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Maria Josefina Fuentes (Diretora Secretária da EBP) Tânia Abreu (Coordenadora da Comissão de Bibliotecas da EBP) Boletim eletrônico das Bibliotecas da EBP BIBLIÔ INFORMA NOVEMBRO 2013

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Maria Josefina Fuentes (Diretora Secretária da EBP)Tânia Abreu (Coordenadora da Comissão de Bibliotecas da EBP)

Boletim eletrônico das Bibliotecas da EBPBIBLIÔINFORMA

NOVEMBRO 2013

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!Boletim da Escola Brasileira de Psicanálise

RedeDiretoriaA na

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Impulsionados pelo interesse demonstrado pela comunidade analítica no Bibliô, boletim eletrônico das Bibliotecas da EBP, nossa equipe prossegue editando o n.6 deste boletim.

Oinvestimentolibidinalquetemosfeitonestetrabalhotemcomoprodutofinala satisfação de ver que a chama de uma biblioteca ativa continua acesa nas nossas Seções e Delegações, nas quais não param de acontecer lançamentos de livros e exibiçõesdefilmesdeinteressepsicanalítico.Osdebatesaquireproduzidosates-tam o interesse do público em nossas atividades.

Os lançamentos de livros demarcam o interesse dos psicanalistas na literatura, específicaounão.OprêmioJabuti,conquistadopelonossocolegaJorgeForbes,at-estaestaafirmação.ParabenizamosaForbespelofeitoetransmitimosnossodesejoqueestetenhasidoapenasoprimeirodeumasériedeoutrosprêmios.

A Biblioteca reedita seu interesse pela cultura geral, informando o link para acessar o excelente texto do colega Antônio Teixeira que, em parceia com Gilson Iannini,constróideformabemhumoradaeficcional,umalertasobreapsiquiatri-zaçãodavidacotidianapromovidopelofurorclassificatóriodoDSMV.

O livro Autismo: a cada um seu genoma, de François Ansermet e Ariane Giacobino, da NogaSkalar Editora, que inaugurou uma coleção especial daEBPsobrePsicanálise&Ciência, jáchegouàsBibliotecas da EBP. A transmissão precisa e rigorosa deFrançoisAnsermetnasJornadasdaEBP-RJedaEBP-MGnãodeixamdúvidasdariquezadolivro.

A equipe responsável pelo Bibliô Entrevista, co-ordenadaporFernandaOtoni,nosbrindacomduasexcelentes entrevistas (http://www.diretorianarede.com.br/biblio/biblio006/biblio_entrevista.asp).JosephAttié,autordolivroMallarmé O Livro – recentemente lançado no Brasil e que em 2014 vai agitar as atividades das BibliotecasdaEBP–respondeàsquestõesdeIsabelLins.RomildodoRêgoBarroseMarcusAndréVieirafalamsobreolivroqueorganizaramÓdio, segregação e gozo apartirdasperguntasdeAndréiaReisSantos.Confirameleiatambémaresenhado livro Eichmann em Jerusalém – Um Relato sobre a Banalidade do Mal, de Hannah

Bibliô #05Boletim eletrônico das Bibliotecas da EBPMaria Josefina Fuentes (Diretora Secretária da EBP)Tânia Abreu (Coordenadora da Comissão de Bibliotecas da EBP)

Outubro 2013

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Arendt, feito por nossa colega Maria Bernadette Soares de Sant´Ana Pitteri. Concluído nosso primeiro tema do Bibliô Referências, dedicado ao Seminário

19, ...ou pior,deLacan,convidamostodosparaomomentodefechamentodesteciclo, que acontecerá no Seminário Internacional da EBP, haun, no dia 21 de novem-bro de 2013, na cidade de Buenos Aires. As inscrições, programa e demais infor-mações podem ser obtidas no site do seminário: www.ebp.org.br/org.

Naliteraturasedizqueumhomemseconheceporsuaobra.Parafraseandoestaidéia,dizemosqueoBrasildapsicanálisepodeserconhecidoatravésdeseuslivros e revistas. Este tem sido o foco de nossas colegas responsáveis pelos inter-câmbios,nacionaleinternacional,LaureciNuneseAnaMarthaMaia,oquesecon-stata nos informe aqui registrados.

NaoutrafacedestaquestãoestãoasresenhasdasrevistaseditaspornossasSeçõeseDelegações,quevisamacenderodesejodeleituradosinteressadosnaPsicanálise.

Boa leitura! ANTÔNIO TEIXEIRA E GILSON LANINNE NA REVISTA CULT:O futuro de uma classificaçãoResenha de Tânia Abreu

MantendovivaaidéiadaaçãolacanianaparaocotidianodenossasBibliotecas,oBibliô 6 temoprazerdelhesindicaraleituradotextodeAntônioTeixeira,psiquiatra,psicanalistamembrodaEBP/AMPeprofessordaUFMG,eGilsonIannini,psicanalistaeprofessordaUFdeOuroPreto,intitulado“Ofuturodeumaclassificação”.RecémaparecidonaRevistaCultedefácilacessoat-ravés do link > http://revistacult.uol.com.br/home/2013/10/o-futuro-de-uma-classificacao/, o texto noslevaporumavialeveesedutoraarefletirsobreocaráternormativodasclassificaçõescon-tidasnosDSMsdemodogeral.Osautoresadvertematravésdeumtextoporelesdenominadosdehiperbólico,queoDSMVtemcomoobjetivomaiorapsiquiatrizaçãodavidacotidiana,assimcomoapsicopatologizaçãodomal-estarsubjetivo.Realidadequevivenciamosnasinstituiçõesdesaúde mental e consultórios privados, sobretudo nas associações de síndromes a medicações, taiscomoTDAH-Ritalina.

Aclassificaçãoindiscriminadadosseresfalantesvisaoapagamentodosujeitoesuador de existir e os autores constroem seu argumento em defesa da singularidade sem maiores ataques aoDSM5,umavezque,comonosadvertiaLacan“aoprotestarcontraumasituação,entramosnodiscursoqueacondiciona,éporque,assimfazendo,indicamosascorreçõesquetornamessasituaçãomaissuportável”.

Osautoresadvertemqueé“doprotestoqueoDSMsenutreeextraisuapermanência.Sendo o protesto uma variável do discurso da demanda, na forma trivial da queixa, nada mais fá-cilaoDSMdoqueprovermeiospararesponderàsreclamaçõescontraseussupostosexcessos,mediante renovações periódicas de suas listagens. A prova disso é a supressão, em 1980, do diagnósticodehisterianoDSM-3,emrespostaaoprotestodasfeministascontraocarátersexistadessadenominação,assimcomoaeliminação,apartirde1987,dacategorizaçãopatológicadahomossexualidadeegodistônicaparasatisfazeraolobbydoshomossexuaisamericanos”.

