processo de colonizao do solo brasileiro. Consolidou, assim, uma terceira onda de crescimento, aps 100 anos de predominncia da monocultura cafeeira, e aps a industrializao concentradora dos anos 70 e 80. Para os observadores pouco atentos, este seria mais um ciclo caracterizado pela ex-panso dos negcios nas reas dos grandes projetos em cujo rol agora se inclui o petrleo e o gs. Mas uma observao mais atenta do processo revela que o Estado vem conquistando um desenvolvimento institucional que o destaca entre os demais Estados da Federao e que poder engendrar conquistas importantes para as geraes subsequentes.

    As mudanas se traduzem no apenas nas condies de governana pblica onde sobressaem a reestruturao da mquina estatal e os expressivos ganhos de eficincia da atividade governamental , mas tambm em substancial melhoria no ambiente de negcios derivada daquelas mudanas. Dessa forma, o Estado tem conseguido aproveitar e conciliar com xito vantagens comparativas naturais e construdas ao longo do seu desenvolvimento passado. Mais do que isso, passou a significar um exemplo de desen-volvimento bem-sucedido a partir de uma base industrial concentrada em commodities e essencialmente voltada s exportaes4.

    Parte desse sucesso, impulsionado pela melhoria das condies de governana

    1 Texto adaptado de VESCoVI, A.P.V.J. e BoNELLI, R. Esprito Santo: instituies, desenvolvimento e in-cluso social - Introduo. IJSN, 2010, pp 9-28.

    2 Diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves.3 VESCoVI, A.P.V.J.; Castro, M.W. A evoluo recente da classe mdia no Esprito Santo. Nota Tcnica n.02,

    IJSN, 2008, 22p.4 Toscano, V.N.; Magalhes, M.A.Boletim de Comrcio Exterior do Esprito Santo 2 Semestre de 2009,

    IJSN, abr.2010, 27p.

    44 N o v o E S p r i t o S a N t o

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    e do ambiente de negcios, repousa sobre a maturidade dos grandes pro-jetos de investimento instalados mais de trinta anos atrs. Contudo, mais

    recentemente, a nfase tem recado sobre polticas pblicas que permitam alavancar o impacto daquelas atividades sobre a economia estadual e sobre o

    bem-estar da populao. outra parte relaciona-se ao potencial e s oportunidades dos negcios da indstria do petrleo e gs do Estado, no sentido de aprofundar o

    crescimento sustentado com incluso social, algo que precisa ser continuamente assegurado pelos capixabas.

    No intuito de melhor compreender a natureza e a intensidade das mudanas, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) contratou um conjunto de estudos que,

    ademais, podero contribuir para vislumbrar de que forma a experincia do passado pode ajudar na compreenso dos desafios do futuro. Todos os estudos foram realizados

    por observadores externos ao Governo com notria contribuio cientfica nos diversos temas. Ao final, foi possvel tecer uma anlise macroeconmica e social sobre a experi-

    ncia recente de desenvolvimento vivenciada pelo Estado do Esprito Santo. o objetivo deste artigo, produzido especialmente para esta publicao, apresentar algumas das lies apreendidas nesse esforo de pesquisa que deu origem aos livros Esprito Santo: instituies, desenvolvimento e incluso social e Finanas do Estado do Esprito Santo: do Plano Real crise de 2009.

    uma primeira abordagem se concentra sobre as transformaes no campo poltico insti-tucional5. Aps dcada e meia de associao do poder pblico com o crime organizado, uma ampla mobilizao em favor do resgate das instituies e organizaes do poder poltico foi conduzida por foras identificadas com os valores da ordem democrtica de transparncia, tica cvica e responsabilidade social. Com a vitria dessas foras nas eleies de 2002, iniciou--se um perodo marcado pela restaurao das instituies polticas e pela busca de sinergias positivas com os circuitos mais modernos que estavam dando o tom do desenvolvimento econmico do Esprito Santo.

    No perodo ps-2003 fortaleceu-se assim a imagem do Estado perante investidores externos e internos. uma teia de apoios foi costurada com diversos movimentos empre-sariais, sociais e polticos, o que permitiu a elaborao de um arrojado plano estrat-

    gico para o desenvolvimento do Estado, denominado de Plano de Desenvolvimento Esprito Santo 20256. Alm de proporcionar um amplo diagnstico sobre o Estado do

    Esprito Santo, a construo do Plano definiu estratgias e permitiu o alinhamento institucional. Para o Governo do Estado fundamentou o foco nos investimentos

    5 Zorzal e Silva, M. Trajetria poltico-institucional recente do Esprito Santo. In: Esprito Santo: institui-es, desenvolvimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010, pp 29-66.