O texto está na ordem do dia dos interesses da psicanálise de orientação lacaniana, que buscadialogarcomaciênciaemtemposdepregnânciadogozoemdetrimentodoexercíciodapalavra.

Valeapenaconferir.

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BANALIDADE DO MAL Resenha por Maria Bernadette Soares de Sant´Ana Pitteri

Eichmann em Jerusalém – Um Relato sobre a Banalidade do Mal, de Hannah Arendt(1906/1975),omaiorfilósofopolíticodoséculoXX,voltouaserpesquisado,lido,procurado,comolançamentodofilmeHannahArendtfeitopeladiretoraMargarethevonTrotta.Trata-se,nareali-dade,deumasériedereportagensfeitasporHannahduranteojulgamentodooficialnazistaAdolfEichmann,epublicadasnarevistaNewYorker,posteriormentetransformadasemlivro.

Hannah,judiadeorigemalemã,nascidanumaabastadafamíliaemBerlim,emigrouparaosEEUUparafugirdonazismo,depoisdeperseguidaeencarceradanumcampodeconcentração.FezaformaçãoantesdaguerracomHusserl,HeideggereJaspers,enomonumentalAsOrigensdo Totalitatrismo ela analisa os regimes totalitários na tentativa de compreender características queculminaramnabarbárienazista.MasEichmannemJerusaléméumlivromaisacessível,ondeHannahcunhouoconceito“banalidadedomal”aoassistirojulgamentodonazistaemJerusalém(1961).Esteconceito,aoladodascríticasalíderesjudeusque,dealgummodo,“colaboraram”comosnazistas,causaramfurorerepulsaporpartedecolegasdauniversidadeeamigospróxi-mos.

OficialnazistadaSSdesaparecidodepoisde1945,EichmannfoiraptadopelosisraelensesemBuenosAires,ondeviviatranquilamentecomafamíliacomooperáriodaMercedesBenz.JulgadoemJerusalémporcrimesdeguerra,crimescontraopovojudeuecrimescontraahumanidade,foicondenadoàforca.Funcionáriodo3ºReich(quedeveriadurarmilanos),consideradoespecialistanaquestãojudaica,de1941a1945elaboroualogísticada“soluçãofinal”,deportaçãodosjudeusdas nações europeias para os campos de concentração e câmaras de morte, “... a maneira huma-nadematardandoàspessoasumamortemisericordiosa”,segundoosnazistas(ARENDT,1999,p.124).Masessehomemtinha“...totalincapacidadedeolharqualquercoisadopontodevistadooutro”(ARENDT,1999,p.60)eHannahanalisa,apartirdeseusdepoimentos,umaquestãocomafala,queelaobserva,talvezumpoucorapidamente.Eichmanndizemseudepoimento“...minhaúnicalínguaéooficialês(Amtssprache)”,masparaHannah,“...ooficialêssetransformouemsuaúnicalínguaporqueelesemprefoi[...]incapazdepronunciarumaúnicafrasequenãofosseumclichê[...].QuantomaisseouviaEichmann,maisóbvioficavaquesuaincapacidadedefalarestavaintimamenterelacionadacomsuaincapacidadedepensar,ouseja,depensardopontodevistadeoutrapessoa”(ARENDT,1999.p.62).Eichmannsabianoqueredundariamsuasações,massededicouaseudeversempensarnafinalidadedasmesmas.Osatoserammonstruosos,masoresponsável era um homem comum, que não pensava, apenas agia: o problema do bem e do mal teria relação com a nossa faculdade de pensar?

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Acontradiçãoentreosdesmesuradoscrimeseasuperficialidadedopersonagem,quepre-tendiaterapenasfeitoumtrabalhopelodever,saltouaosolhosdafilósofa:umatarefalheforaatribuída e deveria ser cumprida, o que é um modo enviesado de observar o imperativo categóri-cokantiano,segundooqualEichmanndiziaviver.ParaHannah,ousoqueelefezdoimperativocategórico–fazercoincidirsuavontadecomaleiuniversal–avontadequeestavaemjogoeraadoFührer.“Arealidade,asituaçãoeratãosimplesquantodesesperada:aesmagadoramaioriadopovoalemãoacreditavaemHitler”(ARENDT,1999,p.114).

Longedoserdemoníacoqueseesperava,apresentou-seaojulgamentoumhomenzinhosemconsistência,superficial,“Apesardetodososesforçosdapromotoria,todomundopercebeuqueessehomemnãoeraummonstro,maseradifícilnãodesconfiarquefosseumpalhaço(ARENDT,1999,p.67).Umhomemnormal,estaéumadaspioresatrocidadespoispermitesuporqueal-guémquepossacometercrimesemcircunstânciastais,quelhesejaimpossívelsaberousentirquepraticaomal.Eichmannnãoeraestúpido,umhomemnormalcuja“ausênciadepensamento”tornou-o um dos maiores criminosos da época, mas no entanto, não o transforma num fenômeno normal, comum.

Oconceito“banalidadedomal”nãoafirmaqueEichmannfosseumhomemcomotodososoutros ou que qualquer outro ser humano seria potencialmente um criminoso como ele, ao con-trário, isto seria fundar a irresponsabilidade do ser humano numa culpabilidade coletiva. “Bana-lidadedomal”,onomedoproblema,trazapergunta:comoentenderqueohorrordoscamposdeextermínionãotenhasidoprodutodavontadeexpressadefazeromal,masdeumamisturadeinteligênciaestratégicaevaziomoral?Isso,dizHannah,semapagaroutrasformasdemaljáconhecidas,acaba,noentanto,pordesclassificá-las.

Noscamposdeextermínioadominaçãoeratotal,aspessoaseramprivadasdesuaperso-nalidade jurídica,morale individual,oquetornavapraticamente impossível resistir;semraízes,arrancadosdesuascasas,separadosdesuasfamílias,deseusamigos,famintos,identificadosapenasporumaestrelaamarela.Umpontoessencialdeveserconsideradono“mistérionazista”,sobreoqualtantojáseteorizou:comoexplicarquea“soluçãofinal”(extermíniodopovojudeu)tenhapermanecidosegredodeEstado,sabendo-sequeforammobilizadosmilharesdeagentesesuasaçõescoordenadasedirigidasparaestefim?Aoqueparece,partedestesegredoestáno“...colapsomoralqueosnazistasprovocaramnarespeitávelsociedadeeuropeia–nãosóentreosperseguidores,mastambémentreasvítimas”(ARENDT,1999,p.142).

BIBLIOGRAFIAARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém – Um Relato Sobre a Banalidade do Mal. São Paulo: Cia das Letras, 1999.

INTERCÂMBIO NACIONAL ENTRE AS BIBLIOTECAS DA EBPRelatório de Laureci Nunes

São muitas as nossas ações quando nos incumbimos das Bibliotecas de nossa Escola. Como aconcebemoscomoum“órgãovivo”,comopropostoporJudithMiller,entãonosintrometemosnavidadascidades,atravésdedebates,discussãodefilmes,apresentaçãoe lançamentosdelivros,levandoaportepsicanalíticoàsquestõescontemporâneasfundamentais,aomesmotempoem que cuidamos do acervo, através dos textos clássicos da prática clínica e dos de seus comen-tadores.

E é sobretudo em relação ao acervo das Bibliotecas da EBP que aceitei o convite da Diretoria paracolaborarcomoIntercâmbioNacional.Desdemaiodesteano,temosdadoandamentoàpo-lítica traçada pela Diretoria da EBP e pela Coordenadora de Biblioteca, que dá seguimento ao ex-celentetrabalhoiniciadopelaequipedaDiretoriaanterior.Atualizarosacervosdasbibliotecascomaspublicaçõesnacionaiséaprincipalmetadetrabalhodoano,aserrealizadaemduasetapas:a primeira, visando completá-las com as revistas das Seções e Delegações, e a segunda, com as

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publicaçõesdaEscola,oCorreioeaOpçãoLacaniana.Nesteprimeiromomento,estamosnumincessanteprocessodecomunicaçãoentreosres-

ponsáveispelasBibliotecasparaqueosnúmerosantigosdaspublicaçõescheguemàsprateleirasdas Seções e Delegações, sem deixar de manter em pauta a necessidade da remessa imediata doslançamentos.Nesseprocessosefeznecessáriopequenasatualizaçõesdaplanilhadeinter-câmbio anterior.

ápodemosdestacarresultadosdosnossosesforços,tomandocomoreferênciaalgumaspublicações:AscoleçõescompletasdasrevistasLatusa(RJ),LetraClínica(PE),Apalavra(GO),Arteira (SC) estão presentes em todas as Bibliotecas das Seções, com exceção da Seção Pernam-buco.Esta,emumgrandeesforço,remeteuosnúmerosdaLetraClínicaparatodasasBibliotecasdasSeções,porémaindaénecessáriainformaçãoatualizadadoseuacervoparaquepossarece-ber as publicações faltantes.

Verificamosamovimentaçãonoenviodosnúmeros atrasadosdas revistasArquivodeBi-blioteca(RJ),CartadeSPeCuringa(MG),eadiscretamovimentaçãoemrelaçãoaosenviosdasrevistasAgente(BA)eAleph(PR).

Consideramos que as publicações que circularam mais rapidamente procederam dos locais quetêmbibliotecárioscontratados.ExcetuandoosesforçosdoscolegasdeGoiâniaePernambu-co,nasdemaissedestêmsidopraticamenteimpossívelaosresponsáveisaterem-seàexecuçãodeste trabalho minucioso, ligado ao patrimônio físico, o qual exige controle de entrada e saída de revistas,preenchimentodeplanilhas,confirmaçãoderecebimento,etc,vistoqueestãoenvolvidoscomtantasoutrasatividadesligadasàtransmissãodapsicanálise.

É em função da constatação acima que neste momento deixamos de incluir a análise da atualizaçãodasBibliotecasdasDelegações,oquefaremosnorelatóriodofinaldoano.Porémjápodemos destacar iniciativas também das colegas encarregadas pelas Bibliotecas da Paraíba e do Paraná na superação desses obstáculos.

OtrabalhorelativeàsrevistasdosInstitutosmerecemuminvestimentoparticular,porqueelasainda não estão inseridas no automathôn das permutações de publicações entre as Seções. As-sim,verificamosqueébem irregularapresençadarevistaAlmanaquenasBibliotecasequearevista Entrevários, apesar de também presente na maioria das sedes, ainda necessita ser inserida oficialmentenesteintercâmbio,assimcomoaprópriaBibliotecadoClin-a,quetambémpoderáreceber as demais publicações.

Nasequênciadosnossostrabalhos,alémdasaçõesmaisdiretasjuntoàsDelegações,da-remosandamentoà remessadosnúmerosdas revistasCorreioeOpçãoLacaniana,queaindatemosnosestoques,assimcomoprovidenciaremoscópiasdosnúmerosquejáestãoesgotados.AmesmaprovidênciaesperamosdoscolegasdasSeções,emrelaçõesaosnúmerosdesuasre-vistasqueestãosendorequisitadossemadevidacontrapartidaarmazenada.SobreasrevistasdaEscola,apesardejáestaremdigitalizadas,graçasaotrabalhodoscolegasdeSP,manteremoso propósito da complementação do acervo também com a versão impressa.

ComoestamosàsvésperasdoEnapol,teremosaoportunidadedoencontrodepraticamentetoda a equipe de Biblioteca. Será a oportunidade de tomarmos conhecimento das realidades lo-cais,dasdificuldadesdosmétodosatéaquiempregadosedaconstruçãoconjuntadosprocedi-mentos mais adequados para o encaminhamento dos intercâmbios.

INTERCÂMBIO INTERNACIONAL ENTRE AS BIBLIOTECAS DA FIBOLRelatório de Ana Martha Maia

Desde1990,quandofundada,aFederaçãoInternacionaldeBibliotecasdeOrientaçãoLaca-nianadoCampoFreudiano(FIBOL)tempromovidoodesenvolvimentoeintercâmbioentrebiblio-tecasdepsicanáliseedisciplinasafins.Apartirdolugardaaçãolacaniana–porincidirnacultura,na episteme e na política da cidade onde se encontra –, cada uma das 13 Bibliotecas da EBP trabalha,comentusiasmo,noesforçodeorganizaro Thesaurus e promover o debate e a leitura

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crítica, mantendo suas portas abertas ao público.ParasustentaroUmdaEscola,aBibliotecaUnacontacomoIntercâmbioNacionaleoInter-

câmbioInternacionalvisandogarantirocrescimentoeaatualizaçãodoThesaurus. O Intercâmbio Internacional funciona em seu automatoncomasBibliotecasdaEOLedaECF,

através do envio por correio postal e da contribuição dos colegas que atravessam oceanos com malas cheias de livros, sempre que é preciso! Em nosso mais recente intercâmbio, a revista El Caldero de La Escuela, publicação argentina, foi distribuída a todas as Seções e Delegações da EBP. AssimcomojáseencontramemcirculaçãoexemplaresdaRevista Colofon n.33, tanto nas Bibliotecas como na livrarias.

Estamosnospreparandoparaumagrandereunião,naocasiãodoENAPOL,comosdiretoresdasBibliotecasdaEOLedaNEL, realizandomaisum intercâmbiodepublicações,avançandonadireçãodoque indicaMiller1emrelaçãoàescritadosintoma:“Apsicanálisenãoéapenasquestão de escuta, listening, ela é também questão de leitura, reading.Nocampodalinguagem,semdúvida,apsicanálise tomaseupontodepartidada funçãodapalavra,maselaa refereàescritura. Há uma distância entre falar e escrever, speaking and writing. É nesta distância que operaapsicanálise,éestadiferençaqueapsicanáliseexplora”.

ATIVIDADES NAS BIBLIOTECAS DA EBP

EBP-MINAS GERAISDiretor de Biblioteca: Laura Rubião

Dia 12 de novembro: às 20h30, na sede da EBP-MG: “Violências na contemporaneidade:comotartar?”LançamentodolivroAviolência:sintomasocialdaépoca,comCristinaDrumond,CristinaNogueira,LilanyPachecoeFernandaOtoni.

Muitossujeitosprocuramhojeprocuramumaanáliseembuscadeuma inscriçãopossívelparaosexcessosdeseusmodosdeviverapulsão.Aviolênciageneralizadaéumadesuasex-pressões mais áridas e difíceis de tratar. Para animar essa discussão faremos o lançamento do livroViolência:sintomasocialdaépoca,apartirdapreciosacontribuiçãodosautoresmineirosenvolvidosnesseprojeto.

Dia14denovembro:às19h,exibiçãodofilmeElena,comcomentáriosdeLucíolaBarretoeCristianeBarreto,edebatedelauraRubião.

EBP-SANTA CATARINASecretário de Biblioteca: Laureci Nunes

Aconteceu: o lançamento dos livros de Nieves Soria DafunchioNudosdelanálisiseDoisseminários:clínicadasexuaçãoe inibição,sintomaeangústia.OeventoaconteceunoHotelValerimPlazaemFlo-rianópolis e foi prestigiado pelos colegas que acompanharam durante oúltimoanooSemináriodeNievesemFlorianópolis,alémdosalunosdoCursodePsicanálisedaOrientaçãoLacaniana.

Aconteceu:LançamentodaRevistaArteiran.5daEBP-SC,coor-denadaporGresielaNunesdaRosa:

Trata-se de uma publicação não temática que, em suas diversas seções, conta com artigos de colegas da EBP e de diversas Escolas daAMP.

Naseçãopolítica,trêsartigosmarcamadiferençaentreapsi-canálise e as abordagens terapêuticas, a partir da posição ética dopsicanalistaeaspreocupaçõescomtemasdacontemporaneidade.NoraGonçalves,intitulaseu1 http://ampblog2006.blogspot.com.br/2011/08/jacques-alain-miller-ler-um-sintoma.html

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artigo com a pergunta: A psicanálise, como ela pode converter-se numa força material, numa força política? E responde que este propósito pode ser alcançado, na medida em que consigamos in-troduzirnomundoaslógicasinventadasporLacan,quepermitemumdiferentemododepensar,ajuizar,dizereleroqueestáescrito;istoé,propõeatransposiçãoemato,dosefeitosadquiridosna clínica para a realidade, como condição para que possam tornar-se necessários.

EricLaurentmostrasuapreocupaçãocomaspesquisasquevisamlocalizarascausasdoau-tismo e critica alguns tratamentos propostos. Com Pesquisar e punir: a ética hoje, o autor mostra que a busca da correlação entre as causas do autismo corre em ritmo acelerado e nela são arro-ladosfatoresestapafúrdios.FundamentalmenteapreocupaçãodeLaurentcentra-senasmedidasde reeducação dos autistas, propostos por renomados centros de investigações, que voltam a sugeririnclusiveousodeeletrochoquecomomedidapunitivaacomportamentosindesejáveis.

CinthiaBusatoutilizaexemplosclínicosparasituaradiferençadadireçãodotratamentoentrepsicanálise e psicoterapia, destacando que uma das premissas fundamentais da psicanálise é que o saber está do lado do analisante a se construir. Em contrapartida, na psicoterapia, argumenta que o saber está do lado do terapeuta e é da ordem do universal.

OsartigosdeFabiánFajnwaksedeJussaraJovitaestãoinseridosnaseçãoCorpo.Fabián,atravésdotextoGêneros Lacanianos, desconstrói os argumentos de diversos autores

dosestudosdegêneros,quebuscamevidenciaraherançafalocêntricadostextoslacanianosedaprática moralista da psicanálise. Através de interessante caso clínico, o autor mostra a presença do heterosnumarelaçãohomossexual,paraexemplificarque“éapsicanálisequedesnaturalizaedeseterossexualizaodesejo,[...]equeooutro GozoqueLacanformulaé,emsi,umacríticaaofalocentrismofreudianoeumasubversão”.

JussaraJovitaproblematizaasquestõesreferentesàtransexualidade,apontandoparaaim-portânciadedespatologizarasdemandasdessessujeitose,fundamentalmente,aautoratrazàluzo importante debate que visa afastar a relação estrita entre transexualidade e psicose.

Naseçãopasse,doisAEnostrazemsuaselaborações.SilviaSalman (AEdaAMP/EOL) transmite,emseu texto-testemunho,aexperiênciadees-

vaziamentodegozoobtidoapartirdoanalisadoemsuaexperiência,evidenciando:a)comoainterpretação–emolduradanodizer,nosilêncioounoatodoanalista–podesereficazsomentequandooanalisanteagregaalialgodeseu;eb)comooesvaziamentodaconsistênciadogozo,liberadodasubordinaçãofantasmática,permiteumsaber-fazer-aícomosintoma,traçando“outrabordaentreopadecimentoeofuncionamento”.