    6 Secretaria de Economia e Planejamento do Esprito Santo. Plano de Desenvolvimento Esprito Santo 2025 (ES 2025) Avaliao Estratgica do Esprito Santo e Elementos para a Viso de Futuro. Abril, 2006 (http://www.espiritosanto2025.com.br/).

    pblicos para reduo dos dficits de infraestrutura, ambiental e social, com especial ateno sobre o virio, o sanitrio e o educacional.

    Aps esse movimento, a economia do Esprito Santo cresceu em mdia 5% ao ano entre 2002 e 20077, fase que coincide com o ciclo de crescimento brasileiro mais recente. Foi um dos Estados que mais cresceu, superando a m-dia do Pas como um todo nesse perodo. Evoluo semelhante retrata o PIB per capita: em 1985, o do Esprito Santo era pouco inferior ao do Brasil (-1%), ao passo que em 2007 chegou-se a um PIB per capita 25% superior ao do Pas. o processo de desenvolvimento estadual foi acompanhado de intensa mudana estrutural, o que replicou em nvel regional, ainda que com alguma defasagem, o que se passou no Pas: a participao da Agropecuria, que era em mdia de 19% do valor adicionado em 1985-87, passou para 9,0% em 2002-2007; a da Indstria de Transformao variou de 27% em 1985-87 para 17% em 2002-2007; a Indstria Extrativa Mineral aumentou sua participao de 3% para 8,4%.

    Quanto s fontes de crescimento pelo lado da produo, destaca-se entre 2002 e 2007 a importncia das Indstrias de Transformao e Extrativa Mineral que, em conjunto respondem por quase 50% do aumento do PIB estadual. Para entender, contudo, os deter-minantes desse crescimento, preciso olhar para o longo prazo. uma decomposio do crescimento pelo lado da oferta registra para o Esprito Santo taxa de crescimento da pro-dutividade da economia - medida de ganhos de eficincia - da ordem de 1,3% ao ano entre 1970 e 2005. Dado o crescimento mdio do PIB de 6,4% nesse mesmo perodo, conclui-se que a produtividade explicou 20% do crescimento. os fatores capital e trabalho explicam 32% e 48%, respectivamente.

    Na mesma linha de tentar explicar os determinantes do crescimento, os modelos eco-nomtricos estimados associam boa parte do desempenho diferenciado entre os Estados brasileiros ao comportamento da produtividade total dos fatores, alm daquele associado acumulao de capital fsico. No caso do Esprito Santo, o crescimento do capital explica mais da metade do crescimento mdio anual de 2,9% do PIB por trabalhador registrado entre 1970 e 2005, muito superior mdia de 1,9% do Pas no perodo. Quando o mo-delo ampliado para incluir tambm o capital humano, constata-se forte influncia da escolaridade mdia da populao adulta tanto sobre os nveis de produtividade do trabalho quanto sobre o crescimento desta. Para o Esprito Santo, o crescimento estimado da produtividade revelou-se especialmente elevado; e a produtividade foi fundamental para o crescimento do PIB estadual no longo prazo coberto pela anlise. o complemento ficou por conta da acumulao de capital.

    Finalmente, destaca-se desse estudo que o caminho para o crescimento de

    7 BoNELLI, R e LEVY, P. Determinantes do crescimento econmico do Esprito Santo: uma anlise de longo prazo. In: Esprito Santo: instituies, desenvolvimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010, pp 67-94.

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    longo prazo no Estado passou pela acumulao de capital humano, o qual, por sua vez, traz como benefcio o aumento da produtividade. As implicaes

    para o crescimento futuro so, nesse sentido, claras: o investimento na acumu-lao de capital humano deve merecer tanta ateno dos gestores de polticas

    pblicas quanto a acumulao de capital fsico. Alm de suas implicaes para o crescimento de longo prazo, a educao se reflete tambm no desempenho do

    mercado de trabalho, como ser comentado mais adiante.Parte da alta produtividade da economia capixaba pode ser explicada por sua

    insero externa: o coeficiente de abertura capixaba o maior entre os Estados bra-sileiros e ainda cresceu, entre 2000 e 2008, de 48% para 54%8. A insero externa

    contribui para elevar a produtividade numa economia na medida em que as firmas que ali produzem so competidoras, diretas ou indiretas em uma arena global. Preci-

    sam, portanto, de um constante aumento de eficincia para continuarem atuando nesse mercado com um nmero muito maior de competidores e um maior grau de exigncia

    cumprimento de contratos, preo, qualidade, escala e conformidade do que o observado em mercados locais.