GustavoStiglitz(AEdaAMP/EOL)centraseutestemunhoapartirdeumaquestãoquelhefoiendereçada – Por que falar, ainda? O simbólico no século XXI –esubmetesuarespostaàarticu-lação do que foi, para ele, a marca do encontro com lalíngua do Outro e a marca do encontro da linguagemcomasexualidade.Essasmarcas,aoseremtratadasemanálise,podemproduzirno-vosefeitosnaposiçãoanalisante,nodesejodoanalistaqueadvémenoexercíciodoAE:falamosporquesomos,enquantoseresfalantes,respostadoreal;falamosporquenostocaessegozoqueex-sisteaosignificante,ogozofeminino.E,porissomesmo,“fala-senãotudoenãotodootem-po”.OscarReymundoeSilviaEmiliaEspositotecem,nasequência,algunscomentáriossobreotexto-testemunhodeStiglitz.

Trêsautorescompõemaseçãomulher, mãe, feminino.SilviaElenaTendlarzfazumpercursoespetacularpelaobralacanianaparasituarascomplex-

asimbricaçõesnarelaçãoentreossexos,entreoamor,odesejoeogozo.Demonstracomorigorde um saber fundado na prática clínica, como um casal libidinal só se sustenta ao tocar o mais singulardecadaum,colocandoemevidenciaquearelaçãoqueasmulheresmantêmcomoamorse situa entre semblante e sintoma.

RuskayaRodriguesMaiadiscuteosefeitosdevastadoresquepodemincidirnaparceriaam-orosa,umavezqueaprimeiraparceriadosseresfalantesacontecenoencontrocomoDesejodaMãe,desejoondetransbordaoinomináveldogozodamulherquenãoexiste.

AnaMarthaMaiatrabalhadetidamenteaposiçãofemininadegozoesuasrelaçõescomo

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amor,paratocarotemadamelancoliafeminina,fazendoumaarticulaçãocomaneuroseobses-siva na mulher.

Naseçãoclínica, temos:VirgínioBaio,quemnosofereceumacontribuição ímparapartirdofragmentodeumcaso

clínico,numaprática“entrevários”,comumacriançaautista.VirginioBaionosdáumaverdadeiralição dessa clínica, na qual é preciso que nos situemos entre duas posições problemáticas: a de umaevitação(quenãonosocupemosdenosfazerescutarporqueissoproduzocontrário)eadeumanecessidade(temosquedizeralgo).Dissodecorreumaindicaçãoprecisa,paraquefaça-mosusodeumafalaquenãoprovoqueestragosesepresteàoperaçãodosujeitoditoautista:acondição de nos mostrarmos regulados e de nos regularmos por suas construções e/ou signos do seu próprio modo de tratar o encontro com seu Outro louco.

EMarianaZelis,queemseutextosobreaclínicacomcrianças,discorresobrepontosfunda-mentaisparadarumtratamentoaosmedoseangústiasinfantis,propondoumacorrespondênciado medo com o acting out e da angústia com a passagem ao ato.

Porfim,naseçãoe fica o significante,apresentamosumapequenaelaboração,deVanessaNahas,emqueprocura,emumainstituiçãodesaúde,umaviadeaberturaàconstruçãodeumsaberquedesnaturalize–comoemgeraléocasonessasinstituições–osabersobreosexual.

Laureci Nunes e Liège Goulart

EBP-RIO DE JANEIRODiretor de Biblioteca: Fernando Coutinho

Aconteceu: a comemoração da publicação do Semináire, livro VII, Le désir et son interpré-tation,deJacquesLacannaMediatecadaMaison,comoatividadeinseridanasériedeprograma-çãofrutodaparceriadaEscolaBrasileiradePsicanálisecomaMaisondeFrance.Realizou-seumdebateapartirdasinterpretaçõesdospsicanalistas,membrosdaEBP,PauloVidaleRomildodoRêgoBarros,emtornodoSeminário livro VIdeJacquesLacanintituladoO desejo e sua interpre-tação.EsteSeminário,recém-estabelecidoporJaques-AlainMillerepublicadopelaeditoradelaMartinièredoCampoFreudiano,versa,comootítulosugere,sobreareleituraquerealizaLacan,dentrodasuapropostadeseuretornoàFreud,deA interpretação de sonhos.

RomildodoRegoBarrosiniciouodebatecontextualizandoesseSeminárioecomparando-oao anterior, a saber, o Seminário, livro 5, as formações do inconsciente. Como o Seminário ante-rior,servindo-sedoscomentáriosdeJ.A.Millersobreeles,RomildomostrouaimportânciaparaLacanematualizarasformaçõesdoinconsciente,incluindoosonho,comosinstrumentosdesuaépoca,emparticularalinguísticaeoestruturalismodeLévi-Strauss.Paraisso,Romildoteceucon-sideraçõessobreomitoeassinalaque,nesseSeminário,Lacanrompecomorecursofreudianoda procura de um mito para responder, de forma épica, a um enigma e demonstra a importância da estrutura na formação dos sonhos e das demais formações do inconsciente. A partir desse Seminário, assinala que o mais importante é a tessitura do texto, como na peça de Shakespeare, Hamlet,parapensaraestruturadoato,dadivisãoedodesejodosujeitoenãoatrama,opathos quepossatranscorrernacenacomoenredovivido.OqueLacanprivilegia,apartirdeentão,éalógicadodesejo,oquevemcolocaremxequeoconceitodainterpretaçãocomodecifraçãoourevelaçãodoinconscientecomorecalcado.Romildoapontaparaonãoditodacena,opontoinas-similáveldetodaestruturaeconvida-nosarepensarainterpretaçãohoje,jáquedevemospensarumalémdarepresentação,umreflexãodolugardoanalistaquepossaincluir,semrecuaremseusaber-fazer, a passagem ao ato, as adições, as novas formas de sintoma, em resumo, o que lhe escapa, o real.

Emseguida,emsuasnotasdeleituradesseSeminário,PauloVidalprivilegiaavertentetam-bémdoqueescapaaodesejo.Associandootermofreudianolibidocomodesejo,define,apartirdareleituraquefazLacannesseSeminário,odesejocomoumx,umaincógnitaquecorre,desliza

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sobossignificantes.Daí,segundosualeitura,oprópriotítulodoSeminário–odesejoesuainter-pretação–indicaqueodesejoésuainterpretação,istoé,coincidecomesta.

CitandoLacan–“odesejoéapaixãodosignificante,oefeitodosignificantesobreoanimalqueelemarca,ecujapráticada linguagemfazsurgirumsujeito,umsujeitonãosimplesmentedescentrado,masvotadoasesustentarnumsignificantequeserepete,ouseja,comodividido”,–PaulotranscorresobreaoutrafórmuladeLacan:odesejodohomeméodesejodoOutro,paramostrarqueoprocessodesimbolizarimplicaumaalteridade,doinconscientecomoOutracena,nodizerdeFreud.ComooencontrocomodesejodoOutroésempretraumático,odesejonãoéabordadonemporFreudnemporLacannumaperspectivahedonistadeidentificaçãodoprazercom o bem.

PauloVidalaproximaedistingueSpinozaeLacan,afirmandoqueeste,emborahomenageieofilósofoparaquemodesejoéaessênciadohomem,criticaosfilósofosviaderegra.AcríticadeLacanincidenofatodestesdesconhecemqueosujeitoéumsujeitoquefala,queoserdoobjetododesejodeveserpensadoapartirdalinguagem,detalmodoqueéimpossívelentenderoqueodesejorepresentaparaumsujeitoseotomarmoscomoumsujeitodoconhecimentoquepro-curarianarealidadeumobjetocorrespondenteàssuasrepresentações.PauloafirmaqueLacanigualmentecriticatomarodesejocomofunçãobiológica,oquelevariaaconfundirdesejocomnecessidade,comaobtençãodeumobjetoqueseriasatisfatórioparaasobrevivência.Paramos-trarcomoodesejoéavessoànorma,àadaptaçãoàrealidade,LacannoslevaparaacomédiaO AvarentodeMolière,cujopersonagemHarpagonguardaumvínculoabsolutocomsuaarca,pelaqualécapazdearriscarsuafamíliaeaprópriavida.

Paulocomparaabuscada incompletudenasciências formaisdeKurtGödelcomade-monstraçãodeLacanda impossibilidadedehaverumOutrodoOutro,ouseja,umaestruturacomo superestrutura que possa garantir a verdade como última.

Distinguindoodesejodequalquera priori,sejadeumanaturezabiológica,sejadeumainterpretaçãohermenêutica,retomaHamletdeFreudcomoheróimoderno,heróiépicofalho,fra-cassadoeseinterrogaseseriaHamletaindanossocontemporâneo.Paulo,referindo-seàpeçadeTom Stoppard, Rosencrantz e Guildenstern estão mortos,mencionadapelopróprioLacanemumaconferênciaquepronunciouemLondresnofinaldosanossessenta,terminaafirmandoque,nesseSeminário, o mais importante não é a trama edipiana, mas os personagens menores, secundários emHamletdeShakespeare,seusamigosdeuniversidade,RosencrantzeGuildenstern,persona-gens cômicos na sua desorientação, que tomam a cena como protagonistas nessa nova versão dapeça.Inspiradoporessespersonagens,PaulofinalizasuaapresentaçãoafirmandoqueLacannospropõeumalongatrajetóriaparapensarodesejo:datragédiagrega,passandopelodramamoderno,chegamos,àtragicomédia.

Por Ana Beatriz Freire

DELEGAÇÃO PARAÍBASecretário de Biblioteca: Maria Cristina Maia Fernandes

Dia 01 de novembro: emJoãoPessoa, oMiniCurso“Porquediagnosticarainda?”,coordenadoporCleideMon-teiroeZaethNascimento, abordaráaartedodiagnóstico,a clínica das psicoses na perspectiva estrutural e na borro-meana, e a construção do caso clínico como norteador do diagnóstico.

Dia 9 de novembro: emCampinaGrande,oMiniCursodoNúcleodePsicose–“Apsicoseesuasvicissitudes(umaintroduçãoaoestudodaspsicoses)”–,anunciadoparaou-tubro, foi postergado para novembro, sob a cordenação de

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MªCristinaMaia.

OsNúcleosdaDPB, ligadosàBiblioteca,estãopromovendoMiniCursos,comoformadeacolherestudantesquetêmapresenta-dodemandasemrelaçãoàpsicanálise,quecirculamentreasativ-idades da DPB. O primeiro foi em setembro, em Campina Grande, sobre “Psicanálise com crianças e adolescentes na contemporanei-dade’,comapresençade23alunos,profissionaiseaparticipaçãoativa dos presentes. Com eles, pudemos dialogar, debater e discutir a clínica da criança e do adolescente com base na orientação de FreudeLacan.EmnovembroseráavezdosNúcleosdePsicanáliseeSaudeMentaleNúcleodePesquisaemPsicose.

DELEGAÇÃO RIO GRANDE DO NORTESecretário de Biblioteca: Cláudia Formiga

Aconteceu: a noite da Biblioteca, “O corpo e seus usos: múltiplos olhares.

Naoportunidade,umacalorosadiscussãorendeu a mesa redonda com as contribuições dofilósofoprofessorDoutorUFRNSérgioDela--SáviadoDptodeFilosofiadaUFRN,PetrúciaNóbrega,professoradoutoradoDepartamen-to de Educação Física daUFRN, e a cirurgiãplásticaRaquelDié.Medicina,ArteeFilosofiaabordam um caro tema para os sintomas da contemporaneidade envolvendo o corpo. A pa-lestraproferidaporPetruciaNóbreganostrouxeumtrechodeumaobradacoreógrafafrancesaMaguyMarin:MayB,obracriadaem1981.AprofessoraPetrucianoschamaatençãoparaosmo-vimentos dos bailarinos e as constantes deambulações, ora coesão, ora dissolução, dando-nos a impressãodeoscorposestaremprestesasedesfazer,paraformar outro, desmesurado, contorcendo todas as histórias que o preenchem e se entrechocam, por vezes com ges-tosgrotescos,porvezesdelicados.Dasalteraçõesderota,das metamorfoses, da repetição dos mesmos gestos de um corpoqueguardaemtornodesiofiodashoras,aordemdos anos e dos mundos (como o corpo de Proust em busca do tempoperdido).Dezhumanosdeargila quemartelamo chão. Suas peças questionam sem cessar o que nós so-mos.MayBéumadasprimeiraspeçascriadasporMaguyMarin.Trágicaedivertida,inspira-senouniversodeSamuelBeckett.EmMayB,nomeiodeumbafafádepalavrasdes-locadas, comprimidas, incompreensíveis, alguns vestígios de linguagem intactos, uma frase, uma queixa, uma reivin-dicação, algo que não poderia ser dito. Destacou uma fala deMerlau-Pontyquediz:“Souumsersonoro,masaminhavibração,essaédedentroqueaouço;ouço-mecomminhagarganta[...].Minhavozestáligadaàmassademinhavidacomonenhumaoutravoz.”