    A participao do Estado nas exportaes brasileiras chegou a 5,1%, em 2008, aps apresentar crescimento mdio anual de 25,4% (2002-08), taxa superior do Pas. o Estado manteve a mesma posio relativa nos anos de 2002 e 2008, de stima principal unidade exportadora da Federao, com exportaes concentradas em cinco commodities (minrio de ferro aglomerado; produtos semimanufaturados de ferro e ao; pasta qumica de ma-deira; caf torrado em gro; e granitos). No conjunto, esse grupo representou 87% do total exportado pelo Estado em 2008.

    Alm de serem importantes os esforos de diversificao da produo para exportao, o Estado pode explorar ainda mais sua infraestrutura porturia para gerar novas atividades associadas ao comrcio exterior. o Esprito Santo tem demonstrado possuir vocao para o comrcio exterior, que se reflete, por exemplo, no nmero de empresas trading registradas. Segundo dados do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) e da Agncia Brasileira de Promoo de Exportaes e Investimentos (Apex) o Estado figura na 3 posio nacional entre os que mais concentram trading companies e firmas

    comerciais exportadoras9. possvel pensar ainda em agregar mais valor atividade econmica medida que o Esprito Santo consolide sua posio de distribuio de

    produtos nas cadeias produtivas.

    8 PEREIRA, L.V. e MACIEL, D. o comrcio exterior do estado do Esprito Santo. In: Esprito Santo: institui-es, desenvolvimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010. Para um estudo que chega a um resulta-do semelhante a partir de metodologia distinta, ver MAGALHES, M.A.; ToSCANo, V.N. Estimativas de grau de abertura para a economia do Esprito Santo. Nota Tcnica n.08, IJSN, dez.2009, 19p.

    9 As trading companies so empresas maiores e as comerciais exportadoras tendem a ter porte de pe-quena e mdia empresa.

    o desempenho da agropecuria tambm foi fundamental para o desen-volvimento estadual nos ltimos oito anos10. A evoluo de longo prazo do setor foi muito calcada na cultura do caf e s a partir dos anos 70 desenvol-veu-se a fruticultura. A agricultura capixaba um caso particular no contexto brasileiro do ponto de vista de sua estrutura fundiria, e pode ser caracterizada pela predominncia de pequenos e mdios estabelecimentos rurais, explorados basicamente por seus proprietrios. A participao de membros da famlia entre as pessoas ocupadas situa-se na mdia entre os estados das regies Sul e Sudeste, embora tenha registrado forte crescimento nos ltimos 20 anos.

    A expanso da agropecuria do Estado foi marcada tambm pela diversificao, no apenas da produo, como tambm de sua localizao, concentrada, at a dcada de 1970, nas terras mais altas, com clima mais adequado, onde imperava o caf arbica. A partir da, comea a aumentar a produo agrcola nas terras mais baixas e quentes, com o desenvolvimento da cafeicultura e da fruticultura, principalmente do mamo papaia, seguido mais atrs pelo maracuj.

    um dos principais fatores a contribuir para o recente desenvolvimento da agropecuria do Estado foi o esforo de pesquisa e assistncia tcnica, que desenvolveu novos cultivares (inclusive o do caf conilon, que um cultivar do caf robusta) e avanou nas tecnologias de plantio, cultivo e manejo da fruticultura. Evidencia-se, assim, a importncia da inovao tecnolgica para o desenvolvimento da atividade agrcola no Esprito Santo.

    Contudo, outras aes tambm contriburam para o crescimento da agropecuria. uma delas foi a expanso do crdito rural, a includos os recursos do Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) apesar de o Esprito Santo no ter tido uma va-riao to grande no volume de crdito quanto a de outros Estados das regies Sul e Sudeste. Foram importantes tambm os investimentos realizados em infraestrutura, quase todos no mbito do Plano Estratgico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag).