Dopontodevistadadinâmicacoreográfica,aprofes-

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soranosinformaqueoscontrastesmarcantesproduzemumaconstantetensãonoespectador.AssequênciascarnavalescasdeMayB,articulamessa tensãosempre reconduzidaentreumacadênciaemalgunsmomentosquasemilitaredeextravagantesdesordensemqueexploramosespaços corporais, o sexo, a vergonha, a guerra, o silencio, a dor que atravessa o corpo das per-sonagens e também o nosso corpo de espectadores das cenas.

Coordenar os gestos, as palavras, as memórias, religar o humano, reabrir a possibilidade de futuro,éaforçaderesistênciadeMayB,poisogrupo,mesmorasgadopelasbatalhas,nãoperdeacoesãoprofunda,àsvezescega,assustadoratambém.Aforçadocoro,decadaumentrenósqueestamoslá,detodosaquelesqueemnossasvidasnóscruzamos.

Tudo isso com uma boa dose de humor da professora Petrucia que ainda propiciava a re-flexão,opensamento,eosentimento.

OfilósofoSérgioconstruiusuafalaemtornodaproposiçãodoHomemMáquina,definindocorpocomoumlugarprivilegiadoondeaexperiênciaacontece.Ohumanovêasuaimagemcons-truída na sua relação com o Outro: eu tenho um corpo, não sou um corpo.

AcirurgiãPlásticaRaquelDiénoscolocaocampominadoqueéadelicadarelaçãoentreomédicoeopacientequandosetratadeseimporlimitesasexcentricidades,eexagerosàsciru-giasplásticas.Ressaltaqueamaioriadospacientesquesedirigemaoconsultóriodeumcirurgiãoplásticoestãoimbuídosdeumidealdebelezadivino.Ouseja,impossíveldeexistir.Consideraqueamaioriadascirurgiassetratadodesejodeseramadoedapossibilidadedeserincluídonospdrõesestéticosdaatualidade.Mostraalgumassituaçõesemqueacirurgiaplásticaécontrain-dicada, pacientes inseguros do resultado, por exemplo.

Compareceram um total de 28 pessoas entre membros, correspondentes e participantes daDelegaçãoRN,alémdecuriosospelotema.CláudiaFormiga,responsávelpororganizaressaNoite,tambémcoordenouamesa.

Foramdebatidasquestõescomo:aviolênciasimbólicaqueexistenoatendimentodeumidealdebeleza,ocasodossul-coreanoscomagrandequantidadedecirurgiaparaficarcomorostobonito.Entreasprincipaisreflexõesficouoquestionamentosobreseexistealternativa,umasaídaparatalsituação.Entreasrespostasapontadas,SérgioDelaSaviadiznãoacreditarnain-tervenção na mídia como salvadora dessa situação. Existe algo que encontra ecos nela mesma (não dá para modelar um pote pronto). Considera mais efetivo uma atuação no próprio espaço de atuaçãocomoafilosofiaeaeducação.

Com relação ao que a professora Petrucia nos trouxe, é lembrada uma passagem do texto deFreudemqueeleperguntaàmãedoquesomosfeitos.Amãeesfregaamãoedizquesomosfeitosdepó.Fazocomentárioporcausadostrajesdosbailarinosquepareciammaquiadoscombarro. Alguém aponta que atualmente há um enquadre do real, real demais. Considera que não existedesvelamento,nãosetemmistério.Odiscursodaciênciaedocapitalismocriacoisassu-cessivamente.Questionaperguntandosenãoseriaesseopapeldaciênciaumavezqueajunçãodocorpomáquinaderivouamedicina.Discutesobreaaliançaentreciênciaecapitalismonapro-dução do ideal de corpo bonito e saudável e da educação como possibilidade de mudança dessa realidadenofuturo.Consideraqueperdemososparâmetrosdecomoagenteorientaogozo,umavezqueperdemosnossosorientadoresperdemostambémnossosnorteadores.

Entre as considerações do que foi possível capturar do debate, algumas indicações de Cláudia,Cristina,Ruth,EloáeLiégesobreapalavraatravessarocorpo.Corposemudecidospeloenvelhecimento.Longedoinconscientemaispertodoscorpos,ossintomassilenciados.Petruciafaladocorpovivo,vivocomgrunhidos,masalgunsparticipantessequestionamsobreoquefazernaatualidadecomessescorposmudosquenãoqueremfalarmasqueassimmesmofalam.Naclínica com pacientes que não querem saber de si, mas que perguntam sem falar (corpos anoré-xicos).Petruciafinalizacomumafrasedapeça:“corpoquefalacomminhagarganta.”Econclui:aexpressãodessecorposonoroquemesmoemsilênciofala.Dizqueaculturaempobreceosen-sórioeporconsequênciaalinguagem.TrazafaladeBalzacquedizqueprecisamosdehomemprofundo,dedesceraosilêncio,mergulharnasolidão.

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NessaNoite daBiblioteca, últimodosEncontros Preparatórios, tivemos já aqueci-dos os corpos e o espírito para as discussões quefaremossobreotemaemnossasIXJor-nadas:CORPOPRAQUETEQUERO? Por Cristina Arruda

Filme: Thomas Apaixonado ResenhadeRosemaryMooneyhan

A sessão de cinema e psicanálise apre-sentouofilmeThomasApaixonadoe,apósaexibição deste, produziu-se uma discussãointeressante. Embora o filme tenha sido de2000,ébastanteatual,apontandoparaocomportamentodaspessoascomseusobjetosultra-modernosnosdiasdehoje.

Thomaséumjovemqueaos33anosviveconfinadoemseuapartamento,equipadocomapa-relhos que lhe possibilitam manter-se oito anos sem sair, pois sofre de agorafobia. É assegurado por uma apólice devido aos seus problemas de saúde, sendo monitorado por uma rede virtual e acompanhadoporumpsicólogo,quedizoqueeledevefazer,inclusiveindica-oparaumsitederelacionamento.

Thomas relaciona-se com o mundo virtualmente a partir de videofones e webcans, por onde fazterapia,solicitaserviços,fazsexovirtualeconversacommulheres.Ofilmemostraalgumascuriosidades:ousodemaquiagenssemelhantesatatuagensnorostodospersonagens;aperso-nagemMelodiedositederelacionamento,moçaexcêntricaqueproduzpoesiaseimagens,emseuquarto,umquadrocomumolhoenormequeabreefecha.Thomassóaparecenofilmequan-docriançaenaúltimacena,decostas.VemosofilmeapartirdoolhardopróprioThomas.