    Junto com o fortalecimento do setor agropecurio, a tendncia industrializao no Estado persiste. A concluso possvel mediante evidncias da forte expanso dos inves-timentos anunciados para o Esprito Santo desde meados da dcada. Em 2009, ainda sob efeitos da crise financeira internacional, foram contabilizados mais de R$ 62 bilhes de investimentos previstos para cinco anos frente. Deste montante, os 20 maiores pro-jetos respondem por R$ 37 bilhes ou 59% do total de investimentos11. Continua, por-tanto, a tendncia do desenvolvimento catapultado por grandes projetos. Por isso, a importncia de se entender e avaliar os impactos trazidos por aqueles instalados a partir dos anos sessenta, at o incio dos anos 80. Na infraestrutura, as dcadas de

    10 NoNNENBERG, M e REZENDE, G. Desenvolvimento da Agropecuria do Esprito Santo. In: Esprito Santo: instituies, desenvolvimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010, pp 139-164.

    11 TAVEIRA, A.M.A.; MARAL, C.P.; MAGALHES, M.A.; BRITTo, R.A.C.; ToSCANo, V.N. Investimentos Pre-vistos para o Esprito Santo: 2009-2014, IJSN, jul.2010, 67p.

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    70 e 80 foram tambm marcadas pela realizao de grandes investimentos estatais nos setores de portos, telecomunicaes e de transportes.

    Como seria de se esperar, esses grandes projetos tiveram forte impacto sobre a estrutura produtiva estadual, contribuindo para gerar uma especiali-

    zao produtiva do estado em commodities industriais, de produo em larga escala e intensiva em recursos naturais12. Assim, o Esprito Santo transitou, em

    menos de 20 anos, de uma economia primrio-exportadora, fundada na monocul-tura cafeeira, para uma economia industrial j nos anos oitenta. No incio dos anos 2000, o setor de petrleo comeou a atrair altos volumes de investimento e gerar novas

    oportunidades de negcios, inaugurando uma tendncia que continua at o presente e se projeta para o futuro.

    Mas, claramente, ningum espera que os grandes projetos sejam a nica ferramenta de desenvolvimento do Estado. A questo sob anlise mais sutil: quais so seus impac-

    tos nas firmas locais (fornecedoras ou compradoras) e na produo de externalidades tecnolgicas e pecunirias para essas firmas? As autoridades estaduais e os analistas tm a preocupao de entender que tipo de impactos setoriais se pode esperar desse tipo de in-vestimento, de que fatores esses efeitos dependem e quais as polticas pblicas adequadas para maximizar os impactos positivos.

    Nesse particular, a expanso da ltima dcada difere da dos anos setenta, por vrias ra-zes. Em primeiro lugar, porque existem projetos de investimentos importantes em outros setores da economia e que representam encadeamentos dos grandes projetos de investimen-tos. Em segundo, porque o crescimento da renda per capita do Estado atraiu investimentos em setores ligados ao consumo da populao, e j possvel observar projetos em outras atividades com vantagens comparativas e cuja contribuio para o volume de faturamento setorial (como mrmore e granito; confeces; e alimentos) significativa. Em terceiro, existem investimentos em setores de maior sofisticao do complexo metalmecnico. Alm disso, como parte de um ambiente de negcios aperfeioado, os setores privado e pblico capixaba tm se organizado para melhorar e aprofundar os encadeamentos e benefcios dos grandes projetos de investimentos, por meio de programas de certificao e de desenvolvimento de fornecedores locais.

    No passado, houve desenvolvimento de indstrias associadas aos grandes proje-tos, inclusive a indstria de equipamentos mecnicos, mas esse desenvolvimento

    no parece ter sido suficiente para gerar um movimento de expanso autnomo em relao aos impulsos iniciais derivados dos grandes projetos. A vantagem do

    movimento atual tem a ver com o fato de que o Estado encontra-se em situao diferente da dos anos setenta e oitenta em termos de desenvolvimento mdio,

    12 IGLESIAS, R. Anlise dos grandes projetos de investimento no Esprito Santo. In: Esprito Santo: ins-tituies, desenvolvimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010, pp 165-218.

    tanto em termos tecnolgicos quanto de capacidades produtivas. outro aspecto positivo que existem novos investimentos de fora do Estado, na-cionais e internacionais, que chegam para atuar em setores associados e em setores industriais tradicionais. Mas de todos os setores com potencial, poucos se igualam ao de petrleo.

    A cadeia produtiva do setor de petrleo e gs representa uma das reas mais promissoras para o crescimento da atividade econmica estadual no mdio prazo, a exemplo do que vem ocorrendo desde o comeo da atual dcada.

    o desenvolvimento do setor de Petrleo e Gs Natural no Esprito Santo ganhou impulso a partir das transformaes nacionais ocorridas entre dois perodos histricos distintos13. No primeiro, o setor era controlado pela Petrobras, que detinha o monoplio da explorao, produo e refino, transporte martimo e dutovirio da commodity, de seus derivados e do gs natural no Brasil. o segundo perodo inicia-se com uma nova fase institucional para o setor a partir da aprovao, em 1995, da Emenda Constitucional n 5, que alterou a Constituio Federal brasileira, flexibilizou o monoplio da Petrobras e permitiu a atuao de empresas privadas em todos os elos da indstria do petrleo. Esse processo de reestruturao setorial permitiu a desregulamentao dos preos, a eliminao das barreiras legais participao de empresas privadas no setor e a criao da Agncia Nacional do Petrleo (ANP). o modelo regulatrio institudo em 1998 alcanou os resultados esperados: atrao de novos investimentos, maior participao dos entes federativos sobre as receitas geradas pelas atividades do setor e o fortalecimento da Petrobras.

    A nova regulao iniciou uma fase auspiciosa para o Brasil, para a Petrobras e para o setor petrolfero brasileiro. A partir da, esse setor aumentou substancialmente sua parti-cipao na economia, crescendo sempre acima da mdia dos outros setores. A produo brasileira total de petrleo e gs natural mais do que dobrou em 12 anos, saltando de 1,24 milho de barris equivalentes de petrleo/dia (bep/d) em 1998 para 2,5 milhes de bep/d em 2009. Com as mudanas na regulamentao, os pagamentos de royalties e participaes especiais sobre a atividade de explorao e produo tambm cresceram significativamente. Esta transformao no setor petrolfero resultou em um grande crescimento da participao do Governo nas receitas do setor e o Esprito Santo um dos Estados que mais se beneficiou com a expanso desta atividade no Pas. Entre 1999 e 2009, o Estado e os municpios capixabas arremataram cerca de 4% das receitas de royalties e participaes especiais distribudas entre Estados e municpios, ou seja, cerca de R$ 2,3 bilhes.

    Estima-se que o Estado passe de uma produo de petrleo de 100 mil b/d em 2009 para 500 mil b/d em 2013, e de uma produo de gs de 2,95 milhes

    13 PIRES, A. A indstria do petrleo e o caso do Esprito Santo. In: Esprito Santo: instituies, desenvol-vimento e incluso social. Vitria: IJSN, 2010, 219-242.

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    de m/dia em 2009 para 20 milhes de m/dia ainda em 2010. Embora a produo de petrleo e gs tenha sido reduzida em 2009 em funo da

    crise mundial, ainda assim, o Estado representou 5,1% da produo nacional de petrleo e gs. Em 2010, essa participao passou para 9,3%. Em relao s

    reservas provadas de petrleo, a participao ainda maior: 11% do total do Brasil, com crescimento mdio de 96% ao ano a partir de 2000. J as reservas provadas

    de gs no Esprito Santo corresponderam a 13% das brasileiras em 2009. Mas existe ainda o potencial vindo do pr-sal. Embora apenas 7% da rea total

    do pr-sal estejam localizados no mar capixaba, estima-se que as reservas de petrleo e gs possam chegar a 12 bilhes de bep, dos quais 65% correspondem a reas ainda

    no licitadas. Com a definio do novo marco regulatrio do pr-sal, outras empresas podero participar das novas licitaes para a produo e explorao de hidrocarbo-

    netos nas novas reas.So muito grandes, portanto, as oportunidades para o desenvolvimento da Indstria do

    Petrleo e Gs Natural (IPGN) no Esprito Santo14. Ainda que as mudanas no regime regula-mentar para o pr-sal apontem para uma mudana na articulao empresarial da IPGN, os cenrios para a sua expanso seguem sendo fortemente determinados pelo comportamento do preo do petrleo. Com a mudana desse preo para patamar significativamente superior ao vigente no final do sculo passado, as bacias sedimentares da plataforma continental brasileira tornaram-se muito atrativas par