A história começa a mudar quando Thomas é capturado pelo choro de uma prostituta. A imagem dela ultrapassa as câmeras e chega ao coração dele. A partir daí, ele passa a interessar--se pela mesma e esta o instiga a sair de casa, fato que culmina num ataque de pânico em que Thomasvaipararnohospital.Monitoradopelaseguradora,quecontrolasuavida,éafastadodamoça. Eva é demitida por envolver-se com ele, gerando nele uma força de sair em busca dela e assimofaz...Evaoconvidaaoparaíso.

Nadiscussãoforamtrazidassemelhançascomoutrosfilmes:Babel,AdmirávelMundoNovoecomparaçõescomofilmeexibidonasessãodecinemadomêspassado:AsSessões,ondeapersonagem tentava o toque através das palavras de sua linda escrita, pois mesmo sem poder mover-se, tocava e buscava ser tocado. Thomas, diferentemente, evitava qualquer contato não virtualcomaspessoas.Falou-sedadificuldadeemtratarasfobiasedeumcasodeMiller,queatendeu um fóbico por vinte anos e que este conseguiu apenas delimitar um espaço em seu bairro e nele circular.

Apulsãoescópicaestápresenteemtodoofilme,apartirdedosolhosdascâmerasedoolhodoquartodeMelodie,convidandoaumgozoque,paraThomas,pareceumadroga,talcomodizMiller:“oUmgozatodosócomsuadroga:oesporte,osexo,otrabalho,osmartphone,oface-book”.Paraapersonagem,ogozoestánoolharatravésdascâmeras.Thomasnosconvocaarefletiracercadocomportamentodaspessoashojeque,emborajuntoasoutras,estãoemseusmundos virtuais, exibindo fotos e comentáriosde fatos vividos, ounão.Háuma tendência aocomportamento autístico. Seremos todos autistas ou agorafóbicos, tal como Thomas, isolando--nos socialmente?

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DELEGAÇÃO GERAL GOIÁS/ DISTRITO FEDERALSecretário de Biblioteca: Ordália A. Junqueira

Aconteceu: comapresençadeMarceloVeras,oEventodeBibliotecacomoPreparatórioparaoVIENAPOLenodiadaárvore,oNúcleodePesquisaemPsica-náliseeEducaçãodaDG-GO/DF(NUPPEDG-GO/DF)apresentou“Ainquietaçãodocorpoeaquedadodesejodesaber:malestarnaescolahoje”,sobcoordenaçãodeOrdáliaA.Junqueira.Comumadecoraçãocomverdeeflores,emcomemoraçãoao dia da árvore e a primavera que estava chegando, regado a muita poesia e músi-ca, os pesquisadores apresentaram, um a um suas produções. Houve depoimento de professores, estudo de caso, apresentação de texto sobre a leitura e escrita no corpo,umcasodeautismo,comdepoimentoduumamãe,“Meuepitáfio”deCoraCoralina,cantadoaosomdeviola;oscrokies de Cora, feitos e servidos pelos pes-quisadoresdoNúcleoe,finalmente,umlivretocommuitapoesia,quefoidistribuídoaospresentes.Algunspoemas“estilhaçados”deváriospoetas,Drummond,ManoeldeBarros,Coracoralina,AndréLopes,forampenduradospelasala.Oencerramentocommuitoverde,floresemúsica,umaliçãodeverdadeiratransferênciadetrabalho.

DELEGAÇÃO GERAL MARANHÃOSecretário de Biblioteca: Anícia Ewerton

Aconteceu: exibiçãododocumentário“EncontrocomLacan”,Rendez-vous chez Lacan, de GérardMiller,apósoqualhouveumdebatesobrearelaçãododinheirocomaexperiênciaanalíti-ca.Nadiscussãoforamtrazidasalgumasquestõeseposicionamentos,entreosquaisdestacamososseguintesquestionamentos:qualarelaçãododinheirocomaexperiênciaanalítica?Quantooanalisanteconseguepagarpeloseusintoma?Qualarelaçãoentreatransferênciaanalíticaeodinheiro?

Diante destes questionamentos algumas articulações foram feitas. Sendo o dinheiro uma das condiçõesdeumaanálise,quantoosujeitoapostanapsicanálisecomoinvestimentonatentativadesabersobreseusintoma,assimcomoprocuralidarcomessegozodesdeumoutrolugar?Porpartedoanalista,trata-sedesaberquantoosujeitoquerpagarpeloseudesejo.Cadaum,umaum,ofereceseusintomaparadecifração,acifra,o$ifrão,pedaçosdogozodesregulado.

O documentário também nos levou a pensar que o pagamen-to de uma análise perpassa pela economia psíquica de cada su-jeito,ouseja,diantedasingularidadedecadaumnãoháregras,nãopodemosfazerdissoummanual.Somentenasingularidadedasuaaposta,cadaumpoderájogarnamesasuascartaslibidi-nais,suagramáticapulsional,cujasLetrasservirãoparaomanejodoanalista.Sabendo-sequesóháumamaneiradefazeranálise:investindotudo,assimnadapodeficarforadaanálisee,mesmosendo cara, nunca é paga totalmente, pois, há uma dívida simbóli-ca com a própria psicanálise, impossível de ser quitada, a não ser viatransferênciadetrabalho.

Silvana Sombra, Anícia Ewerton, Thais Moraes Correia, Tereza Braúna e Carmem Damous

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DELEGAÇÃO GERAL MATO GROSSO/MATO GROS-SO DO SULSecretário de Biblioteca: Aparecida Andrade

Dia 12 de novembro: às19h30, àRuaDr.BezerradeMenezes, 274, Planalto, exibição do filme Jogo deCena”,deEduardoCoutinho

DELEGAÇÃO ESPÍRITO SANTOSecretário de Biblioteca: Tânia Prates

Dia 2 de novembro: às9h,nasededeDelegaçãoES,exibiçãodofilmeA excêntrica família de Antônia, de MarleenGorris.

COMISSÃO EDITORIAL

Redação:MariaJosefinaSotaFuenteseTâniaAbreuEquipe:MirtaZbrun,FernandaOtoni,AnaMarthaMaia,LaureciNuneseBernadettePitteriCoolaboradores:FernandoCoutinho(RJ),LauraRubião(MG),NiltonCerqueira(BA),Cynthia

Freitas (SP),CarolinaQueiróz (PE),LaureciNunes (SC),CéliaWinter (PR),AníciaEwerton (MA),AparecidaAndradedeLima(MG/MS),OrdáliaAlvesJunqueira(GO/DF),CristinaMaia(PB),TâniaPrates(ES)eCláudiaFormiga(RN).

Logomarca: BrunoSennaeLuizFelipeMonteiro